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A Efetividade dos direitos fundamentais na familia democratica

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22
A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA FAMÍLIA DEMOCRÁTICA.
Márcia Gabrielle Gontijo de Oliveira
Professor Orientador: Ricardo Nogueira
 Faculdade Pitágoras Divinópolis/MG
Pós-Graduação em Direito Civil e Processo Civil da Faculdade Pitágoras.
RESUMO
O Direito das famílias é um ramo que mais sofre os impactos das mudanças sociais. As discussões acerca das soluções dos conflitos oriundas dessas metamorfoses coletivas são imensamente perfunctórias no Direito Brasileiro, de modo que este trabalho, busca compreender tais mudanças evidenciando a família democrática, os conflitos familiares e principalmente as soluções efetivas e eficazes abordando principalmente os direitos fundamentais e sua aplicabilidade ante aos conflitos no direito das famílias dentro de um contexto atual. Deste modo, com base numa perspectiva metodológica fixa a abordagem do múltiplo – dialética, sendo que na primeira parte do trabalho, buscou-se esclarecer a evolução histórica do direito de família, para ampliar a compreensão da família democrática, para num segundo momento analisar os dados coletados no judiciário acerca conflitos existentes no âmbito familiar, para então passar a análise dos métodos que garantem a efetividade dos direitos fundamentais com a vigência do Código de Processo Civil 2015, assegurando a solução célere e eficaz dos conflitos existentes.
Palavras-Chave: Família Democrática. Direitos Fundamentais. Soluções de conflitos. Constelações Familiares. 
1 INTRODUÇÃO
A sociedade vive em constante metamorfose, com isso surge a necessidade de se reavaliar os meios de efetivação dos direitos fundamentais, principalmente no âmbito do direto das famílias. 
São vários os tipos de família reconhecidos pelo ordenamento jurídico, com tantas mudanças sociais a formação familiar não é mais padronizada (homem x mulher), do contrário, é modificada rapidamente trazendo a necessidade de adequação das leis a essas mudanças, seja com alterações de legislativas seja através de jurisprudência. 
No presente trabalho será estudada a família democrática, numa concepção mais ampla, a fim de se compreender a aplicabilidade de métodos e técnicas de solução de conflitos inseridos no Código de Processo Civil (CPC/2015) que proporcionam a efetividade dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição da República de 1988 (CR/88).
A discussão acerca dos direitos fundamentais é primária, quando parte da análise sob a perspectiva do CPC/2015, torna-se ainda mais imatura. Acreditando que o legislador tratou de fortalecer os direitos fundamentais os tipificando e consolidando alguns princípios norteadores já existentes na Constituição da República de 1988 CR/88, pode-se extrair o entendimento de que o legislador buscou pacificar os litígios, privilegiando os meios pacíficos de soluções de conflitos, como por exemplo a conciliação, a mediação, a arbitragem e, principalmente, o direito sistêmico aplicado diretamente no judiciário, com adoção de técnicas como constelação familiar.
A partir daí, a presente pesquisa busca mecanismos para traçar, num primeiro momento, a análise da família democrática, para, num segundo momento, trazer à tona análise da teoria dos direitos fundamentais, identificar os meios de solução de conflitos trazidos pelo CPC/2015 aplicáveis ao direito das famílias, para, ao fim, analisar a viabilidade de tais conflitos litigiosos tornarem-se mais leves, transformando-os em consensuais com a aplicação das técnicas de solução pacíficas de conflitos. 
O CPC/2015 introduziu a liberalidade do juiz para acionar uma equipe multidisciplinar quando entender necessário (art. 694), facilitou e ampliou a compreensão do conflito pelos magistrados, contudo, o ponto que fica a desejar, é que falta estrutura e investimento para que seja esse trabalho aplicado na prática dentro do judiciário, fazendo com que os operadores do direito se vejam obrigados a buscar soluções céleres para os conflitos familiares, o que, na maioria das vezes enxerga as soluções no âmbito extrajudicial, levando a cabo apenas os termos acordados para homologação e chancela do judiciário.
As alterações do CPC 2015, que trazem essas novas formas de resolução de conflitos (tentativa de conciliação/mediação/arbitragem) são excelentes menções, pois a o direito das famílias envolve pessoas e sentimentos que vão além da matéria de direito propriamente dito e muitos dos litígios familiares são arrastados por anos, não motivados por questões apenas de direito, e sim por emoções e sentimentos. Então nada mais propício que o auxílio de profissionais técnicos e especializados para, direcionar, filtrar e orientar as demandas familiares e consequentemente ampliar as possibilidades de pacificação de conflito trazendo soluções rápidas. 
Deste modo, a partir de uma leitura mais ampla, busca-se com este estudo alcançar resposta ao problema de pesquisa: As técnicas de solução de conflitos positivadas no CPC/2015 garantem a efetividade dos direitos fundamentais na família democrática?
2 METODOLOGIA DE PESQUISA 
Pretende-se atingir os objetivos do estudo elegendo como universo de pesquisa advogados, defensores públicos no município de Nova Serrana/MG e o próprio judiciário, através dos servidores lotados na Vara de Família da Comarca de Nova Serrana/MG, onde será analisado o impacto das mudanças sociológicas e legislativas na efetivação dos direitos fundamentais na família democrática. Nesse sentido, serão utilizadas técnicas de investigação indicadas por autores como Duarte e Barros (2006); através de pesquisa bibliográfica nas áreas de direito, sociologia, além de estudos descritivos em sites, artigos e publicações periódicas que contribuíram com informações adicionais. 
Os dados sobre a efetividade dos direitos fundamentais na Vara de Família da Comarca de Nova Serrana/MG serão obtidos por meio de entrevistas em profundidade com servidores públicos lotados na Vara de Família da Comarca de Nova Serrana/MG e advogados atuantes na vara de família da referida comarca.
Inicialmente adotou-se o método de pesquisa bibliográfica, com levantamento de livros, revistas, artigos e obviamente na legislação vigente e, com base numa perspectiva metodológica múltiplo-dialética, buscou-se a compreensão da evolução histórica da família, dos direitos fundamentais e, por fim, uma concepção de todo o contexto, acrescido das inovações trazidas pelo novo código de processo civil.
Completando, elaborou-se um formulário, para levantamento de dados estatísticos buscando se aproximar ao máximo da realidade dos processos em trâmite na Vara de Família da Comarca de Nova Serrana/MG.
Tais métodos se mostram adequados, possibilitando alto índice de satisfação e resultados finais na conclusão da pesquisa.
3 FAMÍLIA DEMOCRÁTICA 
Com constantes evoluções, o instituto das famílias ainda é sem dúvidas o causador dos maiores impactos na sociedade.
Em metáfora, Rodrigo da Cunha Pereira ressalta: 
As palavras acompanham o fluir do tempo e mudam de significado, envelhecem e são substituídas por outras, de acordo com a mutação da vida social e dos valores cultivados pela sociedade. Muitas perdem a força e vão enfraquecendo, enfraquecendo, até morrerem por falta de uso. Em substituição às palavras mortas, outras vão surgindo. Particularmente, esse fenômeno também ocorre para marcar uma nova era nas relações familiares e no Direito de Família. (PEREIRA apud HIRONAKA, 2015, p. 42).
Assim como as palavras, os seres humanos vivem em constantes mutações, alterando comportamentos e causando impactos sociais. Não diferente acontece com o direito, que, embora as alterações legislativas se deem com atraso em relação as mudanças sociais, elas tendem a acompanhar as mudanças sociológicas e comportamentais do ser humano.
Num contexto histórico, temos que, as primeiras civilizações tinham o poder concentrado na figura masculina, era o pai quem ditava as regras, podendo inclusive matar sua prole. O casamento era indesatável, as mulheres submissas e viviam exclusivamente para a família,cuidando do lar e da prole. Assim tínhamos um modelo de família tradicional, formado por pai, mãe e filhos. Naquele tempo as mulheres não conseguiam sequer decidir o destino de sua prole, havia distinção entre filhos legítimos e filhos havidos fora do casamento. 
Todavia, até chegarmos aos conceitos atuais, atravessou-se um calvário. Os casamentos somente poderiam ser submetidos a autoridades eclesiásticas da Igreja Católica, a mulher submissa, somente assumia o controle da família com a morte da figura masculina, ocasião em que, a mãe passa a exercer certos poderes sobre seus filhos, etc.
A estrutura familiar se altera gradativamente, surge a ideia de contratos familiares, onde a família é considerada como base da sociedade, as pessoas passaram a coabitar e a se divorciarem, muitas crianças foram concebidas fora do casamento e não tinham seus direitos reconhecidos, as mulheres começam a determinar e escolher com quem viveriam, seja no casamento ou coabitando sem formalidades, elas começam a conquistar sua liberdade financeira e emocional, adiando o casamento, a vida em comum, e consequentemente os filhos para se dedicarem a vida profissional. 
Figueiredo, Figueiredo (2015) procuram definir o conceito de família. Para os autores, muito antes da CR/88, o direito apenas enxergava como família legítima aquela constituída dentro do casamento. Mas eles consideram que após o advento da CR/88, tal equívoco foi desfeito, passando a legislação brasileira a reconhecer a tutela de diversos arranjos familiares.
Antes de 1988, o direito nacional apenas enxergava como família legitima aquela constituída dentro do casamento. O direito, à época, ia na contramão dos outros ramos do conhecimento. Isto porque, como lembra Paulo Luiz Neto Lobo, a antropologia, a sociologia, a psicanálise, a psicologia, dentre outros ramos do saber, não delimitavam a família ao casamento. 
Apenas com a Constituição Federal de 1988 que tal equívoco fora desfeito. Inovando o direito nacional, informa e Constituição Cidadã no seu art. 226 que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Passa então, a legislação brasileira a fornecer instrumentário ao operador do direito para a tutela dos diversos arranjos familiares. (FIGUEIREDO, FIGUEIREDO, 2016, p. 59)
 
Vê-se, que, a CR/88 ampliou o leque de interpretações, possibilitando que o operador de direito conceitue os mais diversos tipos de famílias de acordo com a necessidade social. Modificando as estruturas familiares, fazendo desaparecer o poder marital e a figura do chefe de família. 
Após longas décadas de construção sociológica, o modelo de família se altera trazendo consigo a ideia de democracia privada.
 A percepção de democracia inicialmente parte da vida pública. Jamais imaginaríamos que a democracia também se trata de vida privada. Walt Whitman citado por Maria Celina Bodin de Moraes (2006) afirma que “[...] a democracia se aplica exclusivamente lá onde ela se irradia e gera flores e frutos: nos comportamentos, nas mais altas formas de interação [entre as pessoas] e crenças – religião, literatura, universidades e escolas – democracia em toda a vida pública e privada...”.
Surge então as questões de afeto, respeito e carinho, prevalecendo sobre qualquer sistema impositivo anteriormente conhecido. As pessoas começam a compartilhar responsabilidades, os filhos não são criados para obedecer, exclusivamente; inicia-se a ideia de negociação, diálogo dentro da família e a conscientização dos pais a garantir o melhor interesse da criança e do adolescente. (MORAES, 2006.p. 25).
Francisco Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira, afirmam que:
A família perdeu a função política que tinha no Direito Romano, quando se estruturava sob o parentesco agnatício, assente na ideia de subordinação ou sujeição ao pater famílias. Perdeu a função econômica de unidade de produção, embora continue a ser normalmente uma unidade de consumo. As funções educativas de assistência e de segurança que tradicionalmente pertenciam à família tendem hoje a serem assumidas pela própria sociedade. Por último, a família deixou de ser fundamentalmente o suporte de um patrimônio.
Esta breve passagem bem traduz a virada histórica que a família experimentou no que concerne à sua finalidade, ou mesmo função. Se, inicialmente, as relações primitivas se davam exclusivamente para a satisfação dos interesses sexuais, o fato é que não era romana a família já exercia importante papel político, onde as noções de hierarquia e subordinação ao pater bem repercutiam no império a justificavam a ideologia da época.
Na idade média se viu a manutenção desta finalidade, de modo que o conjunto de valores, regras e condutas medievais também se mostrava harmonioso com a ideia institucional e hierarquizada das famílias, justificado agora também pelo viés religioso.
A função econômica da família- instituição, portanto é secular e se manteve presente com o advento da modernidade. (COELHO; OLIVEIRA, apud FIGUEIREDO, 2016, p.98).
Os autores ainda ressaltam que, a família democrática, nada mais é, do que o respeito e dignidade das pessoas preservado e garantido entre si, tendo finalidade eudemonista, onde se prioriza a realização de projetos pessoais e da própria dignidade, promovendo acima de tudo a felicidade. (FIGUEIREDO, FIGUEIREDO, 2016, p.98).
Demais disso, é importante compararmos os modelos de famílias do passado com o atual modelo democratizado.
Quadro 1.Quadro comparativo
	Família - Código Civil 1916
	 Família – Código Civil de 2002
	Instituição
	Instrumento
	Matrimonializada
	Desmatrimonializada
	Família - Código Civil 1916
	 Família – Código Civil de 2002
	Heterossexualizada
	Plural
	Patrimonializada
	Despatrimonializada
	Hierarquizada
	Democratizante
	Biologizada
	Desbiologizada
	Projeto Econômico
	Projeto Eudemonista
	
	
 Fonte: (FIGUEIREDO, 2016).
Pois bem, após constantes mutações, a família tornou-se um campo de aconchego, segurança, trocas e compartilhamento, buscando sempre garantir a felicidade e a dignidade das pessoas. O afeto passa a ser valorizado possibilitando inclusive o reconhecimento de paternidade socioafetiva, da multiparentalidade e da adoção póstuma a brasileira, preservando sempre, o melhor interesse da criança e do adolescente. Os direitos fundamentais estão cada vez mais presentes e efetivados na família, os direitos da personalidade são evidenciados em conjunto com direitos fundamentais e humanos.
4. DIREITOS FUNDAMENTAIS E CPC 2015
Direitos fundamentais são normas estabelecidas na CR/88, e visam a garantia dos direitos humanos, direitos de personalidade, dignidade, liberdade, etc., a todos os cidadãos sem qualquer discriminação.
São normas consideradas cláusulas pétreas onde não há necessidade de qualquer normatização especifica para serem efetivadas, resguardando, até mesmo, os direitos implícitos, como, por exemplo, o afeto no direito de família, a união estável e o casamento homoafetivo.
O Rol dos direitos fundamentais é exemplificativo, sendo externados em alguns casos por princípios de Direito que conduzem o operador do Direito a conquista e efetivação dos direitos fundamentais.
Nesta seara Elpídio Donizete afirma:
Se antes o entendimento tradicional era de que a Constituição dependeria sempre de uma lei ordinária para ser, hoje vale a premissa de que os princípios constitucionais são normas situadas no topo aplicada às relações privadas do ordenamento jurídico e, por essa razão, devem nortear a atuação do julgador mesmo quando não positivados no texto infraconstitucional. (DONIZETE, 2017.p.64)
O Novo civil código de processo faz uma leitura constitucional do processo com o intuito de promover a solução dos litígios e tipificou alguns dos direitos e deveres fundamentais, reforçando, ainda mais a efetivação e eficácia das normas fundamentais contidas na CR/88. 
De acordo com Alexandre Freitas Câmara “[...] É o chamado modelo constitucional de processo civil, expressãoque designa o conjunto de princípios constitucionais destinados a disciplinar o processo civil e não só o civil, mas todo e qualquer tipo de processo que se desenvolve no Brasil”. (CÂMARA, 2017, p.19).
Dentre tantos direitos fundamentais normatizados, ressalta-se, o princípio da boa-fé objetiva, ou seja, aquele que encontra fundamento no dever de confiança, reciprocidade, confiança no outro. Daí a ligação com a noção de lealdade e respeito à expectativa do outro. Tal princípio impõe o dever de respeito, ética, confiança e lealdade recíprocas entre as partes enquanto litigantes.
Segundo Flávio Tartuce: 
A boa-fé objetiva também foi valorizada de maneira
considerável pelo Novo Código de Processo Civil, consolidando-se na norma boa-fé objetiva processual. Nos termos do seu art. 5.º, aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Em reforço, todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6.º do CPC/2015, consagrador do dever de colaboração processual). (TARTUCE, 2017, p. 417)
Significa que entre as partes deve haver os deveres de cuidado em relação à outra parte, dever de agir conforme a confiança depositada, dever de lealdade e probidade, dever de colaboração ou cooperação, dever de agir com honestidade, etc.
Silva e Fabriz, processualistas civis, afirmam que “[...] um desses deveres está contido na ideia de que as partes deverão atuar de boa-fé processual, buscando a solução pacifica das controvérsias, ainda mais naquelas ações, reconhecidamente, inerentes aos direitos das famílias [...]”. (SILVA; FABRIZ, 2017, p. 27).
Não menos importante são os princípios inércia da jurisdição (art. 2°), da inafastabilidade da jurisdição (art. 3°), da razoável duração processo (Art.4°), da cooperação (art.6°), da dignidade da pessoa, da eficiência (art. 8°), dentre outros, pois eles proporcionam e viabilizam a solução consensual dos conflitos, garantindo a efetividade dos direitos fundamentais constitucionalmente previstos.
Para a Professora Roselaine dos Santos Sarmento, “por determinação do artigo 1° da nova lei, todos esses princípios processuais constitucionais devem ser utilizados pelo operador de Direito na função interpretativa do direito processual [...]”. (SARMENTO, 2017, p. 71)
Deste modo resta clara a intenção do legislador em fazer efetivar os direitos constitucionais ao positivar a legislação infraconstitucional em conformidade com o que determina a Carta Maior.
5. MEIOS DE EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
Com as constantes mudanças sociais, faz-se necessária uma reanálise dos meios de soluções de conflitos, principalmente, no direito das famílias.
É notório o aumento significativo do índice de conflitos nas varas de todo país. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), citado por Sarmento (2017, p.69), apontam que há mais de 105 milhões de processos tramitando em todo o pais e isso significa pôr em risco a efetivação dos direitos fundamentais, haja vista a morosidade do judiciário.
Esse contexto, impulsiona os operadores do direito a buscarem a solução pacífica, eficaz e célere dos conflitos, principalmente, no âmbito familiar, garantindo a aplicabilidade dos direitos fundamentais e preservando, primeiramente, o melhor interesse das crianças e adolescentes envolvidas nos conflitos, direta e indiretamente. Assim com a entrada em vigor do CPC/2015, alguns meios de solução de conflitos foram positivados, outros, mesmo que carentes de legislação específica para regulá-los, se tornaram meios mais céleres e eficazes e, ainda em fase de adaptação, estão sendo aplicáveis de forma gradativa no judiciário brasileiro, é o caso, por exemplo, do direito sistêmico (constelações familiares) e das audiências de fortalecimento.
Por efeito, os operadores do direito se forçam a serem cada vez mais ousados e criativos ao aplicarem tais técnicas nos conflitos de forma extrajudicial, levando a conhecimento do judiciário o termo para simples homologação.
Conforme já exposto o CPC/15 priorizou a solução consensual dos conflitos, forçando os operadores do direito a utilizarem as ferramentas disponíveis para garantir a efetivação dos direitos fundamentais em tempo razoável proporcionando maior celeridade na solução dos litígios e garantindo a concretização dos direitos dos litigantes. Exemplo disso, é a obrigatoriedade de submissão dos conflitos familiares à audiência de mediação/conciliação prevista no artigo 695 do CPC.
O decreto n° 4.657 de 04 de Setembro de 1942, com as modificações da lei 12.376 de 2010 - lei de introdução às normas do direito brasileiro - em seu artigo 5º prevê que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
Assim no âmbito familiar, o operador do direito deve ter a sensibilidade jurídica, se sobressaindo à letra da lei e à formalidade processual.
De tal modo, no ordenamento jurídico vigente temos vários regramentos possibilitando soluções pacíficas e céleres aos conflitos existentes, como, por exemplo, a lei n° 13.140/2015, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública, a lei 9.307 de 23 de Setembro de 1996, que dispõe sobre a lei de arbitragem, a lei n°13.105 de16 de março de 2015, que regulamenta o código de processo civil dentre outras legislações específicas que garantem a efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos, por exemplo, a lei 9.099/95 que versa sobre os juizados especiais cíveis.
 No âmbito do direito das famílias a observância desses meios facilitadores e garantidores da segurança jurídica e dos direitos fundamentais requerem maior atenção, pois na maioria do casos existentes na vara de família discute-se o fim do amor, e, ante toda a sensibilidade envolvendo os conflitos familiares, haveria a necessidade de profunda avaliação dos magistrados, promotores e defensores submetendo-os a qualificação direcionada a solucionar os conflitos familiares.
Para Maria Berenice Dias:
O escoadouro das desavenças familiares são as varas de família, que estão superlotadas. O critério para atuar nessas varas não deveria ser merecimento ou antiguidade. Precisaria ser verificado o perfil do magistrado, promotor e defensor, os quais precisariam receber alguma qualificação antes de assumirem suas funções.
Quem vai ao Judiciário, na maioria das vezes, chega fragilizado, cheio de mágoas, incertezas, medos. Precisa ser recebido por um juiz consciente de que deve ser muito mais um pacificador, um apaziguador de almas despido de qualquer atitude moralista ou crítica. (DIAS, 2016.p.84)
Segundo o Magistrado Alexandre Freitas Câmara “os métodos consensuais, de que são exemplos a conciliação e a mediação, deverão ser estimulados por todos os profissionais do Direito que atuam no processo, inclusive durante seu curso (art. 3°, § 3°, CPC)”. (CÂMARA, 2017, p.22).
Os métodos consensuais devem ser priorizados sempre que possível, vez que tornaram-se mais adequados do que o sistema impositivo existente no código de processo civil anterior. 
O Meritíssimo ainda afirma que: 
Basta ver o que se passa, por exemplo, nos conflitos de família. A solução consensual é certamente muito mais adequada, já que os vínculos intersubjetivos existentes entre os sujeitos em conflito (e também entre
pessoas estranhas ao litígio, mas por ele afetadas, como se dá com filhos nos conflitos que se estabelecem entre seus pais) permanecerão mesmo depois de definida a solução da causa. Daí a importância da valorização da busca de soluções adequadas (sejam elas jurisdicionais ou para jurisdicionais) para os litígios. (CÂMARA, 2017, p.22).
Deste modo, remata a ideia de que, em qualquer ramo do direito, a prioridade conforme o novo regramento é a solução pacifica dos conflitos, contudo no âmbito familiar, essa necessidade se torna ainda mais presente, haja vista, a possibilidade de que o conflito se estendae seja julgado de maneira a prejudicar pessoas estranhas à lide.
Os meios de soluções mais propagados são: arbitragem, mediação, conciliação, aplicação do direito sistêmico nos tribunais utilizando a técnica de constelações familiares, audiências de fortalecimento nos casos de violência contra mulher, entre outros.
Entretanto, os meios mais utilizados são: mediação, conciliação, Práticas Colaborativas e aplicação do direito sistêmico, utilizando a técnica de constelações familiares. O que não significa que todos os meios não possam vir a ser efetivamente utilizados tanto na esfera judicial quanto na esfera extrajudicial.
Acerca do tema, Fernanda Tartuce vem esclarecer:
A interdisciplinaridade dos meios consensuais está reconhecida no dispositivo, que dispõe que o juiz deve dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. Aqui o código aponta para a conciliação e mediação judicial, que acontece de forma organizada e promovida pelo Poder Judiciário (court-annexed mediation, na língua inglesa), sendo a forma pela qual mais comumente os meios consensuais tem se desenvolvido no pais. (TARTUCE, 2015, p. 903)
As Práticas Colaborativas e as Constelações Familiares, apesar de serem técnicas relativamente novas e inovadoras, tem se destacado bastante no direito das famílias, por unirem forças, na maioria das vezes, com profissionais de outras áreas, como, por exemplo, psicólogos, psicanalistas, assistentes sociais, médicos e advogados. O que faz com que tais técnicas surtam mais efeitos a curto prazo e com a segurança jurídica necessária para cada conflito.
5.1 Advocacia Colaborativa
Num contexto histórico, a Advocacia Colaborativa surgiu, incialmente, por Stuart Webb, um advogado de família norte-americano. No Brasil, apareceu primeiramente, no Rio de Janeiro, onde três profissionais, uma médica e duas advogadas, se submeteram a capacitação em Práticas Colaborativas nos Estados Unidos, trazendo o método em agosto de 2011 para o país. 
Trata-se de método inovador, que objetiva a satisfação total do cliente, utilizando apenas técnicas colaborativas e renunciando-se ao litígio, de maneira que, quando o conflito não é solucionado por meio de acordos, o cliente é encaminhado para outro profissional para que o represente em juízo. 
Os advogados das partes assinam um termo de confidencialidade e um compromisso de não litigância, assumindo assim, a responsabilidade de atuar na solução pacífica do conflito, trazendo mais segurança as partes envolvidas.
Almeida e outros (2014) relatam ao mencionar o fortalecimento da técnica aplicada por Webb a seus clientes que o
Compromisso de não litigância era a chave mestra para que se obtivesse um ambiente efetivamente colaborativo, afinal advogados impedidos de ajuizarem demandas naqueles casos específicos deixaram de representar uma ameaça mútua e passaram a atuar em conjunto, trazendo informações e exibindo documentos importantes sempre que necessário, e assessorando seus clientes na busca de um ajuste viável, criativo e de benefícios mútuos. (ALMEIDA et al., 2014 p.285)
Importante ressaltar que os advogados colaborativos sempre atuam em conjunto, sendo um advogado para cada parte, trazendo mais segurança e credibilidade às partes. Geralmente as partes são encaminhadas por outros profissionais para que, com o conhecimento jurídico, o advogado colaborativo auxilie na resolução dos conflitos em conjunto com profissionais de outras áreas.
Nada obsta que, de acordo com a complexidade do caso, os advogados encaminhem as partes a outros profissionais, para que também auxiliem na solução efetiva dos casos propostos.
Os profissionais colaborativos atuam de maneira a facilitar o diálogo entre as partes. Detalhando o processo de atuação dos profissionais colaborativos, o grupo de estudos em práticas colaborativas ensina: 
Assim o cliente procura um advogado, ou e encaminhado a ele por outro profissional, manifestando o desejo, por exemplo, de se divorciarem
Advogado e cliente mapeiam e prospectam as circunstâncias do conflito e avaliam a pertinência ou não da abordagem colaborativa. Caberá ao advogado explicar ao seu cliente as etapas do procedimento e como a equipe multidisciplinar atua.
Diante das especificidades do caso concreto, o advogado avaliará a necessidade de integração à equipe de profissionais colaborativos de outras áreas de conhecimento. O profissional de saúde, com muita frequência, terá uma função importante, na medida em que oferece suporte emocional ao cliente, (funcionando como coach). Advogado e coach atuam lado a lado com um mesmo cliente.
Se houver filhos menores, um especialista em desenvolvimento infantil será chamado, se necessário. Se houver patrimônio, dívidas ou simplesmente para ajudar a identificar os valores da contribuição financeira para manutenção dos filhos, um consultor financeiro poderá atuar no caso. Ambos são profissionais neutros e atuam como terceiros avaliadores.
Todos os profissionais envolvidos no caso devem assinar um termo de confidencialidade e um termo de não-litigância, garantindo desta forma um ambiente protegido de conversa e o compromisso de que não patrocinarão e não servirão de testemunhas em processos judiciais. (PRÁTICAS COLABORATIVAS, 2013)
A adoção de práticas colaborativas garantem a efetivação dos direitos fundamentais na família democrática e possibilitam maior celeridade, solucionando os conflitos de maneira segura, eficaz e célere, bem como, geram economia financeira aos envolvidos.
É importante ressaltar que em determinados casos em que se aplicam a arbitragem, o conflito não solucionado por meio de aplicação das práticas colaborativas serão primeiramente encaminhados às técnicas de arbitragem.
5.2 Arbitragem, Conciliação e Mediação
A arbitragem é método de solução de conflito privado em que as partes definem previamente quem será o árbitro do conflito, abrindo mão de socorrer-se do Judiciário. Assim as câmaras de arbitragem atuam como uma conciliação prévia reduzindo a termo as cláusulas pactuadas na reunião conciliatória. Tal termo tem força de título executivo extrajudicial. É procedimento previsto em lei, lei 9.307/96.
A lei de arbitragem (BRASIL, 1996) define quais conflitos podem ser submetidos à técnica, reduzindo-os aos conflitos que tem valor pecuniário, aqueles que podem ser negociados, por exemplo, contratos, títulos executivos extrajudiciais que perderam força executiva, acidentes, direitos consumeristas, etc. 
Observe que aqueles conflitos que versam sobre direitos indisponíveis, como guarda de filhos, conflitos diretamente ligados a esfera criminal e tributária não podem ser discutidas por arbitragem. Para esses 
 A conciliação é o método mais conhecido e utilizado pelos operadores do Direito, tanto no âmbito judicial, quanto extrajudicial. É o método já implantado em todo o judiciário brasileiro por decorrência da legislação vigente, que determinou a criação dos centros judiciários de solução consensual de conflitos, órgãos administrativos incumbidos de desenvolver programas relacionados à autocomposição e de realizar as audiências de conciliação e mediação (art. 165 CPC).
Também por determinação do CPC/2015 após a petição inicial será designada audiência de conciliação ou mediação, que ocorrerá antes da apresentação da defesa do réu (art. 334, CPC). Ela somente será dispensada em caso de concordância das partes, sendo requisito da petição inicial a manifestação pela opção ou não pela sua realização ou, o direito não admitir autocomposição. (Art. 334§ 4° CPC).
Note que a obrigatoriedade da audiência de conciliação/mediação trazida pelo CPC/2015 vem dividindo opiniões dos juristas ao passo que a maioria encara como positiva a obrigatoriedade
Neste sentido, Barbosa afirma que: 
 A regulamentação da mediação no CPC/2015 representa ganho inestimável para a máxima: educar para mediar. Todos os operadores do Direito estão sendo obrigados a estudar a teoria da mediação, seja para encaminhar as partes em conflito, seja para rejeitaras hipóteses de audiência (o nome adequado seria sessão) de mediação, enfim, a comunidade jurídica brasileira está sendo obrigada a reconhecer esse meio de acesso à justiça. (BARBOSA, 2016, p. 5)
Para Sarmento, “o novo código de processo civil merece elogios, porém, não será suficiente para mudar o comportamento das pessoas. Mais do que a lei é necessária uma mudança de mentalidade das pessoas: uma metanoia.”. (SARMENTO, 2017, p.84).
Outro ponto interessante é que, o CPC/2015 dispõe ser obrigatória a atuação do conciliador ou do mediador (e vedada a do juiz), quando existir pelo menos um nomeado na Subseção Judiciária ou na Comarca (art. 334, § 1º). Assim, substitui-se o juiz por um profissional capacitado especificamente para promover a autocomposição entre as partes.
No âmbito familiar essa premissa é ainda mais forte, quando o legislador expressamente afirma que todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia. (Art. 694 CPC).
Arruda citado por Tartuce mostra que “o “empreendimento de esforços” deve se verificar sem qualquer coerção para que as partes aceitem participar as sessões consensuais”. (ARRUDA, apud TARTUCE, 2015, p.903).
Nesse diapasão, Feitor acrescenta que “coloca-se a questão de saber se tal não viola os princípios basilares da mediação quanto à voluntariedade. Todavia, a mediação judicial apresenta-se como uma ferramenta positiva, [...]” (FEITOR, 2017, p.100). 
A Conciliação nada mais é que um forma de resolução de conflitos, onde uma terceira pessoa, imparcial, facilita a comunicação ente pessoas envolvidas no conflito, buscando um acordo satisfatório para ambas.
A mediação por sua vez é mais ampla, possui regramento específico, (lei 13.140/2015) e recai sobre o conflito, contando com o auxílio de um profissional capacitado, totalmente imparcial, auxiliando a solução do conflito de forma a beneficiar ambas as partes.
Sandra Inês Feitor, afirma que: “a mediação incide no conflito, pelo que não é possível mediar sem conhecer e compreender as dinâmicas do conflito, podendo observar-se dois tipos de conflito: o manifesto e o oculto”. (FEITOR, 2017, p.93).
Deste modo afirma Humberto Dala Pinho citado pela Magistrada Trícia Navarro Xavier Cabral aduz: 
Entende-se a mediação como o processo por meio do qual os litigantes buscam o auxílio de um terceiro imparcial que irá contribuir na busca pela solução do conflito. Esse terceiro não tem a missão de decidir (e nem a ele foi dada autorização para tanto). Ele apenas auxilia as partes na obtenção da solução consensual. (PINHO apud CABRAL, 2017, p.151).
Inaceitável confundir os institutos de mediação e conciliação. O primeiro é regulado pela lei n° 13.140/2015 que possui regras e características próprias, buscando as raízes do conflito, o segundo atua exclusivamente na autocomposição.
Neste sentido Trícia Navarro Xavier Cabral esclarecer muito bem: 
Com efeito, a conciliação tem aspectos diferentes da mediação, e esta
última exige muito mais cuidado do legislador e de seus atores. Isso porque a mediação possui finalidades e formalidades próprias, que visam a
restabelecer vínculos afetivos ou de convivência. Na conciliação, o conflito
é tratado de modo superficial e busca-se apenas a autocomposição, com
o encerramento da disputa. Já na mediação trata-se o pano de fundo do
conflito e, além de objetivar a resolução da controvérsia, tenta restaurar as
relações sociais entre os envolvidos e, por isso, carece da intervenção de
um terceiro mais capacitado para tratar o problema. (CABRAL, 2017, p.152).
Barbosa explica:
É preciso exaltar a importância do Código de Processo Civil, que cuida muito bem de estabelecer a diferença entre mediação e conciliação, o que não ocorre na lei de mediação, que faz uso de ambos os termos como se fossem sinônimos, visto que ambos os institutos são tidos como meio de realizar acordos. (BARBOSA, 2016, p. 5)
Observe que a conciliação não requer estudos aprofundados em soluções de conflitos, por parte do conciliador; já a mediação exige capacitação e maior atenção dos mediadores, sendo que, as sessões de mediação são divididas abordando os pontos controversos do conflito como um todo. 
Conforme resolução do CNJ (Brasil, 2010) viabilizou a adequação do conflito ao instrumento adequado a efetivar e agilizar a solução dos conflitos, podendo as partes escolherem a qual método desejam se submeter. 
5.2.1 Mediação na área do Direito das Famílias
Não resta dúvidas que a mediação é o método mais adequados aos conflitos familiares. Entretanto, infelizmente ainda não está em pleno funcionamento nas Varas de Famílias do país. 
Conceitua Sandra Inês Feitor: 
A mediação familiar consiste numa forma extrajudicial de tentar o acordo dos pais quanto às responsabilidades parentais, de forma a mantê-los dentro da razão e bom senso, evitando situações de conflitos que venham a envolver crianças, oferecendo como garantias o caráter de voluntariedade, das partes, celeridade, proximidade, flexibilidade e confidencialidade. Consiste, também, num processo transformativo do ser e cada um e da forma de se colocarem perante o conflito. (FEITOR, 2017, p.97).
A professora Suzana Borges Viegas de Lima (2015) explica que nos conflitos familiares a mediação é eficaz por ser uma técnica e tratamento de conflitos que promove a construção de acordos, sendo de extrema importância e valioso instrumento, que possibilita o reequilíbrio das relações familiares.
Almeida e outros (2014) afirmam que em muitos casos, “a Mediação é realizada com sucesso e acordos são formalizados e homologados perante o Juízo competente. Em outros casos, os acordos não são formalizados mas, ainda assim, percebe-se uma
profunda mudança de postura das partes e dos advogados junto ao processo, com base na conclusão do trabalho de Mediação”. 
Deste modo, a mediação tem sido trabalhada, de antemão, pelos profissionais colaborativos, se tornando forte aliada nos conflitos familiares, diminuindo consideravelmente os impactos nos terreiros envolvidos.
5.4 Direito Sistêmico - Constelações Familiares
Consiste em método terapêutico q aborda psicanálise, dinâmica de grupo, autoconhecimento por meio de posicionamento de corpos, etc. 
Advém de estudos aprofundados do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. No Brasil surgiram as primeiras ideias de Direto Sistêmico a partir das premissas adotadas pelas técnicas do psicoterapeuta alemão. 
Baseia-se na ideia de análise do direito sob a ótica das relações humanas, segundo a ciência das constelações familiares sistêmicas. 	 
Na justiça, a técnica foi pioneira na Bahia, através do juiz Sami Storch, que conceitua a técnica como 
Uma abordagem sistêmica e fenomenológica segundo a qual diversos tipos de problemas enfrentados por um indivíduo (como dificuldades de relacionamento, por exemplo), podem derivar de fatos graves ocorridos no passado não só do próprio indivíduo, mas também de gerações anteriores de sua família. Essa abordagem pode gerar implicações importantes na elaboração, interpretação e aplicação das leis, contribuindo para que juízes, mediadores e outros profissionais da Justiça possam se posicionar de modo a trazer maior paz às relações, bem como para que os conflitos sejam solucionados de forma mais rápida e eficaz, no sentido de conciliações verdadeiras e duradouras. (STOCH, 2017)
Com essa premissa as técnicas de constelações familiares tem colaborado e muito para com o judiciário e, também, para os profissionais colaborativos, facilitando o consenso e o fim definitivo ao conflito. 
O direito sistêmico, expressão criada pelo Juiz baiano Sami Storch, idealizador do blog Direito Sistêmico (direitosistemico.wordpress.com), surgindo daí uma análise jurídica com base nas técnicas de constelações familiares.
A técnica tende a diminuir os número de conflitos trazidos ao Poder Judiciário, contudo, por se tratar de técnica relativamente nova no país, ainda não possui muitos profissionais capacitados para atuarem no âmbito judicial, nem menos legislação regulamentadora, tendocomo base os princípios básicos de solução de conflitos. 
Contudo diante de ótimos resultados revelados em pesquisa realizada pelo magistrado Sami Sthorch na Vara de Família da Comarca de Itabuna – BA, os Tribunais de Justiça do país tem se adequado a realidade e ofertando cursos de capacitação aos servidores. 
O Magistrado traz dados coletados na Vara de Família, nas audiência realizadas com a aplicação dos princípios do Direito Sistêmico, 100% dos processos em que ambas as partes participaram da vivencia de constelações, houve acordo; 93% dos processos em que uma das partes participaram da vivencia de constelações, houve acordo. [1: Direito Sistêmico. Disponível em: https://direitosistemico.wordpress.com/2017/09/22/artigo-descreve-modelo-original-de-pratica-de-constelacoes-na-justica-e-aplicabilidade-do-direito-sistemico/. Acesso em: 05/12/2017.]
Demais disso tende a se propagar e se tornar uma técnica indispensável ao acesso à justiça.
5.5 Audiências de Fortalecimento
As audiências de fortalecimento foram inauguradas em no Tribunal de Justiça de Minas Gerais em agosto de 2017, nas varas especializadas em violência doméstica, e, apesar de não serem meio consensual de soluções de conflitos, são meios de efetivação dos direitos fundamentais, haja vista que colocam fim a lide de maneira pontual, trazendo tranquilidade às partes envolvidas.
A técnica aproxima agressor e vítima, oportunizando a vítima a expressar todo seu sentimento, trazendo alivio e garantindo a diminuição dos impactos do trauma da violência. 
Após a audiência onde a vítima tem o poder da palavra, esta é encaminhada a acompanhamento multidisciplinar e o agressor encaminhado a estudos aprofundados sobre os valores éticos, morais e culturais da sociedade (além de sofrer as penalidades da lei), submetendo-o a reflexão sobre seu comportamento inadequado perante a situação.
Tais dinâmicas proporcionam o empoderamento da vítima e a reflexão do agressor de modo a diminuir consideravelmente os conflitos decorrentes de violência domestica
6. ANÁLISE DA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS PROCESSOS NA VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE NOVA SERRANA-MG
Embora muitas das técnicas apresentadas não sejam efetivamente aplicadas na Vara de Família da Comarca de Nova Serrana, o levantamento de dados através de entrevista realizada diretamente com o escrivão da Vara de Família da Comarca de Nova Serrana, apontam que no mês de Outubro /2017 o índice é de 2.777 processos em trâmite, sendo que 50% dos processos distribuídos são solucionados através da técnica de conciliação após a vigência no CPC/2015.
Verifica-se, que apenas fora implantados pelo Tribunal de Justiça a obrigatoriedade da audiência conciliatória, e que, ainda assim os resultados são satisfatórios para a realidade da comarca.
As técnicas de arbitragem, mediação, constelações familiares e audiência de fortalecimento ainda não foram implantadas na comarca, mas refletem diretamente na comarca, haja vista que os processos consensuais distribuídos na Vara, aumentaram, consideravelmente, após a vigência do novo código. 
E, por fim, os direitos fundamentais continuam sendo garantidos, respeitando a tramitação especial dos feitos prioritários distribuídos na comarca.
Demais disso há de se considerar que embora com avanços a vara de família precisa ser estruturada de acordo com as obrigatoriedades legais, capacitando os servidores a estarem aptos a exercerem com eficácia as audiências (sessões) de mediação e aplicação do direito sistêmico como um todo.
7 CONCLUSÃO 
A família sofreu constantes evoluções ao longo dos anos, chegando-se ao denominada família democrática, que nada mais é do que a ampliação das formas de entidades familiares reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Com tais ampliações surgem vários questionamentos e problemas para se de fato conceder tais beneficies legislativas as partes. A partir de então surgiram várias discussões para que o operador do Direito conseguisse efetivar tais direitos fundamentais a pessoa humana.
Surgiram então as formas pacíficas de solução de conflitos. O legislador se conscientiza da necessidade de efetivação dos direitos fundamentais de maneira mais célere quando sanciona o CPC/2015 trazendo várias modificações no procedimento a ser percorrido pelos processos judiciais.
Contudo, tais adequações não se fazem suficientes, antes ao grande número de processos em trâmite no pais. 
Então, os operadores do Direito começam a entender a necessidade de adequação da norma ao fato e surge então as práticas colaborativas proporcionando um tratamento direto do conflito, eliminando-o ou até mesmo reduzindo-o, fazendo com que os direitos fundamentais sejam efetivados de maneira mais célere. Levando a conhecimento do judiciário o conflito solucionado para homologação. 
Por fim, os direitos das famílias sofreram inúmeros impactos com todas as mudanças procedimentais trazidas pelo CPC/2015, entretanto ainda há de haver maior eficácia quanto aos conflitos levados e aos já existentes no Judiciário, pois em grande parte dos tribunais ainda não foi implantado os métodos mais eficazes para garantir a efetivação dos direitos fundamentais.
REFERÊNCIAS 
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