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GEOLOGIA APLICADA À ENGENHARIA AULA 09 Águas Superficiais: rios, lagos, mares e construções associadas. Planeta Terra Único Planeta já conhecido do Universo com água nos três estados físicos fundamentais, equivalendo a um volume estimado em torno de 1,4 bilhões de km 3 . Tendo em vista os grandes volumes de capital necessários aos projetos de utilização das águas superficiais – construção de açudes, estações de recalque, adutoras e estações de tratamento, principalmente – os investimentos são feitos, regra geral, com dinheiro público. Por causa disso desenvolve-se a ideia de que o fornecimento de água a qualquer preço é uma obrigação do estado e verifica-se uma falta de compromisso com o seu uso eficiente. Águas Superficiais O Brasil destaca-se no cenário mundial como detentor de 53% da água doce da América do Sul e 12% do total mundial. A abundância trouxe a cultura do desperdício e a não realização de investimentos no setor para um uso e proteção mais eficientes. No Brasil, a partir de 1997, com a Lei Federal Nº. 9433 (Política Nacional de Recursos Hídricos), o uso da água passou a ser cobrado e, as regiões com alto potencial hídrico, principalmente de águas subterrânea, ganharam um importante bem mineral para compor a matriz econômica. Para se alcançar um uso mais eficiente da água disponível no mundo, uma das recomendações do Banco Mundial (BM) e da Organização das Nações Unidas (ONU) é considerá-la uma mercadoria, com preço de mercado. Na Amazônia, a população tem se acostumado a abrir as torneiras e deixar a água correr sem ter noção dos problemas que se enfrenta para captação e tratamento das águas. Sabe-se que o organismo humano pode privar-se de alimento por alguns dias. Mas, privando-se de água ele morrerá rapidamente. Não admira, pois que, desde muito antes que o homem primitivo houvesse deixado sua presença sobre a Terra por meio de inscrições nas paredes de suas cavernas a água tenha sido a força propulsora de toda a civilização. Tem sido ao longo de hidrovias que o homem tem se movimentado, desde os tempos remotos, ao procurar expandir sua cultura e dominar sempre mais as regiões incultas. Basta se observar as maiores cidades das nações e atentarmos para suas relações com o oceano, com um lago ou com um rio, para se constatar que, a despeito de nossa habilidade em vencermos o tempo, distância e espaço, não deixamos de estar subordinados à agua. O fato de ser a água o mais essencial entre todos os minerais, que o homem aprendeu a utilizar nos seus estados líquido, sólido e vapor, tem amparo na própria Bíblia. Os Livros Sagrados estão entremeados de inserções sobre a importância da água para aquela época. Também para as civilizações pagãs que precederam a era cristã, a água era considerada de suma valia. Ruínas escavadas na Índia, datando mais de 5000 anos, revelam sistemas de abastecimento de água e de drenagem tão completos que incluíam piscinas de natação e banho. Onde se tem conseguido atender à demanda de água potável, a nação tem progredido e os padrões de vida têm melhorado. Onde isso não foi conseguido, o progresso retarda e os padrões de vida permanecem baixos. Existe uma tendência, em geral até justificada, das pessoas exagerarem na importância das águas superficiais em detrimento das águas subterrâneas. As águas de superfícies podem ser vistas. Além disso, enormes somas de dinheiro têm sido gastas em construções de represas, barragens, reservatórios artificiais (açudes) aquedutos e canais de irrigação envolvendo águas de superfície. É natural que se queira considerar essa fonte como a mais importante para abastecimento de nossas necessidades. Segundo Rebouças (1995) os grandes marcos da Hidrogeologia compreendem as seguintes etapas: Fase Empírica – Se estende desde os primórdios da civilização, há cerca de 10.000 anos a.C., quando foram escavados os primeiros poços para abastecimento humano, animal e irrigação até a experiência de Darcy, em 1856 d.C. Q = -K A (dh/dL) (dh/dL) = i (gradiente hidráulico) Com o famoso teorema sobre o deslocamento de fluidos, apresentado no Tratado de Hidrodinâmica de Bernoulli (1738), e a lei de Darcy (1856) sobre os fluxos nos meios porosos, teve início a fase quantitativa da Hidrogeologia. Esta fase de abordagem científica teve um grande impulso, graças ao sucesso dos poços artesianos perfurados na França a partir de 1126, em Artois, de onde deriva o nome artesiano que foi dado ao poço jorrante. AQUÍFEROS, AQUITARDES E AQUICLUDES Aquíferos: formação geológica capaz de armazenar e transmitir "quantidades significativas" de água sob gradientes naturais. Quantidades significativas: são aquelas economicamente viáveis, por exemplo, para suprir: O conceito de aquífero é, portanto relativo (em regiões desérticas 5m 3 /dia pode caracterizar uma camada geológica como aquífero). Aquitardes: são formações que armazenam água, mas não a transmitem com facilidade (tipicamente argilas e folhelhos). São menos permeáveis que os aquíferos. Obs.: os folhelhos são rochas com grãos do tamanho das argilas e possuem lâminas finas e paralelas esfoliáveis. Não são importantes do ponto de vista de produção de água, mas podem ser do ponto de vista de poluição (concentrações muito pequenas, da ordem de partes por bilhão de benzeno ou organoclorados podem causar danos à saúde). Aquicludes: caso extremo de aquitarde; podem ser considerados impermeáveis em termos práticos. São rochas que apesar de terem uma grande porosidade, possuem uma permeabilidade baixa não permitindo que a água flua em seu meio. Um aquiclude apesar de armazenar água não pode ser chamado de aquífero. Exemplos de aquiclude são certas rochas vulcânicas que possuem muitos poros, mas estes não se comunicam entre si. Camadas de material argiloso também se comportam como aquiclude, pois possuem grande porosidade e baixa permeabilidade. Só que neste caso a água não consegue fluir porque os diâmetros dos poros são muito pequenos. Observação: a necessidade de considerar problemas de poluição não permite tratar nenhuma formação geológica como impermeável. Sendo assim, vejamos os tipos de aquíferos: Aquífero livre ou freático Os aquíferos livres ou freáticos foram os primeiros explorados pelo ser humano. Apresentam a porção inferior delimitada por rochas permeáveis ou semipermeáveis e a porção superior livre – por isso o nome –, estando, em alguns casos, acima do nível do solo, o que acaba por originar os charcos e pântanos. Em locais como altos de morros e serras, o nível de água pode ser bastante profundo; próximo aos rios, o nível é mais baixo, podendo-se encontrar água a profundidades inferiores a um metro. Sua recarga ocorre de forma livre pela infiltração direta da água das chuvas, sendo que o tipo de cobertura do solo (vegetação, pavimentação, plantações, entre outros) e a inclinação do terreno são fatores que tornam o processo de infiltração variável. A descarga se dá em áreas de contato com rios, lagos, mares e nas nascentes, quando a água brota naturalmente do aquífero freático para a superfície, originando um córrego. Em função da sua pouca profundidade, os aquíferos freáticos são facilmente contaminados, sendo que grande parte desse tipo de depósito de água em área urbana já se encontra nessa situação. Aquífero confinadoou artesiano Os aquíferos artesianos são aqueles que estão entre camadas de rochas permeáveis ou semipermeáveis a profundidades maiores, onde a circulação de água é menos intensa que nos aquíferos freáticos. Em função da grande profundidade e da pressão exercida pelas camadas adjacentes de rocha, a pressão nos aquíferos artesianos é maior que a pressão atmosférica, portanto a maioria dos poços perfurados nesse tipo de aquífero tende a jorrar. Os aquíferos artesianos apresentam diferenças quanto ao tipo de rocha a que estão associados. Vejamos: Aquífero de fraturas No local de ocorrência de rochas ígneas ou metamórficas formam-se os aquíferos de fraturas ou fissuras, pois esses tipos de rochas tendem a apresentar fraturas que são ocupadas pela água. A perfuração de poços depende da precisão em acertar uma fratura significativa, o que nem sempre é possível de se calcular previamente. Em geral, trata-se dos menos produtivos; mas, por questões de localização geográfica, são muito importantes para o abastecimento em nosso país, pois vários estão localizados em áreas que comportam grandes cidades e, assim, são largamente utilizados no abastecimento. Aquíferos porosos Consistem nos aquíferos mais relevantes, por apresentarem a maior capacidade de armazenamento de água e por abrangerem grandes áreas. O Aquífero Alter do Chão é desse tipo. Esses aquíferos ocorrem em materiais de origem sedimentar, cuja principal característica é a grande e homogênea porosidade, o que permite à água escoar em qualquer direção. A recarga desse tipo de aquífero é mais intensa do que nos de fissura. Aquíferos cársticos São aquíferos associados a rochas carbonáticas, as quais apresentam bastante sensibilidade ao desgaste por ação da água. Dessa forma, as fraturas nesse tipo de rocha alargam-se pelo fluxo de água, formando verdadeiros rios subterrâneos. A água forma os rios, lagos, oceanos, geleiras, lençóis subterrâneos e o vapor de água do ar atmosférico do planeta. A água é o constituinte inorgânico essencial dos seres vivos. Sabe-se que mais de 60% em peso do homem é composto de água e que em outros seres este percentual pode ser ainda maior. De acordo com as mais recentes avaliações, os 1360 quatrilhões de toneladas de água do planeta, que estão em constante movimentação devido a um fenômeno natural chamado ciclo hidrológico, estão assim distribuídos: Distribuição % da água no planeta Água doce superficial 0,0101 Água doce subterrânea (<800m de prof.) 0,3050 Água doce profunda (>800m de prof.) 0,3000 Água doce solidificada (geleiras) 2,3000 Água salgada 97,0849 A água doce representa cerca de 3% de todo o líquido disponível na terra. Sendo que apenas uma pequena parte (0,3151%) constitui-se de água doce disponível e de fácil acesso para o abastecimento da população. No ciclo hidrológico temos os seguintes mecanismos de transferência: Precipitação; infiltração; escoamento superficial e evapotranspiração. Usos da água A água é utilizada para diversas finalidades. Podemos classificá-la de acordo com a sua destinação em: Uso doméstico – para se beber, para se cozinhar, para a higiene pessoal e da habitação; Uso público – para o abastecimento dos estabelecimentos e logradouros públicos; Uso comercial – para o abastecimento de lojas; mercados; restaurantes etc.; Uso agrícola – para a criação de animais; plantações etc.; Uso industrial – como matéria-prima; resfriamento nos processos industriais etc.; Uso na indústria da Construção Civil. Obs.: Cada pessoa consome entre 150 e 200 litros de água por dia. Neste contexto, a água deve preencher certos requisitos mínimos de qualidade dos pontos de vista físico, químico, biológico e bacteriológico e estar disponível em quantidades suficientes para cada propósito. Relação entre água e solo Como já sabemos o solo é o produto do intemperismo nas rochas. As rochas são formadas pela aglomeração de minerais, os quais, pela sua desintegração, física, química, e biológica, passam a formar o solo. O fato importante é que desse modo se possibilita o desenvolvimento da vegetação. A qualidade do solo, suas características, sua resistência, comportamento etc. estão relacionados com a natureza local (tipo de vegetação, permeabilidade, saturação etc.) tendo influência direta no uso e aplicação do mesmo.
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