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Professor: Ednaldo de Santana Curso: Nutrição REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Desde a pré-história, o organismo humano vem se adaptando às condições do meio em que vive com a finalidade de manter sua existência. Há 2000 anos antes de Cristo, os alimentos eram escassos, o homem ainda não tinha descoberto a agricultura, nem como conduzir a criação de animais. Assim, se alimentavam do que a natureza o oferecia. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Ingeriam alimentos em altas quantidades, apesar de já estarem satisfeitos, acumulando assim energia para os períodos de estiagens. Com este hábito, o organismo desenvolveu um mecanismo a favor da sobrevivência , aumentando a ingestão alimentar e conseqüentemente diminuindo o estímulo da saciedade. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Nos dias atuais, apesar da abundância de alimentos e calorias, este mecanismo ainda continua ativado, favorecendo o aumento da ingestão alimentar, contribuindo para o aumento da obesidade em todo o mundo. Além do mecanismo citado anteriormente, os homens se alimentam por várias outras razões. Dentre elas, podemos citar a hora do dia, padrões sociais, nível de stress apresentado, palatabilidade e o prazer proporcionados pelo alimento, disponibilidade e custo dos alimentos, etc. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR A motivação para se alimentar pode ser medida de três maneiras: - Estímulos externos ou pelas necessidades fisiológicas, resultando no desejo de se alimentar. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR - Feedback positivo gerado pelos alimentos, como por exemplo pelas suas propriedades sensoriais. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR - Feedback negativo, que produz sinais que levam a interrupção do ato de se alimentar. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Fatores metabólicos e sociais determinam o início da refeição em humanos. O cérebro é capaz de perceber quando os níveis de glicose sanguínea estão acabando e dispara mecanismos comportamentais que produzem a busca de alimentos. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Sinais fisiológicos da fome: Em termos fisiológicos são necessários dois pré-requisitos para que o indivíduo sinta fome: -Ausência de absorção de gordura (lipoprivação) - Diminuição dos níveis de glicose (hipoglicemia) Alguns estudos mostram que a presença de apenas um desses fatores de forma moderada não é suficiente para que ocorra fome, mas apenas a lipoprivação ou hipoglicemia severas são capazes de isoladamente produzirem fome, isto ocorre porque quando um indivíduo tem uma dieta rica em gorduras e pobre em carboidratos, p. ex., ele pode usar os estoques de gordura para produzir o carboidrato necessário para o metabolismo e vice versa; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Mas como o cérebro e o fígado sabem quando está faltando nutrientes para o organismo? Sabe-se que o cérebro é capaz de detectar a presença de nutrientes do lado de dentro da barreira hematoencefálica (estrutura que controla a passagem de algumas substâncias do sangue para o tecido nervoso), enquanto que o fígado monitora a presença de nutrientes do lado de fora da barreira hematoencefálica; Somente quando o cérebro detecta os baixos níveis de glicose é que ele irá ativar áreas responsáveis pela fome e o ato de comer; no entanto, a privação de glicose é sentida pelo fígado e isto é capaz de desencadear a fome e a busca de comida; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Grelina – Hormônio produzido predominantemente no estômago e duodeno e em pequenas quantidades no pâncreas, hipófise, fígado e placenta. Estimula os neurônios, aumentando o apetite. Seus níveis plasmáticos aumentam antes da alimentação e decrescem após a mesma. O peptídeo YY3-36 (PYY3-36) - É um hormônio que é sintetizado no cólon e liberado em resposta à ingestão alimentar. Suas concentrações plasmáticas aumentam, em aproximadamente, 30 minutos após a ingestão e não são alteradas pelo consumo de água. O PYY3-36, forma mais ativa do PYY, age nos receptores YZ a fim de inibir a fome. Isso ocorre através do estimulo do receptor, e esse, por sua vez, inibe a atividade a liberação do neuropeptídios Y, principal estimulador do apetite. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR O término da alimentação que se dá quando o indivíduo está saciado, isso ocorre devido aos seguintes fatores: Fatores de curto prazo: · Gástricos: estudos mostram que a entrada de alimentos no estômago pode sinalizar para o término da refeição; · Intestinais: quando ocorre a entrada de alimento no duodeno, as células do duodeno secretam colicistoquinina (CCK); este hormônio aumenta a liberação de bile pela vesícula biliar, aumenta a motilidade intestinal e diminui a contração gástrica para que os alimentos fiquem por mais tempo no estômago; como está relacionada com a presença de alimentos do intestino, a secreção de CCK pode ser um forte indicador de saciedade para o cérebro; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR CCK tetrapeptídeo REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR ·Hepáticos: os fatores gástricos e intestinais são antecipatórios, isto é, atuam antes mesmo de o alimento ser absorvido e levam em consideração apenas a quantidade total de alimentos ingeridos; por outro lado, o fígado é capaz de avaliar a quantidade de nutrientes absorvidos e com isso determinar o término da fome; como vimos o fígado monitora os níveis de glicose e gordura e sinaliza para o cérebro quando é hora de comer; da mesma forma, ele pode também sinalizar quando é hora de parar de comer; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Fatores de longo prazo: Os fatores de longo prazo regulam os mecanismos comportamentais (preferência por determinado alimento, freqüência das refeições, etc.) ligados à ingestão global de calorias pelo organismo; indivíduos com tendência à obesidade têm menor sensibilidade e este mecanismo de controle; Aparentemente o organismo possui sensibilidade à quantidade de calorias totais ingeridas e esta sensibilidade parece estar relacionada com a quantidade de tecido adiposo no corpo e com a sensibilidade das células de adiposas à gordura ingerida; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Os sinais fisiológicos de longo prazo que controlam o comportamento alimentar são de caráter químico e não elétrico (estimulação vagal), atualmente se sabe que as células do tecido adiposo (as mesmas que armazenam triglicerídeos) secretam um hormônio chamado leptina; este hormônio age nos centros nervosos que regulam a fome e induzem a saciedade; Assim, quando há um aumento da quantidade de gorduras no organismo, há um aumento da secreção de leptina que diminuirá o limiar de saciedade do indivíduo e ele tenderá a comer menos; · Pessoas com tendência à obesidade podem apresentar uma diminuição dos receptores cerebrais para a leptina, causando uma insensibilidade à este hormônio; REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Leptina O reconhecimento de que as células de gordura estão longe de serem inertes apareceu em 1995 com a descoberta da LEPTINA, hormônio que sinaliza ao cérebro quanto de gordura o corpo possui, desta forma o cérebro pode ajustar a ingesta alimentar e o metabolismo permitindo que o armazenamento de gordura seja mantido em certos níveis. Quanto maior a quantidade de gordura que a pessoa possui, maior será o nível de LEPTINA. Embora inicialmente os pesquisadores pensassem que a LEPTINA poderia ser utilizada para o tratamento da obesidade, eles rapidamente descobriram que a maioria dos obesos é resistente aos efeitos da LEPTINA.REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Insulina Primeiro hormônio relacionado ao controle da ingestão alimentar pelo sistema nervoso central. Reduz a ingestão alimentar. . A insulina atua inibindo a lipólise e aumentando a deposição de gordura por meio da lipogênese, apresentando papel importante no controle do estoque de gordura corporal, e consequentemente na produção de leptina pelas células adiposas. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Regulação do metabolismo O nosso organismo apresenta uma flexibilidade metabólica notável. Basta pensar, por exemplo, que nós conseguimos nos adaptar a situações tão contrárias como: estar 8-9 horas sem comer (quando dormimos, por exemplo), ou ingerir uma refeição muito calórica. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Ou então fazer um exercício físico muito intenso e num curto espaço de tempo, ou um exercício mais moderado e mais demorado, ou ainda ficar em repouso. Esta nossa capacidade de lidar corretamente com estes opostos é uma consequência da regulação que as nossas vias metabólicas sofrem. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Regulação das vias metabólicas É o processo pelo qual a velocidade global de cada processo é alterada. Atenção, quando se fala em regulação não se está obrigatoriamente a falar de inibição, pois as vias metabólicas podem ser ativadas ou inibidas. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Todas as vias metabólicas apresentam pelo menos uma reação específica desse processo, que é irreversível. Isto garante à célula 2 aspectos muito importantes: 1. Faz com que as vias metabólicas não ocorram nos dois sentidos, como consequência apenas do fluxo de massas. Ou seja, se uma via metabólica produzir a molécula X e a célula precisar de produzir mais X, não vai ser pelo fato de já existir essa molécula dentro da célula que se vai dar a degradação da mesma. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR 2. Permite regular especificamente uma via metabólica sem ter que afetar outros processos, nomeadamente, o processo oposto. Para perceber isto podemos pensar em dois processos opostos, na glicólise (degradação de glicose) e na gliconeogênese (síntese de glucose), por exemplo. Nas células os dois processos não ocorrem simultaneamente, pois não fazia sentido estar a degradar e sintetizar glucose ao mesmo tempo. Portanto, quando um está ativo, ou outro tem que estar inibido. Se ambos fossem catalisados pelas mesmas enzimas, era impossível ativar um processo e inibir o outro. Ou se ativavam os dois, ou se inibiam os dois. Como é que conseguimos dar a volta a este problema? Recorrendo pelo menos a uma enzima específica para cada processo! Assim, se eu tiver uma enzima específica na glicólise (na realidade são 3…) que não atua na gliconeogênese, eu posso ativar ou inibir este processo sem afetar o oposto REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR São exatamente estas reações específicas e irreversíveis que são catalisadas pelas chamadas enzimas regulatórias. As enzimas regulatórias são enzimas que funcionam como uma espécie de válvulas das vias metabólicas onde estão inseridas, permitindo “escoar” mais intermediários, se fizer falta mais produto, ou acumular esses intermediários, se existir produto suficiente. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR Há 4 tipos de regulação das vias metabólicas: 1. Disponibilidade do substrato – É o método de regulação mais rápido e afeta todas as enzimas de cada via metabólica. Basicamente, se existir pouco substrato, as enzimas não vão poder acuar à sua velocidade máxima, e se não existir substrato, as enzimas param. 2. Regulação alostérica – É a forma mais rápida de regulação específica de apenas determinadas enzimas, as chamadas enzimas regulatórias. Esta forma de regulação requer a presença de moléculas (moduladores alostéricos) que vão atuar com as enzimas, levando a alterações estruturais que podem tornar a enzima mais rápida ou mais lenta (moduladores positivos e negativos,respectivamente). REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR 3. Regulação hormonal – É um processo mais demorado do que a regulação alostérica, e envolve a produção de hormônios em resposta a um estímulo. 4. Alterações na concentração das enzimas – Esta é a forma mais lenta de regulação e pressupõe alterações nas taxas de síntese e degradação das enzimas, alterando a sua concentração. Por exemplo, se a célula pretender ativar uma via metabólica, pode fazê-lo aumentando a quantidade das enzimas dessa via. Desde que o substrato não seja limitante, a velocidade global da conversão de substrato em produto vai aumentar. O efeito contrário verifica-se fazendo o raciocínio inverso. REGULAÇÃO DA INGESTÃO ALIMENTAR OBRIGADO!!
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