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Direito Civil - 1º Semestre

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Direito Civil – 1º Semestre
Finalidade do Direito Civil
O Direito Civil tem como principal finalidade possibilitar a convivência em sociedade, através de um conjunto de regras que sevem ser seguidas. 
Surgimento
Podemos dizer que o Direito surgiu nos primórdios, juntamente com a aparição dos grupos de homens. Estes por sua vez surgiram da necessidade de se defenderem melhor através de grupos. Deste modo, o Direito surgiu como um processo natural, para possibilitar tais convivências.
Direito objetivo e Direito subjetivo
Direito objetivo
É o conjunto de normas imposta pelo Estado, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção.
Direito subjetivo
É o poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado comportamento, em resumo, é o direito de praticar ou não, atos conferidos pelo direito objetivo.
Dicotomia do Direito
Atualmente, existe uma divisão dos temas de Direito, muito criticada visto que o Direito apesar de complexo trata-se de uma coisa única, estando todos os temas interligados entre si. Tal separação dá-se da seguinte forma:
Direito Público
Trata dos interesses do Estado com outro Estado, das relações públicas e das relações do Estado para com o seu cidadão (Ex.: Direito Administrativo e Direito Constitucional).
Direito Privado
Trata dos interesses particulares de cidadão para com cidadão (Ex.: Direito Civil e Direito Empresarial).
- A aproximação das duas esferas (público e privado), denomina-se Direito Civil Constitucional (aplicação direta e imediata dos direitos fundamentais da Constituição Federal nas relações jurídicas privado-civis, o que também se denomina como “eficácia horizontal dos direitos fundamentais”).
- A intervenção do Estado na vida privada do seu cidadão, denomina-se Direito Estatal.
Evolução histórica do Direito
Período Pré-Romano
Existência do Direito na sua essência, ainda sem as regras positivadas. O Direito existia apenas oralmente.
Período Romano
Surgiram as primeiras regras positivadas, como a Lei das XII Tábuas talhadas em madeira, que regulavam as regras do comércio.
Pela Lei das XII Tábuas, as leis eram aplicadas na pessoa, com o surgimento da Lei Lex Papiria Poetélia, as leis passaram a ser aplicadas no patrimônio.
Era um Direito Patrimonialista.
Período Pós-Romano
Surgimento do Direito Canônico; Direito moral, ético, com os valores da Igreja.
Período Pós-Revolução Francesa
Até então o que existia era um Estado Absolutista, com total intervenção em todas as relações.
O Direito era dividido entre Direito Civil e Penal. Tudo o que não se enquadrava em Penal, era considerado Civil (inclusive o Direito Administrativo). Desta forma, o Estado mantinha o seu poder de intervenção.
Com a Revolução Francesa, surgiu a Tríade Axionômica: liberdade, igualdade e fraternidade. Para atender as vontades burguesas (líderes da Revolução Francesa) de menos intervenção do Estado nas questões administrativas e financeiras, surgiu a dicotomia do Direito Público (Penal) e do Direito Privado (Civil), através do “Code de France” (Código Napoleônico), criado em 1.804.
Na Alemanha, foi criado o BGB, Código Civil Alemão. Era um código com valores individualistas e patrimonialistas. Neste contexto, França e Alemanha inauguraram uma perspectiva individualista e patrimonialista e o Direito Civil passou a se preocupar com a proteção do patrimônio do indivíduo.
Direito Civil no Brasil
O Direito Civil tem início no Brasil em 1.804, com a criação da primeira Constituição denominada “Constituição do Império”, até então era regido pelas Ordenações Filipinas, herdadas de Portugal.
A Constituição do Império, em seu artigo 179 estabelecia que em um ano deveriam ser editados um Código Civil e um Código Criminal. Porém apenas em 1.832 foi editado o “Código Criminal do Império” e em 1.855 foi contratado o jurista Teixeira de Freitas para editar o Código Civil. Em 1.862, Teixeira de Freitas apresentou o seu projeto apelidado de “Esboço de Código Civil”, que já continha assuntos como a revisão de contratos, a tutela jurídica do nascituro e a dissolução do casamento. Por conter ideias tão avançadas para o seu tempo (oriunda de viagens que realizou pelo mundo a fim de elaborar um Código Civil moderno), Teixeira de Freitas foi interditado.
Em Abril de 1.899 foi contratado Clóvis Beviláquia para a criação do Código Civil e, em Outubro do mesmo ano foi apresentado um projeto do Código Civil, aprovado em 1.916.
Clóvis Beviláquia era professor de Direito Civil no Brasil e como ainda não tínhamos um Código Civil no Brasil, foi fortemente influenciado pelos ideais dos códigos existentes na época. Desta forma, o Código Civil Brasileiro por ele criado, tinha valores individualistas e patrimonialistas assim como os Códigos Francês e Alemão.
Com a criação da Constituição Federal em 1.988, viu-se a necessidade da criação de um novo Código Civil, para atender aos novos valores impostos pela Constituição da ideia de dignidade e valor da vida humana. Então, em 2.002 criou-se um novo Código Civil, editado por Miguel Reale.
Estrutura do Código Civil de 1.916
- Parte Geral: Pessoa
Bem
Negócio
- Parte Especial: Família
Coisas
Obrigações/Deveres
Sucessões/Herança
Estrutura do Código Civil de 2.002
- Parte Geral: Pessoa
Bem
Negócio
- Parte Especial: Obrigações – Parte Geral, Contratos, Obrigações e Direito Empresarial
Coisas
Família
Sucessões/Herança
OBS.: Houve, no Código Civil de 2.002, a unificação das obrigações do Direito Provado (Direito Civil e Direito Empresarial).
Princípios do Código Civil
Princípio da Socialidade
Reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, observando o valor da pessoa humana, a igualdade substancial (tratar os iguais de forma igual, e os desiguais na mesma medida das suas diferenças) e a circulação de riquezas.
- Função social intrínseca: entre as partes (interpartes)
- Função social extrínseca: entre todos (erga omnes)
Princípio da Eticidade
Funda-se no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores. Prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa e os demais critérios éticos. Confere maior poder ao juiz para encontrar a solução mais justa ou equitativa.
Princípio da Operabilidade
Facilitou a operação/interpretação das leis, evitando o bizantino, o complicado, afastando as perplexidades e complexidades.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB)
Trata-se do conjunto de regras e princípios que visam regular aspectos referentes a interpretação, a aplicação, a vigência, a revogação, ao direito transitório e ao direito internacional privado.
Vigência da Lei
Com a publicação, tem-se o início da vigência da lei, tornando-se obrigatória, pois ninguém pode escusar-se de cumpri-la alegando que não a conhece (LINDB, art. 3º). A vigência se inicia com a publicação e se estende até sua revogação ou até o prazo estabelecido para sua validade.
Segundo dispõe o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Civil, a lei, salvo disposição contrária, “começa a vigorar em todo o País 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”. Portanto, a obrigatoriedade da lei não se inicia no dia da publicação, salvo se ela própria assim o determinar. Pode, desse modo, entrar em vigor na data de sua publicação ou em outra mais remota, conforme constar expressamente em seu texto.
Quando a lei brasileira é admitida no exterior (em geral quando cuida de atribuições de ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional etc.), a sua obrigatoriedade inicia-se três meses depois de oficialmente publicada.
O intervalo entre a data da publicação da lei e a sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis e as leis passam a vigorar em todo o território nacional ao mesmo tempo.
Republicação do texto legal
Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicação do texto legal, para correção de erros materiais ou falha de ortografia, o prazo da obrigatoriedade começará a correrda nova publicação (LICC, art. 1º, § 3º).
Se a lei já entrou em vigor, tais correções são consideradas lei nova, tornando-se obrigatória após o decurso da vacatio legis (LICC, art. 1º, § 4º). 
 Contagem do prazo
A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância “far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral” (art. 8º, § 1º, da LC n. 95/98, com redação da LC n. 107/2001).
Revogação da lei
Cessa a vigência da lei com a sua revogação. Não se destinando à vigência temporária, diz o art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, “a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
- Revogação total ou ab-rogação: Consiste na supressão integral da norma anterior;
- Revogação parcial ou derrogação: Atinge só uma parte da norma, que permanece em vigor no restante.
Uma lei revoga-se por outra lei, de mesma hierarquia ou de hierarquia superior, nunca de hierarquia inferior.
- Revogação expressa: Quando a lei nova declara, de modo taxativo e inequívoco, que a lei anterior, ou parte dela, fica revogada (LICC, art. 2º, § 1º, primeira parte);
- Revogação tácita: Quando não contém declaração nesse sentido, mas mostra-se incompatível com a lei antiga ou regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º, § 1º, última parte). 
Antinomias
Antinomia é a presença de duas normas conflitantes. Decorre da existência de duas ou mais normas relativas ao mesmo caso, imputando-lhe soluções logicamente incompatíveis. Três critérios devem ser levados em conta para a solução dos conflitos:
- Critério cronológico: a norma posterior prevalece sobre a anterior;
- Critério da especialidade: a norma especial prevalece sobre a geral;
- Critério hierárquico: a norma superior prevalece sobre a inferior.
Efeito repristinatório
O nosso direito não admite, como regra, a repristinação, que é a restauração da lei revogada pelo fato da lei revogadora ter perdido a sua vigência. Conforme o § 3º do art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil que, “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Não há, portanto, o efeito repristinatório, restaurador, da primeira lei revogada, salvo quando houver pronunciamento expresso do legislador nesse sentido.
Obrigatoriedade das Leis
Três são as teorias:
Lacunas na lei: Integração das normas jurídicas
O legislador não consegue prever todas as situações para o presente e para o futuro, mas como este não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa, deve valer-se dos mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei, que são:
- Analogia: Aplicação de uma legislação prevista para um caso semelhante, quando não prevista na lei.
Analogia legis: Aplicação de um dispositivo da lei;
Analogia júris: Aplicação de um conjunto de leis.
- Costumes: Na falta de lei, utiliza-se o costume (praeter legem), exceto se o costume for contra a lei (contra legem), ou ainda, o costume segundo a lei (secundum legem).
Para ser considerado um costume, faz-se necessário as seguintes características:
Obrigatoriedade: Aquilo que é obrigatório a todos;
Uniformidade: Todos executam;
Diuturnidade: De longo período;
Moralidade: De acordo com a boa-fé;
Continuidade
- Princípios gerais do Direito: Não encontrando solução na analogia nem nos costumes para preenchimento da lacuna, o juiz deve buscá-la nos princípios gerais de direito. São estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas;
- Doutrina e Jurisprudência: A doutrina trata-se de uma obra conhecida e aceita nacionalmente. Jurisprudência é o posicionamento majoritário de um determinado tribunal (decisões reiteradas);
- Equidade: Prescreve o art. 127 do Código de Processo Civil que o “juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Isso ocorre geralmente nos casos de conceitos vagos ou quando a lei formula várias alternativas e deixa a escolha a critério do juiz.
Eficácia da Lei no Espaço – Princípio da territorialidade mitigada
No Brasil, em regra, aplica-se a lei brasileira no território nacional (físico e ficto) e, por exceção aplica-se a lei estrangeira no território nacional e a lei brasileira no território estrangeiro.
Eficácia da Lei no Tempo – Princípio da Irretroatividade da lei
Em regra, a lei brasileira é irretroativa (cale apenas para os casos futuros), conforme disposto no art. 6º da LINDB.
 Das pessoas naturais
O Código Civil de 2002 cuida, no Livro I da Parte Geral concernente às pessoas, em três títulos:
Início da personalidade jurídica (civil)
A personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida. Pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. Clóvis Beviláqua a define como “a aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair obrigações”.
- Nascituro: De acordo com o sistema adotado, tem-se início da personalidade a partir do nascimento com vida, porém, respeitam-se os direitos do nascituro desde a concepção, pois desde esse momento já começa a formação do novo ser. 
Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno. O essencial é que se desfaça a unidade biológica, de forma a constituírem mãe e filho dois corpos, com vida orgânica própria, mesmo que não tenha sido cortado o cordão umbilical. Para se dizer que nasceu com vida, todavia, é necessário que haja respirado. Se respirou, viveu, ainda que tenha perecido em seguida.
Três grandes teorias procuram definir a situação jurídica do nascituro:
- Teoria natalista: O nascituro não tem personalidade (não é pessoa); não tem personalidade jurídica formal (direitos da personalidade – vida, nome, imagem, dignidade) e nem personalidade jurídica material (direito patrimonial – herança, doações), mas tem os seus direitos resguardados pela mera expectativa de vida;
- Teoria da personalidade condicional: O nascituro não tem personalidade (não é pessoa), mas tem personalidade jurídica formal (direitos da personalidade) e não tem personalidade jurídica material (direito patrimonial);
- Teoria concepcionista (Posicionamento majoritário): O nascituro tem personalidade jurídica (é pessoa); tem personalidade jurídica formal (direitos da personalidade), mas não tem personalidade jurídica material (direito patrimonial).
Capacidade Civil
É a capacidade do sujeito ter e exercer direitos e obrigações.
- Capacidade de direito ou de gozo: É a capacidade que todos adquirem ao nascer, conforme previsto no art. 1º do Código Civil: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”;
- Capacidade de fato ou de exercício: É a aptidão do sujeito de exercer direitos e deveres na ordem civil;
- Capacidade civil plena: É a aptidão de ter e exercer direitos e deveres.
Incapacidade civil
É a inaptidão de exercer sozinho, direitos e deveres civis, ou seja, os que não possuem a capacidade de fato.
- Incapacidade absoluta: São incapazes absolutos, conforme disposto no art. 3º do Código Civil:
I. Os menores de dezesseis anos;
II. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade.
A incapacidade absoluta acarreta a proibição total, pelo incapaz, do exercício do direito. Fica ele inibido de praticar qualquer ato jurídico ou de participar de qualquer negócio jurídico. A incapacidade civil absoluta é suprida através da representação e caso exerçam sozinhos atos civis, estes serão nulos. 
- Incapacidade relativa: São incapazes relativamente, conforme disposto no art. 4º do Código Civil:
I. Os maiores de dezesseis e menores de dezoito;
II. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III. Os excepcionais, sem desenvolvimentomental completo;
IV. Os pródigos.
A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal. Certos atos, porém, pode praticar sem a assistência deste. Quando necessária a assistência, ambos participam do ato: o relativamente incapaz e seu representante. Se necessário for assinar algum documento, ambos o assinarão. Se faltar a assinatura de um deles, o ato será anulável. A representação de um menor de idade, na ausência de seus pais, denomina-se tutela, a representação de um maior incapaz, denomina-se curatela e pode ser adquirido apenas através da interdição. A incapacidade relativa é suprida através de assistentes e caso exerçam sozinhos atos civis, estes terão anulabilidade.
Cessão da incapacidade
Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa. Se esta for a menoridade, cessará em dois casos: pela maioridade, aos dezoito anos completos; ou pela emancipação, que pode ser voluntária, judicial e legal.
- Emancipação voluntária: Feito através de escritura pública de emancipação, registro no Cartório de Notas (registro público) e independe de homologação judicial (o juíz nçao precisa aprovar).em regra, a emancipação é irretratável (não se retrai; desiste) e irrevogável (não se desfaz), exceto em casos de vício de vontade (coação ou dolo do menor);
- Emancipação judicial: A única hipótese de emancipação judicial, que depende de sentença do juiz, é a do menor sob tutela que já completou 16 anos de idade, nos casos de conflito entre os pais na concessão da emancipação ou da vontade do tutor;
- Emancipação legal: Para a emancipação legal oou automática através do casamento, é necessário que os menores tenham dezesseis anos completos, com autorização dos representantes. Excepcionalmente, porém, será permitido o casamento de quem não alcançou a idade núbil mediante suprimento judicial de idade, em ca so de gravidez.
Estinção da pessoa natural (fim da personalidade civil)
- Morte real:
A morte real é apontada no art. 6º do Código Civil e ocorre com o diagnóstico da paralisação da atividade encefálica, por um médico especialista (atestado de óbito). Podendo, ainda, ser utilizada a “justificação para o assento de óbito” prevista no art. 88 da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) quando houver certeza da morte em alguma catástrofe, não sendo encontrado o corpo do falecido;
- Morte simultânea ou comoriência:
A comoriência é prevista no art. 8º do Código Civil. Dispõe este que, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião (não precisa ser no mesmo lugar), não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, “presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
Quando duas pessoas morrem em determinado acidente, somente interessa saber qual delas morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra. Do contrário, inexiste qualquer interesse jurídico nessa pesquisa. O principal efeito da presunção de morte simultânea é que, não tendo havido tempo ou oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro.
- Morte presumida:
A morte presumida pode ser com declaração de ausência e sem declaração de ausência. 
* Morte presumida com declaração de ausência: Ocorre nos casos de desaparecimento; quando não se pode ter a certeza de morte.
I. Desaparecimento de um indivíduo sem que esse tenha deixado qualquer representante, procurador ou mandatário: Para os desaparecidos sem que se tenha deixado um representante, pode-se requer ao juiz que se declare a sua ausência passada um ano. Assim, o juiz nomeia um curador para este que está desaparecido e emite a declaração de ausência. Com a ausência decretada judicialmente, dá-se início a abertura de sucessão provisória e, passados dez anos após o trânsito em julgado da sentença que abrir a sucessão provisória, requere-se a sucessão definitiva e a decretação de morte presumida, tendo um prazo de dez anos para ter a sua conclusão. Se o ausente reaparecer nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, retoma todos os seus bens; caso reapareça após esse prazo de dez anos da abertura da sucessão definitiva, não mais terá direito a nada;
II. Desaparecimento de um indivíduo representante, procurador ou mandatário: Nesta modalidade, apenas difere o prazo para o requerimento da declaração de ausência ao juiz, que passa de um ano para três.
Caso seja comprovado que o ausente conta com oitenta anos de idade e que este está ausente há cinco anos, pode-se requer a “extinção” da sucessão provisória, requerendo diretamente a sucessão definitiva.
*Morte presumida por justificação ou sem declaração de ausência: O art. 7º do Código Civil permite a declaração de morte presumida, para todos os efeitos, sem decretação de ausência:
I. Em caso de acidentes naturais é decretada a morte presumida após dez anos do acidente ou;
II. Nos casos de guerras, após dois anos do término da guerra.
- Morte civil:
Prevê a exclusão do indigno do direito sucessório (direito a herança) daquele contra quem se praticou atos de indignidade. Mas somente para afastá-lo da herança. Conserva, porém, a personalidade para os demais efeitos.
Instituto de proteção da personalidade
Tutela inibitória (preventiva)
Trata-se de ação de natureza preventiva, destinada a impedir a prática, a repetição ou a continuação do ilícito. Trata da ameaça do direito da personalidade. O não cumprimento fica obrigado a multa diária.
Tutela reparatória (repressiva)
A tutela reparatória ocorre com a lesão a direito subjetivo. As ações condenatórias visam restituir o direito lesado ao antigo estado.
Não existem prazos para a defesa do direito da personalidade, porém tratando-se de indenizações, este prescreve em três anos.
- Súmula 37 STF: Permite o acúmulo indenizatório por danos morais e materiais
- Súmula 387 STF: Permite o acúmulo indenizatório por danos morais e estéticos
Direitos da personalidade
São os direitos da personalidade, inalienáveis e cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra.
Titular do Direito da Personalidade:
- Nascituro: Ser concebido, ainda não nascido (teoria concepcionista);
- Embrião: Equiparado ao nascituro (vida extrauterina);
- Natimorto: Direito equiparado ao do nascituro conforme enunciado 1 CJF;
- Pessoa natural;
- Pessoa jurídica: Súmula 227 STF, entendimento majoritário de que a pessoa jurídica pode sofrer danos morais. Súmula 286 STF, entendimento minoritário de que a pessoa jurídica não possui direitos da personalidade.
- Morto: Art. 12 Código Civil
Características do direito da personalidade
- Intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis (previsto no artigo 11 do Código Civil): Não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis
- Ilimitados: É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código Civil, nos arts. 11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns;
- Absolutos: O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de sua oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de abstenção, de respeito. Sob outro ângulo, têm caráter geral, porque é inerente a toda pessoa humana;
- Imprescritíveis: Os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los;
- Impenhoráveis: sendo inerentes à pessoa humana e dela inseparáveis, e, por essa razão, indisponíveis, os direitos da personalidade certamente não podem ser penhorados, pois a constrição é o ato inicial da venda forçada determinada pelo juiz para satisfazer o crédito do exequente;
- Inexpropriáveis: Não podem dela ser retirados contra a sua vontade nem o seu exercício sofrer limitação voluntária;
- Vitalícios: Acompanham a pessoa até a sua morte;
- Inatos: Do início da vida(como principal crítica, possui o direito da personalidade do nascituro);
- Extrapatrimoniais: Não mensurável financeiramente.
Direitos sobre o corpo (art. 13 a 15 CC)
- Da doação de órgãos:
Em vida, é permitida a doação de órgãos duplos ou órgãos regeneráveis, por cessão gratuita e voluntária. Ou ainda, a transposição de sexo, conforme prevê o Enunciado 276 CJF.
Após a morte, é permitida a doação de órgãos por cessão gratuita ou para caráter científico. O Enunciado 277 CJF determina que nos casos omissos do doador, a família decidirá sobre a doação, caso haja a manifestação escrita em vida, a decisão do doador prevalecerá.
Direito à vida e opção religiosa:
Indaga se uma pessoa pode recusar-se a receber sangue alheio, por motivo de convicção filosófica e religiosa.
Testemunha de Jeová: Liberdade de convicção religiosa X Direito a vida: Para os incapazes, será realizada a transfusão de sangue. Para os capazes, existe uma discussão jurisprudencial acerca do assunto, mesmo com o testamento vital.
Artigo 1.729 CC: Dispõe sobre o testamento vital: O testamento vital é um documento, redigido por uma pessoa no pleno gozo de suas faculdades mentais, com o objetivo de dispor acerca dos tratamentos e não tratamentos a que deseja se submetida quando estiver diante de um diagnóstico.
Direito sobre o nome	
Forma de individualização da pessoa, diferenciação do sujeito e um meio de manter o vínculo familiar.
Prenome: é o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da mesma família. Pode ser simples (José, João) ou composto. De caráter obrigatório;
Sobrenome: é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação ou estirpe. Enquanto o prenome é a designação do indivíduo, o sobrenome é o característico de sua família, transmissível por sucessão. Também obrigatório;
Alcunha: apelido;
Agnome: Júnior, Filho, neto;
Axiônio: designação que se dá à forma cortês de tratamento ou à expressão de reverência, como Exmo. Sr., Vossa Santidade etc;
Pseudônimo: um nome fictício adotado, diferente do seu nome civil verdadeiro.
Em regra, o nome é imutável, porém pode ser alterado. Ao atingir a maioridade, existe um prazo de um ano para se alterar o prenome, em tese sem um motivo para a alteração. Passado esse período, o nome ainda pode ser alterado:
- Judicialmente: alteração do prenome pelos transexuais; alteração do nome completo pelas vítimas e testemunhas de crimes; alteração de nomes constrangedores ou com erro de grafia;
- Pelo casamento, divórcio, nulidade e viuvez;
- Adoção, com alteração excepcional do prenome;
- Inclusão de apelidos notórios.
Direito sobre a privacidade
A proteção à vida privada visa resguardar o direito das pessoas de intromissões indevidas em seu lar, em sua família, em sua correspondência, em sua economia etc. (disposto no art. 21 do novo Código Civil).
Direito sobre a honra
A honra é um atributo inerente à personalidade cujo respeito à sua essência reflete a observância do princípio da dignidade da pessoa humana. A honra traduz-se pelo sentimento de dignidade própria (honra interna ou subjetiva), pelo apreço social, reputação e boa fama (honra exterior ou objetiva).
Direito sobre a imagem
A parte lesada pelo uso não autorizado de sua palavra ou voz ou de seus escritos, bem como de sua imagem, pode obter ordem judicial interditando esse uso e condenando o infrator a reparar os prejuízos causados. O direito à imagem subjetiva refere-se às características físicas, retratar a imagem física; a objetiva refere-se aos seus atributos refletidos na representação social.
Domicílio ou foro
É a sede jurídica do indivíduo e tem como função a individualização da pessoa e a sua localização jurídica na sociedade. Nas definições apontadas, sobressaem-se duas ideias: a de morada e a de centro de atividade. Local de residência ou de trabalho, com a intenção definitiva de ser localizado.
“Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.”
“Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.”
O conceito de domicílio civil é composto, pois, de dois elementos: 
Uma pessoa pode ter um só domicílio e mais de uma residência. Pode ter também mais de um domicílio, pois o Código Civil brasileiro admite a pluralidade domiciliar. Para tanto, basta que tenha diversas residências onde, “alternadamente, viva”.
Admite-se também que uma pessoa possa ter domicílio sem possuir residência determinada ou em que esta seja de difícil identificação, denominado domicílio aparente.
Espécies de domicílio
- Domicílio único e domicílio plúrimo: uma pessoa pode ter um só domicílio ou, onde vive com sua família, denominado domicílio único ou familiar, ou mais de um. Configura-se o domicílio plúrimo quando a pessoa natural tem diversas residências, onde alternadamente vive;
- Domicílio real e domicílio presumido: as pessoas têm, em geral, residência fixa, considerada domicílio real. Algumas, todavia, passam a vida em viagens e hotéis, sem terem residência habitual. Neste caso, ter-se-á por domicílio o lugar onde forem encontradas;
- Domicílio legal ou necessário e voluntário: o domicílio necessário ou legal é o determinado pela lei, em razão da condição ou situação de certas pessoas;
- Domicílio contratual: é o foro de eleição
Nos contratos por adesão, o foro de eleição pode ser nulo por abusividade, devendo ser declarado pelo juiz.
Nos contratos paritários, o foro é admitido como válido, já que é escolhido pelo contratante e contratado.
Estado da pessoa natural
Constitui a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos.
- Estado individual: é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde (são ou insano e incapaz) etc. Diz respeito a aspectos ou particularidades de sua constituição orgânica que exercem influência sobre a capacidade civil (homem, mulher, maioridade, menoridade etc.);
- Estado familiar ou civil: é o que indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio o (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco, por consanguinidade ou afinidade (pai, filho, irmão, sogro, cunhado etc.);
- Estado político: é a qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro.
Das pessoas jurídicas
Trata-se de uma entidade dotada de personalidade jurídica, constituída na forma da lei para a realização de fins comuns.
Finalidades das pessoas jurídicas
- Organização: reunião de pessoas, com intuito religioso e não lucrativo;
- Associação: reunião de pessoas, com intuito social e não lucrativo;
- Sociedade: reunião de pessoas com intuito lucrativo
Classificação
- Pessoa jurídica de direito público interno: União; Estados, DF e os Territórios; Municípios e Autarquias;
- Pessoa jurídica de direito público externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que foram regidas pelo direito internacional externo
Responsabilidade da PJ de direito público
- Culpa “lato sensu”: Culpa em sentido amplo;
- Dolo: Culpa intencional;
- Culpa “stricto sensu”: Culpa sem intenção, que pode ocorrer pela ação sem observar o dever legal de cuidado (imperícia), omissão em desobediência a um dever legal de cuidado (negligência) e imprudência ou negligência por peritos no assunto (imperícia).
Responsabilidade objetiva: responde independentemente de culpa dolosa ou culpa “stricto sensu”
Responsabilidade subjetiva: responsabilidade com afeição de culpa (culpa “indireta”; culpa do servidor público exercendo a sua atividade no momento).
Requisitos de constituição da PJ (pressuposto de existência)
Teoria da desconsideração da personalidade jurídica
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica consiste na possibilidade de afastar a regra de que a PJ possui personalidade distinta de seus membros e administradores, para aproximá-los e responsabilizá-los pelas dívidas daPJ com seu patrimônio pessoal.
- Requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica:
1. Inexistência de bens da PJ;
2. Abuso da personalidade: confusão patrimonial ou desvio de finalidade (desvio do objeto social);
3. Requerimento do credor (petição no processo jurídico): não é feito de forma automática e cada parte precisa requerer individualmente.
Teoria da desconsideração inversa
Caracteriza-se a desconsideração inversa quando é afastado o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio, por exemplo, na hipótese de um dos cônjuges, ao adquirir bens de maior valor, registrá-los em nome de pessoa jurídica sob seu controle para livrá-los da partilha a ser realizada nos autos da separação judicial. Ao se desconsiderar a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar a pessoa jurídica pelo devido ao ex-cônjuge do sócio.
Enunciados sobre as teorias de desconsideração:
- Enunciado 7 do CJF: Dispõe que a teoria da desconsideração só pode ser aplicado caso o sócio não seja administrador;
- Enunciado 50 do CJF: Dispõe que a aplicação da teoria da desconsideração não deve ser feita, simplesmente por não estar no Código Civil;
- Enunciado 145 do CJF: Posicionamento restrito acerca do art. 50 do CC, por isso determina que só pode ser aplicado nos casos descritos (confusão patrimonial ou desvio de finalidade).
Domicílio da PJ
Artigo 75 do Código Civil:
I. da União, o Distrito Federal;
II. dos Estados, as respectivas capitais;
III. do Município, onde funciona a administração municipal;
IV. das demais pessoas jurídicas, lugar onde funciona a sua administração ou domicílio especial eleito.
§1º Caso haja diversas empresas em regiões diferentes, o domicílio será o local onde se encontra a administração;
§2º Caso a empresa seja do exterior, o domicílio é onde se estabelece o representante da mesma em território nacional.

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