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2 Teoria do Crime

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TEORIA DO CRIME
Conceito: o conceito de crime varia em conformidade com o critério que se adote para defini-lo. Ou seja, não existe um único conceito de crime.
1 – Conceito pelo critério Material ou Substancial: crime é a ação ou omissão humana (e também da pessoa jurídica nos crimes ambientais) / que lesa ou expõe a perigo de lesão / bens jurídicos penalmente tutelados.
Esse conceito funciona como um fator de legitimação do Direito Penal.
Esse critério material serve como reforço ao Princípio da Reserva Legal, pois não é porque o legislador tem a lei a sua disposição que ele pode incriminar qualquer conduta.
Ex.: o legislador resolve criar uma lei considerando o fato de “usar camisa azul com gravata preta” como crime. Por mais que se tenha atendido ao P. da Reserva Legal (uma lei foi criada para criar o crime), uma vez que não lesa nem expõe a perigo de lesão um bem jurídico tutelado, esse crime não pode existir.
“ação ou omissão humana”: também se deve acrescentar as pessoas jurídicas em crimes ambientais;
“lesa ou expõe a perigo”: refere-se a crimes de dano e de perigo.
2 – Conceito pelo Critério Legal: o conceito de crime é fornecido pelo legislador.
O Conceito legal de crime está no artigo 1ª na LICP (Dec.3914/41):
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
CRIME (delito): é a infração penal para a qual se aplica pena de reclusão ou detenção; e, isolada, alternativa ou cumulativamente, a pena de multa.
INFRAÇÃO 
 PENAL
CONTRAVENÇÃO PENAL: também chamada de “crime anão”, “crime vagabundo” ou “crime liliputiano”. É a espécie de infração penal a que a lei comina pena de prisão simples ou de multa.
A diferença entre crime e contravenção penal não é ontológica, ou seja, não é de essência, de estrutura. Não são duas coisas completamente distintas. São espécies do mesmo gênero. A diferença é meramente qualitativa e quantitativa:
QUALITATIVA: qualidade da pena;
QUANTITATIVA: a quantidade da pena é muito maior no crime do que na contravenção.
Critério para diferenciar crime de contravenção penal: são valores escolhidos, eleitos, pelo legislador. Esses valores são mutáveis no tempo. Podem se alterar.
Atenção! O artigo 109, inciso IV, da CF, exclui expressamente as contravenções penais da competência da Justiça Federal. Mesmo que atinja interesse da União. EXCEÇÃO: (segundo o STJ) quando o réu tem foro por prerrogativa de função.
Pouco importa o nome que o legislador dá, o que vale é a natureza jurídica.
QUESTÃO: O delito é crime, é contravenção penal ou é uma terceira figura?
No Brasil, delito é sinônimo de crime. O Brasil adota um Sistema Dicotômico ou Dualista. Ele divide o gênero “infração penal” em apenas duas espécies, de um lado, crime ou delito, de outro lado, contravenção penal.
Existem países que adotam um critério tricotômico. Ex.: França e Itália.
Advertência! Em algumas passagens, a CF e o CPP utilizam a palavra “delito” como sinônimo de infração penal. Para preservar uma tradição terminológica da expressão “flagrante delito”.
Ex.: artigo 5º, XI, CF; artigo 301 CPP.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito (LEIA-SE CRIME OU CONTRAVENÇÃO PENAL) ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;  
Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito (LEIA-SE CRIME OU CONTRAVENÇÃO PENAL).
	DIFERENÇAS ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO
	CRIME
	CONTRAVENÇÃO
	QUANTO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
	Reclusão e detenção
	prisão simples
	QUANTO À ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL
	Pública e privada
	Publica incondicionada
	QUANTO A ADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA
	Tentativa é punível, em regra.
	Tentativa não é punível
	QUANTO À EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
	Admite extraterritorialidade
	não admite extraterritorialidade
	QUANTO A COMPETENCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
	Pode ser competência da justiça federal
	Somente é da competência da justiça estadual
	QUANTO AO LIMITE DAS PENAS
	30 anos
	5 anos.
Atenção! Conceito legal de crime e o artigo 28 da Lei de Drogas: 
As penas aqui cominadas não incluem multa, detenção ou prisão. 
Esse artigo 28, na visão de Luiz Flávio Gomes é uma infração penal sui geniris. ESSA POSIÇÃO NÃO VINGOU.
 O STF, então, firmou o entendimento, no RE 430.105, de que o artigo 28 é CRIME. Não houve descriminalização da conduta, mas sim a despenalização da conduta (despenalização restrita, pois não cabe aqui a pena privativa de liberdade, mas cabem outras penas). 
O porte de droga continua sendo crime, mas não cabe prisão (nem prisão provisória, durante a investigação penal, nem pena decorrente de condenação).
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Conclusão: o artigo 28 da Lei de Drogas criou um conceito específico de crime, aplicável exclusivamente à conduta nele descrita.
3 – Conceito Formal / Analítico / Dogmático: este conceito se baseia na estrutura do crime. É aquele que leva em conta os elementos estruturais do crime, prevalecendo fato típico, ilícito e culpável.
Dentro deste conceito, despontam algumas posições:
POSIÇÃO QUADRIPARTIDA: (Basileu Garcia/Brasil e Giulio Battaglini/Itália) dizia que o crime é composto de 4 elementos:
1 – Fato Típico
2 – Ilicitude
3 – Culpabilidade
4 – Punibilidade
CRÍTICA: essa posição não vigora mais devido à punibilidade, que não é elemento do crime. A punibilidade é efeito, é conseqüência do crime.
POSIÇÃO TRIPARTIDA: diz que o crime é composto por 3 elementos: 
1 – Fato Típico se refere ao FATO
2 – Ilicitude se refere ao FATO
3 – Culpabilidade se refere ao AGENTE
Atenção! Crime é o FATO TÍPICO E ILÍCITO, praticado por AGENTE CULPÁVEL.
Clássica: (Nelson Hungria, Aníbal Bruno, Magalhães Noronha) quem é clássico, obrigatoriamente é tripartida.
Posição Tripartida
Finalista: (Hanz Welzel, César Bittencourt, Luís Régis Prado) quem é finalista pode ser tripartido ou bipartido.
POSIÇÃO BIPARTIDA: para essa posição o crime só tem dois elementos:
1 – Fato Típico
2 – Ilicitude
A culpabilidade aqui não é elemento do crime, mas sim pressuposto de aplicação da pena.
Quem adota uma posição bipartida, obrigatoriamente, é finalista.
Essa posição foi criada no Brasil após a reforma da parte geral do Código Penal, com a Lei 7209/84, pelo paranaense René Ariel Dotti, no artigo “O incesto”. Essa posição ganhou destaque nas obras do Damásio e Mirabete.
OBS.: o termo antijuridicidade não é mais usado.
ROXIN: “Bipartido”. Todavia, é um conceito bipartido diferente do finalismo brasileiro. Para ele, crime é injusto penal e reprovabilidade ( CRIME= INJUSTO PENAL + REPROVABILIDADE). Injusto penal abrange o fato típico e a ilicitude. A reprovabilidade equivale à culpabilidade e à necessidade da pena.
 Naturais (ou involuntários)
Fatos jurídicos
 Voluntários Atos Lícitos
 Atos Ilícitos Penais (crime/contrav.)
 Não penais
SISTEMA CLÁSSICO
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE
	CULPABILIDADE
	Conduta
	Relação de contrariedadeImputabilidade
	Resultado
	
	Dolo Normativo (contem em seu interior a consciência da ilicitude) ou Culpa
	Relação de Causalidade
	
	
	Tipicidade
	
	
Culpabilidade: mero vínculo psicológico entre o agente imputável e a o fato típico e ilícito por ele praticado.
A culpabilidade adota a “Teoria psicológica da culpabilidade”
SISTEMA NEOCLÁSSICO
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE
	CULPABILIDADE
	Conduta
	Relação de contrariedade
	Imputabilidade
	Resultado
	
	Dolo Normativo (contem em seu interior a consciência da ilicitude) ou Culpa
	Relação de Causalidade
	
	
	Tipicidade
	
	
	
	
	Exigibilidade de conduta diversa
Criado por Franklin. Teoria de normalidade das circunstancias concomitantes.
Acrescenta na culpabilidade um 3º elemento: exigibilidade de conduta diversa. E adota a Teoria psicológica normativa da culpabilidade.
SISTEMA FINALISTA
	FATO TÍPICO
	ILICITUDE
	CULPABILIDADE
	Conduta (dolo e culpa)
	Relação de contrariedade
	Imputabilidade
	Resultado
	
	Potencial Consciência da ilicitude
	Relação de Causalidade
	
	
	
	
	Exigibilidade de conduta diversa
	Tipicidade
	
	
O finalismo surge na Alemanha em 1930. Seu pai foi Hans Welzel, na obra “O novo sistema jurídico penal”.
Aqui a culpabilidade passa a contar com uma “Teoria Normativa Pura”. A culpabilidade perde o aspecto psicológico. A Culpabilidade não tem mais o dolo e a culpa. Eles agora pertencem à conduta.
A Teoria Normativa Pura pode ser extremada ou limitada, vai depender do tratamento das descriminantes putativas.
Neste sistema o dolo é natural, ou seja, independe da consciência da ilicitude.
Culpabilidade vazia: é a culpabilidade do finalismo, pois a culpabilidade aqui foi esvaziada no tocante aos elementos psicológicos. Ela só tem elementos normativos.
QUESTÃO: Por que quem é clássico tem que obrigatoriamente adotar o conceito tripartido de crime?
No Sistema Clássico o dolo e a culpa estavam alojados na culpabilidade, caso retire a culpabilidade, o crime será sem dolo ou sem culpa.
Já quem é finalista pode ser bipartido ou tripartido, que não vai ter responsabilidade penal objetiva. Porque aqui o dolo e a conduta estão no fato típico. Ou posso tratar como elemento do crime ou como pressuposto.
QUESTÃO: O Código Penal Brasileiro é clássico ou finalista?
O Código Penal Brasileiro é o Decreto 2848/40. Em sua redação original, era clássico. Com a reforma da parte geral, promovida pela Lei 7209/84, o Código Penal Brasileiro passou a ser finalista.
O maior indício disso é o artigo 20, CP, que trata do erro sobre o fato típico, que exclui o dolo. Ou seja, daqui se extrai que o fato está no fato típico (e a culpa também).
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
OBS.: o Código Penal Militar DL 1001/69 é clássico.
SUJEITOS DO CRIME
	Sujeito ativo do crime 
	Sujeito ativo é o autor da infração penal.
	Quem pode ser autor de uma infração penal? Pessoa física capaz com idade igual ou superior a 18 anos.
	
Pessoa jurídica como sujeito ativo	
	E a pessoa jurídica? Pratica infração penal? 3 correntes respondem essa pergunta:
	1ª Corrente: NÃO – pessoa jurídica não pode praticar crime ou ser responsabilizada criminalmente. Para essa corrente a responsabilidade penal da pessoa jurídica ofende:
	a) ofende o princípio da responsabilidade penal subjetiva – porque puniria-se a pessoa jurídica sem analisar dolo e sem culpa. Pessoa jurídica não tem dolo ou culpa. 
	b) ofende o princípio da culpabilidade – a pessoa jurídica não tem potencial consciência da ilicitude, por exemplo.
	c) ofende o princípio da responsabilidade penal pessoal – passa-se a uma responsabilidade coletiva, vedada pela Constituição
	d) ofende o princípio da personalidade da pena – a pena ultrapassa a pessoa do delinquente. 
	2ª Corrente: apenas a pessoa física pratica crime. Entretanto, nos crimes ambientais, havendo relação objetiva entre o autor do fato típico e ilícito e a empresa (infração penal cometida por decisão do seu representante legal ou contratual, onde seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da entidade), admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Conclusão: a pessoa jurídica também pode ser responsabilizada administrativa, civil ou penalmente (apesar de não praticar crime)
	3ª Corrente: a pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto de seus membros, dotado de vontade própria. Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CRFB autorizou a responsabilidade penal do ente coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de culpabilidade para adequá-lo às características da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídica, não significa negar sua responsabilização penal, demandando novos critérios normativos. É certo, porém, que sua responsabilização está associada a atuação de uma pessoa física que age com elemento subjetivo próprio. Conclusão: tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo ser responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.
	Neste caso, a denúncia deve alcançar a pessoa física autora do delito e a pessoa jurídica. Se não se sabe quem é a pessoa física, não pode denunciar a pessoa jurídica. É o sistema da dupla imputação. A denúncia tem que ser ofertada em face da pessoa física e jurídica. A jurídica não pratica crime. Ela vai ser responsabilizada penalmente. Tem que ter alguém praticando o crime ao lado dela. Quem pratica crime, é a pessoa física a mando da pessoa jurídica que será corresponsável. 
	Esse sistema da dupla imputação está no art. 3º da Lei 9605/98:
“Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.”
	“Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.”
	
Qual das três correntes prevalece hoje? A terceira corrente hoje é a adotada pelo STJ. Como é que essa terceira corrente contorna a responsabilidade penal objetiva? Ela admite que a responsabilidade penal da pessoa jurídica é objetiva? Ela diz o seguinte: não é uma corresponsabilidade penal objetiva. O STJ usou a seguinte expressão? A responsabilidade penal da pessoa jurídica é uma responsabilidade penal social. Não é nem objetiva e nem subjetiva. É social.
	INFORMATIVO 565: LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (LEI 9.605/98) Responsabilidade penal da pessoa jurídica Importante!!! É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
Classificação do crime quanto ao sujeito ativo
a) crime comum: o tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente. Admite coautoria e participação
b) próprio: o tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente. Admite coautoria e participação
c) Mão própria: o tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente. Não admite coautoria. Crime de conduta infungível. Tendem a desaparecer com a adoção da teoria do domínio final do fato.
Sujeito passivo da infração 
	É pessoa ou entidade que sofre a consequência da infração penal. 
	Quem pode ser sujeito passivo? Pessoa física, pessoa jurídica ou então, entidades ou entes sem personalidade jurídica (exemplo: crimes contra a família, etc.). Esses crimes cujo sujeito passivo é o ente despersonalizado o delito é chamado de crime vago.
	Pessoa jurídica podeser vítima de extorsão mediante sequestro? Art. 159, do Código Penal:
“Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:”
	Pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro se acabar pagando o resgate é uma pessoa jurídica. Duas são as vítimas: a pessoa física que é levada e a jurídica que dá o dinheiro. Mais do que proteger a locomoção, da qual a pessoa jurídica não pode ser vítima, quem pode pagar o resgate é a empresa. 
	Alguém sequestra o Silvio Santos. Quem paga? O Banco. As vítimas são Silvio (liberdade de locomoção) e o Banco (vítima patrimonial).
Classificação dos crimes quanto ao sujeito passivo
a) constante (formal, mediato, geral ou genérico): O Estado, interessado na manutenção da paz pública e da ordem social.
b) eventual (imediato, material, particular ou acidental): é o titular do interesse penalmente protegido.
Outra Classificação
O sujeito passivo eventual é classificado em
a) comum: o tipo não exige condição especial do ofendido
b) próprio: o tipo exige condição especial do ofendido
QUESTÃO: o que é crime de dupla subjetividade passiva?
R: Crimes que tem obrigatoriamente pluralidade de vítimas. Ex: violação de correspondências
QUESTÃO: morto pode ser vítima de crime?
R: não sendo titular de direitos, não é sujeito passivo de crimes
QUESTÃO: e os animais?
R: Não, embora possam figurar como objeto material do delito.
QUESTÃO: pode o indivíduo ser sujeito passivo e ativo do crime ao mesmo tempo?
R: Em regra, não. Rogério Greco admite exceção: crime de rixa.
OBJETO DO CRIME
OBJETO MATERIAL
	É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
	Não se confunde com sujeito passivo!
QUESTÃO: é possível crime sem objeto material?
R: Nem todo crime tem objeto material. Crimes de mera conduta não tem objeto material Crimes omissivos puros não tem objeto material. Crimes formais podem ou não ter objeto material
OBS: os crimes materiais têm objeto material, pois o resultado necessariamente deve produzir-se sob a pessoa o	u coisa.
A ausência ou impropriedade absoluta do objeto material faz surgir a figura do crime impossível.	
4.2.	Objeto jurídico
	“O objeto jurídico é o interesse tutelado pela norma penal.”
	Não há crime sem bem jurídico tutelado. Todos os tipos penais têm que proteger algum interesse.
 Mas temos tipos penais que protegem mais de um bem jurídico. São os crimes de dupla objetividade jurídica: latrocínio (patrimônio e vida), extorsão mediante sequestro (patrimônio e liberdade). Há pluralidade de interesses protegidos.
FATO TÍPICO
Conceito: é o fato humano (e das pessoas jurídicas nos crimes ambientais) indesejado, que, norteado pelo princípio da intervenção mínima, consistente numa conduta causadora de um resultado que se amolda com perfeição à descrição do tipo penal.
A expressão “fato humano” inclui o fato praticado por pessoa jurídica, com base no art. 225, §3, CF.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Natureza Jurídica: elemento do crime.
Fato Atípico: é aquele que não se ajusta ao tipo penal.
TIPO PENAL: descreve a conduta proibida pela norma, composto de elementos objetivos e, eventualmente, subjetivos.
Elementos objetivos do tipo penal:
a) Descritivos: relacionados com tempo, lugar, modo, meio de execução do crime, descrevendo seu objeto material. Atenção: elementos percebidos pelos sentidos.
 Art. 121. Matar alguem:
b) Normativos: demandam juízo de valor. Atenção: não são percebidos pelos sentidos
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
c) científicos: o conceito transcende o mero elemento normativo, extraindo o seu significado da ciência natural. Atenção: não demanda juízo de valor.
Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5o desta Lei:
Elementos Subjetivos do Tipo Penal: relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente.
a) positivos: elementos indicando a finalidade que deve animar o agente.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
b) negativos: elementos indicando a finalidade que não deve animar o agente.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
ELEMENTOS ou REQUISITOS do Fato Típico:
1 – Conduta;
2 – Resultado (naturalístico);
3 - Relação de causalidade (nexo causal);
4 – Tipicidade.
Estes 4 elementos do fato típico só estarão presentes simultaneamente nos CRIMES MATERIAIS CONSUMADOS (também chamados de “crimes causais” ou, segundo o STF, “crimes de resultado”). Nos demais crimes (formais, de mera conduta ou materiais, na forma tentada), o fato típico só terá 2 elementos: conduta e tipicidade.
CRIME MATERIAL: é aquele em que o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, e exige a produção deste último para consumação. (STF: “crimes de resultado”)
Ex.: Homicídio Conduta: matar alguém. 
Resultado: morte (morte encefálica - Lei 9434/97, art. 3º). 
Em todos os demais crimes (tentados, formais, mera conduta) o fato típico só tem 2 elementos Conduta
 Tipicidade
Atenção! O STF chama os crimes formais e os crimes de mera conduta de “Crimes sem resultado”.
CRIME FORMAL ou “De consumação antecipada” ou “De resultado cortado”: É aquele em que o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, mas dispensa este último para consumação.
Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 159); ameaça (art. 147).
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
CRIME DE MERA CONDUTA ou “De simples atividade”: é aquele em que o tipo penal se limita à descrição da conduta, ou seja, não contem resultado naturalístico.
Ex.: Ato obsceno (art. 233).
 Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Os crimes formais e de mera conduta tem um ponto em comum: ambos se consumam com a prática da conduta. Todavia, possuem uma diferença: nos crimes formais, o resultado naturalístico é dispensável para a consumação, mas ele pode ocorrer. Nos crimes de mera conduta, ao contrário, nunca teremos um resultado naturalístico, pois o tipo penal não permite.
“Exaurimento”: é um instituto inerente aos crimes formais. Se o resultado naturalístico ocorrer, estaremos diante do mero exaurimento.
Conclusão: em todo e qualquer crime o fato típico tem CONDUTA e TIPICIDADE; e nos crimes materiais consumados também entram o resultado naturalístico e a relação de causalidade.
QUESTÃO: Qual é a diferença de um crime formal e um crime de mera conduta?
Crimes formais e de mera conduta pertencem ao gênero de crime que independe de resultado naturalístico. São crimes em que o fato típico possui apenas os elementos conduta e tipicidade. São os crimes, chamados pelo STF, de crimes sem resultado. A diferença é que nos crimes formais o resultado naturalístico não é necessário para consumação, mas ele pode ocorrer (e quando ocorre, estamos diante do exaurimento do crime). Enquanto que, nos crimes de mera conduta o resultado naturalístico jamais ocorrerá (até porque o tipo não prevê). 
1 – CONDUTA:
Não existe um único conceito de conduta. Mas existem algumas teorias que buscam explicar o conceito de conduta.
Teoria Causalista: (também chamada de Teoria Naturalística, Mecanicista ou Causal) adotada pelo Sistema Clássico e pelo Sistema Neoclássico. Para esta teoria, conduta é o comportamento humano voluntário que produz um resultado no mundo exterior. Para esta teoria, a conduta é a fotografia do crime. 
A grande crítica que se faz a esta teoria é que a Teoria Cuasalista é “cega”,pois ela não analisa o querer interno do agente. Ela não faz diferença entra conduta dolosa e culposa. Pois a conduta está no fato típico, enquanto que o dolo e a culpa fazem parte da Culpabilidade.
-Von Liszt, Beling e Radbrunch
- Início do século XIX
- Premissas básicas: marcada por ideais positivistas; segue o método empregado pelas ciências naturais (leis da causalidade); o mundo deveria ser explicado através da experimentação dos fenômenos.
- Trabalha o Direito Penal como se trabalha uma ciência exata (direito observado pelos sentidos)
DICA: o desejo do causalista é que o tipo penal seja composto somente de elementos objetivos descritivos.
-Crime: fato típico, ilicitude e culpabilidade.
-Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos.
Atenção: dolo e culpa são analisados na culpabilidade. De acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento corporal e resultado, porem a vontade não está relacionada com a finalidade do agente, elemento este analisado na culpabilidade.
Tipo Normal ≠ Tipo Anormal: o causalista quer observar a conduta somente em sentidos. O tipo normal permitiria tal observação, por ser composto somente de elementos objetivos descritivos, permitindo observar a conduta somente pelos sentidos. Por outro lado, o tipo anormal é composto de elementos objetivos normativos e\ou subjetivos, não sendo compreendida pelos sentidos.
Críticas à teoria Finalista: 
1- Diz que conduta é movimento voluntário. Quando diz isso, esquece a omissão. 
	Não abrange os crimes omissivos; há requisitos subjetivos que não pertencem à culpabilidade (elementos subjetivos do tipo); a culpabilidade não é só vínculo subjetivo.”
2- Não há como negar a presença de elementos normativos e subjetivos do tipo.
3- Ao fazer a análise do dolo e da culpa somente no momento da culpabilidade, não há como distinguir apenas pelos sentidos, a lesão corporal da tentativa de homicídio.
4- Inadmissível imaginar conduta humana como ato sem finalidade.
Neokantismo (Causal Valorativa): idealizada por Edmund Mezger. Primeiras décadas do século XX.
Base causalista. Fundamenta-se na visão neoclássica (marcada pela superação do positivismo, através da racionalização do método). Reconhece que o Direito é ciência do dever-ser.
Para a teoria neokantista crime também tem três substratos:
Também é fato típico (composto de: conduta, resultado, nexo e tipicidade)
Também é ilicitude
Também é culpabilidade
	O fato típico também é formado de conduta (ao invés de ação da causalista, prefere conduta), resultado, nexo e tipicidade.
	O que vem a ser conduta? Comportamento humano voluntário causador de um resultado.
“A teoria neokantista, ao invés de ação, prefere falar em conduta, abrangendo omissão, não mais neutra, expressando uma valoração negativa da lei.”
DICA: a teoria Neokantista não se prende aos métodos das ciências exatas, não depende somente dos sentidos. Admite elementos não objetivos descritivos nos tipos penal ( elementos normativos e subjetivos)
	Para esta teoria, admite-se elemento normativo do tipo, permanecendo dolo e culpa na culpabilidade. Reparem que para essa teoria, o dolo e a culpa continuam na culpabilidade.
	Importante ter atenção com o seguinte: a teoria neokantista adota os conceitos principais do causalismo, com algumas evoluções. 
Críticas à Teoria Neokantista
1- Permanece considerando dolo e culpa como elementos da culpabilidade.
2- Analisando dolo e culpa somente na culpabilidade, ficou contraditória ao reconhecer como normal elementos normativos e subjetivos do tipo.
	TEORIA CAUSALISTA
	TEORIA NEOKANTISTA
	o direito estrutura-se sobre movimento corporal que produz modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos
	Questiona se é possível apreciar toda a realidade com a ajuda dos métodos das ciências naturais.
	Trabalha com métodos similares aos das ciências exatas
	As ciências naturais explicam parcialmente a realidade (só os fenômenos que se repetem). Não explica os fenômenos individuais
	Conduta = movimento
	Conduta=comportamento
	Não explica os crimes omissivos
	Abrange os crimes omissivos
Teoria Finalista: adotada pelo Sistema Finalista. Para esta teoria, a conduta tem que ser dolosa ou culposa, não basta a conduta existir. A conduta é irrelevante para o Direito Penal. Ela precisa ter dolo ou culpa. A teoria finalista é “vidente”, pois é guiado pelo dolo ou pela culpa.
Conceito finalista de conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (toda conduta é orientada por um querer).
A grande crítica que se faz aqui é que a Teoria Finalista é incompatível com os crimes culposos. 
-Criada por Hans Wezel.
-Meados do século XX.
-Percebe que dolo e culpa estavam inseridas no substrato errado.
-Migrou dolo e culpa para o fato típico.
- Fato típico passa a ter 2 dimensões: objetiva (conduta, resultado, nexo causal, tipicidade penal. Subjetiva (dolo e culpa)
Críticas: 
1- Concentrou a sua teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado.
2- Foi superada. Num primeiro momento, a teoria finalista conceituou conduta como “comportamento voluntário psiquicamente dirigido a um fim ilícito” (não explicando os crimes culposos). O conceito foi corrigido excluindo-se a expressão ilícita.
Atenção: No Brasil foi criada a teoria finalista bipartite = fato típico + ilicitude.
Teoria Social: desenvolvida pelo alemão Johannes Wessels. Não é adotada no Brasil. Esta teoria pega a estrutura finalista e acrescenta o elemento “relevância social”. A vantagem desta teoria é que ela permite suprir a lacuna entre a letra da lei e a realidade social.
A crítica a esta teoria é a insegurança jurídica que ela proporciona.
Teoria FUNCIONALISTA TELEOLÓGICA
	Para o funcionalista teleológico o crime é constituído de:
Fato típico (conduta, resultado, nexo e tipicidade)
Ilicitude e
Reprovabilidade
	A reprovabilidade é composta de imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa e necessidade da pena.
	Para o funcionalismo teleológico, a reprovabilidade entrou no lugar da culpabilidade.
	O que eles fizeram com a culpabilidade? Aqui, a culpabilidade passa a ser limite da pena.
	E o fato típico é composto do quê? Também: conduta, resultado, nexo e tipicidade.
	E o que vem a ser conduta para essa teoria?
	“Para o funcionalismo teleológico, conduta é o comportamento humano orientado pelo princípio da intervenção mínima causador de relevante e intolerável lesão a bens jurídicos tutelados”.
	Isso é importante: 
	1) Dolo e culpa no fato típico. 
	2) O fim do direito penal é resguardar bens jurídicos. 
	3) O funcionalismo trabalha com política criminal.
	Pergunto: O funcionalismo teleológico admite o princípio da insignificância? Admite ou não? O que é conduta para ele? Comportamento humano orientado pela intervenção mínima causador de relevante e intolerável lesão. Se for insignificante, é conduta? Não. Se não é conduta é fato típico? Não. Então ele trabalha com o princípio da insignificância ou não? Sim, porque ele está interessado em resguardar o bem jurídico e se não houve lesão a bem jurídico ele está resguardado.
Críticas à Teoria Funcionalista Teleológica
	A única crítica que se faz a essa teoria é colocar a reprovabilidade como substrato do crime, ao invés da culpabilidade.
Conduta para a Teoria FUNCIONALISTA RADICAL ou SISTÊMICA
	Para essa teoria, o crime também tem três substratos:
Fato típico (conduta, resultado, nexo e tipicidade)
Ilicitude e 
(volta para a) Culpabilidade
	 Conduta, para a Teoria Funcionalista Radical ou Sistêmica, é a provocação de um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.”
	Onde estão o dolo e a culpa para essa corrente? Continuam no fato típico. Daqui não saem mais.
	Para o funcionalismo teleológico, a missão do direito penal é resguardar bens jurídicos e para o funcionalismo radical? É resguardar o sistema. Aquinão se trabalha com política criminal.
	O funcionalista radical admite princípio da insignificância? Não. Ele está preocupado com o sistema. O furto, insignificante ou não, viola o sistema. 
Críticas à Teoria Funcionalista Radical ou Sistêmico
	“Serve aos Estados totalitários”.
	O FUNCIONALISMO – ESTUDO APROFUNDADO
	Vou preparar uma dissertação para vocês:
	Origem: Alemanha, década de 70.
	Finalidade do Funcionalismo: Submeter a dogmática penal aos fins específicos do direito penal e é exatamente aqui que divergem os funcionalistas teleológicos e os sistêmicos/radicais (quanto aos fins do direito penal). Toda dogmática penal, a doutrina penal está ligada ao fim do direito penal.
	Diferenças entre funcionalismo teleológico e radical:
	
	FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO
	FUNCIONALISMO RADICAL OU SISTÊMICO
	Criador
	Claus Roxin
	Günther Jacobs
	Características
	Preocupa-se com os fins do direito penal.
	Preocupa-se com os fins da pena.
	
	Norteado por finalidades político-criminais.
	Leva em consideração somente as necessidades do sistema.
	
	Busca a proteção dos bens jurídicos indispensáveis ao indivíduo e à sociedade.
	Busca a reafirmação da autoridade do direito.
	
	Trabalha com prevenção geral positiva (a pena deve servir como fato de inibição do crime).
	Trabalha com a função geral preventiva da pena.
	
	Cria a imputação do resultado, integrando ao tipo penal.
	Ao descumprir a sua função na sociedade o sujeito deve ser eficazmente punido.*
* Somente assim reafirma-se a autoridade do direito. É aqui que desenvolve a Teoria do Direito Penal do Inimigo. A preocupação de Jakobs não é o bem jurídico indispensável à convivência social, mas o sistema. É a lei como autoridade total.
	O DIREITO PENAL DO INIMIGO DE JAKOBS
	CARACTERÍSTICAS:
Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios – vejam que essa é uma característica do direito penal do inimigo. Ordenamentos que antecipam a culpabilidade, tipificando o que seriam atos preparatórios, estão adotando o direito penal do inimigo. Existe algum caso no Brasil que pune ato preparatório? Para alguns, formação de quadrilha ou bando é a tipificação de atos meramente preparatórios (o professor discorda, acha que são atos executórios de formação de quadrilha). Se concordar com isso, eis aqui uma veia brasileira do direito penal do inimigo. Exemplo: No Brasil, art. 288, do Código Penal.
Criação de tipo de mera conduta (sem causar resultado naturalístico) – Existe crime de mera conduta no Brasil? Como tem! Os homicídios próprios... Então, o Brasil tem crime de mera conduta. Mais uma veia do direito penal do inimigo.
Criação de tipos de perigo abstrato (perigo presumido) – O Brasil tem crime de perigo abstrato? Sim. Lei de Drogas, Estatuto do Desarmamento.
Desproporcionalidade das penas – São penas desproporcionais à gravidade do fato.
Surgimento das chamadas “leis de luta” ou “de combate” – Há exemplos no Brasil disso? Seria uma face do direito penal do inimigo. Uma lei que nasceu pensando em determinados crimes. Lei de Crimes Hediondos. É uma lei de crime ou de combate a crime gravíssimo. Lei de Combate à Organização Criminosa é outro exemplo.
Restrição de garantias penais e processuais – É um direito penal de terceira velocidade, impondo sistemas sem observância das garantias penais e processuais. Temos o direito penal de primeira velocidade e direito penal de terceira velocidade. O que é isso? De primeira velocidade é aquele direito das penas privativas de liberdade. Direito penal de segunda velocidade é o direito penal das penas alternativas. E o direito penal de terceira velocidade, como é o direito penal do inimigo, é o direito penal das penas privativas de liberdade sem observância das garantias penais de proteção.
O direito penal oscila conforme a necessidade das políticas públicas. Quando estou falando em direito penal de primeira velocidade, o cenário era de um mundo do pós-guerra. O mundo foi acalmando e o direito penal também, daí admitir as penas alternativas. De repente, nova velocidade nos acontecimentos mundiais: terrorismo, 11 de setembro, etc. Há um terror internacional. Para combater esse terror internacional, eu tenho que combater com o mesmo terrorismo, não vou respeitar direitos e garantias fundamentais
OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE A CONDUTA
1 – Não há crime sem conduta;
2 – O Direito Penal brasileiro não admite os “crimes de mera suspeita” (aqui o agente não seria punido por sua conduta, mas sim por uma suspeita que ele desperta);
Ex.: Art. 25 da Lei de Contravenções Penais
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima:
RE 583.533: o plenário do STF disse por unanimidade que esta contravenção do artigo 25 é inconstitucional.
FORMAS DE CONDUTA
Ação (Crime Comissivo – normas proibitivas)
 Omissão (Crime Omissivo – normas preceptivas) 
 
CRIMES OMISSIVOS:
O Direito Penal também protege bens jurídicos proibindo a inação de condutas valiosas. Conclusão: Omissão que viola um tipo mandamental. A norma mandamental que determina a ação valiosa pode decorrer: 
a) Do próprio tipo penal: o tipo incriminador descreve a omissão 
b) De cláusula geral: o dever de agir está descrito numa norma geral
# E se o agente desconhece que tem o dever de agir?
R: 1ªC: erro mandamental = erro de tipo (LFG)
2ªC: erro mandamental = erro de proibição (prevalece)
Próprios ou Puros: são aqueles em que a omissão está descrita no próprio tipo penal. Para a sua caracterização basta a não realização da conduta valiosa descrita no tipo
-Em regra, são crimes comuns ou gerais, ou seja, podem ser praticados por qualquer pessoa.
-Não admitem tentativa porque são unissubsistentes (aquele em que a conduta é comporta de um único ato, suficiente para a consumação). Em regra, são de mera conduta.
Impróprios, Expúrios ou Comissivos por omissão: são aqueles onde o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente que descumpre o seu dever de agir (art. 13, §2º) leva à produção do resultado naturalístico. O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado
São crimes próprios ou especiais, pois só podem ser praticados por quem tem o dever de agir.
Crime próprio ou especial é aquele que reclama uma situação fática ou jurídica diferenciada no tocante ao sujeito ativo. Admitem tentativa pois são plurisubsistentes (a conduta é composta de dois ou mais atos que compõem a ação). São crimes materiais.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a)tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Crime de Conduta Mista: fase inicial praticada por ação + fase final praticada por omissão. Ex.: art. 169, § ú, CP;.
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
        Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
        Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
        Apropriação de tesouro
        I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
        Apropriação de coisa achada
        II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
	QUESTÃO 11 - ESCRITA: Explique, também com exemplos, o crime de conduta mista.
R: O crime de conduta mista é composto de uma ação seguida de uma omissão. (Ex: art. 169, p.u., II, do CP)
Atenção:o art.168-A não é crime de conduta mista, isso semrpe cai em concurso!
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
        Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
        Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
        Apropriação de tesouro
        I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
        Apropriação de coisa achada
        II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Teorias sobre a omissão:
a) naturalística: a omissão é um acontecimento que pode ser verificado no mundo fático. Para essa teoria, quem se omite faz algo.
b) normativa: a omissão não é simplesmente um não fazer, mas é um não fazer que a lei determina que seja feito.
Em relação à omissão, o Código Penal Brasileiro adota uma Teoria Normativa da Omissão. Esta teoria diz que a omissão não é simplesmente um “não fazer”, mas sim de “não fazer aquilo que a lei impõe que seja feito”.
CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA:
1 – Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (com a ressalva da PJ nos crimes ambientais);
2 - Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal;
3 – Apenas os atos projetados no mundo exterior ingressam no conceito de conduta. O Direito Penal não se ocupa de idéias, pensamentos. Por isso que a cogitação, também chamada de “claustro psíquico” nunca é punida.
QUESTÃO: Explique o direito à perversão do Direito Penal.
O Direito à perversão é o direito a toda e qualquer pessoa de ser má, de ser perverso, em seus pensamentos. Pois estes pensamentos não podem ser punidos.
EXCLUSÃO DA CONDUTA
a) Caso fortuito e força maior: são acontecimentos imprevisíveis, inevitáveis, em que não há vontade do agente.
Força Maior: fato da natureza ocasionando o acontecimento.
Caso Fortuito: evento que tem origem em causa desconhecida.
b) Movimentos reflexos: são reações fisiológicas do corpo, não há vontade. Ela não pode ser controlada pela vontade.
Movimento reflexo ≠ Ações em curto circuito ≠ Atos habituais
Ação em curto circuito: ação emocional repentina que pode ser controlada pela vontade.
Atos habituais: são comportamentos repetidos pelo agente. Aqui tem vontade, portanto, tem conduta.
c) Sonambulismo e Hipnose
d) Coação física irresistível: o coagido é fisicamente controlado pelo coator. Exclui a conduta, o fato é atípico.
Coação física ≠ Coação moral
Coação MORAL irresistível: exclui a culpabilidade, o fato é típico e ilícito, mas o agente não é culpável.
RESULTADO
Conceito: é o efeito, é a conseqüência, o desdobramento da conduta.
A doutrina utiliza a palavra “evento” como sinônimo de resultado. Porém, o CP utiliza apenas o termo “resultado”.
ESPÉCIES DE RESULTADO
Jurídico/Normativo
Naturalístico/Material
JURÍDICO ou NORMATIVO: é a mera violação da lei penal, com ofensa ao bem jurídico protegido.
NATURALÍSTICO ou MATERIAL: é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta criminosa.
QUESTÃO: Existe crime sem resultado?
Depende de qual resultado estamos falando. Todo crime tem resultado jurídico (ou normativo), pois todo crime viola uma lei penal, ofende um bem jurídico. Mas nem todo crime tem resultado naturalístico (ou material), pois só o crime material tem resultado naturalístico.
TIPICIDADE
Conceito: é um elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime.
Tipicidade PENAL = Tipicidade FORMAL + Tipicidade MATERIAL
Tipicidade FORMAL: analisa se o fato praticado na vida real se encaixa no modelo de crime descrito na norma penal.
Tipicidade MATERIAL: (ou substancial) é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
A tipicidade material é excluída quando se aplica o Princípio da Insignificância.
QUESTÃO: O que é “adequação ao catálogo” no Direito Penal?
É a tipicidade formal.
QUESTÃO: Relacione tipicidade formal, tipicidade material e Princípio da Ofensividade (ou da Lesividade).
O Princípio da Ofensividade diz que o Direito Penal só é legítimo quando a conduta é capaz de lesar ou pelo menos de colocar em perigo um bem jurídico. Nem toda conduta que tem tipicidade formal está de acordo com o P. da Ofensividade. É preciso que o fato tenha também tipicidade material.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
1º – Direito Romano: corpus delicti
Para o Direito Romano, o crime era simplesmente o conjunto de vestígios materiais. Não se fazia a distinção entre tipicidade, ilicitude e culpabilidade. O crime era o corpo de delito. 
2º – 1906: Ernst Von Beling
O Alemão Ernst Von Beling criou a fase da independência do tipo penal. Foi o primeiro a analisar de forma separada a tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
3º – 1915: Max Ernst Mayer
Criou a “Teoria Indiciária da Tipicidade” ou da “Ratio Congnoscend”, que diz que a tipicidade é indício da ilicitude, ou seja, se o fato é típico, presume-se que ele também é ilícito. A tipicidade acarreta na presunção de ilicitude, porém esta presunção é relativa (iuris tantum). Esta teoria ainda é a mais aceita no mundo.
Efeito prático: esta teoria acarreta na inversão do ônus da prova, no tocante às excludentes da ilicitude. A acusação deve provar apenas que o fato é típico, pois, sendo típico, presume-se que é ilícito. De outro lado, se a defesa invocar uma excludente da ilicitude, o ônus da prova será dela.
4º – 1931: Edmund Mezgen
Cria a teoria da “Ratio Essendi” ou “Teoria da Identidade”, que trata a tipicidade como essência da ilicitude. Aqui surge a ilicitude qualificada, que é a tipicidade + a ilicitude. O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO NÃO ADOTOU ESTA TEORIA, portanto, a expressão “injusto penal” adotada por alguns doutrinadores, deve ser entendida apenas como o fato típico e ilícito.
Ilicitude qualificada = tipicidade + ilicitude
Teoria dos Elementos Negativos do Tipo: criada pelo alemão Hellmuth Von Weber, esta teoria diz que as excludentes da ilicitude funcionam como elementos negativos do tipo. Surge aqui o tipo total de injusto.
Teoria da Tipicidade Conglobante: criada por Eugenio Raul Zaffaroni, diz que a tipicidade conglobante é a tipicidade legal (ou penal) + a antinormatividade (que significa que não basta violar a norma penal, é preciso ofender também o ordenamento jurídico como um todo). Ou seja, ele antecipa a análise da ilicitude.
Tipicidade Conglobante = Tipicidade Penal + Antinormatividade
-Tipicidade Penal: adequação do fato praticado na vida real ao modelo legal de crime.
-Antinormatividade: é a relação de contrariedade entre o fato praticado pelo agente e o ordenamento jurídico como um todo.
ADEQUAÇÃO TÍPICA
Conceito: é a tipicidade formal colocada em prática. 
 Imediata 
Adequação típica
 Mediata
Adequação típica IMEDIATA (ou de subordinação imediata): o fato praticado pelo agente se encaixa diretamente no tipo penal. Ou seja, não há necessidade de se utilizar nenhuma outra norma. 
Ex.: homicídio consumado
Adequação típica MEDIATA (ou de subordinação mediata ou adequação típica ampliada ou por extensão): o fato praticado pelo agente não se encaixa diretamente no tipo penal. É preciso utilizar outra norma para existir a tipicidade. Aqui surgem as chamadas “Normas de Extensão da Tipicidade” ou “Normas Complementares da Tipicidade”, que são 3:
1 – Tentativa (art. 14, II, CP) 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente
A tentativa é uma norma de extensão temporal da tipicidade porque permite a aplicação da lei penal ao momento anterior à consumação.
2 – Participação (art. 29, caput, CP) 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade
A participação é uma norma de extensão pessoal da tipicidade porque permite a aplicação da lei penal às pessoas diversas dos autores;
3 – Dever deagir (art. 13, §2º, CP)
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Serve para os crimes omissivos impróprios (espúrios ou comissivos por omissão). Esta é uma norma de extensão da conduta, pois aquela conduta que era praticada inicialmente só por ação, passa a ser também praticada por omissão.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Terminologia: nexo causal.
Relação de causalidade Art. 13 - O resultado leia-se resultado NATURALÍSTICO, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Conceito: é o vínculo que se estabelece entre a conduta e o resultado naturalístico. 
Âmbito de aplicação: o estudo da relação de causalidade só tem relevância nos crimes materiais (ou de resultado).
Teorias relacionadas à Relação de Causalidade:
a) Teoria da Equivalência dos Antecedentes 
ou “Equivalência das Condições” 
ou “Condição Simples” 
ou “Condição Generalizadora” 
ou “Condicio sine qua non”
Esta teoria é a regra geral no Brasil, prevista no artigo 13, caput, CP.ATENÇÃO: a teoria da causalidade adequada é adotada com exceção no §1º do mesmo artigo.
  Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido
Criada por Glaser, mas foi sistematizada em 1873 por Von Buri e Stuart Mill.
Diz que causa é todo e qualquer acontecimento sem o qual o resultado não teria ocorrido (como ocorreu e quando ocorreu). Ou seja, se contribuiu de qualquer modo para o resultado é causa.
Não há diferença entre causa – condição – ocasião.
Crítica: esta teoria permite o “regressus ad infinitum” (regresso ao infinito) que diz que, se tudo for relacionado ao resultado, este ciclo será infinito.
Afastamento da crítica: a relação de causalidade não é somente física, a relação de causalidade é a física (relação de causa e efeito) e a psíquica (dolo ou culpa).
Identificação da causa: é feita pelo método da eliminação hipotética (Thyrén, 1894), depois que o crime foi praticado, volta-se no tempo e, hipoteticamente, elimina-se alguns fatos.
Concausas: (concorrência de causas) é a convergência de causa externa à conduta do agente, e que influi na produção do resultado. Existem concausas dependentes e independentes 
Dependentes
Independentes
DEPENDENTES: derivam da conduta do agente, ou seja, precisam da conduta do agente – elas nunca excluem o nexo causal.
INDEPENDENTES: é quando ela é capaz de produzir por si só o resultado. Elas podem ser absolutas ou relativas. Absoluta é aquela que não tem origem “na conduta do agente” (não está na mesma linha do desdobramento causal), enquanto que a Relativa tem origem na conduta do agente (está na mesma linha de desdobramento causal).
	ABSOLUTAMENTO INDEPENDENTE
	RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
	A cus efetiva do resultado não se origina do comportamento concorrente.
	A causa efetiva do resultado se origina (ainda que indiretamente) do comportamento concorrente.
	Preexistente: a causa efetiva antecede o comportamento concorrente.
	Concomitante: a causa efetiva é simultânea ao comportamento concorrente.
	Superveniente: a causa efetiva posterior ao comportamento concorrente.
Concausas absolutamente independentes:
Preexistentes: (ou “estado anterior”) são aquelas que antecedem a conduta do agente.
Ex.: Fulano, às 20h, insidiosamente, serve veneno para Beltrano. Uma hora depois, quando o veneno começa a fazer efeito, Sicrano, inimigo de Beltrano, aparece e dá um tiro no desafeto. Beltrano morre no dia seguinte em razão do veneno.
 - Causa Efetiva: veneno
- Causa Concorrente: disparo de arma de fogo (causa absolutamente independente do disparo).
Obs: o veneno não se origina do disparo.
Obs: o veneno é preexistente ao disparo. 
Obs: Fulano responde por homicídio consumado.
Obs: E Sicrano, autor do disparo, de acordo com a causalidade simples (art. 13, caput) o resultado morte não pode ser imputado à Sicrano, que responde por homicídio tentado.
Concomitantes: são aquelas simultâneas à conduta do agente.
Ex.: Enquanto Fulano envenenava Beltrano, surpreendentemente surge Sicrano que atira contra Beltrano, causando a sua morte.
- Causa Efetiva: disparo.
- Causa Concorrente: veneno.
Obs: o disparo não se originou do veneno (causa absolutamente independente).
Obs: o disparo e o veneno são comportamentos concomitantes.
Obs: O autor do disparo, Sicrano, responde por homicídio consumado.
Obs: De acordo com causalidade simples, art. 13, caput, o resultado morte não pode ser imputado à Fulano, que responde por homicídio tentado.
Supervenientes: posteriores à conduta do agente.
Ex.: Fulano ministra veneno em Beltrano. Antes do psicotrópico “fazer efeito”, Beltrano, enquanto descansava, viu o lustre cair na sua cabeça. Beltrano morre em razão de traumatismo craniano. 
- Causa efetiva: queda do lustre
- Causa concorrente: envenenamento.
Obs: a queda do lustre não se origina do envenenamento.
Obs: a queda do lustre é posterior ao veneno
Obs: o resultado foi causado pela queda do lustre.
Obs: de acordo com a causalidade simples, art. 13, caput, não pode ser imputado à Fulano, que responde por homicídio tentado.
Efeito Jurídico das concausas absolutamente independentes: rompem o nexo causal. O agente não responde pelo resultado, responde apenas pelos atos praticados. Estas situações são resolvidas pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes. Na concausa ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE (preexistente, concomitante ou superveniente), a causa concorrente deve ser punida na forma tentada
Concausas supervenientes relativamente independentes:
Tem origem na conduta do agente, e produzem por si só o resultado
Preexistentes: são causas anteriores, mas só se manifestam em decorrência direta da ação do agente. Não rompem o nexo causal. O agente responde pelo resultado
Ex.: Fulano, portador de hemofilia é vítima de um golpe de faca executado por Beltrano. O ataque para matar produziu lesão leve, mas em razão da doença preexistente acabou sendo suficiente para matar a vítima.
 - Causa efetiva: hemofilia.
 - Causa concorrente: facada.
Obs: a doença foi despertada pelo golpe de faca (a causa efetiva é relativamente independente da causa concorrente.
Obs: a doença é preexistente
Obs: a morte deve ser atribuída à doença.
Obs: Beltrano, que desferiu a facada, responderá pelo homicídio doloso consumado.
ATENÇÃO! Para evitar responsabilidade penal objetiva, o Direito Penal, em casos como a morte do hemofílico, moderno corrige essa conclusão, de maneira que somente seria possível imputar homicídio consumado ao agente caso ele soubesse da condição de saúde da vítima. Do contrário, haveria tentativa de homicídio.
Concomitantes: não rompem o nexo causal. O agente responde pelo resultado (com base na Teoria da Equivalência dos Antecedentes).
Ex.: Fulano dispara contra Beltrano. Este, ao perceber a ação do agente, tem um colapso cardíaco e morre.
 - Causa efetiva: ataque cardíaco.
- Causa concorrente: disparo.
Obs: o ataque foi disparado pela percepção do disparo.
Obs: o comportamento concomitante.
Obs: o resultado morte foi causado pelo colapso.
Obs: de acordo com a causalidade simples, art. 13, caput, Fulano responde pelo resultado.
ATENÇÃO! Concausa absolutamente independente (superveniente, concomitante ou preexistente) é trabalhada pelo art. 13, caput (causalidade simples). Na concausa relativamente independente preexistente ou na concomitante,igualmente, trabalhamos com o art. 13, caput (causalidade simples). Entretanto, com relação à concursa relativamente superveniente, trabalhamos com o art. 13, §1º, do CP (causalidade adequada).
Supervenientes: as concausas supervenientes relativamente independentes podem ser de dois tipos:
Não produzem por si só o resultado: imperícia médica e infecção hospitalar. Não rompem o nexo causal, o agente responde pelo resultado.
Ex.: A atira em B, que no hospital pega uma infecção e morre. Como se A não tivesse atirado em B, B não teria ido para o hospital, A é responsável pela sua morte.
Produzem por si só o resultado: ambulância e incêndio no hospital. O agente não responde pelo resultado. Estas concausas rompem o nexo causal, pois todo mundo que se encontra nessa situação (dentro da ambulância ou do hospital) morre.
IAL QUED PLERUM QUE ACCIDIT: Máxima da 
Superveniência de causa independente Art. 13  § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Ex.: A atira em B, que, gravemente ferido é levado por uma ambulância para o hospital. Porém, no meio do trajeto, a ambulância se envolve em um acidente e todos morrem.
O problema da causalidade superveniente se resume em assentar, conforme demonstra a experiência da vida, se o fato conduz normalmente a um resultado dessa índole (resultado como consequência normal, provável, previsível do comportamento humano).
b)Teoria da Condição Adequada (ou Causalidade Adequada): esta teoria foi adotada a título de exceção no artigo 13, §1º, CP.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Considera causa a pessoa, fato ou circunstância que, além de praticar um antecedente indispensável à produção do resultado (que para a causalidade simples é o que basta), realize uma atividade adequada à sua concretização.
ATENÇÃO: não bastar perceber que a conduta foi determinante para o resultado, mas que o resultado é consequência normal, provável, essa conduta.
	CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE - “QUE POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO”
	CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE - “QUE NÃO POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO”
	A causa efetiva superveniente não está na linha de desdobramento causal normal da conduta concorrente.
	A causa efetiva superveniente está na linha de desdobramento causal normal da conduta concorrente.
	A Causa efetiva é um evento imprevisível (sai da linha da normalidade)
	A Causa efetiva é um evento previsível (ainda que não previsto)
- não sai da linha da normalidade.
c) Teoria da Imputação Objetiva: Busca delimitar a imputação, sob o aspecto objetivo, evitando o regresso ao infinito gerado pela Teoria da Causalidade.
A solução para evitar o regresso ao infinito da causalidade simples foi acrescentar ao estudo da causalidade o nexo normativo.
Só existe relação de causalidade quando o agente cria ou aumenta um risco proibido. 
Requisitos:
 Criação ou incremento de um risco proibido: Entende-se por risco proibido aquele não tolerado pela sociedade. 
Ex.: “A” deseja provocar a morte de “B”. Então “A” aconselha “B” a fazer uma viagem para Flórida, pois lá, ultimamente, vários turistas têm sido assassinados. “A” planeja que “B” também tenha este destino. “B”, que nada ouviu sobre os casos de assassinatos na Flórida, faz a viagem de férias, e, de fato, é vítima de um delito de homicídio.
	TEORIA DA CAUSALIDADE
	TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	A conduta de “A” é causa da morte de “B”.
	Já de acordo com a Teoria da Imputação Objetiva, a conduta de “A” não é causa, por falta de criação de risco, uma vez que, segundo a prognose póstuma subjetiva, um observador prudente, avaliando a situação sob uma perspectiva ex ante, não teria porque considerar uma viagem para Flórida perigosa.
	MP/MG: Em que consiste (e em que contexto da Dogmática Penal se situa) o critério da prognose póstuma-objetiva?
R: Encontra-se situada no fato típico, mais precisamente no nexo causal, dentro da Teoria da Imputação Objetiva, em seu requisito “risco proibido”.
A identificação do risco proibido se dá através da prognose póstuma-objetiva, isto é, uma ação será considerada perigosa ou criadora de risco se o juiz, levando em conta os fatos conhecidos por um homem prudente no momento da conduta, diria que esta gera uma possibilidade real de lesão a determinado bem jurídico.
Realização do risco no resultado: O resultado deve estar na linha de desdobramento causal normal da conduta. 
Ex.: Fulano dispara contra Beltrano visando matá-lo. Beltrano, gravemente ferido, é levado até o hospital. Beltrano morre em razão de erro médico.
	CAUSALIDADE
	IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	Fulano é causa adequada da morte de Beltrano (o erro médico é causa relativamente independente superveniente que não por si só causou o resultado)
	Analisa se o resultado é produto exclusivo do erro médico ou se existe combinação do erro médico com disparo.
	Fulano responde por homicídio doloso
	Se o resultado é produto exclusivo do erro médico, só pode ser atribuído ao autor desse risco.
Ex.: Paciente, depois da cirurgia, durante sua recuperação no hospital, por negligência do médico, recebe remédio em dose excessiva, causando a sua morte.
	O médico responde por homicídio culposo.
	Quando o resultado é produto combinado de ambos os riscos (lesões em razão do disparo e falha médica), então pode ser atribuído aos dois autores. Ex.: A falha médica ocorre durante a cirurgia para estancar hemorragia na vítima. 
Resultado dentro do alcance do tipo: O perigo gerado pelo comportamento do agente deve ser alcançado pelo tipo, modelo de conduta que não se destina a impedir todas as contingências do cotidiano.
 Ex.: Fulano atira em Beltrano para matar. A vítima é socorrida e transportada numa ambulância para cirurgia de emergência. No trajeto, a ambulância, em alta velocidade, colide contra um poste, matando o paciente.
	TEORIA DA CAUSALIDADE
	TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	Fulano é causa adequada da morte (o acidente é concausa relativamente independente superveniente que não por si só causou o resultado)
	Fulano não é causa normativa da morte, pois a morte de Fulano por acidente de trânsito não se encontra no alcance do artigo 121 do CP.
Não é objetivo do art. 121 do CP prevenir mortes por acidentes que não estejam sob domínio do autor de um disparo.
	Fulano responde por homicídio doloso consumado.
	Fulano responde por homicídio tentado.
Não foi adotada pelo CP, é uma mera proposta doutrinária (mas já foi utilizada pelo STJ, por ser mais protetiva ao réu, e para proteger o réu não precisa de previsão legal).
	CAUSALIDADE
	IMPUTAÇÃO OBJETIVA
	Existe causalidade objetiva quando presente o nexo físico (mera relação de causa e efeito)
	A causalidade objetiva precisa analisar.
Nexo físico e Nexo normativo
a) criação ou incremento de risco proibi
do
b)realização do risco no resultado
c) resultado dentro do alcance do tipo
	Presente a causalidade objetiva, deve-se analisar o dolo e culpa (evitando a responsabilidade penal objetiva)
	Presentes os nexos físico e normativo, deve-se analisar dolo e culpa.
	MP/DFT: Discorra sobre a causalidade nos crimes omissivos. CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS 
Lembrando: os crimes omissivos dividem-se em próprios e impróprios
CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS
Ex.: Omissão de socorro (art. 135 C.P.). 
Nesses casos a lei prevê e pune a inação. 
Conclusão: basta o agente não agir, podendo o fazer sem risco pessoal, para que a lei puna o agente. São delitos de mera conduta, bastando ao gente não agir para a tipificação do fato.
Nos crimes de mera inação não se questiona o nexo de causalidade, pois são desprovidos de resultado naturalístico.
Atenção! Em determinados crimes omissivos próprios, é possível ligá-los a resultadosnaturalísticos que funcionam como qualificadoras. Nessas hipóteses, é indispensável comprovar a relação de causalidade (de não impedimento) entre a omissão e o resultado ocorrido. 
“Omissão de socorro Art. 135 C.P. - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.” 
2) CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS 
Ex.: Mãe deixa de alimentar filho de tenra idade, que vem a falecer. 
Pune-se o omitente como se tivesse praticado ativamente o resultado (crime comissivo por omissão). Existe resultado naturalístico.
Relevância da Omissão: prevista no artigo 13, §2º, CP, a Relevância da Omissão também é chamada de Omissão Penalmente Relevante. Só é aplicada em crimes omissivos impróprios (espúrios ou comissivos por omissão).
Art. 13. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; DEVER LEGAL
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;  GARANTIDOR
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado INGERÊNCIA
Este artigo deixa claro que o CP adota a Teoria Normativa da Omissão: a omissão não é simplesmente um não fazer, mas sim um “não fazer aquilo que a lei determina que seja feito”.
Quanto às hipóteses do dever de agir, o CP adota um Critério Legal/Legislativo: significa que as hipóteses do dever de agir estão expressamente previstas na lei.
Alberto Silva Franco e Rui Stocco defendem o Critério Judicial, que seria se as hipóteses do dever de agir não estivessem previstas na lei. O juiz que deveria dizer no caso concreto (Posição Minoritária). Porém, esse critério causaria muita insegurança jurídica.
HIPÓTESES DO DEVER DE AGIR
a) DEVER LEGAL: é aquele imposto pela lei a determinadas pessoas. Seja a título de dolo ou culpa.
Ex.: pais em relação aos filhos menores, o policial em relação aos cidadãos, bombeiro em relação ao banhista se afogando.
Quando o CP utiliza a palavra lei, ele seguiu a chamada Teoria das Fontes, ou seja, a palavra “lei” tem que ser interpretada em sentido amplo, tem que ser interpretada pela ordem jurídica “lato sensu”.
b) GARANTIDOR: garantidor da não ocorrência do resultado. A expressão “de outra forma” significa qualquer outra forma que não a lei. Pode derivar de um contrato, mas este contrato não é necessário. Caso a figura do garantidor decorra de Contrato de Trabalho, o dever de agir permanece enquanto o agente permanece no local de trabalho, mesmo que já encerrado o horário de trabalho.
Ex.: babá e o bebê, enfermeira e a idosa que é cuidada por ela, professor e aluno, pessoa que aceita ficar de olho nas coisas de alguém que vai dar um mergulho na praia.
c) INGERÊNCIA ou SITUAÇÃO PRECEDENTE: quem cria uma situação de perigo tem a obrigação de impedir o resultado.
Ex.: um amigo, em um churrasco, joga o outro na piscina. Mas o outro não sabe nadar. O amigo então tem o dever de salvá-lo.
QUESTÃO: Se o agente tinha o dever de agir ele responde automaticamente pelo crime?
Não. Não basta o dever de agir, é preciso que ele também possa agir no caso concreto. A lei não pode obrigar ninguém a ser herói, ou seja, a sacrificar a própria vida para salvar o outro. DEVER DE AGIR + PODER DE AGIR
TEORIA DO TIPO PENAL
Conceito de Tipo Penal: é o modelo genérico e abstrato / previsto na lei penal que / descreve a conduta proibida ou permitida.
Tipos incriminadores ou legais: descrevem as condutas proibidas. Estão todos previstos na parte especial do CP e na legislação extravagante. Não existe nenhum tipo incriminador na parte geral do CP.
Tipos permissivos ou justificadores: descrevem as condutas permitidas. São as causas de exclusão da ilicitude. Estão previstos na parte geral e também na especial e na legislação extravagante. Ex.: art. 128 – hipóteses do aborto permitido.
Tipo ≠ Tipicidade
TIPO: modelo de crime. Segundo Zaffaroni, tipo é a figura que resulta da imaginação do legislador.
TIPICIDADE: juízo de adequação entre o fato e o tipo. Tipicidade é a operação efetuada para analisar se a conduta apresenta os caracteres imaginados pelo legislador (Zaffaroni).
FUNÇÕES DO TIPO PENAL
a) Função de GARANTIA: blinda o indivíduo contra o arbítrio do Estado (STF Inq. 1145).
Franz Von Liszt: “o Código Penal é a Magna Carta do delinqüente”
b) Função FUNDAMENTADORA: é o oposto da função de garantia. O tipo penal fundamenta o direito de punir do Estado.
c) Função SELETIVA: tem a ver com o caráter fragmentário do Direito Penal (o DP não pode punir qualquer conduta, ele deve selecionar as mais importantes).
ESTRUTURA DO TIPO PENAL
NÚCLEO: é um verbo, que é o ponto de partida do tipo penal (também chamado de “ação nuclear”). 
Ex.: “matar” em “matar alguém”.
ELEMENTOS ou Elementares: depois do núcleo, o legislador acrescenta elementos ou elementares, que são os dados que formam a modalidade básica do crime.
Elementos OBJETIVOS/DESCRITIVOS: são aqueles elementos que revelam um juízo de certeza, porque podem ser compreendidos por qualquer pessoa.
 Ex.: “alguém” em “matar alguém”.
Elementos SUBJETIVOS: são aqueles que dizem respeito a uma especial finalidade buscada pelo agente. 
Ex.: para si ou para outrem em “subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem”. Ou seja, é o dolo + elemento subjetivo. É o fato de a pessoa subtrair com intenção de não mais devolver, não simplesmente subtrair para simples uso.
Elementos NORMATIVOS: é aquele cuja compreensão reclama um juízo de valor.
Ex.: ato obsceno
Divide-se em dois grupos:
Elementos Normativos Jurídicos ou Impróprios: são aqueles que traduzem conceitos próprios do Direito. 
Ex.: “Duplicata”, “Funcionário Público” etc.
Elementos Normativos Extrajurídicos, Culturais ou Morais: são conceitos de outras áreas de conhecimento, que não do Direito.
Ex.: “fogo”, “veneno” (é a Química que determina qual substancia é considerada veneno).
Elementos MODAIS: poucos autores utilizam esta classificação. Para eles, elementos modais são aqueles que dizem respeito a condições específicas de tempo, local e modo de execução do crime.
Ex.: infanticídio – não pode ocorrer a qualquer momento, apenas em estado puerperal.
CIRCUNTÂNCIAS: são os dados que se agregam ao tipo fundamental para o fim de aumentar ou diminuir a pena. 
Em regra, os tipos fundamentais geralmente estão no caput e os tipos derivados nos parágrafos.
Porém, existe o crime de Excesso de Exação, por exemplo, que está inteiramente descrito no §1º do artigo 316/CP.
ESPÉCIES/CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS
Tipo NORMAL: (Neutro, Avalorado ou Acromático) é aquele que contém apenas elementos objetivos. 
Ex.: Homicídio – “matar alguém”.
Tipo ANORMAL: É aquele que, alem do núcleo e dos elementos objetivos, também contém elementos subjetivos e/ou normativos.
Tipo FECHADO: (ou Cerrado) é o que apresenta uma descrição detalhada, minuciosa, completa da conduta criminosa.
Ex.: crime de furto
Tipo ABERTO: não apresenta uma descrição detalhada da conduta. Contém elementos normativos.
Ex.: crimes culposos
Tipo CONGRUENTE: perfeita congruência entre a vontade e a conduta.
Ex.: crime doloso consumado.
Tipo INCONGRUENTE: não há coincidência entre a vontade do agente e o resultado produzido
Ex.: crimes culposos.
Tipo PREVENTIVO: é o tipo penal que prevê os chamados crimes obstáculo.
Crimes OBSTÁCULO: é aquele que a lei incrimina de forma autônoma, são atos preparatórios para crimes, mas que são considerados por si só.
Tipo SIMPLES: é aquele que contem um único núcleo (único verbo).
Tipo MISTO:contém dois ou mais núcleos. 
Este tipo se divide em dois:
Misto ALTERNATIVO: se o agente praticar dois ou mais núcleos em relação ao mesmo objeto material ele responde por um único crime.
Ex.: tráfico de drogas – art. 33, caput, Lei 11.343/06.
Misto CUMULATIVO: se o agente praticar dois núcleos, ele responde pelos dois crimes em concurso material.
Ex.: art. 244/CP – abandono material.
Finalismo: (elementos da conduta) dolo natural
Causalismo: (integra a culpabilidade) dolo normativo
QUESTÃO MP/MG: Diferencie dolo natural do dolo normativo 
R: Dolo normativo ou híbrido ou colorido: adotado pela teoria neoclássica ou neokantista, essa espécie de dolo integra a culpabilidade, trazendo, a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo natural. Dolo natural ou neutro: é o dolo componente da conduta, adotado pela teoria finalista. O dolo pressupõe apenas consciência e vontade.
DOLO
É a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no tipo penal.
ATENÇÃO: noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo o resultado e demais circunstancias da infração penal para evitar a responsabilidade penal objetiva.
ELEMENTOS DO DOLO:
a) volitivo: vontade de praticar a conduta descrita na norma.
b) intelectivo: consciência da conduta e do resultado.
ATENÇÃO: não raras vezes, percebemos a doutrina conceituando dolo como: vontade + livre + consciente a liberdade ou não da vontade não é elemento do dolo, mas circunstancia a ser analisada na culpabilidade.
TEORIAS SOBRE O DOLO
a) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: para existência do dolo, basta a previsão do resultado. Esta é a teoria adotada na Culpa Consciente.
b) TEORIA DA VONTADE: é preciso que o agente queira produzir o resultado.
c) TEORIA DO CONSENTIMENTO: (do Assentimento ou da Anuência) existe o dolo quando o agente assume o risco de produzir o resultado. Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento não mais abrange a culpa consciente.
O Código Penal Brasileiro adotou as Teorias da Vontade e do Consentimento (art. 18, I):
Art. 18 - Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado TEORIA DA VONTADE ou assumiu o risco de produzi-lo; TEORIA DO CONSENTIMENTO
ESPÉCIES DE DOLO
Dolo NORMATIVO ou HIBRIDO: adotado pela teoria Neoklássica ou Neokantista, essa espécie de dolo integra a culpabilidade trazendo, a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo natural.
Dolo NATURAL ou NEUTRO: é o dolo componente da conduta, adotado pela teoria finalista. O dolo pressupõe apenas consciência e vontade.
Dolo DIRETO: (Determinado ou Incondicionado) o agente quer um resultado determinado, a vontade dele se dirige a uma única direção.
Dolo ALTERNATIVO: o agente quer produzir com igual intensidade um ou outro resultado. É punido pelo crime mais grave, consumado ou tentado.
Ex.: atirar para matar ou ferir, mesmo se só ferir, responde por tentativa de homicídio.
a) subjetivo: ocorre quando a vontade indeterminada envolver vítimas diferentes de um mesmo resultado.
b) objetivo: ocorre quando a vontade indeterminada estiver relacionada com o resultado em face da mesma vítima.
Dolo EVENTUAL: o agente não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo. O agente prevê a pluralidade de resultados dirigindo a sua conduta para realizar um deles, assumindo o risco de realizar o outro.
Reinhart Frank criou a Teoria Positiva do Conhecimento para explicar o dolo eventual: “seja qual for, der no que der, eu não vou deixar de agir”.
Atenção! O Código Penal equipara todas essas modalidades de dolo. Ou é dolo ou não é dolo. Não tem grau nem intensidade. Não se pode dizer que o dolo Direto é mais grave que o Alternativo, por exemplo. 
	DOLO ALTERNATIVO
	DOLO EVENTUAL
	Resultados previstos são igualmente queridos.
	Os resultados previstos não são todos queridos.
Dolo CUMULATIVO: o agente pretende alcançar 2 resultados em sequencia. Obs: hipótese de progressão criminosa.
	DOLO ALTERNATIVO
	DOLO CUMULATIVO
	Agente quer ferir ou matar.
	Agente que ferir depois matar.
Dolo de SEGUNDO GRAU: (ou De conseqüências necessárias) Nome proposto por Claus Roxin, o agente almeja um resultado, mas aceita atingir outros objetos também. Obs: o dolo de 1º grau é o direto.
Ex.: matar um piloto de avião enquanto ele pilota – o agente aceita matar todos os outros passageiros também.
	DOLO DE 2º GRAU
	DOLO EVENTUAL
	Espécie de dolo direto
	Espécie de dolo indireto
	Resultado paralelo é certo e inevitável
	 Resultado paralelo é incerto e eventual
	Ex: abater avião para matar piloto (em relação aos demais passageiros verifica-se o dolo de 2º grau)
	Ex: atirar contra carro em movimento para matar motorista \ demais passageiros: morte incerta.
	MP/GO: Explique dolo de 3º. Grau
R: Dolo de 1º grau: é o dolo direto. 
Dolo de 2º grau: espécie de dolo direto, porém a vontade do agente se dirige aos meios utilizados para alcançar determinado resultado. Abrange os efeitos colaterais, de verificação praticamente certa, para gerar o evento desejado. O agente não persegue imediatamente esses efeitos colaterais, mas tem por certa sua superveniência, caso se concretize o resultado pretendido.
Dolo de 3º grau: temos doutrina reconhecendo o dolo de terceiro grau, consistente na consequência da consequência necessária.
Ex: quero matar o passageiro Fulano. Coloco uma bomba no avião. Mato Fulano e os demais passageiros. Uma tripulante estava grávida. Para esta corrente, o aborto seria o dolo de 3º grau.
Crítica: não existe dolo de 3º grau: ou o agente sabia que uma passageira era gestante ,e o aborto se insere no âmbito do dolo de 2º grau, ou não sabia, não respondendo pelo aborto, para evitar responsabilidade penal objetiva.
	MP/RJ: MP denuncia Fulano por crime culposo, indicando ter havido imprudência. Durante a instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência. O juiz pode condenar Fulano ou deve enviar os autos para o MP aditar a inicial?
R: Alteração na forma da violação do dever de cuidado, implica em nova imputação, sendo imprescindível mutatio libelli.
Dolo GENÉRICO: (no Sistema Clássico é o dolo) diz respeito à realização do núcleo do tipo.
Dolo ESPECÍFICO: É o que o Finalismo chama de elemento subjetivo do tipo ou elemento subjetivo específico. É a finalidade específica buscada pelo agente. Ex.: não basta o dolo de subtrair, é preciso subtrair para si ou para outrem.
Dolo de PRÓPÓSITO (ou Refletido): é o que resulta da reflexão do agente. Está presente nos crimes premeditados.
Dolo de ÍMPETO (ou Repentino): é aquele que deriva de uma explosão emocional repentina. Comum nos crimes passionais.
Dolo PRESUMIDO (ou “In re ipsa”): o Direito Penal brasileiro não admite o dolo presumido. O dolo deve ser provado. O dolo presumido, na verdade, nada mais é do que uma responsabilidade penal objetiva.
Dolo GERAL (ou Dolo por erro sucessivo ou Dolus generalis): o agente pratica uma conduta e acredita ter alcançado o resultado desejado. Em seguida, ele realiza uma nova conduta com finalidade diversa e posteriormente se descobre que foi esta segunda conduta que produziu a consumação.
CRIME CULPOSO
Consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária.
Dica: consultar o art. 33 do CPM.
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

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