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PROJETO DE PESQUISA EM HISTÓRIA - Roma christiana, Roma aeterna: a ascensão do cristianismo no Império Romano e a conversão de Constantino I segundo a historiografia

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO 
LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA 
 
 
VICTOR HUGO RIBEIRO LEITE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROMA CHRISTIANA, ROMA AETERNA: A ASCENSÃO DO CRISTIANISMO NO 
IMPÉRIO ROMANO E A CONVERSÃO DE CONSTANTINO I SEGUNDO A 
HISTORIOGRAFIA 
Projeto de pesquisa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2017 
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO 
 
 
 
VICTOR HUGO RIBEIRO LEITE 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROMA CHRISTIANA, ROMA AETERNA: A ASCENSÃO DO CRISTIANISMO NO 
IMPÉRIO ROMANO E A CONVERSÃO DE CONSTANTINO I SEGUNDO A 
HISTORIOGRAFIA 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado como 
requisito parcial à obtenção de nota da 
disciplina Metodologia de pesquisa em 
História sob orientação da Profª. Drª. 
Enidelce Bertin 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2017 
SUMÁRIO 
 
1. LINHA DE PESQUISA DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ................................................. 4 
2. TÍTULO .................................................................................................................................... 4 
3. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4 
3.1 DELIMITAÇÃO TEMÁTICA ........................................................................................... 5 
4. PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................................... 7 
5. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 7 
6. OBJETIVOS GERAIS .............................................................................................................. 8 
6.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 8 
7. FONTES E METODOLOGIA .................................................................................................. 8 
8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 10 
9. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. LINHA DE PESQUISA DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA 
História, cultura e sociedade. 
2. TÍTULO 
Roma christiana, Roma aeterna: a ascensão do cristianismo no Império Romano e a conversão 
de Constantino I segundo a historiografia. 
3. INTRODUÇÃO 
O trabalho que será desenvolvido a partir deste projeto de pesquisa tem como intenção analisar 
a atuação dos sujeitos históricos selecionados (Constantino, Diocleciano, Teodósio e a 
comunidade cristã) nos quatro primeiros séculos da era cristã com base na historiografia sobre o 
cristianismo primitivo e o Império Romano, levando em conta o contexto da ascensão do culto 
cristão no Império. A proposta primária consiste na análise dos sujeitos e das suas ações nos 
quatro primeiros séculos da era cristã tem como objetivo buscar aproximações e divergências na 
historiografia sobre este momento, especialmente na atuação de Constantino e na sua conversão. 
A proposta secundária é a análise dos eventos mais importantes no recorte temporal selecionado 
que poderá elucidar como os autores escolhidos interpretam os nuances da ascensão do 
cristianismo no Império Romano do Ocidente. O objetivo secundário consiste em buscar na 
perspectiva braudeliana1 de história como a conversão de Constantino foi predisponente para 
que o cristianismo pudesse ascender, partindo do pressuposto de que a conversão não possuiu 
caráter político-ideológico e não era um evento isolado nas transformações que o Império sofria. 
Suportada pelo conceito de história de média duração, as perseguições serão objeto de discussão 
para demonstrar como o processo de ascensão do cristianismo foi minado constantemente com 
vistas à manutenção do poder que era exercido pelo culto imperial pagão, superado pelas ações 
de Constantino, iniciada com sua conversão a fé cristã. 
Para compreender as investidas persecutórias que o Império executou é importante lembrar que 
até o século II todas as ações de perseguição encontravam-se circunscritas às autoridades das 
províncias romanas. Um caso exemplar das perseguições do Estado romano foi a condenação de 
Jesus de Nazaré, líder zelota2 interpretado como bandido3 pelo direito de Roma. A 
 
1 A utilização conceito teórico de história de média duração apresentado por Fernand Braudel (2013) 
explica o objeto do estudo observando o contexto que ele está inserido. 
2 Segundo Aslan (2013), o que configurava um homem como zelota era a ideologia nacionalista radical 
judaica que considerava como dever de todo judeu o combate a ocupação romana. 
3 O termo bandido é empregado nesse projeto de pesquisa a partir da designação romana comum para 
qualquer sujeito rebelde ou insurreto discutida por Aslan (2013). 
administração romana entendeu que suas intenções em consolidar o Reino de Deus no Império 
eram direcionadas à obtenção do poder político de um rei autoproclamado, mesmo que Jesus 
negasse o título4, e por essa interpretação o Estado romano o acusou, julgou e condenou pelos 
crimes de perverter a nação, proibir o pagamento de tributos5 e sedição contra Roma. Como já 
foi elucidado, as ações persecutórias eram executadas pela administração romana, o que era a 
regra universal no Império: o código de lei limitava a pena capital estritamente ao governador 
romano, mesmo que Pôncio Pilatos afirmasse publicamente que Jesus de Nazaré seria inocente 
das acusações6, deixando que populares decidam sobre a condenação. Outro exemplo do Estado 
executando as perseguições é um dos eventos mais curiosos da história romana: o incêndio de 
Roma. Nero, suposto culpado pelo incêndio, procurou pretextos para não ser julgado 
responsável pelo incêndio, atribuindo-a um grupo de pessoas que foi incriminado, segundo 
descrito por Tácito: “Nero, para desviar as suspeitas, procurou culpados, e castigou com as 
mais terríveis penas a certo grupo, já odiado por suas abominações, que o vulgo chamava 
cristãos” (SILVA, 2011 apud Tácito. Anais XV. 44, p. 03). Segundo Croix (SILVA, 2011b 
apud CROIX, 1963), neste contexto, o poder imperial não intervinha diretamente sobre a 
questão dos cristãos, e sim os governadores de província, como contido no Evangelho segundo 
São Lucas, no episódio que Jesus de Nazaré foi interrogado por Pôncio Pilatos e Herodes 
Antípoda7, o que é divergente com o episódio em que Pilatos age como se fosse defensor de 
Jesus ao invés de promotor. 
3.1 DELIMITAÇÃO TEMÁTICA 
A proposta deste projeto tem como objetivo primário buscar aproximações e divergências na 
historiografia sobre o cristianismo primitivo, escrita entre os séculos XVIII e XXI, notadamente 
buscando elucidar como sujeitos históricos específicos, Constantino, Diocleciano, Teodósio e a 
comunidade protocristã são apresentados no recorte temporal escolhido para análise, tomando 
preferencialmente a conversão de Constantino como objeto principal da discussão, 
concomitante a discussão sobre a relação do Estado com os cristãos. A discussão sobre o caráter 
 
4 Em Lucas IX, 20-22, Jesus pergunta aos discípulos “Quem vocês dizem que eu sou”? e Pedro responde 
“O Cristo de Deus”. Jesus os advertiu severamente que não contassem isso a ninguém com a finalidade de 
evitar a associação messiânica a seu nome e posterior punição. “O Filho do homemdeve sofrer muito e 
ser rejeitado pelos anciões, pelos sumos sacerdotes e escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 
5 Mateus XXII, 21: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Esta declaração de 
Jesus foi suficiente para as autoridades romanas o denunciarem como zelota. 
6 Mateus XXVII, 24: “Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso”. 
7 Lucas, XXIII, 5-7: “Eles, porém, insistiam, dizendo: ‘Ele subleva o povo, ensinando por toda a Judeia, 
desde a Galileia, onde começou, até aqui’. Ouvindo isto, Pilatos perguntou se era galileu. Informado que 
era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém”. 
não ideológico da conversão de Constantino proposta inicialmente por Vitting-Hoft (1989) e 
posteriormente por Paul Veyne (2007) será contemplada na análise da bibliografia selecionada. 
O declínio do culto pagão, o cristianismo enquanto elemento de unidade (que a religião antiga 
não oferecia) e a densa filosofia cristã8 são sintomáticos para que em quatro séculos, embora 
com muitos episódios violentos, o cristianismo pudesse ascender e tornar-se religião do Estado. 
O maior destaque deste recorte temporal é a conversão de Constantino que, embora interpretada 
como uma tentativa de dar força para o Império em declínio, não foi um cálculo ideológico 
(VEYNE, 2007 apud VITTING-HOFT, 1989) e contribuiu para o declínio e a queda do Império 
Romano no ocidente (GIBBON, 2005), tornando clara a ideia de que o cristianismo não era um 
elemento isolado nas transformações que o Império Romano sofria. A partir da conversão de 
Constantino, o culto cristão pôde ser exercido em liberdade e era elemento de proteção divina 
para todo o Império, cumprido em aparente substituição do culto antigo pelo culto cristão. A 
ascensão do cristianismo é concomitante a crise que o culto pagão imperial sofria há sete 
séculos, evidenciada com o cristianismo em destaque: o cristianismo possui unidade, relação 
íntima do fiel com o elemento divino e uma filosofia, diferente do culto imperial que possuía 
elementos de impessoalidade que não oferecia nada de comparável9 ao culto cristão (VEYNE, 
2007). A partir do momento que o cristianismo ganha alguma notoriedade, ele passa a ser 
discutido de forma austera, como aconteceu no século III, diferente do que era feito um século 
antes, tempo em que os cristãos eram ridicularizados e perseguidos intensamente. Até a 
administração de Diocleciano, as ações persecutórias foram violentas e serão abordadas desde 
os episódios de perseguição a Jesus de Nazaré, realizados na administração de Tibério César, até 
o ano 311 a fim de contextualizar o que era ser cristão no Império na era cristã. No momento da 
ascensão do cristianismo, a discussão sobre o que era a pequena seita judaica não poderia mais 
ser objeto do sentimento de indiferença. Pela sua originalidade, riqueza de detalhes e 
organização densamente complexa, o cristianismo obteve profundo interesse ou profunda 
rejeição10 pelos habitantes do Império. 
 
8 Discutida por Russell (2015), a densa filosofia cristã se explica pelo fato de que a Igreja fez a 
aproximação das crenças filosóficas e das circunstâncias sociais e políticas, de forma, até então, inédita. 
9 Segundo Veyne (2009, p. 41), se dermos crédito à Epístola aos Romanos ou a Hermas, o mundo pagão 
era apenas vícios. No começo da epístola, o subtítulo “A culpa dos pagãos” apresenta os vícios pagãos 
conforme Romanos I, 29: “Estão cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade. Repletos de inveja, 
homicídio, discórdias, fraudes e malvadeza”. 
10 Na mensagem de Constantino aos seus súditos orientais (VEYNE, 2007 apud CAMERON, A., HALL, 
S.G, 1999) em 325, o imperador conta que soube, em 303, que Apolo acabara de notificar em Delfos que 
já não podia fornecer oráculos verídicos, porque a presença de Justos sobre a Terra o impedia. Tendo o 
imperador Diocleciano perguntado, à sua volta, quem poderiam ser estes Justos, um oficial da guarda 
imperial respondeu: “Provavelmente os Cristãos”. Foi então que Diocleciano decidiu a Grande, e escreve 
Constantino, a cruel perseguição de 303. 
4. PROBLEMA DE PESQUISA 
Este trabalho pretende analisar as relações entre a conversão de Constantino e a ascensão do 
culto cristão de acordo com dados historiográficos. 
5. JUSTIFICATIVA 
A história do cristianismo é um grande desafio dentro da historiografia moderna, já que existe 
um número considerável de publicações sobre o assunto que não atende os padrões de análise 
documental e que são notoriamente superficiais. O cristianismo, tanto como qualquer tema, 
precisa de atenção especial no seu estudo a fim de não o inserir como parte da história total, já 
que sem aproximação, a história é muito rasa e provavelmente não agrega saberes significativos 
a construção do conhecimento histórico. Assim, a história do cristianismo precisa de atenção 
ímpar já que ele é o maior fenômeno cultural da história da humanidade e sua influência vai 
além das questões espirituais. Se olharmos para o curso da história, os últimos dois milênios 
foram, essencialmente, intervenção divina na história e o cristianismo é parte importantíssima 
da história do Império Romano, um marco em todos os períodos históricos. Nesta perspectiva, 
este projeto pretende interpretar o cristianismo como fator de cultura, formação e manutenção 
de identidade, opinião e filosofia na sua prática e disseminação. A proposta de estudar a 
ascensão do cristianismo no Império Romano vai além da compreensão do fenômeno da 
pequena seita judaica que conseguiu adesão por todo o Império e posteriormente pelo ocidente 
inteiro: a ideia de pensar como a historiografia trata a ascensão do cristianismo no Império 
Romano consiste no entendimento dos papéis dos sujeitos históricos que por suas ações, 
conscientes ou não, contribuíram para a legitimação de uma nova ordem religiosa e 
consequentemente de política de Estado. A compreensão de como o Império Romano tornou-se 
cristão é construída, além da compreensão da conversão de Constantino11, a partir da análise 
braudeliana dos séculos I ao IV e nessa perspectiva, pontos como as perseguições, a questão do 
cristianismo não ser um elemento isolado nas transformações do Império, tanto como o 
cristianismo ser elemento de unidade serão analisadas com o objetivo de contemplar os nuances 
da adesão ao cristianismo12, resultado da conversão de Constantino. 
 
11 A discussão sobre a ascensão do culto cristão busca estudar, além do fato da conversão, as 
consequências deste fato. Segundo Veyne (2009), após sua conversão, Constantino não só fortaleceu o 
culto cristão como foi elemento essencial na criação da Igreja, suportada pela rede de bispados espalhadas 
por todo o território do Império Romano. Em suma, sem Constantino o cristianismo seria uma singela 
seita de vanguarda. 
12 Segundo Maraval (2009), a série leis de leis emitidas de 391 a 394 radicalizam a manifestação do culto 
pagão. A lei de 24 de fevereiro de 391 proíbe o culto pagão em Roma. A de 16 de junho para o Egito e a 
de 8 de novembro para todo o império. A lei de novembro de 391 é que faz do cristianismo religião do 
império, já que a religião tradicional perdeu todo o direito de se exprimir: com Teodósio (e não com 
Constantino, como às vezes se diz), o Império Romano tornou-se oficialmente cristão. 
Os historiadores já foram criticados por Michel Foucault que chamava de “ideia empobrecida 
do real” a falta de pensamento crítico sobre o que é do imaginário social (FOUCAULT, s.d., 
apud BURKE, 2005, p. 84). Portanto, para continuar com o fortalecimentoda história cultural e 
das religiões, a análise de aproximações e divergências entre a historiografia do cristianismo 
primitivo poderá preencher uma das inúmeras lacunas sobre o tema. 
6. OBJETIVOS GERAIS 
Contribuir para a compreensão do contexto e as ações dos sujeitos históricos selecionados nos 
primeiros quatro séculos da era cristã. 
6.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
Interpretar as divergências nas fontes selecionadas entre fatos importantes (como a união do 
Império sob a autoridade de Constantino, por exemplo); 
 
Buscar nas fontes selecionadas a condição que a administração romana dava para os cristãos 
primitivos; 
 
Interpretar nas fontes selecionadas a conversão de Constantino, suas causas e consequências a 
partir da perspectiva de que a conversão não foi de caráter ideológico. 
7. FONTES E METODOLOGIA 
As fontes selecionadas são materiais historiográficos utilizados como documento primário, 
divididos em dois temas que se relacionam intimamente. A historiografia utilizada para suportar 
a proposta tem como tema a história do cristianismo desde suas origens até a queda da unidade 
medieval e a história do Império Romano, especialmente sobre o declínio e a queda, 
apresentando a ideia de que o cristianismo não foi um elemento isolado nas transformações que 
o Império sofria e que sua ascensão, do contrário que é defendido, contribuiu para o declínio e 
posteriormente a queda da unidade imperial. Essa discussão é feita por Edward Gibbon na obra 
Declínio e queda do Império Romano (2005), texto que é inédito na concepção de história 
moderna pelo uso de uma metodologia de análise que procurou explicações para os eventos 
históricos em termos de cultura, política e sociedade ao invés de seguir uma concepção de 
história baseada em plano e intervenção de caráter divino. Sua publicação provocou um 
descontentamento, já que Gibbon, além de rejeitar que o curso da história ocorre pela 
intervenção divina, criticou a cristandade na sua formação, suportado por dados historicamente 
precisos e detalhados13. Da mesma forma que Gibbon, o historiador Reza Aslan questiona a 
história eclesiástica e se aprofunda no lendário contexto de Jesus de Nazaré, interpretando o 
mártir da fé cristã como um homem revolucionário, morto por motivos político-ideológicos que 
são permeados pelo seu discurso messiânico e redentor. A obra de Aslan, A vida e época de 
Jesus de Nazaré (2013) apresenta elementos que são complexos na sua concepção e 
compreensão, como a questão do nacionalismo judaico, conhecido pelo termo zelota. O Império 
Romano já havia condenado e matado outros homens partidários dessa ideologia nacionalista, 
mas nenhum deles teve tanto destaque e mobilizou tantas pessoas quanto Jesus de Nazaré. Aslan 
discorre sobre essa importância, além de elucidar que o caráter pacifista de Jesus foi construído 
a fim de criar uma imagem para a Igreja Católica utilizar séculos depois e que o discurso 
incisivo de Jesus de Nazaré é indicativo para o tratamento recebido pela comunidade cristã no 
Império Romano após sua morte. A fim de dar atenção aos sujeitos, a obra de Paul Veyne, 
Quando nosso mundo se tornou cristão: 312-394 (2009) analisa a conversão de Constantino 
como elemento impulsionador da fé cristã no Império e seu fortalecimento, amplamente 
alicerçado pela nova crença de Constantino, disseminada por todo o Império. O detrimento do 
culto pagão não foi sistemático, mas aconteceu na medida em que o cristianismo foi entendido 
como elemento de unidade e pelas aspirações de Constantino em criar bispados por todo o 
Império. 
De caráter mais geral e amplo, as obras de Christopher Dawson e Allain Corbin, A formação da 
Cristandade: das origens na tradição Judaico-Cristã à Ascensão e Queda da Unidade 
Medieval, publicada em 2013, e a História do Cristianismo: para compreender melhor nosso 
tempo, publicada em 2009, discutem o cristianismo de forma linear e o que permeava sua 
formação, suas práticas e a posterior reforma. Ambas as obras compreendem que o culto cristão 
faz parte da vida cotidiana de todos, até dos que ignoram sua mensagem: o cristianismo 
contribui para o desenho das cidades, para ética e para a organização de muitas sociedades, 
principalmente as ocidentais. Portanto, utilizando as obras apresentadas como documento 
primário, a intenção da pesquisa é cruzar as informações da produção historiográfica 
selecionada para verificar aproximações e divergências na contextualização da ascensão do 
culto cristão e na conversão de Constantino, analisando como sua conversão se deu, por quais 
motivos e como ela foi entendida pela população do Império. 
 
 
13 Segundo Gibbon (2005), o fato de que a Igreja Católica possuía o "monopólio metafísico" das suas 
próprias interpretações consideradas sagradas e santas tornava improvável a reinterpretação dos seus 
escritos. Gibbon insiste que os escritos sagrados eram fontes de ordem secundária e utilizou para sua 
interpretação fontes primárias e contemporâneas do período selecionado, o que deu caráter científico ao 
seu trabalho. 
8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
O lançamento da revista Annales d'Histoire Économique et Sociale14, fundada por Lucien 
Febvre e Marc Bloch em 1929 foi um marco na forma de escrever história, evidenciando 
sujeitos marginais que a história positivista ignorou em favorecimento dos grandes líderes, fatos 
e grandes narrativas baseadas em dados econômicos e/ou demográficos. A historiografia que 
surgiu após a publicação da Annales pôde inserir na sua concepção de história a 
interdisciplinaridade, dialogando com as artes, ciências, sociologia, arquitetura, psicologia 
social, história das mentalidades etc. tornando elementar o caráter interdisciplinar da nova teoria 
da história. Após o surgimento da revista e a adesão da sua proposta, a historiografia adquiriu 
fundamentos teóricos suficientes para estudar os processos, fatos e eventos além da história dos 
grandes e sensibilizou-se com o fato de que a história ignorou por muito tempo a história dos 
marginais. Todas as metodologias do estudo de história seja ela a história cultural, social, 
econômica, das mentalidades etc. relacionam-se umas com as outras a partir da ideia de que o 
anacronismo da historiografia moderna que ignorava a mudança das mentalidades precisava ser 
superado urgentemente. 
O especialista em história antiga e do Império Romano Paul Veyne pensa a história do 
cristianismo baseando-se na ideia de que a historiografia pode contemplar os sujeitos e seu 
cotidiano, que não eram até o surgimento da Annales, sujeitos históricos. Afinal, a seita de 
vanguarda que fomentava a ascensão do que hoje conhecemos como Igreja Católica surge como 
consequência do cotidiano de sujeitos marginais, liderados por um homem condenado e morto 
pela administração imperial. O cotidiano destes sujeitos foi indicativo para que, embora muito 
minado, o cristianismo pudesse deixar a clandestinidade e ascendesse. Encontramos essas 
perspectivas na sua obra Quando o nosso mundo se tornou cristão: 312-394 que explica a 
ascensão do cristianismo fugindo das rasas intenções da história totalizante, suportada pela ideia 
de que a história pode ser contada além de capítulos desorganizados e a partir das pessoas e não 
das instituições. O episódio da noite de véspera da Batalha da Ponte Mílvia, conflito que 
Constantino tinha como intenção recuperar Roma do poder de Maxêncio dá início as discussões 
sobre como este evento foi sintomático para o fortalecimento da fé cristã15. Segundo Bury 
(1958), a revolução religiosa que Constantino fez em 312 foi talvez o ato mais audacioso de um 
 
14 Desde 1994o nome da revista foi substituído por Annales. Histoire, Sciences Sociales. 
15 Na noite de véspera da batalha, Constantino sonha com Jesus Cristo lhe dizendo que “sob este sinal 
vencerás” e no dia seguinte ele leva para os escudos e estandartes de suas tropas o cristograma com o 
nome de Jesus Cristo em grego (C e R), tanto como no seu próprio capacete. O que tinha tudo para ser 
mais um confronto maçante e padrão de retomada de poder acabou se tornando um marco na história, já 
que a vitória de Constantino sobre Maxêncio e suas tropas foi associada ao sonho de Constantino e por 
isso, o cristianismo assumiria as rédeas da religião oficial do imperador e deixava seu status de seita de 
vanguarda em pouco tempo. 
líder autocrata e suas atitudes de favorecer o cristianismo em detrimento da religião imperial 
desafiavam o que a maioria dos habitantes do Império pensava: na época em que Constantino se 
converteu, 5 a 10% do Império era cristão, talvez 70 milhões de habitantes16. A forma como 
Constantino agiu é muito estudada e as discussões sobre a sua conversão tem como tema o 
possível elemento político-ideológico impulsionador contido na sua conversão. Essa disputa por 
poder que Constantino foi ator principal tem relação em outro evento ocorrido quatro séculos 
antes: a pregação de um judeu pela Galileia que reuniu seguidores para estabelecer o que foi 
chamado de “Reino de Deus”. Este pregador, conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré criou um 
movimento tão nocivo à ordem do Império Romano que sua morte foi exemplo para que 
sujeitos com intenções similares não pensassem em enfrentar a autoridade romana. Jesus, o 
insurreto carismático que enfrentava as autoridades romanas e o alto escalão da hierarquia 
religiosa judaica foi capturado, torturado e executado como criminoso de Estado pelo mesmo 
Império Romano que Constantino governaria séculos depois com o poder mantido e protegido 
pela máxima In hoc signo vinces. Pensando na perspectiva histórica de Jesus de Nazaré, Reza 
Aslan apresenta na sua obra Zelota: a vida e época de Jesus de Nazaré, publicada em 2013, a 
perspectiva da história de média duração no recorte temporal dos séculos 4 a.C./6 d.C. até o ano 
30-33. Aslan recorda todo o ódio que o Império Romano mantinha pelos judeus e como foi 
violenta essa relação, suportada, entre tantas outras, pelas ações de um sujeito ímpar na 
construção do mito do cristianismo: Pôncio Pilatos. 
Pilatos demonstrou seu desprezo para com os judeus desde o primeiro dia que chega a 
Jerusalém, coberto por uma túnica branca, couraça dourada e uma capa vermelha sob os 
ombros, marchando e anunciando sua presença na Cidade Santa carregando a imagem do 
imperador, o que soou como uma grande demonstração de desprezo para com as sensibilidades 
judaicas (ASLAN, 2013c). A história de Jesus era muito recente para que Roma pudesse ignorar 
e essa atenção especial à comunidade protocristã contribuiu para a questão de que ser cristão no 
Império Romano até o século IV era seguir e venerar um zelota, o que significava adorar um 
bandido e insurreto que a lei romana tratou de executar para manter a ordem. A violência que 
Roma utilizou para tratar os cristãos teve como fundamento a manutenção do poder imperial, 
tanto como na historicidade da formação da seita judaica e de seu líder. Por essa perspectiva, a 
ideia de pensar no discurso cristão de pacifismo e perdão, associada a Jesus de Nazaré, 
interpretado como um homem pacífico é completamente equivocada17 e foi criada após a sua 
morte para contemplar as intenções dos concílios em criar uma imagem pacífica do seu mártir. 
 
16 GIRARDET, Klaus M. Die Konstantinische Wende. Voraussetzungen und geistige Grundlagen 
der Religionspolitik Konstantins des Großen. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 2006, 
pp. 82-83. 
17 Mateus X, 34: “Não pense que eu vim trazer paz sobre a terra. Eu não vim trazer paz, mas a espada.” 
No estudo e análise do Jesus histórico, episódios de ira, xenofobia18 e violência19 criam uma 
dicotomia sobre a imagem de pacifismo. De caráter mais geral e linear, a obra organizada por 
Allain Corbin, História do Cristianismo: para compreender melhor nosso tempo (2009) 
contempla o tema proposto pelo projeto de pesquisa problematizando a submissão dos cristãos 
ao Império Romano, mesmo perseguidos e a conversão de Constantino e do Império, finalizada 
por Teodósio, tanto como apresenta “concorrentes” no momento da ascensão do culto cristão no 
momento da definição do que era fé. Com caráter similar, Christopher Dawson apresenta na sua 
obra A formação da Cristandade: das origens na tradição Judaico-Cristã à Ascensão e Queda 
da Unidade Medieval (2014) fundamentos teóricos nas reflexões sobre a natureza, difusão e 
desenvolvimento da cultura discutida, os primórdios da cultura cristã na Antiguidade e finalize 
com o declínio da cristandade na Idade Média. 
9. REFERÊNCIAS 
ARIÈS, Phillipe. A história das mentalidades. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova. São 
Paulo: Martins Fontes, 1980. 
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