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Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 1 AULA 00 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Lei nº 13.105/2015 – Novo Código de Processo Civil. Normas processuais civis. Professora Dra. Jamile Gonçalves Calissi Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 2 www.pontodosconcursos.com.br Aula Conteúdo Programático Data 00 Lei nº 13.105/2015 – Novo Código de Processo Civil. Normas processuais civis. 18/12 01 Recurso Especial. 08/01 02 Recurso Extraordinário. 22/01 03 Agravo. 05/02 04 Agravo em Recurso Especial. 19/02 05 Agravo em Recurso Extraordinário. 05/03 Sumário 1. Introdução – Algumas palavras sobre o caminho e o caminhar .......................3 2. Estrutura do Novo CPC...............................................................................4 3. O Direito Processual Civil............................................................................7 4. Processo..................................................................................................8 5. Normas Processuais Civis e Princípios...........................................................9 6. Gabarito.................................................................................................45 7. Questões Comentadas..............................................................................46 Aula 00 – Aula Demonstrativa: Lei nº 13.105/2015 – Novo Código de Processo Civil. Normas processuais civis. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 3 1. Introdução – Algumas palavras sobre o caminho e o caminhar Olá pessoal! Meu nome é Jamile Gonçalves Calissi, sou Doutora em Direito com experiência em Direito Público e docente em várias universidades. Meu papel aqui é trazer para vocês um conteúdo de excelência, conectado ao que há de mais contemporâneo em Direito Processual Civil e, por conseguinte, aquilo que será, em larga escala, cobrado em concursos. O meu principal objetivo será desmistificar a matéria, demonstrando o quão gostoso é estudá-la! E com o tempo que teremos, conseguiremos degustá-la de forma a torná-la absurdamente fácil para vocês. O nosso Edital já saiu e ficará a cargo da banca Cebraspe. A nossa matéria é cobrada apenas para o cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária, e o Edital propôs os seguintes pontos a serem estudados: DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 1 Lei nº 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil): recurso extraordinário e recurso especial; agravo em recurso especial e em recurso extraordinário. E como trabalharemos? Temos três enfoques basilares: o texto normativo; Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 4 a doutrina a respeito; a jurisprudência, quando necessário. E, como de praxe, nossa proposta é, conjuntamente à teoria apresentada, trabalharmos resoluções de exercícios de provas anteriores, preferencialmente as provas da banca Cebraspe, mas não somente dela. Utilizaremos, aqui, exercícios os mais diversos, de todas as principais bancas de concursos da atualidade. E, como o tempo urge, sem mais delongas, mãos à obra!!! Bem vindos, boa sorte e bons estudos a todos! 2. ESTRUTURA DO NOVO CPC O Novo CPC foi introduzido ao ordenamento jurídico pela lei n. 13.105/2015 com vigência a partir de 2016 e está dividido em duas partes, a parte geral e a parte especial, e é finalizado por um Livro Complementar (Disposições Finais e Transitórias). A parte geral corresponde aos artigos 1º ao 317º, partindo das Normas Processuais Civis e encerrando-se em Extinção do Processo. Está assim dividida: Livro I – Das Normas Processuais Civis. Titulo Único – Das Normas Fundamentais e da Aplicação das Normas Processuais. Livro II – Da Função Jurisdicional. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 5 Título I – Da Jurisdição e da Ação. Título II – Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional. Título III – Da Competência Interna. Livro III – Dos Sujeitos do Processo. Título I – Das Partes e dos Procuradores. Título II – Do Litisconsórcio. Título III – Da Intervenção de Terceiros. Título IV – Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça. Título V – Do Ministério Público. Título VI – Da Advocacia Pública. Título VII – Da Defensoria Pública. Livro IV – Dos Atos Processuais. Título I – Da Forma, do Tempo e do Lugar dos Atos Processuais. Título II – Da Comunicação dos Atos Processuais. Título III – Das Nulidades. Título IV – Da Distribuição e do Registro. Título V – Do Valor da Causa. Livro V – Da Tutela Provisória. Título I – Disposições Gerais. Título II – Da Tutela de Urgência. Título III – Da Tutela de Evidência. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 6 Livro VI – Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo Título I – Da Formação do Processo. Título II – Da Suspensão do Processo. Título III – Da Extinção do Processo. A parte específica corresponde aos artigos 318 a 1.072, com início no Processo de Conhecimento e término nas Disposições Transitórias. Está assim dividida: Livro I – Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento da Sentença. Título I – Do Procedimento Comum. Título II – Do Cumprimento da Sentença. Título III – Dos Procedimentos Especiais. Livro II – Do Processo de Execução. Título I – Da Execução em Geral. Título II – Das Diversas Espécies de Execução. Título III – Dos Embargos à Execução. Título IV – Da Suspensão e da Extinção do Processo de Execução. Livro III – Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais. Título I – Da Ordem dos Processos e dos Processos de Competência Originária dos Tribunais. Título II – Dos Recursos. Livro Complementar – Disposições Finais e Transitórias. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 7 3. O DIREITO PROCESSUAL CIVIL “O Processo Civil é o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição civil, isto é, da aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz”.1 A Teoria Geral do Processo é o estudo dos institutos básicos da ciência processual expondo os conceitos, os princípios e as características do fenômeno. “...é uma disciplina jurídica dedicada à elaboração, à organização e à articulação dos conceitos jurídicos fundamentais (lógico-jurídicos) processuais”.2 “É o instrumento pelo qual os cidadãos podem pleitear a tutela de seus direitos perante órgão estatal dotado de jurisdição. Os atos que se desenrolam no âmbito do respectivo procedimento, pelas partes e pelo Estado-juiz, são basicamente disciplinados pelo CPC. Segundo a natureza da prestação jurisdicional requerida, o processo civil pode ser deconhecimento (cuja finalidade é reconhecer um direito); de execução (que visa à satisfação de um direito já reconhecido); e cautelar (que tem por escopo assegurar a efetividade de futura decisão (geralmente) condenatória”.3 O Processo Civil é composto por quatro institutos fundamentais: jurisdição, ação, processo e procedimento. Esses institutos constituem os pilares mais importantes para o perfeito entendimento da Teoria Geral do Processo. 1 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 8º ed. São Paulo: Saraiva, 2017, pág. 64. 2 DIDIER JR. Fredie. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podvm, 2015, pág. 34. 3 CRUZ E TUCCI, José Rogério (org.) et. al. Código de Processo Civil Anotado. Disponível em < http://www2.oabpr.org.br/downloads/NOVO_CPC_ANOTADO.pdf> Acesso em 25/07/2017. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 8 Jurisdição é o poder do Judiciário de aplicar o direito ao caso concreto solucionando um conflito. Ação é o direito das partes de exigir do judiciário a prestação da Jurisdição, isto é a tutela jurisdicional de um direito material. Processo é o instrumento é o único meio, pelo qual a jurisdição atua e o direito de ação pode ser exercido. Procedimento é o conjunto dos atos processuais que se desenvolvem dentro do processo para que este possa atingir o seu fim. 4. PROCESSO O processo tem uma pluralidade de sentidos. Possui, pois, três acepções. a) Teoria da Norma Jurídica: aqui o processo é o modo de produção da norma jurídica. Há o processo legislativo (norma jurídica legal), o administrativo (norma jurídica administrativa) e o jurisdicional (norma jurídica jurisdicional). Pela jurisdição se produzem duas espécies de norma jurídica: a primeira é a norma jurídica individualizada, que resolve o caso concreto, e a segunda é o precedente, que é a norma aplicável a/reguladora de casos futuros. Há, ainda, o processo privado ou negocial, que corresponde ao modo de produção de normas jurídicas no âmbito privado; e o processo arbitral, espécie de processo jurisdicional, porém, privado. Aqui o processo nada mais é do que método de exercício da jurisdição. b) Teoria do Fato Jurídico: neste sentido o processo é um ato jurídico complexo, um conjunto de atos jurídicos organizados, concatenados, que têm por propósito a produção de um ato final, qual seja, a decisão (visão holística do processo). E o procedimento gênero, do qual o processo é espécie. c) Perspectiva da Eficácia Jurídica: o processo é o conjunto das situações/relações jurídicas decorrentes dos fatos jurídicos que o compõem. Situação jurídica, nesse contexto, consiste em direitos, deveres, capacidades, ônus e competências processuais. O Processo é essencialmente dinâmico. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 9 EM SUMA: o processo é um procedimento, enquanto ato jurídico complexo de formação sucessiva e, também, um procedimento em contraditório. Mas não somente isso, processo é ato de onde emerge a relação jurídica4. Questão 1 – CESPE – Telebras – Advogado – 2015 A respeito de jurisdição, ação e processo, julgue o item seguinte. Os termos processo e procedimento são considerados sinônimos, visto que representam a ordem com que os atos processuais se desenvolvem. 5. NORMAS PROCESSUAIS CIVIS E PRINCÍPIOS O Direito como construção humana sofre, constantemente, profundas alterações, dentre as quais, destaca-se a chamada constitucionalização do direito. E nesse sentido de construção humana, “a lei deve ser apreendida como uma proposição que altera-se na medida em que se alterem as variantes necessidades e contingências históricas”.5 A constitucionalização do direito resulta do novo modelo de constitucionalismo surgido no pós Segunda Grande Guerra com a transformação dos paradigmas existentes do Estado Liberal e Estado Social para o paradigma do Estado Social e Democrático de Direito, com os consequentes: 4 DIDIER JR., op. cit., pág. 33. 5 BAPTISTA DA SILVA, Ovídio Araujo. Processo e Ideologia: o paradigma racionalista. 2º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, págs. 01 e 02. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 10 1. acolhimento dos institutos e regras pelas Constituições, antes relegadas ao campo infraconstitucional; 2. releitura dos institutos previstos na legislação por meio dos princípios fundamentais. Nesse sentido, a constitucionalização está ligada “a um efeito expansivo das normas constitucionais, cujo conteúdo material e axiológico se irradia, com força normativa, por todo o sistema jurídico”.6 A constitucionalização expandiu-se como um processo complexo baseado em três marcos/vertentes: marco histórico, marco filosófico e marco teórico. Marco histórico: na Europa continental, constitucionalismo do pós-guerra, com Alemanha (Lei Fundamental de Bonn ou Constituição Alemã de 1949 e criação do Tribunal Constitucional Federal em 1951) e Itália (Constituição da Itália de 1947 e criação da Corte Constitucional em 1956). Na Europa Ibérica, redemocratização e reconstitucionalização de Portugal em 1976 e Espanha em 1978. No Brasil, redemocratização com a Constituição Federal de 1988. Marco Filosófico: pós-positivismo (atribuição de normatividade aos princípios e a definição de suas relações com valores e regras; a reabilitação da razão prática e da argumentação jurídica; a formação de uma nova hermenêutica constitucional; e o desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais edificada sobre o fundamento da dignidade humana). Marco Teórico: 1. o reconhecimento de força normativa à Constituição; 2. a expansão da jurisdição constitucional; 3. o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional. 6 BARROSO, Luis Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, 240: l-42, abr-jun 2015, pág. 16. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 11 Força Normativa da Constituição: significa que as Constituições deixam de ser caracterizadas como meras cartas políticas e passam a ser o centro radicular de todo o Direito moderno e pós-moderno. Art. 1 O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. Como consequência, houve o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais: consolidação do rol de direitos fundamentais processuais (direito fundamental ao contraditório, ao devido processo legal, ao juiz natural, dentre outros). O processo deve servir à efetivação dos direitos fundamentais. 1) O resultado prático desse processo é a alteração na teoria das fontes do direito. Assim, princípio é reconhecidamente uma norma: Norma jurídica é gênero do qual são espécies princípios e regras. As consequências do entendimentode que princípios devem ser vistos como normas são: a) inserção dos princípios no ordenamento jurídico; b) a possibilidade de postular-se e decidir-se com base unicamente em princípios. Princípios, enquanto normas (ser), não são valores, embora sua construção possa ter sido inspirada neles. A regra impõe uma conduta/comportamento; o princípio impõe que se chegue a um determinado estado de coisas. Nem sempre que houver conflito entre regra e princípio, este último irá prevalecer. Se eles estiverem no mesmo patamar, prevalece a regra, por ser mais concreta, específica. Se o princípio, no entanto, estiver em patamar superior, ele irá prevalecer. Princípio estabelece como as coisas devem ser, metas, estados de coisas a serem alcançadas. As regras estabelecem condutas, permitem, proíbem ou determinam condutas. Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 12 Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: […] § 2 No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. Os princípios jurídicos são normas que prescrevem fins a serem atingidos e servem de fundamento para a aplicação do ordenamento constitucional7. “Princípios são as proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas subseqüentes”8. Entretanto, a doutrina clássica não atribuía aos princípios caráter de natureza jurídica, ou seja, por conta de sua natureza transcendente, não lhes atribuía a qualidade de comandos de Direito. Somente a partir da constatação e aceitação da existência de algumas normas jurídicas incompletas, ou seja, normas que apenas “explicitam ou o suposto fato ou a estatuição de outras normas jurídicas, não obstante configurando norma jurídica a medida em que existem em conexão com outras normas jurídicas, participando do sentido da validade delas”9, é que 7 ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. Da definição à aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2.004, p. 15. 8 CRETELLA JÚNIOR. José. Comentários à Constituição Brasileira de 1988. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1.989, v.1, p. 129. 9 GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econômica na Constituição de 1988 (interpretação e crítica). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1.990, p. 125. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 13 se constata um movimento no sentido de reconhecer juridicidade aos princípios. Os princípios têm caráter amplo e abstrato, são dotados de maior generalidade. As regras jurídicas, por sua vez, possuem maior especificidade, melhor concretização. São reguladoras de condutas. São, leis, portanto.10 Enquanto os princípios são normogenéticos e estão na base do ordenamento constituindo-se em razão de ser das regras jurídicas, estas estão mais ligadas ao caso concreto, estão mais próxima da realidade concreta. Aqueles precisam de um elemento que os liguem à realidade, e estas não, porque já têm concreticidade. Embora tenham atuação diferente no ordenamento jurídico, ambos possuem caráter normativo, ou seja, ambos são espécies filiais de um mesmo gênero, a norma jurídica. PORTANTO, as normas processuais civis nada mais são do o gênero no qual incluem-se os princípios processuais e as regras processuais. Questão 2 – FGV – TJ-BA – Analista Judiciário – Subescrivão – Direito - 2015 A hermenêutica jurídica vem se destacando como um dos temas centrais na reformulação da ciência processual moderna. De acordo com a hermenêutica jurídica, o juiz deve, ao julgar, aplicar: 10 ROTHENBURG, Walter Claudius. Princípios Constitucionais. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2003, passim. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 14 a) os princípios processuais de acordo com as regras processuais contidas no Código de Processo Civil; b) a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito como fontes primárias das normas processuais; c) a interpretação literal, em detrimento da percepção sistemática das regras e princípios processuais; d) a sua percepção pessoal sobre as regras processuais em razão do princípio constitucional da motivação; e) os princípios e as regras de modo a definir com clareza o alcance e a incidência das normas processuais 2) Precedentes jurisprudenciais e jurisprudência tornam-se espécies de norma jurídica: O NCPC redefine a acepção de princípio da legalidade, posto que impõe a observância ao ordenamento jurídico, às normas e não à lei. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: […] § 1 Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: […] V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 15 3) Mudança na técnica legislativa: o modo de se escrever as leis mudou. Surgiu o que se chama de cláusula geral, ou seja, texto/enunciado normativo (e não norma) que, uma vez interpretado, produz norma (princípio ou regra); caracteriza-se por possuir tanto uma hipótese quanto um consequente indeterminados. Textos herméticos costumam envelhecer rapidamente; ademais, não costumam apreender a realidade em sua complexidade. Do contrário, textos abertos, maleáveis, em razão de sua maior capacidade de adaptação, perpetuam-se por um intervalo superior de tempo. As cláusula gerais, portanto, tornam o sistema jurídico flexível/móvel. Exemplos: cláusula geral de boa-fé; cláusula geral da função social da propriedade e do contrato. O Processo Civil, que tradicionalmente é visto como um campo não propício ao desenvolvimento de cláusulas gerais tem apresentado alterações nesse sentido (combinação de cláusulas abertas e fechadas). Art. 3 Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. […] § 2 O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. Art. 5 Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Art. 6 Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Art. 7 É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 16 ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juizzelar pelo efetivo contraditório. Expansão da Jurisdição Constitucional: adoção do modelo de judicial review ou controle de constitucionalidade, em que há a transição da supremacia do Poder Legislativo para um modelo de supremacia da Constituição. Desenvolvimento da nova dogmática da interpretação constitucional: a) distinção entre texto normativo e norma jurídica. O artigo de lei consiste no texto normativo; já a norma jurídica é o sentido que se atribui ao texto normativo. A norma jurídica, portanto, é o resultado da interpretação de um texto normativo; b) Quem interpreta, cria: Toda atividade interpretativa é também criativa. A criatividade na interpretação jurídica, todavia, é limitada pela tradição, pelo sentido mínimo das palavras, dentre outros elementos, e se assemelha a uma reconstrução de significados (o juiz reconstrói o sentido dos enunciados normativos); c) Desenvolvimento das máximas da proporcionalidade e da razoabilidade: a proporcionalidade e a razoabilidade se desenvolveram para conter arbitrariedades no fenômeno interpretativo. Nascem como forma de promoção de decisões mais justas. Art. 8 Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. O NCPC adotou, em seu primeiro livro, a nomenclatura “Das Normas Processuais Civis”, seguido do Título Único “Das Normas Fundamentais e da Aplicação das Normas Processuais” composto por artigos de cunho exemplificativo (rol não taxativo/exaustivo), uma vez que normas desta Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 17 natureza podem ser encontradas tanto na Constituição Federal quanto em partes diversas do CPC. As normas fundamentais do processo civil podem ser regras ou princípios, e não exclusivamente os últimos. Considera-se norma fundamental toda aquela que estrutura o processo civil e cumpre uma função hermenêutica de iluminar/guiar a interpretação das demais normas. Os princípios fundamentais e as regras fundamentais são a base de sustentação do Direito Processual Civil. Apesar de possuírem um título próprio (Livro I, Título Único), não estão concentrados somente neste ambiente. Como não são um rol exaustivo, tanto regras como princípios estão impregnados ao longo de todo NCPC, ora explicitamente, ora implicitamente. Art. 1 O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. O art. 1º reproduz a base da constitucionalização do processo brasileiro: qualquer norma jurídica só pode ser construído e interpretada segundo a Constituição brasileira. Art. 2º - O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 18 Este artigo não se refere a princípios, mas a normas fundamentais. Iniciativa da parte: regra da inércia da jurisdição, sendo que cabe ao interessado (parte) o domínio da demanda através de sua supremacia (supremacia do litigante) para instaurar o processo, determinar-lhe o objeto e dispensar a proteção jurisdicional pleiteada. Tem a parte o exercício do direito à jurisdição para ativar os órgãos estatais, detentores da função judicante, na busca da tutela jurisdicional. Na provocação do Estado, tem-se o princípio da demanda que determina que o juiz-Estado seja imparcial ao declarar o direito somente após a manifestação da vontade do litigante. Inércia da jurisdição objetivos: 1. Não criar conflito onde não existe. 2. Assegurar a imparcialidade do juiz. 3. Incentivar os meios alternativos de solução de conflito. O reflexo mais importante da inércia é princípio da congruência ou da correlação ou da adstrição, onde a sentença tem que corresponder exatamente ao que foi pedido; nem mais, nem menos, nem coisa diferente; não pode ser citra, não pode ser ultra nem pode ser extra petita. Questão 3 – FGV/TJ-PI – Analista Judiciário – Analista Judicial – 2015 A sentença que julga matéria não compreendida pela demanda, que deixa de julgar pedido formulado pelo autor ou que confere à parte mais do que foi postulado incorre em vícios, por aplicação de um princípio fundamental Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 19 do Direito Processual. Os vícios e o princípio processual acima referidos são, respectivamente: a) nulidade absoluta, nulidade relativa e irregularidade — princípio nemo tenetur se detegere; b) extra petita, retro petita e supra petita — princípio da equidade; c) nulidade absoluta, nulidade relativa e irregularidade — princípio da congruência; d) extra petita, retro petita e supra petita — princípio nemo tenetur se detegere; e) extra petita, citra petita e ultra petita — princípio da congruência. Impulso oficial: com a instauração do processo, cabe ao juiz cumprir, em tempo razoável, o propósito de sua atuação oficial, que é dizer o direito aplicado ao caso concreto. Exceções previstas em lei: trata-se das hipóteses em que o juiz pode agir de ofício para instauração do processo sem que haja iniciativa da parte. Aplica-se somente aos seguintes casos: -arrecadação judicial dos bens vagos, prevista no art. 738; -herança jacente do artigo art. 744. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 20 Art. 3º - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1º - É permitida a arbitragem, na forma da lei. § 2º - O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º - A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. Caput princípio da reserva legal inafastabilidade da jursidição direito fundamental à jurisdição: Reproduz, com certa distinção, o art. 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, in verbis: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; É a consagração de dois tipos de jurisdição; a de cunho repressivo (lesão) e a de cunho preventivo (ameaça a direito). Princípio da Inafastabilidade: ou garantia de acesso à justiça. Nenhuma lesão ou ameaça de lesão à direito será afastada da apreciação do Poder Judiciário. Decorrem desse princípio, duas regras: a) As decisões administrativas sempre podem ser revistas pelo Judiciário. No Brasil não existe o contencioso administrativo, como no Direito Francês, em que certas matérias são julgadas na via administrativa e não podem ser revistas pelo Judiciário. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 21 b) Não é necessário esgotar as vias administrativas para ir ao Judiciário. É possível recorrer diretamente ao judiciário. Exceções às regras: -Justiça desportiva do art. 217, § 1° da CF: Art. 217.É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não- formais, como direito de cada um, observados: § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. - Comissão Prévia de Conciliação (CCP) na Justiça do Trabalho, já decidido pelo STF como facultativa. - Admissão da ação previdenciária no Juizado Especial Federal somente depois do prévio atendimento pelo INSS. §1º: A Arbitragem é a forma de heterocomposição, onde um terceiro particular, soluciona o conflito impondo sua decisão que, embora equiparada à decisão judicial, não comporta qualquer recurso. Requisitos: 1º partes maiores e capazes; 2º direito patrimonial disponível; 3º ajuste prévio – convenção de arbitragem. Convenção de Arbitragem é gênero, e tem duas espécies: 1ª cláusula compromissória: é a cláusula do contrato, prevendo que eventual litígio, será solucionado por arbitragem. 2ª Compromisso Arbitral: é o ajuste que cria a arbitragem, para um caso concreto, escolhendo um arbitro e o critério de julgamento. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 22 Perspectiva objetiva: só é arbitrável o o litígio envolvendo matéria de direito disponível.é Perspectiva subjetiva: só é arbitrável o litígio entre as partes que subscreveram o instrumento em que presente a respectiva convenção e que sejam capazes. TJSP- Recurso de Apelação nº 990.09.373821-0: “não se pode impor a eficácia da cláusula compromissária contra quem não manifestou a vontade de aderir a essa forma de solução de conflito”. NA FORMA DA LEI: A Lei 13.129/2015 alterou a antiga Lei 9.307/1996 (Lei de Arbitragem) e introduziu três alterações: a) ampliação objetiva da incidência da arbitragem; b) maior liberdade das partes na indicação dos árbitros; e c) delimitação da atividade do juiz togado até a instituição da arbitragem. § 2º e § 3º Métodos de solução consensual dos conflitos Princípio da Solução Consensual dos Conflitos: A previsão expressa de métodos de solução consensual de conflitos a serem estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial, sugere a tendência à autocomposição. Tanto a mediação quanto a conciliação necessitam de um terceiro para colaborar para a composição da lide. Alguns métodos de solução já implantados: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 23 - Semana Nacional da Conciliação do Conselho Nacional de Justiça. - Centros de Integração da Cidadania da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. - criação, pelo art. 165 do NCPC, de centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pelas audiências de conciliação e mediação. INFORMATIVO 572 – STJ Mesmo após a prolação da sentença ou do acórdão que decide a lide, podem as partes transacionar o objeto do litígio e submetê-lo à homologação judicial. Assim, a publicação do acórdão que decide a lide não impede que as partes transacionem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.267.525-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/10/2015 (Info 572). Art. 4º - As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Princípio da Duração Razoável do Processo: É princípio que tem fundamento no devido processo legal. Significa que um processo para ser devido não pode demorar demasiada e injustificadamente, deve ser tempestivo. É princípio previsto inicialmente em Tratados Internacionais aos quais o Brasil aderiu. A partir da EC n. 45/2004, esse princípio foi expressamente incorporado à CF/88, através do art. 5o, LXXVIII: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 24 “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Passou, então, a ser expresso no NCPC. Com o advento do CPC/2015, passou a ser princípio expresso também na normativa processual civil (art. 4o, NCPC). A própria garantia do devido processo legal impõe uma série de providências que devem ser tomadas que fazem com que o processo tenha um tempo para ser cumprido como, p. ex., a oitiva do réu, recursos e produção de provas. Aqui o processo tem que demorar o tempo necessário para se ter um processo justo(deve ser examinado caso a caso). Razoável é um termo indeterminado. A Corte Europeia de Direitos Humanos tem jurisprudência antiga que fixa critérios para a aferição da razoabilidade da duração do processo: Complexidade da causa; Comportamento do juiz; Comportamento das próprias partes ; Estrutura do órgão judiciário (peculiaridade da Justiça brasileira). Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 25 Art. 97-A, Lei n. 9.504/1997: “Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal, considera-se duração razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral. § 1o A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação em todas as instâncias da Justiça Eleitoral. § 2o Vencido o prazo de que trata o caput, será aplicável o disposto no art. 97, sem prejuízo de representação ao Conselho Nacional de Justiça”. Art. 7º, Lei n. 4.717/65 (Ação Popular): “A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas: […] Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por antigüidade, de tantos dias quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e comprovado perante o órgão disciplinar competente”. Art. 235, NCPC: “Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno. […] Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 26 § 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão em 10 (dez) dias.” Art. 93, inciso II, alínea “e”, Constituição Federal: “Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: […] II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: […] d) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;” Princípio da Efetividade: Decorrente do princípio do devido processo legal e da inafastabilidade. Processo efetivo é um processo que realiza o direitomaterial reconhecido pela decisão. Está relacionado, portanto, a resultado. Não possui previsão constitucional expressa; ainda assim detém caráter constitucional em virtude da derivação do devido processo legal. Princípio da Primazia da Decisão de Mérito: Para o NCPC a decisão de mérito é prioritária em relação à decisão que não é de mérito. Direito à solução integral de mérito: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 27 Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. A apelação de qualquer sentença que deixa de apreciar o mérito permite retratação: Art. 932. Incumbe ao relator: [...] Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. Art. 5º - Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Princípio da Boa-Fé Processual: A boa-fé processual é conteúdo do devido processo legal. O NCPC previu o princípio da boa-fé expressamente em seu art. 5o, de modo semelhante Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 28 aos Códigos Civis Português e Suíço, destinando-se a todos os agentes processuais, partes, advogados, auxiliares da Justiça, inclusive o juiz. A boa-fé pode ser: da boa-fé: Subjetiva: não é princípio, é um fato da vida. Suporte fático de alguns fatos jurídicos. Objetiva: é uma norma, é o princípio aqui estudado. Não é correto falar princípio da boa-fé objetiva; ou é princípio da boa-fé ou é boa-fé objetiva. Boa-fé objetiva é uma norma que impõe, portanto, condutas éticas, leais, probas. Em nível constitucional é implícito. O STF já se posicionou quanto ao princípio da boa-fé ser conteúdo do devido processo legal. Além do mais, dirige-se a todos os sujeitos do processo, inclusive o juiz (HC 101.132, STF). Concretização do princípio da boa-fé: Como decorre de cláusula geral, a boa-ré depende da experiência forense. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 29 1ª concretização: o princípio da boa-fé processual impede o abuso de direitos processuais. Ou seja, esse princípio torna ilícito o exercício abusivo de um direito processual. 2ª concretização: o exercício abusivo de um direito processual é considerado ilícito, graças à previsão contida no art. 5o, do NCPC. O CC/2002, por sua vez, contém dispositivo que proíbe de forma genérica o abuso de direito: “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 3ª concretização: a função hermenêutica do princípio da boa-fé. Os atos postulatórios e as decisões judiciais devem ser interpretados de acordo com a boa-fé. Art. 322. O pedido deve ser certo. […] § 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: […] § 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. 4ª concretização: surgimento dos deveres processuais de cooperação. 5ª concretização: elaboração das convenções processuais, ou seja, ajustes processuais realizados pelas partes (negócios processuais). Pode- se traçar um paralelo com a negociação (contratos) no âmbito privado. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 30 6ª concretização: a proibição de comportamentos contraditórios (genérica). Nemo potest venire contra factum proprium. Ninguém pode comportar-se contra as próprias atitudes. Se assim ocorrer, estar-se-á violando o princípio da boa-fé processual. QUESTÃO 4 – INSTITUTO AOCP – ADVOGADO – EBSERH - 2017 São princípios que norteiam o novo CPC: a) justa causa e legitimidade. b) duração razoável do processo e boa-fé objetiva. c) arbitrariedade e cooperação. d) fins sociais e boa-fé subjetiva. e) cooperação e boa-fé subjetiva. Resposta: Artigos 4º e 5º NCPC. Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 31 Art. 6º - Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Princípio da Cooperação: O NCPC trouxe expresso esse princípio que prevê a obrigatoriedade de todos os sujeitos do processo observarem a cooperação. É princípio que se desdobra a partir do princípio da boa-fé. São deveres de cooperação no processo: Dever de clareza: facilita o diálogo, tornando-o colaborativo. O juiz, no processo colaborativo, tem o dever de pedir esclarecimentos. Dever de consulta: dever de consulta do juiz às partes, vedação à não surpresa: Art. 10 - O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Dever de prevenção: tanto o juiz quanto as parte devem apontar os defeitos processuais que impeçam o exame do mérito, a fim de que sejam corrigidos. Art. 7º - É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 32 Princípio da Igualdade Processual: Aspectos fundamentais para a concretização da igualdade no processo: I) Igualdade perante o juiz que se revela na imparcialidade do magistrado (equidistância das partes); II) Garantia conferida às partes de acesso às mesmas informações; III) Ausência de discriminação para o acesso à Justiça: em tese, todos podem demandar judicialmente, sem prévia distinção legal. Há, todavia, impedimentos de caráter material, como os custos do litígio judicial (impedimentos financeiros). Este problema é resolvido por meio de técnicas que minimizam as dificuldades de acesso de pessoas carentes ao Judiciário, como a instauração da Defensoria Pública e a concessão da gratuidade judiciária.Há também impedimentos geográficos. O NCPC reduz esta desigualdade com a possibilidade de sustentação oral por meio de videoconferência. Art. 8º - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Princípio da Proporcionalidade: É princípio que desdobra-se em três elementos (subprincípios) adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. a) Adequação: no Processo Civil é princípio: Princípio da Adequação: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 33 Determina que um processo, para ser considerado adequado, tem que ser devido. Não há previsão constitucional, sendo a sua extração oriunda do devido processo legal. Três critérios para determinar a adequação: Adequação objetiva: É a adequação do processo ao seu objeto, àquilo que está sendo discutido em juízo. Por isso que a execução de um cheque não é igual à execução de alimentos; ou seja, se o tipo de crédito é diferente, o tratamento deve ser diferente. Por esta razão também é que quando o interesse é indisponível, a intervenção do MP é obrigatória. Encontra-se intimamente relacionada à ideia de instrumentalidade do processo. Adequação subjetiva: O processo tem que ser adequado aos sujeitos que vão se valer dele. O princípio da adequação aqui se confunde com o princípio da igualdade no processo. Adequação teleológica: O processo deve ser adequado aos seus fins. Se o fim do processo é a execução, tem que criar regras processuais adequadas à execução, evitando discussões desnecessárias nesta fase processual. b) Necessidade: defende a utilização de meio que menos interfira em direitos fundamentais; busca-se alcançar o fim pretendido de maneira menos gravosa, avaliando-se de forma rígida a necessidade real de interferência em direitos fundamentais, e a possibilidade de se alcançar o pretendido utilizando-se de meios mais brandos. c) Proporcionalidade em sentido estrito: analisa a colisão entre os direitos fundamentais afetados e os princípios (objetivos, princípios, direitos, deveres, garantias, interesses e bens constitucionais), colisão esta que deve ser resolvida pela ponderação. Sobre o valor dos entes colidentes, vê-se os pesos argumentativos presuntivos, que demandam a apresentação de contra-argumentos para os argumentos ou razões Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 34 favorecidos com as presunções, levando-se, sempre, em consideração as circunstancias do caso concreto. A proporcionalidade é princípio que autorizaria a superação das vedações probatórias, ponderando-se os interesses em conflito e justificando, assim, a exclusão das proibições. “é bem verdade que o princípio da proporcionalidade ainda não é um cânone expresso no texto constitucional, mas está claramente implícito quando o legislador constituinte de 1988 adotou a cláusula do devido processo legal (art. 5º, inc. LIV); o sistema misto do controle jurisdicional da constitucionalidade (art. 102 e incs.); o sistema difuso em que a inconstitucionalidade de uma lei pode ser declarada por um juiz a quo, somente gerando efeitos entre as partes; e o sistema concentrado em que a constitucionalidade de uma lei é declarada por um Tribunal Superior, gerando efeitos vinculados erga omnes”11. Princípio da Razoabilidade: o princípio da razoabilidade atua na interpretação das regras gerais como decorrência do princípio da justiça, no sentido de equidade. Tal princípio também tem sentido referente à congruência, no que se refere à harmonização das normas com suas condições externas de aplicação. Por fim, o princípio da razoabilidade no que se refere à sua relação de equivalência entre a medida adotada e o critério que a dimensiona. Assim, o princípio da razoabilidade como dever de harmonização do geral com o individual (dever de equidade) atua como um instrumento para determinar que as circunstâncias de fato devam ser consideradas com a presunção de estarem dentro da normalidade, ou para expressar que a aplicabilidade de regra geral depende do enquadramento do caso concreto. Princípio da Legalidade: 11 CASTRO, Raimundo Amorim d. Provas ilícitas e sigilo das comunicações telefônicas. Curitiba: Juruá, 2007, págs. 109- 110. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 35 Consiste na submissão a todas as espécies normativas elaboradas em conformidade com o processo legislativo constitucional (leis em sentido amplo), em conformidade com o art. 5º, inciso II da Constituição Federal de 1988: “ninguém será obrigado ao fazer ou a deixar de fazer alguma coisa se não em virtude lei” É diferente do princípio da reserva legal. Este incide sobre campos materiais específicos, submetidos exclusivamente ao tratamento do Poder Legislativo (leis em sentido estrito). O princípio da legalidade é mais amplo porque se refere a todas as espécies normativas. Quando a Constituição exige a regulamentação integral de sua norma por lei em sentido formal¸ trata-se de reserva legal absoluta; se, apesar de exigir a edição desta espécie de lei, permite que ela apenas fixe os parâmetros de atuação a serem complementados por ato infralegal, trata- se de reserva legal relativa. Princípio da Publicidade: Para um processo ser considerado devido ele tem que ser público. Complementa o art. 8º quanto à publicidade, o art. 11: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. A publicidade tem dupla dimensão: Publicidade interna: dirigida aos sujeitos do processo. Publicidade externa: dirigida a terceiros. É a mais relevante, já que não há maiores problemas com a publicidade interna. Em razão de permissão Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 36 dada pela própria CF, a publicidade externa pode ser restringida nas hipóteses do art. 189 NCPC: Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. § 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. Princípio da Eficiência: É uma novidade expressa trazidapelo NCPC; o novo nome para o Princípio da Economia Processual, para estabelecer consonância com a Constituição Federal, em seu artigo 37: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 37 A Eficiência consiste na obtenção máxima de uma finalidade com o mínimo de recursos possível. Tem dupla natureza: Direito administrativo: impõe uma administração pública eficiente, mas aplica-se, também, ao judiciário Direito processual: impõe que o juiz conduza o processo de forma eficiente. Está relacionado à gestão do processo. Para ser eficiente deve ter o menor gasto possível e o melhor resultado possível. Essa é a nova visão: juiz como gestor do processo (gerenciamento processual). O juiz deve se valer das técnicas de administração gerencial. QUESTÃO 5 – FUNDATEC – PROCURADOR MUNICIPAL – PREFEITURA DE PORTO ALEGRE/RS - 2016 Considerando as normas fundamentais do processo civil dispostas no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), assinale a alternativa INCORRETA. a) Em razão da colaboração, todos os sujeitos que atuam no processo, inclusive o juiz, devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. b) A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público. c) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e às exigências do bem comum, zelando pela promoção da Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 38 dignidade da pessoa humana. d) Pelo princípio da publicidade, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos. Todavia, tramitam em segredo de justiça os processos em que o exija o interesse público ou social. e) O julgamento segundo a ordem cronológica de conclusão pelos juízes e tribunais é de atendimento preferencial. Art. 9 - Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único - O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. Art. 10 - O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Princípio do Contraditório: São duas as dimensões do contraditório: a formal e a substancial. O NCPC adotou a dimensão substancial. Dimensão formal: garante às partes o direito de participar do processo e de atuar nele. Direito de ser informado sobre a existência do processo. Essa é uma dimensão puramente formal, pois só garante a presença da parte. Existe uma relação próxima entre contraditório e democracia Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 39 enquanto regime de participação no exercício do poder, já que o contraditório garante a participação do jurisdicionado no poder judiciário. Dimensão substancial: garante o direito de poder influenciar a decisão. Não basta garantir a participação, é preciso que a parte tenha condições de influenciar aquilo que se discute. Ela deve ter os instrumentos adequados para convencer o juiz que ela tem razão. É o poder de influência, que é o poder de interferir no convencimento do juiz pelos seus argumentos e provas. A ampla defesa nada mais é do que a dimensão substancial do contraditório. A ampla defesa é um conjunto de ferramentas que auxiliam a parte no convencimento do juiz. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: […] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: […] IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; QUESTÃO 6 – FAFIPA – PROCURADOR JURÍDICO – CÂMARA DE CAMBARÁ/PR - 2016 Assinale a alternativa INCORRETA acerca das normas fundamentais previstas no Código de Processo Civil vigente (Lei 13.105/2015). a) É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 40 de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. b) Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida, salvo nos casos em que envolver matéria de ordem pública, hipótese em que o juiz decidirá de ofício, sem que para isso tenha que oportunizar às partes manifestar-se. c) O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. d) Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. O art. 10 do NCPC concretiza o princípio do contraditório substancial, proibindo decisão-surpresa, também chamada de decisão de terceira via. Consagra, ademais, o dever de consulta do juiz para com as partes acerca de ponto relevante que não foi objeto de contraditório. Exprime com perfeição a visão contemporânea da relação entre o juiz e o contraditório, posto que o magistrado também é sujeito do contraditório. Assim, todos os sujeitos do processo devem atuar de acordo com o contraditório. Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 41 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: […] VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; EXCEÇÃO: Excepciona-se, nos incisos I a III, o prévio contraditório naquelas situações de urgência ou que possam ocasionar a frustração do direito do requerente. QUESTÃO 7 – CESPE – ANALISTA JURIDICIÁIO – TRE/PE - 2017 Acerca das normas processuais civis, assinale a opção correta. a) O juiz não pode decidir com base em fundamento a respeito do qual não tenha sido dada oportunidade de manifestação às partes, ressalvado o caso de matéria que deva decidir de ofício. b) Os juízes e tribunais terão de, inexoravelmente, atender à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou decisão. c) A boa-fé processual objetiva, que não se aplica ao juiz, prevê que aspartes no processo tenham um comportamento probo e leal. d) O modelo cooperativo, que atende à nova ordem do processo civil no Estado constitucional, propõe que o juiz seja assimétrico no decidir e na condução do processo. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 42 e) O contraditório substancial tem por escopo propiciar às partes a ciência dos atos processuais, bem como possibilitar que elas influenciem na formação da convicção do julgador. Art. 12 - Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. Trata-se de norma fundamental e não princípio. Pela redação original do CPC, os magistrados e as Cortes deveriam julgar seguindo a ordem cronológica - só poderiam julgar os casos mais novos após os mais antigos, acabando com as chamadas preferências dadas pelos julgadores sem considerar o critério temporal. Criou uma obrigação de os juízes e os Tribunais seguirem necessariamente a ordem cronológica dos processos. Pelo NCPC não haverá mais a obrigatoriedade dos julgamentos em ordem cronológica. Isso porque, o texto agora determina que a ordem de chegada deve ser seguida preferencialmente. A modificação retira a obrigatoriedade do julgamento por ordem cronológica de conclusão. Trata agora de uma possibilidade. A ordem cronológica não poderia resolver todos os problemas da morosidade do Judiciário, mas era uma regra transparente, inclusive com a publicação da pauta. Julgamento associado à cronologia de conclusão dos processos judiciais. A ordem cronológica só se aplicaria às decisões finais (sentença e acórdão). A regra visa garantir a igualdade, posto que torna impessoal a escolha da causa que vai ser julgada. Serve, ademais, à duração razoável do processo, por inibir a demora injustificada do processo. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 43 Art. 1.046, NCPC (Disposições Finais): Assim que entrar em vigor, o juiz organizará a pauta de decisões de acordo com a antiguidade da conclusão dos processos judiciais. O artigo, portanto, estabelece uma espécie de regra de transição. Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei n.5.869, de 11 de janeiro de 1973. [...] § 5oA primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data da entrada em vigor deste Código. Segundo a doutrina não haveria nulidade da decisão que desrespeita a ordem cronológica, diante da ausência de prejuízo às partes envolvidas (pas de nulitté sans grief). NOVIDADE NO NCPC: Princípio da Decisão Informada: O princípio da decisão informada está previsto no art. 166, caput, do NCPC e aplica-se à conciliação e à mediação. Art. 166 - A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 44 § 1º - A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. § 2º - Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. § 3º - Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. § 4º - A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. Esse princípio cria o dever para o conciliador e para o mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando. Sistema de Justiça Multiportas: Mediação, Conciliação e Arbitragem, cada dia mais, vem ganhando atenção da doutrina e da legislação como meios para diminuir a sobrecarga de ações sobre o Judiciário. Em regra, tais meios são tratados como ALTERNATIVAS à Jurisdição, por isso, costumam ser chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos. Uma visão contemporânea, contudo, sustenta que esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem estar INTEGRADOS à Jurisdição, por isso, compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 45 de modo que as diferentes espécies de conflitos sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. Desse modo, ante a integração de mediação e da conciliação como etapas do procedimento comum no NCPC, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil brasileira adotou um SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA. Questão 8 – FCC – MANAUSPREV – Procurador Autárquico - 2015 São princípios gerais do processo civil: a) economia processual, publicidade dos atos processuais, eventualidade. b) individualização da pena, duração razoável do processo, livre investigação das provas. c) presunção de inocência, direito ao juiz natural, inércia. d) domínio do fato, vedação à prova ilícita, contraditório e ampla defesa. e) anualidade, motivação das decisões judiciais, isonomia processual. 6. GABARITO 1 2 3 4 5 ERRADA E C B C 6 7 8 B E A Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 46 7 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 – CESPE – Telebras – Advogado – 2015 A respeito de jurisdição, ação e processo, julgue o item seguinte. Os termos processo e procedimento são considerados sinônimos, visto que representam a ordem com que os atos processuais se desenvolvem. Resposta: a questão está errada. Processo e procedimento não são sinônimos. Procedimento é gênero do qual o processo, ato jurídico complexo, conjunto de atos com objetivo de uma decisão, é espécie. Questão 2 – FGV – TJ-BA – Analista Judiciário – Subescrivão – Direito - 2015 A hermenêutica jurídica vem se destacando como um dos temas centrais na reformulação da ciência processual moderna. De acordo com a hermenêutica jurídica, o juiz deve, ao julgar, aplicar: a) os princípios processuais de acordo com as regras processuais contidas no Código de Processo Civil; b) a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito como fontes primárias das normas processuais; c) a interpretação literal, em detrimento da percepção sistemática das regras e princípios processuais; d) a sua percepção pessoal sobre as regras processuais em razão do princípio constitucional da motivação; e) os princípios e as regras de modo a definir com clareza o alcance e a incidência das normas processuais Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 47Resposta: A alternativa correta é a E. Compete ao juiz aplicar os princípios e as regras de modo a definir com clareza o alcance e a incidência das normas processuais. A alternativa A está incorreta. As regras processuais contidas no Código de Processo Civil devem ser aplicadas de acordo com os princípios processuais. A alternativa B está incorreta. A analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito são tidos como fontes secundárias das normas processuais. A alternativa C está incorreta. A interpretação literal não pode ser utilizada em detrimento da percepção sistemática das regras e dos princípios processuais. A alternativa D está incorreta. Não se admite que o julgamento seja baseado nas percepções pessoais do juiz, pois deve ser fundamentado nas regras de direito e na prova contida nos autos. Questão 3 – FGV/TJ-PI – Analista Judiciário – Analista Judicial – 2015 A sentença que julga matéria não compreendida pela demanda, que deixa de julgar pedido formulado pelo autor ou que confere à parte mais do que foi postulado incorre em vícios, por aplicação de um princípio fundamental do Direito Processual. Os vícios e o princípio processual acima referidos são, respectivamente: a) nulidade absoluta, nulidade relativa e irregularidade — princípio nemo tenetur se detegere; b) extra petita, retro petita e supra petita — princípio da equidade; Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 48 c) nulidade absoluta, nulidade relativa e irregularidade — princípio da congruência; d) extra petita, retro petita e supra petita — princípio nemo tenetur se detegere; e) extra petita, citra petita e ultra petita — princípio da congruência. Resposta: Artigo 492 Princípio da Congruência: necessidade do juiz decidir a lide dentro dos limites objetivados pelas partes, não podendo proferir sentença de forma extra, ultra ou infra petita. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. A decisão extra petita é aquela proferida fora dos pedidos da parte, que concede algo além do rol postulado. A decisão ultra petita é aquela que aprecia o pedido e lhe atribui uma extensão maior do que a pretendida pela parte. A decisão infra petita, também conhecida como citra petita, deixa de apreciar pedido formulado pelo autor. QUESTÃO 4 – INSTITUTO AOCP – ADVOGADO – EBSERH - 2017 São princípios que norteiam o novo CPC: a) justa causa e legitimidade. b) duração razoável do processo e boa-fé objetiva. c) arbitrariedade e cooperação. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 49 d) fins sociais e boa-fé subjetiva. e) cooperação e boa-fé subjetiva. Resposta: Artigos 4º e 5º NCPC. Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé Boa-fé Subjetiva: não é princípio, é um fato da vida. Suporte fático de alguns fatos jurídicos. Boa-fé Objetiva: é uma norma, é o princípio aqui estudado. Não é correto falar princípio da boa-fé objetiva; ou é princípio da boa-fé ou é boa-fé objetiva. Boa- fé objetiva é uma norma que impõe, portanto, condutas éticas, leais, probas. Em nível constitucional é implícito. QUESTÃO 5 – FUNDATEC – PROCURADOR MUNICIPAL – PREFEITURA DE PORTO ALEGRE/RS - 2016 Considerando as normas fundamentais do processo civil dispostas no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), assinale a alternativa INCORRETA. a) Em razão da colaboração, todos os sujeitos que atuam no processo, inclusive o juiz, devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. b) A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público. Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 50 c) Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e econômicos e às exigências do bem comum, zelando pela promoção da dignidade da pessoa humana. d) Pelo princípio da publicidade, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos. Todavia, tramitam em segredo de justiça os processos em que o exija o interesse público ou social. e) O julgamento segundo a ordem cronológica de conclusão pelos juízes e tribunais é de atendimento preferencial. Resposta: A letra incorreta é a C. Segundo o artigo 8º: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. A letra A está correta. Artigo 6º: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. A letra B está correta. Artigo 3º, § 3º: “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”. A letra D está correta: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: Direito Processual Civil Aula 00 - Aula Demonstrativa Profa. Jamile www.pontodosconcursos.com.br | Professora Jamile Gonçalves Calissi 51 I - em que o exija o interesse público ou social;(...). A letra E está correta, nos termos do artigo 12: “Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. QUESTÃO 6 – FAFIPA – PROCURADOR JURÍDICO – CÂMARA DE CAMBARÁ/PR - 2016 Assinale a alternativa INCORRETA acerca das normas fundamentais previstas no Código de Processo Civil vigente (Lei 13.105/2015). a) É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. b) Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida, salvo nos casos em que envolver matéria de ordem pública, hipótese em que o juiz decidirá de ofício, sem que para isso tenha que oportunizar às partes manifestar-se. c) O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. d) Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. Letra A correta. É assegurada às partes paridade
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