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Direito das Sucessões (Privado) - Direito público e privado

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INSTITUIÇÃO DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
PROFa Kátia Cristina Cruz Santos
 PROFESSORAKATIACRUZ.BLOGSPOT.COM
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
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Direito das sucessões 
(Direito Privado)
Conceito:
Sucessão é a transmissão do patrimônio de pessoa falecida a uma ou mais pessoas vivas.
Com o ativo se transfere também o passivo e, assim, os herdeiros se tornam devedores dos credores do falecido — este em direito se designa, comumente, por de cujus ou, na forma vernácula, de cujo. 
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Já se viu, pois, que a sucessão é um dos modos de adquirir a propriedade; tal aquisição se dá pelo direito hereditário, ou seja, por sucessão causa mortis.
No momento mesmo da morte entram os herdeiros desde logo na posse e no domínio dos bens do falecido e assumem seus direitos e obrigações e tal fato se verifica por força de lei. 
Mas a assunção pelos herdeiros do acervo deixado pelo de cujus fica sujeita à confirmação por parte deles, podendo um, alguns ou todos renunciar à herança, ressalvado o direito de terceiros, credores do espólio ou dos herdeiros.
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O acervo é transmitido indiviso, até que se opere a partilha dos bens, ocasião em que o patrimônio será dividido entre os herdeiros e legatários, se houver.
Mas até que isso aconteça, todos os herdeiros respondem, em conjunto, pelas dívidas do defunto. 
Somente após a partilha é que cada qual, individualmente, responde apenas na proporção de sua legítima, ou quinhão.
O pagamento das dívidas existentes será efetuado com os recursos do ativo, uma vez que os herdeiros não respondem com patrimônio próprio pelo passivo do decujo; sua responsabilidade é limitada, pois, àquilo que a lei chama "força da herança".
Além das já anteriormente mencionadas sucessões provisória e definitiva, a sucessão pode ser legítima e testamentária. 
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A regra é a sucessão legítima; a testamentária é exceção. 
Mas tanto na sucessão legítima como na testamentária, os beneficiários — herdeiros ou legatários — podem vir a ser excluídos se cometerem alguma falta que os tornem indignos de recolher a herança ou legado, como já se viu quando do estudo da filiação e poder familiar.
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Sucessão legítima
Dá-se quando o acervo deixado pelo falecido deve ser recolhido pelos herdeiros de acordo com a ordem estabelecida por lei, escalonadamente em cinco classes não simultâneas, mas sucessivas, visto que a posição dessa ordem faz com que os antecedentes excluam os subseqüentes. 
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É a chamada "ordem da vocação hereditária", ou seja, a classificação dos que são chamados a herdar, que a lei estabelece pela seguinte forma:
I — aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II — aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III — ao cônjuge sobrevivente (salvo se este, ao tempo da morte do outro cônjuge, não estava separado judicialmente, nem de fato há mais de dois anos, exceto se, neste caso, houver prova de que a convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente);
IV — aos colaterais.
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O Código considera herdeiros necessários os enumerados nos três primeiros itens acima, cuja legítima não pode ser incluída no testamento, se houver.
O patrimônio é transmitido aos herdeiros diretamente, em regra. 
Mas a lei admite um meio indireto de suceder, que é o direito de representação. 
Quando a sucessão é direta ela se diz "por cabeça"; quando indireta, diz-se "por estirpe". 
Neste último caso, um herdeiro de grau mais afastado de parentesco com o de cujus é chamado a receber a parte que caberia a seu pai ou a sua mãe, porque morreram antes. 
Na representação, o herdeiro recebe o quinhão que caberia àquele que representa, sendo certo que ela se restringe aos descendentes e aos colaterais.
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O acervo da herança constitui garantia comum dos credores e propriedade comum dos herdeiros. 
Dá-se, então, uma universalidade de direito. 
Essa propriedade é normalmente distribuída por rateio, no qual cada herdeiro recebe uma parte igual à dos demais.
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Sucessão testamentária
É testamentária a sucessão que se opera de acordo com um testamento. 
Portanto ela depende da vontade do testador, que, por ato manifestado em vida, pode dispor de sua parte, chamada disponível, no sentido de que seja transmitida a pessoas de sua livre escolha.
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Como o testamento é manifestação de vontade, ele pode ser em qualquer tempo revogado pelo testador, devendo a revogação revestir-se da mesma forma com que foi lavrado o testamento. 
Revogado um testamento sem substituição por outro, cai-se na sucessão legítima.
Paralelamente aos herdeiros necessários, o testamento pode instituir legatários, que são sucessores a título singular e não a título universal, pois são contemplados com coisa certa denominada legado. 
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Os sucessores a título singular — que veremos adiante — não respondem pelas dívidas do espólio.
Há ainda uma espécie de disposição de última vontade que se chama "codicilo". Por ele o instituidor dispõe sobre assuntos de pouca monta, condições de seu enterro, donativos, esmolas, móveis, roupas, coisas de uso pessoal não valiosas e despesas de pequeno valor.
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Formas de testamento
Os testamentos ordinários, que são três:
I — o público;
II — o cerrado; 
III — o particular.
Testamento público é a disposição de última vontade formalizada em escritura pública, contendo as estipulações do testador manifestadas ao tabelião, que as transcreve no livro próprio e na presença de duas testemunhas legalmente desimpedidas.
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Dentre as vantagens desse testamento figura a de que, sendo perdido o seu traslado, podem dele ser obtidas certidões. 
Dentre as desvantagens está a que esse testamento pode ser conhecido antes da morte do testador.
O testamento cerrado é também chamado testamento secreto ou místico. 
Deve ser escrito e assinado pelo próprio testador ou por alguém a seu rogo, e tem caráter sigiloso. 
Deve ser aprovado por instrumento lavrado pelo tabelião, na presença de duas testemunhas. 
Feito isso, o tabelião, na presença das testemunhas, dobra o instrumento convenientemente e o costura, lacrando-o com o selo público e registrando-o no livro próprio.
Escreve na face do testamento a menção de quem seja o testador e outras disposições legais e o devolve ao próprio testador.
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Dentre as desvantagens está a que, rompido o lacre sem ser pelo juiz depois da morte do testador, estará nulo o testamento.
Testamento particular, também chamado ológrafo, é a disposição de última vontade escrita e assinada pelo próprio testador, lido na presença de três testemunhas e assinado também por elas.
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A vantagem desse testamento é o não-excesso de formalismo. 
As desvantagens são várias, dentre as quais avultam as da possibilidade de perda ou extravio irremediáveis e a do conhecimento de terceiros independentemente da vontade do testador.
A pessoa que manifesta sua vontade em um testamento, já se viu, chama-se testador. 
A pessoa indicada por este para que, após sua morte, cumpra o testamento, chama-se testamenteiro.
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Inventário e partilha
Se alguém morre deixando testamento, opera-se a sucessão na forma estabelecida por esse testamento, caso em que a sucessão se verifica a título singular. 
Se, porém, aquele que morre não tiver deixado testamento, respeitada a intangibilidade da metade dos bens, conforme o regime de bens adotado pelo falecido, se foi casado, ou na hipótese de existirem herdeiros necessários, os bens serão distribuídos de acordo com a ordem estabelecida em lei, como já se viu. 
Eis, então, a chamada sucessão
a título universal.
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Há diferença entre herdeiro legítimo e herdeiro necessário. 
Herdeiro legítimo é aquele que figura na ordem da vocação hereditária acima discriminada. 
Herdeiro necessário é o descendente, ascendente ou cônjuge passível de sucessão. 
Assim, todo herdeiro necessário é herdeiro legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário. 
Destarte, se uma pessoa quer fazer testamento e não tem herdeiro necessário, poderá amplamente dispor de seus bens na sua totalidade e distribuí-los a quem quiser. 
Mas se tiver herdeiro necessário só poderá o testador dispor da metade dos seus bens, porque a outra metade cabe necessariamente aos herdeiros necessários. 
Daí por que se chama, neste caso, de metade disponível a que o testador pode livremente distribuir.
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Há diferença entre herança e legado. 
No legado o falecido já designara em vida os bens que haviam de ser transmitidos a certa e determinada pessoa. 
Na herança essa designação não foi feita, devendo o herdeiro receber uma parte ideal dos bens do falecido. 
Assim, no legado, o de cujus manifestou anteriormente sua vontade e declarou quais os seus beneficiários e os bens a eles atribuídos; na herança não houve manifestação da vontade do de cujus nem quanto ao beneficiário, nem quanto à distribuição dos bens. 
Estes, então, serão partilhados de acordo com a lei.
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Seja testamentária, seja legítima a sucessão, havendo bens há necessidade de abrir-se o inventário. 
Este deve ser requerido por qualquer interessado, seja herdeiro, seja um estranho que tenha interesse — o credor, por exemplo —, seja a própria Fazenda do Estado onde era domiciliado o de cujus.
No inventário arrolam-se os herdeiros, os bens, os débitos e créditos do falecido. 
A pessoa que administra o inventário chama-se inventariante — que tanto pode ser indicado pelos interessados, de comum acordo, e nomeado pelo juiz, como pode ser nomeado por este se não houver acordo entre as partes. 
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Neste caso o juiz poderá até mesmo nomear um estranho para exercer a inventariança, o qual será remunerado a final.
Terminado o inventário e pago o imposto de transmissão causa mortis, faz-se a partilha dos bens.
Só então os herdeiros saberão qual o quinhão que lhes cabe. 
A parte atribuída a um herdeiro na herança chama-se legítima; a parte atribuída ao cônjuge sobrevivente, se houver, chama-se meação.
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A herança que, depois da morte, não seja arrolada em inventário por omissão de interessados ou por não haver herdeiros legítimos ou necessários chama-se herança jacente (isto é, herança que jaz à espera de quem a reclame). 
Neste caso o inventário, já se disse, é requerido pela Fazenda Pública (estadual ou federal, conforme o caso) e, depois de convocados os interessados pela publicação de editais na imprensa, o juiz a declara herança vacante e adjudica os bens ao domínio da Fazenda Pública, estadual ou federal, conforme os bens se situem em território do Estado ou da União Federal.
A partilha é formalizada numa carta de sentença de formal de partilha que deverá ser registrada no registro de imóveis, se for o caso.
Se houver apenas um herdeiro os bens lhe serão adjudicados por meio de uma carta de adjudicação.

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