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5 -DIREITO DAS COISAS

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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – Dezembro de 2016
TÍTULO I
DA POSSE E DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
LIÇÕES GERAIS
1- DIREITO DAS COISAS
Trata-se do conjunto de normas que disciplinam relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem segundo uma finalidade social. 
2- DIREITO REAL E DIREITO PESSOAL
	O direito real pode ser definido como o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. No pólo passivo incluem-se os membros da coletividade, pois todos devem abster-se de qualquer atitude que possa turbar o direito do titular. No instante em que alguém viola esse dever, o sujeito passivo que era indeterminado, torna-se determinado.
	O direito pessoal consiste numa relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa, e tem como elementos o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação. Os direitos reais têm como elementos o sujeito ativo, a coisa e a relação entre o sujeito ativo sobre a coisa (domínio).
	 A teoria dualista distingue os direitos reais dos direitos pessoais. A diferença entre ambos os direitos dificulta a sua unificação num só sistema (teoria unitária realista).
	O direito real apresenta características próprias que o distingue dos direitos pessoais. Observe a seguir seus principais princípios:
Aderência, especialização ou inerência: estabelece um vínculo entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir.
Absolutismo: os direitos reais exercem-se erga omnes (contra todos), que devem abster-se de molestar o titular. Surge daí o direito de sequela (perseguir a coisa e reivindicá-la em poder de quem quer que esteja) e o direito de preferência (credores hipotecários ou pignoratícios preferem no pagamento a outros credores).
Publicidade ou visibilidade: o registro e a tradição atuam como meio de publicidade da titularidade dos direitos reais.
Taxatividade: o número dos direitos reais é limitado, taxativo. Direitos reais são somente os enumerados na lei (numerus clausus).
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso.
XIII - a laje.
Tipificação ou tipicidade: os direitos reais existem de acordo com os tipos legais.
Perpetuidade: a propriedade é um direito perpétuo, pois não é perdido pelo não uso, somente pelos meios e formas legais. Já os direitos obrigacionais são transitórios: cumprida a obrigação extingue-se.
Exclusividade: não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo sobre a mesma coisa.
Desmembramento: desmembram-se do direito matriz, que é a propriedade, constituindo os direitos reais sobre coisas alheias. Quando estes se extinguem, a titularidade plena retorna as mãos do proprietário (principio da consolidação).
3- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA POSSE
	O nosso direito protege não só a posse correspondente ao direito de propriedade e a outros direitos reais, como também a posse como figura autônoma e independente da existência de um título. 
	
	Se alguém se instala em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito a proteção. Tal direito é chamado de jus possessionis, derivado de uma posse autônoma, independente de qualquer título. É tão somente o direito fundado no fato da posse que é protegido contra terceiros e até mesmo o proprietário.
	
	Já o direito a posse conferido a portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular de outros direitos reais, é denominado jus possidendi ou posse causal. Nesse caso, a posse não tem nenhuma autonomia, constituindo-se em conteúdo do direito real. 
	Tanto na posse causal (com título) como na posse autônoma (sem título), é assegurado o direito a proteção dessa situação contra atos de violência, para garantia da paz social.
4- TEORIAS SOBRE A POSSE
4.1 TEORIA SUBJETIVA (SAVIGNY)
Savigny entendia que a posse consistiria na conjugação de dois elementos: o corpus e o animus. Reunidos esses dois elementos ocorreria posse. 
Corpus: poder físico material sobre a coisa.
Animus: intenção de ter a coisa, de possuí-la. 
Crítica: Savigny tinha uma visão restrita sobre a posse. Ele não conseguia explicar a posse do possuidor indireto (locador), que não tem corpus, mas é possuidor. Ora, nem sempre é visível o corpus e o animus. 
4.2 TEORIA OBJETIVA DA POSSE (IHERING) 
Para esta teoria, a posse traduziria o simples exercício de poderes de proprietário, ainda que o possuidor não o fosse. Vale dizer, exerce posse aquele que se comporta objetivamente como se fosse proprietário, imprimindo destinação econômica à coisa. 
Basta o corpus para a caracterização da posse. Corpus, porém não significa o contato físico com a coisa, mas sim a CONDUTA DE DONO. A conduta de dono pode ser analisada objetivamente, sem a necessidade de pesquisar-se a intenção do agente. 
Para a teoria objetiva, posse não pressupõe título. Exerce posse quem se comporta como se proprietário fosse (o sem terra exerce posse da terra, posse injusta, mas posse). 
IMPORTANTE!!! No direito brasileiro a teoria aparentemente adotada é a OBJETIVA de IHERING, nos termos do art. 1196, reconstruída na perspectiva constitucional do princípio função social.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Obs. Adverte Orlando Gomes que a teoria de Savigny (subjetiva) interferiu em pontos específicos do nosso sistema a exemplo da usucapião (para usucapir propriedade é preciso que aja tempo, posse e animus domini - nítida influência da teoria subjetiva). 
5- CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
	Posse é conduta de dono. Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, inerentes a propriedade, existe a posse, a não ser que alguma norma diga que esse exercício configura a detenção e não a posse.
Art. 1.198. Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário (presunção iuris tantum).
	
Art. 1.208. NÃO INDUZEM POSSE os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
	Portanto o conceito de posse resulta da conjugação dos dois dispositivos legais mencionados mais o 1.196 CC.
Em relação à natureza jurídica da posse, o Min. Moreira Alves lembra-nos que existem duas correntes: 
1ª) Afirma que a posse é um direito (influência do pensamento de Ihering). 
2ª) Afirma que a posse é uma situação de fato, tutelada pelo direito (Planiol, a posse é um fato protegida pelo direito) - Pablo adota essa corrente. A posse é um fato que gera direitos. 
6- POSSE E DETENÇÃO
Há situações em que a pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa. Isso acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção.
Art. 1.198. Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
O possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio; o detentor no interesse de outrem. Ex. Caseiros.
IMPORTANTE!!! Fâmulo, gestor ou servo da posse. Trata-se do mero detentor da coisa, nos termos do artigo 1198 (Ex. Caseiro). O detentor não é possuidor, porque ele cumpre instruções.IMPORTANTE!!! O detentor NÃO tem o direito de invocar em seu nome a proteção possessória, mas tem o direito de exercer a auto-proteção do possuidor quanto as coisas confiadas a seu cuidado, consequência do dever de vigilância.
	
Lembrar!!! Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância. Pode-se ainda dizer que NÃO HÁ POSSE DE BEM PÚBLICO, principalmente depois que a CF proibiu a usucapião de tais bens. 
IMPORTANTE!!! Somente a posse gera efeitos jurídicos. Detenção NÃO gera efeitos jurídicos. 
7- QUASE POSSE E COMPOSSE
	Os romanos só consideravam a posse emanada do direito de propriedade. As exercidas nos termos de qualquer direito real menor (servidão, usufruto e etc.), eram chamadas de quase posse, por ser aplicada aos direitos ou coisas incorpóreas. Tais situações são hoje tratadas como posse propriamente dita. 
	COMPOSSE é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
	Como a posse é a exteriorização do domínio, admite-se a composse em todos os casos em que houver condomínio. 
	Qualquer dos compossuidores pode valer-se do interdito possessório ou da legítima defesa para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão. Em relação a terceiros, qualquer deles poderá usar os remédios possessórios que se fizerem necessários.
	
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
IMPORTANTE!!! A composse será pro diviso se se estabelece uma divisão de fato para a utilização pacífica do direito de cada um. Permanecerá pro indiviso se todos exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Não se deve confundir composse com concorrência ou sobreposição de posse. Na COMPOSSE há vários possuidores exercendo o poder de fato, concomitantemente, sobre o mesmo bem. Na CONCORRÊNCIA DE POSSE, com desdobramento dessa em direta e indireta, dá-se o fenômeno da existência de posses de naturezas diversas sobre a mesma coisa, tendo cada possuidor o exercício limitado ao âmbito especifico da sua.
8- OBJETO DA POSSE E POSSE DE DIREITOS PESSOAIS
	O direito das coisas compreende tão só BENS MATERIAIS: a propriedade e seus desmembramentos. Tem por objeto, pois, bens corpóreos, que hão de ser tangíveis pelo homem. No direito comparado, alguns países cuidam da posse de direitos. No Brasil, a matéria é polêmica na doutrina. Prevalece que SÓ se exerce posse em coisa tangível, corpórea. Apenas excepcionalmente, coisas intangíveis podem ser possuídas (Ex. posse do direito de uso de linha telefônica).
CAPÍTULO II
ESPÉCIES DE POSSE
1- POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA
Art. 1.197. A posse DIRETA, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a INDIRETA, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
	Ambas as posses são jurídicas e tem o mesmo valor. A relação possessória no caso desdobra-se. O proprietário exerce a posse indireta como consequência do seu domínio. O locatário exerce a posse direta por concessão do locador. Uma não anula a outra. Ambas existem no mesmo tempo e no mesmo espaço e são posses jurídicas, não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre a coisa (CONCORRÊNCIA DE POSSE).
IMPORTANTE!!! O possuidor direto e o possuidor indireto podem invocar a proteção possessória contra terceiro, mas só este pode adquirir a propriedade em virtude do usucapião (O INDIRETO). O possuidor direto jamais poderá adquiri-la por esse meio, por faltar-lhe o ânimo de dono, a não ser que ocorra a mudança da causa possessionis, com a inversão do referido ânimo, passando a possuí-la como dono.
2- POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA
Posse justa é a não violenta, clandestina ou precária.
 
Art. 1.200. É JUSTA a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
É clandestina a posse do que furta um objeto ou ocupa imóvel alheio às escondidas. É violenta a do que toma um objeto de alguém a força, ou expulsa um possuidor de um imóvel, por meios violentos. E é precária quando um agente se nega a devolver a coisa, findo o contrato. Portanto, posse injusta é a adquirida viciosamente. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Ainda que viciada a posse injusta não deixa de ser posse, visto que a sua classificação é feita em face de determinada pessoa, sendo portanto relativa. Será injusta em face do legítimo possuidor. Mesmo viciada, porém, será justa, suscetível de proteção em relação as demais pessoas estranhas ao fato. Assim, a posse clandestina (furto) é injusta em relação ao legitimo possuidor, mas poderá ser justa em relação a um terceiro que não tenha posse alguma. 
IMPORTANTE!!! Para a proteção da posse, não importa que seja justa ou injusta, em sentido absoluto. Basta que seja justa em relação ao adversário.
	Enquanto a violência e a clandestinidade ocorrem no momento de aquisição da posse, a precariedade se origina de atos posteriores, a partir do instante em que o possuidor direto se recusa a obedecer à ordem de restituição do bem ao possuidor indireto. 
IMPORTANTE!!! A POSSE PRECÁRIA é uma posse de favor (comodato, empréstimo), é uma posse lícita. Não podemos confundir posse precária com o VÍCIO DA PRECARIEDADE. O vício da precariedade é que gera posse injusta. No momento em que há quebra da confiança, surge o vício da precariedade (Ex. Emprestei meu livro para alguém peço de volta o cara fala que não devolve: nesse momento surge o vício da precariedade, a posse passa a ser injusta). No momento em que há quebra da confiança, abre-se o leque das ações possessórias.
No momento em que aquele que possuía a titulo de favor rompe a boa-fé objetiva (não devolve), surge o vício da precariedade e a posse injusta. A doutrina convencionou denominar esta situação de interversão da posse. Com a interversão da posse, o sujeito que tinha posse precária, sem animus domini, passa a ter animus domini.
	A violência e a clandestinidade podem cessar. Nesse caso dá-se o convalescimento dos vícios. Enquanto os vícios não findam, existe apenas detenção. Cessados os vícios, surge à posse, porém, injusta. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
	Com relação a violência, a situação de fato consolida-se se o esbulhado deixar de reagir. E a mera detenção do invasor, existente antes de cessada a violência, passa a condição de posse, porém injusta. Cessada a violência e a clandestinidade, transforma-se em posse injusta em relação ao esbulhado, que permite ao novo possuidor ser mantido provisoriamente, contra os que não tiverem posse melhor. Na posse de mais de ano e dia, o possuidor será mantido provisoriamente, inclusive contra o proprietário, até ser convencido pelos meios ordinários. Ou seja, cessada a violência, a posse passa a ser “útil”, surtindo todos seus efeitos.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração naposse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
IMPORTANTE!!! Passado o prazo de ano e dia a posse não deixa de ser injusta. Esse prazo só interfere no rito da ação possessória. 
3- POSSE DE BOA-FÉ E POSSE DE MÁ-FÉ
É de boa fé a posse se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. O seu conceito funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
	Se ignorar a existência do vício na aquisição da posse, ela é de boa fé, se o vício é de seu conhecimento ela é de má fé. 
IMPORTANTE!!! Para verificar se uma posse é justa ou injusta, o critério é objetivo: examina-se a existência ou não de vícios ou obstáculos e o conhecimento do possuidor sobre sua existência.
IMPORTANTE!!! A boa fé não é essencial para o uso das ações possessórias. BASTA QUE A POSSE SEJA JUSTA. Ainda que de má fé, o possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória. A boa fé somente ganha relevância em se tratando de usucapião, disputa sobre frutos e benfeitorias da coisa possuída ou da definição da responsabilidade pela sua perda ou deterioração. 
	O CC estabelece presunção (júris tantum) de boa fé em favor de quem tem justo título, salvo prova em contrario, ou quando a lei expressamente não admite essa presunção.
Art. 1.201. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Título é o elemento representativo da causa ou fundamento jurídico de um direito. Justo título é o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não contivesse nenhum vício impeditivo dessa transmissão. 
O art. 1202 CC dispõe a respeito da transformação da posse de boa fé em má fé. O CC exige que a boa fé exista durante todo o momento em que a coisa se encontre em poder do possuidor.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
4- POSSE NOVA E POSSE VELHA
Posse nova é a de menos de ano e dia. Posse velha é a de ano e dia ou mais.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
	
O referido artigo, diferente do que fazia o CC/16, NÃO faz diferença para a manutenção provisória da posse, entre a pessoa que detém a posse velha e a posse nova. 
IMPORTANTE!!! Não se deve confundir posse nova e posse velha com ação de força nova e ação de força velha. Classifica-se a posse nova ou velha de acordo com sua idade. Todavia, para saber se a ação é de força nova ou velha, leva-se em conta o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou do esbulho. Se o individuo ajuizar a ação dentro de ano e dia contado da turbação ou esbulho, poderá pleitear a concessão de liminar (ação de força nova). Passado esse prazo o procedimento será ordinário, sem direito a liminar (ação de força velha).
5- POSSE NATURAL E POSSE CIVIL
A posse natural é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa. 
A posse civil ou jurídica é a que assim se considera por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou materiais. É a que se transmite ou se admite pelo título. Ex. Escritura pública.
6- POSSE “AD INTERDICTA” E POSSE “AD USUCAPIONEM”
Posse “ad interdicta” é a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, quando molestada, mas não conduz ao usucapião. Ex. Locatário, possuidor direto. 
Posse “ad usucapionem” é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido em lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
CAPÍTULO III
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
1- MODOS DE AQUISIÇÃO
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.204. ADQUIRE-SE A POSSE desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
A sua aquisição pode se caracterizar, portanto, por qualquer dos modos de aquisição em geral. Ex. Apreensão (consiste na apropriação unilateral da coisa sem dono, abandonada, “res derelicta” ou de ninguém “res nullius”), tradição e etc...
A tradição pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito (doação), quer a título oneroso (compra e venda). A tradição pode ser real, simbólica ou ficta.
a) Real: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa.
b) Simbólica: quando representada por ato que traduz a alienação. Ex. Entrega das chaves do imóvel.
c) Ficta: no caso de constituto possessório.
IMPORTANTE!!! Constituto possessório (cláusula constituti). Trata-se da operação jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio. Ex. Eu vendo a minha casa, mas passo a ser locatário na mesma. A cláusula constituti não se presume. 
Obs. O contrário da cláusula constituti ocorre quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Trata-se da traditio breve mano. 
	Quanto à origem, distinguem-se os modos de aquisição em originário e derivado. No primeiro caso (originária), não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Ex. Usucapião. A posse é derivada, quando há anuência do anterior possuidor, como na tradição. 
	A posse originária apresenta-se escoimada dos vícios que anteriormente a contaminavam. O mesmo não acontece com a posse derivada. 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
	A posse adquirida por herdeiros ou legatários, por exemplo, mantém os mesmos vícios anteriores.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
	Quando a posse é originária, surge uma nova situação de fato, que pode ter outros defeitos, mas não os vícios anteriores.
IMPORTANTE!!! Art. 1.207 CC 2ª parte. Traz uma exceção a regra de que a posse mantém o caráter com que foi adquirida, ao facultar ao sucessor singular unir sua posse ao de seu antecessor, para efeitos legais.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, paraos efeitos legais.
2- QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE
A posse pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende desde que capaz. Senão tiver capacidade legal, poderá adquiri-la se estiver representada ou assistida por seu representante. Admite-se ainda que terceiros mesmo sem mandato adquira a posse em nome de outrem, dependendo de ratificação.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
IMPORTANTE!!! A posse do imóvel faz presumir, até prova em contrário, a das coisas móveis que nele estiverem (presunção júris tantum).
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
3- PERDA DA POSSE
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Em relação à pessoa ausente:
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho (pessoa ausente), quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
	
Naturalmente essa perda é provisória, pois nada impede a pessoa de recorrer as ações possessórias.
CAPÍTULO IV
EFEITOS DA POSSE
1- TUTELA DA POSSE
1.1 INTRODUÇÃO
São precisamente os efeitos da posse que lhe imprimem cunho jurídico e a distinguem de mera detenção. Cinco são os mais evidentes: a) a proteção possessória, abrangendo a autodefesa e a inovação dos interditos b) a percepção dos frutos, c) a responsabilidade pela perda ou deterioração das coisas, d) indenização pelas benfeitorias e direito de retenção e e) a usucapião.
Lembrar!!! Detenção NÃO gera efeito jurídico. 
1.2. A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
A proteção conferida ao possuidor é o principal efeito da posse. Dá-se de dois modos: pela legítima defesa e pelo desforço imediato (auto-tutela, auto-defesa ou defesa direta), em que o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus próprios recursos; e pelas ações possessórias, criadas especificamente para a tutela da posse (heterotutela). 
Quando o possuidor se acha presente e é turbado no exercício de sua posse, pode reagir, fazendo uso da defesa direta, agindo, então, em legitima defesa. Se, entretanto, a hipótese for de esbulho, tendo ocorrido a perda da posse, poderá fazer uso do desforço imediato. 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
IMPORTANTE!!! Autotutela da posse. Cuida-se de um meio legítimo de autodefesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade, em duas situações: legitima defesa ou desforço incontinente (art. 1210, §1º).
Obs. O termo “faça logo” deve ser analisado de acordo com a razoabilidade, é o mais rápido possível. 
Obs. A reação deve ser proporcional, não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. O excesso pode acarretar a indenização de danos causados.
IMPORTANTE!!! A legítima defesa não se confunde com o desforço imediato. O desforço imediato ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. A legítima defesa somente tem lugar enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa.
Obs. Pode o guardião da coisa, exercer autodefesa a beneficio do possuidor ou representado.
Lembrar!!! O detentor pode exercer a autodefesa, mas não pode fazer uso das ações possessórias. 
1.2.1. Ações Possessórias
1.2.1.1 Conceito
A posse é um fato (não é um direito). Quando o fato posse é somado a outro fato, ela gera direitos. 
Assim, a ação possessória é a ação pela qual se pretende exercitar o direito à proteção possessória, que decorre o fato de o sujeito ser possuidor e ter sofrido um ato de violência. 
Com as minhas palavras!!! Quando o possuidor da coisa sofre, por parte de um terceiro, um ato de violência ao exercício dessa posse, nasce para ele o direito à proteção possessória, que será exercido por meio das ações possessórias. 
Há três espécies de violência à posse que geram direito à proteção possessória: (1) ameaça; (2) turbação e (3) esbulho. 
Contra o ESBULHO ação de reintegração de posse
Eu não tenho mais a posse, quero ser reintegrado.
Contra a TURBAÇÃO ação de manutenção de posse
Eu ainda estou na posse, mas estou sendo perturbado, quero ser mantido.
Contra a AMEAÇA interdito proibitório 
Art. 560 do NOVO CPC.  O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.
De acordo com art. 561 do NOVO CPC, incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.
IMPORTANTE!!! Princípio da FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS. Uma ação possessória é substancialmente igual a outra, porque todas visam a proteção da posse. Por isso as ações possessórias são fungíveis. 
Art. 554 do NOVO CPC.  A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
IMPORTANTE!!! Existem algumas ações que se prestam à proteção da posse, mas não são ações possessórias, porque não veiculam o direito à proteção possessória. Parecem possessórias, mas não são. 
Ex. Ação de despejo: é uma ação pessoal, para fazer valer o direito do locador, mas que de certo modo protege o locador, que também é possuidor. 
Ex. Nunciação de obra nova: serve para proteger o possuidor, mas não é possessória. 
1.2.1.2 Natureza jurídica
Não é nem ação real nem pessoal, tem regime próprio. São ações possessórias. Podem ser pessoais ou reais. A natureza jurídica das ações possessórias é de ações possessórias. 
1.2.1.3 Competência nas ações possessórias
Se a possessória for IMOBILIÁRIA o foro competente é o da situação da coisa esta COMPETÊNCIA É ABSOLUTA (art. 47 do NOVO CPC).
Art. 47.  Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
Se a possessória for MOBILIÁRIA a competência é do domicílio do réu esta COMPETÊNCIA É RELATIVA (art. 46 do NOVO CPC).
Art. 46.  A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.
Obs. As ações possessórias servem para proteger posse de atos de violência, o que pode se dar em móveis ou imóveis. 
1.2.1.4 Juízo possessório X juízo petitório 
Juízo possessório discute-seposse.
Juízo petitório discute-se propriedade.
O direito à proteção possessória é chamado ius possessionis, que dá o direito à ação possessória. 
Antes disso, existe o direito de possuir - ius possidendi - que é objeto das ações petitórias (ação em que se discute propriedade).
IMPORTANTE!!! Como regra, nas ações possessórias não se discute o ius possidendi (não se discute propriedade), discute-se a posse e não o direito de possuir. Em possessória não se discute domínio. 
Pode ocorrer que o possuidor, além de ter o direito à proteção possessória também tenha o domínio (é o que mais ocorre). 
No mais das vezes, quem entra com ação possessória alega que além de ser possuidor também é dono (apesar de o domínio ser irrelevante na possessória).
IMPORTANTE!!! Regra geral, o domínio (propriedade) não faz a menor diferença nas ações possessórias. O que se quer nessas ações é proteger a posse, não a propriedade. Não adianta nada o cara entrar com possessória alegando que é dono da coisa. O que ele deve alegar é que é o possuidor da coisa. 
EXCEÇÃO: A jurisprudência identificou dois casos onde o domínio é relevante (relevância da alegação de ius possidendi em possessória - exceção), são eles: 
a) se ambas as partes estão alegando domínio, ganha quem realmente tenha o domínio - súmula 487 STF.
Súmula 487 STF Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.
b) se ninguém conseguir provar a posse, ganha quem tiver o domínio.
Resumindo!!! Como regra, não se admite a discussão de domínio em sede de ação possessória. Ocorre, porém, que em casos excepcionais (ambos discutindo a propriedade; ninguém consegue provar a posse) o domínio será relevante.
Segundo Fredie as possessórias se dividem em:
a) possessória em que a alegação de domínio é irrelevante (regra)
b) possessórias em que o domínio é relevante (as duas exceções)
Obs. Art. 557 do NOVO CPC.
Art. 557.  Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
INTERPRETANDO*** Se há uma ação possessória pendente as partes não podem ajuizar ação petitória. A interpretação que se dá ao dispositivo é: se a ação possessória pendente for uma ação em que a alegação de domínio é irrelevante, essa proibição não se aplica (porque se não ele não poderia alegar domínio nem em possessória, nem em petitória). Em suma, o art. 557 do CPC só se aplica na pendência de ações possessórias nas quais o domínio for relevante, porque como quem vai ganhar é quem tem domínio, não é preciso propor ação petitória. 
Obs. Podemos dizer que, como regra, esse artigo não se aplica porque, como já vimos a regra é que a alegação de domínio seja irrelevante.
OUTRA POSIÇÃO Carlos Roberto Gonçalves (CRG) fala, interpretando o art. 1210, §2º CC, que não existe nenhuma hipótese em que a alegação de domínio é cabível em ação possessória. Para ele, quando ninguém conseguir provar a posse, o caso é resolvido de acordo com o ônus da prova. Ele entende que a súmula 487 do STF está revogada.
OUTRA POSIÇÃO CRG tem um pensamento diferente a respeito do art. 557 do CPC. Para ele, o artigo deve ser interpretado literalmente. Segundo o autor (que como visto acha que a exceção de domínio não cabe de maneira nenhuma) permitir que se intente ação reivindicatória (alegando domínio) na pendência de processo possessório é o mesmo que burlar por via transversa a vedação da alegação de domínio nas possessórias, pois, de uma forma ou de outra a posse seria dada a quem tem propriedade. 
Obs. O CRG lembra que o STF disse que o art. 923 do CPC de 73 (atual art. 557 do NOVO CPC) é constitucional. Segundo a corte suprema, ele não fere o direito de propriedade porque o dono não fica definitivamente impedido de recuperar a coisa, já que, esgotada a via possessória, será possível utilizar a petitória.
1.2.1.5 Ação possessória X direito autoral
STJ Súmula 228 - É INADMISSÍVEL o interdito proibitório para a proteção do DIREITO AUTORAL.
IMPORTANTÍSSIMO!!! NÃO SE PODE PROTEGER DIREITO AUTORAL COM AÇÃO POSSESSÓRIA, porque A POSSE SÓ RECAI SOBRE COISA MATERIAL. Isso é realmente bem importante. Não cabe ação possessória para proteger bens imateriais (direito autoral, marca...). 
1.2.1.6 Informações relevantes
1) Pode haver divisão da posse. Tanto o possuidor direito (quem está na coisa) quanto o possuidor indireto (que é o dono) são possuidores e podem entrar com ação possessória contra terceiros e também um contra o outro. A proteção possessória é a proteção do possuidor, seja ele direto ou indireto. 
2) Numa ação possessória tenho que provar a posse e o ato de violência (básico). Hoje em dia muita gente defende que na possessória, além da posse e da violência, deve-se provar um terceiro elemento, qual seja: a função social da posse (exigência constitucional), porque só uma posse exercida de acordo com a função social é que é protegida pelo direito (trata-se da função social da propriedade repercutindo na posse).
3) Revigoramento do mandato: julgada procedente a ação possessória com trânsito em julgado e cumprido o mandato de reintegração de posse, a prática de outro esbulho, em idênticas circunstâncias e pelas mesmas pessoas, não exigirá a propositura de outra ação possessória, bastando ao interessado requerer o revigoramento do mandato. 
4) MERO DETENTOR NÃO PODE AJUIZAR AÇÃO POSSESSÓRIA, porque não tem posse. Exige-se a condição de possuidor, mesmo que não tenha título. Nem o nascituro pode ajuizar pois tem apenas expectativa de direito.
5) Ação de desapropriação indireta: se o poder público (Ex. DER) esbulha determinada área particular e nela construa obra pública (Ex. Estrada) não poderá ser manejada ação possessória pois a coisa não poderá ser devolvida, em virtude do princípio da intangibilidade da obra pública e da prevalência do interesse público. Nesse caso, o dono do terreno poderá requerer indenização em perdas e danos.
6) Identificação do pólo passivo em grandes invasões: quando ocorrer grande invasão (Ex. MST) ficará impossível identificar todos os invasores. Nesse caso, a petição inicial identificará os que derem para identificar. Se não der para identificar ninguém fazer menção somente “aos invasores da área”. 
1.2.1.6 Liminar possessória
O procedimento especial das ações possessória tem como grande marca a possibilidade de uma tutela antecipada possessória. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Nessa liminar é DISPENSÁVEL que se prove o perigo da demora, basta que se prove a posse e a violência (NÃO precisa demonstrar o pericullum in mora).
É chamada de tutela antecipada de EVIDÊNCIA (não de urgência - pois dispensa o perigo), que vem expressamente consagrada no NOVO CPC:
Art. 562.  Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único.  Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
A liminar possessória é concedida sem a oitiva da outra parte. Entretanto, se a inicial não tiver elementos suficientes para que o juiz decida a liminar, poderá haver uma audiência de justificação da posse.
#O réu participa dessa audiência?
Sim, deve ser inclusive citado. O réu pode até inquirir as testemunhas que o autor por ventura traga para a audiência. Então, há contraditório nessa audiência. Como o objetivo dessa audiência é permitir que o autor produza provas para a obtenção da liminar, a participação do réu é restrita, não é dado ao réu arrolar testemunhas. 
Obs. Tem-se admitido que o juiz ouça testemunhas trazidas pelo réu caso necessite de mais provas. 
IMPORTANTE!!! Não cabe tutelaantecipada possessória contra o poder público, sem ouvi-lo (art. 562, §ú).
Art. 562 do Novo CPC – (...)
Parágrafo único.  Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.
Obs. O CC/16 previa que o possuidor só teria direito ao procedimento especial da possessória se ele entrasse com a ação no prazo de ano e dia do esbulho ou turbação. O CPC/73 repetiu isso, sendo que o CC/02 não fala mais no prazo de ano e dia. Ocorre que, o NOVO CPC previu expressamente a regra do ano e dia, em seu art. 558, caput.
IMPORTANTE!!! O prazo de ano e dia ainda existe?
Sim. A regra do CPC é suficiente para que valha o prazo de ano e dia. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! #Cabe tutela antecipada (do art. 303 do Novo CPC) na ação de força velha?
Sim, cabe a tutela antecipada comum (art. 303), que não dispensa a prova da urgência para a concessão da liminar. Isso é importante: só cabe LIMINAR POSSESSÓRIA (sem a prova do perigo da demora) se o autor entrar com a ação dentro de ano e dia (ação de força nova). Fora desses casos, porém, cabe a antecipação de tutela normal do art. 303 (pericullum in mora + fumus boni iuris). 
Obs. CAUÇÃO. Segundo o art. 559 do Novo CPC, se o réu provar que o autor, a quem foi concedido liminar possessória, carece de saúde financeira para arcar com perdas e danos se vier a perder a ação, o juiz dará cinco dias para que o autor preste caução, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa. Os requisitos dessa caução são:
a) requerimento do réu;
b) liminar em favor do autor;
c) autor que não tem idoneidade financeira.
Art. 559.  Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
IMPORTANTE!!! O recurso cabível contra a decisão que concede ou denega a medida liminar, de natureza interlocutória, é o agravo de instrumento.
Art. 1.015 do Novo CPC.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
1.2.1.7. Defesa do réu na possessória
O rito da possessória só é diferente até a defesa do réu, após, vira procedimento comum. 
A ação possessória é dúplice, o réu, na sua contestação pode pedir duas coisas contra o autor:
a) A proteção possessória (quem deve ter a proteção possessória sou eu).
b) Indenização
Art. 556.  É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
	
IMPORTANTE!!! O autor da ação possessória pode pedir proteção possessória e indenização. Só que além desses dois, o autor pode também pedir ainda, imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho (como a aplicação de uma multa ou a demolição de uma construção) e cumprir-se a tutela provisória ou final. O que há de excepcional nessa possibilidade de cumulação de pedidos é que pode ser feita a cumulação sem prejuízo do rito especial (liminar possessória). 
Art. 555.  É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único.  Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
Obs. Outros pedidos poderão ser cumulados (Ex. Rescisão contratual), só que isso prejudica o rito especial. O processo deverá seguir o rito ordinário.
IMPORTANTE!!! Cabe reconvenção em possessória?
Sim, cabe reconvenção em possessória, desde que se peça algo distinto da proteção possessória e da indenização (porque isso já pode pedir na contestação). Lembrar que como regra não cabe reconvenção nas ações dúplices (só para pedir coisa diferente). Ex. Pode pedir uma resolução contratual. 
IMPORTANTE!!! É na defesa da ação possessória que o réu alega direito de retenção. 
Obs. O réu NÃO tem direito à liminar possessória. 
IMPORTANTE!!! O réu pode alegar usucapião em defesa?
A usucapião é de alegação sobre domínio, que só será relevante em alguns casos (ver acima. Entendo eu que não pode, por não ser permitida a arguição de propriedade em ação possessória).
1.3 A PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
1.3.1 Introdução
Os frutos devem pertencer ao proprietário, como acessórios da coisa. Essa regra, contudo, não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa fé, isto é, com a convicção de que é seu o bem possuído. A condição fundamental para que o possuidor ganhe os frutos é sua boa fé, ou seja, o pensamento de que é proprietário.
Art. 1.214. O POSSUIDOR DE BOA-FÉ tem direito, enquanto ela durar, aos FRUTOS (NÃO PRODUTOS) percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
1.3.2. Noção e espécies de frutos
Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os frutos e produtos. Que de acordo com o art. 95 podem ser objeto de relações jurídicas.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
FRUTOS são UTILIDADES que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa sem lhe acarretar destruição no todo ou em parte. Dividem-se quanto à origem em naturais, industriais e civis. Naturais são os que se renovam periodicamente em virtude de força orgânica Ex. Frutos de uma árvore. Industriais são os que aparecem pela mão do homem. Ex. Produção de uma fabrica. Civis são os rendimentos produzidos pela coisa. Ex. Alugueis.
Os frutos também podem ser classificados quanto a seu estado em pendentes (enquanto unido a coisa que o produziu), percebidos ou colhidos (depois de separados), estantes (separados para venda), percipiendos (os que deviam ser mas não foram colhidos ou percebidos) e consumidos (os que não existem mais porque foram utilizados).
IMPORTANTE!!! A boa fé só expropria o valor relativo aos FRUTOS, permanecendo o possuidor obrigado a indenizar ao proprietário os produtos que tenha obtido da coisa (Flavio Tartucce). Já Pablo Stolze, a luz do principio da boa fé, entende pela aplicação analógica das regras aplicadas aos frutos.
1.3.3 Regras Da Restituição
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos FRUTOS (não produtos) percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
	O possuidor de boa fé, embora tenha direito aos frutos percebidos, não faz jus aos frutos pendentes, nem aos colhidos antecipadamente, que devem ser restituídos, deduzido as despesas de produção e custeio. Caso não fosse assim, o vencedor experimentaria um enriquecimento sem causa. Esse direito só é garantido ao POSSUIDOR DE BOA FÉ enquanto estiver nessa condição.
O legislador procura desencorajar o surgimento de posse ilegítima. Assim prescreve o art. 1216 CC.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
	A posse de má fé não é totalmente desprovida de eficácia jurídica, porque o possuidor nessa condição faz jus às despesas de produção e custeio.
Dispõe o art. 1.215 que os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
1.4 RESPONSABILIDADEPELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
	A expressão “que não der causa”, equivale a dizer que a responsabilidade do possuidor não se caracteriza, a menos que tenha agido com dolo ou culpa.
Por outro lado, prescreve o art. 1.218 CC:
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Ao possuidor de má fé compete o ônus de provar que a perda teria acontecido do mesmo modo, estando a coisa na posse do reivindicante. Não basta ao possuidor de má fé provar a ausência de culpa e a ocorrência de força maior. 
1.5 INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS E O DIREITO DE RETENÇÃO
1.5.1. O Possuidor E Os Melhoramentos Que Realizou Na Coisa
O possuidor de boa fé tem direito de ser indenizado pelos melhoramentos que introduziu no bem.
Também se consideram melhoramentos as benfeitorias, qualquer que seja o seu valor. 
O art. 96 classifica as benfeitorias em:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Esta classificação não tem caráter absoluto, pois uma mesma benfeitoria pode ser enquadrada em uma ou outra espécie dependendo da circunstância. 
As benfeitorias necessárias não são apenas as que se destinam a conservação da coisa, mas são também aquelas que permitem a normal exploração econômica do bem.
IMPORTANTE!!! Benfeitoria não se confunde com acessão industrial ou artificial. Benfeitorias são obras ou despesas feitas em um bem já existente. As acessões industriais são obras que criam coisas novas e tem regime jurídico diverso, sendo um dos modos de aquisição da propriedade imóvel.
Obs. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
1.5.2. Regras De Indenização Das Benfeitorias
Art. 1.219. O possuidor de BOA-FÉ tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o DIREITO DE RETENÇÃO pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
	Somente diante de um caso concreto poder-se-á muitas vezes, distinguir uma espécie de benfeitoria.
Obs. O possuidor de boa fé NÃO poderá exercer o direito de retenção sobre as benfeitorias voluptuárias, ele pode apena levantá-las!
Dispõe o art. 1220 CC:
Art. 1.220. Ao possuidor de MÁ-FÉ serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
	
Isso porque obrou com a consciência de que praticava um ato ilícito. Faz jus a indenização das necessárias porque senão o reivindicante experimentaria um enriquecimento indevido.
Prescreve o art. 1.221 que as benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. 
	
O código impõe ainda, outra limitação ao direito do possuidor de má fé (art. 1222). 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
1.5.3. Direito De Retenção
Consiste num meio de defesa outorgado ao credor, a quem é reconhecido a faculdade de continuar a deter a coisa alheia, mantendo-a em seu poder até ser indenizado pelo crédito, que se origina, via de regra, das benfeitorias ou de acessões por ele feitas.
O direito de retenção é reconhecido pela jurisprudência como o poder jurídico e imediato de uma pessoa sobre uma coisa, com todas as características de um direito real.
Via de regra, o direito de retenção deve ser alegado em contestação para ser reconhecido na sentença. Pode o devedor ainda, na execução para a entrega de coisa certa constante de titulo executivo extrajudicial, deduzir embargos de retenção por benfeitorias necessárias ou úteis (art. 917, inc. IV, do Novo CPC).
Obs. O possuidor de má fé NÃO tem direito de retenção (nem nas necessárias). O de boa fé tem o direito de retenção nas benfeitorias úteis e necessárias, mas não nas benfeitorias voluptuárias, podendo apenas levantá-las. 
TÍTULO II
DOS DIREITOS REAIS
CAPÍTULO ÚNICO
DISPOSIÇÕES GERAIS
1- CONCEITO
	O direito real consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. 
	A propriedade é o direito real mais completo. Dispõe o art. 1228 do CC:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
	
	Quando todas essas prerrogativas acham-se reunidas em uma só pessoa, diz-se que ela é titular da propriedade plena. Entretanto, a propriedade poderá ser limitada quando algum ou alguns dos poderes inerentes ao domínio se destacarem e se incorporarem ao patrimônio de outra pessoa. 
2- ESPÉCIES 
	Os direitos reais estão enumerados no art. 1225 do CC:
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;  
XII - a concessão de direito real de uso;e
XIII - a laje.
	A propriedade é direito real completo. Os demais resultam de seu desmembramento e são denominados direitos reais menores ou direitos reais sobre coisas alheias. 
ATENÇÃO!! Posse não é direito real!!!!
3- AQUISIÇÃO DOS DIREITOS REAIS 
	No direito brasileiro o contrato, por si só, não basta para a transferência do domínio. Por ele criam-se apenas obrigações e direitos. Dispõem os arts. 1226 e 1227 do CC:
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas MÓVEIS, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a TRADIÇÃO.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre IMÓVEIS constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o REGISTRO no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
TÍTULO III
DA PROPRIEDADE
CAPÍTULO I
DA PROPRIEDADE EM GERAL
1- CONCEITO E ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA PROPRIEDADE
Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo dos direitos das coisas. O art. 1228 não oferece uma definição de propriedade, apenas enunciando os poderes do proprietário.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Quatro são seus elementos constitutivos:
1º) Direito de usar: consiste na faculdade de o dono servir-se da coisa e de utilizá-la de maneira que entender mais conveniente, podendo excluir terceiros de igual uso.
2º) Direito de gozar ou usufruir: consiste nos poderes de receber os frutos naturais e civis da coisa e de se aproveitar economicamente de seus produtos.
3º) Direito de dispor da coisa: transferir, alienar a outrem a qualquer título. Não significa, porém, prerrogativa de abusar da coisa, pois a CF prescreve que deve ser respeitada a função social da propriedade.
4º) Direito de reaver a coisa: de reivindicá-la das mãos de quem injustamente a possua ou detenha.
	Preceitua o art. 1.232 CC:
Art. 1.232. Osfrutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
Trata-se de consequência do princípio de que o acessório segue o principal (princípio da gravitação jurídica) salvo estipulação em contrario. Exemplo de exceção: art. 1214 CC.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
2- AÇÃO REIVINDICATÓRIA. PRESSUPOSTOS E NATUREZA JURÍDICA.
A ação reivindicatória tem como pressupostos: a) a titularidade de domínio, pelo autor, da área reivindicada, b) a individualização da coisa e c) posse injusta do réu (desprovida de título).
 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que INJUSTAMENTE a possua ou detenha.
IMPORTANTE!!! O referido dispositivo fala de posse injusta em sentido genérico, significando sem título, sem causa jurídica. Na REIVINDICATÓRIA, detém injustamente a posse quem não tem título que a justifique, mesmo que não seja violenta, clandestina ou precária, e ainda que seja de boa fé.
A ação reivindicatória é imprescritível. Versa sobre o domínio, que é perpétuo e somente se extingue nos casos expressos em lei, não se extinguindo pelo não uso. Mesmo imprescritível, esbarra na usucapião, que pode ser alegada pelo possuidor, em defesa, contra o antigo proprietário para elidir o pedido.
	É ação real que compete ao senhor da coisa. Essa, pois, sua natureza jurídica. 
2.1 LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA
Compete a reivindicatória ao senhor da coisa, ao titular do domínio. Em se tratando de ação real imobiliária, é INDISPENSÁVEL A OUTORGA UXÓRIA bem como a CITAÇÃO DE AMBOS OS CÔNJUGES, SE O RÉU FOR CASADO. Não se exige que a propriedade seja plena, mesmo as limitadas, como ocorre nos direitos reais sobre coisa alheia e na resolúvel, autorizam a sua propositura. 
Cada condômino pode, individualmente, reivindicar de terceiro a totalidade do imóvel.
Art. 1.314. Cada condômino (individualmente) pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.
Atenção!!! O compromissário comprador, que pagou todas as prestações, possui todos os direitos elementares do proprietário e dispõe, assim, de título para embasar a ação reivindicatória. 
Obs. Não basta que o compromisso de compra e venda seja irretratável e irrevogável. Há de estar REGISTRADO no cartório de registro de imóveis. 
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, E REGISTRADA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
	A ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou detém a coisa sem título ou suporte jurídico. A boa fé não impede a caracterização da injustiça para fins de reivindicatória (INJUSTA, NA REIVINDICATÓRIA, É A POSSE SEM TÍTULO). Ao possuidor direto, citado para a ação, incumbe a denunciação da lide ao possuidor indireto. 
2.2 OUTROS MEIOS DE DEFESA DA PROPRIEDADE
a) Ação negatória: é cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição por alguém que se julgue com um direito de servidão sobre o imóvel.
b) Ação de dano infecto: tem caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode ser oposta quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua construção. Cabe também nos casos de mau uso da propriedade vizinha.
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.
3- CARACTÉRES DA PROPRIEDADE
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
	É exclusivo porque pode o titular afastar da coisa quem quer que dela queira utilizar-se, e ilimitado ou absoluto, pois seu proprietário tem amplo poder sobre o que lhe pertence. Também se diz que a propriedade é irrevogável e perpétua porque não se extingue pelo não uso. Não estará perdida enquanto não ocorrer nenhum dos modos de perda previsto em lei, como a desapropriação, perecimento, usucapião e etc.
4- FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
A doutrina da função social foi desenvolvida no século XX (constituição de Weimar), sobretudo pela obra de Leon Duguit. 
Leon Duguit anuncia que a propriedade não é mais um simples direito absoluto, ela traduz a função social de quem detêm a riqueza. Tempos mais tarde, Pietro Perlingieri, nessa mesma linha, diz que a função social é o título justificativo da propriedade. 
O direito moderno não consegue mais conceber propriedade sem função social. Exercer propriedade é respeitar valores constitucionais.
No art. 1228, §1º o CC/02 consagrou o princípio da função social da propriedade (segundo esse dispositivo, a FUNÇÃO SOCIAL da propriedade é o exercício da propriedade em consonância com as finalidades econômicas e sociais, respeitando o meio ambiente).
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas FINALIDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem (ABUSO DE DIREITO).
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. (usucapião coletivo)
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
A função social pode ser passiva ou ativa. Sob o aspecto passivo, o princípio da função social impõe ao proprietário um não fazer. Já a função social ativa determina que o proprietário atue, imprimindo função social à coisa (plantando, construindo...).
Obs. Existe interessante corrente doutrinária (Arruda Alvin e Geraldo Vilhaça) no sentido de que a função social não integra a propriedade, mas apenas a limita e condiciona. 
O fato de uma pessoa não exercer função social não significa que ela perca, de imediato, a propriedade (isso pode até acontecer, mas não automaticamente).
 
IMPORTANTE!!! Limite à propriedade. São proibidos atos que não trazem qualquer comodidade ou utilidade ao proprietário e só são movidos pelo interesse de prejudicar outrem (função social).
IMPORTANTE!!! O proprietário pode ser privado da coisa nos casos de desapropriação por necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, bem como nos casos de requisição, quando houver perigo público iminente.
IMPORTANTE!!!! Usucapião coletivo. O proprietário pode ser privado da coisa quando esta consistir em extensa área que esteja na posse ininterrupta e deboa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, que realizaram no local (em conjunto ou separadamente) obras e serviços, considerados pelo juiz como de interesse social e econômico relevante. Nesse caso, o juiz imporá indenização devida ao proprietário. Depois dessa ser paga, a sentença já vale como título para o registro do imóvel.
Obs. A propriedade do solo abrange o subsolo e o espaço aéreo em altura e profundidade úteis ao seu exercício, fora disso, o proprietário não pode opor-se à exploração por terceiros em altura e profundidade que não tenha interesse legítimo em impedir. (arts. 1229 CC)
De acordo com o art. 1230 CC, a propriedade NÃO inclui:
a) jazidas, minas e demais recursos minerais
b) potenciais de energia hidráulica
c) monumentos arqueológicos
d) outros bens referidos em lei
Obs. A propriedade NÃO abrange os recursos minerais, porém o proprietário tem o direito de explorar os recursos para serem usados, de forma imediata e sem transformação industrial, em construção civil (art. 1230 §único). Ex. O papai pode retirar areia e pedras para construir casas no terreno.
De acordo com o art. 1231 a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
 
5- DESCOBERTA
	
Descoberta é o achado de coisa, perdida por seu dono. Descobridor é a pessoa que a encontra. De acordo com o art. 1233, quem acha alguma coisa deve restituí-la ao dono ou ao legítimo possuidor. Se não conhecer essa pessoa deve procurar, se não encontrar deve entregar a coisa para a autoridade competente. 
#Aquele que assim procedeu tem algum direito?
Sim. Aquele que devolveu a coisa achada tem direito a uma recompensa não inferior a 5% sobre o valor do bem + indenização pelas despesas. Para a fixação do montante da recompensa, deve ser levado em conta o esforço que o sujeito despendeu para encontrar o dono, além da situação financeira de ambos. O proprietário pode, contudo, optar por abandonar a coisa. 
Obs. Quando o descobridor, agindo dolosamente (culposamente não), causar danos na coisa achada, deve indenização. 
#E se o dono não aparecer?
A autoridade deverá divulgar na imprensa a descoberta da coisa. Se, contudo, decorridos 60 dias da divulgação, o proprietário não aparecer, a coisa será vendida em hasta pública. Do que for arrecadado, deverá ser descontado as despesas e a recompensa do descobridor. O resto do dinheiro fica para o MUNICÍPIO. Se a coisa for de pequeno valor, o município pode abandonar a coisa em favor do descobridor.
CAPÍTULO II
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
São hipóteses legais de aquisição: a) usucapião, b) registro de título de transferência no registro de imóvel, c) acessão.
Obs. O direito hereditário também é modo de aquisição da propriedade. 
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Quanto à procedência, esta pode ser:
Originária: quando não há transmissão de um sujeito para o outro. A propriedade passa ao patrimônio do adquirente sem qualquer limitação ou vício que a maculavam.
Derivada: quando resulta de uma relação negocial entre o anterior proprietário e o adquirente, havendo uma transmissão de domínio em razão de uma manifestação de vontade. A transmissão é feita com os mesmos atributos ou eventuais limitações que anteriormente recaiam sobre a propriedade. Exige também a comprovação da legitimidade do direito do antecessor.
1-DA USUCAPIÃO 
Também chamado de prescrição aquisitiva, em confronto ou comparação com a prescrição extintiva. É modo originário de aquisição da propriedade e de outros direitos reais suscetíveis de exercício prolongado e continuado pela posse prolongada no tempo acompanhado de certos requisitos exigidos pela lei. 
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
IMPORTANTE!!! Por conta do artigo acima, não corre a prescrição (usucapião) contra absolutamente incapaz, não se verifica a usucapião entre cônjuges na constância do casamento, entre ascendentes e descendentes e etc.
IMPORTANTE!!! Em que pede ser denominada “prescrição aquisitiva”, o STJ entender que NÃO é possível ao magistrado conhecer, DE OFÍCIO, da usucapião.
 ESPÉCIES
1ª) Usucapião EXTRAORDINÁRIA:
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Tem como requisitos:
Posse de 15 anos ininterruptos (que pode ser reduzida a 10 se o possuidor estiver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo).
Exercício com ânimo de dono, de forma contínua, mansa e pacificamente.
Obs. Dispensam os requisitos do justo titulo e boa fé.
2ª) Usucapião ORDINÁRIA: 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Posse de 10 anos.
Exercida com ânimo de dono, de forma contínua, mansa e pacifica. 
Justo titulo e boa fé.
Obs. O prazo pode ser reduzido para cinco anos na hipótese do § único (adquirido onerosamente, nele tiverem estabelecido moradia ou realizado investimento).
3ª) Usucapião ESPECIAL:
Pode ser Rural ou urbana.
Rural:
Tem como requisitos:
Não ser o usucapiente proprietário de imóvel rural nem urbano.
Posse de cinco anos contínua, mansa e pacifica.
Área rural contínua não excedente a 50 hectares, tornando-a produtiva com seu trabalho e nela tendo sua moradia.
Obs. Independe de justo titulo ou boa fé. Não pode recair sobre bens públicos.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Urbana: 
Exige:
 
Posse de área urbana de até 250 metros quadrados.
Prazo de cinco anos.
Posse contínua, mansa e pacífica.
Não proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
Obs. Não pode recair sobre imóveis públicos, nem ser reconhecido ao novo possuidor mais de uma vez. Não depende de justo titulo ou boa fé.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de ATÉ duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
4ª) Usucapião COLETIVA:
	Prevista no art. 10 do Estatuto da Cidade (lei 10.257/2001). Tem inegável alcance social.
Art. 10. As áreas urbanas com MAIS de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores nãosejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
Tem como requisitos:
Áreas urbanas com “MAIS” de 250 metros quadrados.
Ocupadas por população de baixa renda para sua moradia por cinco anos, onde não for possível identificar os terrenos ocupados individualmente.
5ª) Usucapião POR ABANDONO DE LAR
	
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (DOIS) ANOS ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.  
§ 1o  O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
§ 2o  (VETADO).  
	Enunciados da 5ª Jornada de Direito Civil sobre o art. 1240-A do CC:
498) A fluência do prazo de 2 anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011.
499) A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito “abandono do lar” deve ser interpretado de maneira cautelosa, mediante a verificação de que o afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção da família e do próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração do regime de bens quanto ao imóvel objeto de usucapião.
500) A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades familiares, inclusive homoafetivas.
501) As expressões “ex-cônjuge” e “ex-companheiro”, contidas no art. 1.240-A do Código Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio.
502) O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código.
1.3 PRESSUPOSTOS
a) Coisa hábil ou suscetível de usucapião.
IMPORTANTE!!! A inalienabilidade decorrente de ato jurídico NÃO tem força de subtrair o bem gravado da prescrição aquisitiva, não o colocando fora do comercio (STJ)
Existe entendimento, no próprio STF, no sentido de que bens gravados com cláusula de inalienabilidade não são suscetíveis de serem usucapidos. Porém, tais julgados foram proferidos antes mesmo da vigência do novo CC.
IMPORTANTE!!! José Carlos de Moraes Salles, sustenta que é forte o entendimento no sentido de que o condômino pode usucapir área comum, desde que exerça posse exclusiva (Ex. Garagem de prédio).
Obs. Bens públicos não podem ser usucapidos (neM MESMO os dominicais!!!!!!!!!!!!). 
b) Posse. 
Lembrar!!! A posse ad “interdicta” dá direito a proteção possessória, mas não da direito a usucapião. 
A posse ad usucapionem que dá direito à usucapião. O possuidor tem que ter ânimo de dono, ou seja, o usucapiente tem que possuir o imóvel “como seu”.
	É possível ocorrer a modificação do caráter da posse, quando, acompanhando a mudança da vontade, sobrevém uma nova causa possessionis. 
	
A posse tem que ser mansa e pacífica (sem oposição). 
Obs. Se o possuidor defendeu sua posse contra terceiros e evidenciou seu ânimo de dono, não se pode falar em oposição capaz de retirar da posse sua característica de mansa e pacifica.
	A posse deve ser contínua. Não pode o possuidor possuir a coisa a intervalos.
Obs. O fato de mudar-se para outro local não significa, necessariamente, abandono da posse, se continuou como dono em relação a coisa. 
IMPORTANTE!!! O CC não prevê prazo para que a posse seja interrompida pelo esbulho praticado por terceiro. O TJSP já decidiu que se o esbulhado interpõe dentro de ano e dia, interdito possessório, e vence, conta-se em seu favor o tempo em que esteve privado da posse. Se o interdito for julgado em favor da outra parte, a posse será considerada descontínua. 
AÇÃO RESCISÓRIA. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. POSSE.TRANSFERÊNCIA. USUCAPIÃO. PRAZO. OPOSIÇÃO. INEXISTÊNCIA.
1. Compromisso de compra e venda de imóvel é título hábil à transferência da posse.
2. A teor do Art. 551 do Código Beviláqua, é de dez anos o prazo da prescrição aquisitiva quando as partes que contendem a respeito da usucapião residem no mesmo Município.
3. A posse mansa e pacífica não se interrompe quando o possuidor direto propõe medidas judiciais contra o suposto turbador, especialmente se tais medidas de proteção são declaradas procedentes.
(AR 3.449/GO, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/02/2008, DJe 06/03/2008)
Obs. Embora exija a continuidade da posse, o CC admite que o possuidor acrescente a sua posse a de seus antecessores, para o fim de contar o tempo exigido para a usucapião, contando que todas sejam pacíficas, contínuas e nos casos do art. 1242, com justo título e boa fé.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
c) Decurso de tempo.
	No tocante ao decurso do tempo, contam-se os anos por dias, e não por horas. O prazo começa a fluir no dia seguinte ao da posse. Não se conta o primeiro dia, porque é necessariamente incompleto, mas se conta o último. 
IMPORTANTE!!! É possível usucapir coisa obtida criminosamente?
A doutrina admite usucapião extraordinário (independe da boa-fé) de coisa obtida criminosamente. Na mesma linha, a jurisprudência (Resp 247.345/MG e AC 1900.127.99 do TJRS). 
Obs. Vale acrescentar que, enquanto a prescrição penal não tiver se operado, ou estando ainda em curso a própria ação penal, o direito do usucapiente não pode ainda ser reconhecido, pois se trata de produto de crime. 
d) Justo título e boa fé.
O justo título é requisito indispensável para a aquisição da propriedade pela usucapião ordinária. Diz-se de boa fé a posse se o possuidor ignora o vício ou obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa. Deve ela existir no começo da posse e permanecer durante todo o decurso do prazo.
2- DO REGISTRO DO TÍTULO
No direito brasileiro não basta o contrato para a transferência ou aquisição do domínio. Pelo contrato criam-se apenas obrigações e direitos.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
O domínio só se transfere pela tradição, se for coisa móvel e pelo registro se for

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