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Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 1\56 Curso Técnico Comércio Exterior Disciplina: Acordos e Barreiras Comerciais Professor: José Carlos Meca Vital Apostila da disciplina de Acordos e Barreiras Comerciais, – ministrado pelo professor José Carlos Meca Vital. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 2\56 Sumario e Conteúdo da disciplina Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 3\56 Capitulo 1 1. Visão Geral do Comercio Internacional O comércio internacional ou comércio exterior é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande parcela do PIB. O comercio internacional sempre esteve presente na vida do ser humano, com sua importância econômica, social e politica e com o passar do tempo ocorreu os avanços; tais como; industrial; transportes; globalização; empresas multinacionais. Os avanços internacionais fortaleceram-se com o fenômeno da globalização. 1.1. Globalização Globalização corresponde ao envolvimento de várias economias no mercado internacional, ou a interdependência comercial entre os países, que pode ser percebida por meio do acelerado crescimento de intensas relações comerciais, turismos internacionais e investimentos multinacionais, nos meio de comunicação e transporte. A Globalização atinge as culturas, que muitas vezes são alteradas em seu modo de vestir, comer, divertir, além da música, cinema e outros. A expressão "globalização" tem sido utilizada mais recentemente num sentido marcadamente ideológico, no qual se assiste no mundo inteiro a um processo de integração econômica, caracterizado pelo predomínio dos interesses financeiros, pela desregulamentação dos mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono do estado de bem-estar social. Esta é uma das razões dos críticos acusarem a globalização de ser responsável pela intensificação da exclusão social (com o aumento do número de pobres e de desempregados) e de provocar crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de poupadores e de pequenos empreendimentos. O termo globalização dá margem a muitas interpretações, especialmente porque não está restrito a uma área de conhecimento ou a uma disciplina específica. Erroneamente interpretada como sendo um “fenômeno” exclusivamente social, quando na verdade possui sua origem e motor no âmbito econômico. Para muitos historiadores, é um processo que tem início com as Grandes Navegações; para os juristas, remete à expansão do Império Romano ou, ainda, para os economistas, restringe-se a um processo ligado à liberalização da economia e ao crescimento das trocas internacionais. Para a geografia, segundo Milton Santos no texto: Por uma outra globalização, “trata-se de um período que é mais facilmente identificável nas crises econômicas, política e social, ocorridas no decorrer dos anos 70. 1.2. Cinco enfoques na Globalização Segundo Leandro Valente em seu artigo publicado no site www.administradores.com.br dia 02/08/08, sob o ponto de vista econômico, a abordagem resume-se principalmente a cinco enfoques: financeiro, comercial, produtivo, institucional e de governabilidade. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 4\56 1.2.1. Enfoque Financeiro O sistema financeiro é a parte da economia com o maior grau de internacionalização. Por esta razão, o aspecto mais frequentemente associado à ideia de globalização; significa aumento do volume e/ou da velocidade de circulação dos recursos entre as diversas economias. O aspecto positivo desse processo é a superação das barreiras anteriormente impostas ao movimento internacional dos capitais. O lado negativo é a maior exposição dos países aos riscos de movimentos especulativos em grande escala, a exemplo do que ocorreu a partir de julho de 1997; quando a Tailândia foi induzida a deixar flutuar sua moeda, ponto de partida para a crise asiática ou ainda a crise imobiliária americana que desencadeou uma instabilidade no mercado mundial e que muito se assemelha em alguns aspectos, com a quebra da bolsa americana em 1929. 1.2.2. Enfoque Comercial Com a globalização, a competição passa a ocorrer em escala mundial e não dentro de cada país. Há uma crescente homogeneidade das estruturas de oferta e demanda, possibilitando o surgimento de ganhos de escala e uniformização das técnicas produtivas e administrativas e a redução do ciclo do produto, ao mesmo tempo em que em muda o eixo focal da competição de concorrência em termos de produto para competição em tecnologia de processos. Como consequência, a competitividade na fronteira tecnológica passa a implicar custos cada vez mais elevados gerando mecanismos de consulta frequente aos clientes, para provisão de assistência técnica e adaptações da linha de produção. A competição passa a ocorrer em escala mundial, com as empresas frequentemente reestruturando sua atividade em termos geográficos, e sendo beneficiadas tanto pelas vantagens comparativas de cada país como pelo próprio nível de competitividade de cada empresa. 1.2.3. Enfoque Produtivo Do ponto de vista do setor produtivo, observa-se uma convergência das características do processo produtivo nas diversas economias (que se traduz na semelhança do tipo de técnicas produtivas, de estratégias administrativas de métodos de organização do processo produtivo, etc.). Entretanto, não existe consenso quanto aos efeitos da globalização sobre a estrutura produtiva. Ao mesmo tempo em que se argumenta que ela pode estimular a consolidação de oligopólios em nível mundial, a evidência disponível questiona essa tendência à concentração por empresa. O que se observa até agora é o crescimento do número de empresas que operam no mercado internacional, mas o seu raio de ação predominante (salvo empresas de grande porte internacional) é circunscrito às regiões próximas ao país de origem de sua matriz. Por enquanto, poucas empresas poderiam ser classificadas como transnacionais (multinacionais ou transnacionais são corporações industriais, comerciais e de prestação de serviços que possuem matriz num país e atuação em diversos países e distintos territórios dispersos no mundo, ultrapassam os limites territoriais dos países de origem das empresas com a instalação de filiais em outros países em busca de mercado consumidor; energia; matéria-prima e mão de obra barata). 1.2.4. Enfoque Institucional Devido à globalização,há uma tendência a uma maior homogeneidade dos sistemas de regulação da atividade econômica nos diferentes países. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 5\56 Isso significa que as relações entre os setores público e privado tendem a ser cada vez mais uniformes. As políticas comerciais do Japão e dos Estados Unidos servem como exemplo. Tradicionalmente, a economia japonesa era considerada fechada, enquanto os Estados Unidos constituíam referência de liberalismo comercial. Nos últimos anos, no entanto, o Japão tem caminhado para uma maior abertura, enquanto que a economia norte-americana caminha em sentido oposto. Com o passar do tempo, acredita-se que se tornarão bastante semelhantes. 1.2.5. Enfoque Governabilidade A globalização retira graus de liberdade dos governos na condução das políticas fiscal, monetária, cambial, e outros, reduzindo a soberania econômica e política das nações. Pode-se chegar a uma situação em que os efeitos dos instrumentos convencionais de política econômica sejam neutralizados pela dinâmica do mercado global. Um bom exemplo é a política salarial. A globalização induz a manutenção: via repressão salarial ou outras formas de custos reduzidos como forma de manter a competitividade no mercado internacional. Com isso, a capacidade dos governos de proporcionar garantias sociais aos trabalhadores declina, bem como o poder dos sindicatos nas barganhas salariais. 1.2.5.1. Politica Fiscal e Déficit Publico. a. O Crescimento da Participação do Setor Público na Atividade Econômica b. Crescimento da renda per capita - gera um aumento da demanda de bens e serviços públicos (lazer, educação superior, medicina, e outras). c. Mudanças Tecnológicas: Maior demanda por rodovias e infraestrutura. d. Mudanças Populacionais: Com seu aumento, faz com que o Estado aumente sua despesa com educação, saúde, e outros. e. Efeitos de Guerra: A participação do Estado aumenta. f. Mudanças da Previdência Social 1.3. Teoria Mercantilista Mercantilismo são a teoria e prática econômica que defendiam, do século XVI a meados do XVII, o fortalecimento do estado por meio da posse de metais preciosos, do controle governamental da economia e da expansão comercial. Os principais promotores do mercantilismo, como Thomas Mun na Grã-Bretanha, Jean-Baptiste Colbert na França e Antônio Serra na Itália, nunca empregaram esse termo. Sua divulgação coube ao maior crítico do sistema, o escocês Adam Smith, em The Wealth of Nations (1776; A riqueza das nações). A riqueza dos países era medida por estoque de metais preciosos. 1.3.1. Para ampliar a riquezas a. Aumento de produção interna (produtividade/novas fontes) b. Novas Minas em novos países (expansão territorial) Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 6\56 Recebimento de exportações feito através do ouro. Quanto mais se exportava mais ouro se recebia. Recomendação mercantilista era a manutenção constante de superávit. 1.3.2. Superávits a. Aumento do poderio Militar; b. Novas conquistas territoriais: I. Ex.: Grandes Navegações 1.3.3. Déficits Importações eram vistas como suspeitas, pois geravam a evasão de metais, como forma de pagamento. 1.3.4. Teoria do Equilíbrio Automático da Balança Comercial Filósofo Inglês David Hume (Séc. XVIII): a. Comércio tendo com pagamento metais preciosos. b. Estoques Altos: Superávit I. Estoques Baixos: Déficit c. Pressuposto simplificador: somente circula no mercado, moedas de ouro, papel dos bancos é desprezível. d. Excesso de moeda significa excesso de liquidez; gastasse mais moeda para comprar, Inflação. e. Falta de moeda significa falta de liquidez; gastasse menos moeda para comprar, Deflação. f. Aumento de preços domésticos: a. Exportação diminui b. Importação Aumenta g. Redução de Preços Domésticos: a. Exportação Aumenta b. Importação Diminui h. A Balança Comercial se equilibra automaticamente, dadas as variações de Exportação / Importação. 1.3.5. Teoria das Vantagens Comparativas Absolutas a. Adam Smith (1723-1790) – Filósofo Escocês, intitulado o pai da Economia. Autor do clássico, “A Riqueza das Nações”. b. Baseada na renda per capta (PIB/Nro de habitantes): I. Quanto maior a renda; mais rico é o país. II. A renda Per Capta depende da divisão do trabalho. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 7\56 1.3.6. Teoria das Vantagens Comparativas Absolutas Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 8\56 Capitulo 2 2. Relação Internacional O comércio internacional é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande parcela do PIB. O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos. (fonte: Wikipédia) Segundo Marinho e Pires, 2002,15; Comércio internacional é o conjunto de operações de intercâmbio de bens e serviços e/ou movimento de capitais entre os diversos países e/ou blocos econômicos, amparado em regulamentações internacionais. O comércio internacional é composto por todas as operações de importação e de exportação, realizadas para os países, em que foi realizado negocio. A soma de todos os valores exportados e importados é denominada corrente de comércio global. (fonte: Paulo Werneck, - Comércio Exterior – 2005) 2.1. Abordagem da Economia Internacional a. Trata da interdependência econômica entre nações (afetada pelas relações políticas, sociais, culturais, militares); b. Fluxo de bens, serviços e o pagamento de uma nação e o resto do mundo e políticas para regular esses fluxos; c. Abordagem microeconômica: teorias e políticas do comércio internacional analisam situações individuais das nações e produtos específicos; d. Abordagem macroeconômica da economia internacional: mercado de câmbio, balanço de pagamentos e políticas de ajuste que afetam renda interna, preços: macroeconomia aberta ou finanças internacionais; e. A análise econômica internacional difere de econômica regional. 2.2. Importância da Economia Internacional a. Exportação para gerar divisas e empregos; b. Consumo produtos importados e nacionais com componentes importados; c. Países não são autos suficientes; d. Benefícios mútuos mesmo quando um país é mais eficiente que o outro; e. Permite produzir produtos de recursos abundantes e importar produtos de recursos escassos; f. Países podem se especializar em certos bens ou serviços; g. Podeexistir prejuízo para determinados grupos dentro do país: proprietários de recursos específicos que concorrem com importados; h. Pode alterar distribuição de renda entre trabalho e capital. 2.3. Padrão de Comércio e Padrão de Vida 2.3.1. Padrão de Comércio a. O que se vende? Para quem? I. Papel do economista: procurar entender e explicar. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 9\56 2.3.1.1. Explicações: 1. David Ricardo – produtividade do fator de trabalho. 2. Heckscher Ohlin: oferta relativa dos fatores capital, trabalho e terra. O uso relativo desses fatores para a produção de determinados bens. 2.3.2. Padrão de Comércio a. Nível de renda e bem estar das nações; b. Reflete e influencia o padrão do comercio. 2.4. Problemas econômicos internacionais a. Protecionismo comercial em países industrializados; b. Flutuações excessivas e grandes desequilíbrios nas taxas de câmbio; c. Desemprego; d. Insegurança; e. Reestruturação de antigas economias de planejamento central; f. Pobreza e concentração da renda. 2.5. O que são e para que serve as Negociações Comerciais Internacionais? As negociações comerciais internacionais são foros em que diversos países reúnem-se para discutir novas regras para o comércio de produtos e serviços. As negociações servem sobre tudo para possibilitar a liberalização do comércio entre os países e para garantir um ambiente mais seguro para produtores e investidores. 2.6. Quais são as vantagens que o Brasil tem em participar das Negociações Internacionais? As vantagens obtidas pelo Brasil são concentradas sobre tudo na possibilidade de fazer valer os seus interesses no resultado das negociações. Esses interesses relacionam- se com a maior abertura dos mercados aos produtos brasileiros por meio da redução tarifária e da eliminação de subsídios e apoio interno dado pelos países desenvolvidos a seus produtores, em especial no setor agrícola. Essas medidas retiram injustamente a competitividade dos produtos do Brasil nos mercados internacionais e inviabilizam as exportações do País. Além disso, por meio das negociações internacionais é possível obter compromissos de outros países quanto a normas antidumping, sobre salvaguardas e medidas compensatórias e normas técnicas, sanitárias e Fitossanitárias, para que haja maior compatibilidade entre os sistemas existentes, restringindo abusos na aplicação desses regulamentos. O Brasil também experimenta vantagens por meio das negociações internacionais na medida em que a sua condição de país em desenvolvimento é reconhecida pelas nações desenvolvidas. Faz parte dos princípios das negociações internacionais o reconhecimento de que países em desenvolvimento devem fazer concessões menores que outros países, uma vez que seus setores produtivos não estão preparados para enfrentar condições de concorrência extrema. Assim, os prazos para liberalização, por exemplo, poderão ser maiores do que os aplicados para países desenvolvidos, podendo haver mecanismos para a proteção de setores industriais nascentes. As vantagens para o Brasil oriundas das negociações resumem-se na possibilidade de criação de um ambiente mais seguro para as exportações brasileiras, por meio da criação de instrumentos que restrinjam os abusos contra seus produtos e serviços, assegurando as preferências tarifárias concedidas por outros países. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 10\56 2.7. Quais são as negociações de maior interesse para a Indústria Brasileira? Os interesses da indústria brasileira encontram-se fundamentalmente na rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), nas negociações para o estabelecimento da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e para a área de livre comércio bi regional entre Mercosul e União Europeia. Em cada uma dessas instâncias, diversos temas de interesse para a indústria são discutidos, tais como: a abertura dos mercados para produtos manufaturados e agrícolas, serviços, compras governamentais, investimentos, novas disciplinas para a propriedade intelectual, regras de origem, defesa da concorrência, entre outros. 2.8. Por que as Negociações Internacionais são importantes para as empresa? As negociações internacionais abrem os mercados mundiais aos produtos estrangeiros e estabelecem regras sobre a produção, a concessão de subsídios e apoio interno, os direitos de propriedade intelectual, a realização de investimentos e outros assuntos, que são obrigatórias para todos os países que delas participem. Tais negociações têm impacto direto sobre a indústria, porque criam oportunidades para a entrada de produtos importados e para maior concorrência no mercado interno e possibilitam o aumento das exportações. Nesse sentido, é de grande importância que o empresariado intervenha firmemente nesse processo, para garantir o equilíbrio entre as concessões feitas e as vantagens recebidas. 2.9. Quem é o responsável pelas Negociações Internacionais no Brasil? No Brasil, as negociações internacionais são conduzidas pelo Governo Federal, por meio de representantes oficiais dos Ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Agricultura, da Saúde, da Fazenda e do Planejamento. As entidades ligadas ao empresariado e às universidades e centros de pesquisa também cooperam com o governo, respondendo a consultas e encaminhando suas posições e interesses. 2.10. Qual é o papel da FIESP/CIESP nos processos de negociação? A FIESP (Federação das Indústrias do Estado São Paulo) / CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo); atua nas negociações internacionais de duas formas complementares. a. A FIESP/CIESP é membro ativo da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), entidade que congrega federações, associações e empresas, que busca servir como interlocutor entre o governo e o empresariado. Na CEB (Coalizão Empresarial Brasileira), são discutidos todos os temas de interesse das negociações, para a elaboração de uma posição uniforme dos setores produtivos sobre esses assuntos. A FIESP/CIESP é membro da CEB e tem atuado fortemente na defesa dos interesses da indústria do estado, em especial na elaboração das listas de ofertas de produtos para serem encaminhadas ao governo. b. Por outro lado, a FIESP/CIESP realiza um trabalho de conscientização da indústria do estado sobre a estrutura, a evolução e as consequências das negociações comerciais internacionais em que o Brasil está inserido, por meio de palestras na Capital e nos CIESP´s, e por meio de consultas aos sindicatos. Além disso, a FIESP/CIESP participa de foros empresariais dedicados à discussão das negociações da Alca (Foro Empresarial das Américas) e do Acordo Mercosul-União Europeia. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 11\56 2.11. Como a FIESP/CIESP pode ajudar a sua empresa? A FIESP/CIESP realiza trabalho sistemático de conscientização dos associados por meio de palestrase debates realizados no edifício-sede e nos CIESP´s. Qualquer associado pode entrar em contato com a Gerência de Relações Internacionais para solucionar dúvidas sobre as negociações internacionais. Além disso, a FIESP/CIESP realiza o monitoramento das negociações, relatado periodicamente no Encarte Internacional do Jornal FIESP/CIESP, também disponível no site www.fiesp.com.br/relacoes_internacionais. Por outro lado, a FIESP/CIESP, a partir da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), realiza consultas aos sindicatos sobre diversos pontos relevantes das negociações. Procure o seu sindicato para obter informações sobre os cronogramas e relatórios de decisões relevantes nas negociações. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 12\56 Capitulo 3 3. Barreiras Comerciais Barreiras ao comércio internacional são mecanismos que os países se utilizam para limitar suas importações, protegendo seu mercado interno e criando dificuldades as exportações dos demais países. No liberalismo econômico, as barreiras são combatidas, pois impedem o livre fluxo das mercadorias e serviços e atravancam o comércio internacional. 3.1. Os principais tipos de barreiras são: 3.1.1. Barreiras tarifárias: Barreiras Tarifárias são aquelas que incidem diretamente no preço do produto através de impostos visando dificultar ou até mesmo impossibilitar a entrada de determinado produto em território nacional. Este tipo de barreira pode ser usado na criação de um mecanismo de defesa da indústria nacional, reservando parte ou todo o mercado interno para produtos nacionais, ou como maneira de aumentar a arrecadação do Estado. Vale ressaltar que as restrições podem ser maiores ou menores em função de um determinado produto além de, em função do interesse nacional, aumentarem ou diminuir seu grau de incidência em determinado produto. Os exemplos mais conhecidos e aplicados deste tipo de barreira são: as tarifas de importação, outras taxas e a valoração aduaneira. 3.1.1.1. Exemplo do que ocorre com o suco de laranja brasileiro: O suco de laranja brasileiro depara-se com barreiras tarifárias que diminuem a sua competitividade no mercado internacional. Para entrar na Europa, o suco brasileiro é tarifado em 12,2% do valor exportado (Tabela 7). Em contrapartida, são isentos de tarifa sucos provenientes do Caribe, norte da África e México. Nos Estados Unidos, a tarifa paga pelo FCOJ é de US$ 415/ton (Tabela 7), o que implica em custos adicionais para os consumidores americanos. Já o NFC é tarifado em US$ 42/ton. São isentas de tarifas as importações provenientes da América Central, México e Caribe. Outros países que também impõem tarifas ao suco de laranja brasileiro são: Japão, Coréia do Sul, China e Austrália. Com exceção dos Estados Unidos, cujo tributo é um valor fixo sobre o volume, os demais países consideram o valor financeiro de venda. Assim, quanto maior o preço do suco de laranja, maior será a tarifa alfandegária paga pelo Brasil. Essa dinâmica potencializa o efeito de subida de preço do produto na gôndola do supermercado, diminuindo a competitividade do sabor laranja em relação aos sucos de outras frutas, como a maçã, pera, framboesa e morango, que em grande parte são produzidas nas próprias regiões onde são consumidas, sendo, portanto, isentas de barreiras tarifárias em seus mercados. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 13\56 3.1.2. Barreiras Não Tarifárias As Barreiras Não Tarifárias são aquelas que afetam o comércio entre dois ou mais países, porém, fazendo uso de mecanismos não tarifários. Normalmente essas barreiras são utilizadas para proteger a indústria nacional uma vez que não representam aumento na arrecadação dos países que as impõem. 3.1.2.1. Barreiras alfandegárias Taxas e restrições por regras de origem. 3.1.2.2. Barreiras técnicas São aquelas produzidas por normas e/ou regulamentos técnicos aplicados pelos países, transformar-se em barreiras quando estabelecem procedimentos excessivamente burocráticos para evitar importações. Outra forma de barreira técnica são os requisitos de conteúdo nacional, ou seja, a exigência de padronização, testes, rótulos e certificações de padrão regional ou local em vez de internacional. 3.1.2.3. Barreiras sanitárias e fitossanitárias Regulamentação aplicável aos produtos importados para proteger a vida humana ou animal de doenças transmitidas por alimentos, proteger a saúde humana de doenças transmitidas por animais ou plantas, e animais e plantas de pestes e doenças. Transformam-se em barreiras quando aplicadas desnecessariamente. 3.1.2.4. Ausência de direitos de propriedade intelectual Proteção inadequada de patentes, não fiscalização de cópias piratas de produtos patenteados e de falsificação de marcas. 3.1.2.5. Subsídios São benefícios concedidos pelo governo a determinados setores, por meio da transferência de recursos, isenção de tributos ou aquisição de bens a preços não comerciais. São barreiras quando Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 14\56 prejudicam produtores competitivos e diminuem a eficiência da produção global, como os direcionados ao aumento das exportações ou do consumo de bens nacionais em relação aos importados. 3.1.2.6. Compras governamentais Preferência por fornecedores nacionais e licitações restritivas. 3.1.2.7. Cotas As quotas são simplesmente uma forma de restrição à quantidade de produto importado, limitada a um número pré-estabelecido alocado sob a base global ou específica. As quotas possuem um sistema de administração e licenciamento próprio, que pode variar do leilão à concessão discricionária. As quotas de importação podem também ser combinadas às barreiras tarifárias tradicionais, com tarifas que variam entre um valor mais baixo, quando a quantidade importada ainda está abaixo da quota (tarifa intra-quota), para um mais alto, uma vez que a quota seja extrapolada (tarifa extra- quota). 3.1.2.8. Licenças de importação Práticas restritivas de licenciamento. 3.1.2.9. Certificações Como selos verdes, que garantem que a mercadoria foi produzida sustentavelmente, sem agredir o meio ambiente. 3.1.2.10. Dumping Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país vender seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos. O dumping é comumente definido como a prática de fixação de preços de exportações abaixo dos preços dos produtos similares destinados ao mercado interno pela firma exportadora. 3.1.3. Antidumping e tarifas compensatórias Portanto, o argumentousado para justificar a aplicação de medidas antidumping e tarifas compensatórias fundamenta-se na busca de correção de condutas que distorçam o comércio internacional, ou seja, ao serem impostas, por exemplo, tarifas adicionais sobre as importações advindas de firmas que estaria praticando o dumping à intenção são reduzir ou eliminar o prejuízo causado às indústrias domésticas do país importador. Em termos mais gerais, as medidas antidumping e as tarifas compensatórias se caracterizam como proteção administrada contra as firmas de países exportadores que apresentam práticas ou comportamentos anticompetitivos no comércio internacional. No Brasil, o órgão que detém a coordenação sobre a utilização dos mecanismos de salvaguarda e antidumping, de acordo com o Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, que regula sobre as suas competências, é a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), que integra o Conselho do Governo. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 15\56 Capitulo 4 4. Regras de Origem São as normas aplicadas para verificar a verdadeira origem de um produto. Essas regras são importantes porque os governos utilizam-se dessas regras para aplicar medidas compensatórias, direitos antidumping, salvaguardas, quotas de importação de têxteis e tarifas preferenciais concedidas a outros países por meio de acordos. Regras de origem, assim, podem ser elaboradas por cada país, para essas finalidades, ou dentro de acordos para a liberalização do comércio, de forma a garantir que as preferências concedidas a um país não sejam aproveitadas por outro. Acordos como o Mercosul e o Nafta (entre Estados Unidos, México e Canadá) possuem suas próprias regras de origem. Para aferir a procedência de um produto e aplicar as tarifas preferenciais, considera-se primeiro o fato de o produto ter sido totalmente obtido com materiais oriundos de países-membros do acordo em questão. Nessas circunstâncias, o produto está qualificado a receber tratamento preferencial. Quantidade importada superior ao acordo, ainda é possível receber o mesmo tratamento, desde que o produto cumpra certos requisitos. As condições para a concessão das preferências tarifárias seguem três métodos distintos, sendo que cada acordo pode optar por um ou por uma combinação deles: a. Conteúdo regional mínimo, ou a presença de um mínimo de valor agregado por países- membros do acordo no valor final do produto; b. Salto tarifário, ou a transformação das matérias-primas que possibilite a sua mudança de classificação tarifária no produto final; c. Operação suficiente, ou a existência de transformação efetiva das matérias-primas importadas. 4.1. Normas de origem preferenciais São disposições que deverão ser cumpridas para que uma determinada mercadoria faça jus a receber tratamento tarifário preferencial (dispensa do pagamento do imposto de importação ou redução deste ou quotas tarifárias). 4.2. Regras de origem relacionadas a regimes comerciais contratuais São as regras dispostas nos tratados comerciais de integração econômica entre países como zonas de livre comércio (ex. North American Free Trade Agreement - NAFTA, assinado em 1992 ; e Acordo de Livre Comércio entre México e União Europeia assinado em 1995 e entrou em vigor em julho de 2000 ), união aduaneira (ex. Tratado que estabelece a Comunidade do Caribe e Mercado Comum do Caribe - CARICOM assinado em 1973; Tratado Geral de Integração Econômica Centro Americana - MCCA assinado em 1960 pela Guatemala, El Salvador e Nicarágua ; Acordo Andino de Integração Sub-regional - CAN assinado em 1996 pela Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela; e Tratado de Assunção - Mercosul assinado em 1991), mercado comum, união econômica e integração econômica total 4.3. Regras de origem relacionadas a regimes comerciais autônomos São programas de estímulo à exportação destinada a facilitar a inserção dos países em desenvolvimento na economia internacional, e a favorecer o desenvolvimento dos países que dele mais necessitam, ou seja, aos países mais pobres. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 16\56 Tem a vantagem de ser um sistema unilateral, ou seja, as preferências comerciais (redução tarifária ou isenção do imposto de importação, e quotas para alguns produtos elegíveis) são concedidas sem reciprocidade, e a consequência é a liberalização multilateral das trocas comerciais através do desenvolvimento econômico dos países menos avançados. 4.4. Normas de origem não preferenciais Normas de origem não Preferenciais constituem o regime geral, definidas pela OMC, porém, são vias de harmonização. Exemplo: Utilizadas em instrumentos não preferenciais de política comercial, como na aplicação de: a. Tratamento de nação mais favorecida; b. Direitos antidumping e direitos compensatórios; c. Medidas de salvaguarda; d. Exigências de marcação de origem; e. Quaisquer restrições quantitativas discriminatórias ou quotas tarifárias. f. Incluirão também regras de origem usadas nas compras do setor público e estatísticas comerciais. 4.5. Critérios de Origem versus Procedência a. Origem: local onde a mercadoria foi processada, de acordo com as Regras estabelecidas. b. Procedência: local onde a mercadoria foi embarcada 4.5.1. Importância da classificação tarifária - Sistema Harmonizado - SH A classificação fiscal, ciência de natureza social, inserida entre a economia e o direito, com princípios específicos e regras próprias, é uma das principais questões aos importadores; industriais; fabricantes; comerciantes. Sua relevância decorre do fato de que qualquer mercadoria negociada internacionalmente (máquinas, equipamentos eletrônicos, produtos químicos, têxteis, produtos agrícolas) passa pela classificação de mercadorias para fins de incidência das regras de controle aduaneiro respectivas, a exemplo: a. Valoração aduaneira; b. A própria classificação fiscal; c. Certificados de origem, d. Exigências administrativas, dentre outros. A classificação de mercadorias é deste modo, importante para as empresas, pois uma vez identificada a classificação fiscal e o posicionamento da mercadoria na Tarifa Externa Comum (TEC), segundo a Nomenclatura Comum do MERCOSUL, na data da ocorrência do fato gerador do Imposto de Importação, cujo aspecto temporal é o registro da declaração de importação, define-se a alíquota aplicável para o cálculo do Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados vinculado à importação (IPI-importação), este calculado por meio da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI, cuja base também é a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). 4.5.2. Classificação tarifária - Sistema Harmonizado - SH A classificação é um código inteligente e utilizado em todos os países desta forma elimina o problema de idioma e a interpretação do que esta descriminada. Exemplo de alguns códigos: Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 17\56 Capítulo:25 Sal; enxofre; terras e pedras; gesso, cal e cimento. Posição: 25.15 Granito, pórfiro, basalto, arenito e outras pedras de cantaria ou de construção. Sub-posição: 2515.12 --Simplesmente cortados a serra ou por outro meio, em blocos ou placas. 4.5.2.1. Exemplo do Processo de Algodão Cru até o Produto Acabado 4.5.3. Critérios Valor Neste item é a analise do critério da composição de componentes utilizado no produto acabado. a. Máximo permitido de insumos importados: 40%. b. Mínimo de conteúdo local exigido – valor agregado: 60%. 4.5.4. Critério de Transformações Específicas 1) Considera o processo produtivo. a) Ex: Posição 8473.50.50 – Placas (Módulos de memoria) com uma superfície inferior ou igual a 50 CM2. 2) Requisito: a) Montagem da pastilha semicondutora não encapsulada; b) Encapsulamento da pastilha; c) Teste (ensaio) elétrico; d) Marcação (identificação) do componente (memória); e) Montagem e soldagem dos componentes semicondutores (memória) no circuito impresso. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 18\56 Capitulo 5 5. Tratados Internacional Historicamente, foram as regras que regeram os acordos entre os Estados, utilizando-se de princípios gerais, notadamente, o do respeito a o acordado (pacta sunt servanda), do livre consentimento e o da boa-fé das Partes contratantes. Até ao século XIX os tratados tinham um papel diminuto na formação da ordem jurídica internacional. Devido ao desenvolvimento rápido e complexo da sociedade operado a partir desse século, os tratados internacionais tendem a substituir o costume como fonte principal da criação de normas de direito internacional. A par das normas e princípios de “direito internacional comum ou geral” e a título subsidiário dos “princípios gerais de direito”, os tratados apresentam-se como um dos principais processos de criação do direito internacional. No século XX, surgem dois fenômenos novos: o aparecimento das organizações internacionais e a codificação do direito dos tratados, transformando regras e costumeiras em regras convencionais escritas, expressas elas mesmas no texto de um tratado, bilateral ou multilateral. Os trabalhos desenvolvidos pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas resultaram, em 1969, na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados. No Brasil, o texto da Convenção foi enviado ao Congresso para aprovação em abril de1992. O Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo Federal 496 de 17 de julho de 2009, aprovou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. O referendo congressional foi publicado no DOU de 20/07/2009. 5.1. Definição de alguns pontos dos tratados 5.1.1. Artigo 2º da Convenção de Viena: Acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. (Tratados solenes e acordos de forma simplificada). 5.1.2. Artigo 2º da Convenção de Havana: É condição essencial nos tratados a forma escrita. A confirmação, prorrogação, renovação ou recondução serão igualmente feitas por escrito, salvo estipulação em contrario. 5.2. Celebração dos Tratados A celebração dos tratados se constitui em exercício de soberania. Mas, além do reconhecimento de sua soberania, o Estado ao celebrar tratados, reconhece e se compromete a uma fonte de limitação de suas competências. Por isso, a doutrina costuma afirmar que o comprometimento do Estado por meio de tratados internacionais implica em: a. Manifestação do atributo de soberania; b. Instrumento de limitação do poder soberano. 5.2.1. Celebração dos Tratados De maneira geral, a elaboração de um tratado internacional segue as seguintes etapas: As fases ou etapas de elaboração dos tratados internacionais podem ser apresentadas em: negociação, assinatura, ratificação, promulgação, publicação e registro. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 19\56 5.2.1.1. Detalhamento das Fases dos Tratados: 5.2.1.1.1. Negociação Realizada por autoridades nacionais designadas pela ordem constitucional do Estado, muitas vezes acompanhadas de especialistas no assunto em debate. A elaboração do texto consiste em uma das formas de concretização das negociações. O texto dos tratados é composto, quais os motivos da realização do tratado fornecendo elementos para sua interpretação, e do chamado dispositivo, ou seja, o texto ou corpo onde são definidas as obrigações dos Estados Partes. 5.2.1.1.2. Quem tem a Competência de realizar a negociação? A negociação é a fase inicial do processo de conclusão de um tratado. Ela é da competência, dentro da ordem constitucional do Estado, do Poder Executivo. A competência geral é sempre do Chefe de Estado. Entretanto, outros elementos do poder executivo passaram ater uma competência limitada (Ministro do Exterior, os demais ministros em matéria técnica). Nesta etapa da conclusão dos tratados internacionais os representantes do chefe de Estado, isto é, os negociadores, se reúnem com a intenção de concluir um tratado. A negociação de um tratado bilateral se desenvolve, na maioria das vezes, entre o Ministro do Exterior ou seu representante e o agente diplomático estrangeiro, que são assessorados por técnicos nos assuntos em negociação. A negociação de um tratado multilateral se desenvolve nas grandes conferências e congressos. Esta fase termina com a elaboração de um texto escrito que é o tratado. Segundo o art. 9º, da Convenção de Viena, “a adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria decidem aplicar regras diversas”. 5.2.1.2. Assinatura – Manifestação do Consentimento O art. 11, da Convenção de Viena, “O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado”. Após a redação do texto do tratado internacional os representantes precisam retornar para os seus respectivos países com o documento que foram por eles elaborados. Com certeza de eu ao apresentar em seus países de origem, para observância de todo processo legislativo, o projeto não será modificado, o que traria sérias consequências para as partes envolvidas na questão. 5.2.1.2.1. Autenticação do Texto O tratado; precisa ser devidamente autenticado pelas partes envolvidas, conforme o art. 10 da Convenção de Viena prevê: O texto de um tratado é considerado autêntico e definitivo: a. Mediante o processo previsto no texto ou acordado pelos Estados que participam da sua elaboração; b. Na ausência de tal processo, pela assinatura, assinatura ad referendum ou rubrica, pelos representantes desses Estados, do texto do tratado ou da Ata Final da Conferência que incorporar o referido texto. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 20\56 Com efeito, a assinatura do texto traduz-se em ato importante na fase de elaboração de um tratado internacional por garantir às partes envolvidas, a autenticidade e o texto final produzido, não sendo admitida posterior modificação, salvo se as partes acordarem novamente sobre o caso. Quando os contratantes estão munidos de plenos poderes, ou deles dispensados, é então o tratado assinado. Se não possuem os plenos poderes, permite-se que os negociadores rubriquem o texto até que os mesmos recebam os plenos poderes e possam assiná-lo. 5.2.1.3. Ratificação É considerada a fase mais importante do processo de conclusão dos tratados, pois confirma a assinatura e dá validade a ele. Ou seja, é o ato pelo qual a autoridade nacional competente informa às autoridades correspondentes dos Estados cujos plenipotenciários concluíram, com os seus, um projeto de tratado, a aprovação que dá a este projeto e que o faz doravante um tratado obrigatório para o Estado que esta autoridade encarna nas relações internacionais. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece em seu art. 14 o seguinte: 5.2.1.3.1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação: a. Quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação; b. Quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores; acordaram em que a ratificação seja exigida; c. Quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito à ratificação; d. Quando a intenção do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificação decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 5.2.1.3.2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela aceitação ou aprovação em condições análogas às aplicáveis à ratificação. Os tratados passaram a ser somente obrigatórios depois de ratificados, mesmo quando a ratificação não esteja prevista expressamente (artigo 5° da Convenção Pan-Americana sobre Tratados de 1928). Este princípio foi consagrado na jurisprudência internacional. 5.2.1.3.3. Quando um contrato internacional entra em vigor? a. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores. b. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores. c. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data, a não ser que o tratado disponha de outra forma. d. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições relativas à autenticação de seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às reservas, às funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 21\56 5.2.1.4. Promulgação É o ato jurídico, de natureza interna, pelo qual o governo de um Estado afirma ou atesta a existência de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua conclusão, e, além disto, ordena sua execução dentro dos limites aos quais se estende a competência estatal. 5.2.1.4.1. Os efeitos da promulgação consistem em: a. Tornar o tratado executório no plano interno; b. Constatar a regularidade do processo legislativo, isto é, o Executivo constata a existência de uma norma obrigatória (tratado) para o Estado. 5.2.1.5. Publicação A publicação é condição essencial para o tratado ser aplicado no âmbito interno. É condição necessária para que o tratado seja aplicado na ordem interna do Estado. Publica-se no Diário Oficial da União o texto do tratado e o Decreto Presidencial. 5.2.1.6. Registro O registro é um requisito estabelecido pela Carta da ONU e tem como escopo fazer com que o Estado que celebrou o tratado internacional possa invocar para si, junto à organização, os benefícios do acordo celebrado. O registro deve ser requerido ao secretário-geral da ONU, que fornece, a cada Estado, um certificado redigido em inglês e Francês. Nesse sentido vale registrar a previsão do art. 80, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados e o art. 102 da Carta da ONU: 5.2.2. Classificação dos Tratados Os contratos são classificados em três critérios: índole subjetiva, material e formal. 5.2.2.1. Classificação Subjetiva: a. Quanto ao número das partes: os tratados bilaterais ou multilaterais, dependendo do número de sujeitos celebrantes, dois ou maus do que de dois. Assim nos bilaterais terão apenas dois celebrantes. Já nas multilaterais existiram três ou mais Partes. b. Quanto ao critério da qualidade das partes, se verifica se são o Estado ou as organizações internacionais as partes contratantes. c. Quanto ao critério de abertura a sujeitos terceiros: os tratados abertos, semi-fechados ou tratados fechados, em função de ser possível a sujeitos que não assinaram e ratificaram a posterior pertença ao seu conteúdo, de tal possibilidade ser condicionada ou de tal possibilidade ser, simplesmente, proibida. 5.2.2.2. Classificação Material A classificação material pode ser vista sob o prisma de abrangência das matérias (tratados gerais ou tratados especiais); quanto aos efeitos (tratados-leis ou tratados contratos); quanto à natureza institucional; quanto à aplicabilidade circunstancial; quanto a tempo de duração. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 22\56 a. O critério de abrangência da material envolve os tratados gerais ou especiais, ou seja, se estabelecem uma regulação aplicável a uma generalidade de matérias ou, pelo, contrário, se destinam a versar especificadamente um aspecto material. b. Quanto ao critério do tipo de efeitos temos o tratado-lei e o tratado-contrato. A distinção entre tratados contratuais e tratados normativos vem padecendo de uma incessante perda de prestigio. É nítida, segundo Rousseau, a diferença funcional entre os tratados- contratos, assim chamado porque através deles as partes realizam uma operação jurídica - tais acordos de comércio, de aliança, de cessão territorial; e os tratados leis ou tratados normativos, por cujo meio as partes editam uma regra de direito objetivamente válida. Os tratados leis são geralmente celebrados entre muitos Estados com o objetivo de fixar as normas de Direito Internacional. c. Quanto à natureza institucional ou material do tratado pode ser encarado em razão da diferença que existe entre um tratado que o institua nova entidade e um tratado que se limite a estabelecer um conjunto de normas e procedimentos d. Quanto ao critério da aplicabilidade circunstancial: os tratados imediatamente aplicáveis ou tratados mediatamente aplicáveis, conforme possam ou não ter logo a aplicação. e. Quanto ao critério da duração, os tratados podem ser perpétuos ou tratados temporais.5.2.2.3. Classificação Critério Formal A terceira classificação pode ser dividida quanto ao grau de complexidade procedimental; quanto à formalização (escrita ou verbal). a. O critério do grau de formalização o escrita ou verbal: tratados escritos ou orais (acordos de cavalheiros) b. Critério do grau de complexidade procedimental: tratados solenes ou em forma simplificada. 5.2.3. Interpretação dos Tratados Nos artigos 31 a 33 das Convenções de Viena de 1969 e 1986 estão estipulados como devem ser interpretados os tratados. Dentre os aspectos mais importantes da interpretação dos tratados estão: a. Deve ser interpretado com boa-fé de acordo com o sentido comum a ser dado aos termos do tratado no seu contexto e à luz do seu objeto e propósito; b. Deve-se levar em consideração o preâmbulo, anexos, um tratado feito por todos os contratantes; conexo com o tratado a ser interpretado e qualquer instrumento elaborado por um ou mais contratantes e aceito pelas outras partes como um instrumento relativo ao tratado; c. Deve-se levar ainda em consideração: I. Qualquer acordo entre as partes relativas à interpretação; II. A prática na aplicação dos tratados que estabelece o acordo das partes a respeito da interpretação; III. Qualquer norma relevante do Direito Internacional aplicável nas relações entre as partes; d. Um sentido especial será dado às palavras do tratado se as partes assim pretenderam; e. Se a aplicação das normas acima não conduz a sentido claro e preciso ou conduz a um resultado manifestamente absurdo, pode-se recorrer a outros meios de interpretação, incluindo os trabalhos preparatórios do tratado e as circunstâncias de sua conclusão. O recurso a tais meios pode ser feito ainda para confirmar as normas acima. f. Num tratado autenticado em duas ou mais línguas diferentes, estes textos têm a mesma autenticidade. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido em cada texto autêntico. Se o sentido for diferente, deverá ser adotado o sentido que melhor reconcilia os textos, levando-se em conta o objeto e a finalidade do tratado. Ou se dá preferência ao texto que for menos obscuro ou, ainda, se dá preferência ao redigido em primeiro lugar. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 23\56 5.3. Nulidade, Extinção e Suspensão. O que diz respeito à nulidade, extinção e suspensão de aplicação de tratados está destacado nos artigos 42 a 72 da Convenção de Viena. A nulidade ocorre se houver erro, dolo, corrupção do representante do Estado, coerção exercida sobre o referido representante e coerção decorrente de ameaça ou emprego de força. 5.3.1. Causas que põem fim a um tratado são: a. Execução integral do tratado: o tratado tem seu fim quando o estipulado pelas partes contratantes é executado. b. Consentimento mútuo: o tratado pode ter o seu fim se houver o consentimento das partes contratantes. O consentimento pode ser demonstrado através de um novo tratado que cuide do mesmo objeto do anterior, havendo uma revogação tácita; ou pode ele ser manifestado expressamente em uma declaração, a qual afirma a revogação do tratado anterior. c. Termo: ocorre quando o tratado é realizado por um período de tempo estabelecido pelas partes. Assim sendo, terminado o lapso de tempo, expira-se o tratado. d. Condição resolutória: ocorre quando as partes convencionarem de maneira expressa que o tratado se extinguirá no futuro assim que certo fato acontecer (condição afirmativa) ou não (condição negativa). e. Renúncia do beneficiário: o tratado termina quando houver a renúncia do benefício, posto que haja tratados que estabelecem vantagens para uma das partes e obrigações para a outra. Assim, o tratado extinguirá com a manifestação de vontade de apenas uma das partes contratantes, mas esta deve ser a beneficiada, pois a renúncia não trará prejuízos à outra parte, mas sim vantagens. f. Caducidade: acontece quando o tratado não é aplicado por um grande espaço de tempo ou quando se forma um costume contrário a ele. g. Guerra: com o advento de guerra, todos os tratados bilaterais são finalizados entre os beligerantes, com exceção dos tratados que se constituíram para serem aplicados durante a guerra; os tratados que constituem situações objetivas (como por exemplo, aqueles que estipulam limites ou cessões territoriais e foram executados na sua íntegra); e os tratados multilaterais entre beligerantes e neutros não são extintos: os seus efeitos é que ficam suspensos entre as partes beligerantes e mantidos aos Estados neutros, porém com o fim da guerra, o tratado volta a produzir seus efeitos normalmente. h. Fato de terceiro: as partes contratantes cedem a um terceiro o poder de terminar o tratado. i. Impossibilidade de execução: diz respeito à uma impossibilidade física (desaparecimento de uma das partes contratantes, do objeto do tratado etc.) ou jurídica (quando o tratado não é compatível com outro, sendo que este tem primazia de execução). Se vier a existir também uma norma imperativa de Direito Internacional que não seja compatível com o tratado, este termina. j. Caso as relações diplomáticas e consulares sofrerem rupturas e estas forem imprescindíveis para a execução do tratado, este termina. k. Inexecução por uma das partes contratantes: quando houver a violação em um tratado bilateral por uma das partes contratantes, a outra parte pode suspender ou terminar a execução do tratado no todo ou em parte. No caso de violação em tratados multilaterais por uma das partes contratantes, dão-se direito às demais partes: a. Através de um consenso unânime, suspender ou terminar a execução no todo ou em parte, podendo ser tal suspensão ou término para todos os contratantes ou apenas para aquele que violou o tratado; b. Um Estado afetado especialmente por tal violação pode invocar tal acontecimento para suspender a execução no todo ou em parte entre ele e o Estado que violou tal tratado; c. Tais casos não se aplicam em tratados que visam a proteção da pessoa humana e em especial aos dispositivos que proíbem qualquer represália contra pessoas protegidas por tais tratados. l. Denúncia unilateral: acontece quando uma das partes contratantes comunica às outras partes a sua intenção de dar por finalizado o tratado ou de se retirar do mesmo. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 24\56 Capitulo 6 6. Bloco Econômico - OMC – Organização Mundial do Comercio Blocos econômicos são associações de países, em geral da mesma região geográfica, que estabelece relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Um dos aspectos mais importantes na formação dos blocos econômicos é a redução ou a eliminação das alíquotas de importação, com vistas à criação de zonas de livre comércio. 6.1. Os blocos econômicos possuem variados graus de integração entre os países, sendo eles: a. Zona de preferência: Dois ou mais países concedem vantagens recíprocas em relação a terceiros países, em alguns produtos sensíveis; b. Área de livre comércio: A concessão de vantagens é aprofundada, generalizando-a para todos ou para a maioria das mercadorias, eliminando ou reduzindo drasticamente os tributos aduaneiros e as restrições não tarifárias. c. União aduaneira:É uma zona de livre comércio com Tarifa Externa Comum (TEC), alíquota zero no comércio entre os países membros, legislação aduaneira comum e política comercial comum. d. Mercado comum Incorpora a livre circulação de pessoas, bens, serviços e fatores de produção, e acaba com todas as formas de discriminação interna. e. União econômica e monetária: Os países formulam política externa, de defesa e monetária comuns. Com a unificação das legislações (civil, comercial, trabalhista, tributária, administrativa) a união econômica torna-se união total. 6.2. OMC – Organização Mundial do Comercio Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma Organização multilateral que estabelece as regras para o Comercio internacional. A OMC é uma instituição internacional fundada em 1995 e responsável tanto pelo monitoramento da implementação pelos Estados dos seus acordos constitutivos, quanto pelo julgamento de disputas entre países com relação a esses acordos. Além disso, a OMC também é responsável por organizar as rodadas de negociações entre os países-membros. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 25\56 A sua estrutura principal gira em torno da Conferência Ministerial, órgão que se reúne a cada dois anos e que é formado por ministros de cada país-membro, sendo responsável pela tomada de decisões dentro de qualquer dos temas dos acordos. Abaixo dele, há o Conselho Geral, responsável pela direção geral da OMC, podendo inclusive reunir-se como órgão de solução de disputas entre países, como comitê de negociações comerciais e como órgão de revisão das políticas comerciais de cada país. Abaixo desses, há os conselhos de comércio de bens, serviços e propriedade intelectual, além de diversos comitês e grupos de trabalho especializados, divididos em tópicos como agricultura e meio ambiente. 6.2.1. Estrutura da OMC A OMC é composta de: a. 150 países membros; b. Secretaria composta por 560 pessoas; c. Diretor Geral; d. Sede: Genebra, Suíça; e. Fundada: 1º de janeiro de 1995 após as negociações da “Rodada do Uruguai” (1986-94). f. Conferencia de Ministros: Relações Exteriores, Agricultura e Comércio: I. Os ministros se reúnem em Conferencias de 2 em 2 anos. g. Conselho Geral II. Conselho de Comércio de Bens; III. Conselho de Comércio de Serviços; IV. Conselho de Direitos de Propriedade Intelectual Relacionado ao Comércio. h. A Secretaria da OMC tem caráter internacional e seu diretor é escolhido na Conferencia Ministerial. 6.2.2. Funções da OMC a. Administrar os acordos comerciais entre países; b. Resolver disputas comerciais entre países; c. Supervisionar as políticas comerciais dos países; d. Ampliar as áreas de livre comércio; e. Reduzir práticas dos países que possam dificultar o livre comércio, como por exemplo, a cobrança de tarifas e as chamadas barreiras não tarifárias. 6.2.3. Quais os acordos internacionais que a OMC negociam: a. Produtos Industriais; b. Produtos Agrícolas; c. Serviços (distribuição de água, educação, saúde); d. Direitos de Propriedade Intelectual (direito de uma pessoa ou empresa de garantir a propriedade sobre um determinado produto ou conhecimento que tenha sido criado por ela). 6.2.4. Quais os segmentos que a OMC pode influenciar: a. No preço do café, feijão, milho, soja que você planta, colhe e vende. b. No preço do adubo, da ração, do remédio que você compra para plantar e tratar os animais. I. De que maneira? De varias maneiras: através de barreiras tarifarias subsídios à produção e a exportação, entre outras. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 26\56 6.2.5. Como surgiu a OMC? A OMC surgiu em 1947, após a 2ª Guerra Mundial para organizar as relações comerciais entre os países foi criado o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). O GATT era o órgão que regulou as ações comerciais internacionais até 1994, quando foi substituído pela Organização Mundial do Comércio, a OMC, após a “Rodada Uruguai”. A OMC faz parte da ONU, porém não está subordinada à Conferência Geral. Seus acordos não são submetidos aos princípios definidos pela ONU. Um ponto importante é que a OMC é um sistema que interfere nos ciclos de desenvolvimento dos países e estes ninguém muda a direção, velocidade ou tamanho, mesmo dentro da ONU. 6.2.6. Quais são os acordos constitutivos da OMC e quais são os seus princípios fundamentais? Os acordos constitutivos da OMC são as regras gerais que orientam todo o comércio internacional, que devem ser seguidas e implementadas pelos governos e pelos setores produtivos de cada país-membro. Essas regras foram estabelecidas, sobretudo por ocasião da conclusão da Rodada Uruguai em 1994. Os principais acordos são: Acordo Constitutivo da OMC, Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT – General Agreement on Tariffs and Trade), Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS – General Agreement on Trade in Services), Acordo sobre Aspectos de Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPs – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights) e o Entendimento sobre Regras e Procedimentos de Solução de Controvérsias (DSU – Dispute Settlement Understanding). Há ainda acordos sobre agricultura, barreiras técnicas (TBT – Agreement on Technical Barriers to Trade), medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS – Agreement on the Application of Sanitary and Phytosanitary Measures), têxteis e confecções, investimentos (TRIMs – Trade-Related Investment Measures), subsídios (SCM – Agreement on Subsidies and Countervailing Measures), antidumping (ADP – Agreement on Antidumping Practices) e salvaguardas. 6.2.6.1. Os princípios fundamentais dos acordos regem a sua implementação e o próprio comportamento da OMC. São eles: a. Proteção da produção nacional somente por meio de tarifas, na medida em que outros tipos de proteção, como quotas de importação, são pouco transparentes e dificultam as negociações para liberalização; b. Redução e consolidação das tarifas, em que, nas sucessivas rodadas de negociação, os países devem esforçar-se para reduzir as suas tarifas até um patamar negociado, não podendo elevá-las sem justificativa; c. Nação mais favorecida (MFN – Most Favored Nation), em que o que cada país concede a outro deve ser estendido aos demais; d. Tratamento nacional, que determina que um produto importado não possa ser tratado de forma diferente de um nacional (por meio de impostos a mais, por exemplo). 6.2.7. O que significa implementação? Implementação corresponde a todas as medidas a serem tomadas pelos governos para que as suas legislações e regulamentos internos obedeçam aos acordos da OMC. Existem prazos diferenciados para implementação de acordo com o assunto ou o grau de desenvolvimento de cada país. Os prazos para redução de tarifas sobre bens não agrícolas, por exemplo, foram de quatro anos (de 01/01/1995 até 01/01/1999), nos quais os países deveriam fazer as reduções em quatro parcelas anuais. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos MecaPág. 27\56 6.2.8. Como as decisões tomadas na OMC afetam as empresas? Os acordos da OMC têm impacto direto sobre virtualmente todo o comércio internacional. A OMC tem aproximadamente 150 países membros, que deverão adaptar suas legislações nacionais às regras da OMC. Assim, também o produtor será afetado por essas regras, seja no seu país de origem (pela competição com produtos e/ou serviços estrangeiros), seja nos países para os quais deseja exportar. A abertura de mercados e o aumento da competição internacional afetam quase todos os setores, pois os produtos e serviços estrangeiros passam a contar com maiores possibilidades de entrada competitiva. Ao mesmo tempo em que a indústria nacional deve se adaptar a essas novas condições, é importante ressaltar que o exportador também é beneficiado pela maior segurança com que poderá trabalhar. Por exemplo, os compromissos de reduzir tarifas impedem que outros países simplesmente se fechem às exportações pelo aumento das tarifas ou da burocracia para desembaraçar mercadorias. 6.2.9. Como os governos podem proteger as indústrias que consideram vulneráveis? Muito embora a OMC defenda a abertura de mercados, é importante notar que os efeitos negativos disso sobre certos setores não são esquecidos. Assim, após investigação pelas autoridades governamentais, é possível aplicar salvaguardas para o setor prejudicado. Além disso, é permitido aos países em desenvolvimento impor salvaguardas para proteger setores industriais nascentes, após prévia notificação à OMC. 6.2.10. Como um país pode impedir as exportações de bens não agrícolas de outro país? Além de impor salvaguardas, os governos podem, após investigações, considerar que um determinado produto importado é subsidiado injustamente ou tem seus preços resultantes de dumping. Nesses casos, poderão impor medidas compensatórias ou antidumping, respectivamente. Essas investigações, além das de salvaguardas, podem ser feitas diretamente pelo governo ou mediante pedido da categoria. Os governos podem, ainda, recorrer a consultas bilaterais ou ao mecanismo de solução de controvérsias da OMC diretamente ou após requisição dos setores nacionais afetados. Nota: Há regras especiais para têxteis e vestuário, bem como para aeronaves e compras governamentais. 6.2.11. O que acontece se há restrições abusivas a importação por parte de um país? Caso um governo julgue que há subsídio ou dumping que o prejudica, ou imponha salvaguardas ou barreiras não tarifárias de forma irregular ou abusiva, o país prejudicado poderá levar essa questão para consultas bilaterais ou ao Órgão de Solução de Controvérsias da OMC. Esse procedimento pode ser iniciado diretamente pelo governo ou mediante requisição fundamentada do setor interessado. 6.2.12. Como são resolvidos os conflitos entre países na OMC? O primeiro passo; para a solução de controvérsias na OMC são as consultas bilaterais entre os países envolvidos na questão, para que se encontre uma solução para o problema. Não havendo acordo, o Órgão de Solução de Controvérsias (DSB – Dispute Settlement Body) poderá ser acionado. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 28\56 6.2.13. Como funciona o mecanismo de solução de controvérsias? Após o acionamento do DSB, inicia-se o procedimento para apreciação e julgamento do caso, denominado painel. Após as investigações, será emitido um parecer sobre a questão, que determinará se houve ou não violação, e, nesse caso, as medidas para saná-la. Se um dos países não concordar com a decisão, poderá recorrer ao Órgão de Apelação, que manterá ou modificará o primeiro parecer em decisão final e definitiva. Se for decidido que houve violação, o país “condenado” deverá aplicar as medidas sugeridas no parecer para remediar a situação. Se não o fizer, o país prejudicado poderá receber compensações ou, se isso não ocorrer retaliar por meio do aumento das tarifas dos produtos exportados pelo outro, por exemplo. 6.2.14. Quais as rodadas de negociação a OMC fez? Desde sua criação da OMC realizou seis Conferências Ministeriais: 1. Cingapura, dezembro de 1996; 2. Genebra, Suíça, maio de 1998; 3. Seattle, Estados Unidos, dezembro de 1999; 4. Doha, Quatar, novembro de 2001; 5. Cancún, México, setembro de 2003; 6. Hong Kong, dezembro de 2005. As primeiras conferências discutiram a importância do comércio internacional e se dedicaram a temas específicos como investimentos, políticas de concorrência e compras governamentais. 6.2.15. Quando começou a “Rodada de Doha”? a. Em 2001, com a chamada “Agenda para o Desenvolvimento” e incluiu temas importantes e de interesse dos países em desenvolvimento: agricultura, serviços, acesso a mercados, novas regras antidumping, subsídios e propriedade intelectual; b. Também incluiu novos temas: investimentos, concorrência, compras governamental e meio ambiente; c. Começa a polarização entre dois grandes blocos de interesses: países desenvolvidos x desenvolvimento. 6.2.15.1. Quais são os princípios da Declaração de Doha? a. Promoção do desenvolvimento econômico e alívio da pobreza por meio do comércio. b. Apoio aos PED, principalmente aos menos desenvolvido, mediante incremento do comercio que corresponda às necessidades de seu desenvolvimento econômico: I. Acesso melhorado dos mercados; II. Normas equilibradas e programas de assistência técnica; III. Criação de capacidade com objetivos definidos; IV. Financiamentos sustentáveis. 6.2.15.2. O que diz a Declaração para a Agricultura? a. Estabelecer um sistema de comercio equitativo e orientado ao mercado, corrigindo distorções nos mercados de produtos agrícolas para: I. Melhorar substancialmente o acesso aos mercados; II. Reduzir os subsídios à exportação até sua eliminação; III. Reduções da ajuda interna que distorcem; o comercio; IV. Garantir Tratamento Especial e Diferenciado para os PED, permitindo a estes ter condições para o desenvolvimento rural, com segurança alimentar. Acordos e Barreiras Comerciais ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Apostila Elaborada pelo Professor – Vital, José Carlos Meca Pág. 29\56 6.2.15.3. Qual o tema mais importante na OMC? a. É na agricultura que se dá as maiores disputas na OMC em torno de três temas: I. Acesso a Mercados; II. Medidas de Apoio Interno; III. Subsídios à Exportação. b. Em 2003, Estados Unidos e União Europeia se unem para garantir seus interesses na Rodada de Cancún. c. Para se contrapor os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, se organizaram e formaram o G-20. 6.2.15.4. O que é G-20? a. O G-20 é uma coalizão de países em desenvolvimento formada em agosto de 2003 nas negociações preparatórias à Ministerial de Cancún, da OMC. b. Proposta: eliminar os subsídios à exportação e o apoio interno distorci-vos, ampliar o acesso aos mercados e preservar o desenvolvimento rural e de segurança alimentar dos países em desenvolvimento. 6.2.15.5. Quem participa do G-20? a. Atualmente integrado por 21 países: 5 da África (África do Sul, Egito, Nigéria, Tanzânia e Zimbábue), 6 da Ásia (China, Filipinas, Índia, Indonésia, Paquistão e Tailândia) e 10 da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Guatemala, México, Paraguai, Uruguai e Venezuela). 6.2.16. Como a OMC relaciona-se com a ALCA, o Mercosul
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