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1 CARREIRAS PÚBLICAS NÍVEL MÉDIO Noções de Direito Penal. Prof.: Nestor Távora. Aula: 03. Monitor: Filipe Ribeiro. MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice. I. Anotações. II. Lousa. III. Questões. I. ANOTAÇÕES. 4. FATO TÍPICO (continuação). 4.2. Resultado. 4.2.5. Desistência Voluntária. a. Conceito: O agente inicia a execução e, podendo prosseguir até a consumação, resolve, por ato voluntário, interromper o iter criminis. Exemplo: atirar na vítima e, podendo prosseguir, guarda a arma e vai embora. b. Consequência: O agente responde apenas pelos atos praticados (art. 15, primeira parte, do CP 1 ). Exemplo: se o indivíduo acertou na vítima, mas desistiu voluntariamente de continuar com a execução, só responderá por lesão corporal. 4.2.6. Arrependimento eficaz. a. Conceito: O agente encerra os atos executórios, mas pratica uma nova conduta e impede a ocorrência do resultado (art. 15, segunda parte, do CP). Exemplo: concluindo os atos executórios e tendo acertado 3 tiros na vítima, a socorre e evita a morte. b. Consequência: O agente só responde pelos atos praticados. ADVERTÊNCIA 1: É necessário que exista por parte do agente a vontade do arrependimento. ADVERTÊNCIA 2: Se o arrependimento não é eficaz, o agente responde pelo resultado. 4.2.7. Arrependimento posterior. a. Conceito: É uma causa de redução de pena, aplicável nos crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. O agente, por ato voluntário, repara o dano ou restitui a coisa, antes do início do processo (art. 16 do CP2). CONCLUSÃO 1: O processo criminal é iniciado com o recebimento da petição inicial. CONCLUSÃO 2: A petição inicial é chamada de denúncia ou queixa. b. Requisitos: b.1. 1º Requisito: O instituto é cabível nos crimes praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa. Exemplo: furto. b.2. 2º Requisito: A reparação do dano ou a restituição da coisa devem ser integrais, excluindo todo o prejuízo da vítima. b.3. 3º Requisito: O ato deve ser voluntário. 1 CP. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 2 CP. Arrependimento posterior. Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 2 b.4. 4º Requisito: O ressarcimento deve ocorrer antes do início do processo. c. Consequência: A pena será reduzida de 1/3 a 2/3. d. Situação especial: O pagamento do cheque sem fundos antes do início do processo, extingue a punibilidade do crime de estelionato (Súmula nº. 554 do Supremo Tribunal Federal - STF3). 4.2.8. Crime impossível. a. Conceito: Ocorre quando a conduta do agente jamais poderia levar a consumação, seja pela absoluta ineficácia do meio ou pela absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP4). CONCLUSÃO: A conduta do agente não é enquadrada como crime, e ele não responde penalmente. b. Ineficácia absoluta do meio: É a escolha de um meio de execução que jamais levará a consumação. Exemplo: uso de arma de brinquedo para matar alguém. c. Impropriedade absoluta do objeto: O objeto não é protegido pela norma penal ou sequer existe. Exemplo: atirar em pessoa já morta. d. Teoria objetiva temperada: Só há crime impossível se a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto são absolutas. Caso contrário, o indivíduo responde pelo crime. 4.3. Nexo Causal. a. Conceito: É a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. CONCLUSÃO: Com isso, poderemos identificar se a conduta provocou o resultado. b. Teoria da equivalência dos antecedentes (Teoria da Conditio Sine Qua Non)- Teoria da condição sem a qual. b.1. Conceito: Causa é toda circunstância que antecedente, sem a qual o resultado não teria ocorrido. CONCLUSÃO: As causas são igualmente contributivas (equivalência) para a produção do resultado. b.2. Estratégia da eliminação: CONCLUSÃO 1:Se com a eliminação da conduta anterior o resultado desaparecer, é sinal que ela deu causa ao resultado. CONCLUSÃO 2: Se com a eliminação da conduta o resultado permanecer, é sinal que ela não deu causa ao resultado. ADVERTÊNCIA: Vale lembrar que só responde pelo crime quem atuou com dolo ou culpa. b.3. Concausa. b.3.1. Conceito: Acontece quando mais de uma causa contribui para a ocorrência do resultado. b.3.2. Modalidades: I. Concausa absolutamente independente: é uma causa que sozinha, provoca o resultado, sendo independente da conduta do agente. Exemplo: atira no peito da vítima, mas aparece um desconhecido e atira na cabeça, provocando a morte. CONCLUSÃO DO EXEMPLO: A pessoa que atirou no peito responde por tentativa de homicídio. Aquele que atirou na cabeça, responde por homicídio consumado. II. Concausa relativamente independente: é uma causa que provoca sozinha o resultado, mas tem relação com a conduta do agente. Exemplo: Atira no peito da vítima. Ela é socorrida e colocada em uma ambulância que capota e ela morre pelo acidente. 3 Súmula 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 4 CP. Crime impossível. Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 3 CONCLUSÃO 1 DO EXEMPLO: Como a vítima só estava na ambulância porque foi alvejada, o acidente relativamente independente do tiro. CONCLUSÃO 2 DO EXEMPLO: Como o acidente ocorreu após o tiro, ele é considerado uma Concausa superveniente. CONCLUSÃO 3 DO EXEMPLO: Neste caso, quem atirou responde por tentativa de homicídio, já que a morte é atribuída ao acidente (art. 13, §1º do CP5). 4.4. Tipicidade. a. Conceito. a.1. Teoria clássica: Basta que a conduta humana esteja enquadrada na descrição legal para que exista tipicidade (tipicidade formal). a.2. Teoria moderna: É necessário aliar o enquadramento da conduta no texto da lei (tipicidade formal) à tipicidade material (relevância da lesão ao bem jurídico). b. Princípio da Insignificância ou Princípio da Bagatela. b.1. Conceito: O fato praticado não será considerado como crime, se a conduta não atinge bem jurídico relevante. Exemplo: subtrair um chocolate de R$ 2,00 no mercado. b.2. Consequência: Não há responsabilidade penal. ADVERTÊNCIA: Nada impede que ocorra a responsabilidade civil, impondo-se o dever de indenizar. b.3. Requisitos – tema da próxima aula. II. LOUSA. 5 CP. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 4 5 6 7 8 III. Questões. 01. 2016 - MPE-GO - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto.Sobre a etapas de realização da infração penal, marque a alternativa correta: a) Em determinadas infrações penais o exaurimento constitui etapa do iter criminis. b) Os atos executórios precisam ser idôneos e inequívocos, não se exigindo, porém, sua simultaneidade. c) A resolução do agente, no que diz respeito ao dolo, não são coincidentes na tentativa e na consumação. d) O arrependimento eficaz é incompatível com crimes formais ou de mera conduta. 02. 2016 – IBEG - Teixeira de Freitas – BA - Procurador Municipal. Quando o partícipe instiga outrem a praticar um crime de homicídio, mas durante a execução do ataque tenta impedir que o resultado se produza, mas não consegue, pode-se dizer que, consequentemente: 9 a) É reconhecível a co-autoria. b) É reconhecível a desistência voluntária. c) É reconhecível o arrependimento posterior. d) É reconhecível o arrependimento eficaz. e) É reconhecível a participação de menor importância. 03. 2015 – CESPE - DPE-RN - Defensor Público Substituto. A respeito de arrependimento posterior, crime impossível, circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes, assinale a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência do STJ. a) Existindo duas qualificadoras ou causas de aumento de pena, uma delas implica o tipo qualificado ou a majorante na terceira fase da dosimetria, enquanto a outra pode ensejar, validamente, a valoração negativa de circunstância judicial e a exasperação da pena-base. b) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não se estende aos demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito até o recebimento da denúncia. c) A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. d) Condenações anteriores transitadas em julgado alcançadas pelo prazo depurador de cinco anos previsto no art. 64, I, do CP, além de afastarem os efeitos da reincidência, também impedem a configuração de maus antecedentes. e) Na hipótese de o autor confessar a autoria do crime, mas alegar causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, não se admite a incidência da atenuante da confissão espontânea, descrita no art. 65, III, d, CP. 04. 2016 - CAIP-IMES - Câmara Municipal de Atibaia – SP - Advogado. Complete corretamente as frases abaixo assinalando a alternativa correta. I- Configura-se o crime _____________, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. II- Configura-se o crime _____________, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. III- Configura o crime _____________, quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, a finalização e consumação do ato típico, antijurídico e culpável é afetada. IV- Configura – se o crime _____________, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. a) I. doloso; II. culposo. III. impossível; IV. consumado b) I. consumado; II. doloso; III. impossível; IV. culposo c) I. impossível; II. consumado; III. culposo; IV. doloso d) I. culposo, II. impossível, III. doloso; IV. consumado 05. 2015 - CESPE - DPE-RN - Defensor Público Substituto. A respeito de arrependimento posterior, crime impossível, circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes, assinale a opção correta à luz da legislação e da jurisprudência do STJ. a) Existindo duas qualificadoras ou causas de aumento de pena, uma delas implica o tipo qualificado ou a majorante na terceira fase da dosimetria, enquanto a outra pode ensejar, validamente, a valoração negativa de circunstância judicial e a exasperação da pena-base. b) O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não se estende aos demais corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito até o recebimento da denúncia. c) A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. 10 d) Condenações anteriores transitadas em julgado alcançadas pelo prazo depurador de cinco anos previsto no art. 64, I, do CP, além de afastarem os efeitos da reincidência, também impedem a configuração de maus antecedentes. e) Na hipótese de o autor confessar a autoria do crime, mas alegar causa excludente de ilicitude ou culpabilidade, não se admite a incidência da atenuante da confissão espontânea, descrita no art. 65, III, d, CP. Gabarito: 1. d. 2. e. 3. a. 4. b. 5. a.
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