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TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS 1 1. INTRODUÇÃO Após a definição da metodologia de investigação segue-se a recolha de informação, que se baseia na formulação de diversas questões que facilitam a recolha de informação, tais como: Como vamos procurar a informação? Qual a natureza dessa informação? Junto de quem vamos recolher essa informação? Existem dois tipos de fontes de dados para pesquisa: Dados primários: informações que o investigador obtém directamente através da concepção e aplicação de inquéritos, planeamento e condução de entrevistas e em estudos baseados na observação. Dados secundários: o investigador tem acesso a informações trabalhadas por terceiros e procede à sua recolha em livros, dicionários, internet, jornais e revistas, base de dados etc. As técnicas utilizadas na recolha de dados deverão ser coerentes com o tipo de estudo e o tipo de investigação (qualitativa ou quantitativa). As principais técnicas de recolha de dados são: Observação Entrevista Análise documental Materiais audiovisuais Inquéritos por questionário Ao utilizar estas metodologias para a recolha de dados, o investigador deve criar guiões uniformizados para os vários registos: guião de entrevista, guião de observação, guião de pesquisa documental, para que os dados possam ser registados da forma mais rigorosa possível, com critérios uniformes. 2 2. ENTREVISTA A entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente (Ketele, 1999: 18). Através de um questionamento oral ou de uma conversa, um indivíduo ou um informante-chave pode ser interrogado sobre os seus actos, as suas ideias ou os seus projectos. Uma entrevista carece de um propósito (tema, objectivos e dimensões) bem definido e é essencial ter uma imagem do entrevistado, procurando caracterizar sucintamente a sua pessoa. De seguida, seleccionam-se a amostra dos indivíduos a entrevistar segundo um método representativo da população ou de oportunidade. A entrevista possibilita: Interacção directa entre o entrevistador e o entrevistado; Diversidades relativamente às questões e respostas; Maior eficácia de resposta; Papel activo do entrevistador; Oportunidade para aprofundar. Vantagens e desvantagens da entrevista Permite recolha de informação que muitas das vezes não se encontra em documentos e livros Permite recolher testemunhos e interpretações do objecto de estudo Permite explorar muita informação É flexível no sentido que permite verificar se os entrevistados compreendem o significado das palavras e o sabem explicar Possibilidade de respostas falsas Dependente da capacidade que as pessoas têm para verbalizar as suas próprias ideias Consome muito tempo A análise do conteúdo da informação pode tornar-se complicada e difícil As opiniões do investigador podem influenciar o entrevistado e as suas respostas 3 As entrevistas podem classificar-se em: Entrevista não estruturada: Não tem guião. Não há muito diálogo porque o investigador ouve muito mais do que fala. Implica o respeito absoluto do entrevistado. Entrevista semi-estruturada: Possui guião com tópicos a abordar na entrevista. Também dá liberdade ao entrevistado. Entrevista estruturada: abordagem de temas às questões previamente seleccionadas e que são consideradas importantes para os objectivos do trabalho de investigação. Procura o apuramento de determinados factos, as perguntas são estruturadas, organizadas e ordenadas. Quanto as questões, numa entrevista podem existir 2 tipos de questões: Questões abertas: o entrevistado tem a possibilidade de exprimir e justificar livremente a sua opinião. Exemplo: “Quais são as actividades que desenvolve enquanto Engenheiro de Software? Vantagens e desvantagens das questões abertas: Relaxam o entrevistado e o entrevistador; Permitem apreender o vocabulário do entrevistado; Proporcionam uma grande riqueza de detalhes; Facilitam a resposta ao entrevistado; As respostas podem ter demasiados detalhes irrelevantes; Possibilidade do entrevistador perder o controlo da entrevista; Pode parecer que o entrevistador não está preparado; Questões fechadas: o entrevistado não tem a possibilidade de desenvolver a resposta. Exemplo: Quantas vezes viaja em missão de serviço da sua empresa? Algumas vezes por ano Uma vez por mês Uma vez por semana Mais do que uma vez por semana Vantagens e desvantagens das questões fechadas: Poupam tempo; Facilita a codificação das respostas Facilitam a comparação de entrevistas; Vão directo ao assunto; Facilitam o controlo da entrevista; Não permitem obter grandes detalhes; Podem levar a perda de ideias importantes; 4 Guião de entrevista O guião de entrevista é um instrumento para a recolha de informações na forma de texto que serve de base à realização de uma entrevista propriamente dita. O guião é constituído por: Um conjunto (ordenado ou não) de questões abertas (resposta livre), semi-abertas (parte da resposta fixa e outra livre) ou fechadas (resposta fixa). Indicação da pessoa/entidade e título do potencial entrevistado Data e local da entrevista Um texto inicial que apresenta a entrevista e os seus objectivos, devendo ser lido ao entrevistado antes do início de questões. O guião ainda pode conter notações que auxiliam a condução da entrevista (tempo previsível de resposta, palavras-chave, questões para aprofundamento do tipo “pode dizer-me mais acerca deste assunto?”, etc.). É necessário proceder à formação dos entrevistadores, no caso de eles não serem os investigadores do estudo. A condução da entrevista deve obedecer a critérios de respeito pelo entrevistado e a sua cultura, bem como garantir a confidencialidade do estudo e dos dados recolhidos. Considerando a entrevista como um acontecimento social, não se deve desprezar as características do local onde decorre e a influência no entrevistado. Deve-se em consideração diversos factores que podem interferir com as respostas: situação (recompensa, lugar, tempo, …); características intrínsecas do entrevistado (memória, motivação, …); características do entrevistado (grupo étnico, aspecto, …); entrevistador (vocabulário, papel, mensagens corporais, …); mensagem (compreendida, invocação, …) (adaptado de Ghiglione & Matalon, 1995: 76). 5 Antes da realização da entrevista, deve-se efectuar um pré-teste do guião, podendo, eventualmente, ajustar o guião da entrevista. Depois de registada em papel ou em suporte magnético ou digital, a informação recolhida pela entrevista é tratada com vista à sua análise e à redacção das conclusões. Etapas na elaboração do guião de entrevista 1. Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, nível sócio-cultural, personalidade, etc.); 2. Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar; 3. Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos e dimensões); 4. Estabelecimento do meio de comunicação (oral, escrito, telefone, e-mail, …), do espaço (sala, jardim, …) e do momento (manhã, duração, …); 5. Discriminação dos itens ou características para o guião; a) Elaborar perguntas dos itens, de acordo com odefinido nos pontos anteriores; b) Considerar as expectativas do entrevistador; c) Considerar as possíveis expectativas dos leitores/ouvintes; d) Formular perguntas abertas (O que pensa de...?) e fechadas (Gosta de...?); e) Evitar influenciar as respostas; f) Apontar alternativas para eventuais fugas à pergunta; g) Estabelecer o número de perguntas e proceder à sua ordenação, dentro de cada dimensão; h) Adequar as perguntas ao entrevistado, seleccionando um vocabulário claro, acessível e rigoroso (sintaxe e semântica); 6. Produção do guião com boa apresentação gráfica; a) Redigir o cabeçalho com identificação (instituição, proponentes, título, data) b) Incluir uma apresentação sucinta da entrevista, incluindo os objectivos; c) Alinhar as perguntas na vertical e com espaçamento ajustado; d) Utilizar tipo de letra legível, parágrafo justificado, margens da página com 2 cm e, eventualmente, imagens à direita do texto; 7. Validação da entrevista pela análise e crítica de personalidades relevantes. Procedimentos durante a entrevista Início com explicação da entrevista a) Esclarecimento do que pretende o entrevistador e do objectivo da entrevista; b) Assegurar a confidencialidade do entrevistado e das suas respostas; c) Ressaltar a necessidade da colaboração do entrevistado, sem tolhimento de qualquer ordem; 6 Criação de um ambiente agradável para a realização da entrevista a) Verificar que o espaço/local da entrevista favorece a descontracção do entrevistado (temperatura, luz, móveis, …); b) Manter uma distância audível entre o entrevistado e o entrevistador (1 a 2 metros); c) Em casos de entrevista a um grupo, pode ser vantajoso subdividi-los em pequenos grupos; d) Verificar se existem condições de privacidade do entrevistado; e) Permitir que o entrevistado mantenha o controlo da entrevista; Favorecimento das respostas pertencentes ao entrevistado a) Mostrar compreensão e simpatia pelo entrevistado; b) Usar um tom informal de conversa, mais do que de entrevista formal; c) Apresentar a questão oralmente e por escrito (combinar as duas linguagens!); d) Começar com questões fáceis de responder (para pôr o entrevistado à vontade); e) Pedir ao entrevistado para dizer em voz alta o que está a pensar, o que pensou em fazer, se está com alguma dificuldade na resposta, …; f) Evitar influenciar as respostas pela entoação ou destaque oral de palavras; g) Pedir exemplos de situações, de pessoas ou de objectos que o auxiliem a exprimir-se; h) Apresentar uma questão de cada vez; i) Entrevistador explicita aceitação pelas opiniões do entrevistado (entrevista diferente de exame); Registo das respostas do entrevistado a) Previamente, verificar suportes de registos (papel, fita, pilhas, captação do som, …); b) Antes de iniciar a entrevista, pedir autorização ao entrevistado para fazer a gravação; c) Registar com as mesmas palavras do entrevistado, evitando resumi-las; d) Anotar, se possível, gestos e expressões do entrevistado; Gestão do tempo de conversação; a) A duração de uma entrevista não pode ser muito longa (não mais que 30 minutos); b) Parar antes do tempo previsto se o ambiente se tornar demasiado constrangedor; 7 Término da entrevista A entrevista deve terminar como começou, num ambiente de cordialidade para que o entrevistador possa voltar (se necessário) para solicitar novos dados ou informações. Neste momento, o entrevistador deve apresentar os seus agradecimentos pelo tempo que o entrevistado dedicou a entrevista e pelas respostas e informações fornecidas. 3. QUESTIONÁRIO Um questionário é uma técnica que visa recolher dados ou informações baseando-se na inquirição de um grupo representativo da população em estudo. Coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interacção directa entre estes e os inquiridos. Um bom questionário é aquele que fornece dados que permite testar adequadamente as hipóteses de investigação. Numa investigação por questionário a maioria das variáveis ou todas são medidas através das perguntas do questionário e, portanto, os métodos de investigação incluem: Os tipos de perguntas usadas As respostas associadas às perguntas As escalas de medidas das perguntas (nominal, ordinal, intervalo, razão, likert etc.). As escalas de medidas das respostas são muito importante porque condicionam as técnicas de análise de dados. Segundo o tipo de perguntas, existem três tipos de questionário: Questionário do tipo aberto – utiliza questões de respostas abertas. Proporciona respostas de maior profundidade, dando ao inquirido uma maior liberdade de resposta, no entanto, a interpretação e resumo deste tipo de inquérito torna-se mais difícil para o investigador, devido à variedade de respostas que pode obter. Questionário do tipo fechado – é constituído por questões de respostas fechadas, permitindo obter respostas que possibilitam a comparação com outros instrumentos de recolha de dados. Facilita o tratamento e análise da informação, exigindo menos tempo, no entanto, a sua aplicação pode não ser vantajosa, por facilitar a um sujeito a resposta que não saberia, ou por ter dificuldade acrescida em responder a determinada questão. São bastante objectivos e requerem menos trabalho aos inquiridos. Questionário do tipo misto – compreende questões de respostas abertas e fechadas. Antes de elaborar um questionário é necessário pegar nas hipóteses e decidir: 1. Que perguntas utilizar para medir as hipóteses associadas; 2. Que tipo de resposta é o mais adequado para cada pergunta; 3. Que tipo de escala está associada às respostas 4. Que técnicas são adequadas para analisar os dados; Para isso é necessário que o investigador elabore um plano para o questionário. 8 3.1.Plano do questionário O plano do questionário deve conter os seguintes passos: 1. Listar todas as variáveis da investigação. Isto faz-se olhando com atenção para as hipóteses porque as hipóteses indicam as variáveis a serem analisadas. 2. Especificar o número de perguntas para medir cada variável. Normalmente utiliza-se uma pergunta para medir cada variável. Mas há vezes em que é necessário utilizar mais perguntas quando por exemplo, se pretende uma variável (latente) por combinação de outras. 3. Pensar cuidadosamente na natureza ou tipo de cada hipótese e nas variáveis e perguntas associadas a essa hipótese 4. Escrever uma versão inicial de cada pergunta 5. Com base no tipo de cada hipótese e dos tipos e escala das variáveis, decidir quais as técnicas de analise de dados adequadas para testar as hipóteses, tendo em conta os pressupostos dessas técnicas. 6. Com base na informação do passo anterior, decidir sobre o tipo de resposta desejável para cada pergunta, associada com cada hipótese de acordo com as respectivas escalas. 7. Verificar se as perguntas e as respostas são adequadas para testar as hipóteses. Caso contrario há que melhorá-las. 8. Escrever as instruções associadas com as perguntas para informar o respondente como deve responder cada pergunta. 9. Planear as secções do questionário Perguntas de um questionário As perguntas de um questionário podem ter vários objectivos. O objectivo de uma pergunta refere-se ao tipo de informação que a pergunta solicita. É possível solicitar informação sobre: 1. Factos: quantos trabalhadores têm a sua empresa? 2. Opiniões: acha que a taxa de desemprego vai baixar até 2015? 3. Atitudes: em que medida concorda ou discorda com a entrada de mega projectos no país 4. Preferências: prefere estudar sozinhoou em grupo? 5. Valores: Indique o grau de importância que atribui a cada um dos seguintes aspectos: i. Trabalho interessante ii. Bons colegas iii. Salário alto Satisfação: em que medida está satisfeito ou insatisfeito com o seu chefe. Razões Motivos Esperanças Crenças etc. É preciso pensar cuidadosamente sobre o tipo de informação que pretende solicitar por cada uma das perguntas que está a inserir no questionário porque é muito fácil escrever perguntas que não solicitam o tipo de informação necessária para a investigação. Nas perguntas sobre os factos, deve-se evitar perguntas sensíveis (como por exemplo, lucros etc.), detalhes desconhecidos pelos respondentes (sobre os seus concorrentes), detalhes que obrigam os respondentes a gastar muito tempo na recolha de informação ou realizar cálculos complexos para preencher o questionário, como por exemplo quadros com informações sobre os trabalhadores onde se solicita a idade média por categoria. 9 Do ponto de vista operacional, a elaboração do questionário deve ter em consideração diversos factores ao nível da sua estruturação, linguagem e complexidade, o que determina a própria construção das perguntas. Construção das questões – a linguagem das questões que constituem um questionário são de elevada importância, sendo por isso necessário ser cuidadoso na forma como se formulam as questões, bem como na apresentação do questionário. Devem ser considerados os seguintes elementos: As habilitações do público-alvo; A organização das questões deve seguir um percurso lógico para quem responde; As questões não devem ser irrelevantes, intrusivas ou desinteressantes; As questões não devem ter uma estrutura demasiado confusa e complexa, nem ser demasiado longas; As questões não devem ser ambíguas, evitando interpretações múltiplas; Não se devem juntar duas questões numa só, para evitar levar a respostas induzidas, ou que não seja possível determinar qual das questões foi respondida quando do tratamento da informação. Para cumprir com estas indicações, as questões devem ser reduzidas e adequadas à pesquisa em questão, devendo ser desenvolvidas tendo em conta os princípios básicos: clareza (claras, concisas e unívocas); coerência (devem corresponder à intenção da pergunta); neutralidade (não devem induzir a uma determinada resposta – evitar referencial de juízos de valor). Utilizar uma linguagem simples e clara. Ao escrever as perguntas de um questionário, deve-se ter em conta as habilitações literárias e o vocabulário dos respondentes. Depois de escrever as perguntas, deve-se verificar se são compreensíveis através de um pré-teste ou se não for possível aplicar um pré-teste, pode-se mostrar a algumas pessoas, com características semelhantes aos respondentes, para comentar sobre a clareza ou compreensão das perguntas elaboradas. Utilizar a 3ª pessoa do singular nas perguntas e a 1ª do singular ou plural nas respostas. Tipos de Questões: Questões de resposta fechada – o inquirido apenas seleccionam a opção (de entre as apresentadas) que mais se adequa à sua opinião (ex: Qual o seu estado civil? Solteiro; Casado; Divorciado; Viúvo) Questões de resposta aberta – permitem ao inquirido construir a resposta com as suas próprias palavras, permitindo, assim, a liberdade de expressão. Ex.: Porque é que classificou a satisfação com este valor? Vantagens: prezam o pensamento livre e a originalidade; dão origem a respostas mais variadas; respostas mais representativas/fiéis da opinião do inquirido; vantajosas para o investigador, pois permite-lhe recolher variada informação sobre o tema em questão; Desvantagens: dificuldade em organizar e categorizar as respostas; requerem mais tempo para responder; a caligrafia é, muitas vezes, ilegível Questões semi-fechadas – num questionário podem ocorrer simultaneamente modalidades de resposta fechada e aberta na mesma questão. Ex.: Qual o factor que considera mais importante no decorrer da prestação do serviço? 10 Atendimento/Qualidade do Serviço/Erro na Facturação/Tempo de Espera/Outro. Qual? ______________ Questões de resposta única – o inquirido escolhe apenas uma modalidade de resposta; Questões de resposta múltipla – o inquirido escolhem várias modalidades de respostas, em número limitado ou não (ex: Quais são, na sua opinião, os pontos fortes do produto X? Indique, no máximo três escolhas. Apresentação geral; forma; comodidade de emprego; variedade de utilizações; eficácia; robustez; preço); Questões de filtro – servem para filtrar as pessoas para as quais certas questões não fazem qualquer sentido ou se não são aplicáveis. Ex.: Possui telemóvel? Sim/Não. Se respondeu SIM na questão anterior, quando é que o adquiriu? Este ano/Ano passado/Há 2 anos/Há 3 anos Vantagens: rapidez e facilidade de resposta; maior uniformidade, rapidez e simplificação na análise das respostas; facilitam a categorização das respostas para posterior análise; permitem contextualizar melhor a questão; Desvantagens: dificuldade em elaborar as respostas possíveis a uma determinada questão; não estimulam a originalidade e variedade da resposta; o inquirido pode optar por uma resposta que se aproxima mais da sua opinião, não sendo esta uma representação fiel da realidade. Falhas a evitar na elaboração de perguntas de um questionário i. Pergunta múltipla: aquela que contém duas ou mais perguntas. Exemplo: Suponha que você é director de uma empresa. A sua empresa não tem gestor de recursos humanos mas a empresa promove cursos de formação. Qual seria a sua resposta à seguinte pergunta? Na sua empresa, o gestor de recursos humanos promove cursos de formação? Sim Não Não é possível responder sim porque a empresa não tem gestor de recursos humanos e nem não porque isso significaria que a empresa não promove formação. Este é o caso de uma pergunta múltipla. A pergunta pode ser reescrita da seguinte forma: Sim Não 1. A sua empresa tem gestor de recursos humanos? 2.A sua empresa promove cursos de formação? Sim respondeu sim as perguntas 1 e 2, responda a pergunta 3. Se respondeu não passe às perguntas seguintes: Sim Não 3. É o gestor de recursos humanos que promove os cursos de formação? 11 ii. Perguntas que usam uma mistura de conjunções e disjunções: Este é um tipo de perguntas múltiplas. Exemplo: Os produtos da sua empresa são exportados para França e Alemanha ou Itália? Sim Não O que significa o Sim? Uma possível correcção é: Para qual dos países são exportados os produtos da sua empresa? Sim Não 1. França 2.Alemanha 3. Itália iii. Perguntas não-neutras: As perguntas escritas para medir opiniões, atitudes ou satisfação devem ter uma forma neutra (bipolar), ou seja, não devem ter uma forma que convide o respondente a uma só resposta positiva ou negativa. Exemplo: Em que medida está satisfeito com o seu chefe? Muito pouco satisfeito Pouco satisfeito Medianamente satisfeito Satisfeito Muito satisfeito Esta pergunta é não neutra, porque só força o respondente a dar uma resposta positiva. Não há pólo negativo. Uma pergunta neutra seria: Em que medida está satisfeito com o seu chefe? Muito insatisfeito insatisfeito Nem satisfeito e nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Note que esta pergunta é bipolar; tem um pólo positivo (satisfação), um pólo negativo (insatisfação) e um ponto neutro (nem satisfeito e nem insatisfeito), portanto não forçao respondente a dar uma resposta positiva e nem negativa. iv. Perguntas indefinidas: são perguntas em que o respondente tem a responsabilidade para definir o significado da pergunta. Exemplo: Que tipo de programas de televisão mais prefere? (pode assinalar mais do que uma opção) Filmes Concursos Desportos Entrevistas Reportagens 12 Esta pergunta convida o respondente a responder uma ou mais perguntas, permitindo que ele decida quantas perguntas deve responder. Isto faz com que cada respondente escolha o nº de opções que pretende assinalar. Uma possível melhoria seria: 1. Quais são os três tipos de programas de televisão que mais prefere? 2. Coloque em ordem de preferência os seguintes tipos de programas de televisão? (1- Programa mais preferido, 2-segundo programa mais preferido, etc.) 3. Indique o grau de gosto para cada um dos seguintes tipos de programas de televisão: (5=gosto muito, 4=gosto, 3=mais ou menos, 2=não gosto, 1= não gosto nada) 1. Questões em escala – utilizam-se para medir aspectos como atitudes ou opiniões do público-alvo (o que, por vezes, apenas é possível com a utilização de escalas, como por exemplo 1-5). As escalas podem ser dos seguintes tipos: Nominal: a ordem das modalidades ou categorias não tem significado; representa, apenas, uma enumeração das modalidades possíveis; permite uma comparação apenas pela igualdade (ex.: homem, mulher; com defeito/sem feito); Ordinal: a ordem das modalidades ou categorias tem significado; categorias sucessivas não representam as mesmas diferenças no atributo medido; permite uma comparação pela igualdade e pela posição relativa (na ordem estabelecida). Ex: não especializado, semi-especializado, especializado, muito especializado; De Intervalos: de natureza quantitativa, possibilitando a determinação da distância entre elementos; categorias sucessivas representam diferenças iguais no atributo medido; permite comparação pela igualdade, pela posição relativa (na ordem) e pela diferença numérica (distância); o zero desta escala é arbitrário/neutro. Ex.: Escalas de temperatura em graus Celsius e Fahrenheit; data (calendário); quociente de inteligência (QI); De Razões: de natureza quantitativa, representa o nível mais elevado das escalas de medida; tem valor de base natural (zero absoluto) que não pode ser alterado; goza da propriedade da ordinalidade, possui uma unidade de medida; acrescenta uma origem fixa ou ponto zero. Ex.: Escala de temperatura de graus Kelvin; altura; peso; comprimento; números índice. De Likert: É usada para medir atitudes, opiniões ou satisfação. Esta escala normalmente consta de 5 categoria para cada questão (“muito de acordo”, “de acordo”, “indeciso”, “em desacordo”, “muito em desacordo”). As pontuações de 1 a 5 ou a inversa de 5 a 1, se atribui em conformidade com o significado da resposta para a atitude que medem. 13 3.2. Respostas alternativas e escalas de medição Na parte principal de um questionário é muito vulgar utilizar escalas de medição e várias respostas alternativas. Existem dois tipos de respostas alternativas: respostas de tipo gerais e respostas do “alfaiate” Respostas alternativas do tipo geral Tem a vantagem de que o mesmo tipo pode ser utilizado para cada uma das perguntas num conjunto ou bloco de perguntas. As respostas alternativas do tipo geral mais utilizadas são: a) Respostas sobre quantidades Por exemplo: Muito pouco Pouco Médio Muito Bastante 1 2 3 4 5 b) Respostas sobre frequência Por exemplo: Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre 1 2 3 4 5 c) Respostas sobre avaliação Por exemplo: Muito mau Mau Razoável Bom Muito bom 1 2 3 4 5 d) Respostas sobre probabilidade Por exemplo: Impossível Pouco provável Provável Muito provável Certo 1 2 3 4 5 Respostas alternativas do tipo “alfaiate” Diferentemente do tipo geral, as perguntas tipo alfaiate são construídas especialmente de acordo com a pergunta e só se aplicam a essa pergunta específica. Há situações em que não é possível aplicar respostas alternativas de tipo geral a uma pergunta. Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “Em sua opinião, o que é que as empresas portuguesas do sector das industrias transformadoras devem fazer em relação aos mercados da União Europeia?” Não possível aplicar resposta do tipo geral para esta pergunta. Se não quisermos uma pergunta aberta, é necessário construir um conjunto de respostas alternativas especificamente para esta pergunta. Esta situação é semelhante à de um homem alto (ou muito gordo) que não pode encontrar um fato no “pronto a vestir “ e, portanto, tem de ir ao alfaiate para fazer o fato a sua medida. 14 No caso da pergunta acima temos que escrever um conjunto de respostas alternativas para a pergunta formulada: Devem ignorar os mercados da U.E. e concentrar-se totalmente no mercado domestico Devem concentrar-se no mercado domestico mas devem explorar um bocadinho para os mercados da U.E. Devem concentrar-se Principalmente nos mercados da U.E e vender um bocadinho para o mercado domestico Devem concentrar-se Totalmente em exportar para os mercados da U.E. 1 2 3 4 1. Vantagens e desvantagens de respostas alternativas do tipo geral e do tipo alfaiate Vantagens desvantagens Respostas alternativas gerais Requer menos espaço, o que reduz o comprimento do questionário É possível analisar as respostas utilizando técnicas estatísticas sofisticadas Por vezes proporcionam informações pouco detalhadas Respostas alternativas alfaiate As vezes, não é possível aplicar as respostas alternativas gerais Muitas vezes proporcionam informações mais especificas e detalhadas Por vezes os valores numéricos não representa uma variável numérica e portanto utilizam-se métodos não paramétricos para analise Requer mais espaço o que aumenta o comprimento do questionário 2. Número de respostas alternativas O número normal de respostas alternativas varia entre 2 a 9. O número óptimo depende principalmente Do objectivo da pergunta, Da forma da pergunta e Da natureza dos respondentes Para perguntas para medir atitudes, opiniões, satisfação, valores etc. é aconselhável usar um número impar de respostas alternativas porque proporcionam uma resposta neutra (variável bipolar). O número par de respostas alternativas é preferível quando se trará de questões sensíveis porque neste caso muitos inquiridos preferem dar uma resposta neutra quando realmente tem uma resposta positiva ou negativa. 15 3. Problemas com respostas alternativas a. Confusão nos tipos de respostas alternativas E normal misturar dois ou mais tipos de respostas alternativas numa escala de respostas. Por exemplo: “Em que medida está satisfeito com o seu emprego? Pouco Raramente Às vezes Muito Sempre 1 2 3 4 5 Note que as respostas “Pouco” e “Muito” indicam quantidade e, portanto, do tipo quantidade. E as respostas “Raramente” e “Ás vezes” indicam frequência, portanto, do tipo frequência b. Gama de respostas alternativas demasiado restrita É importante oferecer uma gama adequada de respostas alternativas. Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: “ A gerência da empresa é? Boa Muito boa Excelente 1 2 3Note que com esta gama de respostas alternativas o respondente não tem a possibilidade de fazer uma avaliação desfavorável sobre a gerência. c. Respostas alternativas sem descrições Considere a seguinte pergunta: “A sua formação na empresa tem sido?” (indique na escala 1, 2, 3, 4, 5) Não está claro o que significam os números na escala. Por falta de uma descrição dos números na escala, os inquiridos tem de interpretar o significado dos valores na escala, e a interpretação não única. Por exemplo: 1ª interpretação: Muito má Má Razoável Boa Muito boa 1 2 3 4 5 2ª interpretação: Inexistente Muito fraca Fraca Suficiente Boa 1 2 3 4 5 Note que um mesmo valor tem duas interpretações bastantes diferentes 16 d. Respostas alternativas parcialmente descrições Evite usar escalas que só tem descrições nos extremos, , como por exemplo: Muito mau Muito bom 1 2 3 4 5 Este tipo de respostas não é aconselhável, sobretudo quando os respondentes tem baixo nível de escolaridade, ou estão habituados a preencher escalas de resposta em questionários. É especialmente importante evitar usar respostas parcialmente descritas por palavras que tenham acentuações desiguais. Como por exemplo: Mau Excelente 1 2 3 4 5 A resposta “Excelente” é extremamente positiva mas a resposta “Mau” não é extremamente negativa. Assim, não há garantia que todos os respondentes interpretem os valores 2, 3 e 4 da mesma maneira e ainda da mesma maneira com o investigador. Portanto esses valores tem significados ambíguos e podem ser interpretados da mesma maneira. Por exemplo: Mau Fraco Médio Bom Excelente 1 2 3 4 5 Ou Mau Fraco Bom Muito bom Excelente 1 2 3 4 5 Ou Mau Razoável Bom Muito bom Excelente 1 2 3 4 5 e. Resposta “Não sei” Por vezes é aconselhável ou necessário incluir a resposta “Não sei” em perguntas que requerem conhecimentos específicos do respondente sobre o tema da pergunta. Mas é muito importante evitar incluir a resposta “Não sei” no meio da escala de quantidade, frequência ou avaliação. Considere por exemplo a seguinte pergunta: “ A política de formação na sua empresa é?” Muito má Má Não sei Boa Muito boa 1 2 3 4 5 Note que o valor 3 não é uma avaliação entre “Má” e “Boa”. É uma indicação de falta de conhecimento. Isto pode dar problema na análise de dados ao considerar não sei com o peso 3. Neste caso é aconselhável desdobrar a pergunta em duas. Por exemplo: Pergunta 10: “Tem conhecimento sobre a politica de formação que é praticada na sua empresa?” Sim Não 17 Se respondeu “Sim” à pergunta 10 passe para a pergunta 11. Se respondeu “Não” passe para a pergunta 12. Pergunta 11: “ A política de formação na sua empresa é?” Muito má Má Não sei Boa Muito boa 1 2 3 4 5 4. Apresentação do questionário A construção de um questionário deve obedecer aos seguintes critérios: Clareza e rigor na apresentação; Facilidade de preenchimento para o inquirido. O tema de estudo deve ser apresentado de uma forma clara e simplista, assim como a linguagem utilizada e a composição do questionário, que devem ser adequadas ao público- alvo. Introdução do questionário Na introdução é importante que sejam incluídos os seguintes aspectos: a) Um pedido de cooperação para o preenchimento do questionário. O tempo e o carácter anónimo ajudam na cooperação b) Razão da aplicação do questionário: principal objectivo do estudo e sua importância. c) Uma apresentação curta da natureza geral do questionário. Referir a natureza da informação solicitada (factos, opiniões, atitudes, etc.). Informar que não se trata de uma avaliação ou teste e portanto, não há respostas certas ou erradas. d) Indicar o nome e endereço da instituição (faculdade, centro de investigação etc.) e) Garantia ou declaração formal da confidencialidade das informações fornecidas. f) Uma declaração formal da natureza anónima do questionário g) Indicação de contactos para em casos de dúvidas h) Outras que se julgar pertinente Composição do questionário Uma composição clara e atraente aumentam a probabilidade de obter a cooperação dos respondentes. Em gera, a primeira atitude que um potencial respondente toma é dar uma olhadela pelo questionário para decidir se poderá preenche-lo ou não. Grande parte desta decisão depende 18 de duas coisas: O tamanho do questionário e a sua composição. Um questionário curto e uma composição esteticamente atraente que aumente a cooperação dos potenciais respondentes. Na composição do questionário deve-se ter em conta os seguintes aspectos: Clareza e tamanho do questionário: È necessário estabelecer um compromisso entre a da composição e o tamanho do questionário. Um questionário muito extenso põe em causa a boa vontade dos respondentes, mas por outro lado, ninguém gosta de preencher um questionário que não seja claro. Para que a composição seja clara deve haver espaços adequados entre as perguntas e dentro das escalas de respostas. As secções e as perguntas do questionário: Quando se pretendem recolher dados sobre factos deve-se colocar as perguntas homogéneas na mesma secção/bloco. No caso em que se pretende recolher dados sobre as opiniões, atitudes ou satisfação é melhor não colocar perguntas homogéneas numa única secção para minimizar os efeitos indesejáveis da memória. Instruções: É muito importante dar instruções claras aos respondentes sobre como devem responder as perguntas. A aparência estética do questionário: Um questionário com uma aparência esteticamente atraente aumenta a cooperação do potencial respondente no seu preenchimento. Verificação final do questionário Em todos os tipos de questionário é muito útil pedir, pelo menos, duas a três pessoas para ler e dar a sua opinião sobre a clareza e compreensão do mesmo. Quando o questionário for desenhado para recolher dados sobre factos sobre instituições ou empresas, vale a pena, antes de aplica-lo consultar os responsáveis de pelo menos duas ou três instituições sobre as perguntas sobre factos potencialmente sensíveis. Recomendações: Não utilizar tabelas ou quadros de algum tipo gráfico quando o público-alvo não estiver familiarizado com esse tipo de informação; O inquérito deverá ter o menor número de folhas possível, visto que pode provocar algum tipo de reacção negativa por parte do inquirido; Rever o questionário antes de o administrar, de modo a evitar erros ortográficos, gramaticais ou de sintaxe – que podem provocar erros ou induções nas respostas dos inquiridos, ou diminuir a credibilidade do questionário. Vantagens e desvantagens de um Inquérito por Questionário Vantagens: Maior sistematização dos resultados; Facilidade de análise; Redução do tempo necessário para análise e tratamento; Menores custos associados; Atinge um grande número de pessoas. Desvantagens: Dificuldade de concepção; Taxa de não respostas elevada; Dificuldade na compreensão da caligrafia; 19 As respostas podem ter várias interpretações quando analisadas por pessoas diferentes; Respostas podem ser pouco claras ou incompletas. Recomendações: Para aumentar a taxa de respostas podem ser utilizadas algumas técnicas, de forma a garantir o sucesso da investigação: Ser breve (se possível, utilizar apenas uma página); Oferecer incentivos não monetários (ex.: canetas, pulseiras, etc.); Assegurar ao entrevistadoa importância do estudo a ser desenvolvido; Confirmar a participação da Universidade patrocinadora/coordenadora; Apelar à construção do conhecimento através da colaboração do entrevistado; Utilizar, de forma conveniente, lembretes por telefone ou e-mail; Caso o questionário precise de ser devolvido por correio, forneça o envelope de retorno pré selado e pré-endereçado. Pré-teste O pré-teste de um questionário consiste num conjunto de verificações com o intuito de confirmar se ele é realmente aplicável com êxito no sentido de dar resposta aos problemas levantados pelo investigador. Este processo deve permitir verificar: Se todos os inquiridos irão compreender as questões da mesma forma; Se a lista de opções de respostas às questões fechadas considera todas as alternativas possíveis; Se existe um elevado grau de aceitação às questões colocadas; A ordem das questões, que não deverá causar saltos abruptos de um assunto para outro; Se a linguagem utilizada não é muito complexa e se é compreensível pelos inquiridos. Obs.: O questionário deve ser construído para que não seja considerado demasiado longo, enfadonho, difícil, ou parcial pelos inquiridos. A reacção dos inquiridos no processo de pré- teste deverá ser tida em consideração para avaliar a sua aplicabilidade e para colmatar quaisquer falhas que possam existir. Existem duas fases no processo de pré-teste: a verificação das perguntas individuais e a verificação do questionário como um todo (no que diz respeito às condições de aplicação) Conselhos para realizar o pré-teste: A verificação das perguntas individuais pode ser executada com a colaboração de um pequeno número de pessoas (10, por exemplo); Os indivíduos deverão fornecer as respostas às perguntas, mas também desenvolvê-las, completando-as com comentários e observações sobre o significado que atribuem às questões (no caso das questões fechadas, esta fase poderá ajudar a determinar a lista completa das opções de resposta); Os inquiridos devem ter características semelhantes à amostra que vai ser utilizada para a 20 aplicação do questionário; O objectivo desta fase de observação passa por garantir que não existirão falhas na fase da recolha de dados, pelo que deverá ser cumprida de forma criteriosa. Erros a evitar na criação de um questionário: Questionários muito longos e que exigem muito tempo para serem respondidos; Elaboração de um questionário, sem que as questões estejam apoiadas no Quadro Teórico; Não haver perguntas no questionário que apoiem o problema, os objectivos e as hipóteses de investigação; Não realizar um pré-teste aos instrumentos de recolha de dados. Aplicação dos questionários Existem dois métodos para aplicar um questionário a uma população: Contacto directo e por correio Contacto directo: o próprio investigador ou pessoas especialmente treinadas (inquiridores) aplicam directamente o questionário. Há menos possibilidades de os inquiridos não responderem ou deixarem algumas perguntas em branco porque o inquiridor pode explicar e responder as dúvidas que os inquiridos possam ter em certas perguntas. Aplicação por correio: o questionário e todas as instruções são enviados pelo correio a pessoas previamente seleccionadas. Neste caso, deve-se enviar também um envelope selado com endereço, para que os inquiridos possam enviar as repostas sem custos adicionais. Adicionalmente, deve-se indicar o prazo máximo para a devolução dos inquéritos, passado esse prazo deve-se iniciar um processo de recuperação dos questionários não devolvidos, através de cartas ou chamadas telefónicas para convence-las a preencher e enviar de volta os questionários. O questionário por correio tem a vantagem de abranger um grande número de pessoas e pontos geográficos diferentes. Mas, em contrapartida, apresenta altas taxas de não resposta total e parcial o que diminui o tamanho da amostra e consequentemente a precisão dos resultados ou estimativas. 21 Para quantas pessoas eu realmente preciso enviar o questionário? Infelizmente nem todo mundo que receber seu questionário irá respondê-lo. A percentagem de pessoas que não respondem a um questionário recebido é conhecido como a "taxa de não resposta". Estimar a taxa de não resposta vai ajudá-lo a determinar o número total de questionários que terá que enviar para obter o número necessário de questionários respondidos. As taxas de não resposta variam amplamente, dependendo de uma série de factores como o relacionamento com seu público-alvo, o comprimento e a complexidade do questionário, os incentivos oferecidos e até o tema do seu questionário. Para determinar o número de pessoas a quem deve enviar o questionário tendo em conta a taxa de não resposta é necessário ajustar o tamanho da amostra calculado pela fórmula: P n na 1 Onde: n tamanho de amostra calculado P taxa de não resposta an tamanho de amostra ajustado; Assim, por exemplo, se precisa que 500 mulheres que usam shampoo preencham o questionário e acredita que cerca de 10% dessas mulheres que usam shampoo que receberem seu questionário não irão, respondê-lo, então 556 90.0 500 10.01 500 1 P n na Precisa enviá-lo para 556 mulheres. 22 BIBLIOGRAFIA MARCONI, Marina de Andrade; LAKATO, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 6ª ed, São Paulo, Editora Atlas, 2001. GIL, António Carlos. Como Elaborar Projectos de Pesquisa, 4ª ed. São Paulo, Editora Atlas, 2008. REIS, Elizabeth; MORREIRA, Raúl. Pesquisa de Mercados. Lisboa, Edições Silabos Lda, 1993. HILL, Manuela Magalhães; HILL, Andrew. Investigação por Questionário, 2ª ed, Lisboa, Edições Silabos, 2008. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico, 9ª ed. São Paulo, Editora Atlas, 2009. AMARAL, Wanda de. Guia para Apresentação de Teses, Dissertações, Trabalhos de Graduação, 2ª ed. Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 1999. Regulamento Académico. Maputo, Universidade Pedagógica, 2004. 23 Fontes adicionais: Foddy, William (1996 [1993]). Como Perguntar, teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. Oeiras: Celta Editora. Fox, D. J. (1987). El processo de investigación en educación. Pamplona: Ediciones de la Universidad de Navarra. Gall, M. D.; Borg, W. R. & Gall, J. P. (1996). Educational Research: an introduction. New York: Longman Publishers. Ghiglione, Rodolphe & Matalon, Benjamin (1995 [1985]). O inquérito teoria e prática. (2ª ed.). Oeiras: Celta Editora. http://www.cienciaviva.pt/rede/risco2004/entrevistas/# http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/MEM-TG1.htm http://www.netprof.pt/servlet/getDocumento?TemaID=NPL070103&id_versao= 11895 Ketele, Jean-Marie De & Roegiers, Xavier (1999). Metodologia da recolha de dados. Lisboa: Instituto Piaget. Marconi, Marina A. & Lakatos, Eva M. (2002). Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, eleboração, análise e interpretação de dados. (5ª ed.). São Paulo: Editora Atlas.
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