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Universidade Sa˜o Judas Tadeu Faculdade de Tecnologia e Cieˆncias Exatas Cursos de Engenharia Laborato´rio de F´ısica e Eletricidade: Ondas Estaciona´rias em uma Corda Autor: Prof. Sandro Martini Aluno R.A. Turma -2013- Ondas Estaciona´rias em uma Corda 1. Introduc¸a˜o Uma onda pode ser entendida como uma pertubac¸a˜o que se propaga de um ponto a outro com uma velocidade bem definida, chamada de velocidade de propagac¸a˜o. E´ importante destacar que uma onda na˜o transporta mate´ria. Ela transporta momento e energia. Por exemplo, quando uma pedra e´ atirada no meio de um lago (Figura 1) as ondas produzidas se propagam ate´ a margem, mas a superf´ıcie do lago se move apenas oscilando localmente. Figura 1: Ondas produzidas na superf´ıcie da a´gua. Se a pertubac¸a˜o se deslocar atrave´s de um material, que daqui em diante chama- remos de meio, denominamos a onda de onda mecaˆnica. Quando um mu´sico toca guitarra ou violino, cria ondas nas cordas do instrumento. Essas oscilac¸o˜es produzem no ar ondas sonoras que se propagam com a mesma frequeˆncia da corda. Ja´ uma onda eletromagne´tica na˜o precisa de um meio para se propagar. O melhor exemplo e´ luz pro- veniente da radiac¸a˜o do Sol. A luz, embora possa parecer estranho, sa˜o campos ele´tricos e magne´ticos que oscilam perpendicularmente a` direc¸a˜o de propagac¸a˜o e entre si. A luz se propaga no va´cuo com uma velocidade de propagac¸a˜o de ⇡ 3⇥ 108 m/s. Em um experieˆncia passada determinamos o comprimento de onda da radiac¸a˜o eletro- magne´tica emitida por um LED. Aquela e´ uma onda eletromagne´tica. Hoje, estudaremos ondas em uma corda. Particularmente, estudaremos as ondas estaciona´rias. Pore´m, para entenderemos bem a experieˆncia precisamos definir alguns conceitos fundamentais. 1 Ondas Estaciona´rias em uma Corda 1.1 Onda perio´dica transversal Quando balanc¸amos a extremidade de uma corda com um movimento repetitivo ou perio´dico a pertubac¸a˜o se propaga atrave´s do comprimento da corda (Figura 2). Nesse caso, cada part´ıcula da corda sofrera´ o mesmo tipo de movimento perio´dico. Como os deslocamentos do meio sa˜o perpendiculares ou transversais a` direc¸a˜o de propagac¸a˜o da onda ao longo da corda, a onda e´ classificada como onda perio´dica transversal. Figura 2: Onda perio´dica transversal Uma onda perio´dica transversal pode ser representada matematicamente pela ex- pressa˜o: y (x, t) = Asen (kx� ! t) (1) • A expressa˜o de y(x, t) e´ denominada de func¸a˜o de onda. Na˜o veja a func¸a˜o de onda apenas como mais uma func¸a˜o matema´tica. Fisicamente, ela carrega TODAS as informac¸o˜es que voceˆ precisa saber sobre a onda. Por exemplo, nessa onda em particular, sabemos que e´ uma onda senoidal se propagando no sentido de +x. • A e´ a amplitude da onda. E´ o mo´dulo do deslocamento ma´ximo sofrido pelos elementos a partir da posic¸a˜o de equil´ıbrio quando a onda passa por ele. • k e´ o nu´mero de onda. Ele esta´ relacionado como o comprimento de onda � atrave´s da equac¸a˜o: k = 2⇡ � (2) O comprimento de onda � e´ a distaˆncia (paralela a` direc¸a˜o de propagac¸a˜o da onda) entre as repetic¸o˜es da forma de onda (Figura 3). Figura 3: Comprimento de Onda 2 Ondas Estaciona´rias em uma Corda • ! e´ a frequeˆncia angular e ela esta´ relacionada como o per´ıodo de oscilac¸a˜o T , que e´ o tempo que um elemento leva para executar uma oscilac¸a˜o completa (Figura 4). A relac¸a˜o entre ! e T e´: ! = 2⇡ T (3) Figura 4: Per´ıodo da Onda • f e´ a frequeˆncia da onda e e´ definida como 1/T e esta´ relacionada com a frequeˆncia angular atrave´s da equac¸a˜o: f = 1 T = ! 2⇡ (4) • A velocidade de propagac¸a˜o (v) de uma onda pode ser relacionada com o comprimento de onda e a frequeˆncia atrave´s da equac¸a˜o: v = �f (5) 1.2 Velocidade de propagac¸a˜o de uma onda em uma corda esti- cada A velocidade de propagac¸a˜o v das ondas mecaˆnicas depende de duas propriedades do meio em que esta˜o sendo propagadas. Essas caracter´ısticas sa˜o conhecidas com as propriedades inerciais e ela´sticas. Para as ondas mecaˆnicas, e em particular de uma corda esticada de comprimento L, a propriedade inercial e´ a sua densidade linear µ (a massa da corda divida pelo seu comprimento) e sua propriedade ela´stica e´ a tensa˜o F aplicada na corda. A partir dessas propriedades intr´ınsecas do meio (tensa˜o e densidade) a velocidade de propagac¸a˜o de uma onda em uma corda e´: v = s F µ (6) Quanto mais tensa˜o ela´stica e´ aplicada na corda, maior sera´ a velocidade da onda. Au- mentando a densidade da corda a velocidade da onda diminui. 3 Ondas Estaciona´rias em uma Corda 1.3 Ondas estaciona´rias em uma corda Se duas onda senoidais de mesma amplitude e comprimento de onda se propagam em sentidos opostos em uma corda, a interfereˆncia mu´tua produzira´ uma onda estaciona´ria. Sejam y1 (x, t) e y2 (x, t) duas func¸o˜es com as caracter´ısticas descritas anteriormente, a superposic¸a˜o das ondas e´ obtida pela soma das duas func¸o˜es: y (x, t) = y1 (x, t)+y2 (x, t) = Asen(kx�!t)+Asen(kx+!t) = 2Asen (kx) cos (!t) (7) Essa relac¸a˜o mostra que a superposic¸a˜o das duas ondas resulta em uma func¸a˜o de x e t que na˜o descreve uma onda se propagando. Em qualquer instante de tempo, teremos sempre uma forma do tipo sen (kx), mudando apenas a “amplitude” (2A cos (!t)) para tempos distintos. Temos assim uma onda estaciona´ria. Ha´ pontos na corda que se manteˆm sempre na posic¸a˜o y(x, t) = 0. Tais pontos sa˜o denominados de no´s (N) . Por outro lado, os pontos de maior amplitude sa˜o denominados ventres (V ). Para uma corda de comprimento L, presa nas extremidades, as ondas refletidas em cada extremidade superpo˜em a`quelas que esta˜o se propagando em sentido oposto e a amplitude deve ser nula nesses dois pontos, ou seja, as duas extremidades devem ser no´s. Para que essa situac¸a˜o ocorra, o comprimento L da corda deve satisfazer a relac¸a˜o: L = n � 2 (8) sendo n=1, 2, 3, 4,...Ha´ portanto uma relac¸a˜o entre o comprimento de onda de cada modo e o comprimento da corda. Por exemplo, o modo normal n = 1, modo fundamental, possui um comprimento de onda igual ao dobro do comprimento da corda. Na figura 5 sa˜o mostradas as configurac¸o˜es da corda correspondentes aos quatro primeiros modos normais de vibrac¸a˜o. Figura 5: Modos normais de vibrac¸a˜o em uma corda presa nas duas extremidades. 4 Ondas Estaciona´rias em uma Corda Se usarmos as Equac¸o˜es (5), (6) e (8), obtemos a seguinte expressa˜o para as frequeˆncias que podem ser produzidas por uma corda presa nas extremidades, com densidade linear µ e tensionada por uma tensa˜o ela´stica F : fn = n 2L s F µ (9) Essa e´ a relac¸a˜o entre as propriedades da corda (comprimento L, densidade linear µ e tensa˜o F ) e as poss´ıveis frequeˆncias que ela pode produzir. Por exemplo, cordas mais longas produzem sons mais graves (baixas frequeˆncias). Cordas “magras” (µ pe- queno) produzem sons mais agudos. Quando tensionamos uma corda, seu som torna-se mais agudo. Todas essas informac¸o˜es esta˜o condensadas na relac¸a˜o acima. E´ uma bela fo´rumula! Essas frequeˆncias sa˜o chamadas de harmoˆnicos, e a se´rie desses valores denomina- se se´rie harmoˆnica. Algumas vezes os mu´sicos chamam de sobretom cada uma das frequeˆncias. Por exemplo, f2 e´ o segundo harmoˆnico ou primeiro sobretom, f3 e´ o terceiro harmoˆnico ou o segundo sobretom, e assim por diante. O primeiro harmoˆnico corresponde a` frequeˆncia fundamental. 2. Objetivos • Compreender como ondas estaciona´rias sa˜o criadas. • Identificar os no´s e ventres e o nu´mero de segmentos da corda vibrando. • Determinar a densidade linear de uma corda. 3. Material Utilizado • Corda.• Porta massa e massas. • Polia. • Cabos. • Gerador de func¸a˜o (Sine Wave Generator, WA-9867). • Oscilador de corda (String Vibrator, WA-9857). • Fita me´trica. • Suportes de fixac¸a˜o. 4. Procedimento Experimental 1. Na sua bancada ja´ deve estar montado um arranjo experimental semelhante ao que esta´ apresentado na Figura 6. Se as massas ainda na˜o estiverem no porta massas, por favor, coloque enta˜o 200 gramas. Para os ca´lculos que vira˜o mais adiante voceˆ deve considerar tambe´m a massa do porta massas, cujo valor e´ de 5 gramas. Portanto, a massa total sera´ 205 gramas. Como resultado da ac¸a˜o do campo gravitacional sobre a massa, a corda estara´ sujeita a uma tensa˜o ela´stica F = mg. Sabendo que g = 9,8 m/s2 e m = 205 gramas = 205 ⇥10�3 kg, a tensa˜o ela´stica F ⇡ 2,0 N. 5 Ondas Estaciona´rias em uma Corda Figura 6: Arranjo experimental. 2. Com a trena mec¸a o comprimento da corda partindo da extremidade presa na laˆmina do oscilador ate´ o meio da polia. Anote o valor em metros no espac¸o abaixo: L = m 3. Na parte traseira do gerador de func¸a˜o (Figura 7) voceˆ notara´ duas sa´ıdas. Pegue dois cabos e os conecte nessas duas sa´ıdas. A outra extremidade dos cabos conecte no oscilador. Figura 7: Gerador de func¸a˜o. 4. Conecte o gerador de func¸a˜o na rede ele´trica atrave´s do cabo da bateria. 5. Agora ligue o gerador de func¸a˜o. Voceˆ deve notar no visor uma frequeˆncia inicial de 100 Hz. 6. Coloque o bota˜o Amplitude no meio. 6 Ondas Estaciona´rias em uma Corda 7. O gerador de func¸a˜o permite que voceˆ varie a frequeˆncia de sa´ıda com passos de 1 Hz ou 0.1 Hz (bota˜o 1.0 e bota˜o 0.1). Entretanto, se voceˆ girar o bota˜o 1.0 rapidamente voceˆ pode variar a frequeˆncia com passos de ate´ 4 Hz. Fac¸a isso para voceˆ alcanc¸ar o valor de 8 Hz. 8. O objetivo agora e´ voceˆ determinar os modos normais de vibrac¸a˜o e as suas respec- tivas frequeˆncias. Comece aumentando a frequeˆncia do gerador. Utilize o bota˜o 1.0 ou o bota˜o 0.1 para ir aumentado a frequeˆncia ate´ voceˆ comec¸ar a observar a vibrac¸a˜o do primeiro modo (n = 1) (item (a) da Figura 5). Voceˆ notara´ um no´ em cada uma das extremidades (um na polia e o outro na laˆmina do oscilador). Com o bota˜o 0.1 fac¸a um ajuste fino no valor da frequeˆncia ate´ voceˆ conseguir a amplitude ma´xima da vibrac¸a˜o. Quando voceˆ conseguir essa amplitude ma´xima anote o valor da frequeˆncia na tabela a seguir. Tabela 1: Nu´mero dos modos de vibrac¸a˜o e respectiva frequeˆncia. Nu´mero dos modos de vibrac¸a˜o (n) Frequeˆncia (Hz) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 9. Aumente a frequeˆncia para alcanc¸ar o segundo modo de vibrac¸a˜o (n=2, item (b) da Figura 5). Utilizando o bota˜o 0.1 fac¸a novamente um ajuste fino no valor da frequeˆncia para obter a amplitude ma´xima da vibrac¸a˜o. Voceˆ devera´ ver treˆs no´s. Anote a frequeˆncia na tabela. 10. Repita o mesmo procedimento ate´ completar toda a tabela. ATENC¸A˜O: A am- plitude diminuira´ a` medida que voceˆ aumenta o nu´mero dos modos de vibrac¸a˜o. Voceˆ pode aumentar a amplitude da vibrac¸a˜o com o bota˜o amplitude. Mesmo utilizando o bota˜o amplitude, voceˆ ainda precisa fazer um ajuste fino no valor da frequeˆncia para maximizar a amplitude. 11. Completada a tabela e desligue o gerador de func¸a˜o. 7 Ondas Estaciona´rias em uma Corda 5. Ana´lise dos Resultados 1. Com os dados da tabela construa no papel milimetrado um gra´fico da frequeˆncia versus os nu´meros dos modos de vibrac¸a˜o (n), ou seja, eixo das ordenadas e´ a frequeˆncia e o eixo das abscissas e´ nu´mero dos modos de vibrac¸a˜o. Voceˆ tera´ um gra´fico com um comportamento linear! O que de fato e´ esperado, pois observando a Equac¸a˜o (9), a frequeˆncia varia linearmente com o n. 2. Trace uma reta me´dia pelos pontos. 3. Determine o coeficiente angular dessa reta. O coeficiente angular e´ igual a: tg(✓) = �f �n = 4. Analisando a Equac¸a˜o (9), o termo: 1 2L s F µ e´ exatamente o coeficiente angular da reta, ou seja: tg (✓) = 1 2L s F µ . 5. Apo´s uma manipulac¸a˜o alge´brica, podemos determinar uma propriedade intr´ınseca da corda, a sua densidade linear µ: µ = F 4L2[tg (✓)]2 6. Substitua os valores de L, F e tg(✓) na expressa˜o acima e encontre o valor estimado para µ: µ = kg/m 8
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