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Direito comercial - Direito público e privado

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INSTITUIÇÃO DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
PROFa Kátia Cristina Cruz Santos
 PROFESSORAKATIACRUZ.BLOGSPOT.COM
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
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Direito comercial
Conceito:
O direito comercial pode ser entendido como o direito dos comerciantes ou o direito que regula os atos de comércio, ou ainda, modernamente, o direito das empresas.
Carvalho de Mendonça o define como "o complexo de normas que regulam as relações provenientes da prática de atos de comércio e os direitos e obrigações das pessoas que exercem profissionalmente esses atos — os comerciantes e seus auxilia­res" (Tratado de direito comercial brasileiro, 1933, v. 1, p. 16).
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Para Waldemar Ferreira, é o "sistema de normas reguladoras das relações entre os homens, constituintes do comércio, ou dele emergentes" (Tratado de direito comercial, 1960, v. 1, p. 9). 
Para Vivante (Tratado de direito mercantil, 1932, v. 1, p. 1), "é a parte do Direito Privado que tem principalmente por objeto regular as relações jurídicas que surgem do exercício do comércio".
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O comércio
Etimologicamente a palavra comércio se origina do latim commercium (cum, preposição, e merx, mercadoria). 
Significa, na acepção mais ampla, a permuta de coisas ou de serviços.
Vulgarmente, diz-se comércio como sinônimo de atividade lucrativa predominando o desejo de enriquecimento. 
Em seu sentido técnico, comércio é a atividade humana de intermediação entre produtores e consumidores pára a realização de trocas. 
O comércio é, portanto, a prática de uma série de atos visando a aproximar os produtos do consumidor para que se efetue a troca.
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Espécies de comércio
a) Quanto à pessoa que o exerce: por conta própria; de comissão (ou por conta de outrem); em conta de participação (ou social).
b) Quanto ao lugar: no mesmo país; e externo, exterior ou internacional, em países diferentes.
c) Quanto ao modo por que é exercido: direto ou indireto; ordinário ou de especulação.
Direto: comércio entre produtor e consumidor podendo ser de exportação e de importação; 
indireto: é aquele no qual as mercadorias não passam imediatamente do país produtor para o consumidor, transitando, antes, por um outro país, em escala; 
ordinário: é aquele que se pratica comumente; 
comércio de especulação é aquele consistente na compra de mercadorias quando estão abaixo do preço para revenda no momento em que alcançam preço melhor.
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d) Quanto aos meios de transporte: comércio terrestre, marítimo (também o fluvial) e aeronáutico.
e) Quanto à maior ou menor amplitude do seu objeto: em grosso, também denominado por atacado, ou em larga escala; e de retalho, também denominado a varejo, em pequena escala ou por miúdo.
J) Quanto às operações que o constituem: comércio de compra e venda, de câmbio, de banco, de seguros etc.
 
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São elementos essenciais do comércio:
Mediação: é a intervenção entre produtor e consumidor, por diversos, processos, técnicas e expedientes, visando à aproximação de produtos, mercadorias ou valores.
Habitualidade: é a prática reiterada desses atos medianeiros por pessoa geralmente denominada comerciante, que o faz em caráter de profissão.
Fins Lucrativos: consistem no proveito que deve existirem benefício do comerciante. 
Não se pode admitir o comércio, como instituição jurídica, quando não haja semelhante intenção.
A habitualidade não é essencial para que haja comércio. Entretanto, é indispensável para que exista a figura do comerciante, não sendo assim considerado quem pratica eventualmente uma operação comercial.
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Estabelecimentos comerciais
São as organizações ou as instituições fundadas de acordo com as regras princípios do Direito Comercial, para a exploração da mercancia.
Há diferença entre empresa e estabelecimento. 
A primeira é a unidade econômica de que o estabelecimento é uma das partes. 
Exemplos de estabelecimentos: açougues, armazéns, casas de modas, camisarias, livrarias, mobiliárias etc. (Geraldo Leite Magela, Direito comercial, cit.)
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Histórico do direito comercial
Na antiguidade são encontradas normas jurídicas de natureza comercial no Código de Hamurábi (2.083 a.C.), na Babilônia. 
Versavam sobre contratos de depósitos, especialmente de cereais, e também sobre o contrato pelo qual uma pessoa confiava a outra dinheiro ou gêneros.
Algumas normas do direito comercial tiveram origem no direito romano. Não se pode dizer, todavia, que existiu nessa época um direito comercial, apesar do comércio próspero e florescente de Roma e outras partes do Império.
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Foi na Idade Média que o direito comercial encontrou a sua verdadeira origem. 
O comércio marítimo do Mediterrâneo desenvolveu-se, e as cidades à beira-mar tornaram-se centros importantes de comércio. 
As Cruzadas facilitaram o intercâmbio comercial. Foram bem utilizadas as seguintes formas de comércio: o contrato de comenda (financiamento de um empreendimento por um fornecedor que arriscava no negócio a importância entregue ao capitão do navio); a letra de câmbio; as decisões de assembléias de comerciantes; a matrícula de comerciante; o uso de livros comerciais; as sociedades comerciais; as operações bancárias; os seguros etc.
Nos tempos modernos a França elaborou o primeiro Código Comercial, em 1807. 
Mais tarde surgiram o Código espanhol, de 1829, o Código português, de 1833, o Código holandês, de 1838, e o Código brasileiro, de 15 de junho de 1850.
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Fontes do direito comercial
a) No Brasil temos o Código Comercial de 1850 e várias outras leis não codificadas.
b) Os usos e costumes comerciais, que são aplicáveis à falta de lei comercial e para o preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico.
c) A jurisprudência, que é a reiteração de pronunciamentos dos tribunais.
d) Os tratados e convenções internacionais, firmados diretamente entre dois ou mais países e versando matéria comercial.
e) As formas de obrigações, que são os contratos comerciais, as declarações unilaterais de vontade e os atos ilícitos.
f) As formas de explicitação das lacunas, ou seja. a doutrina, a analogia e os princípios gerais do direito comercial.
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Divisão do direito comercial
O direito comercial é terrestre, marítimo e aeronáutico. 
O direito comercial terrestre abrange normas jurídicas relativas aos comerciantes, contratos e obrigações comerciais em geral, falência e títulos de crédito. 
O direito comercial marítimo compreende as atividades sobre águas navegáveis, como mares, rios, em especial, portanto, o transporte marítimo. 
O direito comercial aeronáutico tem por objeto o transporte aéreo.
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O comerciante
Comerciante é a pessoa que pratica profissionalmente, atos, de intermediação com intuito de lucro. 
Somente é considerada comerciante a pessoa que pratica a intermediação, a especulação e a profissionalidade. 
A profissão comercial pode ser exercida por pessoa física, como é o caso do comerciante individual, ou pessoa Jurídica, como é a hipótese da sociedade comercial.
Para que alguém possa exercer o comércio a título individual precisa estar em plena administração de sua pessoa e bens. 
A capacidade é regulada pela lei civil, como já foi visto.
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Agentes auxiliares do comércio
Embora nem sempre comerciantes, há pessoas que, preenchidos certos requisitos, intervêm no comércio como agentes auxiliares, mediante remuneração, para intermediação de negócios de terceiros. 
São os chamados "agentes' auxiliares do comércio", que se podem agrupar nas seguintes categorias:
1.-	os agentes oficiais, a saber:
1.1.-	os corretores:
1. 1. 1.-de fundos públicos;
1.2 -de mercadorias; 1.1.3 -de navios;
1.2- Os leiloeiros:
1.2.1.-voluntários;
1.2.2.- oficiais; 
1.3.-os despachantes:
1.3.1- administrativos;
1.3.2.- de importação e exportação, ou aduaneiros;
1.4.- os agentes não oficiais, a saber:
1.4.1.- os representantes comerciais,
1.4.2.-os comissários.
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Além desses, há ainda os administradores de trapiches, os de armazéns gerais e, segundo o Código Comercial, também os caixeiros e os prepostos. 
Todavia estes últimos não podem mais ser considerados agentes auxiliares do comércio, porque sua atividade implica relação de emprego e, pois, está ao abrigo do direito do trabalho.
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Atos de comércio
Os comercialistas consideram ainda insolúvel o problema da conceituação dos atos de comércio.
A doutrina desenvolve esforços no sentido de encontrar a sua caracterização. 
À face do direito brasileiro, não existe ato de comércio isolado, isto é, a figura do comerciante é condicionante da existência de ato de comércio.
O comerciante pode praticar atos de comércio considerados principais ou acessórios. 
Principais, são os atos comerciais pela própria natureza e acessórios são os atos (que embora praticados pelo comerciante no interesse de sua atividade profissional não se revestem, pela sua própria qualidade, das características essenciais de comercialidade pura.
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A compra e venda habitual e profissional é ato de comércio principal. 
Existem, ainda, atos de comércio por força de lei. Consistem em atos de que participam comerciantes ou não. 
São considerados comerciais unicamente porque a lei assim o determina: operações sobre títulos da dívida pública, atos referentes às sociedades anônimas, operações sobre letras de câmbio e notas promissórias, operações sobre bilhetes de mercadorias, operações sobre títulos emitidos por armazéns gerais, cheques, empresas de construção etc.
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Fundo de comércio
Fundo de comércio é o estabelecimento comercial composto de todos os seus elementos, incorpóreos e corpóreos. 
Corresponde aos fonds de commerce da França; azienda, findo ou fondaco da Itália; ao goodwill e business anglo-americano.
Alguns comercialistas o equiparam à empresa comercial tomada como uma unidade de trabalho, capital e organização, destinada a promovera circulação de mercadorias com fins lucrativos. 
O fundo de comércio é um conjunto de elementos necessários para que o comerciante possa atrair a sua clientela.
São os meios de que utiliza para o desempenho das suas atividades profissionais, que tenham valor patrimonial.
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Direito de empresa
O novo Código Civil considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
De acordo com a mesma lei, não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Na nova lei a matéria vem tratada no Livro II, sob o título "Do Direito de Empresa", arts. 966 a 1.195, cujos aspectos gerais estão cuidados nesta parte referente ao Direito Comercial, onde, por amor à tradição histórica, permanece a resenha de alguns tipos, de sociedade que caíram em desuso.
Por igual, os principais títulos de crédito continuam sendo acenados nessa mesma parte do direito mercantil. 
É de sublinhar-se, aliás, que o art. 2.037 do novo Código Civil dispõe aplicarem-se, salvo disposição em contrário, aos empresários e sociedades empresárias as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como às atividades mercantis.
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Da sociedade
Pela nova lei civil celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a entre si, dos resultados, podendo a atividade social restringir-se a um ou mais negócios determinados.
Ressalvadas as exceções expressas, o no o Código Civil classifica as sociedades em simples e empresárias, sendo estas últimas aquelas que têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro como a sociedade por ações considerando-se sociedades simples todas as demais, Inclusive a cooperativa.
A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição dos seus atos constitutivos no registro próprio e na forma da, lei.
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Sociedades comerciais
Se duas ou mais pessoas constituírem uma sociedade comercial, poderão optar por uma das espécies de sociedade.
Tudo o mais não dependerá da vontade dos sócios porque já está traçado na lei. 
São previstas as seguintes sociedades pelo Código Comercial: sociedades em nome coletivo sociedade em comandita simples, sociedades em conta de participação. 
Leis especiais regulam as sociedades anônimas, as sociedades em comandita por ações e as sociedades por cotas de responsabilidade limitada.
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Sociedade em nome coletivo
São sociedades de pessoas, de responsabilidade solidária e ilimitada. 
Sociedades de pessoas porque prepondera aspecto pessoal, com grande influência na vida da sociedade. 
No caso de morte de um dos, sócios, o seu nome desaparecerá da sociedade.
Responsabilidade solidária significa que cada sócio se obriga a responder pela totalidade da dívida social. 
Nestas condições, exercerá direitos sobre os outros sócios no que diz respeito à participação destes nos prejuízos.
Os bens particulares dos sócios somente serão executados existam bens sociais. 
A razão social ou firma pode a aparecer em nome de um, de alguns ou de todos os sócios. 
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Se de um, como acréscimo "e Companhia” por extenso ou abreviado, Exemplos: Antonio Silva, João Marcondes e Pedro Correa; Antonio Silva e Companhia; Antonio Silva e Cia.-, Silva e Cia., Silva, Marcondes e Correa etc.
Todos, os sócios poderão fazer uso da firma, se nada houver sido estipulado no contrato.
A constituição dessa sociedade far-se-á mediante contrato, por instrumento público ou particular, com a qualificação de cada um dos sócios e todas as designações necessárias. 
Gerente da sociedade em nome coletivo só poderá ser um sócio, da sociedade que não se confunde com gerente empregado.
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Sociedade em comandita simples 
Esta sociedade permite a prestação de capitais por um ou alguns, sem qualquer outra responsabilidade ou participação na administração do negócio, pois a outros estará reservada essa responsabilidade. 
É constituída — de sócios de responsabilidade ilimitada à importância com que entram para o capital. 
Os sócios que assumem responsabilidade ilimitada são os comanditados; aqueles cuja responsabilidade se restringe ao capital fornecido denominam-se comanditários.
Na firma não poderá aparecer o nome dos sócios comanditários, sob pena de se tornarem responsáveis, também solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
Os comanditários não poderão e exercer o cargo de gerente.
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Sociedade em conta de participação
Não constitui pessoa jurídica. Haverá um simples contrato entre um sócio ostensivo e um ou mais sócios ocultos. 
É uma sociedade oculta isto porque os demais sócios permanecem desconhecidos. 
Poderá ser constituída por instrumento público ou particular. 
Somente os sócios ostensivos responderão perante terceiros. 
Objetivar-se-ão as relações entre os sócios ostensivos e os ocultos por meio de uma conta corrente. 
Conta significa a operação em si e os resultados dela decorrentes. 
Participação é a divisão ou repartição dos lucros.
Essa sociedade não poderá incorrer em falência ou pedir concordata por não possuir personalidade jurídica. 
Os sócios ocultos não responderão com seus bens particulares perante terceiros.
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 Sociedade por cotas de responsabilidade limitada
É aquela formada por duas ou mais pessoas, assumindo todas, de forma subsidiária, responsabilidade solidária pelo total do capital social. 
Há, portanto, limitação da responsabilidade. 
Essa responsabilidade irá até a totalidade do capital da sociedade.
Essa sociedade se constitui por contrato, em instrumento
público ou particular. 
Deverá estar sempre acrescida a palavra limitada na denominação da sociedade.
A integralização do capital libera os sócios e cada qual é obrigado a entrar com o valor correspondente à cota que lhe cabe. 
Quando a integralização do capital não se efetivar, ficará cada sócio responsável solidariamente pela parte que faltar para preenchera totalidade do capital.
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Sociedade anônima
São características da sociedade anônima:
1) divisão do capital social em partes de igual valor nominal, denominadas ações,
2) responsabilidade dos sócios limitada ao valor da respectiva ou das respectivas ações subscritas ou adquiridas,
3) transmissibilidade das ações,
4) numero mínimo de dois sócios,
5) denominação sempre acrescida de -S.A.— ou Companhia", esta última antes da denominação.
As sociedades anônimas se constituirão pela prática de vários atos, tendo em vista a subscrição do capital. 
Essa subscrição poderá ser pública ou particular.
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A subscrição pública visa à obtenção de grandes capitais. Para que haja a subscrição pública, os fundadores elaboram estatutos sociais e um prospecto no qual farão constar os objetivos da sociedade. 
Ambos serão publicados pela imprensa, três veres, inclusive no Diário Oficial. 
Do prospecto devem constar os requisitos exigidos pela lei. 
Seus originais, assim como os originais dos documentos aos quais fizer referência, deverão ficar no endereço de um dos fundadores da sociedade, para exame dos interessados.
Um boletim de subscrição conterá os dados de qualificação dos subscritores. 
Recebidas as importâncias das subscrições, serão depositadas, em cinco dias, no estabelecimento bancário mencionado no prospecto, em nome da sociedade. 
Ultimada a subscrição, no prazo mencionado no prospecto, os fundadores convocarão uma assembléia de constituição publicando anúncios nos jornais, mencionando dia, hora e local em que será instalada. 
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A assembléia só se realizará se comparecerem, em primeira e segunda convocações, pelo menos dois terços dos subscritores e, em terceira convocação, com qualquer número. 
A assembléia será presidida por um dos fundadores e secretariada por um ou dois subscritores. Destina-se à leitura da certidão do depósito bancário das subscrições, da aprovação dos estatutos, dos quais um exemplar ficará em poder da sociedade e outro será destinado ao arquivamento no registro do comércio.
Se a subscrição do capital tiver sido particular, isto é, sem oferta das ações ao público, poderá a constituição ser feita por assembléia geral ou por escritura pública. 
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Se a constituição for por assembléia geral, deverá ser entregue a esta projeto de estatutos, assinado por todos os subscritores do capital, acompanhado do boletim ou lista dos subscritores. 
Se a constituição for por escritura pública, deverá conter os requisitos exigidos pela lei e será assinada por todos os subscritores do capital.
Tanto na assembléia geral de constituição (quer por subscrição pública, quer por subscrição particular), quanto na escritura pública de constituição, o subscritor pode comparecer representado por procurador, que não precisa ser subscritor, ao contrário do que acontece durante a vida da sociedade, a cujas assembléias gerais o acionista só pode fazer-se representar por outro acionista.
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Denominação — As sociedades anônimas usam uma denominação indicando os seus fins, acrescida de "sociedade anônima" ou antecedida de "companhia", abreviada ou por extenso. 
Anônimos são os sócios e não a sociedade. pois esta terá um nome comercial. Não terá firma porque não são as pessoas que se apresentarão ostensivamente perante a praça.
Ações — O capital da sociedade é dividido em partes, às quais se dá o nome de ações. Ação, pois, é unidade de capital de sociedade anônima.
Estritamente, portanto, ação é a parte em que se divide o capital da sociedade anônima, mas, por extensão, se dá o nome de ação ao certificado da ação, ao documento que certifica que alguém é titular de unidade de capital de determinada sociedade anônima.
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As ações podem ser consideradas:
1) quanto à forma de circulação em: nominativas, ao portador e endossáveis;
2) quanto aos direitos ou vantagens que conferem aos titulares em: comuns ou ordinárias, preferenciais e de gozo ou fruição.
Ações nominativas pertencem a pessoas determinadas, inscritas no "Livro de Registro de Ações Nominativas", sendo seu titulara pessoa em cujo nome a ação estiver registrada no livro. 
São aquelas, portanto, nas quais é declarado o nome de seu proprietário. Sua transferência é feita mediante termo lavrado em livro o especial.
Ações ao portador são aquelas que não têm o nome do proprietário, sendo considerado como tal quem com ela se apresenta, pois circulam livremente mediante simples entrega. 
Portanto, até prova em contrário, os portadores delas são considerados, seus titulares.
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Ações endossáveis são aquelas cujo titular é considerado, até ser feita averbação em nome de outrem, a pessoa cujo nome constar, como tal, no "Livro de Ações Endossáveis". 
São transferíveis: a) por meio de averbação, pela sociedade, do nome do adquirente no "Livro de Registro de Ações Endossáveis"e, concomitantemente, no certificado das ações; b) mediante endosso do certificado no Caso de ação integralizada, datado e assinado pelo proprietário da ação, com indicação do nome e da qualificação do endossatário; ou c) no caso de ação não integralizada, mediante endosso lançado na forma indicada, acompanhado da assinatura do endossatário no próprio certificado.
Comuns ou ordinárias são as ações cujos titulares não gozam de vantagens especiais e têm direito ao recebimento de dividendo (participação no lucro) ordinário e a participação, igualmente sem vantagem especial, na divisão do patrimônio líquido da sociedade, em caso de liquidação desta.
Preferenciais são as ações cujos titulares gozam de alguma vantagem especial, vantagem essa que pode ser: a) prioridade na distribuição de dividendos, fixos ou cumulativos; b) prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; c) cumulação das vantagens acima enumeradas.
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De gozo ou fruição são ações emitidas em substituição às ações ordinárias ou preferenciais, que tiverem sido totalmente amortizadas pela sociedade; emitem-se as ações de gozo a fim de que os titulares das ações amortizadas continuem a gozar, a fruir dos direitos dos acionistas. 
As ações de gozo ou fruição não podem ser emitidas pelas sociedades anônimas de capital autorizado.
Os estatutos da sociedade anônima podem também prever o resgate de ações. 
Resgate é o pagamento, por disposição estatutária ou deliberação de assembléia extraordinária, do valor de ações, com fundos disponíveis da sociedade, para retirá-las de circulação, diminuindo-se em conseqüência o capital da sociedade, ou, se mantido o mesmo capital, estabelecido o número e o novo valor das ações nas quais o capital passa a dividir-se.
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A sociedade pode também efetuar o reembolso das ações. 
Reembolso é a operação pela qual a sociedade paga o valor das ações ao acionista dissidente de deliberação de assembléia.
Órgãos da sociedade — Podem ser necessários, isto é, exigidos por lei e que por isso não podem deixar de existir; ou facultativos, isto é, dispostos nos estatutos por vontade dos fundadores ou dos acionistas, em atenção à conveniência da sociedade.
Necessários: assembléia geral ordinária e extraordinária: diretoria; conselho fiscal.
Facultativos: qualquer outro órgão que for criado.
Assembléia geral — É a reunião dos acionistas, convocada e instalada na forma da lei e dos estatutos, a fim de deliberar sobre matéria de interesse social.
A assembléia é o órgão máximo da sociedade, pelo que pode tomar as decisões que entender convenientes em benefício da sociedade. 
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Tem competência para nomear e destituir os membros da diretoria, do conselho fiscal ou de qualquer outro órgão criado pelos
estatutos: tomar anualmente contas dos diretores e apreciar o balanço por eles apresentado; reformar os estatutos, suspender os direito dos acionistas, resolver sobre a criação e a emissão de obrigações ao portador ou nominativas endossáveis, a criação e emissão de "partes beneficiárias"; criar vantagens em benefício de fundadores; autorizar a alienação ou oneração de bens imóveis; deliberar sobre laudo de avaliação de bens de acionistas para a realização de capital subscrito; resolver sobre fusão, incorporação, extinção e liquidação da sociedade, nomeação e destituição de liquidantes e julgar-lhes as contas; autorizar a diretoria a propor concordata e a confessar falência.
A convocação da assembléia geral deverá ser feita por convites publicados por três vezes, no mínimo, no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o lugar da sede da sociedade, e em outro jornal de larga circulação, em que se mencionarão a ordem do dia da assembléia, o local, dia e hora em que se reunirá, devendo, entre o dia da primeira publicação do convite e o da realização da assembléia, mediar o prazo de oito dias, no mínimo, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as Convocações posteriores.
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As deliberações nas assembléias são tomadas por maioria dos votos presentes, não se computando os votos em branco. 
Os votos correspondem às ações. 
Cada ação terá direito a um voto. Assim, um só acionista terá direito a mais de um voto, conforme o número de ações de sua propriedade e desde que se trate de ações com direito a voto.
A diretoria é o órgão da sociedade anônima que tem atribuição legal de administrar e de representá-la em juízo ou fora dele.
A diretoria poderá ser constituída por um ou mais diretores, acionistas ou não, escolhidos pela assembléia geral, que não estejam impedidos por lei especial, nem condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou a pena por crime de prevaricação, falência, concussão, peculato ou por crimes contra a economia popular.
Os estatutos deverão dispor sobre o modo de investidura e de substituição dos diretores, seu número, maneira de remuneração, prazo de gestão (que não poderá ser superior a seis anos, mas poderá haver recondução), número de ações que deverão ser caucionadas para garantia da gestão e, se houver mais de um diretor, as atribuições de cada um. 
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Se não houver discriminação de atribuições, qualquer dos diretores exercerá plenamente as funções atribuídas à diretoria.
Os diretores são responsáveis pelos prejuízos que causarem à sociedade, solidariamente, quando não cumprirem os deveres impostos pela lei; pela demora no arquivamento, publicação de atos constitutivos e pedido de autorização para o funcionamento da sociedade e pela distribuição de dividendos aos acionistas sem a existência de lucros líquidos.
Conselho fiscal — É o órgão permanente de fiscalização da administração da sociedade anônima. 
Recebe poderes da assembléia, é composto de três ou mais membros e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos anualmente pela assembléia e com direito à reeleição. 
Cabe ao conselho o exame de livros e da caixa, opinar sobre os negócios da sociedade tomando por base o inventário, o balanço e as contas dos diretores, denunciar erros ou fraudes, convocar, supletivamente, a assembléia em caso de omissões etc.
Exercício social e balanço — No fim de cada ano, ou exercício social, as sociedades anônimas deverão levantar o balanço geral, para verificação de lucros ou prejuízos. 
O período de um ano é o máximo para o levantamento do balanço, quando lei especial não fixar período menor.
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A avaliação dos bens e a disposição do balanço e da demonstração da conta de lucros e perdas obedecerão às regras legais, além das disposições peculiares relativamente à sociedade, em decorrência de seu gênero de atividade.
O saldo dos lucros será submetido à deliberação da assembléia geral que, observadas as disposições estatutárias, resolve­rá, por proposta da diretoria, ouvido o conselho fiscal, se será distribuído, no todo ou em parte, ou se ficará em suspenso para distribuição em outro exercício, ou para posterior utilização em aumento de capital. 
Se os estatutos previrem sobre os lucros a favor da diretoria, ela não poderá ser paga se não for distribuído dividendo de, pelo menos, 67% aos acionistas.
A distribuição de dividendos sem que haja lucro líquido implica responsabilidade da diretoria e do conselho fiscal, cujos membros, sem prejuízo da responsabilidade penal, deverão repor as importâncias indevidamente distribuídas.
Extinção, incorporação, transformação e fusão da sociedade
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A sociedade anônima pode ser extinta por deliberação da assembléia, por decurso do prazo de duração previsto nos estatutos, se houver disposição a respeito, por redução do número de acionistas ou por ato do Poder Público. 
Podem simplesmente ocorrer modificações na sua estrutura por transformação, que é a operação pela qual uma sociedade passa de uma espécie para outra; por incorporação, que é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra que as sucede em todos os direitos e obrigações, e por fusão, que é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova.
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Tipos especiais de sociedade anônima
1. Sociedades de capital autorizado (Lei n. 4.728, de 14-7­1965), disciplinadas pela Lei de Mercado de Capitais, com permissão de se constituírem com capital subscrito inferior ao autorizado pelo estatuto social, desde que as suas ações sejam nominativas ou endossáveis. 
O mínimo de integralização inicial será fixado pelo Poder Público e não há depósito bancário. 
Não podem emitir ações de gozo ou fruição ou partes beneficiárias.
2. Sociedades de capital aberto, constituídas de ações ordinárias distribuídas obrigatoriamente em, pelo menos, 20% entre um número mínimo de acionistas, de acordo com o capital subscrito. 
Preenchidas as exigências do Poder Público, a sociedade receberá um certificado que atestará a sua qualidade de sociedade de capital aberto.
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 Sociedade em comandita por ações
Esse tipo de sociedade está desaparecendo. 
Consiste numa sociedade sob firma ou razão social, na qual figuram duas classes de sócios: os comanditados, com responsabilidade ilimitada e solidária pelas obrigações sociais, e os comanditários, cuja responsabilidade não vai além da quantia representada nas ações que possuírem.
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Títulos de crédito
Genericamente denominam-se "títulos de crédito" os papéis representativos de uma obrigação e emitidos de conformidade com a legislação específica de cada tipo.
Segundo o conceito de muitos autores, "título de crédito" significa obrigação com base na confiança, uma vez que sem confiança não se poderá falar em crédito. Aquela é o fundamento deste.
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Divisão
Podem-se dividir os títulos de crédito em duas grandes classes:
a) títulos públicos;
b) títulos particulares ou comerciais.
Estas classes, por sua vez, poderão ser subdivididas em duas espécies:
a) títulos nominativos;
b) títulos ao portador.
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Os títulos públicos e os comerciais podem trazer qualquer das características das espécies referidas, isto é, podem ser emitidos nominativamente ou ao portador.
São títulos nominativos aqueles em que o nome do credor está determinado, não deixando pairar dúvida quanto ao titular do crédito.
Quanto ao título ao portador, o direito de fazê-lo não é amplo, dependendo sua emissão, em alguns casos, de lei expressa reguladora da espécie. 
Desta forma, as ações nem sempre podem ser ao portador, principalmente enquanto não integralizadas ou enquanto a sua espécie não estiver autorizada pelos órgãos representativos das sociedades por ações.
São títulos públicos aqueles emitidos pelo Poder Público, seja federal, estadual ou municipal.
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Esses títulos podem ser das seguintes espécies:
a) apólices comuns (permitem juros simplesmente)-,
b) apólices especiais (emitidas com juros e finalidades determinadas);
c) apólices mistas (com juros e sorteios).
Além dessas apólices, outros títulos de natureza pública poderão existir, como as "Obrigações do Tesouro", "Bônus de Guerra", "Obrigações de Reaparelhamento Econômico" etc.
São títulos privados ou comerciais:
a) as ações emitidas pelas sociedades por ações;
b) as obrigações ao portador ou "debêntures";
c) as partes beneficiárias emitidas pelas sociedades anônimas para fins especiais;
d) os títulos cambiais ou quirógrafos;
e) os títulos de capitalização.
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Letra de câmbio
A letra de câmbio é a ordem de pagamento sacada pela pessoa que tenha provisão ou fundos disponíveis em poder de outra pessoa, contra esta última e em favor de um terceiro.
Pressupõe a existência do sacador, que é a pessoa que ordena o pagamento assinando a letra; do sacado, que é a pessoa que tem em depósito a importância pertencente ao sacador, e do tomador, que é a pessoa em favor de quem a letra é emitida. 
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O aceite se dará quando o sacado, reconhecendo a procedência da ordem dada contra si, manifestar expressamente a sua vontade para a conclusão do contrato.
Manifesta-se por meio de assinatura em lugar próprio do título.
A letra pode ser sacada para pagamento à vista ou a prazo. No primeiro caso, será logo cumprida com a apresentação ao sacado. 
Letra de câmbio a prazo é aquela na qual é marcado um dia futuro de vencimento.
O sacado dispõe de vinte e quatro horas para a aceitar ou não. 
A lei permite duplicatas da mesma letra de câmbio.
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	Nota promissória
Nota promissória é o título de crédito pelo qual alguém se compromete a pagar a outrem certa quantia em determinado prazo. 
Trata-se, pois, de promessa de pagamento. Exige-se, para a sua constituição, um emitente, que é o devedor que a assina, e um beneficiário ou portador, que é o credor.
A nota promissória difere da letra de câmbio porque é uma promessa de pagamento e aquela é uma ordem de pagamento. 
Seus sujeitos são o emissor e o beneficiário, enquanto na letra de câmbio os sujeitos são o sacador, o sacado e o tomador. 
É nula a nota promissória ao portador.
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Duplicata
A duplicata mercantil é um título de crédito de emissão nas vendas mercantis a prazo, realizadas entre vendedor e comprador domiciliados no Brasil. 
A duplicata indicará sempre o valor total da fatura. Como na letra de câmbio e na promissória, do contexto da duplicata deve constara denominação "duplicata". 
Além disso, devem figurar na duplicata: a data de emissão, o número de ordem, o número da fatura, a data do vencimento, o nome e domicílio do vendedor, o nome e domicílio do comprador, a importância a pagar, o lugar do pagamento, a cláusula à ordem, a declaração do reconhecimento da sua exatidão, a declaração da obrigação de pagar, a assinatura do comprador com aceite cambial e a assinatura do emitente. 
Como o nome indica, trata-se de duplicata de fatura.
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Cheque
Cheque é a ordem de pagamento à vista, passada em favor próprio ou de terceiro. 
Só pode emiti-lo aquele que tem fundos disponíveis em poder de comerciantes ou banqueiros. 
Emissor ou emitente é a pessoa que emite o cheque. Sacado é o banco que tem fundos à disposição do emitente.
Cheque cruzado é aquele que só é pagável a um banco ou a cliente do sacado. 
Pode ser cruzado "em branco", mediante dois traços paralelos em diagonal no anverso; pode ser "em preto", quando, dentro dos traços, figure o nome do banco que deva receber o cheque.
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Debêntures
São títulos de crédito de emissão exclusiva das sociedades por ações, representativos dos empréstimos contraídos, externa ou internamente, por essas sociedades. 
São títulos autônomos, com liquidez e certeza, e seus titulares, chamados debenturistas,
ficam sujeitos à jurisdição comercial embora nem sempre sejam comerciantes.
As debêntures encontram sua fonte no contrato de mútuo mercantil, podendo ser negociadas livremente. Possuem cupons de juros, e estes se vencem semestral ou anualmente.
Entre outros direitos, as debêntures conferem aos debenturistas direito de reembolso mediante sorteio ou mediante termo final de vencimento. 
Na falência, os credores desses títulos são privilegiados, ressalvado o direito anterior de titulares de direito real de garantia.
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"Warrant"
Chama-se warrant o título emitido com base em gêneros ou mercadorias em depósito. 
São também dotados de liquidez e certeza e, como os conhecimentos de depósito, podem ser emitidos por companhias de armazéns gerais, alfândegas, trapiches, companhias de estrada de ferro em cujas estações existam armazéns gerais.
O warrant e o conhecimento de depósito são títulos à ordem, com lastro em mercadorias que devem ser obrigatoriamente conservadas tal como foram entregues nos armazéns ge­rais. 
Assim, são títulos que podem ser transferidos por endosso em branco ou em preto embora não possam ser transferidos por simples tradição, visto que é proibida a emissão desses títulos ao portador.
As mercadorias correspondentes a esses títulos só podem ser retiradas por seus respectivos portadores, sendo que o portador do warrant é credor pignoratício; o do conhecimento de depósito é titular de domínio das mercadorias.
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Tanto o warrant como o conhecimento de depósito devem conter:
a) o nome, profissão e domicílio do depositante;
b) a data de entrada das mercadorias, em qualidade e quantidade;
c) a designação do armazém em que as, mercadorias estejam depositadas;
d) a indicação do seguro, do segurador e dos riscos cobertos;
e) a data a partir da qual as mercadorias estão sujeitas à armazenagem;
f) a quantidade, espécie e outras indicações relativas aos volumes;
g) o número de ordem.
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Falência 
Conceito:
Falência é a impontualidade do devedor comerciante ou a manifesta intenção de lesar credores, gerando um estado de execução coletiva dos seus bens, promovida judicialmente. 
Vê-se, em conseqüência, o comerciante obrigado a encerrar as suas atividades e a pagar, por rateio, as suas dívidas, total ou parcialmente, na medida das forças dos seus bens que serão apreendidos e vendidos.
Podem ser declarados falidos o comerciante, pessoa física ou jurídica, o seu espólio, o menor que exerça o comércio por conta própria, a mulher casada e as pessoas proibidas de comerciar. 
Não são atingidos pela falência os sócios de indústria, os sócios comanditários, os sócios das sociedades por cota e os acionistas das sociedades anônimas.
Poderão requerer a falência o credor, o sócio da sociedade, o cônjuge sobrevivente, os herdeiros, o inventariante do espólio e o próprio comerciante.
Declarada a falência, o falido perde a administração do negócio, que passa a ser denominado massa falida. 
Fica proibido de comerciar até a extinção das obrigações e a sua reabilitação. 
A massa é administrada pelo síndico, nomeado pelo juiz.
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Efeitos
Os efeitos da declaração da falência são:
a) o encerramento das atividades do falido com o fechamento do estabelecimento, se houver;
b) a arrecadação de todos os bens do falido e dos sócios solidários ilimitadamente;
c) a nomeação, de um dos credores, de reconhecida idoneidade, para síndico da falência;
d) a abertura de prazo para que os credores justifiquem os seus créditos.
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Classificação dos créditos
São pagos pela ordem os seguintes créditos: os trabalhistas, as dívidas previdenciárias, os encargos da massa falida, as dívidas da massa, os créditos com direitos reais de garantia, os créditos com privilégio especial, os créditos com privilégio geral, os créditos quirografários.
Créditos com direitos reais de garantia são os que estão garantidos por meio de hipoteca ou penhor etc.
Créditos com privilégio especial são considerados os seguintes: os créditos assim conceituados pelas leis civis e comerciais, desde que não contrariem disposição da Lei de Falências; os créditos de aluguel do prédio locado ao falido
para seu estabelecimento e sobre o mobiliário respectivo; os créditos a cujos titulares a lei confere o direito de retenção sobre a coisa.
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Créditos com privilégio geral consideram-se os seguintes: os créditos assim conceituados que não contrariem disposição da Lei de Falências; os créditos da Previdência Social, pelas contribuições que o falido dever; os créditos dos empregados, devidamente reconhecidos por decisão da Justiça do Trabalho.
Finalmente, créditos quirografários classificam-se como os não incluídos nas classes anteriores; os saldos dos créditos não cobertos pelo produto dos bens vinculados ao seu pagamento e o resgate do valor das indenizações devidas aos empregados.
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Crimes falimentares
A lei pune a todos quantos, em razão de qualquer ato ou função, pratiquem, antes, durante ou depois da falência, atos de desrespeito à lei, prejudicando credores ou praticando fraudes com o interesse de beneficiar a si ou a terceiros.
A pena é privativa da liberdade e se aplica quando ficar demonstrado que:
a) houve gastos pessoais ou de família considerados excessivos em relação às possibilidades do falido;
b) a conta de despesas gerais apresenta saldo injustificável em relação ao capital, à natureza e ao gênero do negócio; 
c) o falido usou de meios ruinosos para retardar a falência, vendendo mercadoria por preço vil, até seis meses anteriores;
d) não existem os livros obrigatórios ou estavam escritura- dos com atraso e em desacordo com as normas regulamentares, isto é, sem clareza necessária,
e) não havia, na época legal (60 dias do encerramento do balanço), o visto do juiz no respectivo "Diário", salvo no caso de devedor de instrução insuficiente;
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f) houve simulação de capital para obtenção de maior crédito;
g) houve pagamento antecipado de credores ou desvio de bens sob qualquer forma;
h) houve simulação de despesas, de dívidas ativas e passivas;
i) houve falsificação material, no todo ou em parte, da escrituração obrigatória;
j) houve escrituração omissa no que se refere a lançamento, ou falsa ou diversa da que deveria ser feita;
k) houve destruição de livros obrigatórios.
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Concordata
É um acordo entre o comerciante e seus credores para pagamento coletivo dos débitos, à vista ou a prazo, observadas certas condições impostas por lei. 
Pode ser preventiva, quando se destina a evitar a falência; suspensiva, quando seu fim é levantar a falência já decretada.
Sendo preventiva, o comerciante que a pedir deve oferecer aos credores quirografários, por saldo dos seus créditos, pagamento de no mínimo 50% à vista, ou 60%, 75 %, 90% ou 100% a prazo. 
Se suspensiva, o falido deve oferecer aos credores quirografários, por saldo dos seus créditos, pagamento de no mínimo 35% à vista ou 50% a prazo, que não poderá exceder de dois anos, pagos dois quintos no primeiro ano, pelo menos.
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Impedimentos
Pela lei, estão impedidos de impetrar concordata:
a) o comerciante que não possuir seus documentos devidamente inscritos ou arquivados e seus livros legalizados;
b) o que não cumpriu o dispositivo da Lei de Falências que obriga o comerciante a requerer a sua própria falência, dentro de trinta dias, se deixar de pagar dívida líquida e certa;
c) o que i à obteve igual benefício há menos de cinco anos;
d) o que, beneficiado há mais de cinco anos, não cumpriu a concordata;
e) o que houver sido condenado por crime falimentar, ou de furto, roubo, estelionato e outras fraudes; crimes contra o privilégio de invenção ou marcas de indústria ou comércio e ainda crimes contra a economia popular.
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Efeitos
A concordata obriga a todos os credores quirografários, comerciais ou civis; não abrange os créditos privilegiados, não desonera os coobrigados do devedor, impede o comerciante de alienar os seus bens imóveis ou outros sujeitos às cláusulas da concordata. 
Se preventiva, cabem juros de 12% ao ano. 
Os contratos não são rescindidos, as contas correntes podem ou não ser encerradas a critério do juiz, o devedor conservará a administração dos seus bens e continuará com o seu negócio sob a fiscalização do comissário nomeado pelo juiz.
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O comerciante, para requerer concordata, deve exercer regularmente o comércio há mais de dois anos, possuir ativo cujo valor corresponda a mais de 50% do seu passivo quirografário, não ser falido ou, se o foi, estarem declaradas judicialmente extintas as suas responsabilidades e não ter títulos protestados por falta de pagamento.
Importa mencionar que, se o juiz indeferir a concordata preventiva, decretará, ipso facto, a falência.

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