Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 2 – Teoria da Firma: produção e custos Profª. Francieli Tonet Pindyck, R. S.; Rubinfeld, D. L. Microeconomia. 5ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. (capítulos 6 e 7) Introdução As decisões das empresas quanto à produção são análogas às decisões dos consumidores quanto à compra de bens, podendo ser entendidas em 3 passos: Tecnologia de produção: descreve como os insumos (trabalho, capital e matérias-primas, por exemplo) podem ser transformadas em produção (carros e televisores, por exemplo). Teoria do consumidor Teoria da firma O consumidor pode alcançar determinado nível de satisfação comprando diferentes combinações de bens. Uma empresa pode gerar determinado nível de produção usando diferentes combinações de insumos. Introdução Custos dos fatores de produção: as empresas precisam levar em conta o preço do trabalho, do capital e de outros insumos. Restrições tecnológicas: conforme sua tecnologia de produção e o preço do trabalho e outros insumos, a empresa precisará decidir quanto de cada insumo usar, ou seja, a combinação que torna viável produzir certa quantidade de produto. Teoria do consumidor Teoria da firma O consumidor está sujeito a um orçamento limitado. A empresa terá de se preocupar com seu custo de produção. Teoria do consumidor Teoria da firma O consumidor leva em conta o preço dos diferentes bens ao decidir a quantidade de cada um que será comprada. A empresa precisa levar em conta o preço dos diferentes insumos ao decidir a quantidade de cada um que será usada, ou seja, ela precisa limitar-se a planos de produção factíveis. Função de Produção Mostra a relação matemática entre a quantidade obtida do produto, a partir de determinada quantidade dos fatores de produção. Trata-se de uma relação ótima, ou seja, indica o máximo de produto que pode ser obtido de uma quantidade determinada de fatores de produção (eficiência). Representação: 𝑞 = 𝑓 𝑥1, 𝑥2, 𝑥3, … , 𝑥𝑛 𝑞 > 0; 𝑥𝑖 > 0 Curto Prazo Ao menos um dos fatores de produção não pode ser alterado; Em uma economia que utiliza dois fatores, 𝑥1 e 𝑥2, um deles estará fixo no curto prazo; A função de produção pode ser representada da seguinte forma: 𝑞 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) Em que: q é a quantidade de produto; x1 representa todos os fatores variáveis; x2 representa todos os fatores fixos. Curto Prazo 0 20 40 60 80 100 120 0 2 4 6 8 10 P ro d u to t o ta l Quantidade de trabalho Quantidade de Trabalho (L) Quantidade de Capital (K) Produto Total (Q) 0 10 0 1 10 10 2 10 30 3 10 60 4 10 80 5 10 95 6 10 108 7 10 112 8 10 112 9 10 108 10 10 100 A produção total do fator variável pode ser definida como a quantidade de produção que se obtém mantendo um dos fatores fixos. Como a produção requer determinadas proporções entre os fatores, a medida em que um dos fatores aumenta sozinho, os ganhos de produção são menores. Produtividade Produtividade média do fator variável: Quociente da quantidade produzida (q) pela quantidade utilizada do fator variável (x1). Produtividade marginal do fator variável: Relação entre as variações da quantidade produzida para cada variação em uma unidade de fator variável utilizado. A Lei da Produtividade Marginal Decrescente* Quanto varia a produção a cada unidade a mais de determinado insumo, mantendo todos os demais insumos constantes? Aumentando-se a quantidade de um fator variável permanecendo a quantidade dos demais fatores fixa, a produção, inicialmente crescerá a taxas crescentes, a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator variável, passaria a crescer a taxas decrescentes, continuando o incremento da utilização do fator variável a produção decrescerá. * Também conhecida como lei dos rendimentos marginais decrescentes ou lei das proporções variáveis. A Lei da Produtividade Marginal Decrescente 𝑞 𝑃𝑀𝑒 𝑥1 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 𝑞 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝑃𝑀𝑒 = 𝑞 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 = ∆𝑞 ∆𝑥1 Até esse ponto a produtividade marginal é maior do que a produtividade média, logo a produtividade média estava crescendo. A produtividade média atinge o máximo quando o produto marginal se iguala ao médio. A Lei da Produtividade Marginal Decrescente 𝑞 𝑃𝑀𝑒 𝑥1 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 𝑞 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝑃𝑀𝑒 = 𝑞 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 = ∆𝑞 ∆𝑥1 A partir desse ponto a produtividade média passa a cair A Lei da Produtividade Marginal Decrescente 𝑞 𝑃𝑀𝑒 𝑥1 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 𝑞 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝑃𝑀𝑒 = 𝑞 𝑥1 𝑃𝑀𝑔 = ∆𝑞 ∆𝑥1 A produção atinge o nível máximo quando a produtividade marginal é igual a zero Análise de Longo Prazo Todos os fatores são variáveis. Isoquantas (quantidades iguais): linha que representa todas as possíveis combinações entre fatores cuja quantidade produzida é a mesma. x1 x2 O conjunto de isoquantas é o mapa de produção q = 10 q = 20 q = 30 q = 40 Substituição entre Insumos: A inclinação de cada isoquanta indica a possibilidade de substituição entre dois insumos, dado um nível constante de produção; Taxa marginal de substituição técnica é a quantidade na qual um insumo pode ser reduzido quando uma unidade adicional de outro insumo é utilizada, mantendo-se o produto constante. 𝑇𝑀𝑆𝑇𝑥1,𝑥2 = − ∆𝑥2 ∆𝑥1 (𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑢𝑚 𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑄) Rendimentos de escala Examinaremos três casos: Rendimentos Crescentes de Escala; Rendimentos Constantes de Escala; Rendimentos Decrescentes de Escala. Refere-se à taxa de crescimento do produto à medida que os insumos crescem proporcionalmente. Trabalho (horas) Capital (horas de máquina) 10 20 30 155 10 2 4 0 A 6 Rendimentos constantes de escala A produção dobra quando há duplicação dos insumos: O tamanho da empresa não afeta a produtividade; Grande número de produtores; As isoquantas são espaçadas igualmente. 5 10 2 4 0 A Trabalho (horas) Capital (horas de máquina) 10 20 30 A produção cresce mais do que o dobro quando há duplicação dos insumos: Produção maior associada a custo mais baixo (automóveis); Uma empresa grande é mais eficiente do que muitas empresas pequenas; As isoquantas situam-se cada vez mais próximas. Rendimentos crescentes de escala Rendimentos decrescentes de escala A produção aumenta menos que o dobro quando há duplicação dos insumos Eficiência decrescente à medida que aumenta o tamanho da empresa; Redução da capacidade administrativa; As isoquantas situam-se cada vez mais afastadas. Trabalho (horas) Capital (horas de máquina) 10 20 155 2 0 A 6 Custos de Produção O que são considerados custos de produção? A economia considera como custos de produção tanto custos implícitos quanto custos explícitos: Explícitos: exigem desembolso de dinheiro por parte da empresa; Implícitos: não exigem desembolso de dinheiro (custo de oportunidade). Custos de Produção (Curto Prazo) Custo total de produção (CT): Total de despesas realizadas pela firma utilizando a combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida uma determinada quantidade do produto. No curto prazo... 𝐶𝑇 = 𝐶𝑉𝑇 + 𝐶𝐹𝑇 Custo variável total (CVT) Custo fixo total (CFT) Custos de Produção (Curto Prazo) Custo Médio de produção: 𝐶𝑀𝑒= 𝐶𝑇 𝑞 Custo Variável Médio: 𝐶𝑉𝑀𝑒 = 𝐶𝑉 𝑞 Custo Fixo Médio: 𝐶𝐹𝑀𝑒 = 𝐶𝐹 𝑞 Custo Marginal: 𝐶𝑀𝑔 = ∆𝐶𝑇 ∆𝑞 Custos de Produção (Curto Prazo) Nível de Produção (𝒒) Custo Fixo (𝑪𝑭 = 𝒑𝟐 𝒙𝟐) Custo Variável (𝑪𝑽 = 𝒑𝟏𝒙𝟏) Custo Total (𝑪𝑻 = 𝑪𝑭 + 𝑪𝑽) Custo Fixo Médio (𝐶𝐹𝑀𝑒 = 𝑪𝑭 𝒒 ) Custo Variável Médio (𝐶𝑽𝑀𝑒 = 𝑪𝑽 𝒒 ) Custo Total Médio (𝐶𝑻𝑀𝑒 = 𝑪𝑻 𝒒 ) Custo Marginal (𝐶𝑀𝑔 = ∆𝑪𝑻 ∆𝒒 ) 3 50 98 148 16,7 32,7 49,3 20 4 50 112 162 12,5 28 40,5 14 5 50 130 180 10 26 36 18 6 50 150 200 8,3 25 33,3 20 7 50 175 225 7,1 25 32,1 25 8 50 204 254 6,3 25,5 31,8 29 9 50 242 292 5,6 26,9 32,4 38 10 50 300 350 5 30 35 58 11 50 385 435 4,5 35 39,5 85 Custos de Produção (Curto Prazo) Produção Custo de produção 100 200 300 400 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 CV O custo variável aumenta com o nível de produção a uma taxa que varia, dependendo da ocorrência de rendimentos de escala CT O custo total é a soma vertical de CF e CV. CF50 O custo fixo não varia com o nível de produção A distância entre as curvas corresponde ao custo fixo. Custos de Produção (Curto Prazo) Custos unitários 𝐶𝐹𝑀𝑒 diminui continuamente Quando 𝐶𝑀𝑔 < 𝐶𝑉𝑀𝑒 ou 𝐶𝑀𝑔 < 𝐶𝑇𝑀𝑒, 𝐶𝑉𝑀𝑒 e 𝐶𝑇𝑀𝑒 diminuem Quando 𝐶𝑀𝑔 > 𝐶𝑉𝑀𝑒 ou 𝐶𝑀𝑔 > 𝐶𝑇𝑀𝑒, 𝐶𝑉𝑀𝑒 e 𝐶𝑇𝑀𝑒 aumentam Produção (unidades/ano) Custo (dólares por ano) 25 50 75 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 CMg CTMe CVMe CFMe Custos de Produção (Curto Prazo) Custos unitários 𝐶𝑀𝑔 = 𝐶𝑉𝑀𝑒 correspondem ao ponto de mínimo de 𝐶𝑉𝑀𝑒 O 𝐶𝑉𝑀𝑒 mínimo ocorre num nível de produção mais baixo que o 𝐶𝑇𝑀𝑒 mínimo, devido ao 𝐶𝐹. Produção (unidades/ano) Custo (dólares por ano) 25 50 75 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 CMg CTMe CVMe CFMe Custos de Produção (Longo Prazo) No longo prazo não existe custo fixo de produção, todos os custos são variáveis. O comportamento do custo médio e custo total de longo prazo está diretamente relacionado ao tamanho da firma. À medida que a empresa se move ao longo da curva de longo prazo, ajusta seu porte à quantidade produzida. Isto é, tem maior flexibilidade e por isso a curva de custos é mais ampla. Custos de Produção (Longo Prazo) Quantidade Custo de produção 𝐶𝑀𝐴 𝐶𝑀𝐵 𝐶𝑀𝐶 𝐶𝑀𝐷 𝐶𝑀𝐸 𝐴 𝐵 𝐶 𝐷 𝐸 Custos de Produção (Longo Prazo) No longo prazo... 𝑞 𝐶𝑀𝐸𝐿𝑃 𝑞∗ 𝐴 Economias de Escala Deseconomias de Escala Escala ótima de produção Resumo A função de produção mostra a relação matemática entre a quantidade obtida do produto, a partir de determinada quantidade dos fatores de produção. No curto prazo, ao menos um dos fatores de produção é fixo; No longo prazo, todos os fatores de produção podem variar; Lei da produtividade marginal decrescente; Os rendimentos de escala se referem à relação entre a quantidade de insumos e a produção, e podem ser: crescentes, constantes e decrescentes; As economias de escala se referem à relação entre os custos médios e os níveis de produção.
Compartilhar