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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.271.888 - SC (2011/0198311-7)
RELATOR : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
AGRAVANTE : UNIMED LITORAL COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA 
ADVOGADO : AUGUSTO GARCEZ DUARTE E OUTRO(S)
AGRAVADO : HEINZ KEPLER 
ADVOGADA : DÉBORA TEIXEIRA DOS REIS 
INTERES. : UNIMED PORTO ALEGRE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO 
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. 
CITAÇÃO. NULIDADE. TEORIA DA APARÊNCIA. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. As assertivas da recorrente de inaplicabilidade da teoria da aparência à hipótese, 
nos termos em que postas, atraem o óbice do enunciado nº 7 da Súmula desta 
Corte, pois o tribunal estadual entendeu que, diante das peculiaridades do caso, 
era impossível exigir-se do consumidor comportamento diverso. Precedentes.
2. Agravo regimental não provido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 
Terceira Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Massami Uyeda, Sidnei 
Beneti e Paulo de Tarso Sanseverino (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Brasília (DF), 19 de junho de 2012(Data do Julgamento)
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva 
Relator
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.271.888 - SC (2011/0198311-7)
 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (Relator): Trata-se de 
agravo regimental interposto pela Unimed Litoral Cooperativa de Trabalho Médico Ltda. contra 
decisão que negou seguimento ao seu recurso especial, diante do óbice contido na Súmula nº 7 
do Superior Tribunal de Justiça.
Inconformada, a agravante aduz que 
"(...) ao contrário do consignado na decisão monocrática, com a 
devida vênia, para aferir a alegada violação ao art. 215 do CPC se faz 
desnecessário o reexame fático-probatório, mas apenas a interpretação de direito 
quanto a não validade de citação realizada perante a ora Recorrente, em seu 
endereço (...)" (fl. 191).
É o relatório.
 
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.271.888 - SC (2011/0198311-7)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (Relator): Não 
obstante os argumentos da agravante, o recurso não merece provimento.
Nas razões do apelo especial, sustentou a recorrente que foi violado o artigo 215 
do Código de Processo Civil, diante do reconhecimento de validade dada à citação, feita perante 
pessoa diversa da indicada como ré.
Para firmar sua tese, alegou 
"(...)
A recorrente, Unimed Litoral Cooperativa de Trabalho Médico Ltda. 
recebeu equivocadamente mandado de citação cujo destinatário era pessoa 
jurídica diversa, qual seja a UNIMED PORTO ALEGRE - Sociedade Cooperativa de 
Trabalho Médico Ltda.
(...)
Destarte, conforme razões acima apresentadas, requer seja 
declarada nula a citação, sob pena de ofensa direta ao art. 215 do CPC.
(...)" (fls. 161/167).
Diz o artigo 215 do Código de Processo Civil:
"Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao 
procurador legalmente autorizado."
Contudo, o tribunal estadual decidiu nos seguintes termos:
"(...)
O reclamo não merece guarida. Senão, vejamos.
'In casu', percebe-se claramente que as pessoas jurídicas, mesmo 
que distintas, pertencem ao mesmo conglomerado de empresas, qual seja, 
UNIMED.
Mister observar que a própria apelante admite a participação de 
ambas as empresas no mesmo conglomerado, conforme excerto de fl. 110:
Por ter recebido equivocadamente mandado de citação cujo 
destinatário era pessoa jurídica diversa da sua, a ora recorrente UNIMED LITORAL 
protocolou petição (43/81) informando que o estabelecimento indicado como filial 
na inicial, trata-se, em verdade, de estabelecimento de sua propriedade, pessoa 
jurídica distinta da indicada pelo autor para compor o pólo passivo da presente 
demanda, sendo ilegítima para receber a citação em nome daquela, indicando, 
ainda, o correto endereço da Ré, diga-se UNIMED PORTO ALEGRE - Sociedade 
Cooperativa de Trabalho Médico Ltda.
(...)
Aplicando-se, pois, a Teoria da Aparência, e o princípio da 
instrumentalidade das formas aliado ao da celeridade processual, e levando em 
conta, por fim, o caráter absoluto do direito à vida e à saúde em detrimento do 
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interesse patrimonial da apelante, mister se faz o não provimento do recurso. 
(...)
Na hipótese, a ação foi dirigida contra a UNIMED - Porto Alegre, 
mas a citação se deu no endereço da UNIMED Litoral. Esta, por sua vez, não 
alegou a nulidade da citação, mas sim, sua ilegitimidade passiva, coisas 
distintas, diga-se. Primeiramente, vale ressaltar que a negativa de cobertura 
se deu pela UNIMED LITORAL (fl. 23), ora contestante, o que evidencia a 
aparente confusão, perante o consumidor, de qual prestadora é responsável 
pela realização dos serviços.
(...)
Tanto assim o é, que a UNIMED Litoral não demonstra ter 
encaminhado o pedido de exame a Porto Alegre, mas sim, negou-o por 
ausência de cobertura, o que demonstra serem solidárias entre si.
É de aplicar-se ao caso em tela (tanto quanto à tese de ilegitimidade 
passiva, como de nulidade de citação) a teoria da aparência, pois, nessas 
hipóteses, impossível exigir-se do consumidor (bastando, para tanto, observar o 
comportamento da ré) — parte comumente desprovida de intelecto jurídico 
aprofundado — discernimento suficiente para distinguir qual das empresas 
negou-lhe a autorização dos procedimentos solicitados (...) e, considerando, 
ainda, que o contrato prescreve que qualquer empresa do grupo deve 
cumprir o contratado, não se pode reconhecer a nulidade do ato citatório ( o 
que sequer foi aventado), nem mesmo a ilegitimidade passiva.
(...)" (fls. 153/155 - grifou-se).
Com efeito, o ilustre Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, em seu livro 
"Responsabilidade Civil no Código do Consumidor e a Defesa do Fornecedor ", distingue o 
responsável real do responsável aparente: enquanto o primeiro engloba todos aqueles que 
participaram diretamente na confecção do produto, o segundo é o comerciante, que apenas 
expõe os produtos em seu estabelecimento.
Porém, na hipótese, o tribunal de origem, soberano na análise fática da causa, 
afastou, de forma expressa a pretensão recursal. Assim, chegar a entendimento diverso exigiria 
reexame de fatos e provas, o que é inadmissível na via do recurso especial, nos termos da 
Súmula nº 7 deste Tribunal Superior. 
Em casos análogos, as seguintes decisões monocráticas: ARESP nº 116.842/RS, 
Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 3/4/2012; RESP 1.301.273/RS, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 
2/3/2012; ARESP 114.329/RS, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 17/2/2012, e RESP 1.206.589/SC, 
Rel. Desembargador Convocado Vasco Della Giustina, DJe 5/5/2011.
Por fim, e por amor ao debate, traz-se o voto proferido pela eminente Ministra 
Nancy Andrighi, em caso semelhante, firmado no seguinte sentido:
"(...) O sistema UNIMED, do qual tanto a recorrente Unimed Curitiba 
quanto a Unimed Cuiabá fazem parte, está estruturado de acordo com os termos 
da Lei 5.764/71, de modo que nele várias unidades autônomas atuam em regime 
de cooperação. Essa cooperação entre as diversas unidades nacionais permite o 
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atendimento do usuário em todo território nacional,numa espécie de intercâmbio 
entre as cooperativas. A integração do sistema é evidenciada pelo uso do mesmo 
nome 'UNIMED' e por um logotipo comum, de maneira a dificultar a fixação das 
responsabilidades e a área de atuação ou abrangência de cobertura de cada uma 
das unidades, singularmente considerada. 
 É preciso reconhecer, portanto, que é grande a possibilidade de 
confusão do consumidor comum no momento da contratação dos planos de saúde 
oferecidos pelas cooperativas que compõem o Sistema UNIMED. Assim, embora a 
Unimed Curitiba e a Unimed Cuiabá sejam pessoas jurídicas distintas, para o 
recorrido era razoável admitir que ambas formavam uma única entidade. O 
consumidor pressupôs, compreensivelmente, que o contrato de prestação de 
serviços médicos e hospitalares fora firmado com o sistema UNIMED, 
nacionalmente considerado, pois não tinha condições de identificar a entidade que 
efetivamente se comprometeu a prestar-lhe os serviços de assistência médica.(...)" 
(RESP 1.140.107/PR)
Em vista do exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
 
AgRg no
Número Registro: 2011/0198311-7 REsp 1.271.888 / SC
Números Origem: 20100337520 20100337520000100 5090144516
EM MESA JULGADO: 19/06/2012
Relator
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ BONIFÁCIO BORGES DE ANDRADA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA 
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : UNIMED LITORAL COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA
ADVOGADO : AUGUSTO GARCEZ DUARTE E OUTRO(S)
RECORRIDO : HEINZ KEPLER
ADVOGADA : DÉBORA TEIXEIRA DOS REIS
INTERES. : UNIMED PORTO ALEGRE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO
ASSUNTO: DIREITO DO CONSUMIDOR - Contratos de Consumo - Planos de Saúde
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : UNIMED LITORAL COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA
ADVOGADO : AUGUSTO GARCEZ DUARTE E OUTRO(S)
AGRAVADO : HEINZ KEPLER
ADVOGADA : DÉBORA TEIXEIRA DOS REIS
INTERES. : UNIMED PORTO ALEGRE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto 
do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Massami Uyeda, Sidnei 
Beneti e Paulo de Tarso Sanseverino (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.
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