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Falência e Recuperação de Empresas

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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
Professor Diogo Caldas (diogo.caldas@uva.br)
PRIMEIRA AULA:
1. Noções Gerais de Falência.
1.1. Aspectos Gerais.
Como é sabido, a garantia dos credores de uma relação é representada pelos bens do patrimônio do devedor, ou seja, ocorrendo o inadimplemento da obrigação, o credor poderá promover perante o Poder Judiciário, a execução dos bens para satisfazer de forma integral o seu crédito.
Entretanto, quando o devedor tem, em seu patrimônio, bens de valor inferior à totalidade de suas dívidas, a regra da execução individual (Aquele que ingressasse com a ação primeiro, iria receber primeiro prejudicando os demais credores) se torna injusta. Aqueles que demorassem na propositura de ação fatalmente não receberiam nada pois o patrimônio do devedor já estaria exaurido.
Para evitar a situação acima, conferindo as mesmas chances, aos credores de mesma categoria, de conseguirem realizar seu crédito, o Direito Empresarial afastou a execução individual utilizando a chamada execução concursal (É o concurso de credores que permite a execução coletiva da totalidade de seus bens necessários para a satisfação de todos os credores).
Isso é chamado de par condictio creditorum (igualdades de condições de crédito), princípio basilar do direito falimentar.
Fábio Ulhoa Coelho define: “Os credores do devedor que não possui condições de saldar, na integralidade, todas as suas obrigações devem receber do direito um tratamento parificado, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais chances de efetivação de seus créditos”.
1.2. Conceito de Falência.
A falência é a execução concursal do devedor empresário (insolvente). O Direito Empresarial utiliza nessa situação a execução concursal (dividindo os credores em classes) e não a execução individual (quem executar primeiro, recebe primeiro). Todos os credores serão reunidos no mesmo processo.
1.3. Devedor: Direito Empresarial x Direito Civil.
Verificaremos agora, diferenças conferidas ao devedor empresário (empresário individual ou sociedade empresária) e ao devedor civil (pessoa física ou jurídica não exercente de atividade de empresa).
	
	Devedor Empresário
	Devedor Civil
	Auxílio para a recuperação do devedor.
	Por meio de um plano de recuperação da empresa, o devedor pode postergar o vencimento das obrigações, reduzir seu valor ou tentar impedir a instauração da execução concursal.
	O devedor civil não tem uma faculdade deste tipo. Só poderá suspender sua execução se houver aceite de todos os credores.
	Extinção das obrigações.
	Considera extintas as obrigações se pagar 100% dos créditos preferênciais e 50% dos créditos quirografários (Modalidades que serão estudadas adiante), ou seja, sua obrigação pode ser extinta sem o pagamento de todos os créditos.
	O devedor civil só terá suas obrigações extintas se pagar integralmente o seu valor.
	Efeitos se reconstituir o patrimônio.
	Se, após ter julgado suas obrigações extintas, a sociedade vier reconstituir seu patrimônio, os credores existentes ao tempo da falência não poderão comprometê-lo.
	Se o devedor civil, que deixou dívida em aberto, reconstituir seu patrimônio, poderá sofrer execução até o pagamento total do passivo, dentro do prazo de 5 anos do encerramento do processo de insolvência.
SEGUNDA AULA.
2. Pressupostos de Falência. (Lei 11.101/2005 – Lei de Recuperação de Empresas e Falência - ).
Os pressupostos são importantes, pois a execução concursal verificada anteriormente só se instaura quando presentes todos os pressupostos que estudaremos agora. A doutrina indica que são três os pressupostos da falência:
a) Pressuposto Material Subjetivo. (Devedor Empresário): Em regra geral, estará sujeito a falência todo e qualquer exercente de atividade empresarial. (Pessoa Física ou Jurídica). Sempre que o devedor é legalmente empresário, a execução concursal de seu patrimônio se faz pela falência.
Observação 1: Algumas categorias de empresários foram excluídas parcialmente do regime falimentar pela lei. (Exemplo: Sociedades que se dediquem a exploração de consórcios, Instituições Financeiras, Operadoras de planos provados de assistência a saúde, etc.).
Essas se submetem a regime de liquidação extrajudicial. (pois o órgão que a monitora pode decretar a liquidação) indicado em leis próprias. (Ou seja, podem ter sua falência decretada, desde que observadas as condições específicas legalmente previstas. Exemplo: A falência de instituição financeira ser solicitada pela própria instituição e deve ter autorização do Banco Central – Se fosse uma operadora de saúde a autorização deveria ser solicitada a, A N S, se for seguradora a SUSEP, etc.).
Observação 2: Outras categorias foram excluídas totalmente do regime falimentar: As empresas públicas. (Exemplo: CEF) e sociedades de economia mista. (Exemplo: PETROBRÁS, Banco do Brasil), => Pois a administração pública garante sua saúde financeira, entidades fechadas de previdência complementar. (Exemplo: INFRAPREV da INFRAERO), etc.
Observação 3: Não são considerados empresários, por exemplo, profissionais liberais, artistas e o explorador de atividade rural não registrado no Registro de Empresas, as cooperativas, etc.
b) Pressuposto Material Objetivo. (Insolvência do devedor): É o estado patrimonial em que se encontra o devedor que possui ativo inferior ao passivo. Este conceito deve ser entendido em sentido jurídico, pois a execução concursal pode ocorrer mesmo que o devedor demonstre a superioridade do ativo ou, em situação oposta, pode não ocorrer a execução concursal mesmo que o ativo seja inferior ao passivo.
O que é importante aqui, para instauração da execução por falência, é a ocorrência de um dos fatos indicados na lei. (Art. 94, 1 a 3):
1 - A impontualidade injustificada. (Art. 96) no cumprimento de obrigação líquida de títulos cuja soma ultrapasse o valor de 40 salários mínimos. Observação 1: Credores do mesmo empresário cujos créditos individualmente considerados não alcançarem esse valor, mas cuja soma alcança, podem se reunir em litisconsórcio para requererem a falência do devedor – Art.94, páragrafo 1º. Observação 2: A impontualidade se prova com o protesto do título junto ao tabelião;
2 - A verificação de execução frustrada. (Nesse caso, não precisa de protesto e o título pode ter valor inferior a 40 salários mínimos). É a falta de pagamento, depósito ou não nomeação de bens à penhora dentro do prazo legal.
3 - Praticar ato de falência. Exemplos: Liquidação precipitada, Alienação irregular do estabelecimento, Abandono do estabelecimento empresarial, Descumprimento do plano de recuperação judicial, etc.
Conclusão: Ocorrendo um desses 3 casos, mesmo que o devedor demonstre ativo superior ao passivo, será decretado cumprido o requisito
c) Pressuposto Formal. (Sentença declaratória de falência): A Sentença declaratória de falência introduz o falido e seus credores no regime jurídico falimentar. Ela deverá conter relatório, fundamentos da decisão, dispositivos legais que justifiquem a decisão, dados de identificação do devedor, a nomeação do administrador judicial, etc. (A sentença declaratória de falência será estudada mais profundamente em matéria posterior).
2.1. Pedido de Falência. (Art. 97).
O pedido pode ser realizado pelo próprio empresário devedor. (autofalência), quando não atender às condições legais para obter a recuperação judicial. (Art. 105). Ocorre que, na prática, isso raramente acontece, pois é o credor que tem o principal interesse na instauração do processo de execução coletiva. (Instrumento muito eficaz de cobrança do devido).
Podem também requerer falência: o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; o sócio da sociedade devedora. (cotista ou o acionista) ou qualquer credor.
O credor empresário deverá cumprir certos requisitos específicos: provar a regularidade do exercício do comércio. (por meio da exibição da inscrição individual ou registro dos atos constitutivosda sociedade empresária). Já o credor não domiciliado no país deve prestar caução. (para garantir o pagamento das custas judiciais).
Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 dias. (Art. 98).
TERCEIRA AULA.
3. Sentença Declaratória de Falência:
A decretação de falência do devedor ocorrerá caso o pedido de falência seja julgado procedente e não tenha realizado o depósito elisivo.
Observação: O depósito elisivo é o depósito em juízo do valor da dívida reclamada no pedido falimentar, devidamente corrigido e acrescido de juros e honorários advocatícios. Esse valor é depositado no prazo da resposta do devedor, não sendo decretada a falência até, pelo menos, o julgamento procedente do pedido de falência.
Algumas confusões ocorrem quanto a classificação da decisão que decreta a falência. Via de regra, pelo sistema tradicional, sentença é o ato do juiz que extingue o processo. Ocorre que, a decisão que decreta a falência, inicia o processo falimentar (ou seja, a partir dela é que será apurado o ativo, realizado o pagamento dos devedores e a apresentação do relatório final pelo administrador-judicial).
- Conteúdo (Artigo 99): Entre os principais conteúdos, destacamos: conterá a síntese do pedido; a identificação do falido; ordem ao falido para apresentar (em até 5 dias) a relação dos credores e suas qualificações; nomeação do administrador-judicial; intimação do Ministério Público e Fazenda Pública (Federal, Estadual e Municipal), etc.
- Publicidade: Por se tratar de decisão que repercute não apenas na esfera jurídica do devedor, mas também na de todos os seus credores, a legislação falimentar se preocupa em dar ampla publicidade à sentença que decreta a falência do devedor
Em termos práticos, a Junta Comercial será imediatamente comunicada quanto à decretação da quebra, a fim de que anote tal fato junto aos atos constitutivos do devedor, fazendo deles constar a expressão “falido”, acompanhada da data de decretação. Também serão expedidos ofícios a diversos órgãos públicos que possam eventualmente fornecer informações relevantes sobre a existência de bens e direitos do devedor. Exemplo: Banco Central, Detran, Receita Federal, Cartório do Registro de Imóveis, etc.
Por fim, o juiz ordenará a publicação do edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.
- Recursos:
a) Embargos de Declaração (Contra a sentença que declara ou que denega a falência): oponível contra qualquer decisão que tenha omissão, obscuridade ou contradição;
b) Agravo de Instrumento (Contra a sentença que declara a falência – art. 100): aplicando contra decisões interlocutórias, ou seja, que não finalizam o processo.
c) Apelação (Contra a sentença que denega a falência): aplicando contra sentença, ou seja, que finalizam o processo.
- Denegação de Falência: A denegação da falência pode fundamentar-se em dois motivos: a improcedência do pedido de falência (Ex: Por prescrição de dívida, falsidade de título, etc.), realização do depósito elisivo (explicado anteriormente).
O autor arcará com os ônus da sucumbência (custas e honorários advocatícios) e, de acordo com o artigo 101 poderá arcar com indenização ao devedor se o juiz entender que a ação foi requerida baseado em má-fé
3.1 Administração de Falência (Art. 21 e 22).
O principal auxiliar do juiz na condução do processo falimentar é o administrador-judicial, que a legislação anterior chamava de síndico. Além de exercer as diversas atribuições de cunho administrativo que a lei lhe reserva (Art. 22), o administrador também é o representante legal da chamada massa falida subjetiva, comunidade de credores que se instala com a decretação da falência. Trata-se de função tão importante que ele é considerado funcionário público para fins penais.
O juiz, ao escolher o administrador judicial, deverá observar o disposto no artigo 21, caput: profissional idôneo, com formação profissional preferencialmente em Direito, Administração, Economia, Administração de Empresas ou Ciências Contábeis, respeitadas as vedações do artigo 30 (Exemplo: se foi destituído como administrador de outro procedimento de falência, nos últimos 5 anos).
Novidade aqui é a possibilidade de o administrador-judicial ser uma pessoa jurídica especializada (empresas especializadas em administração), caso em que deverá ser declarado o nome do profissional responsável pela condução do processo de falência ou recuperação judicial.
Entre os principais deveres do administrador-judicial: enviar correspondência aos credores, fornecer informações relevantes aos credores, exigir informações dos credores e devedor, apresentar plano de recuperação, apresentar relatório mensal de atividades, prestar contas ao final do processo ou quando sair do processo, etc.
O administrador-judicial e seus auxiliares serão remunerados pelo credor ou pela massa falida sendo fixada de acordo com os seguintes critérios: capacidade de pagamento do devedor, grau de complexidade do trabalho, os valores praticados no mercado. Esses valores não poderão ultrapassar 5% do valor devido aos credores da recuperação judicial ou do valor de venda dos bens da falência.
QUARTA AULA.
4. Administração de Falência. (Continuação):
- Comitê de Credores: É um órgão facultativo criado para aumentar a participação dos credores no processo de tentativa de solução de crise do empresário. Em regra, será composto de 3 pessoas. (uma indicada pelos credores trabalhistas, uma indicada pelos credores com garantia real e uma indicada pelos credores quirografários). Cada membro terá dois suplentes.
Tem como objetivo fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial, zelar pelo bom andamento do processo, comunicar ao juiz violação dos direitos dos credores, requerer ao juiz a convocação de assembléia geral dos credores, etc.
Observação: Ao contrário do administrador-judicial e seus auxiliares, os membros do comitê não são remunerados.
4.1. Assembléia Geral de Credores.
É a participação efetiva de todos os credores no processo falimentar. Tem como atribuições: constituir o comitê de credores, escolher seus membros e substituí-los, atuar em matéria que possa afetar o interesse dos credores. Cabe ressaltar, que sua decisão é soberana.
É instalada, em primeira convocação, com a presença de credores que representem mais da metade dos créditos de cada classe. Em segunda convocação se instala com qualquer número de credores.
QUINTA AULA.
5. Efeitos da decretação de falência.
Como já se destacou em aula anterior, a sentença que decreta a falência. (de natureza constitutiva), constitui o devedor em estado falimentar e inicia o processo de execução concursal dos seus bens. Assim, decretada a falência se instaura um novo regime jurídico aplicável ao devedor, que repercutirá em toda a sua esfera jurídica e patrimonial.
A falência produz efeitos quanto à pessoa do falido, quanto aos seus bens, quanto aos seus contratos, quanto aos seus credores, etc.
a) Efeitos da falência em relação à pessoa e aos bens do devedor. (Dissolução, Sócios da Falida e Patrimônio da Sociedade Falida):
O primeiro efeito da falência a ser indicado é a dissolução da sociedade. Afinal, com a decretação da quebra e a instauração do processo de execução concursal do devedor, haverá o encerramento da atividade empresarial e a consequente liquidação do patrimônio social para o posterior pagamento das dívidas.
Segundo Efeito. A falência atinge também as pessoas dos sócios quando a responsabilidade for ilimitada, ou seja, a decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes
Terceiro Efeito. Em contrapartida, se os sócios respondem limitadamente, em princípio, não se submetem aos efeitos da falência, uma vez quem faliu foi a sociedade, pessoa jurídica com patrimônio diferente da pessoa dos sócios. (Mas podem ser apuradas eventuais responsabilidades em 2 anos).
O quarto efeito é a inabilitaçãoempresarial. (Art. 102), ou seja, o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação de falência e até a sentença que extingue suas obrigações. (Empresário Individual ou Sócio de Responsabilidade Ilimitada). No entanto, se o falido for condenado por crime falimentar, a inabilitação só cessará cinco anos após a extinção de punibilidade.
O quinto efeito é a perda do direito de administração dos bens e de sua disponibilidade. Desde a decretação de falência o falido perde o direito de administrar seus bens ou dele dispor. (Pode apenas fiscalizar a administração da falência).
O sexto e último efeito é a lista de deveres específicos do falido. (Art. 104), exemplos: o devedor não pode se ausentar do local da falência sem autorização do juiz, o devedor deve comparecer a todos os atos da falência, o devedor tem seus direitos suspensos no tocante ao sigilo à correspondência e ao livre exercício da profissão, o devedor deverá contribuir com a administração da falência, o devedor deve permitir a arrecadação de todos os seus bens. (menos os absolutamente impenhoráveis – Artigo 649, CPC), etc.
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SEXTA AULA:
b) Efeitos da Decretação de Falência Quanto as Obrigações e Contratos do Devedor Falido: A decretação da falência também atinge as obrigações do devedor falido.
A partir da instauração do processo falimentar, todos os credores se sujeitarão as regras, e só poderão exercer os seus direitos sobre os bens do falido na forma (Artigo 115 e seguintes).
O primeiro efeito é a habilitação dos seus créditos, ou seja, os credores serão habilitados para receber em momento oportuno, conforme a ordem legal de classificação (Art. 7º, que será estudado futuramente).
Um segundo efeito é o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, convertendo todos os créditos em moeda estrangeira para moeda nacional, pelo câmbio do dia da decisão judicial (Art. 77).
Um terceiro efeito é o que contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação de falência. Se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados (lucro ou pro labore dos sócios ou administradores). Assim, realizado o ativo e verificando-se que a massa possui recursos suficientes para saldar todos os seus credores, inclusive os subordinados, computam-se os juros normalmente e a massa falida deve pagá-los (Entendimento do Supremo Tribunal Federal).
O quarto efeito relata que os contratos do devedor falido não se extinguem de pleno direito em razão da decretação de falência. Esses contratos podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou necessário a manutenção do seus ativos (Os efeitos dependerão da natureza de cada contrato).
Caso o administrador judicial não se manifeste expressamente sobre a continuação ou não de determinado contrato, o contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de 90 dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 dias, declare se cumpre ou não o contrato (Art. 117).
Não havendo resposta ou negando a continuação do vínculo contratual, o contratante terá direito a indenização (que será habilitado na categoria de crédito quirografário, estudado adiante).
Um quinto efeito é a compensação de créditos já vencidos antes da sentença declaratória de falência. Compensação opera-se quando duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, fato esse que levará duas obrigações, até o montante a qual se compensarem.
Ela é feita com preferência sobre todos os demais credores concursais, das dívidas vencidas do falido até o dia da decretação da falência (Art. 122). Havendo diferença a favor da massa falida, será computada para fins de arrecadação da mesma. Entretanto, se for contrário a massa falida, será habilitado para que o credor do falido possa participar da execução concursal da falência.
Observação: As dívidas vencidas pela decretação da falência (ou seja, venceram pois houve a decretação), não deveriam receber preferência (algo discutido, criticado e que divide os principais doutrinadores).
SÉTIMA AULA:
c) Efeitos da Decretação de Falência em Relação aos Credores do Falido: O principal objetivo do processo falimentar é a reunião de todos os credores do devedor e de todos os seus bens, para que, vendidos estes, sejam pagos aqueles, na ordem de preferência dos seus respectivos créditos. Aqui ocorrerá a instauração do juízo universal de falência, a suspensão de novas ações e a atração de quase todas as ações (envolvendo o devedor) em andamento para o juízo falimentar (aptidão atrativa do juízo falimentar).
Assim, enquanto a arrecadação dos bens da origem à massa falida objetiva, a reunião dos credores, por sua vez, forma a denominada massa falida subjetiva, que concorrerá ao produto da venda dos bens do falido segundo a ordem de classificação estabelecida na própria lei, em obediência ao princípio da par conditio creditorum (tratamento igual aos credores de uma mesma categoria). A formação da massa falida é o primeiro efeito (Habilitação dos credores e apuração dos bens da sociedade).
Um segundo efeito é a suspensão da prescrição e das ações individuais e execuções dos credores contra o falido a partir da sentença declaratória de falência
Exceções (Não são suspensas): ações que versem sobre quantia ilíquida, execuções fiscais, demandas em curso na Justiça do Trabalho, ações em que a União ou algum ente público federal sejam partes, etc. (Os valores a serem pagos para essas ações, serão reservados, não podendo ser utilizados para o pagamento do passivo).
Um terceiro efeito será o vencimento dos créditos antecipados contra o falido, abatidos os juros legais, conforme visto no segundo efeito do item “b”.
Por fim, opera-se, com a quebra, a suspensão da fluência de juros (quarto efeito). Apenas os juros devidos à data da decretação da falência podem ser cobrados da massa. Após esta, não mais correm juros (só ocorrendo o pagamento deles se a massa suportar – como verificado no terceiro efeito do item “b”).
d) Efeitos da Decretação de Falência em Relação aos Atos já Realizados: Um dos temas mais polêmicos em relação à instauração do juízo da falência diz respeito às execuções ajuizadas anteriormente ao decreto de falência nas quais já houve a realização de atos de constrição de bens (meios pelo qual o títular da coisa perde o domínio ou sua disposição), por exemplo, a penhora.
O entendimento atual da doutrina indica que o valor apurado dos bens arrematados antes da decretação de falência, não serão remetidos para o juízo falimentar. Deve ser privilegiado, nesse caso, o credor da execução individual, que teve todo o trabalho de conduzir o processo executivo até seus atos finais.
Assim, somente o eventual saldo remanescente deve ser enviado para a massa falida.
Caso, em contrapartida, ainda não tenha ocorrido a venda do bem, deve-se proceder de forma diversa. Com efeito, será realizada hasta pública – para que não sejam desperdiçados os atos processuais praticados até aquele momento -, enviando-se apenas o produto arrecadado para o juízo falimentar (Aqui, o credor, será de certa forma prejudicado).
Conclusão: Decretada a falência, a execução de quaisquer créditos, contra o devedor falido deve ser feita no juízo universal da falência, ainda que se trate de crédito trabalhista ou tributário. (Entendimento do Superior Tribunal de Justiça).
OITAVA AULA:
8. Procedimento Falimentar.
Introdução: Uma vez sendo a sentença de procedência e não tendo sido realizado o depósito elisivo, a falência do devedor será decretada, o que iniciará o procedimento falimentar propriamente dito, ou seja, a execução concursal do empresário individual ou da sociedade empresária.
O objetivo principal do processo falimentar é promover o afastamento do devedor de suas atividades visando preservar a utilizaçãoprodutiva dos bens, ativos e recursos produtivos, da empresa (Art. 75).
O grande responsável pelo bom andamento do processo falimentar, como já vimos, será o administrador judicial que deverá: proceder a arrecadação dos bens do devedor do falido (massa falida objetiva) e proceder a verificação e habilitação dos créditos (massa falida subjetiva).
Arrecadação dos Bens do Devedor: Em princípio, serão atingidos os bens da sociedade, e não dos sócios que a integram (Salvo em: sociedades de responsabilidade ilimitada, em caso de desconsideração, etc.).
Já vimos que, desde a declaração de falência, o administrador perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor (Art. 103). Em razão disso, serão administrados pelo Administrador Judicial que efetuará a arrecadação e a avaliação dos mesmos (menos os absolutamente impenhoráveis), no local que se encontrem, com o auxílio do juiz (Art. 108).
Os bens serão vendidos para o pagamento dos credores. Esses bens arrecadados constituem a massa falida objetiva
A arrecadação será formalizada por meio da lavratura de auto de arrecadação, que será composto do inventário e do laudo de avaliação dos bens de forma individualizada (Art. 110). Observação: Bens que podem ser guardados em depósito sob responsabilidade do administrador judicial (Art.112).
Se os bens forem: perecíveis, de fácil deterioração, de difícil conservação, o juiz poderá autorizar a venda antecipada, depois de ouvir o comitê de credores (se houver) e o falido no prazo de 48 horas.
Outra medida importante é que, ouvido o comitê de credores e respeitada a ordem de classificação, pode ser dada a autorização para que alguns dos credores, adquirir imediatamente os bens arrecadados, pelo valor da avaliação (Art. 111). Assim evita-se o leilão e acelera o trâmite do processo falimentar.
Como já vimos, também em nossas aulas, o administrador judicial poderá também alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida (colocar o dinheiro da conta corrente da massa falida em conta poupança), com o objetivo de produzir renda extra para a massa falida, desde que autorizado pelo comitê de credores (Art. 114).
Investigação do Período Suspeito: A investigação dos bens do devedor não deve se restringir ao ativo que o devedor possui no momento em que sua falência foi decretada. Afinal, pode ser que o devedor tenha se desfeito dos bens antes da decretação da quebra para evitar que tais bens fossem arrecadados no procedimento falimentar. É por esse motivo, que deve ser verificada a fixação do termo legal da falência, que irá delimitar o chamado período suspeito.
Essa delimitação é o período que será investigado pelos credores para verificar se, o empresário praticou atos que prejudiquem os interesses dos credores, pressentindo uma futura falência. Esse período irá estabelecer a ineficácia de certos atos praticados pelo devedor falido antes da decretação da falência.
a) Atos objetivamente ineficazes (Art. 129, 1 a 7): o reconhecimento de sua ineficácia independe da demonstração de fraude do devedor ou de conluio com terceiro que com ele contratou
Exemplos de ineficácia:
1) o pagamento de dívidas não vencidas pelo devedor (é estranho esse pagamento já que não estava vencida),.
2) o pagamento de dívida vencida por forma diversa da estabelecida no contrato (a dívida estava vencida, porém é estranho pagar com algo não estabelecido),.
3) constituir uma dívida sem garantia e posteriormente dar uma garantia a mesma (é estranho você dar garantia posterior para algo que não a tenha exigido),.
4) prática de atos gratuitos desde 2 anos antes da decretação de falência (é estranho “estar em crise”e praticar doações para terceiros – Salvo: valores irrisórios, como para entidade beneficentes e brindes promocionais e as gratificações pagas a diretores e funcionários),.
5) renunciar herança até 2 anos antes da quebra da falência (para evitar que sejam arrecadados pela massa),.
6) venda ou transferência de estabelecimento sem anuência dos credores e não restando patrimônio para pagar seu passivo (pois seria considerado ato de falência),.
7) registro de venda de imóvel após a decretação, salvo se tiver havido prenotação anterior (anotação prévia, demonstrando que o imóvel já tem indicação de venda no R G I mas ainda não foi registrado definitivamente, mesmo no período suspeito).
b) Atos do falido subjetivamente ineficazes perante a massa: Além dos atos acima, também são revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida (Art. 130).
São chamados de subjetivos pois só terão reconhecida a sua ineficácia se forem provados: a intenção de prejudicar os credores mais o conluio fraudulento entre devedor e o terceiro que contratou com ele mais o real prejuízo a massa.
Aqui não há período máximo, podendo ser provado a qualquer momento.
Ação Revocatória: Ao contrário do que acontece com os atos de ineficácia objetiva (que podem ser declarados de ofício pelo juiz), a declaração de ineficácia subjetiva não poderá ser reconhecida de ofício pelo magistrado ou alegada em defesa.
Nesse caso, será necessário o ajuizamento de ação própria, a chamada ação revocatória, a qual deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 anos contado da declaração de falência. (Art. 132).
Pode ser proposta contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; os terceiros adquirentes se tiveram conhecimento, da intenção do devedor em prejudicar os credores e dos herdeiros das pessoas indicadas nos dois casos mencionados no artigo 133.
Sendo procedente a ação revocatória pelo juiz da falência, este determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie ou o valor de mercado, acrescidos de perdas e danos (Art.135).
NONA AULA: 
Pedidos de Restituição: Após a arrecadação de todos os bens do falido, será feita a restituição dos bens que estejam em seu poder mas não de sua propriedade. Exemplo: Algum imóvel que o falido seja mero locatário, os descontos de I N S S feitos e ainda não recolhidos, etc. Os autores costumam chamar a arrecadação dos bens de fase de integração e a restituição dos bens aos reais proprietários de fase de desintegração.
Verificação e Habilitação dos Créditos: É a fase de formação da massa falida subjetiva, ou seja, a verificação dos créditos feita pelo administrador judicial (Até a venda dos bens, se houver interesse, a sociedade pode continuar funcionando sobre a gestão do administrador judicial).
Aqui serão verificados os prazos de: 5 dias, para que o credor apresente a relação completa de todos os seus credores e de 15 dias para que seja feita a habilitação dos créditos perante o administrador judicial (Ambos os prazos contados a partir da sentença que declarou a falência - Art. 9).
Após o término do prazo de habilitação, o administrador terá prazo de 45 dias para publicar o edital contendo a relação dos credores. Havendo algum equívoco, as partes insatisfeitas poderão apresentar impugnação ao juiz, no prazo de 10 dias, contados da publicação do edital.
Observação: Se o credor perdeu o prazo para a habilitação, não significa que ele perdeu o direito de receber seu crédito no processo falimentar (Art. 10). Nesse caso, as habilitações serão recebidas como retardatárias, gerando algumas consequências negativas ao credor. Exemplo: Arcará com as custas processuais, perderá direito a voto nas assembleias, etc.
Na habilitação todos os credores devem demonstrar a origem do crédito visando dar mais segurança a massa falida. (Art. 9, inciso 2).
Realização do Ativo ou Venda dos Bens da Massa (Artigos 139 e seguintes): Inicialmente deve ser tentada a venda em bloco, ou seja, vender o estabelecimento como um todo (trespasse) para se tentar a continuidade da atividade “nas mãos” de outroempresário (Art. 140, Inciso 1). Não sendo possível, tenta se vender isoladamente para tentar aproveitar a continuidade das filiais isoladamente (Art. 140, Inciso 2).
Falhando nas duas hipóteses acima, ou seja, não conseguindo um bom preço na venda de todo o estabelecimento empresarial (trespasse), nem na venda autônoma das filiais, a terceira melhor solução é tentar vender os bens do estabelecimento em bloco, sempre na busca de se conseguir arrecadar o máximo de recursos (Art. 140, Inciso 3).
Por fim, a última alternativa é alienar os bens de forma individual (Art. 140, Inciso 4).
Publicação e Venda: Definido como o ativo será realizado, será feita a escolha da modalidade de venda: Leilão (Lances Orais), Propostas Fechadas (Envelopes Lacrados) ou Pregão - Procedimento Misto: Primeira fase - propostas fechadas, sendo aprovada a melhor proposta e as que forem igual ou superior a 90% desta e Segunda fase – lances orais - (Art. 142).
O anúncio será publicado, em jornal de grande circulação, com 15 dias de antecedência (em caso de bens móveis) e com 30 dias de antecedência (em caso de bens imóveis).
Pagamento dos Credores: A grande finalidade da realização do ativo é a arrecadação de recursos para pagar os credores (que serão habilitados na execução concursal).
Porém, os recursos obtidos só serão utilizados para o pagamento dos credores depois de feitas as devidas restituições e de pagos os créditos extraconcursais (art. 84).
Por fim, algumas situações devem ser pagas imediatamente: as despesas para a administração da falência e a os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores a decretação da falência, até o limite de 5 salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
Créditos Extraconcursais (Art. 84, Inciso 1 a 5): Devem ser pagos antes dos créditos concursais.
1 – Remuneração devida ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho relativos a serviços prestados posteriores a decretação de falência;
2 – Quantias fornecidas à massa pelos credores;
3 – Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição de seu produto, bem como custas do processo de falência;
4 – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa tenha sido vencida;
5 – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos, praticados durante a recuperação judicial ou após a decretação de falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência.
Na próxima aula, verificaremos os créditos concursais.
DÉCIMA AULA:
Realizados os pagamentos que a lei determina, as restituições em dinheiro e os créditos extraconcursais, resta fazer o pagamento dos credores concursais, seguindo a ordem do artigo 83.
a) Créditos Trabalhistas e Equiparados: serão pagos créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho (são chamados de créditos preferenciais). O que eventualmente ultrapassar desse valor será reclassificado na categoria dos credores quirografários.
Em relação aos acidentes de trabalho não são limitados ao valor de 150 salários mínimos, sendo pagos na sua integralidade.
Observação: Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros são considerados quirografários. Isso foi feito para evitar o chamado “câmbio negro” de transferência de crédito.
b) Créditos com Garantia Real: São os créditos gravados em garantia. Exemplos: os hipotecários, os caucionados, os créditos derivados de penhor, etc.
São créditos não sujeitos a rateio, ou seja, o produto da venda do bem dado em garantia real à dívida será usado para o pagamento do credor garantido. Caso esse produto da venda seja superior à dívida, o saldo restante será usado para o pagamento dos demais credores, na ordem de classificação. Caso não seja suficiente, o restante do crédito a receber será classificado como quirografário.
Observação: Se alguma das camadas anteriores não forem pagas e não sobrarem bens não gravados para o pagamento das mesmas, esses bens gravados com garantias reais serão vendidos e usados para o pagamento dos créditos dos credores anteriores.
c) Créditos Fiscais: São os créditos tributários Municipais, Estaduais e Federais (Preferencialmente se paga primeiro a União e suas Autarquias depois os Estados, DF e suas Autarquias e, por fim, os Municípios e suas Autarquias).
Observação: Em relação as multas derivadas desses créditos, elas são pagas mais a frente, abaixo dos créditos quirografários.
d) Créditos com Privilégio Especial: Créditos estabelecidos em situações específicas da lei.
Exemplo: Créditos sobre a coisa beneficiária (o credor das benfeitorias necessárias ou úteis), Créditos sobre a coisa salvada (o credor das despesas relativas do salvamento), etc.
Caso esse produto da venda do bem que recai o privilégio seja superior à dívida, o saldo restante será usado para o pagamento dos demais credores, na ordem de classificação. Caso não seja suficiente, o restante do crédito a receber será classificado como quirografário.
e) Créditos com Privilégio Geral: São créditos devidos por determinadas situações indicadas em lei mas que não são especiais.
Exemplo: despesas com funeral do credor, despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do falecido, etc.
f) Créditos Quirografários: são todos os créditos que não possuem nenhuma espécie de privilégio ou garantia. Exemplo: indenização por ato ilícito, créditos derivados de uma obrigação cambial inadimplida, créditos derivados de uma obrigação contratual não honrada, etc.
Observação: Aqui se incluem os créditos não pagos nas camadas, a), b) e d).
g) Multas e penas pecuniárias: são as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração de leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias.
h) Créditos Subordinados: São os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício com a sociedade falida (Não incluem valores de ações e de quotas). Trata-se, por exemplo, de um empréstimo contraído pela sociedade junto ao sócio.
Observação: Em relação as quotas ou ações, esses valores só serão pagos aos sócios se todas as camadas acima forem pagas e sobrar algum crédito.
Na próxima aula verificaremos o encerramento do procedimento falimentar.
DÉCIMA PRIMEIRA AULA:
Encerramento do Processo Falimentar: Feitos os pagamentos aos credores, conforme a classificação legal e a disponibilidade de recursos da massa caberão ao administrador judicial apresentar suas contas ao juiz (prazo de 30 dias). Após isso, o juiz colocará as contas à disposição dos interessados para que eles possam oferecer impugnação, se assim entenderem, no prazo de 10 dias.
Posteriormente, os autos serão enviados ao Ministério Público, que oferecerá parecer em 5 dias.
Se as contas forem rejeitadas, o juiz fixará as responsabilidades do administrador e o seqüestro de bens para possível restituição. Se as contas estiverem em ordem, o administrador apresentará relatório final no prazo de 10 dias.
A falência se encerra mas a responsabilidade das obrigações do falido ainda não, essa só encerrará quando: houver o pagamento de todos os créditos, o pagamento de mais de 50% dos créditos quirografários, o decurso do prazo de 5 anos após o encerramento da falência se não condenado por crime falimentar ou o decurso de prazo de 10 anos se o falido foi condenado por crime falimentar.
Alcançada uma das hipóteses acima, o falido irá requerer ao juiz uma sentença indicando a extinção de suas obrigações
2. Recuperação de Empresas.
A falência nem sempre é a melhor solução para resolver os problemas de uma sociedade em crise. Hoje em dia, com base nos princípios da função social da empresa e da preservação da empresa, é utilizada, em certas situações a figura da recuperação (Podendo ser Judicial ou Extrajudicial).
A Recuperação Judicial tem por objetivo viabilizara superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da empresa, sua função social e estímulo à atividade econômica (Art. 47 da ).
Pedido da Recuperação Judicial: É requerida antes de a crise do empresário chegar a uma situação irreversível. Geralmente é feito antes de algum credor pedir a falência do devedor (É possível, entretanto, que se faça após um credor pedir a falência do devedor mas antes da declaração desta por sentença).
Requisitos Básicos: exercer a atividade regularmente há mais de 2 anos, não seja considerado falido, não ter obtido recuperação judicial há menos de 5 anos, não ter obtido recuperação judicial com base em plano especial há menos de 5 anos, não ter sido condenado ou não ter administrador ou sócio controlador pessoa condenada por crimes previstos nessa lei.
Observação: O empresário individual ou sociedade empresária irregular não podem se valer da recuperação judicial.
Observação 2: O foro competente para o pedido é o do principal estabelecimento do devedor. Exemplo: A VARIG era uma sociedade sediada em Porto Alegre-RS, mas teve seu pedido de recuperação judicial no Rio de Janeiro-RJ por ter, nesse local, seu maior volume de negócios.
Observação 3: No processo de recuperação judicial o devedor não perde, em princípio, a administração da empresa (Art. 64).
Fases:
a) Postulatória: A sociedade empresária, em crise, apresenta seu requerimento do benefício. Após a decisão que defere o pedido a sociedade tem até 60 dias para apresentar ao juízo seu plano de recuperação.
Podem ser propostas no plano algumas medidas: concessão de prazos e condições especiais para o pagamento das dívidas, a alteração (por cisão, fusão, incorporação, etc.) da sociedade, alteração do controle societário, trespasse ou arrendamento do estabelecimento, venda parcial dos bens, redução salarial (de acordo com as leis trabalhistas), usufruto da empresa, etc.
b) Deliberativa: Aqui se verifica quem são os credores e quanto se tem de crédito. Além disso, são realizadas as discussões da situação do devedor, a análise do requerimento e a aprovação do plano de reorganização.
As objeções ao plano devem ser feitas no prazo de 30 dias após a publicação preliminar da lista de credores. Se o plano não convencer aos credores, o juiz decretará a falência.
	c) Execução: É a fase em que se fiscaliza o cumprimento do plano aprovado (No prazo máximo de 2 anos).
DÉCIMA SEGUNDA AULA:
Observação: Plano especial de recuperação é o plano que concede benefícios especiais para microempresa e pequena empresa em caso de recuperação judicial. (Arts. 70 e 72). Esse plano especial contará, por exemplo, com melhores condições para pagar os créditos quirografários.
Encerramento da Recuperação Judicial: A recuperação judicial durará até o cumprimento das obrigações previstas no plano que tiverem vencimento no período de ATÉ 2 ANOS após a concessão da recuperação pelo juiz. Se houver descumprimento de obrigação dentro desse prazo, se convola a recuperação em falência, se houver descumprimento após o prazo será solicitada a falência de forma direta.
Recuperação Extrajudicial (Art. 161): Ao invés do devedor propor a recuperação direta ao Poder Judiciário, ele poderá convocar seus credores propondo e negociando diretamente com eles um plano de recuperação extrajudicial. (Desde que preenchidos os requisitos do art. 48, estudados na aula anterior).
Além dos requisitos acima, o devedor não pode requerer a HOMOLOGAÇÃO do plano de recuperação extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 anos.
Podem ser contemplados com o plano, os credores: com garantia real, com privilégio especial, com privilégio geral, quirografários e os subordinados. Os demais créditos são excluídos, pois devem passar pelo crivo do Poder Judiciário.
Procedimento: Num primeiro momento, o plano apresentado aos credores e assinado por eles será levado para a HOMOLOGAÇÃO junto ao Poder Judiciário (via petição). É imperativo ressaltar que, a homologação judicial é mera formalidade, não sendo condição essencial para a execução do plano.
Após a distribuição da petição (com o pedido de homologação), os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários.
Observação: Nem sempre será preciso que todos os credores submetidos ao plano concordem com o mesmo. O devedor poderá requererá a homologação do plano de recuperação extrajudicial, que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por representantes por mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie (de cada camada).
Após o recebimento de homologação do pedido, o juiz ordenará a publicação de uma convocação no edital (publicado em jornal de grande circulação e imprensa oficial) para que os credores ali citados apresentem impugnações no prazo de 30 dias. Havendo impugnação o devedor se manifestará no prazo de 5 dias.
ATENÇÃO: Sendo indeferido o plano de recuperação extrajudicial, não será convolada em falência (Como ocorre na recuperação judicial).
Deferindo o plano, serão produzidos os efeitos da homologação
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