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1 ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB CÉSIO 137: PRECISAMOS CONTAR ESTA HISTÓRIA EM SALA DE AULA Fábio Alves Leão1 Resumo Este estudo teve o objetivo de analisar o acidente radiológico com o césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia Goiás em setembro de 1987, sendo um dos maiores acidentes com radiação do mundo, o maior do ocidente, propondo uma forma de abordagem desse assunto em sala de aula da educação básica como forma de informar desta tragédia, debater e entender como tudo aconteceu e seus impactos na sociedade local e regional. Dentre os autores pesquisados para a constituição conceitual deste trabalho, destacaram-se Borges (2003), Gabeira (1987), revistas, jornais, sites da internet, lei 9.394/1996, entre outros. A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva dos fatos, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico. As conclusões mais relevantes são as marcas deixadas na história da cidade de Goiânia-Goiás e na vida de inúmeras pessoas que tiveram contato direto ou indiretamente com o césio 137. Enfatizamos a necessidade desta história entrar definitivamente nos currículos escolares da educação básica na forma de debates, exposições culturais, pesquisas, tempo maior para as aulas e de uma profunda reflexão nas escolas para que aprendamos esta lição e tudo isto não se repita jamais. Palavras-chave: Acidente radiológico, contaminação, escola, pesquisa, aprendizado. 1 Introdução Uma cápsula de três centímetros cúbicos e com dezenove gramas de cloreto césio violada há 30 anos na cidade de Goiânia Estado de Goiás resultou em seis mil toneladas de rejeitos contaminados, que emitirão radioatividade por cerca trezentos anos. Mais de cento e doze mil pessoas foram submetidas a exames, duzentas e quarenta e nove foram expostas à radiação, quatro morreram de causas diretamente ligadas ao césio e dezenas sofreram sequelas. O presente trabalho vai fazer um estudo do acidente radiológico com o césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia Goiás em setembro de 1987, sendo um dos maiores acidentes com radiação do mundo, o maior do ocidente em área urbana, propondo uma forma de abordagem desse assunto em sala de aula na educação básica como forma de informar sobre 1 Pós-graduando em Educação Matemática na Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB. (fabioalvesleao@hotmail.com). 2 esta tragédia, debater e entender como tudo aconteceu e seus impactos na sociedade local e regional. Será abordado os aspectos contextuais e históricos do acidente, o elemento químico césio e a radiação, os desdobramentos da tragédia e suas consequências, a importância de trabalhar os temas transversais na educação básica e como poderá ser feito essa abordagem em sala de aula. O objetivo geral deste trabalho é estudar o acidente radiológico com o césio 137 ocorrido em Goiânia Goiás em 1987 na perspectiva de ser trabalhado em sala de aula da educação básica como tema transversal interdisciplinar regional, como forma de agregar conhecimentos práticos, conscientizando a todos para a importância da prevenção deste tipo de acidente e suas consequências para a saúde de todos e para o meio ambiente, ressaltando o porquê deste fato histórico não ser abordado nas escolas goiana com a devida relevância. O acidente radiológico com o césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia Goiás em setembro de 1987 deixou um rastro de dor sem precedentes. Muitas histórias de vida tiveram seu curso totalmente mudado para sempre em função da radiação que contaminou ruas, casas, objetos, animais, veículos e pessoas. A falta de preparo dos profissionais que trabalharam na descontaminação, preconceitos, o não reconhecimentos algumas de vítimas por parte das autoridades e o desejo de políticos que toda esta história caia no esquecimento faz que com este assunto não seja tratado dentro das salas de aulas com a relevância necessária para que as novas gerações saibam e entendam o que realmente aconteceu tão perto de casa. A tragédia não pode ser esquecida. Preservar o passado contando esta história é uma forma de evitar novos erros. O Césio 137 deixou cicatrizes que o tempo não irá conseguir apagar (REVISTA CÉSIO 137, 25 ANOS, 2012). No ensino fundamental este tema se quer é abordado em sala de aulas. No ensino médio, alguns livros de química abordam em poucas páginas a contaminação radioativa em Goiânia, passando despercebido por muitos educadores. Trabalhar este tema em sala de aula da educação básica é de suma importância. Inseri-lo no currículo escolar é resgatar a própria história no local onde ela ocorreu: Brasil, Goiás, Goiânia. Propor que a escola da educação básica insira em seu calendário letivo uma semana por semestre para trabalhar os temas transversais diversos, e entre eles, o caso do acidente radiológico com o césio 137 ocorrido em Goiânia Goiás em 1987. O acidente de Chernobyl na Ucrânia em 1986 foi a maior tragédia radioativa de toda a história. O acidente com o Césio 137, em Goiânia, foi o maior acidente radiológico do mundo mas, por se tratar de pó, a extensão da contaminação foi controlada, resumindo-se aos focos e às pessoas afetadas diretamente (REVISTA CÉSIO 137, 25 ANOS, 2012). 3 A metodologia deste trabalho é a pesquisa descritiva dos fatos, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico em livros, revistas, jornais, artigos científicos, legislação em vigor e sites de internet. 2 Contextualização histórica A cidade de Goiânia está localizada na região Centro-Oeste do Brasil. É a capital do estado de Goiás. Segundo o IBGE, o município tem uma população estimada em 2017 de 1.466.105 habitantes. Com uma área de aproximadamente 739 km², o município é um importante polo econômico da região, sendo considerada um centro estratégico para áreas como indústria, medicina, moda e agricultura. Dia 29 de setembro de 1987. De acordo com a Revista Césio 137, 25 anos (2012), neste dia foi descoberto oficialmente um dos maiores acidente radiológico do mundo, o maior em área urbana. A data está marcada não apenas na história, mas principalmente na memória dos goianos como um dos momentos mais trágico de muitas vidas. Partes de um aparelho utilizado em radioterapia que estava abandonado nas ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), no centro de Goiânia, foi encontrado e levado por dois catadores de materiais recicláveis. Pensando em ganhar dinheiro extra com a sucata, Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves, inocentemente, levaram o aparelho que pesava aproximadamente 200 quilos e desmontara-o no quintal de casa. O furto teria acontecido no dia 13 de setembro (HELOU, 2014) quando os catadores de sucatas e papéis entraram em uma sala sem portas e sem janelas, em local de fácil acesso e sem policiamento (BORGES, 2003) e levaram a peça que continha a cápsula com o cloreto césio. A marretadas, os dois desmontaram o aparelho que revestia a pequena cápsula que continha 19,26 gramas de Césio 137. O pó, semelhante ao sal de cozinha, no escuro brilhava com uma cor azulada (O POPULAR, 2017). Encantado com o “mistério”, eles distribuíram o material radioativo entre os parentes e amigos como se fosse algo precioso. Começava ali um drama com proporções incalculáveis, um itinerário longo e suficiente para destruir vidas, estigmatizar uma cidade, mudar histórias e causar muita dor. Goiânia não foi só um acidente radiológico, foi também um acidente social que expôs as mazelas do nosso país, a irresponsabilidade das elites e a incompetência dos governos (BORGES, 2003). De acordo com a edição especial do Jornal O popular de 10 de setembro de 2017, “por16 dias, pessoas contaminadas circularam pela cidade, visitaram parentes em outros municípios, trabalharam, andaram de ônibus e espalharam a radiação”. A circulação de pessoas e objetos contaminados gerou a contaminação de logradouros, calçadas e ponto de ônibus. Por 4 16 dias, o césio 137 foi dividido, manuseado, jogado no vaso sanitário e até ingerido. Ainda segundo o Jornal, o período transcorrido entre a abertura da cápsula contendo a substância radioativa e a confirmação oficial “desafiou a capacidade de controle, de identificação dos locais atingidos e até mesmo de dimensionamento da tragédia”. Partes e porções do pó radioativo foram distribuídos em uma área superior a 2 mil metros quadrados a partir do centro da cidade de Goiânia. Entre o dia em que a fonte radioativa foi retirada do prédio onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia e o dia em que foi reconhecida a exposição à radiação, o césio 137 percorreu diferentes espaços sociais em Goiânia e até em cidades vizinhas, como Anápolis, Aparecida de Goiânia e Inhumas (O POPULAR, 2017), expondo as pessoas e o meio ambiente aos seus efeitos devastadores, sem que nenhum órgão ou entidade governamental responsáveis pelo controle do referido material radioativo tivesse conhecimento do que estava acontecendo (SANTOS, 2015). A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) reconheceu que as principais vias de dispersão do material radioativo foram o manuseio da fonte e de partes dela, a sua comercialização, os contatos sociais ou profissionais entre as pessoas envolvidas, além da circulação de animais, ventos e chuva. O césio-137 foi deixando suas marcas na vida das vítimas, no cotidiano dos moradores, no espaço e na história da cidade de Goiânia (VIEIRA, 2013). 2.1 O elemento químico césio O césio (do latim caesius, que significa céu azul) é um elemento químico de número atômico 55 e símbolo Cs. Segundo Ferreira (2004), pertence à família dos metais alcalinos, (grupo IA e sexto período na tabela periódica dos elementos químicos), possui 55 prótons e 55 elétrons. Possui massa atômica 132,905u e estado de oxidação +1, sendo um elemento eletropositivo. É usado na fabricação de célula fotoelétrica, fonte de radiação gama, relógio atômico, lâmpada infravermelha e combustível (BARBOSA, 2007). Este metal é macio, dúctil, de coloração ouro prateado, muito reativo, encontrado no estado líquido na temperatura ambiente (líquido acima de 28,5 °C). Foi descoberto em 1860 por Robert Wilhelm Bunsen e Gustav Kirchhoff, por análise espectral. O espectro eletromagnético do césio tem duas linhas brilhantes na região azul do espectro junto com diversas outras linhas no vermelho, amarelo e no verde (GRAY, 2011). O césio 137 é um radioisótopo do césio e tem em seu núcleo 55 prótons e 82 nêutrons. É um elemento resultante da fissão nuclear do urânio. O processo começa, segundo Borges 5 (2003), com a “inserção de um nêutron em um reator abastecido com urânio 235. O urânio absorve o nêutron, passa a ser urânio 236 e fica instável, isto é, fica com excesso de energia que precisa liberar para tornar-se estável novamente”. É usado em equipamentos de radiografia, no tratamento externo do câncer e também na conservação de alimentos. De acordo com Barbosa (2007), este isótopo radioativo é desintegrado dando origem ao elemento químico bário e passa a emitir radiações gama. Os raios gama possuem um grande poder de penetração, sendo nocivos ao ser humano. Meia-vida em radioatividade é o tempo necessário para o decaimento dos núcleos radioativos de uma amostra à metade do valor inicial (ATKINS, 2012). A meia-vida do césio 137 é de 30 anos. Trinta anos é o tempo necessário para que a apenas a metade dos átomos de césio 137 emitiram radiação, a outra metade ainda persiste (O POPULAR, 2017). A radiação é uma forma de energia que se propaga no espaço, a partir de uma fonte emissora. No entanto, ela pode interagir com a matéria, como a do nosso corpo, e alterar suas estruturas celulares. Dependendo do grau dessa alteração, ela pode prejudicar nossa saúde. Quando a radiação penetra o corpo humano, ela pode destruir as células atingidas (o que é benéfico no caso de células cancerígena) ou estimular a reprodução anormal de células sadias, aumentando a probabilidade de aparecimento de tumores (BORGES, 2003). No caso do acidente com o césio 137 em Goiânia, em 1987, ocorreu a contaminação radioativa de residências, pessoas e lugares públicos, com um material altamente radioativo, proveniente de sua remoção indevida de um equipamento hospitalar de radioterapia (CNEN, 2017). O césio 137 é absorvido também pela água e pelo solo (BARBOSA, 2007). Na forma alcalino-metálico o césio apresenta no estado líquido à temperatura ambiente, sua utilização é feita no formato de sais, como o cloreto de césio (CsCl), muito parecido com o sal de cozinha, mas que no escuro emite o brilho cristalino azulado que fascinou e contaminou a partes da cidade de Goiânia – GO em 1987. A maioria das pessoas contaminadas com a radiação emitida pela exposição do césio 137 nunca tinha ouvido falar em radiatividade ou no elemento químico césio. 2.2 Os desdobramentos de uma tragédia O acidente com a cápsula Césio 137, fonte de energia de um aparelho de radioterapia, ocorrido em Goiânia em 1987, causou graves problemas e muita perplexidade a toda população da capital. À medida que a dimensão da tragédia era divulgada, o medo e a insegurança passaram a fazer parte do dia a dia da população do Estado de Goiás. 6 Em 1987 o Brasil passava por um longo período de estagnação econômica, com taxas de inflação estratosférica e planos econômicos fracassados (BAER, 2002). Estávamos vivendo os primeiros momentos da volta da democracia. Tínhamos uma Constituinte em andamento no Congresso Nacional. A partir do acidente radiológico, o Estado de Goiás, especialmente o município de Goiânia viveria um cenário econômico de piores consequências do que o restante do país. A tragédia nuclear trouxe reflexos altamente negativos para a economia de Goiás. Os prejuízos para Goiás foram enormes. Os goianos que saíam do Estado eram discriminados odiosamente em aeroportos, rodoviárias e restaurantes. A arrecadação do Estado reduziu-se em cerca de 30% nos quatros meses seguintes ao acidente (BORGES, 2003). Pacotes de viagens para cidades turísticas do interior do estado foram canceladas. As pessoas do interior do estado deixaram de ir a capital para fazer compras por um longo período. De acordo com a Revista Césio 137, 25 anos (2012), as vendas no comércio varejista tiveram quedas de 50% nas áreas próximas ao local do acidente. Caíram também o movimentos nos hotéis da cidade. Com medo da contaminação, houve cancelamento de voos para Goiânia, de eventos, shows e espetáculos. Empresas de outros estados cancelavam pedidos de mercadorias e alimentos oriundos de Goiás, principalmente no setor agropecuário, o forte do Estado. Goiás foi impedido de mostrar e negociar seu artesanato na Feira da Providência no Rio de Janeiro na época, de acordo com informações da Secretaria de Indústria e Comércio, órgão responsável pela participação goiana no evento. Ainda segundo a Revista, Até mesmo os goianos passaram a ter medo dos conterrâneos. As crianças que moravam vizinhas aos focos de contaminação não podiam ir à escola, pois sofriam agressões. É de conhecimento público que algumas famílias retiraram os filhos da capital temendo a contaminação. A arrecadação do Estado foi terrivelmente abalada e reduziu-se em cerca de 30% nos quatro primeiros meses seguintes ao acontecimento, de acordo com autoridades da área econômica.Calçadas foram remexidas, pedaços de asfalto foram arrancados, grande volume de solo foi removido, casas foram demolidas, lotes foram concretados. Bolhas surgiram na pele das pessoas da noite para o dia. A cidade estava atônita e apavorada (O POPULAR, 2017). Com relação às pessoas, de acordo com o CRCN-GO (2017), passaram por procedimentos médicos de descontaminação interna e externa e, com relação aos lugares contaminados, foi feita a remoção de uma grande quantidade de material contaminado, acondicionado em tambores e 7 caixas metálicas, que foram levados para um depósito provisório no município de Abadia de Goiás, a 25 km de Goiânia. Ainda de acordo com o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro – Oeste, na época do acidente, foram monitoradas 112.800 pessoas, sendo que 249 estavam contaminadas. Quatro pessoas faleceram em decorrência do alto grau de contaminação. No cemitério Parque de Goiânia, em sepulturas de concreto e urnas funerárias revestidas com chumbo, as vítimas do acidente foram sepultadas num clima de muito protesto da população (BORGES, 2003). O acidente de Goiânia gerou 3500m3 de lixo radioativo. Todo material gerado pela descontaminação da cidade, que totalizou cerca de 6.000 toneladas, foi acondicionado em contêineres de concreto ou aço. Para armazenar de modo definitivo esses contêineres, foram construídos dois grandes depósitos, em forma de grandes caixas de concreto, próximos ao local provisório, numa área desapropriada pelo governo de Goiás, no município de Abadia de Goiás. De acordo com o jornal O popular (2017), o depósito principal tem 60 % dos rejeitos. É onde está a capsula do césio. O segundo depósito contém 40 % dos rejeitos, menos contaminados. A cápsula, ou seja, a fonte de radiação está dentro de uma manilha de concreto, coberta com mais concreto, colocada em um cilindro de aço lacrado. Entre os rejeitos estão 46 casas residenciais, 50 veículos, 45 ruas, árvores, calçadas, roupas, utensílios domésticos e animais sacrificados. Estão acomodados em 4.223 tambores comuns de 200 litros cada, 1.343 caixas metálicas, 8 recipientes de concreto em 10 contêineres marítimos. Estão todos dentro da grande caixa de concreto e foram cobertos por argila e belonita (material aglutinante) e depois recobertos com a parede superior de concreto, de 50 cm de espessura. Ficarão abrigados por no mínimo 300 anos (O POPULAR, 2017). A vigilância é feita pelo batalhão da Polícia Ambiental de Goiás e o controle do depósito é feito pela CNEN. O local onde se encontram os depósitos é uma área de 150 hectares desapropriada pelo governo de Goiás para formação de um parque ecológico, o Parque Estadual Telma Ortegal (CRCN-GO, 2017). A cidade de Goiânia vive um intenso trabalho para o esquecimento desta tragédia. A cidade não conta se quer com um memorial do acidente ou museu histórico para visitas ou pesquisas. Há um profundo impacto social que é a negação da própria história da cidade pela maioria de seus habitantes (O POPULAR, 2017). Por isso se faz necessário a conscientização dos educadores para levar para as salas de aula esta parte da história do município de Goiânia, do Estado de Goiás e do Brasil. 8 2.3 Temas transversais: abordando o acidente com o césio 137 em sala de aula De com o artigo 26 de lei 9.394/1996, os currículos da educação básica devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. Sendo assim, no parágrafo 7º esta lei determina que a integralização curricular poderá incluir, a critérios dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de acordo com as realidades locais. Isso foi reforçado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2013), estabelecendo que os conteúdos curriculares que compõem a parte diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer o currículo, assegurando a contextualização dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades. A educação para formar cidadãos conscientes de seu papel na sociedade requer, segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN, 1998) que as questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos, contemplando a sua complexidade e sua dinâmica. Com isso o currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e que novos temas sempre podem ser incluídos. De acordo com os PCNs (1998), os temas propostos são Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo. Os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN, 1998), define os temas transversais como Processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São debatidos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando posicionamentos diversos tanto em relação à intervenção no âmbito social mais amplo quanto à atuação pessoal. Diante destes conceitos, o acidente radiológico com o césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia em 1987 está totalmente inserido como tema transversal e conectado com a realidade local. Este acidente está relacionado diretamente com a perspectiva do meio ambiente, ética e saúde. Há conexão direta com as disciplinas de ciências, geografia e história no ensino fundamental; física e química no ensino médio. Ou seja, é um tema que pode ser abordado tanto nas áreas de ciências humanas quanto das ciências da natureza. Ao relacionar um acontecimento 9 histórico local às disciplinas em sala de aula fará o aluno refletir claramente no seu papel dentro da sociedade na qual ele está inserido. Ou seja, a integração dos diferentes conhecimentos cria as condições necessárias para uma aprendizagem motivadora oferecendo maior liberdade aos professores e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados aos assuntos ou problemas que dizem respeito à vida da sua própria comunidade (PCN ENSINO MÉDIO, 2000). A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas (PCN, 1997). Diante do cenário da tragédia da contaminação radiológica com o césio 137 em Goiânia GO, em 1987, profundos debates poderão ser realizados em sala de aula levando em consideração o preconceito que as vítimas ainda sofrem, a discriminação que as inúmeras família sofreram ao longo de 30 anos e as intenções de autoridades políticas para que os fatos caiam no esquecimento. Os debates instigam os alunos a pensarem no seu papel enquanto cidadão da própria comunidade. A vida cresceu e desenvolveu na terra como uma grande rede de seres interligados e interdependentes (PCN, 1997). A contaminação com o césio 137 se estendeu por plantas, objetos, animais, pessoas, pelo solo e pela água. Chuvas e aves levaram a contaminação para inúmeros lugares (GABEIRA, 1987). De acordo com os PCN (1997), o meio ambiente não é apenas os aspectos físicos e biológicos. O ser humano faz parte do meio ambiente e das relações que são estabelecidas nele. O acidente radiológico com o césio 137 ocorrido em Goiânia nos faz refletir sobre como devem ser essas relações socioeconômicas e ambientais, para se tomar decisões adequadas a cada passo, na direção das metas desejadas por todos: o crescimento cultural, a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental. O nível de saúde das pessoas refletea maneira como vivem, numa interação dinâmica entre potencialidades individuais e condições de vida (PCN, 1997). Os inúmeros casos de câncer que são associados a exposição direta com a radiação, as sequelas físicas e emocionais, a infertilidade e o medo de que os filhos das pessoas expostas nascessem com alguma alteração genética. Esse debate conduzido no âmbito da sala de aula traz o conhecimento necessário para acabar com o preconceito e a discriminação contra as famílias vítimas da tragédia. É extremamente importante a discussão em sala de aula sobre o primeiro acidente radiológico ocorrido no Brasil e que ganhou dimensões internacionais na imprensa. De acordo com Gomes et al (2015), Temas como: o abandono inadequado ou descarte do lixo radioativo no hospital abandonado, o papel social desempenhado pelos catadores de lixo reciclável, as 10 políticas públicas sobre a questão do destino do lixo, a questão da impunidade dos responsáveis envolvidos são pertinentes e relevantes até a presente data. O Currículo Referência da Rede Estadual de Educação de Goiás (2017) é um instrumento pedagógico para orientar, de forma clara e objetiva, aspectos que não podem se ausentar no processo ensino aprendizagem em cada disciplina, ano de escolaridade e bimestre. O documento abre caminhos em uma rede de ensino com diferentes realidades sociais, históricas e culturais, na medida em que propõe um currículo “bimestralizado” como referência que pode ser ampliado pela escola, pelo professor, com questões específicas, peculiares e necessárias de acordo com sua realidade. O acidente radioativo com o césio 137 ocorrido em Goiânia GO aparece no currículo referência da rede estadual de educação de Goiás como o último tema a ser trabalhado na disciplina de química do terceiro ano do ensino médio. Este tema compõe o eixo temático “energia nuclear, benefícios e impactos ambientais”. Embora faça parte do currículo referência da rede estadual de educação, os conteúdos relacionados e este eixo temático dificilmente será abordado em sala de aula com a reflexão necessária durante o ano letivo, na maioria das escolas públicas de ensino médio, visto que a matriz curricular da disciplina de química é extensa e raramente cumpre-se todos os conteúdos. Segundo Pelicho (2009), No Ensino Médio, o ensino da radioatividade é, quase sempre, uma parte da química que não é ensinada aos alunos. Isso porque os conteúdos a serem trabalhados ao longo do ano são demasiadamente extensos, e o tempo que o professor possui para trabalhar é escasso demais, haja vista a pequena quantidade de aulas destinadas ao ensino de química na grade curricular do Ensino Médio. Este assunto de grande importância e aplicabilidade, na maioria das vezes, quando trabalhado em sala de aula, restringe-se à apresentação de apenas alguns tópicos, com pouca ênfase histórica, de forma muito direta, quase nunca aplicado ao cotidiano. Dentre eles, pode-se destacar a descoberta da radioatividade, sua definição e suas leis, além do tempo de meia vida ou período de semidesintegração. No ensino fundamental, o documento Currículo em debate (2007), uma reorganização curricular do primeiro ao nono ano no Estado de Goiás, foi constituído no âmbito escolar como um instrumento pedagógico direcionador e de apoio à melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem, dando espaço para a criatividade e a participação da criança, do jovem, do adolescente, e de seu professor/professora. Neste documento, o acidente radiológico com o césio 137 ocorrido em Goiânia GO em 1987 está inserido como exemplo de acidentes 11 radiológicos a ser trabalhado junto com o conteúdo lixo radioativo compondo o eixo temático “vida, ambiente e diversidade”, no oitavo ano. Dentro deste contexto, também não se verifica interesse relevante para debater este assunto em sala de aula, com a profundidade necessária para levar o aluno a reflexões sobre os desdobramentos, consequências e prevenção. Há um esforço para esquecer a história do acidente com o césio 137 em Goiânia (O POPULAR, 2017). Para a Secretaria Municipal de Educação e Esportes da cidade de Goiânia é como se o assunto não existisse. Utilizando a ferramenta de busca no site http://www.sme.goiania.go.gov.br/index.php/component/search/?searchword=c%C3%A9sio %20137&ordering=newest&searchphrase=all, em 17 de novembro de 2017, com a palavra- chave “césio 137” não encontramos nenhum resultado. O objetivo da pesquisa era de encontrar algum projeto pedagógico desenvolvido no âmbito da educação municipal da capital ou artigo voltados ao tema. O que reforça nossa convicção do relevante interesse político pelo esquecimento deste fato histórico. De acordo com Homrich et al (2017), é de extrema importância a abordagem deste tema em sala de aula para que haja a disseminação do conhecimento e a formação de cidadãos críticos, de modo a contribuir para que estes “saibam avaliar os riscos e benefícios da radioatividade para a sociedade”, ou seja, este acidente radiológico tem muito a nos ensinar. Também foi encaminhado alguns questionamentos para o endereço eletrônico da Secretaria Municipal de Educação e Esportes da cidade de Goiânia (smegertec@gmail.com) em 05 de novembro de 2017 com o objetivo de conhecer como são feitas as abordagens do acidente radiológico com o césio 137 nas escolas municipais da capital goiana. As perguntas encaminhadas, ainda sem respostas até o fechamento desta pesquisa, foram as seguintes: “1). Como este tema (o acidente radiológico com o césio 137) é abordado em salas de aula em Goiânia na educação básica? 2). Onde este tema tão importante está inserido no currículo escolar? 3). Existem projetos que são desenvolvidos nas escolas voltados especificamente a este tema nas escolas do município de Goiânia? Quais e como são desenvolvidos estes projetos?” 3 Conclusão Este trabalho contextualizou a tragédia com o césio 137 ocorrido na cidade de Goiânia- GO em 1987. Dois catadores de materiais recicláveis desmontaram a peça de um aparelho de radioterapia que estava abandonado em um antigo hospital desativado. Ao abrir a peça eles 12 encontraram um “pó azul que brilhava”. Era a exposição do cloreto césio, material altamente radiativo. A partir daí casas, ruas, objetos, animais, plantas, veículos, pessoas, tudo que teve contato direto ou indiretamente com o “aquele pó” foram contaminados. Cerca de 19 gramas de césio 137 produziram mais de 6 mil toneladas de lixo radiativo que estão abrigados em um depósito altamente protegido no município de Abadia de Goiás, cerca de 25 km da capital. Os rejeitos gerados da descontaminação de pessoas e locais foram compactados, sendo os rejeitos líquidos solidificados com cimento. Algumas casas e barracos tiveram que ser destruídas e removidos com tudo que havia em seu interior. O solo dos focos de contaminação também teve que ser removido. Para o acondicionamento de rejeitos foram utilizados diversos tipos de embalagens. Enterrou-se junto as histórias de muitas famílias. Além do descuido da fiscalização nas ruínas de um antigo hospital no centro da cidade, Goiânia sofreu com preconceitos, falta de preparo das autoridades para lidar com um acidade nuclear, falta de conhecimentos da população e discriminações. O município e o Estado de Goiás como um todo sofreram grande impacto econômico por longo período, até provar que tudo estava descontaminado. Este acidente não pode cair no esquecimento. Inúmeras lições devem ser aprendidas com ele, entre as quais, a nossa responsabilidade em conhecer as consequências de lidar com ciência e tecnologia priorizando a ética e o respeito à vida. Deve serassunto obrigatório nas salas de aula, principalmente no Estado de Goiás. Não pode ser apenas mais um conteúdo “obrigatório” nos currículos oficiais do sistema educacional e que não é trabalhado em sala de aula por “falta de tempo”. Este assunto deve ser tratado com relevância, mostrando os impactos psicossociais, econômicos e ambientais causados pela exposição de material radioativo em área urbana, para que uma tragédia desta proporção e forma não volte a acontecer. Precisamos de informação, conhecimentos estes que serão repassados e adquiridos na sala de aula, desde a educação básica, sistematicamente e de forma recorrente. A falta de informação e conhecimento leva ao preconceito; e o preconceito leva a ofensas e hostilidades, como as inúmeras vivenciadas pela população de Goiânia em relação à tragédia com o césio 137. Houve a crença de que tudo e todos na capital do Estado de Goiás estavam contaminado. Assim como a violência infantil, sexual ou doméstica, diversidades, gênero, bullying, dengue e outras doenças, drogas, o césio 137 em Goiânia deve ser tema de debates, exposições culturais, pesquisas, tempo maior para as aulas expositivas e de uma profunda reflexão nas escolas para que aprendamos esta lição e não deixamos que esta história caia no esquecimento e corra o risco tudo isto se repetir. 13 Referências ATKINS, Peter. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Tradução técnica: Ricardo Bicca de Alencastro. – 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. BAER, Werner. A economia brasileira. Tradução: Edite Sciulli. 2. Ed. São Paulo: Nobel, 2002. BARBOSA, Addson Lourenço. Dicionário de química. 4ª ed. Goiânia: AB Editora, 2007. BORGES, Weber. Eu também sou vítima. Goiânia: Kelps, 2003. BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Senado Federal, 2017. Disponível em <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/19088/19088_9.PDF>. 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