Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Biofísica Potencial de repouso e equação de Nernst BIOFÍSICA • Conceitos simples de eletricidade • Características elétricas da membrana celular • 2° Lei de Ohm • Bomba de Na+/K+ • Canais iônicos • Potencial de repouso • Equação de Nernst • Equilíbrio de Donnan • Referências Resumo BIOFÍSICA Conceitos Simples de Eletricidade Diferença de potencial (Voltagem): Colocando-se eletrotodos dentro e fora de célula temos uma diferença de potencial de – 70 mV, ou seja, há um potencial negativo de 70 mV no interior da célula em relação ao meio externo. O instrumento usado para medir a diferença de potencial é o voltímetro, sua colocação está representada do diagrama esquemático abaixo. Neurônio Eletrodos V Voltímetro +- I BIOFÍSICA Corrente elétrica (I): É o movimento de cargas elétricas em meios condutores, é medida em Ampères (A), o que equivale a 1 Coulomb/segundo, uma unidade relativamente grande para os propósitos da biofísica, assim normalmente trabalha-se com submúltiplos desta unidade física, tais como, miliampère (mA, 10-3 A), microampère (µA, 10-6), nanoampère (nA, 10-9) e picoampère (pA, 10-12 A). As cargas para os fenômenos elétricos na membrana celular são íons, tais como, Na+,K+, Ca++ e Cl-. Conceitos Simples de Eletricidade Neurônio Eletrodos BIOFÍSICA A Amperímetro +- I Método para Medir o Potencial de Repouso +++++++++++++++++++++++++ -------------------------------------------- -------------------------------------------- +++++++++++++++++++++++++ Neurônio Axônio Amplificador OscilóscopioEletrodos -70mV Dois eletrodos, inseridos no axônio de um neurônio em repouso, detectam a pequena diferença de potencial, entre os meios extra e intra celular, esse sinal é amplificado e mostrado num osciloscópio. Meio extracelular Meio intracelular BIOFÍSICA Comportamento Elétrico da Membrana Celular C R V S Membrana como circuito RC. A análise do comportamento elétrico da membrana celular permite traçarmos uma analogia com um circuito paralelo resistivo-capacitivo (ττττ = R.C). ττττ = constante de tempo C: Capacitância do capacitor, é a relação entre a quantidade de carga elétrica (Q) e a voltagem (V), sua unidade é o Farad (F). 1 F = 1 Coulomb/Volt. R: Resistência elétrica, é a oposição à passagem da corrente elétrica, mede-se em Ohms (Ω). BIOFÍSICA 2° Lei de Ohm – A resistência é diretamente proporcional ao tamanho do condutor e Inversamente proporcional ao diâmetro de secção transversal. R - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ++++++++++++++++++++++++ Circuito RC Modelo de membrana celular +++++ - - - - - Comportamento Elétrico da Membrana Celular BIOFÍSICA Centro de Reação Fotossintética de Rhodopseudomonas viridis Exterior da célula Citoplasma BIOFÍSICA Resistência Elétrica das Membranas Rigidez elétrica. Resistência elétrica é a oposição do meio à passagem da corrente elétrica, quanto maior a resistência elétrica, pior condutor é o meio. Dados experimentas sobre modelos de membrana artificiais apresentam resistência elétrica na faixa de 106 a 109 Ω.cm2, esses valores excedem em muito aos observados para membranas celulares, que variam na faixa de 103 a 104 Ω.cm2 (Weidmann, 1952, 1970). A inclusão de proteínas nas membranas artificiais reduzem consideravelmente a resistência elétrica das membranas artificiais, o que ressalta o papel das proteínas nos modelos de membranas celulares. Referências: Weidmann, S. (1952). J. Physiol., 118:348-360. Weidmann, S. (1970). J. Physiol., 210:1041-1054. Fonte: Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000 (pg. 8). BIOFÍSICA Permeabilidade Elétrica das Membranas Permeabilidade elétrica. Estudos realizados por Dean em 1941 indicaram que a membrana celular é permeável a íons como sódio e potássio, foram utilizados íons radioativos, que permitiram verificar a alta concentração de sódio e e baixa concentração de potássio no meio extracelular, quando comparado com o meio intracelular. A explicação de Dean para tal observação foi a seguite: “some sort of pump possibly located in the membrane which can pump out sodium or, what is equivalent, pump in the potassium”. A descoberta da bomba de sódio/potássio viria a confirmar a previsão de Dean. Referência: Dean, R. B. (1941). Biol. Symp., 3:331-348. Fonte: Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000 (pg. 8). BIOFÍSICA Bomba de Na+/K+ Em 1955 Hodgkin e Keynes, realizando experimentos com axônio de sépia (Sepia officinalis), determinaram que havia transporte do íon de sódio do meio intracelular para o meio extracelular, às custas de energia metabólica. Os experimentos foram realizados em água do mar artificial, contendo o íon de sódio radioativo 24Na+ . No experimento havia estímulo do axônio de sépia, que elevava a concentração intracelular do sódio radioativo. Em seguida o axônio era lavado e mergulhado em água do mar, sem sódio radioativo. O monitoramento da radioatividade indicava que havia passagem de sódio radioativo, do axônio para a água do mar. O próximo slide indica a liberação do sódio radioativo em função do tempo. Referência: Hodgkin, A. L. & Keynes, R. D. (1955). J. Physiol. 128:28-60. BIOFÍSICA O gráfico ao lado mostra a liberação do sódio radioativo em função do tempo. Na fase inicial o axônio estava mergulhado em água do mar artificial, onde então adiciona-se DNP, que tem o efeito de bloquear a cadeia respiratória. Por volta do 200 minutos a solução do banho é trocada, colocando-se água do mar natural. Observa-se a partir do gráfico um aumento do sódio radioativo no meio extracelular, indicando que há passagem de sódio. Referência: Hodgkin, A. L. & Keynes, R. D. (1955). J. Physiol. 128:28-60. Fonte: Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000 (pg. 11). Bomba de Na+/K+ E f l u x o d e 2 4 N a ( c o n t a g e m / m i n / m i n ) Tempo (min) BIOFÍSICA O presente gráfico mostra os resultados do experimento de Caldwell e colaboradores de 1960. Nesse experimento é injetado ATP ao axônio de sépia, após a injeção de cianeto. O cianeto tem como efeito bloquear a cadeia respiratória. A injeção de ATP faz elevar o nível de sódio no meio extracelular. Os experimentos de Hodgkin & Keynes juntamente com os experimentos de Caldwell e colaboradores confirmaram a hipótese de Dean, sobre a existência de um sistema que bombeava sódio para fora da célula, às custas de ATP. Esse sistema também bombeia potássio, para o interior da célula e é chamado bomba de Na+/K+ . Referência: Caldwell, P. C., Hodgkin, A. L., Keynes, R. D. & Shaw, T. L. (1960). J. Physiol., 152:561-590. Fonte: Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000 (pg. 11). Bomba de Na+/K+ BIOFÍSICA Na+ K+ Bomba de Na+/K+ BIOFÍSICA Canais de K+ Canais de K+ são os canais mais usualmente abertos na membrana plasmática de neurônios em repouso. Assim há saída de íons K+, o que deixa um excesso de carga negativa no interior da célula. Membrana Sensor de voltagem Exterior Canal aberto Canal fechado K+ Interior celular BIOFÍSICA Canal de Potássio em Ação http://wfdaj.sites.uol.com.br Difusão de Íons por Canais Passivos BIOFÍSICA Fonte: http://psych.hanover.edu/Krantz/neurotut.html [Íon]fora [Íon]dentro FD = RT ln ( ) FD: Força difusional FE: Força elétrica FE = VKzeA Fonte: http://psych.hanover.edu/Krantz/neurotut.html Difusão de Íons por Canais Passivos BIOFÍSICA [Íon]fora [Íon]dentro RT ln () FE = VKzeA=FD = Fonte: http://psych.hanover.edu/Krantz/neurotut.html Difusão de Íons por Canais Passivos FD: Força difusional FE: Força elétrica BIOFÍSICA [Íon]fora [Íon]dentro VKzeA = (No equilíbrio) Difusão de Íons por Canais Passivos Fonte: http://psych.hanover.edu/Krantz/neurotut.html FD: Força difusional FE: Força elétrica BIOFÍSICA RT ln ( ) [Íon]fora [Íon]dentro VK = RT ln ( ) zeA Difusão de Íons por Canais Passivos Fonte: http://psych.hanover.edu/Krantz/neurotut.html FD: Força difusional FE: Força elétrica BIOFÍSICA Equação de Nernst [Íon]fora [Íon]dentro Diferença de voltagem através da membrana Concentração do íon monovalente dentro da célula Concentração do íon monovalente fora da célula Constante universal dos gases Temperatura absoluta Valência do Íon VK = RT ln ( ) zeA Carga elétrica do elétron Número de Avogrado BIOFÍSICA Logarítimo Neperiano ou Natural [Íon]fora [Íon]dentro VK = RT ln ( ) zeA VK = 8,315 J/mol.K 293 K1. 1,602.10-19C.6,022.1023 1/mol [Íon]fora [Íon]dentro ln ( ) VK = 25 mV [Íon]fora [Íon]dentro ln ( ) Equação de Nernst BIOFÍSICA VK = (58 mV) log ( ) [Íon]fora [Íon]dentro Diferença de voltagem através da membrana Concentração do íon monovalente dentro da célula Concentração do íon monovalente fora da célula Equação de Nernst BIOFÍSICA VK = (58 mV) log ( ) [K+]fora [K+]dentro Diferença de voltagem através da membrana Concentração do íon potássio dentro da célula Concentração do íon potássio fora da célula Equação de Nernst BIOFÍSICA A equação de Nernst é uma idealização, que considera que a membrana celular é permeável a apenas um tipo de íon. Tal idealização leva a expressão simples da equação de Nernst, contudo, a sua aplicação, não consegue prever o valor final do potencial presente na membrana celular, levando-se em consideração a ação dos diversos íons presentes nas regiões intra e extra celular. Outra consideração sobre a forma simplificada da equação de Nernst, da forma apresentada ela é válida para íons monovalentes, para íons de outra valência é necessário dividir pela valência do íon (z), como mostrado na equação abaixo. VK = (58 mV) log ( ) [Íon]fora [Íon]dentroz Equação de Nernst BIOFÍSICA Aplicando a Equação de Nernst VK = (58 mV) log ( ) = - 84 mV5 mM140 mM Ex. 1. No interior de neurônios de mamíferos a concentração de íons de potássio é de aproximadamente 140 mM e do lado de fora de 5 mM, aplicando-se estes resultados à equação de Nernst temos: BIOFÍSICA VK = (58 mV) log ( ) = 56,3 mV 140 mM 15 mM Ex. 2. No interior de neurônios de mamíferos a concentração de íons de Na+ é de aproximadamente 15 mM e do lado de fora de 140 mM, aplicando-se estes resultados à equação de Nernst temos: Aplicando a Equação de Nernst BIOFÍSICA Equilíbrio de Donnan • Entre a célula e o meio ambiente podemos distinguir dois compartimentos separados por uma membrana (membrana plasmática): – o meio intracelular – o meio extracelular » Embora a membrana plasmática seja permeável a diversos íons, o meio intracelular contém substâncias tais como proteínas, ácidos nucléicos, ésteres e outras, que em pH fisiológico têm carga resultante negativa e não conseguem atravessá-la. • A análise do comportamento de um sistema deste tipo leva ao chamado Equilíbrio de Donnan, com características diferentes do estado de equilíbrio atingido por uma membrana permeável a um único Íon ou a todos os íons, como descrito nos casos anteriores. Equilíbrio de Donnan [Cj) = concentração de cátion difusível no compartimento interno [Ce] = concentração de cátion difusível no compartimento externo [Aj] = concentração de ânion difusível no compartimento interno [Ae] = concentração de ânion difusível no compartimento externo [Pj] = concentração de ânion não difusível no compartimento interno Trata-se de um sistema fechado com paredes rígidas, que apresentará as seguintes características: •Eletroneutralidade •Equilíbrio eletroquímico de todos os íons difusíveis •Desequilíbrio Osmonótico Trabalho 1) Explique o potencial de repouso da célula. 2) Usando-se a equação de Nernst determine a diferença de potencial (VK) devido a cada um dos seguintes íons, sabendo-se suas concentrações intracelular e extracelular. a) [Na+]extracelular=140 mM, [Na+]intracelular= 15 mM, b) [K+]extracelular= 5 mM, [K+]intracelular= 140 mM, A equação de Nernst é a seguinte: VK = (58 mV) log {[I]extracelular/[I]intracelular}, onde [I] é a concentração do íon sendo analisado. BIOFÍSICA Garcia, E. A. C. Biofísica. Editora Savier, 2000. Purves, W. K., Sadava, D., Orians, G. H., Heller, H. G. Vida. A Ciência da Biologia. 6a ed. Artmed editora. 2002. Referências BIOFÍSICA
Compartilhar