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Acessibilidade no contexto escolar: 
tornando a inclusão possível 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
Não é assunto recente o direito à educação para todos. É um direito inscrito em leis 
Nacionais (como na Constituição Federal), que impulsiona lutas em todos os âmbitos da 
sociedade por uma educação de qualidade. Encontramos, por exemplo, no artigo 6º da 
Constituição da República Federativa do Brasil, de 05/10/1988 que “São direitos nacionais 
a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, a segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”. 
As legislações dos últimos anos apontam para uma melhora no sentido de 
possibilitar a todos os alunos que tenham direito à educação. A referência “a todos os 
alunos” significa a inclusão daqueles com síndromes, deficiências, condutas típicas, alunos 
de classes especiais, ou seja, os que apresentem alguma deficiência ou incapacidade, e 
por isso necessitam de algum atendimento especial ou complemento. 
Remetendo mais especificamente à Educação Especial ou Inclusiva, é possível 
perceber que recentemente ocorreram muitas mudanças nas políticas públicas e 
legislações, que indicam um caminho para um atendimento de melhor qualidade aos 
alunos em situação de desvantagem. O conceito de aluno em situação de desvantagem é 
entendido aqui como condição social de prejuízo resultante de deficiência e/ou 
incapacidade. Segundo Ligia Amaral (1995) as desvantagens refletem então a adaptação 
do indivíduo e a interação dele com seu meio. 
Apesar da existência de uma série de leis, em diferentes níveis de governo, ainda 
se esperam muitas melhorias. Percebe-se, muitas vezes, que pouco tem acontecido e que 
mudanças simples que permitem, por exemplo, a acessibilidade dos alunos com alguma 
desvantagem à escola ou aos demais ambientes que possibilitem seu crescimento, não 
são realizadas. As legislações referentes à acessibilidade, mesmo quando abordadas em 
diferentes conceitos, conseguem abranger a maioria das mudanças necessárias na escola 
para receber esses alunos. 
Recentemente, ao participar de um projeto de pesquisa sobre as condições das 
escolas públicas, no qual foi oportunizado conhecer diferentes escolas, em diferentes 
situações sócio- culturais, me deparei com os mais diversos cenários, que levam a uma 
reflexão sobre essa questão de acessibilidade. 
4 
 
 
 
 
O presente trabalho será estruturado a partir de um referencial teórico, pois, 
conforme Demo (2000, p.180), sua credibilidade científica só será possível se houver um 
elo ligando a parte teórica à conceitual, seguido de uma investigação exploratória a partir 
do projeto de pesquisa acima referido, uma vez que “há pouco conhecimento acumulado e 
sistematizado”, sobre o assunto. A análise de algumas das condições encontradas no 
projeto mencionado, segundo Vergara (1997, p. 45), “expõe características de determinada 
população ou de determinado fenômeno” e os dados serão analisados de forma permitir 
ampliar o conhecimento sobre o assunto. 
Por exemplo, em diferentes escolas encontram-se alunos que fazem uso da cadeira 
de rodas para se locomover, e que por isso, apresentam muitas dificuldades, principalmente 
pela falta de estrutura apresentada pela escola. Muitas vezes, foram apenas construídos 
caminhos para que esses alunos pudessem chegar a alguma sala de aula, que se 
transforma em única opção. Uma medida, que na maioria das vezes é feita pela própria 
comunidade, com poucos recursos. Há também escolas cujos laboratórios de informática, de 
aprendizagem, de ciências, salas de vídeo, secretaria, direção e/ou biblioteca, ambientes 
que deveriam ser freqüentados por todos os alunos, se encontram inacessíveis, por serem 
em diferentes prédios ou em diferentes andares. 
Ainda, numa oportunidade, ao conhecer uma escola em construção, me deparei 
com um prédio de dois andares e questionei: onde serão as rampas? A resposta que 
obtive foi de fato desanimadora: rampas ocupam muito espaço! Bem, a pessoa com a qual 
conversava me explicou que todas as salas principais (laboratórios, secretaria, biblioteca, 
etc.) seriam no andar de baixo, assim como algumas salas de aula. 
Além disso, muitas foram as situações em que se averiguou haver alunos em 
situação de desvantagem, que necessitam ajuda especializada sem acesso a mesma. 
Pode-se contar somente com o trabalho do professor e algumas sugestões da 
coordenação pedagógica, quando está presente. Existem casos de alunos cegos ou surdos, 
que freqüentam a escola, mas não tem suporte nem material para participar de todas as 
atividades. 
Refletindo sobre esses fatos todos, constata-se que muitas crianças e jovens não 
conseguem uma educação de qualidade porque encontram muitos empecilhos, que 
dificultam sua aprendizagem. A questão fundamental é tentar obter uma resposta para o fato 
de existirem tantos empecilhos na educação de alunos com algumas necessidades 
especiais (como deficiência física, surdez ou cegueira), se a questão na aprendizagem 
destes é apenas possibilitar que eles consigam compreender e acessar a informação. 
Esses alunos têm toda 
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possibilidade de ter uma aprendizagem adequada, porém existem muitas barreiras que 
impedem que isso aconteça. 
No caso da dificuldade de locomoção, é preciso permitir que o aluno chegue a sala 
de aula, no caso de aluno surdo, é necessário utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais ou 
outras tecnologias de informação disponíveis que permitem a comunicação, assim como no 
caso de aluno cego, para o qual existem várias tecnologias disponíveis além do sistema 
Braille. Todas as dificuldades que esses alunos apresentam podem ser vistos como 
desvantagens, mas existe todo um arsenal de ferramentas que podem contribuir para 
resolver ou minorar a dificuldades que a eles se apresentam. 
É inquestionável que há esse direito assegurado na legislação, então, porque as 
coisas não estão acontecendo? Porque as escolas não conseguem se adaptar para 
receberem esses alunos? O que já está sendo feito e o que ainda precisa de investimentos 
para ser realizado? 
São esses os caminhos deve percorrer nessa pesquisa. Pensar um pouco no espaço 
que a escola ocupa na inclusão de todos os alunos, principalmente daqueles que 
apresentam desvantagens possíveis de serem diminuídas com as ‘ferramentas’ de 
acessibilidade. 
Os principais objetivos deste estudo são: 
- identificar as concepções de acessibilidade na legislação; 
- analisar a construção histórica do conceito de acessibilidade e de Educação Especial; 
- reconhecer as mudanças necessárias no ambiente escolar para garantir a inclusão 
de pessoas com necessidades educacionais especiais. 
No primeiro capítulo do presente estudo, encontra-se um pouco do contexto e dos 
conceitos que estão sendo utilizados: Educação Especial, Educação Inclusiva, e 
Acessibilidade, todos numa perspectiva histórica, assim como a legislação específica. 
O capítulo seguinte aborda as questões que relacionam a acessibilidade com a 
escola, destacando a acessibilidade arquitetônica e acessibilidade à informação e à 
comunicação. 
O terceiro capítulo traz informações sobre projetos atuais do Governo Federal sobre 
acessibilidade, tanto arquitetônica, quanto de acesso à informação e a comunicação. 
 
2 EDUCAÇÃO ESPECIAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE 
 
 
 
2.1 HISTÓRICO DO TRATAMENTO AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
 
 
Não é de hoje que as pessoas que apresentam alguma característica “diferente” ou 
se apresentam de alguma forma em situação de desvantagem, são excluídas da 
sociedade. 
Porém, para falar do tratamento dado a estes, precisa-se primeiramente conhecerum pouco do período no qual surge a preocupação com a educação em si. Voltando a 
alguns momentos da história, vê-se que, em 1870 havia um índice de 78% de analfabetos 
no país (Januzzi, 2006). Isso acontecia, mesmo que naquele momento, determinava a 
Constituição de 1824 que deveria haver “instrução primária e gratuita a todos”. Como nada 
disso acontecia de fato, e havia um verdadeiro caos na educação primária, a educação dos 
jovens em situação de desvantagem não encontrava espaço e pouco aparecia. 
Bueno (1997), para se referir àqueles que se encontram em situação de 
desvantagem, e para trazer um pouco da história destes, usa o termo anormalidade. Ele 
diz que geralmente, essas anormalidades foram vistas como doenças: 
 
 
A doença tem sido encarada de diferentes maneiras. Em 
determinadas épocas e em determinadas sociedades ela foi vista 
como possessão; em outros momentos e espaços sociais foi 
encarada como desequilíbrio da totalidade do homem, em outros, 
ainda, como reação do organismo em busca da cura; ou ainda, mais 
modernamente, como um desvio quantitativo do funcionamento 
regular do ser humano. (BUENO, 1997, p.160). 
 
 
 
Visto como doentes, os anormais eram encaminhados para hospitais ou asilos, e ali 
permaneciam. Primeiramente, eram apenas levados para aquele espaço. Mais tarde, 
passou-se a pensar na recuperação da normalidade dos doentes, com recursos e técnicas 
diversas. 
Exemplos dessas instituições, para as quais foram encaminhados aqueles em 
situações de desvantagem, são as Santas Casas de Misericórdia (com registros desde o 
século XVI), que também atendiam aos pobres. Porém não existe nenhum registro de que 
forma foi prestado esse atendimento a essas pessoas. 
Após, existe registro sobre aqueles que estão em situações desvantajosas, quando 
falamos das rodas de expostos, onde se acredita que muitas crianças eram deixadas, 
7 
 
 
 
 
justamente por apresentarem alguma anomalia. Essas crianças abandonadas eram 
encaminhas para instituições administradas por religiosos e, segundo Januzzi (2006), além 
de receberem alimentação, existia a possibilidade de receberem alguma educação. 
Aqueles que apresentavam anomalias muito acentuadas acabavam permanecendo nestas. 
Sem perceber a possibilidade de cura ou de encaminhamento de alguns, foram 
criados novos espaços para isolamento dessa parte da população: os hospícios e 
instituições para esse fim. Segundo Bueno (1997), a maior distinção entre os hospícios e 
as instituições, é que aos hospícios eram levados todos os tipos de desajustados, e as 
instituições, que surgiram mais de um século depois, recebiam apenas deficientes, e se via 
a perspectiva de recuperação ou pelo menos de minimização do mal que eles sofriam. 
 
 
O atendimento de deficientes evidentes se fez, basicamente, por 
meio de instituições especiais, a maioria esmagadora de caráter 
filantrópico, em número extremamente reduzido para o atendimento 
da demanda, o que contribuía, como conseqüência, para a visão da 
manutenção do atendimento dos deficientes em instituições 
especiais como um privilégio a ser alcançado por alguns felizardos, 
já que a maior parte permanecia sem qualquer tipo de atenção. 
(BUENO, 1997, p.173). 
 
 
 
As primeiras instituições no Brasil surgiram no século XIX, para deficientes visuais e 
auditivos. Mais precisamente, foi em 1854 que se fundou em São Paulo o Imperial Instituto 
dos Meninos Cegos, e após, no Rio de Janeiro, em 1857 o Imperial Instituto dos Surdos- 
Mudos. Essas instituições atendiam poucos alunos, mas abria espaço para a discussão do 
assunto, embora ainda tenha ficado por muito tempo no esquecimento daqueles que 
poderiam pensar em soluções para o problema, junto com o problema da educação 
primária, que também não avançava. 
 
 
A educação popular, e muito menos a dos deficientes, não era 
motivo de preocupação. Na sociedade ainda pouco urbanizada, 
apoiada pelo setor rural, primitivamente aparelhado, provavelmente 
poucos eram considerados deficientes; havia lugar, havia alguma 
tarefa que muitos deles executassem. [...] Certamente só as 
crianças mais lesadas despertavam atenção e eram recolhidas em 
algumas instituições. (JANUZZI, 2006, p.16). 
 
 
 
Esta situação é comentada também por Bueno (1997), ao relatar que os alunos 
anormais eram levados a instituições e lá aprendiam a repetir ações simples, que lhes 
possibilitasse trabalhar, fornecendo mão-de-obra barata. Quando considerados capazes, 
eram 
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encaminhados para o trabalho. Pode-se pensar aqui numa das primeiras tentativas de 
ensino daqueles que se encontravam em situação de desvantagem. 
A partir dessa época é possível encontrar alguns registros sobre o atendimento de 
alunos em situação de desvantagem na escola regular. Diversos casos isolados, em 
diferentes estados, mas com poucos registros, em meio a parcos apontamentos que havia 
nessa precária educação regular. Segundo Januzzi (2006), o silêncio em relação aos 
deficientes foi muito grande, o que se explica pelo momento histórico no final do Império, 
que não valorizava a educação. Logo não foi possível encontrar casos e registros que 
servissem de apoio para pesquisa. 
Com a proclamação da República, os Estados passaram a ter mais autonomia em 
relação à educação. Com o aumento do número de instituições, houve também um 
acréscimo daquelas que atendiam deficientes mentais. 
Muitos foram os setores que se ocuparam de estudar os alunos em situação de 
desvantagem, como médicos, psicólogos e professores. Logo, aparecem características 
que delimitam as situações que se conhece e se vê ainda hoje, como a educação dos 
alunos em situação de desvantagem em classes ou escolas especiais. 
 
 
Se, de um lado, no discurso e na prática, os profissionais vão 
refletindo as expectativas daquela sociedade de então, patenteando 
e justificando a separação do deficiente, vão também viabilizando, 
tornando possível a vida dos mais prejudicados, juntamente com a 
família e outros setores da sociedade, através de alguns 
conhecimentos mais sistematizados e procura de efetivação de 
alguma prática social mais eficiente. (JANUZZI, 2006, p. 25). 
 
 
 
Iniciativas menos segregadoras surgiram apenas em 1930, com a criação de 
classes especiais em escolas regulares. Mais recentemente apenas, desde os anos 50, que 
ocorreu uma ampliação dos serviços de educação especial, vista a expansão da educação 
nas diferentes esferas do poder público. Com isso, aparece uma contradição: a 
necessidade dos alunos de estarem em sala de aula, e a exclusão do aluno-problema 
dentro dessa sala, e em contrapartida, os discursos de inclusão, que buscam atendimento 
especializado à esses alunos dentro das classes regulares. 
Além disso, Bueno (1997) traz também que essa ampliação na educação 
destacando não apenas aquelas deficiências desde sempre excluídas, mas que passa “a 
englobar também sujeitos cujas dificuldades são decorrentes de processos sociais e de 
escolarização inadequados”. (BUENO, 1997, p. 174) 
9 
 
 
 
 
Chega-se enfim a situação que temos hoje: a inclusão. De incluir nas escolas 
regulares aqueles alunos que apresentem alguma situação de desvantagem. Sujeitos que 
por muito tempo foram excluídos, e alguns, por muito tempo, sequer identificados. 
 
 
 
2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
 
 
Ao falar sobre a educação inclusiva, muitas são as idéias que nos aparecem. Como 
está se dando a inclusão? Como incluir as crianças com diferentes necessidades nas 
classes comuns? O que de fato está se dizendo quando se fala de Educação Inclusiva? 
Muitas são as mudanças trazidas por essa perspectiva, algumas das quais já estão 
acontecendo em diferentesespaços escolares, porém para muitas questões ainda não 
existem respostas. Pode-se começar pensando sobre o que carrega a expressão 
Educação Inclusiva. Estamos falando sobre quais alunos? Alunos da Educação Especial? 
Encontramos no texto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva o seguinte: 
 
 
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva tem com objetivo o acesso, a participação e a 
aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na escolas 
regulares, orientando os sistemas de ensino para promover 
respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo: 
Transversalidade da educação especial desde a educação infantil 
até a educação superior; Atendimento educacional especializado; 
Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados de ensino; 
Formação de professores para o atendimento educacional 
especializado e demais profissionais da educação para a inclusão 
escolar; Participação da família e da comunidade; Acessibilidade 
urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos 
transportes, na comunicação e informação; e, Articulação 
intersetorial na implementação da políticas públicas. (BRASIL, 
Portaria nº 948/2007) 
 
 
 
A partir do texto dessa política, é possível direcionar alguns questionamentos. 
Primeiro, por explicar sobre quais alunos estamos falando: alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. São muitas 
especificidades aqui incluídas e todos os alunos estão em situação de desvantagem, 
conceito que escolhemos para caminhar nesta pesquisa. 
Outro item que merece destaque: acesso ao ensino regular. Todos os alunos 
devem, preferencialmente, freqüentar a escola regular. É o que diz a legislação, e o que 
tem 
10 
 
 
 
 
apresentado grandes dificuldades para de fato acontecer, apesar de a lei dizer que o sistema 
de ensino deve garantir uma série de direitos a esses alunos. 
Restam, porém, alguns questionamentos: Existe lugar para essas pessoas na 
escola? Como será seu ensino, em meio a crianças ditas comuns? Não irá atrapalhar a 
aprendizagem destes? Eles não aprendem mais na escola especial? Não é melhor que 
continuem nas escolas especiais, já que lá possuem atendimento especializado? Os 
professores saberão trabalhar com essas crianças? 
Esses questionamentos são muito comuns quando falamos de inclusão. Dúvidas de 
professores, de gestores, de pais e da sociedade em geral, mesmo que apenas 
acompanhando o processo, sem fazer parte dele. Dúvidas de professores que se vêem 
totalmente perdidos ao se defrontarem com esses alunos, de pais que não aceitam seus 
filhos estudando com essas crianças, a meu ver, apenas em situação de desvantagem. 
Enfim, foram muitos os empecilhos que apareceram quando finalmente foi criada uma lei 
que dá o direito a toda criança de freqüentar a escola regular. Dificuldades e 
questionamentos que surgiram por estar a sociedade como um todo, muitos despreparada 
para essa nova realidade. Montoan (2004) explica que: 
 
 
A inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento 
da Educação Escolar e para o benefício de todos os alunos, com e 
sem deficiência. Depende, contudo, de uma disponibilidade interna 
para se enfrentar as inovações e essa condição não é comum aos 
sistemas educacionais e aos professores em geral. (MANTOAN, 
2004, p. 80). 
 
 
 
Aperfeiçoamento da educação, para o benefício de alunos com ou sem deficiência. 
Essa questão com certeza é muito complicada a ser compreendida. Pois, a partir do 
momento em que estamos diante do outro com tantas especificidades, é difícil compreender 
como pode se dar esse benefício também aos alunos ditos normais. Na perspectiva de 
inclusão, defende- se que sim, que é possível e benéfica a todos os alunos. 
É com certeza uma mudança muito significativa no espaço escolar. Não estamos 
falando de apenas levar esse novo aluno até a escola e mantê-lo ali. Mas sim de 
possibilitar uma aprendizagem, um convívio social e de propiciar a esses alunos as mesmas 
oportunidades que os demais têm. Seguindo por esses caminhos, encontra-se também no 
texto da Política Nacional acima citada, o seguinte: 
11 
 
 
 
 
Na perspectiva da educação inclusiva, educação especial passa a 
integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o 
atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos 
com deficiência, transtornos globais de desenvolvimentos e altas 
habilidades/superdotação. Nesses casos e outros, que implicam em 
transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de 
forma articulada com o ensino comum, orientando para o 
atendimento às necessidades educacionais especiais desses 
alunos. (BRASIL, Portaria nº 948/2007) 
 
 
 
Fala-se de uma nova proposta pedagógica na escola, para o atendimento às 
necessidades educacionais especiais desses alunos. Nessa perspectiva, o atendimento 
especializado continua, porém agora acontece dentro da escola regular. Muitas vezes 
questiona-se como pode se dar esse processo, e se a escola está preparada. Em muitos 
espaços isso já tem acontecido e muitos professores, com capacitação ou não, se 
empenham muito para que esse processo ocorra e traga resultados positivos. 
 
 
O objeto de desejo dos diferentes estudiosos e ativistas em prol da 
educação inclusiva é o mesmo – uma escola ressignificada em suas 
funções políticas e sociais e em suas práticas pedagógicas para 
garantir a aprendizagem e a participação de qualquer aprendiz. 
(CARVALHO, 2004, p.16) 
 
 
 
Uma nova escola, Mudar desde a sala de aula, a forma de ensinar até os 
conteúdos. Uma nova perspectiva de educação. Será isso possível? Há, no dia-a-dia, uma 
resistência para com os processos inclusivos, muitas escolas ainda se recusam a aceitar 
alunos com dificuldades, se dizem sem condições para prestar esse atendimento, e o 
contrário também ocorre, pois há escolas que obtêm resultados maravilhosos com os alunos 
que tem atendido. A legislação, para que ocorra a inclusão, já existe, entretanto, torna-se 
necessário incentivar o desenvolvimento de projetos e a capacitação de pessoas, que 
tenham interesse e empenho, para que isso se torne realidade. 
 
 
O que se pretende na educação inclusiva é remover barreiras, 
sejam elas extrínsecas ou intrínsecas aos alunos, buscando-se 
todas as formas de acessibilidade e de apoio de modo a assegurar 
(o que a lei faz) e, principalmente garantir (o que deve constar dos 
projetos político – pedagógicos dos sistemas de ensino e das 
escolas e que deve ser executado), tomando-se as providências 
para efetivar ações para o acesso, ingresso e permanência bem 
sucedida na escola. (CARVALHO, 2004, p. 73) 
 
 
 
Nesse texto de Carvalho (2004), está exposto o que de fato deveria acontecer: 
efetivas ações que garantam a acesso, ingresso e permanência na escola. Daí então se 
12 
 
poderia falar de 
13 
 
 
 
 
acessibilidade, muito necessária, se pensando em remoção de barreiras, para que a 
inclusão aconteça. 
 
 
 
DA INCLUSÃO PARA A ACESSIBILIDADE 
 
 
 
Nos textos citados anteriormente, da Política Nacional de Educação Especial na 
perspectiva da Educação Inclusiva, encontra-se um aspecto muito importante que cabe 
aqui para relacionar a inclusão e a acessibilidade, sobre a qual seguem as reflexões. Na 
política consta que deve ser garantida a acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos 
mobiliários, nas comunicações e na informação. 
Antes de seguir, porém, é importante destacar mais detalhadamente a definição 
sobre quais alunos estãonesse contexto da perspectiva inclusiva, segundo a política 
mencionada anteriormente: 
 
 
[...] considera-se pessoa com deficiência aquela que tem 
impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou 
sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter 
restringida sua participação plena e efetiva na escola e na 
sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento 
são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações 
sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e 
atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse 
grupo alunos com autismo, síndromes com espectro do autismo e 
psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação 
demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes 
áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, 
psicomotricidade e artes, além de apresentar elevada criatividade, 
envolvimentos na aprendizagem e realização de tarefas na área de 
seu interesse. (BRASIL, 2007). 
 
 
 
Atente para “aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter 
restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade”. Aqui se encontra 
um item de extrema importância: barreiras. São elas as principais responsáv eis para que 
alunos sejam excluídos e não consigam se desenvolver de forma semelhante aos ditos 
normais, pois existem barreiras, empecilhos que impedem que a pessoa siga os processos 
de forma natural. 
Esse aspecto é contemplado no texto de Carvalho (2000) que cita que as barreiras 
podem ser intrínsecos ou não aos alunos, e que as dificuldades não são apenas dos 
cegos, surdos, ou dos que se encontram em situação de desvantagem. 
14 
 
 
 
 
Com isso, é possível constatar que de fato muitos alunos “ditos normais” 
apresentam dificuldades que precisam de ferramentas específicas para ser suprimidas. 
Não é preciso apenas pensar naquele aluno deficiente, mas em todos aqueles que 
apresentam alguma desvantagem. Por isso, foi adotada desde o início a utilização, neste 
texto, desse conceito, que traz ainda que: 
 
 
Barreiras à aprendizagem (temporárias ou permanentes) fazem 
parte do cotidiano escolar dos alunos, (deficientes ou ditos normais) 
e se manifestam em qualquer etapa do fluxo de escolarização. 
Barreiras exitem para todos, mas alguns requerem ajuda e apoio 
para seu enfrentamento e superação, o que não nos autoriza a 
rotulá- los como alunos “com defeitos”. (CARVALHO, 2000, p.60). 
 
 
 
Seguindo nesse pensamento de barreiras existentes no dia-a-dia para inclusão dos 
alunos em situações de desvantagem, se encontram as legislações sobre Acessibilidade, 
que dão suporte para que a inclusão se torne possível. A acessibilidade na legislação será 
abordada no próximo item deste texto. 
 
O CONCEITO DE ACESSIBILIDADE E DE BARREIRAS SEGUNDO A 
LEGISLAÇÃO 
 
A acessibilidade, nesse contexto de Educação Inclusiva, vem com diferentes 
entendimentos e definições, descritas por uma construção histórica de muitos anos. 
Segundo Manzini (2008), desde 1998 que esse termo é utilizado na legislação, 
primeiramente num Projeto de Lei 4767/98. Nesse projeto, a acessibilidade está definida 
como “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, 
dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos 
sistemas e meios de comunicação por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade 
reduzida.” (MANZINI, 2008, p.281) 
Pouco depois, em 1999, encontramos novamente o termo acessibilidade em uma 
Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Ali, a definição já 
aparece um pouco diferente: 
 
 
[...] possibilidade e condição de alcance para utilização, com 
segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos 
urbanos, das instalações e equipamentos esportivos, das 
edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de 
comunicação, 
15 
 
 
 
 
por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida 
(MANZINI, 2008, p. 281). 
 
 
 
Segundo Manzini ainda, em 2004, o decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004, traz 
a seguinte definição de acessibilidade: 
 
 
[...] condição para utilização, com segurança, total ou assistiva, dos 
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos 
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de 
comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou 
mobilidade reduzida. (MANZINI, 2004, p. 282) 
 
 
 
Pode-se perceber, que com o passar dos anos a definição passou a ampliar um 
pouco sua abrangência. Por exemplo, da primeira para a segunda das concepções citadas, 
a ampliação que as pessoas também têm direito de utilização das instalações e espaços 
esportivos. Da segunda para terceira, há uma mudança ainda mais importante, da 
acessibilidade total ou assistiva. Ou seja, abre espaço para a criação de espaços que 
podem precisar de um mediador. 
Hoje, o que se encontra de mais recente na legislação sobre acessibilidade, é o que 
foi mencionado anteriormente. Mais especificamente, no Art. 8º do Decreto Nº 5.296 de 2 
de dezembro de 2004, que regulamente as Leis Nº 10.048, de 8 de Novembro de 2000 e 
Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, ambas sobre Acessibilidade. 
Então, está garantido em lei, que deve existir condição de utilização, com segurança 
e autonomia, de uma série de itens, que permitem que as pessoas em situação de 
desvantagem diminuam suas dificuldades: espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, 
edificações, serviços de transporte e dispositivos, sistemas e meios de comunicação e 
informação. 
Além disso, esse artigo da legislação traz o conceito de barreiras, e as diferentes 
barreiras existentes: 
 
 
II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o 
acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a 
possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à 
informação, classificadas em: 
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos 
espaços de uso público; 
b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das 
edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas 
internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar; 
c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de 
transportes; e 
16 
 
 
 
 
d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou 
obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o 
recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios 
ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como 
aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação 
(BRASIL, 2004). 
 
 
 
Esse artigo da legislação resume todas as barreiras que podem ser enfrentadas por 
pessoas em situações de desvantagem. O que se questiona é o que tem sido feito em 
relação a essa lei. Está sendo cumprida? As pessoas tem tido todas essas possibilidade e 
direitos de fato? 
Existem nesse decreto ainda várias previsões e recomendações de atividades que 
devem ser seguidas para que essas barreiras sejam aos poucos excluídas. Encontramos 
por exemplo, num capítulo sobre acessibilidade arquitetônica e urbanística, um artigo que 
fala sobre a construção de novos prédios e sobre as adequações que devem ser feitas em 
construções antigas que sofram reforma ou ampliação. Mas o que de fato tem sido feito? 
Na escola, um cadeirante consegue utilizar todos os ambientes da escola? O aluno 
cego possui material em Braille ou computares que facilitem sua aprendizagem a 
disposição? Os alunossurdos possuem atendimento em Libras (Linguagem Brasileira de 
Sinais)? 
O questionamento continua sendo sobre o que se tem a disposição, o que pode ser 
usando e feito nas escolas, para diminuir as desvantagens desse segmento de alunos, e 
que ainda não está sendo utilizado e efetivado. 
 
3 ACESSIBILIDADE E O ESPAÇO ESCOLAR 
 
 
 
PANORAMA GERAL DO QUE É NECESSÁRIO PARA A ESCOLA 
 
 
 
Quando se remete ao espaço escolar, a questão da acessibilidade toma algumas 
questões específicas: quais as dificuldades na construção de acessos físicos aos alunos 
que tem dificuldade de locomoção? Ou no oferecimento de condições, aparelhos para que 
tenham uma melhor possibilidade de aprendizagem? Por que não existe atendimento 
especializado aos tantos alunos que freqüentam a escola, e possuem dificuldades, uma 
vez que já existem instrumentos para que esses alunos consigam seguir as atividades 
tranquilamente? 
São muitas barreiras, como já as mencionadas no capítulo anterior: urbanísticas, 
nas edificações, nos transportes, nas comunicações e informações. As principais barreiras 
relacionadas à escola seriam as concernentes à edificação e a utilização dos 
equipamentos escolares e aquelas referentes à comunicação e informação. Segundo 
Manzini, “É necessário ofertar às escolas as condições de acessibilidade em: edificações, 
meios de comunicação e informação e recursos didáticos”. (MANZINI, 2008, p. 286). 
O que se percebe geralmente, e que se encontra também no texto de Manzini (2008), 
é que existe uma grande falta de conhecimentos sobre acessibilidade. Não que a questão 
de acessibilidade esteja sendo feita por preconceito (barreira atitudinal). Mas como é 
possível construir algo de forma acessível, se muitos sequer sabem o que é isso? 
Com certeza, a questão de barreira atitudinal, não pode passar despercebida 
quando falamos de inclusão e conseqüentemente de acessibilidade. Muitas barreiras são 
impostas, até mesmo sem que se perceba, mas acabam impedindo a inclusão e 
permanência de alguns alunos na escola. As piores barreiras, porém, são aquelas que 
surgem quando, por exemplo, a instituição se recusa a receber algum aluno por se achar 
incapaz de atendê-lo, ou quando deixa de investir em obras que facilitariam o acesso de 
alguns alunos, como rampas, e em decorrência, comprometem sua permanência na 
escola, assim como ocorre quando não há investimento em instrumentos específicos de 
aprendizagem. 
Há escolas que de imediato se projetam para reorganizar sua estrutura de forma a 
poder atender a todos os alunos, sempre que isso se torna necessário. E que pensam em 
alternativas para possibilitar que esses alunos avancem no seu aprendizado. Nessas 
escolas é possível encontrar a motivação para seguir nessa idéia de inclusão, e exemplos, 
para mostrar 
17 
 
 
 
 
que quando existe vontade, é possível incluir, mesmo diante das inúmeras dificuldades, de 
falta de recursos, falta de pessoal, falta de materiais didáticos e adequados a aqueles 
alunos que se apresentam em situação de desvantagem. 
A legislação sobre acessibilidade já existe há muitos anos, e percebe-se que muito 
pouco tem acontecido em relação a isso. Então, se as pessoas de fato não têm 
conhecimento do que é acessibilidade e muitas vezes os próprios que estão em situação 
de desvantagem e suas famílias não têm conhecimento dos instrumentos que poderiam ter 
a sua disposição e, outros impõem barreiras atitudinais quando se fala em inclusão, como 
pode de fato ocorrer alguma mudança? 
Na maioria das vezes, só se pensa na solução de algum problema, quando se 
depara com ele. Algumas escolas somente se preparam ou pensam em construir uma 
rampa, quando aparece um aluno com cadeira de rodas. Só pensam em abrir o seu 
laboratório de informática, quando recebem algum aluno que não consegue segurar um 
lápis ou que precisam fazer uso de outros programas para facilitar sua aprendizagem. 
No seguir deste capítulo, pretendem-se expor quais tem sido as mudanças 
previstas e as que de fato percebe-se na questão de acessibilidade arquitetônica e de 
informação e comunicação, particularmente, considerados os itens mais importantes no 
contexto escolar. 
 
 
 
ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA E A UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 
ESCOLARES 
 
 
 
Um dos maiores problemas de acessibilidade em relação a escola são as 
edificações e a utilização dos equipamentos escolares. Não é necessário visitar muitas 
escolas para averiguar com muita facilidade esses problemas: escadas, grades, muros. Em 
1997, mais de 10 anos atrás, o Ministério da Educação lançava uma cartilha com diretrizes 
para adequação das escolas às legislações sobre acessibilidade e à utilização dos espaços 
escolares. 
Ao analisar essa cartilha, é possível refletir sobre o que tem sido feito e o que ainda 
é necessário fazer, uma vez que ainda são muitos os problemas de acessibilidade. 
Uma das primeiras questões abordadas é sobre as edificações, distinguindo aquelas 
já existentes e estabelecendo normas as edificações novas. Sobre as edificações 
existentes, é possível constatar que: 
18 
 
 
 
 
Nos casos das edificações e dos equipamentos existentes, portanto, 
há que investir em obras para as adaptações físicas necessárias ao 
acesso dos alunos, dos mestres e da comunidade, incluindo 
instalações complementares, tais como sinais sonoros e de trânsito, 
rampas, elevadores, móveis ou salas de recursos. Sobretudo, no 
caso das grandes redes físicas escolares, para que estes novos 
investimentos sejam economicamente viáveis, em prazos 
aceitáveis, a diretriz mais sensata, certamente, será o 
aproveitamento sistemático e gradual das oportunidades que vão 
surgindo para as intervenções de manutenção corretiva, ou seja, 
para as obras de recuperação e reforma. (EDIFICAÇÕES, 1997, p. 
8). 
 
 
 
E sobre as edificações novas, se verifica que: 
 
 
 
Nos casos de projetos e de construção de novas edificações 
escolares, os problemas de acessibilidade, atuais ou futuros, podem 
ser mais facilmente planejados e resolvidos se algumas precauções 
forem desde logo adotadas, considerando que as recomendações 
próprias da ergonomia devem ser atendidas tanto nos planos 
horizontais, como nos verticais. (EDIFICAÇÕES, 1997, p. 9). 
 
 
 
Analisando estas duas propostas, criadas há quase 12 anos, muitas coisas já 
deveriam ter sido alteradas em nossas escolas. Quantas escolas foram construídas, 
quantas reformas e ampliações foram feitas? E quantas escolas são encontradas hoje que 
podem ser chamadas de acessíveis? 
Existem mudanças nesse sentido, porém ainda poucas. Escolas públicas, em sua 
maioria, não possuem verbas para reformar seus prédios e adequá-los a legislação. Os 
alunos, muitas vezes precisam freqüentar escolas mais distantes de suas casas, pois nas 
mais próximas não há rampas de acesso. É uma situação muito frequente. Algumas escolas 
desenvolvem um caminho de rampas para uma sala, na qual estuda o aluno com dificuldade 
de locomoção, mas ele fica impedido de utilizar os demais ambientes da escola. 
Não é necessário procurar muito para encontrar escolas novas, com construções 
recentes, que não possuem acessibilidade. Questionando responsáveis por obras numa 
escola visitada, sobre o acesso ao segundo andar, onde seriam as rampas, obtive como 
resposta que não era possível a sua construção, pois rampas ocupam muito espaço. 
Questionando sobre a possibilidade de alunos cadeirantes nessa escola, a resposta foi que 
haveria salas de aula também no andar térreo. Ou seja, no caso de surgir algum aluno, já 
está pré-determinada sua sala. Nem se pensa no atendimento de maior número de alunos 
com dificuldade de locomoção. 
Também não se pensa,por exemplo, em quantos alunos quebram uma perna 
durante um ano letivo. Essa pode ser considerada uma deficiência física temporária. Os 
alunos, que 
19 
 
 
 
 
passam por esta situação terão sempre dificuldade de chegar a sua sala de aula. Problema 
que poderia ser resolvido com um melhor planejamento da estrutura do prédio construído. 
Ou simplesmente construindo o prédio dentro das normas da legislação. 
Ter garantido o acesso a escola é o mais básico que encontramos na legislação. A 
escola é para todos, então deve se preparar para atender a todos, mas encontramos todas 
essas barreiras. 
 
 
As barreiras arquitetônicas são os maiores empecilhos para as 
pessoas com necessidades educacionais especiais – deficiência 
física, que fazem uso de cadeiras de rodas, bengalas ou muletas 
para se locomoverem. Não apenas dificultam, mas, muitas vezes, 
impedem completamente sua inserção na sociedade. Tais barreiras 
nem sempre são voluntárias, mas sem dúvida, são fruto de imenso 
descaso e da não obediência às leis vigentes. (BRASIL, 2006, p.26) 
 
 
 
Buscando na retrospectiva histórica feita anteriormente sobre Educação Especial, 
foi mencionado que mesmo a Educação Básica demorou a se desenvolver. A escola foi um 
lugar, onde primeiro estudavam os ricos, depois foi incluindo também as classes populares, 
mas só se dirigiam a escola aqueles que eram considerados capazes de aprender e de 
progredir. Todos aqueles que apresentavam alguma deficiência eram encaminhados a 
outros lugares, como as Escolas Especiais. Ou seja, a escola foi por muito tempo um lugar 
das pessoas que não apresentavam nenhum problema em seguir nos estudos. 
Certamente, muitos daqueles que não conseguiam avançar nas barreiras existentes 
e não conseguiam dominar todas as informações que lhes eram oferecidas, também 
passaram a ser vistos como pessoas com dificuldades, impossibilitadas de aprender, e 
conseqüentemente também eram excluídas com o passar dos anos. Ou seja, a escola 
realmente era um lugar para quem pudesse aprender sem dificuldades, que não possuía 
deficiências. 
Essa estrutura de escola é a que existe ainda hoje em muitos lugares, e que se 
pretende transformar numa escola para todos. Uma escola que foi construída para alunos 
que não apresentavam problemas, com escadas, muros e muitas barreiras físicas que 
tornam difícil hoje, o acesso das pessoas em situações de desvantagem. 
São essas barreiras que precisam ser rompidas e já existem legislações que nos 
permitem imaginar escolas diferentes no futuro. Adequações das escolas que já estão 
construídas, desde aquela época em que apenas as pessoas ditas sem deficiências faziam 
parte de seu alunado, quanto padrões para construção de novas escolas, que buscam uma 
escola acessível para todos, em que todos possuem livre acesso. 
20 
 
 
 
 
As adequações mais evidentes, quando se pensa no acesso físico e na utilização 
dos equipamentos escolares, são as construções de rampas, medida mais freqüentemente 
vista nas escolas e também nos demais prédios públicos; adequações de banheiros para 
cadeirantes, que também se encontra com certa freqüência, porém na maioria das vezes 
fora das normas, ou com elementos básicos faltando; e classes e cadeiras de tamanhos 
adequados as necessidades dos alunos. Além dessas medidas, que pode se considerar 
primordiais, existem muitas outras que podem ser realizadas, que dizem respeito também a 
facilitar o acesso à informação e à comunicação. Isso se tentará retratar no próximo item. 
 
 
 
ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO 
 
 
 
Muitas das pessoas em situação de desvantagem apresentam alguma dificuldade 
em acessar as informações e também de se comunicarem com os outros. Como já 
mencionado anteriormente, deve-se criar condições para utilização dos equipamentos e 
meios de informação e comunicação por todos, com ou sem auxilio de algum mediador. 
Essa é uma questão relacionada à escola que precisa ser repensada, pois como 
pode haver um processo de ensino-aprendizagem se não existe comunicação entre 
professor e aluno, e entre os alunos? Como pode um aluno avançar se ele não for capaz 
de acessar a informação e de compreendê-la? 
Devem existir práticas pedagógicas adequadas e inovadoras, que deixem de 
ocasionar as dificuldades escolares e conseqüentemente a exclusão dos alunos. Práticas 
que permitam desenvolver mecanismos e novas estratégias para possibilitar a 
aprendizagem de todos. Segundo Miranda (2008), deve-se propor um currículo adaptado 
às necessidades e interesses de cada contexto, que aposte na inovação, respeitando a 
singularidade de cada estudante e de cada docente. 
Muitas dessas singularidades dos alunos que apresentam alguma situação de 
desvantagem ocorrem justamente em se comunicar, em trocar informações com colegas e 
professores. E esses são os alunos que encontramos diante de nós, no dia-a-dia, em sala 
de aula. 
Torres (2002) retrata a importância desse processo de acesso a informação e do uso 
de tecnologias em seu texto: 
21 
 
 
 
 
Embora pareça contraditório, pode-se afirmar que as barreiras 
arquitetônicas não são o maior obstáculo enfrentado pelas pessoas 
portadoras de deficiência. O maior obstáculo está no acesso à 
informação e, conseqüentemente, a aspectos importantes 
relacionados à informação, como a educação, o trabalho e o lazer. 
A preocupação atual dos defensores da acessibilidade está em 
garantir que esses princípios sejam observados também no espaço 
digital, o espaço da informática e das comunicações. A Internet tem 
sido muito usada para exemplificar esse conceito, por conter 
aspectos fundamentais de ambas as tecnologias. (TORRES, et. all, 
2002). 
 
 
 
Um ponto que pode ser considerado de fundamental importância: as relações entre a 
comunicação, informação e tecnologias que se tem hoje a disposição. Pode-se pensar, por 
exemplo, nas tantas possibilidades de acesso a informação quando se remete ao mundo 
virtual e nas tantas tecnologias. Por que não se percebe o avanço do uso destas em sala 
de aula? Porque essas tecnologias não são levadas para a escola? 
As Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) que, segundo Selwyn 
(2008), junto com a internet e os outros sistemas de comunicação, sustentam os fluxos 
globais de dados, de serviços e de pessoas, caracterizando inclusive a economia. 
Certamente não é apenas com os últimos aparatos tecnológicos que se pode criar 
um ambiente com troca de informações, em que aconteça um processo de aprendizagem. 
Isso pode acontecer também sem o uso de tecnologias. É possível encontrar, por exemplo, 
em material do MEC, inúmeras idéias de materiais que podem ser desenvolvidos e que 
permitem as trocas entre alunos e professores, e alunos e alunos. Muito dos exemplos de 
aprendizagem que temos, nesse meio da Educação Inclusiva, vem com o uso de materiais 
didáticos criados, inventados na maioria das vezes pelos professores, de acordo com a 
necessidade dos alunos, ou para suprir a desvantagem que apresentava determinado 
aluno. 
Mas se existem a nosso alcance tamanho desenvolvimento de materiais virtuais, 
para ajudar nas mais diferentes situações de dificuldades e desvantagens, por que não 
fazer uso desses instrumentos? Já estão ao nosso alcance inúmeros avanços com as 
TICs, e apesar de seu pouco uso no contexto educacional, já existem muitas ferramentas 
que permitem acesso a essas tecnologias, uma vez em que para algumas deficiências, 
acessar informações através do computador é a única forma de acessarem a informação 
que precisam. 
Segundo Nunes (2008), algumas das formas de acessibilidade às TICs se tornam 
possíveis com o uso de periféricos no computador, como tecladosde conceitos, teclados 
virtuais, mouses adaptados, comando através de voz, leitor de telas para cegos, impressora 
em Braille, ampliação da tela. Esses aparatos que permitem o acesso à informação são 
conhecidos como Tecnologias Assistivas. Essas tecnologias possibilitam também que se 
comuniquem os 
22 
 
 
 
 
indivíduos incapazes de comunicar-se pela fala, através de voz digitalizada, símbolos 
gráficos, etc. 
É possível pensar no uso das tecnologias não somente para os alunos que 
apresentam dificuldades, mas para uso de todos. Enfrenta-se hoje, dificuldades nas 
escolas não somente quando se tem diante de si um aluno em situação de desvantagem. 
Os avanços tecnológicos fazem parte do dia-a-dia, estão nas imagens de televisão, nos 
modernos celulares que muitos alunos portam, nos diversos programas e ferramentas que 
já estão disponíveis nos programas de computadores. Os alunos conhecem e 
acompanham as transformações e avanços no seu cotidiano e muitas das coisas que se 
tenta ensinar, certamente os atrairiam mais se fosse feito com o uso de outros 
instrumentos, como das tecnologias, uma vez em que estas estão muito mais próximas 
deles, do que os conteúdos trabalhados na escola e que muitas vezes não fazem sentido 
nenhum para eles da forma como são propostos. O ensino da forma tradicional muitas vezes 
já não é suficiente para suprir as necessidades dos jovens alunos de hoje, que já não 
vivem a mesma realidade de anos anteriores onde também a escola com acessibilidade 
física não se fazia necessária. 
E não é necessário apresentar aos professores alunos ditos especiais para que 
escutar relatos sobre inúmeros problemas existentes na sala de aula. Será que não se 
precisará de muitas mudanças para esse universo educativo? O que precisa de fato mudar 
para ter uma escola para todos, onde todos tenham a mesma oportunidade para aprender? 
Encontra-se ainda grandes resistências no processo de inclusão por parte das 
escolas, gestores, professores, alguns pais de alunos, etc. Então, quando se discute as 
possibilidades que se apresentam no que diz respeito à inclusão, certamente as respostas 
para muitos questionamentos como os feitos anteriormente se resumem a falta de 
informação e capacitação dos professores, a falta de recursos e investimento na educação. 
A inclusão ainda está evoluindo de forma lenta. Contradizendo a velocidade das mudanças 
tecnológicas no nosso cotidiano, as mudanças relacionadas a escola e a educação tem 
sido muito lentas. 
 
4 PROGRAMAS E PROJETOS DO GOVERNO FEDERAL RELACIONADOS À 
ACESSIBILIDADE 
 
 
Com o estudo da acessibilidade arquitetônica e de informação e comunicação, nos 
deparamos invariavelmente com questionamentos sobre o porquê de não encontrarmos 
soluções aos problemas existes, porque não se percebe mudanças nas escolas ou porque 
muitos ainda são excluídos mesmo quando conseguem sua matrícula na escola regular. 
Certamente muitas respostas seriam sobre a falta de recursos, falta de interesse, 
falta de conhecimento sobre o assunto. O que se quer mostrar neste capítulo, é que junto 
com a legislação já existem alguns projetos, aqui citados, do Governo Federal, que 
possibilitam que algumas ações de acessibilidade sejam postas em prática. Há dois 
programas que vale destacar: O Programa Escola Acessível e o programa de 
Implementação das Salas de Recursos Multifuncionais. 
 
 
 
PROGRAMA ESCOLA ACESSÍVEL 
 
 
 
O programa Escola Acessível, segundo informações contidas no site do Ministério 
da Educação, é um programa da Secretaria de Educação Especial, que visa adequar o 
espaço físico das escolas estaduais e municipais, a fim de promover acessibilidade 
arquitetônica nas redes públicas de ensino, através de adequações no espaço físico da 
escola. 
Este programa é voltado aos alunos com deficiência, transtornos globais de 
desenvolvimento e altas habilidade/superdotação, e visa atender principalmente escolas da 
rede pública estadual e municipal de ensino. 
Segundo informações contidas no site do MEC, já foram repassados recursos 
financeiros para mais de 2000 escolas, e a forma de implementação deste projeto é: 
 
 
Para implementação do Programa as Secretarias de Educação dos 
Estados, Municípios e DF, desenvolvem o planejamento da 
demanda das adaptações necessárias na sua rede de ensino e 
apresentam ao Ministério da Educação/Secretaria de Educação 
Especial suas necessidades para receberem repasse de recursos 
previstos no PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola. 
(PROGRAMA Escola Acessível, MEC/2009) 
24 
 
 
 
 
Esse projeto permite perceber que de fato já existem ações ao alcance das escolas 
que possibilitam mudanças necessárias em sua estrutura. Mas percebe-se também, que 
pelo número de escolas que existem, poucas são aquelas que têm recebido recursos para 
as obras. O que não se pode deixar de ressaltar é que as escolas devem planejar suas 
adaptações e posteriormente encaminhar o projeto, para somente depois receber a verba. 
Isso mostra principalmente que a escola deve se interessar e buscar melhorias em sua 
estrutura e assim possibilitar a inclusão de todos os alunos. Mas já existe a possibilidade de 
que se consiga essa reestruturação. 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DE SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS 
 
 
 
Outro projeto da Secretaria de Educação Especial, este tem como objetivos “apoiar 
os sistemas de ensino na organização de espaço, constituídos de materiais pedagógicos e 
de acessibilidade, para a realização do atendimento educacional especializado.” 
O público alvo é o mesmo que do projeto anterior, procura atender aos alunos que 
se encontram em situação de desvantagem, é dirigido, também, somente para as redes 
públicas estaduais e municipais de ensino e apenas para aquelas que possuem alunos 
com deficiência registrados no Censo Escolas MEC/INEP. Esta é uma dificuldade a mais, 
pois já poderia a escola sem alunos matriculados com deficiência, estar preparada para 
aqueles que viessem. Dessa forma, estes alunos acabam se concentrando nas escolas 
que estiverem prontas a atendê-los quando necessitarem. E certamente uma sala de 
recursos multifuncionais não seria benéfica apenas para os alunos em situação de 
desvantagem, mas sim, para todos. 
Aqui, a forma de implementação está diretamente ligado a atender apenas os 
alunos deficientes, e encontramos no site que 
 
 
A SEESP/MEC realiza a distribuição de equipamentos, mobiliários e 
materiais pedagógicos e de acessibilidade para a organização das 
salas de recursos multifuncionais destinadas ao atendimento 
educacional especializado. Os municípios e estados indicam 
escolas que possuam matrículas de alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ 
superdotação. Após a indicação das escolas, a relação com a 
demanda é encaminhada ao FNDE, que coordenará o processo 
licitatório. (PROGRAMA, MEC/2009) 
25 
 
 
 
 
Ainda, foi possível averiguar, que de 2005 a 2008 foram implementadas 5551 salas 
de recursos multifuncionais e que para 2009 existe previsão de serem implementadas outras 
6000 salas. 
Este projeto certamente está muito voltado à questão de acesso a informação e 
comunicação, pois uma sala de recursos multifuncionais oferecerá muitas ferramentas que 
facilitam a questão de aprendizagem e cria um espaço para oferecer atendimento 
especializado aos alunos com deficiência. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
Retomando os objetivos deste trabalho, em relação ao primeiro objetivo que foi o de 
identificar as concepções de acessibilidade na legislação, foi constatado que já existem 
muitos registros sobre acessibilidade nas legislações, porém não se percebe grandesatitudes em relação ao problema existente. Constata-se também, que com o passar do 
tempo, as legislações tem se tornado mais específicas e eficientes, e, o que falta ainda, 
são programas que tornem possível a acessibilidade. 
Com as legislações e programas já existentes poucas são as mudanças percebidas 
de imediato, mas sabe-se que as futuras mudanças dependem daqueles que estão em 
relação direta com os alunos em situação de desvantagem. Os professores que devem 
lutar por um espaço na escola que possibilite a aprendizagem de todos os alunos, os 
gestores que devem encaminhar suas demandas e lutar para que sua escola seja adaptada 
tanto arquitetonicamente quanto com ferramentas que possibilitem comunicação e 
informação à todos os alunos, e dos próprios alunos em situação de desvantagem, que 
devem estar sempre atentos aos seus direitos e lutarem para que estes sejam cumpridos. 
E certamente, as autoridades devem estar atentas ao cumprimento das leis em vigor, uma 
vez em que essas já suprem uma boa parte das mudanças necessárias, mas que na maioria 
das vezes passam despercebidas. 
Ainda, é importante destacar o quanto são essenciais os projetos desenvolvidos 
pelo Governo Federal, tanto em incentivos financeiros para as adaptações físicas 
necessárias, como se vê no Projeto Escola Acessível; e como é essencial o projeto de 
Implementações das Salas de Recursos Multifuncionais, embora esse seja um projeto 
restrito as escolas que já possuam alunos com necessidades especiais, e ainda atendem 
muito pouco, quando se pensa nas mudanças necessárias. 
Em relação ao segundo objetivo, de analisar a construção histórica do conceito de 
acessibilidade e de Educação Especial, percebe-se que todo o contexto da Educação 
Especial e seu desenvolvimento levam a realidade que temos hoje, na qual se busca incluir 
todos os alunos na escola, e para isso se tornar possível, em muitos casos é necessário ter 
acessibilidade, para possibilitar o acesso de todos à educação. 
Através do estudo do histórico do tratamento dado as pessoas com deficiências, é 
possível perceber que as possibilidades, inscritas inclusive nas legislações atuais se 
encaminham para a inclusão de todos os alunos na rede regular de ensino. Nessa 
expectativa, 
27 
 
 
 
 
tem-se que a acessibilidade se torna um item muito importante para que aconteça a 
inclusão nas escolas. 
A inclusão é a perspectiva da educação que pensa numa escola diferente, aberta a 
diversidade de todos os alunos. É uma perspectiva que certamente precisa da 
ressignificação de muitos conceitos na educação e da criação de possibilidade de uma 
aprendizagem a todos os alunos. 
Ao realizar essa pesquisa, foi possível averiguar que a educação progride de forma 
lenta, e como, de forma mais lenta ainda, tem progredido a educação inclusiva. Vive-se 
num mundo de constantes transformações, muito despreparado e muitas são as 
dificuldades para mudar a realidade escolar de forma a que essa possa atender a 
diversidade dos alunos que ali estão com a expectativa de avançarem em seus 
conhecimentos. 
Ainda, em relação ao terceiro objetivo, de reconhecer as mudanças necessárias no 
ambiente escolar para garantir a inclusão, percebemos alguns avanços ocorridos, tanto 
relacionados à acessibilidade arquitetônica, quanto de acesso à informação e a 
comunicação. 
Em relação ao acesso arquitetônico, foi possível constatar que essas são 
mudanças mais fáceis de serem realizadas, por requererem apenas adaptação dos prédios 
já construídos, ou um planejamento dentro das normas legais dos prédios novos. E ainda 
assim, há poucas mudanças nesse sentido. O fato de mudanças tão necessárias 
ocorrerem de forma extremamente lenta, está ligada a falta de informação das pessoas 
que se encontram nesse meio, como gestores das escolas, secretarias responsáveis e até 
por falta de fiscalização em obras, uma vez que ainda estão sendo construídas novas obras 
fora da legislação. 
Ao falar do acesso à informação e à comunicação encontramos mais resistência ao 
seu uso pelo desconhecimento das tecnologias e pela mudança, já que ela aparentemente 
interfere nos métodos de ensino tradicionais. Por exemplo, com as formas de 
acessibilidade à informação e a comunicação, o processo de ensino aprendizagem se 
torna possível em espaços onde antes não era concebido. Isso mostra o quanto é possível 
que a inclusão aconteça dentro da sala de aula, como é possível atender diferentes alunos 
de diferentes formas dentro da escola. 
Uma vez em que se mostra essa possibilidade, surgem outros enfrentamentos. 
Despreparo dos professores para atenderem esses alunos, falta de interesse em tentar 
atende- los, falta de recursos na aquisição dos equipamentos que possibilitem o acesso a 
informação e que possibilitem a comunicação, falta de investimentos nesses espaços 
específicos dentro da escola, enfim, problemas que fazem parte das escolas públicas que se 
acentuam aqui, uma vez 
28 
 
 
 
 
em que essas ferramentas são muito importantes para que aqueles alunos em situação de 
desvantagem possam permanecer dentro da escola. 
Em contrapartida a tudo isso, encontramos espaços para as experiências que tem 
dado certo, para as escolas que tem prontamente se esforçado para atender aos alunos 
em situação de desvantagem, para as idéias criativas dos professores em possibilitar que a 
aprendizagem se torne possível para todos. Escolas que não medem esforços em construir 
rampas e em adaptar banheiros, que incentivam e orientam seus professores sobre a 
melhor maneira de como atender esses alunos. 
E pensando nessas escolas, nas possibilidades de melhoria que existem e podem 
ser implantas, em buscar sempre ver o que se pode realizar de forma a facilitar o acesso e 
a aprendizagem de todos os alunos, que se conclui esse trabalho. Não existem respostas 
certas a todas as questões que foram apresentadas, mas sabe-se que com a ajuda, e boa 
vontade de alguns que convivem nesse meio no qual a acessibilidade se faz presente, 
muita coisa é possível. E muitas coisas ainda podem acontecer se cada vez mais pessoas 
tomarem conhecimento das legislações e direitos que existem. 
 
	1 INTRODUÇÃO
	2 EDUCAÇÃO ESPECIAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE
	3 ACESSIBILIDADE E O ESPAÇO ESCOLAR
	4 PROGRAMAS E PROJETOS DO GOVERNO FEDERAL RELACIONADOS À ACESSIBILIDADE
	5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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