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Lei dos crimes hediondos 8072

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Lei dos crimes hediondos 8072/90 – Rogério Sanches
O que é crime hediondo?
De acordo com o sistema legal compete ao legislador com rol taxativo anuncias quais delitos são considerados hediondos. Esse sistema ignora a gravidade do caso concreto.
De acordo com o sistema judicial é o juiz que, diante do caso concreto, decide se é ou não hediondo. Esse sistema fere a taxatividade, não há segurança jurídica.
De acordo com o sistema misto o legislador apresenta um rol exemplificativo, oportunizando o juiz no caso concreto complementar este rol. Esse sistema acaba reunindo as críticas dos sistemas anteriores.
O Brasil adotou o sistema legal. Art. 5º, XLIII – Hediondo é o que o legislador define, considerado horrendo. O legislador apresenta um rol taxativo dos crimes hediondos. O que está na lei 8072/90 é crime hediondo. Se você praticou um dos crimes ali definidos você vai sofrer as consequências desta lei. Mas tem doutrina dizendo: nada impede que o juiz analisando o caso concreto não encontre requintes de hediondez e, assim, ele poderá fundamentadamente deixar de incidir as consequências desta lei. Criação de uma “cláusula salvatória”, permitindo que a depender das circunstâncias do caso concreto, o juiz afaste a natureza hedionda de um crime do rol da lei 8072/90.
O art. 5º, XLIII impõe patamar mínimo ao legislador (MANDADO CONSTITUCIONAL DE CRIMINALIZAÇÃO)
O que é mandado constitucional de criminalização:
As Constituições modernas não se limitam a especificar as restrições ao poder do Estado e passam a conter preocupações com a defesa ativa do indivíduo e da sociedade em geral. A própria Constituição impõe a criminalização visando à proteção de bem e valores constitucionais, pois do Estado, espera-se mais de uma atividade defensiva. Requer-se torne eficaz a Constituição, dando vida aos valores que ela contemplou.
Logo, a lei 8072/90 definiu os crimes hediondos anunciando as consequências penais e processuais, obedecendo o mandado constitucional de criminalização.
O artigo inaugural da lei 8072/90 já começa gritando quais os crimes que são considerados hediondos: aqui os incisos vão rotular como hediondo crime tipificado no código penal, pouco importando se consumado ou tentado.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);  
Obs1: é a única hipótese em que o homicídio do 121 caput é considerado hediondo. Inclusive é chamado de homicídio condicionado.
0b2s: com o advento da lei 12 720/12, essa forma do crime passou a ser majorada. §6º do art. 121, majora a pena do homicídio em duas hipóteses, quando praticado por grupo de extermínio e quando praticado por milícia. Mas só quando praticado por grupo de EXTERMÍNIO que será considerado hediondo, por milícia não é hediondo por falta de previsão legal.
Obs3: a doutrina, com razão, entende ser praticamente impossível conceber um crime de homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio no qual não esteja presente uma das qualificadoras do §2º do art. 121do código penal. Nesse caso, por força do princípio da especialidade, deverá prevalecer a figura do homicídio qualificado, o que acaba por demonstrar o quanto foi inócua esta mudança produzida pela Lei n. 8.930/92.
Homicídio qualificado:
Obs1: será hediondo o homicídio qualificado, não importando a circunstância qualificadora presente no caso concreto. 
Obs2: é dominante o entendimento no sentido de ser possível o reconhecimento do homicídio qualificado privilegiado, combinado-se os §§ 1º e 2º, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva, por exemplo incisos III, IV. Agora esse homicídio qualificado privilegiado é hediondo? Já que o privilegiado não é hediondo. Na hipótese de os jurados reconhecerem a existência de homicídio qualificado-privilegiado, tal crime jamais poderá ser considerado hediondo. Primeiro, porque não há qualquer referência ao homicídio privilegiado na lei. Segundo, porque seria absolutamente incoerente rotular como hediondo um crime de homicídio cometido, por exemplo, mediante valor moral ou social. Por fim, como as causas de diminuição de pena enumeradas no art. 121, § 1º, do CP, têm natureza subjetiva, e as qualificadores porventura reconhecidas neste homicídio qualificado-privilegiado devem, obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de se reconhecer a natureza preponderante daquelas, aplicando-se raciocício semelhante àquele constante do art. 67 do CP.
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Só será considerada como hediondo a lesão corporal gravíssima e a seguida de morte, embora o §12 do artigo 129 tenha aumentado as penas das outras lesões corporais. Agora, é importante lembrar que essa disposição não retroage, passaram a ser hediondos após a lei 13.142/15.
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);          (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
O art. 157, § 3º, traz duas qualificadoras, a de lesão grave e a com resultado morte. Mas apenas a com resultado morte o roubo é considerado como hediondo, chamado de latrocínio, não o parágrafo inteiro. Para a ocorrência do latrocínio o resultado morte deve ter sido causado ao menos culposamente, isto é, roubo seguido de morte culposa ou roubo seguido de morte dolosa é latrocínio. Isso desde que a morte seja meio e a subtração seja o fim. Para caracterizar latrocínio a morte deve decorrer da violência empregada no roubo, não abrangendo grave ameaça. Se a morte advem não da violência empregada, mas sim da ameaça, aí não temos latrocínio. Para caracterizar latrocínio, é necessário: a) que a morte decorre de violência empregada durante e em razão do assalto.
A doutrina entende haver também concurso de roubo e homicídio – e não latrocínio- quando um dos assaltantes mata o outro, para, por exemplo, ficar com todo o dinheiro subtraído, ainda que a morte ocorra durante o assalto. Isso porque, no caso, o resultado morte atingiu o próprio sujeito ativo do roubo. Por outro lado, se o agente efetua um disparo para mata a vítima, mas, por erro de pontaria, acaba atingindo e matando seu comparsa, o crime é de latrocínio. Nessa caso, ocorreu a chama aberratio ictus (art. 73), em que o agente responde como se tivesse atingido a pessoa visada.
Súmula 610 do STF – o latrocínio está consumado com a morte, mesmo que o agente não consiga subtrair o objeto.
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);  (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Da mesma forma que no crime de roubo, a extorsão somente será hedionda se qualificada pelo resultado morte.
Por força da lei n. 11.923/09, foi acrescido um §3º ao art. 158 do código penal, para tipificar o denominado sequestro relâmpago. Esse crime, havendo morte, é hediondo? A corrente majoritária acredita que não, já que não houve previsão legal nesse sentido.
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);           (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Pouco importa se na forma simples ou qualificada, independe da modalidade. 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);  
o delito de estupro também é hediondo independentemente da modalidade.
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pouco importa se simples ou qualificado. o STJ entendeu que o estupro de vulneráveljá era hediondo antes da lei 12.015/2009.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o).   (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Somente a propagação de doença humana é que configura o crime, já que em se tratando de enfermidade que atinja plantas ou animais o crime será do art. 61 da lei 9605/98 e não é hediondo.
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).           (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).              (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
Existe algum crime hediondo que não está no código penal? Tráfico de drogas, tortura e terrorismo são equiparados a hediondo pela Constituição Federal. Existe o genocídio, previsto no art. 1º, parágrafo único.
Parágrafo único.  Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.                  (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017)
E os crimes militares respectivos? Percebe-se que o legislador não o cuidado de conferir natureza hedionda aos crimes militares. A disparidade de tratamento do crime militar e do crime comum já foi questionada no supremo, que disse que isso não revela inconstitucionalidade.
Consequências penais e processuais penais para o crimes rotulados como hediondos.
O art. 2º - diz que os crimes hediondos são insucetiveis deanistia, graça e indulto. O indulto não está previsto na constituição, então uma primeira corrente diz que a vedação do indulto é inconstitucional, e para essa corrente as vedações previstas na CF são máximas, não poderia o legislador ordinário suplantá-las. Prevalece a segunda corrente, que diz que a ampliação é constitucional. As vedações constitucionais são mínimas, podendo o legislador ampliá-las. Aliás, a CF 88 quando proíbe graça, proíbe também indulto, que nada mais é do que graça coletiva. O STF adota a segunda teoria.
Por força do princípio da humanidade, até mesmo condenados por crimes de especial gravidade têm o direito ao indulto humanitário. Uma segunda corrente diz que não, pois a CF proíbe o indulto, inclusive o humanitário. O STJ tem julgados de acordo com a primeira corrente, porém o STF tem julgados com a segunda corrente, não extinguindo a punibilidade. 
Art.2, II – Fiança – são insuscetíveis de fiança. 
1º - o STF declarou inconstitucional o regime inicial fechado, de acordo o supremo isso viola o princípio da individualização da pena. Na fixação da pena o juiz deve observar as sumulas 718 e 719 do STF.
2º- pregressão de regime por 2/5 ou 3/5 se reincidente. 
Súmula v 26 e sumula 471 STJ
Cabe restritiva de direitos ou sursis ?
Uma corrente diz que não cabe pois são benefícios incompatíveis com a gravidade de crimes dessa natureza. Uma segunda corrente diz que cabe, pois não há vedação a tais benefícios
É possível remição para crimes hediondos ou equiparados?
A lei não proíbe sequer implicitamente, tratando-se de importante instrumento de ressocialização.
É possível trabalho externo para crimes hediondos ou equiparados?
Mais uma vez, a lei não veda. Então preenchidos os pressupostos dos arts. 36 e 37 da lep, o trabalho externo é admitido. 
É possível prisão domiciliar para os crimes hediondos e equiparados?
Preenchidos os requisitos do art. 117 da lep, pois a lei 8072/90 não proíbe.

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