Buscar

Figuras de Linguagem

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR AVANTE! ITAPIPOCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rafael Mota 
 
 
 
 
 
 
 
ITAPIPOCA, AGOSTO DE 2011 
Linguagem Figuras de 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 2 
 
Apresentação: o que são as 
Figuras de Linguagem? 
 
 
raticamente em todas as situações da nossa vida, 
temos a nossa disposição palavras e expressões 
que traduzem nossos sentimentos e emoções. No 
entanto, nem sempre utilizamos essas mesmas pala-
vras e expressões em todas as situações que vivemos. 
Para as situações comuns, corriqueiras, temos um de-
terminado número de palavras e expressões que tra-
duzem muito bem aquilo que queremos comunicar: elas 
vêm automaticamente à nossa cabeça e são facilmente 
entendidas por todos. 
Ainda assim, existem situações em que essas pala-
vras e frases corriqueiras não conseguem traduzir com 
exatidão aquilo que estamos sentindo ou querendo ex-
pressar. Através desse modo de dizer, diferente do co-
mum, procuramos enfatizar as nossas sensações. 
Vimos na aula passada, caro cursista, que existem 
basicamente dois tipos de textos, em termos literários: 
o próprio texto literário, que é aquele em que há a ex-
pressão de sentimentos, e o texto não-literário, utili-
zado apenas para transmitir informações. Para a análi-
se dos textos literários, que são aqueles que vão nos 
interessar, é importantíssimo que conheçamos os con-
ceitos das principais figuras de linguagem, que é a 
utilização da linguagem figurada (ou conotativa) em 
textos que pertencem ao âmbito literário. A linguagem 
figurada ou simbólica surge da necessidade que temos 
de dar maior expressividade ao texto, que, geralmente, 
apresenta intenções literárias ou artísticas. Assim como 
no cinema, por exemplo, a linguagem literária quer sen-
sibilizar o leitor e para isso precisa criar “efeitos especi-
ais” com as palavras para que possam sugerir imagens 
diferenciados da linguagem comum do cotidiano. 
As figuras de linguagem, portanto, surgem do tra-
balho artístico da forma de escolha e combinação das 
palavras na frase, de modo a provocar a possibilidade 
de associação de ideias pela aproximação de sentidos 
múltiplos, conotativos (opostos e/ou semelhantes), e 
de sonoridade (especialmente na poesia) das palavras. 
Com as figuras de linguagem não se busca uma expres-
são racional, lógica e única do pensamento. Pelo con-
trário, tornam o texto subjetivo, aberto a inúmeras in-
terpretações dos leitores, de acordo com suas experi-
ências e visão de mundo. 
Por fim, é interessante observar que as figuras de lin-
guagem servem apenas para expressar aquilo que a lin-
guagem cotidiana não consegue expressar satisfatoria-
mente. Elas são uma forma de o homem assimilar e ex-
pressar experiências diferentes, desconhecidas e novas. 
Por isso elas revelam muito da sensibilidade de quem o 
produz, como a forma que cada indivíduo encara as suas 
experiências no mundo. 
Por razões de organização, costumam-se dividir as 
figuras de linguagem em quatro grandes grupos, os 
quais veremos com mais atenção e detalhe. 
1. Figuras de Palavras (ou tropos) 
 
As figuras de palavras, também conhecidas como 
tropos, consistem no emprego de um termo em um sen-
tido diferente daquele em que esse termo é convencio-
nalmente empregado. Elas podem ser utilizadas tanto 
para tornar mais expressivo aquilo que queremos comu-
nicar quanto para suprir a falta de um termo adequado 
que designe alguma coisa. Além disso, elas fazem com 
que a língua fique mais econômica, uma vez que uma 
palavra, dependendo do contexto, pode assumir dife-
rentes significados. 
As principais figuras de palavras são: 
 
Metáfora 
Do grego meta = mudança + fora = transporte, a 
metáfora consiste na transferência ou transporte do 
significado total de uma palavra para outra palavra, ou 
seja, é a substituição do significado de uma palavra por 
outro, a partir de uma relação de semelhança entre as 
duas palavras. Observe os exemplos: 
 
Joana é a estrela da novela. 
Seus olhos são duas esmeraldas. 
A noite é uma criança. 
“O pavão é um arco-íris de plumas.” (Rubem Braga) 
“Amor é fogo que arde sem se ver.” (Luís de Camões) 
“Teu amor é cebola cortada, meu bem...” (Petrúcio Maia) 
 
Observe que os elementos da metáfora são ligados 
pelo verbo ser, geralmente, ainda que seja possível me-
táforas sem o verbo. O conceito de metáfora é a base do 
surgimento das outras figuras de linguagem. 
 
Comparação (ou Símile) 
Do latim comparatione = confronto, a comparação, 
como o próprio nome já diz, é a associação que existe 
em dois elementos diferentes. Na comparação, os ele-
mentos são comparados através de termos comparati-
vos: como, parece, tal qual, quanto etc. Observe: 
 
Você é burra como uma porta. 
Você e eu parecemos o sol e a lua. 
Minha vida sem você é como morrer. 
“Amou daquela vez como se fosse máquina.” (Chico Buarque) 
“Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo praias 
distantes” (Vinícius de Moraes) 
“As solteironas (...) pareciam aves noturnas paradas...” (Jorge Amado) 
 
Ao se fazer a relação entre a metáfora e a compara-
ção, percebe-se que as duas tem algo em comum: am-
bas comparam termos. O que diferencia os conceitos é 
que a metáfora deixa essa comparação implícita (ocul-
ta) e a comparação costuma sempre explicitar, através 
dos conectivos comparativos, os elementos confronta-
dos. Perceba que basta inserirmos um conectivo com-
parativo nas metáforas (ver frases acima), que elas pas-
sam a ser comparações. 
P
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 3 
 
Metonímia (ou Sinédoque) 
Do grego metonymía, a metonímia, também conhe-
cida como sinédoque, é uma figura de linguagem que 
consiste na substituição de um elemento por outro, 
baseando-se numa relação que há entre eles. Essa rela-
ção pode ser de: 
 autor e obra – quando se usa o nome do autor em 
vez de sua obra. 
Minha professora leu Carlos Drummond para nós. 
“Devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu” (Chico Buarque) 
 marca e produto – quando se usa o nome da mar-
ca em vez do produto. 
Os jovens foram para o bar tomar Brahma. 
“― Você usa Gilette todo dia? ― perguntou Emília.” (Monteiro Lobato) 
 parte e todo – quando se usa apenas a parte de al-
go em vez do todo. 
Muito não têm um teto para morar. 
Seu Sebastião comprou umas 200 cabeças gado. 
 instrumento e utilizador – quando se usa o nome 
do instrumento em vez da pessoa que o utiliza. 
O terceiro violino da orquestra está desafinado. 
Ele é um dos melhores bisturis da cidade. 
 matéria e objeto – ocorre quando se usa a matéria 
que constitui o objeto em vez do próprio objeto. 
O gato quebrou toda a porcelana da casa de D. Gioconda. 
Os bronzes badalam no alto da igreja. 
 recipiente e conteúdo – quando se usa o recipien-
te em vez do conteúdo do recipiente. 
Não estou bêbado; apenas tomei três copos de cerveja. 
Gabriele tomou apenas duas taças de vinho e se embriagou. 
 singular e plural
– quando se usa o elemento no 
singular em vez de usá-lo no plural. 
O homem é o único ser que pensa. 
A mulher ainda enfrenta muitos problemas na sociedade. 
 abstrato e concreto – quando se usa um substan-
tivo abstrato em vez de um concreto. 
Rômulo foi para Paris somente para fazer amizades. 
Os psicólogos são unânimes em uma coisa: a juventude é rebelde. 
 lugar e habitantes – quando se usa o nome do lu-
gar em vez de usar os habitantes que habitam esse 
lugar. 
A América não vai aceitar nunca as injustiças. 
O Brasil cada vez mais se supera quando o assunto é preconceito. 
 indivíduo e espécie – quando se usa um indivíduo 
em particular em vez de utilizar a espécie como todo. 
O homem, no fundo, age pelo instinto. 
A mulher nasceu para sofrer. 
 causa e efeito – quando se usa a causa de algo em 
vez do efeito causado e vice-versa. 
Raimundo vive do suor do seu rosto. (efeito em vez da causa) 
Fabrício se tornou alérgico a cigarro. (causa em vez do efeito) 
Catacrese 
Derivado do grego katáchresis, a catacrese é a figu-
ra de linguagem que consiste na utilização de uma pa-
lavra ou expressão que não descreve com exatidão o 
que se quer expressar, mas ela é adotada por não ha-
ver outra palavra apropriada, ou a palavra apropriada 
não ser de uso comum. Veja: 
 
Sabe o que a cadeira falou para a mesa? Fecha as pernas que eu to 
vendo tudo!!! 
Enterraram o cadáver do médico no mar. 
Cíntia e Marcos embarcaram no avião às 15:30h. 
Ponha um dente de alho naquele tempero que está horrível! 
O braço da cadeira quebrou. 
 
Observe que os elementos em itálico são utilizados 
nas frases acima por não haverem ou por não serem 
comum utilizar outras palavras para denominar esses 
elementos. Isso é uma catacrese. 
 
Sinestesia 
Derivado do grego, a sinestesia é uma figura de lin-
guagem que consiste na mistura, dentro de uma mes-
ma frase ou expressão, de sensações percebidas por 
diferentes órgãos dos sentidos. Observe os exemplos: 
 
O sol de outono caía como uma luz pálida e macia. 
Vejo em teus olhos a música dos teus passos... 
A luz dos sons me contempla... 
“Os carinhos de Godofredo não tinham mais gosto dos primeiros 
tempos”. (Autran Machado) 
“As falas sentidas, que os olhos falavam 
 Não quero, não posso, não devo contar!” (Casimiro de Abreu) 
 
Veja que nos exemplos acima há o cruzamento de 
diferentes sensações percebidas pelos órgãos do sen-
tido. O cruzar da visão com o olfato, do paladar com o 
tato, a audição com a visão etc., constituem a sineste-
sia na literatura. 
 
Antonomásia (ou Perífrase) 
Derivado do grego antonomasía, a antonomásia, 
também conhecida como perífrase, é uma figura de lin-
guagem que consiste na substituição de um nome pró-
prio (ou não) por um apelido, um atributo conhecido e 
característico do elemento. Observe os exemplos: 
 
O rei do pop foi enterrado com as suas devidas glórias. 
Ninguém sofreu mais na infância do que o rei do cangaço. 
A Cidade Maravilhosa é famosa pelas belas praias. 
O Poeta do Escravos escreveu poemas lindos. 
Dizem que o pai da aviação não é brasileiro. 
 
Observe nos exemplo colocados, as expressões em 
itálico referem-se sempre a pessoas que são conheci-
das socialmente através destas expressões, destes “ape-
lidos”. Ao utilizarmos um atributo em vez de utilizar o 
nome real do indivíduo, ocorre a antonomásia. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 4 
 
2. Figuras de Construção (ou sintaxe) 
 
As figuras de construção, também conhecidas co-
mo figuras de sintaxe, dizem respeito aos desvios em 
relação à concordância gramatical entre os termos da 
oração. Muitas vezes, ao falarmos ou escrevermos, des-
viamos da norma padronizada para conseguirmos mai-
or expressividade, clareza e elegância. A estas constru-
ções, que substituem o padrão gramatical por um pa-
drão mais significativo e ligado ao texto, é o que cos-
tumamos chamar de figuras de construção. 
As principais figuras de construção são: 
 
Elipse 
Do grego élleipsis = omissão, a elipse é a omissão de 
um termo dentro da frase. Esse termo, porém, é facil-
mente identificado pelo contexto. Veja os exemplos: 
 
Como estávamos com pressa, preferi não entrar. 
Em cima da mesa, apenas um copo d’água e uma maçã. 
“Este prefácio, apesar de interessante, inútil.” (Mário de Andrade) 
“Veio sem pintura, um vestido leve, sandálias coloridas”. 
(Rubens Braga) 
 
Zeugma 
Do grego zeûgma = junção, a zeugma é um tipo de 
elipse. No entanto, o que diferencia está no fato de que 
a zeugma omite o termo porque ele já foi mencionado 
na frase anteriormente. É uma omissão proposital. Veja 
os exemplos: 
 
Roberta estuda português; Paulo, Matemática. 
A manhã estava ensolarada; a praia, cheia de gente. 
“A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro temível.” 
(Érico Veríssimo) 
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes”. 
(Camilo Castelo Branco) 
 
Pleonasmo 
Do grego pleonasmós = superabundância, o pleo-
nasmo, também conhecido como redundância, é uma 
figura de linguagem que consiste no emprego de pa-
lavras ou expressões que visam reforçar uma ideia. Ob-
serve os exemplos abaixo: 
 
Li a leitura que fala do amor entre duas pessoas. 
Sonhava aqueles sonhos todos os dias. 
Você fala tanto que está me deixando maluco da cabeça. 
“Chovia uma triste chuva de resignação.” (Manuel Bandeira) 
“O que é imortal, não morre no final.” (Sandy e Júnior) 
 “Detalhes tão pequenos de nós dois”. (Roberto Carlos) 
 
Assíndeto 
Do grego asyndeton = disjunção, o assíndeto é uma 
figura de linguagem que consiste na supressão da con-
junção entre elementos coordenados de um período. 
Geralmente, essa conjunção é o e. Observe os exem-
plos a seguir: 
Elisa chegou, dormiu, acordou, saiu. 
Não sopra o vento; não mugem as vacas; não murmuram os rios. 
“A tua raça quer partir, guerrear, sofrer, vencer, voltar.” 
(Cecília Meireles) 
“...Em volta: leões deitados, pombas voando, ramalhetes de flores 
com laços de fita, o Zé Povinho de chapéu erguido.” (Aníbal Machado) 
 
Polissíndeto 
Do grego polysyndeton, o polissíndeto é a figura de 
linguagem oposta ao assíndeto. Enquanto este omite 
as conjunções, o polissíndeto repete o maior número 
de vezes a conjunção do que exige a ordem gramati-
cal. Observe os exemplos abaixo: 
 
E zumbia, e voava, e voava, e zumbia.” (Machado de Assis) 
“O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.” 
(Manuel Bandeira) 
“Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira, / Vibrou-se o golpe.” 
(Alberto de Oliveira) 
“Não é este edifício obra de reis, ...mas nacional, mas da gente por-
tuguesa” (Alexandre Herculano) 
 
Hipérbato (ou inversão) 
Do grego hyperbatón, o hipérbato, também conhe-
cido como inversão, sínquise, anástrofe e hipálage, é a 
figura de linguagem que consiste na inversão da or-
dem natural (sujeito + verbo + complemento) das ora-
ções. Observe os exemplos: 
 
Na praia, brincavam os foliões. 
(Os foliões brincavam na praia) 
Correm pelo parque as crianças da rua. 
(As crianças correm pelo parque da rua) 
“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas 
De um povo heroico o brado retumbante...” (Osório Duque Estrada) 
(Às margens plácidas do Ipiranga, ouviram o brado retum-
bante de um povo heroico) 
 
Anacoluto 
Do grego anakólouthos, o anacoluto é uma figura 
de linguagem que consiste na quebra do esquema ló-
gico de uma frase ou texto. Em outras palavras, é a que-
bra de um pensamento contínuo. Veja: 
 
Eu, porque sou fraco, você fica abusando. 
Meu pai, não admito quem falem dele. 
Quem ama o feio, bonito lhe parece. 
“Eu, que era branca
e linda, eis-me medonha e escura.” 
(Manuel Bandeira) 
“O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você preci-
sa mais de relógio do que eu”. (Rubens Braga) 
 
É importante destacar que, embora o anacoluto se-
ja usado em textos literários, a gramática tradicional o 
considera erro sintático por quebrar, romper o esque-
ma oracional. Portanto, o anacoluto só deve ser utili-
zado com finalidades expressivas literárias, em casos 
muito especiais. Não se deve utilizá-lo em textos cien-
tíficos, redações escolares e concursos. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 5 
 
Anáfora 
Do grego anaphorá, a anáfora é uma figura de lin-
guagem que consiste na repetição da mesma palavra 
ou expressão no início de frases. Geralmente, ocorre 
anáfora em versos, quando cada linha é composta pela 
mesma palavra ou expressão. Observe: 
 
“A minha amada veio de leve 
 A minha amada veio de longe. 
 A minha amada veio em silêncio.” 
(Vinícius de Moraes) 
 
“É um não querer mais que um bem-querer; 
 É um andar solitário por entre a gente; 
 É um nunca contentar-se de contente; 
 É um cuidar que se ganha em se perder.” 
(Luís de Camões) 
 
Silepse 
Do grego syllepsis = ação de comprender, a silepse é 
a figura de linguagem que mais representa as figuras 
de construção. A silepse se afasta das regras gramati-
cais para concordar mais com o sentido das palavras 
no contexto. Ela pode ser de três tipos: 
 de gênero – quando a concordância está gramati-
calmente errada quanto aos gênero das palavras. 
Vossa Excelência ficou admirado quando lhe contei do falso roubo. 
Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito. (Guimarães Rosa) 
 de número – quando a concordância está gramati-
calmente errada quanto ao singular e ao plural. 
O gaúcho é bravo e forte. Não fogem da luta. 
“Ninguém quer comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da fir-
ma.” (José J. Veiga) 
 de pessoa – quando a concordância está gramati-
calmente errada quanto às pessoas do discurso. 
Os brasileiros somos todos orgulhosos pela nossa pátria. 
“Enfim, lá em São Paulo, todos éramos felizes graças ao seu traba-
lho.” (Rubem Braga) 
 
Gradação 
Do latim gradatione, a gradação, também conheci-
da por clímax, é uma figura de linguagem que consiste 
na organização dos elementos de uma frase em ordem 
crescente ou decrescente. Observe: 
 
“Um coração chegando de desejos 
 Latejando, batendo, restringindo...” 
(Vicente de Carvalho) 
 
“Óh, não guardes, que a madura idade 
 Te converta essa flor, essa beleza, 
 Em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.” 
(Gregório de Matos) 
 
Veja que em nosso primeiro exemplo, a sequência 
de verbos apresenta uma gradação crescente; no se-
gundo exemplo, os elementos estão em ordem decres-
cente. 
3. Figuras de Pensamento 
 
As figuras de pensamento consistem numa altera-
ção, num desvio, ao nível da intenção do falante. Essa 
alteração não se dá na expressão, mas anteriormente, 
no próprio processo de elaboração mental da expres-
são. Dessa forma, as figuras de pensamento não podem 
ser detectadas a partir de um termo que substitui outro 
ou de um desvio com relação às normas gramaticais. 
As principais figuras de pensamento são: 
 
Antítese 
Do grego antítheses = oposição, a antítese é, como a 
sua significação já diz, uma oposição. Ela se caracteriza 
pela oposição, pela contrariedade que há entre dois ele-
mentos na mesma frase. Observe: 
 
Uma noite longa para uma vida curta. 
Ame a quem você odeia. 
Nesta cidade habita o amor e o ódio. 
“O esforço é grande e o homem é pequeno.” (Fernando Pessoa) 
“Em contínuas tristezas, morre a alegria.” (Gregório de Matos) 
 “Amigos e inimigos estão, amiúde em posições trocadas.” 
(Rui Barbosa) 
 
Paradoxo (ou Oxímoro) 
Do grego paradoxon, o paradoxo, também conhe-
cido como oximoro, é uma figura de pensamento que 
consiste em exprimir, na mesma frase ideias contrárias 
e absurdas. É um tipo de antítese, mas se expressa mais 
pela incompatibilidade na ideia, ou seja, algo de im-
possível acontecer. Observe: 
 
Amo a todos, mas não amo ninguém. 
Eles de jogam de forma irresponsável, mas com responsabilidade. 
Eu sou um velho moço. 
“É um contentamento descontente.” (Luís de Camões) 
 
Ironia 
Do grego eironeía = dissimilação, a ironia é uma fi-
gura de linguagem que consiste em sugerir, através do 
contexto, o contrário do que as palavras ou orações 
parecem exprimir. Tem como objetivo sempre expres-
sar o contrário do que se diz. Observe os exemplos: 
 
Como eu te amo, seu canalha! 
É um excelente goleiro. Só deixou que marcassem oito gols! 
Quem foi o inteligente que usou o computador e apagou tudo? 
 “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.” 
(Monteiro Lobato) 
 
Eufemismo 
Do grego euphemismós, o eufemismo é uma figura 
de linguagem que consiste no emprego de uma pala-
vra ou expressão mais suave e polida no lugar de ou-
tra, considerada mais grosseira ou ofensiva. Geralmen-
te, sua função é suavizar a expressão, evitando a ofen-
ça ou o insulto. Veja os exemplos: 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 6 
 
O médico disse à paciente que ela estava com os dias contados. 
Durante muito tempo, ela preferiu faltar com a verdade. 
O rapaz vivia passando os cinco dedos nas coisas. 
“Você é desprovido de beleza.” (Joseney Alencar) 
 “Ele vivia de caridade pública.” (Machado de Assis) 
“Ele foi morar junto com Deus.” (Gabriela Prizo) 
 
Hipérbole 
Do grego hyperbolé, a hipérbole é uma figura de pen-
samento que consiste em uma afirmação exagerada 
das coisas. Essa figura de linguagem é utilizada visando 
impressionar o leitor com a ideia exagerada. Veja: 
 
Gustavo, eu estava um século à sua espera! 
Neguei o fato um milhão de vezes, mas não acreditaram. 
Passa um ônibus pro inferno, mas não passa o de Fortaleza! 
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) 
“Queria gritar setenta mil vezes 
 Como são lindos, como são lindos os burgueses.” (Caetano Veloso) 
 
Prosopopeia (ou Personificação) 
Do grego prosopopoíia = personificação, a prosopo-
peia é uma figura de linguagem que consiste na atribui-
ção de características humanas a seres inanimados. Veja: 
 
Não agüento mais! Esta casa me sufoca! 
Quando vais embora parecem que as estrelas choram... 
 “As casas espiam os homens que correm atrás das mulheres.” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
“Os prédios são altos e se espreitam traiçoeiramente com binóculos 
na sombra.” (Rubem Braga) 
 
Apóstrofe 
Do grego apostrophé, a apóstrofe é uma figura de 
pensamento que consiste na interrupção enfática na 
frase para invocar algum ser real ou imaginário. Veja: 
 
Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome... 
Senhor, olhai pelas lamas que clamam a ti! 
Amor, me dá um beijo mais gostoso que sorvete de morango... 
“Nossa senhora, me dê a mão. Cuida do meu coração.” (Roberto Carlos) 
“Tende piedade de mim, Senhor, de todas as mulheres.” 
(Vinícius de Moraes) 
 
 
4. Figuras Sonoras 
 
As figuras sonoras fazem parte de um conjunto de 
figuras de linguagem que possuem como característi-
ca a busca pela expressividade através dos sons provo-
cados pela construção de rimas e outros elementos so-
noros. Também chamadas de figuras de harmonia, as 
figuras pertencentes a este grupo buscam, entre ou-
tras características
repetir os sons ao longo de uma 
oração ou texto, como também busca “imitar” os baru-
lhos e sons produzidos pelas coisas ou seres. Seu obje-
tivo principal é expressar através dos sons. 
As principais figuras de pensamento são: 
Aliteração 
Do francês allitération = letra, a aliteração é uma fi-
gura sonora que consiste na repetição de fonemas no 
início de várias sílabas ou palavras. Em algumas vezes, 
sua intenção é produzir os barulhos da natureza. Veja: 
 
“Acho que a chuva ajuda a gente se ver.” (Caetano Veloso) 
“E ao rufo ruidoso de rouco tambor.” (Fagundes Varela) 
“E fria, fluente, frouxa claridade.” (Cruz e Sousa) 
“Olha a bolha d’água no galho! Olha o orvalho!” (Cecília Meireles) 
 
Assonância 
Do latim assonantia, a assonância é uma figura so-
nora que consiste na repetição, intencional, de deter-
minados sons vocálicos dentro de uma mesma frase. 
Sua intenção é, através dos efeitos sonoros, expressar 
sensações, que podem vir implícitas ou explícitas ao 
longo do poema. Veja: 
 
“A bela bola rola: a bela bola de Raul.” (Cecília Meireles) 
“Esta menina tão pequenina quer ser bailarina.” (Cecília Meireles) 
“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse.” (Eugênio de Casto) 
“Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana. Sou Ana de Amsterdaim.” 
(Chico Buarque) 
 
Onomatopeia 
Do grego onomatopeíia, a onomatopeia é uma figu-
ra de linguagem pertencente ao campo sonoro, que 
consiste na imitação da realidade, ou seja, busca imitar 
os sons e ruídos de seres vivos e coisas: 
 
O tic-tac do relógio não o deixava dormir. 
O blim-blom do sino anunciava o início da Missa. 
“(…) foguetes, bombas, chuvinhas, 
 chios, chuveiros, chiando, 
 chiando 
 chovendo 
 chuvas de fogo 
 chá – Bum?” (Eugênio de Casto) 
 
Cacófato 
Do grego kakóphaton, o cacófato é uma figura de 
linguagem que consiste na formação, geralmente não-
intencional, de palavras que soam desagradável aos 
ouvintes/leitores ao se combinares duas palavras. Ob-
serve: 
 
A empresa é dirigida pela dona Maria. 
Topei dando nela com a vara de toca gado. 
Já que tinha resolvido isso, preferi não me meter em mais nada. 
“Alma minha gentil que te partiste.” (Luís de Camões) 
 
Por fim, devemos sempre lembrar que as figuras de 
linguagem ocorrem somente na língua escrita literária 
e em algumas vezes na língua falada, no cotidiano. É 
interessante esclarecer que ela não deve ser utilizada 
em textos oficiais, como também em redações escola-
res e em outros textos que não pertencem ao literário. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 7 
 
Atividades 
F I G U R A S D E L I N G U A G E M 
 
 
1. Escreva nos parênteses em branco o número corres-
pondente à figura de linguagem do código abaixo: 
 
( 1 ) metáfora ( 4 ) sinestesia 
( 2 ) comparação ( 5 ) catacrese 
( 3 ) metonímia ( 6 ) antonomásia 
 
( ) Virgílio, traga-me uma coca bem gelada! 
( ) Maria quase perdeu o embarque do trem. 
( ) Moisés sempre escrevia palavras brancas e frias. 
( ) Óh, sonora audição colorida do aroma! 
( ) Via-me perdido num labirinto de dificuldades. 
( ) Não podem viver debaixo do mesmo teto. 
( ) Ele é astuto como uma raposa. 
( ) Enterrou o punhal sem pensar nas consequências. 
( ) A mão que toca o violão é perfeita. 
( ) O amor é um arco-íris de tanta cor... 
( ) O Rei dos Reis emociona a todos. 
( ) Ninguém mais acreditava que Danone fazia mal. 
( ) Mal compraram as xícaras e já quebraram as asas. 
( ) Meu pai sempre foi bom de garfo. 
( ) Morgana é a sombra da maldade! 
( ) Teus olhos são duas lindas esmeraldas. 
( ) O aroma negro da noite o perturbava. 
( ) Ria tal qual à mãe. 
( ) O pé da mesa é muito baixo. 
( ) Naquele dia, comeu duas tigelas de chocolate. 
( ) A morte do Rei do Pop entristeceu o mundo. 
( ) Vejo aquela cujo olhar são pirilampos. 
( ) Eu sou uma ilha longe de você. 
( ) Minha professora leu Carlos Drummond para nós. 
( ) O Poeta dos Escravos pertenceu ao Romantismo. 
( ) Ela agia como um ladrão em noite de roubo. 
( ) Todos ouviam o cheiro de romance no ar. 
( ) Meu pensamento é um rio subterrâneo. 
( ) Thomas Edson ilumina o mundo. 
( ) A luz dos sons me contempla. 
( ) Fiquei possessa porque me deram uma Havaiana. 
( ) A Cidade das Luzes é emocionante. 
( ) Meu celular parece um pai-de-santo: só recebe! 
( ) Um beijo teu seria morrer e ir para o céu. 
( ) Na rua, só se viam pernas e mais pernas. 
( ) Um grito áspero revelava tudo o que ela sentia. 
( ) Precisamos cuidar do verde. 
( ) A vida é um palco, onde nós somos os atores. 
( ) A Virgem dos lábios de mel é conhecida mundialmente. 
( ) Téo não sabia quem havia quebrado as pernas da mesa. 
( ) Meu amor é como o infinito: não tem fim... 
( ) Mandei a faxineira limpar todos os meus cristais. 
( ) Na igreja, as mãos se davam em oração. 
( ) Como não sabe fazer nada, vive comendo Miojo. 
( ) Minha vida é um livro aberto: todos sabem de tudo! 
( ) Calou-se diante do doce toque do amante. 
( ) Ninguém fez mais sucesso do que o Rei do Futebol. 
( ) Aqueles olhos são duas jabuticabas de tão pretinhos. 
( ) Teu olhar é como queimar em chama. 
( ) Vejo em teus olhos a música dos teus passos. 
2. Em “Curitiba é conhecida como a Cidade Universitária”, 
temos um exemplo de 
(A) sinestesia. (D) metonímia. 
(B) comparação. (E) perífrase. 
(C) metáfora. 
 
3. Quando você afirma que enterrou no dedo um alfinete, 
que embarcou no trem e que serrou os pés da mesa, 
recorre a um tipo de figura de linguagem chamada 
(A) metonímia. (D) catacrese. 
(B) antítese. (E) metáfora. 
(C) alegoria. 
 
4. Em “O crepúsculo cai, manso como uma bênção”, ocor-
re uma figura de linguagem conhecida como 
(A) metáfora. (D) comparação. 
(B) sinestesia. (E) catacrese. 
(C) sinédoque. 
 
5. No trecho “O pavão é um arco-íris de plumas” temos 
uma 
(A) sinestesia. (D) metonímia. 
(B) comparação. (E) perífrase. 
(C) metáfora. 
 
6. Assinale a alternativa cuja classificação está ERRADA. 
(A) “Oh, a mulher amada é como a onda sozinha correndo 
distantes praias.” (Vinícius de Moraes) – metáfora. 
(B) “Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore.” 
(Cecília Meireles) – metonímia. 
(C) “― Ai, mamãe (...), o travesseiro eu ensopei de lágrimas 
ardentes.” (Carlos Drummond) – sinestesia. 
(D) “A mão que toca o violão se preciso vai à guerra.” (Marcos 
e Paulo Vale) – metonímia. 
(E) “O que sou hoje é como a umidade no corredor do fim 
da casa.” (Fernando Pessoa) – comparação. 
 
7. A catacrese é uma figura de linguagem que consiste no 
emprego de uma palavra diferente do seu sentido real 
por falta de uma outra palavra que caracteriza o ele-
mento abordado. Com base nisso, a alternativa que 
exemplifica o conceito de catacrese é 
(A) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. 
(B) Pareciam que as folhas caíam, suicidas. 
(C) Apressadamente, todos embarcaram no trem. 
(D) O mundo é grande como meu coração. 
(E) Gosto de sentir o cheiro do teu toque. 
 
8. Das frases abaixo, uma delas não correponde a uma 
comparação. Identifique-a. 
(A) Rio como um regato que soa fresco numa pedra. 
(B) É mais estranho do que todas as estranhezas que as coi-
sas sejam realmente o que parecem ser. 
(C) Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério ocul-
to das coisas. 
(D) O pensamento das árvores são tão estranhos quanto 
os dos rios. 
(E) Os meu sentidos são tão aguçados que aprenderam o 
sentido das coisas. 
Cursinho
Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 8 
 
9. Indique as figuras de construção presentes nas cita-
ções abaixo. 
 
a) “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul.” (Paulo Moreira 
da Silva) 
________________________________________________ 
 
b) “Passeiam, à tarde, as belas da Avenida.” (Carlos Drummond 
de Andrade) 
________________________________________________ 
 
c) “E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta.” 
(Olavo Bilac) 
________________________________________________ 
d) “A gente, quando vai ensurdecendo, também vai fican-
do isolado.” (Graciliano Ramos) 
________________________________________________ 
e) “Não estou preparado. Quem está preparado para mor-
rer?” (Carlos Drummond de Andrade) 
________________________________________________ 
f) “A cidade, quando dava oito horas, todo mundo já es-
tava de luz apagada...” (Bernardo Élis) 
________________________________________________ 
g) “Sentei-me na cama, uma dor aguda no peito, o cora-
ção desordenado.” (Antônio Olavo Pereira) 
________________________________________________ 
h) “Sorriu para Holanda um sorriso ainda marcado pelo pa-
vor.” (Viana Moog) 
________________________________________________ 
i) “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
lheu-se, mediu-se.” (Antônio Vieira) 
________________________________________________ 
j) “Meu Deus, 
me dá cinco anos 
Me dá um pé de fedegoso com formiga preta 
Me dá um Natal e sua véspera.” (Adélia Prado) 
________________________________________________ 
k) “E o arco e as setas e a sonora aljava.” (Basílio da Gama) 
________________________________________________ 
l) “Aliás todos os sertanejos somos assim.” (Raquel de Queirós) 
________________________________________________ 
m) “Tão bom se ela estivesse viva para me ver assim.” (An-
tônio Olavo Pereira) 
________________________________________________ 
n) “Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza 
e solidão.” (Ferreira Gullar) 
________________________________________________ 
o) “Nem um minuto se passa 
Nem um inseto esvoaça 
Nem uma brisa perpassa 
Sem uma lembrança aqui.” (Fagundes Varela) 
________________________________________________ 
10. Elipse é uma das figuras de sintaxe mais usadas e po-
de ser definida como sendo a “omissão, espontânea 
ou voluntária, de termos que o contexto ou a situação 
permitem facilmente suprir”. De acordo com definição, 
há um bom exemplo de elipse em 
(A) “― Entre cá dentro ― berrou o guarda.” 
(B) O balão desceu cá pra dentro. 
(C) Lá fora umidade; tinha garoado muito. 
(D) Eu parece-me que tenho uma fome danada. 
(E) Do bar lançou-me para a sarjeta. 
 
11. Em qual das frases ocorre silepse de pessoa? 
(A) Deus e tu o criastes. 
(B) Eu, tu, ele, nós, vós, todos somos filhos de Deus. 
(C) Os 150 milhões de brasileiros falamos o português. 
(D) Teu amigo e eu fomos muito bem recebidos. 
(E) Hoje são 6 de fevereiro. 
 
12. Em “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos 
jardins públicos”, há 
(A) pleonasmo. 
(B) hipérbato. 
(C) silepse de gênero. 
(D) silepse de número. 
(E) silepse de pessoa. 
 
13. Leia. 
 
“Bomba atômica que aterra 
 Pomba atômica 
 Pomba tonta, bomba atômica...” 
 
A repetição de determinados elementos fônicos é um re-
curso estilístico denominado 
(A) hipérbole. (D) aliteração. 
(B) metonímia. (E) metáfora. 
(C) sinédoque. 
 
14. Leia. 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” 
(Cruz e Sousa) 
 
No texto de Cruz e Sousa temos exemplo de 
(A) anacoluto. (D) aliteração. 
(B) eufemismo. (E) hipérbole. 
(C) metáfora. 
 
15. Na frase “O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se” 
ocorre processo de gradação. NÃO há gradação na se-
guinte alternativa: 
(A) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou. 
(B) O avião decolou, ganhou altura e caiu. 
(C) O balão inflou, começou a subir e apagou. 
(D) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frus-
trou-se. 
(E) João pegou um livro, ouviu um disco e saiu. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 9 
 
16. Escreva nos parênteses em branco o número corres-
pondente à figura de linguagem do código abaixo: 
 
( 1 ) paradoxo ( 4 ) eufemismo 
( 2 ) ironia ( 5 ) apóstrofe 
( 3 ) hipérbole ( 6 ) prosopopeia 
 
( ) Na ausência, terias a presença multiplicada. 
( ) Meus amigos, cortai o mal pela raiz. 
( ) Lendo apenas as páginas esportivas você vai ter um 
grande conhecimento cultural. 
( ) Deus! Deus! Onde estás, que não respondes? 
( ) Um dia ainda hei de adormecer no derradeiro sono. 
( ) Nossa Carlos! Você está tão magro com seus 120kg! 
( ) Thiago não podia deixar Simone, nem suportá-la. 
( ) A natureza parece estar chorando com tanta poluição. 
( ) Eu já lhe disse um milhão de vezes para não exagerar. 
( ) Honório rasgou o bilhete em mil pedacinhos. 
( ) Rosana descobriu que tinha um caroço no seio. 
( ) As montanham pareciam dançar naquele vale. 
( ) Pedro foi desta para melhor. 
( ) Você limpa tão bem que quase caí nesta sujeira. 
( ) A morte roubou-lhe o filho mais querido. 
( ) “Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na vés-
pera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas 
desde Adão e Eva.” (Machado de Assis) 
( ) “É um não querer mais que um bem querer / É um an-
dar solitário por entre a gente.” (Luís de Camões) 
( ) “Quando a indesejada das gentes chegar.” (Manuel Ban-
deira) 
( ) “Parece que toda cidade precisava ter um louco na rua 
para chamar o povo à razão.” (José J. Veiga) 
( ) “Tendes a volúpia suprema da vaidade, que é a vaida-
de da modéstia.” (Machado de Assis) 
 
17. (ENEM/1998) Leia o soneto abaixo. 
 
Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer. 
 
É um não querer mais que um bem querer; 
É um solitário andar por entre a gente; 
É nunca contentar-se de contente; 
É um cuidar que se ganha em se perder; 
 
É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata lealdade; 
 
Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o Amor? 
(Luís de Camões) 
 
O poema tem, como característica, a figura de linguagem 
denominada antítese, relação de oposição de palavras 
ou ideias. Assinale a opção em que essa oposição se faz 
claramente presente. 
(A) “Amor é fogo que arde sem ser ver.” 
(B) “É um contentamento descontente.” 
(C) “É servir a quem serve, o vencedor.” 
(D) “Mas como causar pode seu favor.” 
(E) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?” 
 
18. Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da 
atualidade, é autor de Bicho Urbano, poema sobre a 
sua relação com as pequenas e grandes cidades. 
 
Bicho Urbano 
 
Se disser que prefiro morar em Pirapemas 
ou em outra qualquer pequena cidade do país 
estou mentindo 
ainda que lá se possa de manhã 
lavar o rosto no orvalho 
e o pão preserve aquele branco 
sabor de alvorada. 
..................................................................... 
A natureza me assusta. 
Com seus matos sombrios suas águas 
suas aves que são como aparições 
me assusta quase tanto quanto 
esse abismo
de gases e de estrelas 
aberto sob minha cabeça. 
Ferreira Gullar. Toda Poesia. 
Rio de Janeiro: José Olympio, 1991. 
 
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poe-
ta reconhece elementos de valor no cotidiano das peque-
nas comunidades. Para expressar a relação do homem com 
alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, cons-
trução de linguagem em que se mesclam impressões sen-
soriais diferentes. Assinale a alternativa em que se obser-
va esse recurso. 
(A) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada”. 
(B) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no or-
valho”. 
(C) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas 
águas”. 
(D) “suas aves que são como aparições / me assusta quase 
tanto quanto”. 
(E) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de ga-
ses e de estrelas”. 
 
19. (ENEM/2004) Leia a tirinha abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais 
conhecidas figuras de linguagem para 
(A) condenar a prática de exercícios físicos. 
(B) valorizar aspectos da vida moderna. 
(C) desestimular o uso das bicicletas. 
(D) caracterizar o diálogo entre gerações. 
(E) criticar a falta de perspectiva do pai. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 10 
 
20. Leia. 
 
Equívocos 
 
― A minha filha tem cem mil pares de sapato. 
― E a minha tem um milhão de bolsas. Todo dia é uma nova. 
― Pior meu filho que já repetiu de ano 327 vezes. 
― Tudo por causa das oitocentas namoradas, né? Aposto. 
― Ah, amiga. Cê viu a filha da Bernadete? 
― O quê que tem ela? 
― Tá namorando um cara 200 anos mais velho. 
― O namorado da minha tem um Chevette que deve ter 
custado no máximo 0,50 centavos. Aquela lata velha. 
― Vou indo. Tenho trezentas coisas pra fazer em casa. 
― Também já vou. Preciso lavar as milhares de louças que 
estão na pia. 
― Eu vou dar remédio ao meu filho. Ele está com 90 graus 
de febre. 
― E eu vou botar o almoço do Pedrinho que benza Deus, 
come uma tonelada. 
― Tchau, queridas. mil beijos. Um abraço nos diabinhos. 
Mães... Definitivamente, elas não têm noção nenhuma de 
quantidade, razão ou proporção. 
Disponível em 
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1939336. 
Acessado em 15/1/2011. 
 
O humor do texto decorre de uma linguagem que foi cons-
truída utilizando como recurso uma figura de linguagem 
denominada 
(A) antítese. (D) oximoro. 
(B) hipérbole. (E) ironia. 
(C) eufemismo. 
 
21. (ENEM/2009) Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura 
de retórica em que se combinam palavras de sentido 
oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, 
no contexto, reforçam a expressão. 
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. 
 
Considerando a definição apresentada, o fragmento poé-
tico da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, 
em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é 
(A) “Dos dois contemplo 
rigor e fixidez. 
Passado e sentimento 
me contemplam.” (p. 91) 
(B) “De sol e lua 
De fogo e vento. 
Te enlaço.” (p. 101) 
(C) “Areia, vou sorvendo 
A água do teu rio.” (p. 93) 
(D) “Ritualiza a matança 
de quem só te deu vida. 
E me deixa viver 
nessa que morre.” (p. 62) 
(E) “O bisturi e o verso. 
Dois instrumentos 
Entre as minhas mãos.” (p. 95) 
Leia. 
 
Metáfora 
 
Uma lata existe para conter algo 
Mas quando o poeta diz: “Lata” 
Pode estar querendo dizer o incontível 
 
Uma meta existe para ser um alvo 
Mas quando o poeta diz: "Meta" 
Pode estar querendo dizer o inatingível 
 
Por isso, não se meta a exigir do poeta 
Que determine o conteúdo em sua lata 
Na lata do poeta tudonada cabe 
Pois ao poeta cabe fazer 
Com que na lata venha caber 
 
O incabível 
Deixe a meta do poeta, não discuta 
Deixe a sua meta fora da disputa 
Meta dentro e fora, lata absoluta 
Deixe-a simplesmente metáfora 
Gilberto Gil. Disponível em 
 http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/487564/. 
Acessado em 5/2/2009. 
 
22. (ENEM/2009 [prova anulada]) A metáfora é a figura de lin-
guagem identificada pela comparação subjetiva, pela 
semelhança ou analogia entre elementos. O texto de 
Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a 
essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a 
metáfora é 
(A) “Uma lata existe para conter algo.” 
(B) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’.” 
(C) “Uma meta existe para ser um alvo.” 
(D) “Por isso não se meta a exigir do poeta.” 
(E) “Que determine o conteúdo em sua lata.” 
 
23. Leia o texto abaixo. 
 
Retrato com as cores de um país 
 
Se não fosse muito esquisito comparar cidades com mulhe-
res, eu diria que o Recife tem o físico, a psicologia, a graça aris-
ca e seca, reservada e difícil de certas mulheres magras, more-
nas e tímidas. Porque, não reparam que há cidades que são o con-
trário disso? Cidades gordas, namoradeiras, gozadoras? O Rio, 
por exemplo, Belém do Pará, São Luís do Maranhão são cidades 
gordas. A Bahia é gordíssima. São Paulo é enxuta. Mas Fortale-
za e o Recife são magras. 
Disponível em www.bonde.com.br. Acessado em 15/1/2011. 
 
O conjunto de atributos dados às cidades referidas é 
exemplo de: 
(A) ironia. 
(B) eufemismo. 
(C) paradoxo. 
(D) prosopopeia. 
(E) metonímia. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 11 
 
Revendo o que você aprendeu... 
I N T R O D U Ç Ã O À L I T E R A T U R A 
 
 
 Leia as declarações abaixo e julgue, pintando o qua-
dradinho, aquelas que você considerar verdadeiras, le-
vando em consideração nossos estudos de Literatura 
feitos na aula passada. 
 
 O termo Literatura é uma disciplina muito ampla, que 
envolve vários outros aspectos. 
 O Soneto é uma composição poética que possui sem-
pre a mesma estrutura estética. 
 Literariamente, não existe diferença entre um poema 
escrito e uma poesia. 
 O texto literário é bastante usado na mídia impressa, 
como em jornais e revistas. 
 O gênero dramático faz parte do grupo dos gêneros 
literários por conter elementos expressivos da língua. 
 A objetividade é uma característica bastante presente 
nos gêneros líricos. 
 Uma estrofe sem rimas é conhecido na literatura co-
mo versos brancos. 
 A Literatura, como toda arte, é uma representação da 
realidade em que vivemos. 
 O texto conotativo se caracteriza pela presença de uma 
linguagem que se aproxima mais do interlocutor. 
 Os textos literários empregam exclusivamente a lingua-
gem denotativa. 
 Os poemas são um gênero textual que estruturalmen-
te, é dividido em versos e estrofes. 
 As manifestações literárias brasileiras ocorreram desvin-
culadas das outras manifestações do país. 
 A prosa é a forma textual mais comum em que os tex-
tos escritos costumam aparecer. 
 Um período literário é constituído por um conjunto de 
obras, espacial e temporariamente limitadas. 
 O verso se distingue da prosa por dispor as palavras na 
linha, formando estrofes. 
 O estudo da Literatura está dissociado da arte, bem co-
mo das outras manifestações linguísticas. 
 Para que um texto pertença ao âmbito literário, ele pre-
cisa apresentar certas propriedades específicas. 
 Muitas vezes, uma mesma palavra pode apresentar di-
versos significados, fato característico da conotação. 
 O gênero lírico se expressa tão somente pela narrativa 
de caráter heroico. 
 O Soneto, na Literatura, pode ser constituído com ri-
mas ou com versos brancos.
 A função dos textos pertencentes ao gênero drama-
tico é serem encenados para expectadores. 
 A objetividade se caracteriza pela existência real daqui-
lo que se concebe teoricamente. 
 A Literatura está envolvida com as outras formas de 
arte; por isso, é uma arte não-verbal. 
 O gênero épico se caracteriza por uma narrativa que 
possui um caráter de valorização heroica. 
 A poesia se caracteriza pela existência de aspectos 
especiais, como a sonoridade, imagens subjetivas etc. 
 A linguagem literária se caracteriza pela expressivida-
de poética. 
 A arte literária, diferentemente dos outros tipos de ar-
te, caracteriza-se por produções estético-culturais que 
tem como princípio formulador a utilização da palavra 
como meio propagador de ideias. 
 A poesia lírica tem como principal objetivo a influên-
cia literária e artística nos processos históricos de um 
povo ou civilização. 
 A beleza das palavras está na forma infinita que se 
tem de combiná-las, transmitindo diversas formas de 
ver o mundo em que vivemos e como atuar como sujei-
tos deste mundo. 
 Cada período literário apresentava suas próprias carac-
terísticas, acompanhada de representantes que visa-
vam a criação de um novo conceito de arte, uma arte 
que correspondesse às ideias de cada manifestação. 
 Os escritores, embora busquem uma reflexão de seus 
textos juntamente com o leitor, não possuem a obri-
gação de explicá-los, ou seja, não revelam traços carac-
terísticos que é de função dos estudiosos revelarem. 
 Dependendo da intenção do escritor, seu texto apre-
sentará sempre características e marcas próprias que 
definirão a sua forma e o seu modo de escrever e de 
refletir sobre o mundo que vive. 
 Uma vez que a linguagem literária é subjetiva, o escri-
tor tem toda a liberdade de utilizar as palavras de for-
ma a deixar claro se modo de ver a vida e a forma que 
ele encontra de refletir sobre a realidade. 
 A função da Literatura é transfigurar, de forma bastan-
te peculiar, uma realidade, utilizando-se para isso, meios 
e formas artísticas como instrumentos de transfigura-
ção. 
 A Literatura visa mexer apenas com os comportamen-
tos sociais, não interferindo no psicológico do ser hu-
mano e em sua forma de expressar suas opiniões acer-
ca do mundo. 
 A função da poesia é criar, como todas as artes e atra-
vés de um mundo irreal, sentimentos e produzir um 
encanto emotivo, com puro e elevado prazer. 
 Arte, imaginação, palavra e história fazem parte da 
Literatura. Esses elementos dão à arte literária um va-
lor excepcionalmente estético e ficcional. 
 Para compreender os textos mais representativos de 
uma literatura, precisamos estudá-los de modo siste-
mático, ou seja, analisá-lo em todos os seus aspectos. 
 É função também da literatura ensinar a “dominar as 
palavras que não nos obedecem”, além de tentar de-
cifrá-las em diferentes textos como forma de descobrir 
novos mundos. 
 A literatura brasileira se formou através da literatura 
portuguesa, no momento em que o Brasil se tornou 
colônia político-cultural dos portugueses. 
 A conotação não pertence somente à linguagem lite-
rária, podendo ser encontrada em diferentes textos, 
como os que vemos na mídia impressa no geral. 
 Só se produz um texto literário quando a intenção do 
escritor ultrapassa os limites da mera informação ou de 
uma proposta de reflexão sobre a condição humana. 
 Cada obra literária é única, individual, pois o autor im-
prime um tratamento particular, muito pessoal, às carac-
terísticas genérica de um período literário. 
 Para despertar no leitor diferentes sensações, o autor 
se utiliza da palavra em seus infinitos sentidos. 
Cursinho Pré-Vestibular Avante! Itapipoca Literatura Brasileira – Figuras de Linguagem | 12 
 
 
Este é um material elaborado por mim, 
professor Rafael Mota. Alguns trechos 
aqui contidos, como citações, poemas, 
definições literárias e outros comentá-
rios, foram retirados de fontes fidedig-
nas e dou todo o crédito a seus verda-
deiros autores. No entanto, o restante 
das informações contidas acima é de 
minha inteira responsabilidade. 
 
É proibida qualquer forma de di-
vulgação deste material (incluindo 
cópia, alteração ou disponibilização 
na internet) com fins lucrativos. 
 
O CONHECIMENTO É GRATUITO! 
ATENÇÃO!

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais