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1 Direito Penal. Velocidades. Princípios. Lei Penal

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DIREITO PENAL
CONCEITO
Aspecto FORMAL – “Sob o aspecto formal, direito penal é o conjunto de normas que qualificam certos comportamentos humanos como infrações penais, definem os seus agentes e fixam as sanções a serem-lhes aplicadas”.
Aspecto MATERIAL – “O Direito Penal se refere a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade”.
Aspecto SOCIOLÓGICO – “Já sob o enfoque sociológico, o direito penal é mais um instrumento do controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade”. 
Aprofundando o aspecto sociológico:
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Regras
-Quando violadas das regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). Infrações (penais ou não)
-Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece a reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal soldado de reserva
- O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica (pena privativa de liberdade)
	DIREITO PENAL
	CRIMINOLOGIA (CIENCIA PENAL)
	POLÍTICA CRIMINAL
	Analisa os fatos humanos indesejados e define quais devem ser rotulados como crime ou contravenção, anunciando penas.
	Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade.
	Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade.
	Ocupa-se de crime enquanto norma
	Ocupa-se do crime enquanto fato
	Ocupa-se do crime enquanto valor
	Ex: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar
	Ex: quais fatores contribuem para a violência domestica e familiar
	Ex: estudo como diminuir a violência domestica e familiar.
MISSÃO DO DIREITO PENAL
1- Missão mediata:
a) controle social
b)limitação do poder de punir do Estado.
Obs: se de um lado o Estado controla o cidadão, de outro lado é necessário também limitar o seu próprio poder de controle.
2- Missão Imediata:
A doutrina diverge:
Funcionalismo TELEOLÓGICO – “Para os funcionalistas teleológicos (v.g., Roxin), o fim do direito penal é assegurar bens jurídicos, valendo-se das medidas de política criminal.” Isso significa que o direito penal tem que se preocupar com uma coisa só: assegurar um bem jurídico. Tutelar bens jurídicos. 
Funcionalismo SISTÊMICO – “Já para os funcionalistas sistêmicos (v.g., Jakobs), a função do direito penal é resguardar a norma, o sistema, o direito posto, atrelado aos fins da pena.” 
CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS
Direito penal OBJETIVO – “Conjunto de leis penais em vigor no país: Código Penal, leis extravagantes, etc”.
Direito penal SUBJETIVO – “Direito de punir do Estado”.
a) direito penal subjetivo positivo: criação e execução das normas penais pelo Estado.
b) direito penal subjetivo negativo: derrogar ou restringir alcance das normas. STF.
Atenção: o direito de punir estatal não é absoluto, incondicionado ou ilimitado.
LIMITES DO DIREITO DE PUNIR DO ESTADO
1- quanto ao modo: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais. Princípio da dignidade da pessoa humana.
2- quanto ao espaço: em regra, aplica-se a lei penal aos fatos ocorridos no território nacional. Princípio da territorialidade.
3- quanto ao tempo: o direito de punir não é eterno. Prescrição.
Obs: o direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada.
A justiça privada pode caracterizar o crime do exercício arbitrário das próprias razões.
 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
        Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
        Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
CUIDADO! Caso de PUNIÇÃO POR PARTICULAR tolerada pelo Estado: Estatuto do índio – Lei nº 6.001/73: art. 57: “Será tolerada a aplicação pelos grupos tribais de acordo com as instituições próprias de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.” Paralelamente ao poder punitivo estatal, existe o poder punitivo da tribo. O Estado tolera isso, mas com ressalvas: deve haver respeito à dignidade da pessoa humana (vide parte grifada).
QUESTÃO: O TPI é exceção ao monopólio do direito de punir do Estado?
R: O TPI não representa exceção à exclusividade do direito de punir do Estado. O art. 1º do Estatuto de Roma consagrou o princípio da complementariedade, segundo o qual o TPI será chamado a intervir somente se e quando a justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou insuficiente.
Artigo 1o
O Tribunal
        É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.
DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA x DIREITO PENAL PROMOCIONAL
	DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA
	DIREITO PENAL PROMOCIONAL
	Atendendo às demandas de criminalização, o Estado cria normas de repressão, ignorando as garantias do cidadão
	O Estado visando a consecução de seus objetivos políticos, emprega leis penais desconsiderando o principio da intervenção mínima
	Finalidade: devolver o sentimento de tranquilidade para a sociedade.
	Finalidade: usar o Direito penal para a transformação social
	Exemplo: Lei dos crimes hediondos – sequestro de Abilio Diniz (pressão da mídia)
	Exemplo: O Estadoo criando contravenção penal de mendicância para acabar com os mendigos ao invés de melhoras as políticas publicas.
DIREITO PENAL SIMBÓLICO
A lei, necessária, nasce sem qualquer eficácia social. Ex: cria-se tipo penal com pena desproporcional.
FUNCIONALISMO PENAL (ou Pós-Finalismo)
CONCEITO: é um movimento doutrinário, surgido na Alemanha (década de 1970), e que rapidamente se expandiu, inclusive no Brasil, que discute qual é a verdadeira função do Direito Penal. 
Porém não existe um único funcionalismo penal, o funcionalismo penal vai variar de acordo com o doutrinador, jurista, aplicador do Direito. Existem, porém, as principais posições, que veremos a seguir.
1 – NOTAS PRINCIPAIS 
a) Proteção do bem jurídico: a função do Direito Penal é a de proteger bens jurídicos.
Consequência: princípio da ofensividade – só há crime quando há lesão ou perigo de lesão a bem jurídico.
b) Desapego do formalismo / técnica jurídica excessiva: o Direito Penal tem que deixar de ser meramente legalista (exemplo de aplicação do desapego do formalismo: princípio da insignificância).
c) Prevalência do jurista sobre o legislador: o papel do jurista, do operador do Direito, é mais importante que o papel do legislador. A lei é tão somente um ponto de partida que não vincula, não prende o operador do Direito (exemplo de aplicação da prevalência do jurista sobre o legislador: princípio da insignificância).
ESCOLA DE MUNIQUE - Claus Roxin
1970- Política Criminal e Sistema de Direito Penal.
Características:
Funcionalismo Moderado: porque o D. Penal tem limites impostos pelo próprio direito penal, pelos demais ramos do direito e pela própria sociedade.
Dualista: o D. Penal é um conjunto de regras e valores, mas que convive pacificamente com o ordenamento jurídico em geral.
Funcionalismo de Política Criminal: é aplicar a lei de acordo com os anseios da sociedade. É o filtro entre a letra da lei e os interesses da coletividade.
Racional-teleológico: é um D. Penal movido pela razão, pelo bom senso, pela coerência;e teleológico porque o D. Penal busca uma finalidade (auxiliar na solução dos problemas sociais; o D. Penal é um instrumento a serviço da sociedade).
FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: segundo Roxin, o D. Penal é um instrumento a serviço da sociedade, serve para auxiliar na solução dos problemas sociais
TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (nexo causal)
TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO (no concurso de pessoas)
ESCOLA DE BONM - Gunther Jakobs
CARACTERÍSTICA:
Monista: o D. Penal é um sistema próprio de regras e valores, que independe dos demais ramos do Direito.
Radical: os limites do D. Penal são apenas aqueles impostos pelo próprio D. Penal.
Sistêmico: o D. Penal é um sistema autônomo (tudo o que o D. Penal precisa, está nele mesmo), autorreferente (todos os conceitos e referências que o D. Penal precisa estão nele próprio) e autopoiético (o D. Penal se atualiza, se renova, cria o que tem que criar, exclui o que tem que excluir, ele se movimenta, caminha por conta própria). As características dessa definições foram inspiradas na “Teoria dos sistemas” de Luhmann.
FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: segundo Jakobs, é tão somente a proteção da norma. É punir. Não é o D. Penal que deve se ajustar à sociedade, mas sim a sociedade que tem que se adaptar a ele.
Por isso também se fala em:
- Direito Penal do MEDO / TERROR
- Hipertrofia do Direito Penal
- Inflação Legislativa
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
Teoria criada por Jesús-Maria Silva Sánchez, da Universidade Pompeu Fabra (Barcelona).
Conceito: o D. Penal sempre se desenvolveu em duas velocidades, em dois blocos distintos de ilícitos penais.
1ª VELOCIDADE: Direito Penal da Prisão ou “Nuclear”
É mínimo e rígido.
Mínimo porque o D. Penal se refere àqueles poucos crimes que efetivamente levam a prisão (Ex.: homicídio qualificado, latrocínio, extorsão mediante seqüestro, estupro, crimes de competência do Júri).
Esse Direito Penal de 1ª velocidade é lento, pois é extremamente garantista. É rígido porque a liberdade do ser humano está em jogo, por isso ele respeita rigorosamente os direitos e garantias do ser humano.
2ª VELOCIDADE: Direito Penal sem prisão ou “Periférico”
É o D. Penal das penas alternativas, das penas restritivas de direitos e da pena de multa.
É rápido porque permite a flexibilização de direitos e garantias do ser humano (Ex.: Lei 9099/95 – infrações de competência do Juizado Especial Criminal).
A liberdade não está em jogo, então tudo pode ser mais rápido, mais célere.
OBS.: Em ambas as Teorias a competência sempre é da Justiça Penal.
3ª VELOCIDADE: Direito Penal do Inimigo
Aplica a pena de prisão. É extremamente rápido, suprimindo (não flexibiliza, elimina mesmo !!)direitos e garantias do ser humano.
4ª VELOCIDADE: Neopunitivismo ou Panpenalismo
Criada pelo jurista argentino Daniel Pastor.
Aplicado aos Chefes de Estado retirados do poder e julgados por crimes de guerra.
Desrespeita direitos e garantias fundamentais.
Viola o princípio da ampla defesa, do Juízo natural, da reserva legal, dentre outros.
É um Direito Penal inquisitivo.
Não possui muita identificação com a Teoria de Silva Sanchez, que é muito teoria muito mais processualista.
DIREITO PENAL DO INIMIGO
Também chamado de 3ª velocidade do Direito Penal.
ORIGEM: teoria desenvolvida por Gunther Jakobs.
MOMENTO: esta teoria começa a ser desenvolvida na década de 1980. Contexto da queda do Muro de Berlim. Os ocidentais tinham medo da convivência com os que faziam parte da Alemanha Ocidental. Surge como um Direito Penal do Medo. Sua teoria não vinga, pois o mundo trilhava um caminho democrático, ao que Jakobs vinha com ideias autoritárias. 
Mas a base fática dele foram os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Em 2003 é publicado o livro “Direito Penal do Inimigo”.
QUEM É O INIMIGO: é o oposto do cidadão, é o “não cidadão”.
QUESTÃO: como se dá a transição entre o cidadão e o não cidadão?
Todo e qualquer sujeito nasce e cresce na posição de cidadão. Jakobs diz que primeiro o sujeito pratica um crime grave, depois ele é reincidente nessa prática, e posteriormente se transforma em um criminoso habitual (fazer da prática de crime o seu meio de vida, seu estilo de vida). Porém, somente a partir do momento em que o sujeito decide entrar para uma organização criminosa (segundo o conceito de Jakobs é uma estrutura ilícita de poder – o Brasil tem seu conceito previsto na Lei 12.850/13)
 Crime Grave
 Reincidência Cidadão
 Crime Habitual NÃO Cidadão
+ Organização Criminosa
Inimigo: Terrorista
Zaffaroni: verdadeiro inimigo do Direito Penal é o Jakobs. Zaffaroni afirma que pra Jakobs todo criminoso é inimigo. 
QUESTÃO: Todo criminoso é inimigo?
Não, nem todo criminoso é inimigo. Inclusive, a maior parte dos criminosos, tecnicamente, pertence ao grupo dos cidadãos.
QUESTÃO: Para ser inimigo o sujeito tem que cumprir todas as etapas?
Não. Um sujeito que logo de cara assume um ato de terrorista já pode ser considerado inimigo.
Ex.: caso do menino de Realengo/RJ.
Na Teoria de Jakobs existem 2 Direitos Penais Direito Penal do Cidadão 
Direito Penal do Inimigo
ATENÇÃO: um não exclui o outro. Os dois vigoram no mesmo ordenamento. Isso fica claro nos EUA - “ato patriótico”.
DO CIDADÃO: é amplo, é garantista (respeita os direitos e as garantias do ser humano), é retrospectivo (olha para o passado, se fundamenta na culpabilidade do agente, o agente é punido pelo que ele fez no passado). É um direito penal do fato, porque ele se preocupa com o fato ilícito em que o agente se envolveu.
DO INIMIGO: é pequeno, restrito, é autoritário (não respeita alguns direitos e garantias do ser humano), é prospectivo (olha para o futuro, é baseado na periculosidade, defende a aplicação de penas indeterminadas). Aqui, o que mais interessa não é o que o sujeito fez ou deixou de fazer, mas sim o que ele pode vir a fazer, pois o inimigo apresenta um comportamento imprevisível. É um Direito Penal do Autor, sendo o sujeito identificado como inimigo é o que basta. Perfeitamente possível a incomunicabilidade do inimigo.
O Direito Penal do Inimigo não é desrespeitoso à Constituição de um país, pois como ele se divide em dois blocos, ao cidadão é dado seus devidos direitos, porém o mesmo tratamento não é dado ao inimigo.
BASE FILOSÓFICA: 
Rousseau (Contrato Social – pra viver em sociedade todos nós abrimos mão de parte da nossa liberdade; assinamos um contrato social, e quem descumpre esse contrato deve ser excluído da sociedade);
 
Kant (a exclusão de quem quer destruir o Estado é um “imperativo categórico”);
Hobbes (Leviatã é o Estado, é quem luta com o inimigo, mas que tem que vencer);
Fichte (contrato cidadão).
A Teoria do Direito Penal do Inimigo de Jakobs encontra fundamento filosófico em Rousseau, pois o inimigo ao infringir o Contrato Social, deixa de ser membro do Estado e acaba entrando em guerra com ele, devendo morrer como inimigo; em Fichte, de modo que, quem abandona o contrato do cidadão, perde todos os direitos concedido por esse; em Hobbes, nos casos de alta traição contra o Estado, devendo o indivíduo não ser julgado com súdito, e sim, como inimigo; e em Kant, pois aquele que ameaça constantemente a sociedade e o Estado, que não aceita o “estado comunitário-legal”, deve ser tratado como inimigo.
EFEITOS:
1- Supressão de direitos e garantias
O inimigo não vai ter contraditório e nem ampla defesa.
Ele terá uma defesa meramente formal.
Não tem direito ao duplo grau de jurisdição.
É possível a incomunicabilidade do inimigo.
2 - Antecipação da tutela penal
Punição dos atos preparatórios, com a mesma pena do crime consumado.
3- Em relação à Prova
O principal meio de prova volta a ser a confissão.
Para obter a confissão o Estado pode se valer do “interrogatório severo” (tortura). Encontra respaldo na “Teoria do Cenário da Bomba Relógio”.
4 – Ampliação dos poderes da polícia
Passa a polícia fazer a investigação por conta própria,e depois o judiciário apenas faz o controle.
ADOÇÃO NO BRASIL: Não é possível por violar o artigo 5º, caput, CF. Já que TODOS são iguais perante a lei, não se pode dividir as pessoas em dois blocos, cidadão e inimigo. Todo cidadão tem que ser tratado com dignidade, seja ele cidadão ou inimigo. Viola também vários incisos do art. 5º.
ANÁLISE CRÍTICA: Estas idéias estão sendo cada vez mais adotadas, principalmente em países vitimas de terrorismo. Informalmente, o Direito Penal do Inimigo já existe (grupos de extermínio que atuam no Brasil).
QUESTÃO: O RDD é Direito Penal do Inimigo? 
O STJ já decidiu que o RDD (art. 52 LEP) não é Direito Penal do Inimigo e por isso não é inconstitucional (HC 40.300). 
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: 
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; 
II - recolhimento em cela individual;
 III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; 
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. 
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. 
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. 
3ª VELOCIDADE: Direito Penal do Inimigo 
O D. Penal do Inimigo é considerado a 3ª velocidade porque ele aplica a pena de prisão, mas ainda assim é extremamente rápido porque elimina direitos e garantias.
4ª VELOCIDADE: Neopunitivismo 
Criado pelo argentino Daniel Pastor.
É aplicada pelos Tribunais internacionais “ad hoc” no julgamento de ex-chefes de Estado.
Está no contexto do Direito Penal internacional.
Ex.: julgamento de Saddam Hussein.
PANPENALISMO: inserido na 4ª velocidade. É um direito penal absoluto. É mais arbitrário (até mesmo que o D. Penal do Inimigo).
Direito de Intervenção ou Intervencionista:
É a proposta do alemão Winfred Hassemer, que sugere diminuir o núcleo fundamental do Direito Penal, e deixar apenas os Crimes de Dano e Crimes de Perigo Concreto contra bens individuais. Os crimes de perigo abstrato e contra bens difusos e coletivos perdem a natureza penal e deixam de ser crimes. Eles passam a ser apenas ilícitos administrativos. Aqui surge o Direito Administrativo Sancionador. Estes ilícitos administrativos serão examinados pela Administração Pública e não pela Justiça Penal.
FONTES DO DIREITO PENAL
	FONTE FORMAL (Doutrina Clássica)
	FONTE FORMAL (Moderna)
	Imediata: Lei
	Imediatas: -Lei
-CF
-Tratados DH
- Jurisprudencia
-Princípios
-Atos Adminsitrativos
	Mediata: -Costumes
-Princípios Gerais do Direito
	Mediata: doutrina.
1- Imediatas
a) Lei: único instrumento capaz de criar infrações penais e cominar sanções
b) CRFB: muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a CF nos revela o Direito Penal estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo das quais a intervenção penal não pode se reduzir.
QUESTÃO: Se a CF é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções?
R: Em razão do seu processo moroso de alteração.
Exemplos de Mandados Constitucionais de Criminalização:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (patamares mínimos) , nos termos da lei (a lei é quem cria o crime de racismo e comina sua pena);
QUESTÃO: Existem mandados de criminalização implícitos?
R: De acordo com a maioria, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos, com a finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado (imperativos de tutela)
c) Tratados Internacionais de DH: Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, com eficácia supralegal ou com status constitucional, não podem criar infrações penais ou cominar sanções para o Direito Interno, mas apenas para o Direito Penal Internacional.
ATENÇÃO: antes da Lei 12694 (definiu organização criminosa), o STF, no julgamento do HC. 96.007, decidiu pela proibição da utilização da definição de Organização Criminosa dada pela Convenção de Palermo, reafirmando que os Tratados Internacionais não podem criar infrações penais ou cominar sanções para o Direito Penal interno, mas apenas para o Direito Penal Internacional.
d) jurisprudência: Revela o Direito Penal, podendo, inclusive, ter caráter vinculante.
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias) , lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços
e) princípios: não raras vezes, os Tribunais absolvem ou reduzem pena com fundamento em princípios.
f) atos administrativos: fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco.
2- Mediata: doutrina
#costumes? Fontes informais.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Interpretar a lei significa explicar ou aclarar o sentido de palavra, texto ou lei.
A interpretação, então, considera três pilares: 
o sujeito que interpreta, 
o modo como o sujeito interpreta e 
o resultado a que o sujeito que interpreta chega.
Vamos aos modos de interpretação:
	1.	Interpretação quanto ao SUJEITO que interpreta ou quanto à ORIGEM, pode ser:
1.1. 	Autêntica ou Legislativa – Aqui a interpretação é dada pela própria lei. Exemplo: conceito de funcionário público para fins penais. 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Atenção: exposição de motivos do CPP é legislativa
1.2. Doutrinária – Dada pelos estudiosos.
Atenção: exposição de motivos do CP é interpretação doutrinária.
1.3. 	Jurisprudencial – Dada pela reiteração de decisões num mesmo sentido. Não há nada de colidente em colocar a jurisprudência como interpretação e como fonte imediata. 
	Antes se dizia que, quanto ao sujeito nenhuma interpretação vincula o aplicador. Hoje, não. Hoje se sabe que a jurisprudencial é a única capaz de vincular. Quando? Quando retratado em súmula vinculante. Hoje, tem uma espécie de interpretação quanto ao sujeito que é capaz de vincular: que é a interpretação quanto ao sujeito espelhada em súmula vinculante. 
	
	
2.	Interpretação quanto ao MODO, pode ser:
2.1. 	Literal ou Gramatical – Leva em conta o sentido literal das palavras. Dizem que é a interpretação mais pobre que temos.
2.2. Teleológica – Considera a intenção objetivada na lei.
2.3. 	Histórica – Recorre à origem da lei. 
2.4. 	Sistemática – Interpreta-se a lei com o conjunto de leis em vigor no país. 
2.5. 	Progressiva – Interpreta-se a lei considerando o progresso da ciência, da tecnologia e da medicina. 
	3.	Interpretação quanto ao RESULTADO, pode ser:
3.1. 	Declarativa – A interpretação será declarativa quando a letra da lei corresponder exatamente à intenção do legislador. É exatamente àquilo que o legislador quis dizer. 
3.2. Restritiva – Será restritiva quando se reduz o alcance da palavra da lei para chegar à intenção do legislador
3.3. 	Extensiva – Amplia-se o alcance da palavra para poder atingir a intenção do legislador.
3.4. 	Analógica – Na interpretação analógica, o significadoque se busca é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto). Leva-se em conta expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador (exemplos seguidos de encerramento genérico do tipo). Está totalmente prevista no art. 121, § 2º: “Se o homicídio é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe. ” Na parte grifada, ele deu exemplo de torpeza. Na parte em negrito, fez o encerramento genérico do tipo, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses. É o legislador confessando que não tem como prever todas as hipóteses torpes. Outro exemplo, ainda no art. 121: “o homicídio quando é praticado com emprego de veneno, fogo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel de que possa resultar perigo comum. ” É um encerramento genérico, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses cruéis, de insídia. É o legislador admitindo que não tem condições de prever todas as hipóteses cruéis. 
	Obs.: Tem gente que coloca interpretação progressiva aqui, quanto ao resultado. Não quanto ao modo, mas quanto ao resultado. Mas o professor discorda porque a progressiva é quanto ao modo: considerando-se o avanço da ciência.
Pergunta: O Brasil proíbe interpretação extensiva? Tem alguma norma proibindo essa interpretação? Não. O Brasil não proíbe. Agora: Cabe interpretação extensiva contra o réu? 
	1ª Corrente: Interpretação restritiva – Não admite interpretação extensiva contra o réu. Essa primeira corrente, quando diz isso, vai lá no campo das provas, que tem um princípio importante, o do in dubio pro reo e toma emprestado esse princípio, que nasceu para dirimir dúvida na prova e vem sendo emprestado para outros campos. Para quem concorda, ler o art. 157, § 2º, I: “No roubo a pena é aumentada de 1/3 até a metade se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma” O que é arma? Faca de cozinha é arma? Sim. Se se entender que não há interpretação extensiva contra o réu, a interpretação “arma” merece sempre uma interpretação restritiva, abrangendo somente instrumentos com finalidade bélica. Então olha o que é importante: a expressão arma gera indisfarçada controvérsia. Para essa 1ª corrente, só abrange arma em seu sentido próprio, ou seja, “instrumento fabricado com finalidade bélica. ” 
	2ª Corrente: Interpretação extensiva – Admite interpretação extensiva contra o réu. Para essa corrente, a expressão arma tem que ser tomada no seu sentido impróprio: “instrumento com ou sem finalidade bélica capaz de servir ao ataque. ” Exemplo: faca de cozinha, espeto de rodízio. Reparem que a primeira corrente faz uma interpretação restritiva. A segunda corrente faz uma interpretação extensiva. Ela amplia o alcance da expressão para chegar à vontade do legislador. Prevalece arma no sentido impróprio. Então prevalece o quê no Brasil? Que é possível interpretação extensiva contra o réu no Brasil.
	
3ª Corrente: em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade.
	Luiz Flávio admite a interpretação extensiva em casos excepcionalíssimos. Apesar de a 1ª corrente não admitir, prevalece a interpretação extensiva contra o réu. Quem quiser Defensoria Pública, bater na primeira corrente! Alguém quer MP? Segunda corrente!
	A interpretação analógica não se confunde com a extensiva:
Interpretação extensiva – diante de uma palavra, o juiz amplia o seu alcance. Exemplo: “arma” são todos os instrumentos que possam servir ao ataque.
Interpretação analógica – exemplos + encerramento genérico. O legislador deu exemplo e eu vou encontrar casos semelhantes.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Paulo Queiroz: interpretação analógica é a analogia in mallam partem permitida por lei.
ANALOGIA – não é forma de interpretação, mas de integração de lacunas. Parte do pressuposto de que não existe uma lei para ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal emprega a outra situação similar.
Pressupostos da analogia no direito penal:
a) certeza de que sua aplicação será favorável ao réu.
b) existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador)
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
1 - CONCEITO: princípios são valores fundamentais que expiram a criação e a aplicação do Direito. Os princípios antecedem as leis penais. Os princípios do Direito Penal podem estar positivados (consagrados em norma jurídica, ex.: Reserva Legal, Anterioridade, etc.) ou não (ex.: Alteridade, Insignificância, etc.). Positivados ou não eles são acolhidos pela doutrina e jurisprudência.
2 – FUNÇÃO: servem para orientar a atuação do legislador e também do aplicador (operador) do Direito. Os princípios são vetores que os legisladores e os aplicadores do Direito Penal usam para limitar o poder punitivo do Estado.
3 - PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE
3.1 - PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL ou ESTRITA LEGALIDADE
Origem: “nullum crimen nulla paena sine lege” (não há crime e não há pena sem lei). 
1215 – Inglaterra: Magna Carta (art. 39) do rei João sem Terra.
39 – Nenhum homem livre será detido ou aprisionado, ou privado de seus direitos ou bens, ou declarado fora da lei, ou exilado, ou despojado, de algum modo, de sua condição; nem procederemos com força contra ele, ou mandaremos outros fazê-lo, a não ser mediante o legítimo julgamento de seus iguais e de acordo com a lei da terra.
Feuerbach (jurista alemão) desenvolveu a chamada Teoria da Coação Psicológica: toda imposição de pena impõe/exige uma lei penal. A teoria da coação psicológica, expressão jurídico-científica da prevenção geral, como formulada por Feuerbach, considerada, à época, a mais inteligente fundamentação do direito punitivo, sustentava que, por meio do Direito Penal, poder-se-ia dar uma resposta ao crescente problema da criminalidade, pois a ameaça da aplicação da pena funcionaria como uma poderosa ferramenta destinada a evitar o cometimento de crimes, em função do temor que causara, vislumbrando-se, assim, como uma verdadeira coação psicológica tendente a evitar o fenômeno delitivo.
Brasil: art. 1º CP e art. 5º, XXXIX, CF.
É uma clausula pétrea.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
(...).
Conceito: a lei tem o monopólio, a exclusividade na criação de crimes e na cominação de penas. A lei é a fonte formal imediata do Direito Penal.
 
Fundamentos: JURÍDICO: é a taxatividade, certeza ou determinação (a lei penal deve descrever com precisão o conteúdo mínimo da conduta criminosa, conteúdo mínimo para legitimar os crimes culposos, os tipos penais abertos e as normas penais em branco). Lei prévia e clara produz importante efeito intimidatório (Beccaria)
POLÍTICO: é a proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado (direito fundamental de 1ª geração/dimensão, que buscam resguardar o indivíduo da ingerência indevida do Estado).Vincula o Poder Executivo e o Poder Judiciário à leis formuladas de forma abstrata (impede o poder punitivo e arbitrário)
DEMOCRÁTICO (Popular): o STF, além do fundamento jurídico e político, diz que o P. da Reserva Legal também tem um fundamento Democrático, que é a aceitação pelo povo da opção legislativa em âmbito criminal. Respeito ao princípio da divisão de poderes (compete ao Parlamento a missão de elaborar leis)
Para a Defensoria Pública os crimes culposos, os tipos penais abertos e as normas penais em branco só devem ser instituídos em hipótese excepcionais.
Efeito Lógico: proibição da analogia “in malam partem” (em prejuízo da parte).
Franz Von Liszt: O CódigoPenal é a Magna Carta do criminoso (o que está no CP é proibido, mas o restante é livre).
QUESTÃO: Medida Provisória pode ser utilizada no Direito Penal?
1ª POSIÇÃO: o STF diz que sim, desde que favoravelmente ao réu. A EC32 reforça a proibição da Medida Provisória sobre Direito penal incriminador, permitindo matéria de Direito Penal não incriminador.
Ex.: o Estatuto do desarmamento criou uma atipicidade temporária para a entrega voluntária de arma de fogo, posteriormente, o prazo para entrega das armas foi prorrogado por medida provisória.
2ª POSIÇÃO: não, pois o art. 62, §1º, I, b, CF proíbe a edição de medida provisória em todo e qualquer caso. Medida Provisória não combina com direito penal. Isto porque, com o advento da EC32, ficou claro que a Medida Provisória não pode versar sobre Direito Penal.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – relativa a: 
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil;
(...).
QUESTÃO: para que serve o costume no Direito Penal?
R: O costume é importante na interpretação (secundum legem)
QUESTÃO: costume pode abolir crime?
R: 1ª Corrente – “Admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social, não mais repercute negativamente na sociedade.” – a primeira corrente admite o costume abolicionista quando o fato perde seu interesse para a sociedade, deixa de incomodar o meio social.
2ª Corrente – “Não existe costume abolicionista, mas quando o fato já não é mais indesejado pelo meio social, a lei deixa de ser aplicada.” Essa corrente não abole a lei. O costume só evita que a lei seja aplicada. Na primeira corrente, o costume aboliu a lei (o Congresso não precisa). Essa corrente diz que quem vai abolir a lei é o congresso. O costume só evita que a lei seja aplicada.
3ª Corrente – “Não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra lei, a norma tem plena eficácia.”
QUESTÃO: Existe diferença entre Reserva legal e Legalidade?
Existem doutrinadores que dizem que não, mas outros que dizem que sim. Esta segunda corrente diz que o P. da Reserva Legal está prevista no art. 5º, XXXIX, CF, enquanto que o P. da Legalidade está no art. 5º, II, CF. 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(...).
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Aqui, o Princípio da Legalidade se contenta com uma lei em sentido amplo (com qualquer espécie normativa). Já o P. da Reserva Legal aceitaria somente lei em sentido estrito, tanto em sentido formal (aquela que tem forma de lei, foi criada de acordo com o processo legislativo previsto na CF) quanto em sentido material (aquela que trata de matéria constitucionalmente reservada à lei).
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO ou De Incriminação: (ou Mandados Constitucionais de Criminalização) mandados são ordens, são determinações, são mandamentos emitidos pela CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados comportamentos. Nesses mandados o legislador ordinário tem obrigação, ele é obrigado a criar os crimes, ele não tem discricionariedade alguma (existe também nas constituições da Alemanha, Espanha, França, Comunidade Européia).
Espécies de Mandados de Criminalização: 
- EXPRESSOS (a ordem está explícita no texto constitucional)
Ex.: art. 225, §3º, CF.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
(...).
(Este mandado de criminalização já foi atendido pelo legislador na Lei dos Crimes Ambientais - Lei 9605/98).
- TÁCITOS (a ordem não está expressa no texto constitucional, mas é extraída da sua interpretação global). 
Ex.: combate à corrupção no Poder Público.
3.2 - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Previsto também nos art. 1º CP e art. 5º, XXXIX, CF.
Conceito: a lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende.
Efeito Automático: irretroatividade da lei penal (salvo para beneficiar o réu).
QUESTÃO: Para se respeitar o Princípio da Anterioridade basta que a lei tenha sido publicada ou é preciso que ela esteja em vigor?
É preciso que ela esteja em vigor. Não há crime se o fato for praticado durante a vacatio legis.
QUESTÃO: A lei não benéfica retroage mesmo durante o seu prazo de vacatio?
2 posições:
Sim (Defensoria Pública).
Não (MP, PC, PF), o entendimento majoritário da doutrina diz que a lei não benéfica não retroage durante o prazo de vacatio.
3.3 – PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
Princípio desenvolvido por Claus Roxin.
“Só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras pessoas e não seja simplesmente pecaminoso e imoral. A conduta puramente interna, seja pecaminosa, imoral, escandalosa, falta a lesividade que pode legitimar a intervenção penal*”(Cf. Nilo Batista, Introdução, cit., p. 91*)
Não há crime na conduta que prejudica somente quem a praticou.
A autolesão não é punível.
Ex.: o uso pretérito da droga não é crime (art. 28 da Lei 11.343/06 - Lei de Drogas). Como trata-se de crime contra a saúde pública, com o uso, não mais existindo a droga, inexiste perigo à saúde pública.
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
(...).
STJ HC 81.175: pelo P. da Alteridade há a necessidade de intersubjetividade nas relações penalmente relevantes.
CRIME AMBIENTAL. PREFEITO. ALTERIDADE.
A Turma concedeu a ordem de habeas corpus para trancar a ação penal instaurada em desfavor de ex-prefeito denunciado pela suposta prática do crime de poluição ambiental (art. 54, § 3º, da Lei n. 9.605/1998). In casu, o tribunal a quo consignou que a autoridade emissora da medida de controle ambiental descumprida seria o próprio paciente, a quem, na condição de representante máximo do município, caberia tomar providências para fazer cessar o dano e recuperar a área atingida. Contudo, segundo a Min. Relatora, essa conclusão conduz ao entendimento de que o acusado seria, ao mesmo tempo, o agente e o sujeito passivo mediato do delito, o que contraria característica inerente ao direito penal moderno consubstanciada na alteridade e na necessidade de intersubjetividade nas relações penalmente relevantes. Com essas considerações, reconheceu a atipicidade da conduta por ausência de elementar do tipo. Precedentes citados: HC 95.941-RJ, DJe 30/11/2009, e HC 75.329-PR, DJ 18/6/2007. HC 81.175-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 9/11/2010.
3.4 – PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Não há crime na conduta que, embora tipificada em lei, não afronte o sentimento social de justiça.
Ex.: trotes acadêmicos moderados, circuncisão, tatuagem.
STJ HC 45.153: o fato de existir uma lei regulamentando determinada profissão, não autoriza a prática de toda e qualquer atividade no exercício dessa profissão.
Ex.: camelô vendendo bens fruto de descaminho.PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	ADEQUAÇÃO SOCIAL
	Irrelevância da lesão ao bem jurídico
	Aceitação da conduta pela sociedade.
3.5 - PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
A atividade penal (criação de crimes, cominação de penas) deve ser vantajosa para a sociedade. Tem que a atender interesses coletivos (interesses superiores). Antigamente, era entendido somente como a proibição do excesso (garantismo negativo: aquele que se preocupa somente com a restrição indevida da liberdade do cidadão). Modernamente, o princípio da proporcionalidade também é o princípio da vedação à proteção ineficiente do bem jurídico (garantismo positivo)
1215 – Inglaterra: Magna Carta (arts. 20 e 21) do Rei João sem Terra.
20. Um homem livre será punido por um pequeno crime apenas, conforme a sua medida; para um grande crime ele será punido conforme a sua magnitude, conservando a sua posição; um mercador igualmente conservando o seu comércio, e um vilão conservando a sua cultura, se obtiverem a nossa mercê; e nenhuma das referidas punições será imposta excepto pelo juramento de homens honestos do distrito. 
21. Os condes e barões serão punidos por seus pares, conformemente à medida do seu delito
Conceito: o P. da Proporcionalidade apresenta uma DUPLA FACE. De um lado, o princípio representa a proibição do excesso (não se pode punir mais que o necessário para a proteção do bem jurídico; é o Garantismo Negativo) e de outro lado, é a proibição da proteção insuficiente ou deficiente de bens jurídicos (Garantismo Positivo; Ex.: Lei 4898/65).
Ex.: a Lei 4898/65 (Lei de Abuso de Autoridade) datada da época da ditadura militar, que pune a lesão corporal praticada por policial em exercício da função com pena mínima de apenas 10 dias. Os artigos 273 e 349-A do CP também são considerados desatualizados, fora de contexto e fora do P. da Proporcionalidade (pena mínima é maior do que a de um homicídio simples ou de um estupro). 
Espécies / Destinatário / Momentos :
a) Proporcionalidade ABSTRATA ou LEGISLATIVA 
Manifesta-se no momento da criação da lei e tem como destinatário o legislador. O legislador faz uma seleção qualitativa e quantitativa das penas.
b) Proporcionalidade CONCRETA ou JUDICIAL
Diz respeito ao magistrado no momento da individualização da pena.
c) Proporcionalidade EXECUTÓRIA ou ADMINISTRATIVA
Diz respeito ao cumprimento da pena, deve ser respeitada pelos órgãos da execução penal.
	INFORMATIVO 559, STJ: ART. 273 DO CP Inconstitucionalidade do preceito secundário do art. 273, § 1º-B, V, do CP O art. 273, § 1º-B do Código Penal prevê o seguinte: § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. O § 1º-B foi inserido no art. 273 do CP por força da Lei 9.677/98. O objetivo do legislador foi o de punir pessoas que vendem determinados “produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais” e que, embora não se possa dizer que sejam falsificados, estão em determinadas condições que fazem com que seu uso seja potencialmente perigoso para a população. A pena prevista pelo legislador para o § 1º-B foi de 10 a 15 anos de reclusão. Ocorre que essa pena é muito alta e, por conta disso, começou a surgir entre os advogados que militam na área a constante alegação de que essa reprimenda seria inconstitucional por violar o princípio da proporcionalidade. A tese foi acolhida pelo STJ? SIM. O STJ decidiu que o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP é inconstitucional por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Então, neste caso, qual pena deverá ser aplicada em substituição? Deverá ser aplicada a pena abstratamente prevista para o tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006), qual seja, “reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. Além disso, será possível aplicar para o réu que praticou o art. 273, § 1º-B do CP a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. Em suma: o STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secundário) do art. 273, § 1º-B, V, do CP. Em substituição a ela, deve-se aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006, com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 4º. Essa decisão vale apenas para o inciso V do § 1º-B do art. 273 ou também para os demais incisos? O caso concreto apreciado pelo STJ envolvia um habeas corpus impetrado em favor de réu condenado pelo inciso V. Assim, no dispositivo do acórdão, menciona-se apenas este inciso. No entanto, pela leitura dos votos dos Ministros, percebe-se que eles trataram do tema de forma genérica, abrangendo todo o § 1º-B. Logo, minha opinião pessoal é no sentido de que essa decisão vale para todos os incisos do § 1º-B. O que o STF entende a respeito? O Plenário do STF ainda não se manifestou sobre o tema. No entanto, existem precedentes da Corte em sentido contrário ao que decidiu o STJ, ou seja, acórdãos sustentando que o § 1º-B do art. 273 é CONSTITUCIONAL (RE 829226 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015; RE 844152 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/12/2014). Para fins de concurso, você deve estar atento para o modo como a pergunta será formulada. Se indagarem a posição do STJ, é pela inconstitucionalidade. Se perguntarem sobre o STF, este possui precedentes sustentando que o art. 273, § 1º-B, do CP é constitucional. Caso o enunciado não diga qual dos dois entendimentos está sendo exigido, assinale a posição STJ porque esta foi divulgada em Informativo e é mais conhecida. STJ. Corte especial. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015
3.6 - PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE
Só existe crime quando a conduta é capaz de lesar, de ofender ou, no mínimo, de colocar em perigo o bem jurídico penalmente protegido. O Princípio da Ofensividade é inseparável do “Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico”.
- Crime de dano: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico
- Crime de perigo: basta o risco de lesão ao bem jurídico. Nos crimes de perigo abstrato, o risco de lesão é presumido por lei. Nos de perigo concreto, o risco deverá ser demonstrado.
Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o perigo significa, em última análise, que o perigo não existe. STF, HC 104.410: o STF decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado.
	CRIME DE PERIGO ABSTRATO
	CRIME DE PERIGO CONCRETO
	CRIME DE PERIGO ABSTRATO DE PERIGOSIDADE REAL	 
	O perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
	O perigo advindo da conduta deve ser comprovado
	O perigo advindo da conduta deve ser provocado (se aproxima ao de perigo concreto)
	Basta o MP provar a conduta
	Deve ser demonstrado o risco para pessoa certa e determinada
	Dispensa risco para pessoa certa e determinada (se aproxima do crime de perigo abstrato)
Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico: a missão do Direito Penal moderno e democrático é a proteção de bens jurídicos. O Direito Penal não deve se ocupar de questões políticas, filosóficas, morais, religiosas, etc.
#Até 1988, na Alemanha, criminalizava-se o homossexualismo. 
BEM JURÍDICO: são valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. É um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou metaindividual,reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade.
Em um estado democrático de direito, modelo teórico de Estado que eu tomo por base, as normas jurídico-penais devem perseguir somente o objetivo de assegurar aos cidadãos uma coexistência pacífica e livre, sob a garantia de todos os direitos humanos. Por isso, o Estado deve garantir, com os instrumentos jurídico-penais, não somente condições individuais necessárias para uma coexistência semelhante (isto é, proteção da vida e do corpo, da liberdade de atuação voluntária, a propriedade, etc.), mas também as instituições estatais adequadas para este fim (uma administração de justiça eficiente, um sistema monetário e de impostos saudáveis, uma administração livre de corrupção, etc.) sempre e quando isto não se possa alcançar de forma melhor. Todos esses objetos legítimos de proteção de normas que subjazem a estas condições eu as denomino bens jurídicos (ROXIN, 2006, p.17 e 18).
Nem todo Bem Jurídico é penal (merece proteção penal). Bem Jurídico Penal são apenas os bens jurídicos importantes, indispensáveis para o indivíduo e para a sociedade (apenas estes merecerão proteção penal).
Seleção: a CF é que faz a seleção dos bem jurídicos relevantes (Teoria Constitucional do Direito Penal).
Teoria Constitucional do Direito Penal: Claus Roxin diz que o Direito Penal só é legítimo quando protege valores consagrados na Constituição Federal.
Ex.: o Homicídio é crime porque a CF assegura a todos o direito à vida; o furto é crime porque a CF assegura o direito à propriedade; calúnia, difamação são crimes porque a CF assegura o direito à inviolabilidade da honra; etc.
QUESTÃO: Por que matar alguém é crime?
R:Porque o art. 5º, “caput”, da Constituição Federal assegura a todas as pessoas o direito à vida
QUESTÃO: O que se entende por “espiritualização de bens jurídicos” no Direito Penal?
Percebe-se uma expansão da tutela penal para abranges bens jurídicos de caráter coletivo (difuso), ensejando a denominada espiritualização do bem jurídico.
Crimes de dano tutelavam bens jurídicos individuais
 
O Direito Penal não espera mais o dano ao bem jurídico, ele se antecipa (Ex.: porte de arma de fogo passa a ser crime para evitar o perigo, e consequentemente o dano)
Crimes de perigo (Direito Penal do Risco) tutela bens jurídicos difusos e coletivos
O Direito Penal não espera mais o dano ao bem jurídico, ele se antecipa, (antecipação da tutela penal) criando crimes de perigo, e, por consequência, protegendo bens jurídicos difusos ou coletivos.
Assim, ocorreu a Espiritualização do Direito Penal, que segundo Claus Roxin também pode ser chamado de Crime por Liquefação ou Desmaterialização de bens jurídicos. 
3.7 – PRINCÍPIO DA RESPONSABIIDADE PENAL PELO FATO
Direito Penal do Autor ≠ Direito Penal do Fato
Direito Penal do AUTOR: é aquele que vai rotular, estereotipar, etiquetar determinadas categorias de pessoas. É um Direito Penal autoritário, antidemocrático. Leva em conta quem a pessoa é.
Ex.: Direito Penal da Alemanha nazista.
Direito Penal do FATO: é um Direito Penal moderno, garantista, democrático. Leva em conta o fato típico e ilícito praticado, pouco importando quem é o agente.
3.8 – PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM
Não se admite dupla punição pelo mesmo fato.
Ex.: Súm. 241 STJ.
STJ Súmula nº 241 - A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Atenção!
A reincidência é uma agravante genérica (art. 61, I).
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência
(...).
A Defensoria Pública diz que a reincidência viola o P. da Responsabilidade Penal pelo Fato e a proibição do bis in idem. A reincidência considerada como circunstância agravante ou judicial está de acordo com o Direito Penal do Autor, pois considera a pessoa e não se refere ao fato. Assim como o bis in idem, que seria como usar o mesmo fato penal para aplicação da pena e depois como agravante. Porém, o STF decidiu, por unanimidade, no RE 453.000/RS que a reincidência é legítima e de acordo com o Direito Penal do Fato.
Ainda, a pena tem as finalidades de repressão e prevenção. O STF diz, então, que reincidência demonstra que a pena não cumpriu as suas finalidades. Portanto a próxima pena tem que ser mais rígida e mais elevada.
3.9 – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ou “da Criminalidade da Bagatela”
Origem: Direito Romano - “de minimus non curat praetor” (os tribunais não cuidam do que é mínimo) – este princípio era restrito ao direito romano privado.
Direito Penal: este princípio foi incorporado ao Direito Penal por Claus Roxin, na década de 1970. Roxin diz que muito mais que um princípio, a insignificância é um fator de política criminal. Segundo Roxin, o direito penal não deve tratar de condutas insignificantes, ou seja, incapazes de lesar, ou, no mínimo, de colocar em perigo o bem jurídico penalmente protegido. Intimamente relacionado com outros princípios já estudados, caminhando todos de forma harmônica. Nota característica do funcionalismo penal.
POLÍTICA CRIMINAL: é a adaptação da letra da lei à realidade social. Segundo Claus Roxin, é aplicar a letra da lei de acordo com os interesses da sociedade. A política criminal é um filtro entre a letra da lei e a vontade social.
Natureza Jurídica: é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade. 
TIPICIDADE PENAL = Tipicidade Formal + Tipicidade Material
Tipicidade FORMAL: juízo de adequação entre o fato e a norma.
Tipicidade MATERIAL: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Conclusão: O princípio da insignificância exclui a tipicidade, pois, em que pese existir a tipicidade formal, falta a tipicidade material.
Função: efetuar uma interpretação restritiva do tipo penal (limita o poder punitivo do Estado). Evita a banalização do Direito Penal.
Conceito: o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, insignificantes, incapazes de lesar ou, no mínimo, de colocar em perigo o bem jurídico tutelado.
Requisitos: segundo o STF, tem 4 requisitos, os objetivos e os subjetivos. Requisitos objetivos são os que dizem respeito ao fato, enquanto que requisitos subjetivos são os que dizem respeito ao agente e à vítima.
 
Requisitos Objetivos 1- Mínima ofensividade da conduta;
2- Ausência de periculosidade social;
3- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
4- Inexpressividade da lesão ao bem jurídico.
 Subjetivos Agente
 Vítima
Requisitos subjetivos relacionados ao AGENTE:
QUESTÃO: Aplica-se o Princípio da Insignificância ao crime praticado por policial militar?
Segundo entendimento atual do STF não se aplica o P. da insignificância em crimes praticados por militares (HC 108.884 em Inf. 670)
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. POLICIAL MILITAR RODOVIÁRIO NA RESERVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. ELEVADA REPROVABILIDADE DA CONDUTA. ORDEM DENEGADA. 1. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando não só o valor do dano decorrente do crime, mas igualmente outros aspectos relevantes da conduta imputada. 2. O pequeno valor da vantagem auferida é insuficiente para aplicação do princípio da insignificância ante a elevada reprovabilidade da conduta do militar da reserva que usa documento falso para não pagar passagem de ônibus. 3. Aos militares cabe a guarda da lei e da ordem, competindo-lhes o papel de guardiões da estabilidade, a serviço do direito e da paz social , razão pela qual deles se espera, ainda que na reserva, conduta exemplar para o restante da sociedade, o que não se verificou na espécie.
Também não se aplica à policiais civis, federais, membros do MP, magistrados, e demais entes responsáveis pela Segurança Pública.
QUESTÃO: Se o agente é reincidente ou possui maus antecedentes,aplica-se o Princípio da Insignificância?
No STJ prevalece (não é totalmente pacífico) que sim (HC 163.004 em Inf. 441): o princípio da insignificância leva à atipicidade do fato. Por outro lado, a reincidência e os maus antecedentes não interferem na tipicidade do fato, sendo certo que no momento que o juiz leva e consideração tais fatos, ele previamente já fez a análise da tipicidade.
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. FERRAGENS.
O paciente, auxiliado por dois menores, subtraiu para si ferragens de uma construção civil no valor de R$ 100. Esse contexto permite a aplicação do princípio da insignificância, quanto mais se já consolidado, na jurisprudência, que condições pessoais desfavoráveis, maus antecedentes, reincidência e ações penais em curso não impedem a aplicação desse princípio. Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ: HC 124.185-MG, DJe 16/11/2009; HC 83.143-DF, DJ 1º/10/2007, e HC 126.176-RS, DJe 8/9/2009. HC 163.004-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 5/8/2010.
No STF prevalece que não (HC 106.367 em Inf. 635): a insignificância é instrumento de política criminal. A sociedade não quer a aplicação do Princípio da Insignificância pra quem é reincidente.
 HC 106. 367: 5. A reincidência, apesar de tratar-se de critério subjetivo, remete a critério objetivo e deve ser excepcionada da regra para análise do princípio da insignificância, já que não está sujeita a interpretações doutrinárias e jurisprudenciais ou a análises discricionárias. O criminoso reincidente apresenta comportamento reprovável, e sua conduta deve ser considerada materialmente típica.
QUESTÃO: Aplica-se o P. da Insignificância para o “criminoso habitual”?
Não. Para o criminoso habitual, aquele que faz da pratica de crimes um estilo de vida, não se aplica o p. da insignificância (HC 150.236 em INF. 489 STJ).
nfo 489, STJ – Quinta Turma – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. FURTO. REINCIDÊNCIA.
A Turma denegou habeas corpus no qual se postulava a aplicação do princípio da insignificância em favor de condenado por crime de furto qualificado e, subsidiariamente, a fixação da pena-base no mínimo legal. Na espécie, o paciente, por subtrair de veículos objetos avaliados em R$ 75,00, foi condenado à pena de dois anos e sete meses de reclusão em regime semiaberto. Inicialmente, ressaltou-se que o pequeno valor da vantagem patrimonial ilícita não se traduz, automaticamente, no reconhecimento do crime de bagatela. Em seguida, asseverou-se não ser possível reconhecer como reduzido o grau de reprovabilidade na conduta do agente que, de forma reiterada e habitual, comete vários delitos ou atos infracionais. Ponderou-se que, de fato, a lei seria inócua se tolerada a reiteração do mesmo delito, seguidas vezes, em frações que, isoladamente, não superassem certo valor tido por insignificante, mas o excedesse na soma. Concluiu-se, ademais, que, qualquer entendimento contrário seria um verdadeiro incentivo ao descumprimento da norma legal, mormente tendo em conta aqueles que fazem da criminalidade um meio de vida. Quanto à dosimetria da pena, diante da impossibilidade do amplo revolvimento da matéria fático-probatória na via do habeas corpus, consideraram-se suficientes os fundamentos apresentados para justificar a exacerbação da pena-base. HC 150.236-DF, Min. Rel. Laurita Vaz, julgado em 6/12/2011
Requisitos subjetivos relacionados à VÍTIMA: deve-se analisar a importância do bem para a vítima e o valor sentimental do bem (HC 107.615 em Inf. 639).
Princípio da insignificância e furto de prêmio artístico
A 1ª Turma denegou habeas corpus em que requerido o trancamento de ação penal, ante a aplicação do princípio da insignificância, em favor de acusado pela suposta prática do crime de furto de quadro denominado “disco de ouro”. A defesa sustentava atipicidade da conduta, porque o bem possuiria valor apenas sentimental e teria sido restituído integralmente ao Princípio da insignificância e furto de prêmio artístico
A 1ª Turma denegou habeas corpus em que requerido o trancamento de ação penal, ante a aplicação do princípio da insignificância, em favor de acusado pela suposta prática do crime de furto de quadro denominado “disco de ouro”. A defesa sustentava atipicidade da conduta, porque o bem possuiria valor apenas sentimental e teria sido restituído integralmente ao ofendido. De início, salientou-se que o acusado praticara o delito com invasão de domicílio e ruptura de barreira, o que demonstraria tanto a sua ousadia quanto o alto grau de reprovabilidade do seu comportamento. Aduziu-se que aquela conduta, por si só, não se enquadraria dentre os vetores que legitimariam a aplicabilidade do referido postulado. Asseverou-se, ainda, que o objeto subtraído seria dotado de valor inestimável para a vítima. Reputou-se não ter havido a restituição, porquanto o agente fora encontrado nas imediações do local do delito, logo após a ocorrência deste. O Min. Luiz Fux acrescentou que a aplicação do princípio da bagatela deveria levar em conta o valor da res furtiva para o sujeito passivo do crime. Frisou que, no caso, o ofendido recebera a premiação do “disco de ouro” após muito esforço para se destacar no meio artístico. Logo, explicitou que não se poderia cogitar insignificante a conduta do acusado sob qualquer ângulo. ofendido. De início, salientou-se que o acusado praticara o delito com invasão de domicílio e ruptura de barreira, o que demonstraria tanto a sua ousadia quanto o alto grau de reprovabilidade do seu comportamento. Aduziu-se que aquela conduta, por si só, não se enquadraria dentre os vetores que legitimariam a aplicabilidade do referido postulado. Asseverou-se, ainda, que o objeto subtraído seria dotado de valor inestimável para a vítima. Reputou-se não ter havido a restituição, porquanto o agente fora encontrado nas imediações do local do delito, logo após a ocorrência deste. O Min. Luiz Fux acrescentou que a aplicação do princípio da bagatela deveria levar em conta o valor da res furtiva para o sujeito passivo do crime. Frisou que, no caso, o ofendido recebera a premiação do “disco de ouro” após muito esforço para se destacar no meio artístico. Logo, explicitou que não se poderia cogitar insignificante a conduta do acusado sob qualquer ângulo.
Aplicabilidade: o P. da Insignificância é aplicado em todo e qualquer crime que seja com ele compatível, e NÃO apenas aos crimes patrimoniais.
Ex.: descaminho (crime de natureza tributária), o STF diz que cabe o P. da Insignificância quando o valor do tributo não ultrapasse 10 mil reais. 
Nos crimes patrimoniais não existe um teto para o Princípio da Insignificância (mas o STF e o STJ costumam aplicar o princípio quando o valor do bem gira em torno de até 20% do salário mínimo).
Os crimes tributários são de “vitimização difusa”, pois atingem toda a sociedade, no sentido de que quando uma pessoa deixa de pagar seus tributos, faltará dinheiro para o governo investir em saúde, educação, etc. O STF e o STJ foram buscar o teto de 10 mil reais no art. 20 da Lei 10.522/01, que diz que quando o valor do débito não ultrapassar 10 mil reais, o Procurador da Fazenda Nacional vai arquivar o processo sem dar baixa na distribuição, ou seja, o débito poderá ser cobrado no futuro (com os juros acrescidos com o tempo, por exemplo). 
Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
§ 1º Os autos de execução a que se refere este artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados. 
(...). 
As Portarias 75 e 130, ambas de 2012, aumentaram o valor para 20 mil reais. O STF (HC 120.069 – 1ª turma) e o STJ (Ag. Rg. no REsp. 1.409.202), porém, disseram que continua valendo o valor de 10 mil reais ao Princípio da Insignificância (mas a 2ª turma do STF já disse quese aplica o valor de 20 mil reais, resta esperar decisão pacificadora do plenário).
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CRIMINAL. DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. DÉBITO TRIBUTÁRIO SUPERIOR A R$ 10.000,00. AFASTAMENTO DA PORTARIA N. 75⁄2012 DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. REITERAÇÃO DELITIVA ESPECÍFICA. TIPICIDADE CONFIGURADA.
1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp n. 1.112.748⁄TO, relator o Ministro Felix Fischer, DJ de 13⁄10⁄2009, firmou entendimento no sentido de ser aplicável ao crime de descaminho o princípio da insignificância quando o valor do tributo iludido for inferior a R$10.000,00 (dez mil reais).
2. Não é possível a aplicação do parâmetro de R$20.000,00 (vinte mil reais) trazido na Portaria n. 75⁄2012 do Ministério da Fazenda para reconhecer a insignificância nos delitos de descaminho, haja vista a inadmissibilidade de se alterar lei em sentido estrito por meio de portaria, a instabilidade de se vincular a incidência do direito penal aos critérios de conveniência e oportunidade que prevalecem no âmbito administrativo, a inadequação de se criar critério absoluto de incidência do princípio da insignificância e a irretroatividade do referido patamar. Precedentes.
3. Não se aplica o princípio da insignificância quando há contumácia delitiva, em virtude do elevado grau de reprovabilidade da conduta, assim como a efetiva periculosidade ao bem jurídico que se almeja proteger.
Obs: STF e ST não admitem o princípio da insignificância no furto qualificado (falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento)
Obs: STF e STJ não admitem nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa.
Obs: STF admite nos crimes contra a administração pública praticados por funcionário público. O STJ não admite. Ambos, contudo, admitem nos crimes contra a administração pública praticados por particulares.
Obs: STF e STJ tem decisões admitindo em crimes ambientais (há importantes divergências sobre o assunto)
Incompatibilidade do P. da Insignificância: 
CRIMES CONTRA A VIDA;
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL;
ROUBO E DEMAIS CRIMES PATRIMONIAIS PRATICADOS COM VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
LEI DE DROGAS (11.343/06): no crime de tráfico (art. 33, caput) e relacionados ao tráfico; (já no crime do porte de droga para consumo pessoal - artigo 28 - o STF sempre foi contrário ao P. da insignificância, pois os crimes da lei de drogas são crimes de saúde pública e são crimes de perigo abstrato, porém o entendimento adotado pelo STF não foi esse no HC 110.475 – 1ª turma em Inf. 655);
Porte de entorpecente e princípio da insignificância
Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas corpus para trancar procedimento penal instaurado contra o réu e invalidar todos os atos processuais, desde a denúncia até a condenação, por ausência de tipicidade material da conduta imputada. No caso, o paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, caput, da Lei 11.343/2006, à pena de 3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade por portar 0,6 g de maconha. Destacou-se que a incidência do postulado da insignificância, de modo a tornar a conduta atípica, exigiria o preenchimento concomitante dos seguintes requisitos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica provocada. Consignou-se que o sistema jurídico exigiria considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificariam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes fossem essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se expusessem a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. Deste modo, o direito penal não deveria se ocupar de condutas que produzissem resultados cujo desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes — não representaria, por isso mesmo, expressivo prejuízo, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.
HC 110475/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 14.2.2012. (HC-110475)
CRIMES AMBIENTAIS (tradicionalmente o STF era contrário à aplicação do P. da Insignificância aos crimes ambientais, por ser o meio ambiente um bem de todos, de interesse difuso; porém, o STF no HC 112.563 no Inf. 676 admitiu o P. da insignificância em crime ambiental).
EMENTA: AÇÃO PENAL. Crime ambiental. Pescador flagrado com doze camarões e rede de pesca, em desacordo com a Portaria 84/02, do IBAMA. Art. 34, parágrafo único, II, da Lei nº 9.605/98. Rei furtivae de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Crime de bagatela. Caracterização. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser absolvido por atipicidade do comportamento.
QUESTÃO: Somente o juiz aplica o P. da Insignificância ou a autoridade policial também pode fazer essa valoração?
O STJ diz que só pode ser aplicado pelo juiz (HC 154.949 em Inf. 441).
Porém, posição minoritária, diz que uma vez que o Princípio da Insignificância exclui a tipicidade, não há crime nem para o Delegado e nem para o juiz.
PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA: (ou Insignificância Imprópria) trata-se de uma nova teoria criada pela Suprema Corte da Alemanha, que o Brasil começou a importar, porém ainda não tem previsão legal.
Princípio da Bagatela Própria x Princípio da Bagatela Imprópria
	PRÓPRIA
	IMPRÓPRIA
	- O fato já nasce irrelevante para o direito penal.
- Fato atípico (Exclui a atipicidade material)
- Não há Ação Penal
Ex: subtração de uma caneta BIC
	
-Embora relevante a infração penal praticada, a pena, diante do caso concreto, é desnecessária.
- Fato típico e ilícito
- Há Ação Penal
- Desnecessidade da pena
-Exclui a punibilidade
-Ex: perdão judicial no homicídio culposo
A bagatela imprópria se aproxima bastante do PERDÃO JUDICIAL, porém este último está previsto em lei (o perdão judicial previsto no art. 107, IX, CP é uma causa de extinção da punibilidade).
A bagatela imprópria é uma causa supralegal de extinção da punibilidade.
	INFORMATIVO 551, STJ: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributáriosm?
 Para o STJ: 10 mil reais (art. 20 da Lei n. 10.522/2002).
 Para o STF: 20 mil reais (art. 1º, II, da Portaria MF n. 75/2012).
STJ. 3ª Seção. REsp 1.393.317-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 12/11/2014 (Info 551).
STF. 1ª Turma. HC 121717/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/6/2014 (Info 749).
3.10 - PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Este princípio é a base do Direito Penal Mínimo: direito penal reservados aos casos que se mostra necessário.
Origem: França – 1789 (Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão).
Conceito: o Direito Penal só é legítimo quando funciona como meio indispensável para a proteção do bem jurídico. O Direito Penal só deve ser utilizado quando o problema não puder ser solucionado por outros ramos do Direito.
O Princípio da Intervenção Mínima é um reforço ao Princípio da Reserva Legal. 
Destinatários: Legislador (Fragmentariedade) 
 Operador do Direito (Subsidiariedade)
O P. da Intervenção Mínima se subdivide em outros dois: fragmentariedade e subsidiariedade. 
FRAGMENTARIEDADE: (caráter fragmentário do Direito Penal) No universo da ilicitude, apenas alguns fragmentos representam os ilícitos penais. Nem todo ilícito obrigatoriamente é ilícitopenal, mas todo ilícito penal também é ilícito perante os demais ramos do Direito. Essa fragmentariedade diz que o Direito Penal é a última etapa, última fase, de proteção do bem jurídico. Se manifesta no plano abstrato, tendo como destinatário o legislador.
Ex.: deixar de pagar um tributo (inadimplência), não é crime tributário, porém, é ilícito tributário.
QUESTÃO: insignificância é desdobramento lógico de qual características da intervenção mínima?
R: Fragmentariedade.
Princípio da Insignificancia: desdobramento lógico da fragmentariedade. É um princípio limitador do Direito Penal. Causa de atipicidade material.
Fragmentariedade às avessas: existe um crime que com o passar do tempo se mostra desnecessário.
Ex.: revogação do crime de adultério (art. 240 CP pela Lei 11.106/05).
SUBSIDIARIEDADE: se manifesta no plano concreto, pelo aplicador do Direito.
Ex.: um juiz arquivar um IP de estelionato quando o fato puder ser resolvido na esfera cível.
Nélson Hungria dizia que o Direito Penal é um soldado de reserva, só pode ser aplicado se o problema não foi resolvido por outras áreas do Direito.
Santiago Mir Puig diz que o Direito Penal é a “ultima ratio” (ultima razão, última medida a ser adotada no caso concreto). “Se o Direito penal de um Estado social só se legitima na medida em que protege a sociedade, perderá sua justificação caso a intervenção demonstre-se inútil por ser incapaz de evitar delitos” (Santiago, 2007, p. 92).
Ex.: HC 50.863 STJ.
HABEAS CORPUS Nº 50.863 - PE (2005/0203455-0)
EMENTA
HABEAS CORPUS . PECULATO. TRANCAMENTO DA AÇAO PENAL: ATIPICIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. BEM JURÍDICO TUTELADO: A ADMINISTRAÇAO PÚBLICA. INAPLICABILIDADE. ORDEM DENEGADA.
1. A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos mais importantes e em casos de lesões de maior gravidade.
2. O princípio da insignificância, como derivação necessária do princípio da intervenção mínima do Direito Penal, busca afastar de sua seara as condutas que, embora típicas, não produzam efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal incriminadora.
3. Trata-se, na hipótese, de crime em que o bem jurídico tutelado é a Administração Pública, tornando irrelevante considerar a apreensão de 70 bilhetes de metrô, com vista a desqualificar a conduta, pois o valor do resultado não se mostra desprezível, porquanto a norma busca resguardar não somente o aspecto patrimonial, mas moral da Administração.
4. Ordem denegada.
HC 197.601 do Inf. 479.
EMENTA
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS . FURTO DE ÁGUA VITIMANDO A COMPANHIA DE ABASTECIMENTO. RESSARCIMENTO DO PREJUÍZO ANTES DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. COLORIDO MERAMENTE CIVIL DOS FATOS. CARÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TRANCAMENTO DA AÇAO PENAL. VIABILIDADE.
1. O Direito Penal deve ser encarado de acordo com a principiologia constitucional. Dentre os princípios constitucionais implícitos figura o da subsidiariedade, por meio do qual a intervenção penal somente é admissível quando os demais ramos do direito não conseguem bem equacionar os conflitos sociais. In casu , tendo-se apurado, em verdade, apenas um ilícito de colorido meramente contratual, relativamente à distribuição da água, com o equacionamento da quaestio no plano civil, não se justifica a persecução penal.
2. Ordem concedida para trancar a ação penal n. 0268968-47.2010.8.19.0001, da 36.ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Rio de Janeiro.
Luiz Flávio Gomes, em posição minoritária, diz que a fragmentariedade é em concreto e a subsidiariedade em abstrato. Inverte os planos. A doutrina discorda.
3.11. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA
Não se tolera responsabilidade penal objetiva (sem dolo ou culpa).
Código penal tem 2 resquícios da responsabilidade penal objetiva: “teoria da actio libera in causa” e rixa qualificada.
Atenção: como rebater tais teses:
a) embriaguez voluntária: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita da imputabilidade, mas também de sua vontade.
b) rixa qualificada: só responde pelo resultado agravador quem atou frente a ele com dolo ou culpa.
3.12. PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntária, isto é, fatos.
Atenção! Veda-se o direito penal do autor: consistente na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal do fato, mas que considera circunstancias relacionados ao autor, especificamente quando da análise da pena.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
3.13. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
O Estado só pode impor sanção penal ao agente imputável, com potencial consciência da ilicitude, quando dele exigível conduta diversa.
3.14. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA
Convenção Americana de Direitos Humanos.
Artigo 8º - Garantias judiciais
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
Constituição Federal
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
QUESTÃO: A CRFB adota o princípio da presunção de inocência ou da não culpa?
R: Defensoria Pública: presunção de inocência. Demais concursos: sinônimos
Desdobramentos
a) qualquer restrição à liberdade do agente somente se admite após a condenação definitiva.
Obs: prisão provisória é cabível quando imprescindível.
b) Cumpre a acusação demonstrar a responsabilidade do réu.
LEI PENAL
É a fonte formal imediata do direito penal, pois só ela pode criar crimes e cominar penas. Desdobramento do princípio de reserva legal.
Lei Penal Completa: é aquela que dispensa complemento valorativo ou normativo.
Lei Pena Incompleta: é a norma que depende de complemento valorativo (tipo aberto) ou normativo (norma penal em branco).
Tipo Aberto: espécie de lei penal incompleta; depende de complemento valorativo; dado pelo juiz na análise do caso concreto. Ex:crimes culposos (descritos em tipo aberto) (legislador não enuncia as formas de negligencia)
Obs: para não ofender o p. da legalidade, a redação típica deve trazer o mínimo de determinação.
Obs: excepcionalmente, o legislador descreveu a negligencia (em sentido amplo), subtraindo, de forma legítima, a sua valoração no caso concreto.
NORMA PENAL EM BRANCO (CEGA OU ABERTA) 
Toda norma penal incriminadora, todo tipo penal, tem a seguinte estrutura 
 Preceito Primário: definição da conduta criminosa (Sistema da Proibição Indireta –Karl Binding: a norma penal é descritiva, e não proibitiva)
 Preceito Secundário: pena cominada 
Portanto, norma penal em branco é aquela em que o preceito SECUNDÁRIO é completo, mas o preceito primário depende de complementação.
“São corpos errantes em busca de alma” (Von Liszt)
Ela também é chamada de norma penal cega ou aberta.
Norma Penal em Branco Preceito Primário: depende de complementação
 Preceito Secundário: completo
TIPOS Heterogênea
 Homogênea Homovitelina
 Heterovitelína
O ponto de distinção é a natureza do complemento.
HOMOGÊNEA \ IMPRÓPRIA \ EM SENTIDO AMPLO (ou latu sensu): o complemento é outra Lei. O complemento tem a mesma origem e a mesma natureza jurídica da Lei penal a ser complementada.

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