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ob jet ivo s 11 1 2 3 Meta da aula Aprimorar os conhecimentos anteriores através de exercícios práticos, enfatizando a atividade de planejamento e controle. Esperamos que, ao fi nal desta aula, você seja capaz de: descrever uma oportunidade de negócio e organizar as informações com vistas a torná-la factível; organizar as informações da fase de Coleta de Dados, segundo os critérios estabelecidos no processo de planejamento; responder e analisar as questões sugeridas pelo case Fábrica de Chocolate; analisar o Sumário Executivo proposto, identifi cando os pontos fracos; avaliar as propostas de cenários de negócio para uma empresa; resolver exercício sobre a decisão de compra ou aluguel de carros. Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Heloisa Guimarães Peixoto Nogueira Kátia de Almeida A U L A 4 5 6 2 6 8 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Esta é nossa última aula. Agora é hora de você testar suas habilidades e avaliar se está sufi cientemente preparado para pensar em criar seu próprio negócio. Mesmo para aqueles que não se sintam mobilizados nesta direção, é oportuno perceber se dominam as ferramentas e desenvolveram a contento o seu espírito de organização e planejamento. A aula está centrada em três questões principais, a seguir propostas, porém revisitaremos, em conjunto, todos os principais momentos da viagem que fi zemos ao longo desta disciplina. Traremos muitos exercícios para você praticar, na medida em que os assuntos forem retomados. 1. Negociando com o mercado, que envolve: a. compreender o planejamento como uma ação contínua; b. a etapa do planejamento, propriamente dito; c. apresentar a estrutura do Plano de Negócio; d. fazer o teste da realidade. 2. Financiando seu negócio. 3. Conferindo os ajustes fi nais. NEGOCIANDO COM O MERCADO: O PLANEJAMENTO COMO AÇÃO CONTÍNUA Qual é o caminho na direção da negociação com o mercado? Para que tal situação aconteça, primeiro é preciso que o sonho de negócio a realizar esteja esboçado na mente do empreendedor, como ideia plausível, como uma oportunidade viável. Mas como reconhecer uma oportunidade de negócio? As oportunidades aparecem quando olhamos com atenção o que se passa a nossa volta e perguntamos: O que as pessoas desejam e que ainda não estão sendo atendidas satisfatoriamente? Podemos encontrar oportunidades em um universo fantástico de situações. Vejam algumas delas: nas mudanças de hábitos de consumo; em soluções para pequenos problemas do dia a dia das pessoas; na resolução de grandes problemas de grandes empresas; em novos conhecimentos e mudanças tecnológicas; em mudanças nas regulamentações que regem setores econômicos. INTRODUÇÃO C E D E R J 2 6 9 A U LA 1 1 Em paralelo aos insights sobre possíveis oportunidades a desbra- var, necessitamos empregar as ferramentas do planejamento, para que possamos organizar racionalmente as informações. Para facilitar, apre- sentamos a seguir as etapas que compõem o processo de planejamento; a saber: Coleta de Dados, Planejamento e Elaboração do Plano. Figura 11.1: Etapas do processo de planejamento. Fonte: Mariano e Salim (2009, p. 21). O processo de planejamento inicia-se com a pesquisa e a coleta de dados para que o empreendedor possa compreender as interfaces entre os ambientes social, econômico, tecnológico e empresarial e os efeitos sobre a proposta do negócio. Trata-se de buscar nas fontes escolhidas – jornais, internet, revistas especializadas etc. – os dados locais, regionais, nacionais e/ou internacionais sobre questões, como perfi l demográfi co de uma população economicamente ativa, concentração de negócios em um setor econômico específi co, níveis de desenvolvimento, demanda de produtos determinados etc. Os dados a serem reunidos devem auxiliar o gestor no entendimento das macroquestões que cercam seu negócio para, em posse destas, poder combiná-las entre si de modo a constituí- rem o cenário onde poderá visualizar, com maior ou menor facilidade, as chances de sucesso do empreendimento pretendido. As análises decorrentes da organização dessas informações e das opções tomadas darão origem ao Plano, onde estarão descritos os objetivos a serem alcançados, os recursos a serem utilizados e os meios através dos quais serão controlados. 2 7 0 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Então, temos de compreender o planejamento como uma ação contínua, que se desdobra em planos, a partir do momento em que a oportunidade vislumbra-se como organização possível e que se renova periodicamente, ao longo da vida da organização. É quando se formata o ciclo de gestão de uma empresa, com o PDCA, que corresponde ao PLAN (Planejar), DO (Executar), CONTROL (Controlar) e ACT (Agir, para corrigir). Veja a Figura 11.2. Figura 11.2: O ciclo PDCA. Fonte: Mariano e Salim (2009, p. 18). Para que você exercite sua capacidade de percepção sobre como captar potencialidade, a partir de novas situações, trazemos, a seguir, uma série de reportagens publicadas em jornais nacionais. Veja a Atividade 1 a seguir proposta. C E D E R J 2 7 1 A U LA 1 1 Trazemos, a seguir, trechos de reportagens de jornais nacionais sobre algumas situações de mercado. Leia cada um deles, refl ita e argumente, levando em conta o seguinte: Qual(is) oportunidade(s) de negócio a reportagem sugere? Caso a resposta seja múltipla, escolha um ambiente de negócios, sob o qual aplicar suas considerações, e desenvolva seus argumentos. Construa o macrocontexto (visão regional, nacional, internacional), trazendo as condições econômicas, políticas, sociais ofertadas pelo ambiente. Descreva o ambiente imediato de negócios: concorrentes, clientes, fornecedores etc. Com base nos elementos colhidos, descreva as bases do planejamento do empre- endimento a construir. 1- Reportagem do jornal O Globo, de 7.2.2010, Caderno Economia, p. 25, tem como título: "A vez da classe C. Segmento agora detém maior fatia de renda nacional e cria novo padrão de consumo". Entre outras considerações, diz a reportagem: Se a década de 1990 foi marcada pela estabilidade e a educação, o aumento da renda que marcou os anos 2000 permitiu ao consumidor não só comprar, mas escolher o produto com que mais se identifi ca. (...) Também não adianta anunciar um produto para a classe AB, achando que o indivíduo da classe C vai querer comprar para "ascender". (...) Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, garante que o brasileiro trabalhou mais, ganhou melhor, educou-se, comprou computadores e celulares e poupou mais. (...) Segundo a pesquisa, o índice do consumidor aumentou 14,98%, entre 2003 e 2008, contra 28,62% do índice do produtor. O primeiro mede o acesso das famílias a bens de consumo (TV, geladeira, DVD), serviços públicos (lixo, esgoto), condições de moradia (fi nanciamento, número de cômodos e banheiros) e tipo de família. Já o segundo estima o potencial de geração de renda pela sua inserção produtiva e nível educacional, bem como investimentos em capital físico (previdência pública e privada, uso de tecnologia de informação e comunicação), capital social (sindicatos, estrutura familiar) e capital humano (frequência escolar dos fi lhos). Tudo isto são ativos que deram ao trabalhador produtividade. 2- Reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de 14.3.2010, Caderno Dinheiro, p. B4, sob o título "10 inovações que mudarão os negócios”, entre estas: “Aposentadoria dá lugar à gestão de empresas". A próxima década verá pessoasmais velhas, trabalhando por mais tempo. Não sur- preende: além da elevação da idade mínima de aposentadoria pelos governos do Reino Unido e da Grécia, as baixas taxas de juros e a morte das aposentadorias de valor fi xo signifi cam que muita gente não terá dinheiro bastante, aos 65 anos, para desfrutar de lazer nos anos de ocaso. Estas pessoas terão de trabalhar para bancar suas contas. Atividade 1 1 2 7 2 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos O que considero interessante – e pode mudar o mundo dos negócios – é o fato de que elas talvez prefi ram trabalhar por conta própria. (...) Isto representa sete vezes mais potenciais empresários do que na geração precedente – e pode signifi car o surgimento de milhões de novas empresas no Reino Unido. 3- Ainda sob o mesmo título, eis outra reportagem com o título "Internet agora muda a forma de lojas físicas": Da mesma forma que a chegada das prateleiras que permitiam self-services mu- dou a disposição física das lojas nos cem últimos anos, as compras online o farão no novo século. Já vimos o comércio via Internet se tornar concorrente sério das lojas físicas. Agora ele fará com que mudem de forma. No Walmart, por exemplo, mais de 40% dos pedidos pelo site da cadeia de varejo nos EUA são enviados a uma loja local da rede para retirada, porque os clientes preferem evitar os custos e a incerteza de horários das entregas domiciliares. Resposta Comentada Em qualquer das três situações propostas, a resposta deverá levar em conta a coleta e a análise de informações a nível local, regional, nacional e, muitas vezes, internacional, seja para avaliar, com maior riqueza de dados, se a oportunidade é exequível, seja para convencer possíveis participantes sobre a viabilidade da proposta. É aí que entra o planejamento. Qualquer que seja a boa ideia, além de recursos, você precisará do apoio de parceiros para seguir em frente. Afi nal, muitas vezes para convencer a si, é preciso antes convencer os outros. Desta forma, para comunicar o seu propósito a outrem, é preciso elaborar um plano de navegação, para mostrar as boas chances do investimento e servir de rota para onde você deseja seguir. A primeira etapa do planejamento, portanto, reúne os dados de mercado, os dados e as informações da empresa atuais e projetados num tempo, temperados pela análise das decisões que afetam o futuro e ajustados, segundo a regulamentação vigente. Observe a importância da qualidade dos dados que constituem o input do processo, porque desta decorrerá a qualidade intrínseca do planejamento a fazer e dos desdobramentos posteriores, que alimentarão as decisões e auxiliarão na implementação e controle do plano de atividades. Vamos trabalhar um pouco estas questões na próxima atividade. C E D E R J 2 7 3 A U LA 1 1 Considerando as etapas do processo de planejamento anteriormente descritas, escolha uma das oportunidades de negócio oferecidas na atividade anterior e preencha-a na sequência proposta das fases relacionadas à 1ª etapa do processo de planejamento, a Coleta de Dados. Resposta Comentada Imagino que você fez um check-list das informações coletadas, organizado conforme a primeira etapa do planejamento. A elaboração do check-list deve ser cuidadosa, contendo informações signifi cativas, que possam ajudar você a pensar no negócio como um todo, articulando uma ideia à outra. A qualidade dos dados trazidos infl uenciará os demais encaminhamentos. Por exemplo, se você traz informações do IBGE de 2005, apesar de verdadeiras, não darão a você condições para confi gurar o cenário atual dos negócios naquela região. É preciso atualizá-las. É preciso assegurar, também, que a fonte de onde saiu a informação é verdadeira, é crível, ou seja, é digna de crédito. A 2ª fase exige que você decida qual(is) metodologia(s) de planejamento será a mais indicada: se empregará o modelo SWOT, a matriz de Porter, ou outro modelo estratégico etc. A 3ª fase envolve a explicitação daquilo que, no ambiente empresarial, é ameaça ou oportunidade. É um ótimo momento para você poder vislumbrar cenários possíveis e alternativos a curto, médio e longo prazos para o negócio proposto. A 4ª fase realiza as projeções propostas no item anterior, defi nindo cuidados (5ª fase) sobre o futuro. Finalmente, a 6ª fase preocupa-se com o levantamento das leis e restrições possíveis que possam atrapalhar e/ou estimular a ideia do negócio. Atividade 2 2 Mãos à obra O primeiro ponto foi o reconhecimento da oportunidade de negócio e a análise das condições e viabilidades da proposta. Vencida a 1ª etapa do processo de planejamento, mesmo que apenas no nível das possibilidades, passemos ao tópico seguinte, a etapa do planejamento propriamente dito. Agora é o momento de juntar todos aqueles dados, combiná-los, segundo a lógica que permita a você compreendê-los e apresentá-los num formato organizado e inteligente, de maneira que o possível investidor, e/ou parceiro, e/ou stakeholder, possa perceber seus argumentos e acompanhar suas intenções. Naturalmente que este 2 7 4 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos interlocutor, caso aceite colocar seu dinheiro no negócio, tornar-se-á legalmente sócio da empresa, com direito a um determinado número de quotas ou ações. Outros stakeholders também estarão interessados em saber quais pessoas estão atrás daquele empreendimento, por exemplo, para estimar o nível de responsabilidade perante o negócio e quais ações a serem empreendidas. Momentos como esse sugerem que a inteligência do gestor seja importante: combinar os dados de maneira que fi quem claras as possibili- dades de sucesso do empreendimento desde o seu início e ao longo de sua vida. O Plano de Negócio, relembrando, é o mapa estratégico que deve trazer detalhes sobre como você pretende desenvolver e manter o empreen- dimento, quando cada ação será realizada, quem irá fazê-la e como serão gerenciados os recursos, tendo em vista os objetivos propostos. De acordo com o tipo de empreendimento, será defi nido o escopo temporal e o detalhamento necessário. Uma padaria, por exemplo, que já tenha conquistado uma freguesia com um perfi l de compra defi nido, poderá elaborar seus planos para um período maior de tempo, já que o mercado local sugere certa estabilidade. O mesmo não ocorre com uma empresa de informática que ofereça serviços de desenvolvimento de sistemas. Esta precisará ter planos de menor prazo, considerando a velocidade das mudanças tecnológicas e a agilidade da concorrência. Entretanto, inúmeras são as situações, ao longo do ciclo de vida de uma empresa, que exigem a elaboração de planos, além do momento de sua criação: quando a empresa recebe um novo investimento com a incorporação de um novo sócio, por exemplo. É preciso ter claro onde se pretende chegar e quais as expectativas e resultados a serem obtidos com a nova incorporação. O mesmo é verdadeiro quando uma empresa planeja crescer, ou mudar seu modelo de negócios, ou quando pretende entrar em processo de fusão com outra, e assim por diante. Adiante, propomos a você resolver a Atividade 3, em que você encontrará uma empresa familiar que necessita decidir sobre possíveis rumos, tendo em vista a necessidade de galgar novos patamares de cresci- mento. Para isto, precisará elaborar um novo plano de ação que dê conta das inúmeras mudanças que pretende implantar. Vamos ao case. C E D E R J 2 7 5 A U LA 1 1 Case Fábrica de Chocolate José Schneider era um entre dez irmãos que trabalhavam numa pequenaárea de terra no interior do Rio Grande do Sul, cultivando alguns poucos hectares de terra e transformando milho em farinha, em um pequeno moinho colonial. Os resultados do empreendimento mal davam para o sustento da família, o que levou José a procu- rar novas oportunidades. Após muita busca e conversa com amigos e vizinhos, José descobriu uma pequena estrutura de processamento artesanal de chocolate à venda, localizada em Gramado. Eram quatro panelas, um forno elétrico, uma mesa, uma gela- deira e 1.000 quilos de massa de chocolate, alojados no porão de uma casa. José não hesitou. Adquiriu a pequena fábrica e a pôs em funcionamento num porão alugado. Após muito trabalho e sem noções anteriores do processo produtivo e das condições de comercialização, a empresa de José cresceu e conseguiu atingir o processamento de 300 toneladas por ano. Adquiria a matéria-prima (massa de chocolate e outros insumos) dos grandes fornecedores do mercado, mas todos eles reclamavam exclusividade e impunham- lhe condições de fornecimento. José revivia um antigo desconforto: o de estar refém de um sistema. Precisava conquistar sua independência dos grandes fornecedores. Foi quando encontrou em São Paulo um engenheiro que dominava a tecnologia para projetar e construir a máquina que estava buscando. Este engenheiro trabalhava para uma indústria de chocolate que se encontrava fora de operação. Nela ele havia desenvolvido a tecnologia e o processo que o permitiam projetar e fabricar uma máquina com as especifi ca- ções técnicas necessárias para a produção de um chocolate de excelente qualidade. Fornecia para o pequeno varejo, durante o ano todo, mas em quantidade pouco expressiva. Era preciso marcar presença nas gôndolas dos supermercados e no paladar do consumi- dor. Era preciso formular uma estratégia de marketing mais efi caz, mas que demandaria tempo e recursos fi nanceiros, entretanto a capacidade instalada de produção exigia ven- das imediatas. A participação da empresa na EXPOAGAS 2008 – Exposição da Associação Gaúcha de Supermercadistas – constituiu-se numa valiosa fonte de conhecimentos sobre estratégias mercadológicas, além de um grande impulso na divulgação de sua empresa. Foi quando percebeu que precisava reposicionar sua marca no mercado. "Mas qual deve- ria ser o seu novo posicionamento?", perguntou-se José. Por sua experiência, sabia que as pessoas desejavam saborear o chocolate de Gramado, o qual lhes proporcionava a sensação do clima serrano, de um chocolate puro, caseiro, feito com atenção e esmero. E o seu chocolate continha todos os atributos desejados pelo consumidor, embora o seu posicionamento no mercado não despertasse as sensações correspondentes. Como pode- ria um produto desconhecido, aparentemente indiferenciado e com preço semelhante ao das marcas tradicionais, disputar espaço com as grandes marcas? Esta era a pergunta crucial e, sem respondê-la, seria impossível antever qualquer estratégia de marketing bem-sucedida. "Tradição de Gramado" é a marca que veio para dar nome ao puro chocolate da serra gaúcha. Atividade 3 3 2 7 6 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Hoje, se perguntado sobre os motivos que o fazem investir tanta energia, esforço e determinação no seu trabalho, também responde sem hesitar: "Porque acredito que o importante é ser feliz. E chocolate me lembra felicidade!". Fonte: www.espm.br/centraldecases Case adaptado de: Fábrica de Chocolate, produzido por Fernando Dewes e Gabriel Schlatter, da ESPM- RS. Dezembro de 2009. Questões para discussão: 1. Que fatores de motivação e características de personalidade estão no perfi l deste empreendedor? Qual o grau de importância da participação de cada um destes fatores e características no sucesso do empreendimento? 2. Você deixaria um negócio familiar, ainda que pouco rentável, para se arriscar em um meio sobre o qual nada soubesse? Quais foram os riscos envolvidos na mudança de atividade e o que poderia levar a um desfecho desfavorável? 3. Um dos grandes desafi os de José foi a entrada no mercado varejista. A resistência das grandes redes a novos fornecedores, com marcas ainda pouco conhecidas, sempre foi muito forte. Como vencer este desafi o? Que estratégias você vislumbra para a entrada de uma marca nova em redes supermercadistas que exigem giro contínuo do produto e margens de lucro compensadoras? Resposta Comentada 1. Persistência é uma das características marcantes deste empreendedor, aliada a um sentido otimista da vida. Acredita e confi rma com as ações que resultam de seus esforços, que pode produzir resultados surpreendentes. A principal motivação parece ser a de buscar uma melhoria contínua para seu negócio. Outra característica que chama a atenção é a capacidade de lidar com situações críticas com serenidade, sabendo tirar proveito das oportunidades. Enfi m, é uma personalidade positiva, persistente, paciente, ousada e madura para lidar com situações difíceis. 2. A resposta inicial a esta questão localiza a predominância maior ou menor de agressividade de um perfi l empreendedor. Qualquer das posições pode ser justifi cada. De outra parte, os riscos envolvidos com a decisão de mudar o ramo do negócio foram imensos, já que não havia know-how anterior que embasasse o conhecimento sobre o processo produtivo e mesmo sobre o mercado. O correto deveria ter feito investigações anteriores para que o empreendedor pudesse se situar no ramo e avaliar os riscos que o negócio sugeria. Os riscos incorridos foram desde a possibilidade de insucesso na feitura do produto fi nal até o acesso ao mercado, ou seja, sua distribuição. 3. Nosso empreendedor é muito "safo": aprende rápido e descobre a impor- tância da qualidade do produto e da necessidade imperiosa de diferenciação e posicionamento. Através da participação em feiras, descobre a importância da divulgação da marca e soma este entendimento ao reposicionamento da marca de seu produto. C E D E R J 2 7 7 A U LA 1 1 A estrutura de um Plano de Negócio Na Aula 8, apresentamos a estrutura detalhada de um Plano de Negócio, o qual serviu de inspiração para responder às situações propostas na atividade anterior. Após a elaboração do Plano, é preciso fazer o Sumário Executivo, documento que sintetiza de forma didática e completa o plano do empreendimento. É feito ao fi nal, porque precisa dar conta, de maneira consistente, integrada e sintética, de todos os elementos contidos no Plano. São duas páginas de texto que deverão estar tão bem elaboradas de maneira a convencer o possível investidor, os colaboradores e demais potenciais interessados no projeto a prosse- guir sua leitura. Por sua abrangência e visão geral, o Sumário deve ser colocado na primeira seção do Plano de Negócio e deve responder às seguintes perguntas essenciais: Por que esta é uma oportunidade? Quais as características do produto e/ou serviço a ser ofere- cido? O que os distingue da concorrência? Onde se localiza o mercado em que o produto e/ou serviço será oferecido? Quais os canais a serem utilizados, para rea- lizar a oferta? Quem são as pessoas-chave da equipe? Quais suas habilidades e competências? Quando se pretende colocar o empreendimento em ação e qual a meta a ser atingida na etapa inicial, e em que prazo? Como será organizada a operação, para viabilizar o empre- endimento? Quais as estratégias utilizadas para assegurar o sucesso, neste momento inicial? Quanto custará para colocar a empresa em ação? Qual o retorno do investimento e o tempo necessário, para trazer resultado aos investidores? 2 7 8 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checandoos processos Adiante, dicas do que se deve fazer na elaboração de um bom Sumário Executivo: 1. Seja sucinto, não ocupe mais do que duas páginas. Como um sumário é um resumo do plano, deve ser bastante conciso, direto e objetivo. Aborde diretamente as questões, sem rodeios e fl oreios. 2. Respeite o tempo do leitor. Ele deseja ler rapidamente o Sumário Executivo e, se tiver interesse pelo empreendimento, lerá o restante do projeto. Se não tiver interesse, não perderá tempo, fazendo a leitura completa. 3. Garanta que as informações imprescindíveis a qualquer sumá- rio foram apresentadas: breve descrição do modelo de negócio, retorno sobre o investimento, descrição da oportunidade identifi cada, caminho estratégico escolhido, competência dos sócios, diferenciais competitivos e necessidade de capital. 4. Escreva o Sumário por último, resumindo o que foi detalhado nas seções seguintes. Durante a elaboração do Plano, o empre- endedor identifi ca os elementos que deverão ser apresentados no sumário, tendo sempre como critério os pontos-chave e de interesse do negócio. Mesmo sendo elaborado por último, ao apresentar o Plano, deve ser apresentado na primeira parte do documento. 5. É importante ter consciência de que um Sumário Executivo benfeito não garante a leitura do restante do Plano, mas é quase certo que um sumário mal-escrito afasta os leitores da possibilidade de conhecer melhor a ideia do negócio. 6. Para os empreendimentos que possuem uma frágil barreira à entrada de competidores, existe o risco de ter a ideia copiada facilmente por qualquer um que tenha acesso ao Plano. O Sumário Executivo deve despertar a atenção, mas não entre- gar o ouro. Mas cuidado! Se as barreiras de entrada forem tão frágeis e se o empreendimento não tiver diferenciação em relação aos seus competidores, volte para a prancheta e reveja tudo antes de ir adiante, pois difi cilmente o investidor apoiará seu empreendimento. C E D E R J 2 7 9 A U LA 1 1 7. Tenha muito cuidado na escolha das pessoas a quem você entregará o plano do empreendimento completo. O Sumário Executivo pode ser disponibilizado livremente, mencionando as informações necessárias para atrair a atenção do público- alvo, mas deve ser econômico na descrição dos elementos- chave que descrevem o "como" chegar lá. Fonte: Mariano e Salim (2009). Para exercitar sua atenção, descrevemos a seguir um exemplo de Sumário Executivo, o qual submetemos à sua avaliação crítica na Atividade 4, a seguir proposta. Leia atentamente o exemplo de Sumário Executivo apresentado a seguir. Todos os elementos que deveriam constar de um sumário estão ali contidos? Comente. Propomos a criação de uma pequena indústria de queijos, na região do sul de Minas Gerais. A produção anual será de 1.000 unidades no primeiro ano de atividades, chegando a 10.000 unidades ao fi nal do terceiro ano. A queijaria produzirá 4 tipos de queijo: muçarela, coalho, prato e minas padrão. A venda será realizada através de supermercados, padarias e lojas especializadas da região. O diferencial da queijaria está na qualidade do leite empregado na produção do queijo. Apesar de existirem outras queijarias na região, pesquisas mostram que o consumo das classes C e D tem-se ampliado na direção de cesta básica mais farta, com a inclusão de queijos e outros alimentos até aqui exclusivos da classe A e B. Desta forma, considera-se que a demanda local é crescente. Consideramos que a empresa necessite inicialmente de um total de recursos na ordem de R$ 150.000,00, necessários para a montagem do maquinário e a aquisição da matéria- prima, e produtos necessários para cobrir as despesas do primeiro ano de operação. Em três anos, deveremos ter uma taxa de 6% de retorno sobre o investimento feito. Resposta Comentada Você deve ter notado que não fi ca claro quem são os proponentes do empreendi- mento. Não há qualquer informação sobre suas qualifi cações, se algum de seus componentes detém know-how no assunto, experiência anterior. Não se sabe sequer quantos são. A taxa de retorno indicada não é fruto de análise para que o potencial investidor possa avaliar sua exequibilidade. Atividade 4 4 2 8 0 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Fazendo o teste da realidade Tendo transformado a oportunidade em uma proposta de negó- cios (tópico Negociando com o mercado), estamos diante do momento de entrar em ação, de testar a consistência das pesquisas realizadas que deram suporte ao Plano e fazer o teste da realidade. É um grande e delicado momento, cheio de suspense e expectativa. As perguntas são muitas: será que fi zemos a coisa certa? Nossos cálculos foram corretos? Não esquecemos nenhuma etapa? Podemos de fato contar com as pessoas que se uniram a nós nesta empreitada? Vamos testar sua capacidade de análise crítica, a partir da aná- lise de um estudo de caso. Para resolvê-lo, relembre a Aula 8, quando detalhamos os vários elementos do plano de marketing, a exploração do cenário competitivo, as opções de segmentação possíveis, as decisões quanto a produtos e serviços, as estratégias de precifi cação e distribui- ção além, naturalmente, do levantamento sobre o perfi l potencial do consumidor. As informações trazidas são superfi ciais e limitadas. Não há informação sobre a origem dos recursos necessários para implantar o negócio, nem sobre sua composição. Apesar de o Estado de Minas Gerais tradicionalmente ser o celeiro de pequenas empresas que produzem queijos e derivados, deveria constar argumentos mais precisos sobre a concorrência local e regional, bem como sobre de que forma a empresa pretende estruturar o processo de distribuição de seus produtos. C E D E R J 2 8 1 A U LA 1 1 Leia o texto a seguir: A Monidani é uma empresa fabricante de móveis de Paracambi, nascida da ami- zade, em mais de quinze anos, entre duas amigas que cursaram no mesmo momento o Curso de Administração, na UFRRJ. Monique e Daniela tinham habilidades e com- petências pessoais complementares: Monique é organizada, objetiva e orientada para resultados. Daniela é inovadora, muito ligada à criação de novos produtos. Durante anos, a empresa obteve sucesso, atendendo ao crescente mercado de cadeiras de madeira para escola. Um mercado cativo, devido aos investimentos em Educação, e sem muita sofi sticação ou exigências, pois toda nova escola segue um projeto padrão dentro da área de Educação e a venda ocorre por licitação. As empresas concorrem entre si, apresentando suas propostas à Prefeitura e a melhor entre elas é a escolhida. Com a experiência desenvolvida nesse mercado, a empresa vencia as licitações facil- mente, devido ao menor custo. Outra parte dos ganhos da empresa vinha do mercado de móveis para indústrias, uma área decadente para a empresa, devido ao esvaziamento industrial do Estado do Rio de Janeiro. O mercado industrial no RJ tem características próprias: é generoso na compra, mas busca o menor custo e pouca sofi sticação. O crescimento deste mercado apontava para o Sul, o Nordeste e o Centro-Oeste. A experiência e o tamanho da Monidani conferem a ela vantagens bem signifi cativas: sua estrutura de custos a torna muito competitiva em termos de preço; seus fornecedores de madeira (quase 50) são empresas tradicionais do Norte do Brasil e bem menores que ela. Sozinha ela atende a seus atuais clientes, sem precisar de distribuidores e sem operar em lojas. Com o passar do tempo, o Estado do Rio de Janeiro despontou no cenário nacional como a capital dos serviços. Excetuando a contribuição da Petrobras, a força econômica é a do setor de serviços. O estado tornou-se o maior mercadode serviços e eventos do Brasil, atraindo empresas ofertantes de serviços de todas as áreas e tipos possíveis. A cidade do Rio de Janeiro é o grande destaque. Sua beleza natural, a presença de muitas empresas públicas, a proximidade desta com as maiores cidades da região metropolitana e o exce- lente mercado consumidor da cidade atraem muitas empresas de serviços e estimulam a construção de shoppings e centros comerciais. Em 2004, chegou ao mercado brasileiro a Sentex, empresa de móveis norte-americana, espe- cializada em cadeiras. Benefi ciada por isenções fi scais, concedidas pelo Governo Estadual, a Sentex em pouco tempo lançou no mercado duas marcas de cadeira, aproveitando a liberação do MEC para facilitar a abertura de novas faculdades, a partir de 2000 e o mercado está acei- tando bem o uso de material de plástico, de ferro e de espuma, lado forte da empresa. As perspectivas para a indústria moveleira parecem ótimas, principalmente para o mercado de cadeiras, devido ao crescimento de dois novos segmentos de consumo: a pós-graduação e o mercado residencial. Com o crescimento do número de faculdades, aumenta o mercado de pós-graduação. O segmento do mercado consumidor de móveis exige ambientes mais sofi sticados e é favorável a pagar mais por produtos e serviços diferenciados. O consumidor residencial está mais interessado em experimentar a sensação de ele mesmo produzir seu espaço, inovando em seu lar, aproveitando a tendência do SoHo (small offi ce, home offi ce). As pessoas querem que sua casa seja seu escritório e tenha "a sua cara". Atividade 5 5 2 8 2 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos Pesquisas feitas por empresas especializadas apontam tendências fortes na sociedade em geral: a crescente consciência ecológica, a preocupação com a reciclagem, a busca de um contato maior com a natureza e o uso de madeira com certifi cado de que não seja de desfl orestamento. Ao mesmo tempo, há uma expectativa com o lançamento, pelo Curso de Engenharia Florestal da UFRRJ, da Escola de Marceneiros e o advento do Curso de Arquitetura na própria universidade, com forte orientação para o design. O cenário competitivo mudou muito para a Monidani, nestes 15 anos. A competição está mais clara, ao mesmo tempo em que muitas oportunidades aparecem. Surge uma situação em que as forças históricas da empresa estão desafi adas e novas forças precisam ser desenvolvidas. Monique e Daniela precisarão de muita astúcia para colocar a empresa no caminho em que sempre esteve: de liderança e lucro. Para uma análise estruturada do novo cenário, faça o que se pede na sequência pro- posta a seguir: 1. faça um checklist das mudanças ocorridas no mercado moveleiro, durante todo este período; 2. relacione estas mudanças ao mercado organizacional e ao mercado consumidor; 3. monte um esquema, apontando quais são os atores empresariais do caso e como eles infl uenciam (quando for o caso) e são infl uenciados pelas ações de marketing; 4. identifi que as necessidades e os desejos do mercado consumidor; 5. identifi que e analise, na Monidani, quais atividades e processos ela conduz de forma exemplar e quais outros ela não consegue; 6. após esta análise, traga soluções para a empresa operar em todos os mercados orga- nizacionais e de consumo. Faça um esquema desta nova proposta. Resposta Comentada 1.Check list: 1. O mercado moveleiro migrou para outras regiões: Sul, Nordeste e Centro-Oeste (mercado organizacional). 2. O Rio de Janeiro passou a se destacar no cenário nacional da capital de serviços. Com isto, tornou-se o maior mercado de serviços e eventos do Brasil, atraindo assim empresas ofertantes de serviços para esta região. 3. A concorrência aumentou, devido à chegada de uma empresa norte- americana, especializada em cadeiras e uso de ferro e plástico. 4. As vendas dos móveis residenciais fi caram centralizadas nas lojas (mercado organizacional). 5. Foi necessária a implantação de distribuidores (mercado organizacional). 6. Aumento da consciência ecológica; a procura de um contato maior com a natureza; preocupação com a reciclagem; certifi cado de que a madeira usada não seja de desfl orestamento (mercado consumidor). 7. Os consumidores residenciais manifestaram o interesse pela possibili- dade de eles mesmos produzirem seu espaço, inovarem suas casas (mercado consumidor). 8. Surgiram novas faculdades, a partir de 2000. C E D E R J 2 8 3 A U LA 1 1 2 e 3. Atores do mercado organizacional Os fornecedores repassam a madeira para a Monidani por telefone ou por meio de distribuidores, colocados estrategicamente nos lugares onde as ven- das são maiores. Apesar das indústrias consumirem quantidades maiores de madeira, é uma clientela reduzida, o que dá a possibilidade de os distribuidores atenderem aos pedidos na própria indústria. A Monidani pode participar de feiras especializadas para publicar seus serviços, o que evita disponibilizar mais distribuidores do que possui, pode publicar através da internet. 4. Desejos e necessidades do mercado consumidor. Desejo: Os consumidores residenciais manifestaram o interesse pela possibili- dade de eles mesmos produzirem seu espaço, inovarem suas casas. Necessidade: Aumento da consciência ecológica; a procura de um contato maior com a natureza; preocupação com a reciclagem; certifi cado de que a madeira usada não seja de desfl orestamento. 5. Sobre atividades e processos da Monidani A Monidani tem bastante experiência no mercado de móveis e possui custos baixos por possuir pouca variedade de produtos, assim é muito boa em licitações. Mas ela não possui característica inovadora e não possui experiência, nem estrutura para atender a lojas de móveis, está voltada para um segmento que está em crescimento por causa dos interesses do setor de serviços e de pessoas de montarem seus espaços. 6. Novo esquema de atuação da Monidani A Monidani deve continuar atendendo seus clientes antigos, mas procurar novos clientes. Com isto, será necessária a contratação de mão de obra especializada, começar a inovar os produtos e serviços através de parcerias com as novas faculdades de marcenaria e arquitetura. Necessitará de um número maior de distribuidores para atender os lojistas ou até mesmo criar suas próprias lojas e seus depósitos, mas terão de atender clientes que comprem em quantidade menor. Para atender os clientes que compram uma maior quantidade de produtos, é preciso abrir escritórios nas localidades das indústrias. Pode atender também às universidades para agregar mais experiências com novos produtos, do tipo: ferros, plásticos, espumas e, consequen- temente, aumentará o seu número de fornecedores e conseguirá competir com a empresa norte-americana. A melhor solução é a Monidani fortifi car suas posições nos locais de competição. 2 8 4 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos FINANCIANDO SEU NEGÓCIO Vamos retomar as considerações fi nanceiras necessárias à avaliação sobre a consistência e a viabilidade do negócio. Como vimos na Aula 10, esta é a "prova dos nove" do negócio, porque na medida em que você aprofunda seu conhecimento sobre os custos envolvidos na transação, relacionados aos preços praticados pelos concorrentes, fi ca claro quanto você deverá cobrar pelo produto ou serviço que pretende comercializar. Muitas vezes, é o momento em que você constata que a oportunidade, que parecia tão atraente, é inviável, em face da realidade dos fatos. Relembrando as ferramentas necessárias para lidar com as projeções fi nanceiras, você deverá conhecer a Projeção do Demonstrativo de Resulta- dos do Exercício, a Projeçãode Fluxo de Caixa e a Análise de Investimento, onde estão o Payback, o VPL, a TIR e o Ponto de Equilíbrio. CONFERINDO OS AJUSTES FINAIS A disciplina Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios, nesta aula, chega a seu fi m. Foram muitos os caminhos teóricos por onde passamos, o que torna complicado reunir todos os assuntos sob uma única rubrica. Transitamos pelo viés da história quando, ao início, procuramos apro- fundar o entendimento sobre a ideia de globalização, numa perspectiva C E D E R J 2 8 5 A U LA 1 1 nacional e internacional, com vistas a compreender a inserção dos proble- mas organizacionais em nossos dias. Tangenciamos também o universo das questões políticas, tecnológicas e econômicas no esforço de captar a dinâmica paradoxal dos processos econômicos e suas consequências, no âmbito das organizações e da sociedade. Tais insumos nos permitiram entender um pouco mais sobre as contradições e paradoxos que o conceito de globalização abriga e como tal situação afeta as trocas e o comporta- mento dos mercados internacionais e locais. A seguir, procuramos mapear as mudanças dos cenários dos negócios no Brasil, nos últimos anos, e os efeitos das mudanças tecnológicas nos níveis organizacionais e nas demais dimensões sociais. Em outro enfoque, exploramos alguns dos efeitos das mudanças globais nas empresas em sua estrutura, nos modelos de gestão e na forma de gerir o conhecimento acumulado. Na perspectiva do empreendimento a construir, procuramos trazer bases teóricas para compreender a empresa como um organismo vivo; ter noção dos ciclos de vida que as empresas passam e de como o processo sucessório deve ser cuidado, desde o início de suas atividades. Abordamos também a questão de como as práticas cultivadas pelas empresas traduzem modelos culturais e revelam muito da história do Brasil, através de seus traços culturais e de como é preciso reconhecê-los, para não cair em suas armadilhas. Ancorado nessas bases macrossociais, o empreendedor pode então se debruçar sobre seu sonho de negócio e empreender os passos para torná-lo realidade, desde o reconhecimento e a avaliação econômico- fi nanceira da oportunidade de negócio até a construção e implantação das ferramentas de gestão, traduzidas no modelo de negócio, na estrutura organizacional, na forma do trabalho, no posicionamento do produto e na estratégia de segmentação. A construção da empresa na prática envolverá todo o esforço de planejamento, organização e controle das ações empreendidas, mediadas pela cultura da organização, na pessoa de seu empreendedor. Esperamos que a viagem tenha sido proveitosa, porém sabemos que, mais do que palavras, é preciso o choque da realidade para aprender a lidar com as mais diferentes situações. Se você pretende construir um empreendimento de sucesso, desen- volva suas capacidades e competências e mantenha-se atualizado. Uma empresa viva é o resultado de um empreendedor atuante. 2 8 6 C E D E R J Empreendedorismo e Ofi cina de Negócios | Consolidando o Plano de Negócio e checando os processos A Atividade Final apresenta uma situação problemática. Trata-se de uma decisão sobre uma situação que envolve a compra ou o aluguel de automóveis. Mesmo não sendo similar à proposta que você eventualmente tenha em mente, possibilita exercitar a capacidade de raciocínio necessária para tomar o rumo mais adequado, do ponto de vista fi nanceiro. Leia o texto a seguir e responda: é melhor comprar ou alugar? Usualmente, sua empresa fornece automóvel para seus 50 representantes, os quais se respon- sabilizam pelo consumo de combustível. As locadoras podem alugar veículos populares simples por um pacote mensal, incluindo seguro total que custa, em média $ 1.800,00 por mês, para cada veículo locado. Você poderia comprar estes veículos por $ 12.000,00, fi nanciados com uma taxa de juros de 3% ao mês, sem entrada e por um prazo de três anos pelo sistema Price – sistema Price é aquele em que as prestações são todas iguais. Os custos com seguro são da ordem de $ 1.000,00, por ano, e podem ser fi nanciados em 12 meses, com uma taxa de 3% ao mês – o seguro deve ser renovado, anualmente, nas mesmas condições. O emplacamento custa $ 800,00 anuais, devidos no início de cada ano. Lembrar que, se você comprar automóveis novos, a garantia dura 1 ano. Após este período, você deve reservar $ 100,00, por mês, para manutenção. Se o veículo for alugado, você não precisa prever esta despesa. Considere que automóveis populares com três anos de uso podem ser vendidos por 70% do seu valor de novo. Afi nal, dadas estas premissas, você deve comprar ou alugar os veículos? Use a taxa de desconto de 3% ao mês. Gastos totais com compra de veículos: Prestação Price do veículo: $ 549,65; Prestação do seguro: $ 100,46; Emplacamento: $ 800,00 nos meses 1, 13, 25, você não precisa pagar a do mês 37, porque pretende vender o carro a cada três anos. Revenda: 70% de $ 12.000,00 = 8.400,00 Fluxos de Caixa t1 t2... t12 t13... t25... t36 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 Colocando esses fl uxos de caixa em uma calculadora fi nanceira e descontando na taxa de 3% ao mês, obtemos um custo total, descontado a valores de hoje, igual a $ 39.298,05. Resposta Comentada É melhor comprar. Comprar custa, a valores de hoje, menos que alugar. Aliás, como é lógico, de outra forma, as locadoras não teriam lucro e não seriam viáveis. Obvia- mente, se estamos falando de prazos de tempo menores, podemos chegar a um determinado prazo abaixo do qual é melhor alugar. Atividade Final 6 C E D E R J 2 8 7 A U LA 1 1 Nesta aula, buscamos consolidar os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina, enfatizando a atividade de planejamento e controle através dos processos de captação e organização da informação. Procuramos reforçar alguns dos passos necessários à realização do Plano de Negócio, tais como o monitoramento das negociações com o mercado através das ações de planejamento e da manutenção de uma estrutura de dados azeitada e disponível para o processo de decisão. Já que todas as fases do Plano de Negócio foram apresentadas ao longo das aulas, procurou-se, nesta aula, propor alguns exercícios que testassem seu conhecimento e acuidade para resolver as situações propostas, envolvidas com o despertar de uma oportunidade de negócio; a organização do pensamento quanto aos dados de mercado a serem compilados; a análise crítica de um Sumário Executivo e a resolução de um estudo de caso. Finalizando, apresentou-se um exercício fi nanceiro com vistas a colocar você numa situação de avaliação sobre qual a melhor solução para uma empresa: alugar ou comprar veículos. R E S U M O
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