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“Cultura, Educação e Desenvolvimento”
 
A educação para o desenvolvimento, numa realidade complexa, como é a brasileira, teoricamente não é um conceito fácil de se construir, já que se trata de pensar a educação num contexto profundamente marcado por desníveis. E pensar a educação num contexto é pensar esse contexto mesmo: a ação educativa processa-se de acordo com a compreensão que se tem realidade social em que se está imerso.
Distinguem-se no processo educativo dois aspectos independentes: o gesto criador que resulta do fato de o homem “estar-no-mundo” e com ele relacionar-se, transformando-o e transformando-se - neste caso o gesto educativo não se distingue do gestor criador da cultura - e o gesto comunicador que o homem executa, transmitindo a outrem resultado de sua experiência. Nesse sentido, a educação é a mediadora entre o gesto cultural propriamente dito e a sua continuidade.
Assim, na medida em que se transforma, pelo desafio que aceita a que lhe vem do meio para o qual volta a sua ação, o homem se educa. E, na medida em que comunica os resultados de sua experiência, ele ajuda os outros homens a se educarem, tornando-se solidário com eles.
As instituições educativas nascidas da necessidade de as gerações mais velhas transmitirem às mais novas os resultados de sua experiência e, também, com o objetivo de preservar e recriar esses produtos, sofrem, todavia, na cultura transplantada, uma minimização de suas funções. E que o que se tem em vista, na cultura transplantada, é a imposição e preservação de modelos culturais importados, sendo, pois, diminuta a possibilidade de criação e inovação culturais. A escola, neste caso, é utilizada muito mais para fazer comunicados do que para fazer comunicação e este papel é desempenhado tanto mais eficazmente, quanto mais o que se pretende com a ação escolar é formar o espírito ilustrado, não é o espírito criador. Cedo ela se transforma numa instituição ritualista, onde o cumprimento de certas formalidades legais tem valor em si mesmo. Na fase colonial, este tipo de ação escolar é também o instrumento do qual vai servir-se a sociedade nascente para impor e preservar a cultura transplantada. A forma como foi feita esta colonização das terras brasileiras e, mais, a evolução da distribuição do solo, da estratificação social, do controle de poder político, aliadas ao uso de modelos importados de cultura letrada, condicionaram a evolução da educação escolar brasileira.
 (In:  ROMANELLI, O.O. História da educação no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 1978).
Este trecho extraído do clássico livro de Romanelli (1978) pode ser interpretado  à luz de Paulo Freire e a “educação para a liberdade”.

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