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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL DISCIPLINA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ 2 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ: DOS PRIMÓRDIOS AO SÉCULO 20 Alderi Souza de Matos* RESUMO A educação é uma atividade de vital importância para o cristianismo. Sem ela a fé cristã não poderia preservar sua identidade e se expandir ao longo do tempo. Por isso, em todas as épocas os cristãos têm se dedicado a essa tarefa, embora nem sempre com o mesmo êxito e coerência. Este artigo procura destacar alguns aspectos significativos da atividade docente da igreja desde os primeiros tempos até o século 20, passando pela Idade Média, o Renascimento, a Reforma e o período moderno, e incluindo algumas observações sobre o Brasil. O autor chama a atenção para dois aspectos da educação cristã – instrução religiosa na fé cristã e educação escolar baseada em princípios cristãos. Também aponta as tensões e desafios que a atividade educativa cristã tem experimentado ao longo dos séculos, em especial no ambiente pluralista e relativista dos dias atuais. PALAVRAS-CHAVE Educação cristã; História da educação; Escola dominical; Educação religiosa; Educação escolar cristã; Pluralismo. INTRODUÇÃO A educação é um fenômeno profundamente humano. Desde o início da humanidade cada geração sentiu a necessidade de transmitir à próxima suas experiências, histórias e tradições, com o objetivo de preservar a identidade do * O autor é doutor em teologia (Th.D.) pela Universidade de Boston. Leciona história da igreja no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É o historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil. 3 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância grupo e o conhecimento acumulado. Tal esforço podia se dar através de recursos formais ou informais, mas sempre esteve presente. Em algumas esferas especialmente importantes, como a religião, esse processo se tornou particularmente imperativo. Ao surgir o cristianismo, essa se tornou uma das características mais salientes do novo movimento. Seu fundador era conhecido como um mestre e ordenou explicitamente aos seus seguidores que utilizassem o método educativo para comunicar a outras pessoas seus novos valores e convicções. Um fato que desde o início representou um grande desafio para os cristãos foi a consciência de pertencerem a dois reinos – o reino de Deus e o reino deste mundo, a igreja e a sociedade. Por um lado, os seguidores de Cristo deviam viver suas vidas na coletividade, influenciá-la e testemunhar a ela. Por outro lado, deviam tomar cuidado para não serem moldados pela cultura circundante naqueles aspectos em que ele entrava em conflito com a fé cristã. Isso levantava a questão de até que ponto os cristãos deviam se servir dos recursos e oportunidades educacionais oferecidos pelo mundo não-cristão. Com isso surgiram duas perspectivas da educação cristã que precisam ser claramente distinguidas: em primeiro lugar, a educação cristã diz respeito à formação espiritual, à transmissão da fé cristã propriamente dita, nos aspectos bíblico, doutrinário e ético. Em outro sentido, ela se refere à educação geral, que aborda temas não necessariamente religiosos (como língua, literatura, história, ciência e arte), porém informados por pressupostos e valores cristãos. Todos esses fatores têm estado presentes na história da educação cristã desde o seu nascedouro, quando os primeiros discípulos procuraram viver a fé num mundo marcado por duas grandes tradições: judaica e greco-romana. 1. A HERANÇA DO JUDAÍSMO Nunca se deve esquecer que a igreja cristã nasceu no seio de judaísmo. Jesus Cristo e os primeiros cristãos eram todos judeus e o novo movimento herdou dessa matriz um legado muito importante, a começar das Escrituras Hebraicas. O propósito principal de Israel como nação era adorar e obedecer ao Deus supremo, Iavé, o Senhor. Isso era feito através de dois instrumentos primordiais: o culto e a observância da lei. As diferentes partes do Antigo Testamento ilustram essas preocupações. A Torá ou Pentateuco mostra como Deus formou o seu povo e lhe deu a sua lei, que incluía prescrições detalhadas sobre o culto. Os livros históricos descrevem a trajetória ora ascendente ora descendente de Israel no que se refere à aliança contraída com Deus. A literatura sapiencial ilustra o que significa observar a lei divina em situações concretas da vida. Finalmente, os profetas eram os fiadores da aliança, os instrumentos enviados por Deus para alertar e exortar o povo escolhido quanto às suas responsabilidades diante de Iavé. Todo esse processo tinha um forte componente educacional. A lealdade e a obediência a Deus exigiam constante orientação e treinamento, que co- 4 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância meçavam no lar. São muitas as passagens que mostram os deveres dos pais israelitas no tocante à formação religiosa de seus filhos (ver Dt 6.6-7, 20-22). As mais diferentes situações da vida deviam ser utilizadas como oportunidades educativas. Certas seções do Pentateuco e dos livros poéticos são exemplos disso. O ensino também era exercido pelos líderes civis e religiosos do povo, como Moisés, os juízes, os sacerdotes, os anciãos e, em particular, os levitas (Ne 8.7-8). O próprio Deus era o mestre supremo (Is 48.17; 54.13). Após o cativeiro babilônico, a vida de Israel sofreu alterações profundas que tornaram ainda mais necessários os esforços educativos. Os judeus passaram a viver, em grande parte, em outras terras, expostos a outras influências. Já não dispunham do templo de Jerusalém, que fora um elemento tão importante da sua identidade. Com isso, foram feitas adaptações à nova realidade. Surgiu a instituição da sinagoga e novos grupos que se dedicavam ao estudo e ensino da lei – escribas, fariseus e rabis. Algumas evoluções posteriores do judaísmo rabínico foram as escolas, como as de Hillel, Shamai e Gamaliel, e as coleções de tradições orais e suas interpretações (Mishnah e Gemara, reunidas no Talmude). 2. O NOVO TESTAMENTO Os primeiros cristãos receberam o forte impacto da herança judaica no âmbito da educação. Nos evangelhos, Jesus é identificado como um rabi judeu que exerceu um ministério itinerante de pregação, ensino e socorro aos sofredores (Mt 4.23). Boa parte do material dos evangelhos é constituída de ensinamentos religiosos e éticos, nos quais Jesus se notabilizou pelo uso inteligente e criativo de uma grande variedade de recursos: ilustrações, símiles, dramatizações e as inconfundíveis parábolas. Seus seguidores mais próximos receberam a incumbência de utilizar o método educativo no cumprimento de sua missão: “Ide, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20). O livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas demonstram que esse método foi amplamente utilizado pelos apóstolos (At 5.42). O ensino era considerado um dos dons espirituais, devendo ser exercido com eficiência (Rm 12.7). Entre as qualificações dos presbíteros ou bispos estava a aptidão para ensinar (1Tm 3.2; ver 2Tm 2.2,24). Como havia acontecido no judaísmo, os principais locais de instrução eram o lar e a comunidade da fé (2Tm 1.5; 3.15). Todavia, desde o início se verificou um elemento de tensão entre diferentes visões educacionais. Um deles está presente nos evangelhos, onde se vê a conhecida polêmica entre Jesus e os mestres judeus. Escribas e fariseus são censurados por certos aspectos do seu ensino, como as tradições que invalidavam elementos importantes da lei de Deus, e também pela maneira como ensinavam – nem sempre caracterizadapela coerência. Outra tensão se vê nos escritos paulinos entre o ensino cristão e algumas ênfases da cultura greco- 5 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância romana. Numa longa passagem da epístola aos Coríntios, o apóstolo traça um forte contraste entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus” (1Co 1.18–2.16). Verifica- se a mesma atitude em 2Co 10.4,5; Cl 2.8, etc. Isso levanta a questão da atitude dos primeiros cristãos em relação à vida intelectual. Seria o cristianismo uma religião mística que desprezava o cultivo da mente, visto como perigoso para a verdadeira espiritualidade? As evidências bíblicas e históricas demonstram que não. Jesus ensinou seus seguidores a amarem a Deus com o intelecto (Mt 22.37; Mc 12.30). Lucas, Paulo e outros dos primeiros líderes cristãos eram homens cultos, intelectualmente preparados (ver Lc 1.1-4; At 17.18-31; 22.3; 2Tm 4.13). O que estava em jogo era qual dos tipos de sabedoria deveria ter prioridade. Se a sabedoria pagã, com sua soberba intelectual, com sua cosmovisão ora politeísta, ora materialista, ou a sabedoria do evangelho, a mente de Cristo (1Co 2.16).1 3. O LEGADO GRECO-ROMANO No que diz respeito à educação, além da influência judaica o cristianismo surgiu num contexto moldado por uma grandiosa tradição intelectual – a cultura grega abraçada, difundida e modificada pelos conquistadores romanos. Daniel Stevens observa que “a educação na civilização ocidental é em grande parte produto da filosofia grega e de seu correspondente sistema educacional”.2 Com sua ênfase no cultivo do intelecto e na busca da sabedoria, os gregos só poderiam valorizar altamente a educação, começando em Atenas no século 5º AC e se difundindo por todo o mundo helênico. A cultura grega era rica em filosofia, literatura e arte. O pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles moldou a tal ponto o raciocínio crítico que, segundo muitos historiadores, o período ateniense lançou os fundamentos da Renascença e da moderna era científica. Todavia, a educação ateniense tinha algumas limitações: era excessivamente teórica e especulativa, dando prioridade à contemplação sobre a vida ativa, e era também elitista, aristocrática. Ao conquistarem a Grécia em 146 AC, os romanos abraçaram a civilização helênica. Eles recrutaram educadores gregos para desenvolver o sistema educacional romano. Todavia, também deixaram suas marcas nessa educação. Com eles, a educação se tornou mais prática; além disso, estabeleceram uma 1 Em seu livro, The scandal of the Evangelical mind (Grand Rapids: Eerdmans, 1994), Mark Noll argumenta sobre a importância da vida intelectual para a contínua vitalidade do cristianismo. Ele afirma: “Onde a fé cristã está firmemente enraizada, onde ela penetra profundamente em uma cultura para transformar vidas individuais e redirecionar as instituições, onde ela continua por mais de uma geração como um testemunho vivo da graça de Deus – nessas situações, quase invariavelmente encontramos cristãos cultivando ardentemente o intelecto para a glória de Deus” (p. 43). Minha tradução. 2 STEVENS, Daniel C. The history of Christian education. In: ANTHONY, Michael J. (Org.). Foundations of ministry: an introduction to Christian education for a new generation. Grand Rapids: Baker, 1992, p. 40. 6 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância vasta rede de escolas primárias e secundárias, bem como instituições de ensino superior, tornando a educação acessível a um maior número de pessoas. O objetivo maior era formar cidadãos com forte caráter e lealdade ao Estado. Os princípios educacionais de Quintiliano exemplificam a influência romana na educação.3 Robert Pazmiño chama a atenção para o conceito grego de paidéia, o consenso de uma cultura sobre o que constitui a excelência humana.4 Isso aponta para a importância de uma paideia cristã voltada para a nutrição, a disciplina, a formação do caráter e o ensino de uma cosmovisão centrada em Cristo (Cl 1.28; 2Tm 3.16s). Os cristãos interagiram com a educação greco-romana, sentindo sua influência, mas ao mesmo tempo dando as suas próprias contribuições. Para começar, eles precisaram se posicionar quanto à filosofia grega. Curiosamente, boa parte dos antigos pensadores cristãos teve uma atitude positiva quanto à reflexão filosófica. Alguns exemplos destacados são Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Orígenes. Outros, notadamente Irineu de Lião e Tertuliano de Cartago, tinham sérias reservas quanto à sabedoria filosófica grega. O segundo fez a famosa pergunta: “Que há de comum entre Atenas e Jerusalém, entre a Academia e a Igreja, entre os hereges e os cristãos?”5 Para esse pai da igreja, embora dotado ele mesmo de sólida cultura secular, tudo de que os cristãos necessitavam era a Escritura. De qualquer modo, muitos líderes cristãos da antiguidade receberam uma educação clássica (filosofia, lógica, retórica) nas escolas greco-romanas, como a célebre Academia de Atenas, onde estudaram os futuros bispos e teólogos Basílio de Cesaréia e Gregório de Nazianzo. 4. A IGREJA ANTIGA Desde o início os cristãos valorizaram a educação como meio de preservar e transmitir com fidelidade a herança cristã. Como ocorria entre os judeus, os principais recursos para esse fim eram os lares e as comunidades de fé. Com o passar do tempo, surgiram novas formas educacionais, a começar da catequese para os aspirantes ao batismo. Inicialmente esse termo se referia à instrução mediante repetição oral, revelando a influência do método socrático de perguntas e respostas. Em vários lugares surgiram classes para catecúmenos, cuja instrução podia se estender até por três anos. Era um período de treinamento e de teste antes da aceitação plena na igreja. Os candidatos deviam passar por três estágios: “ouvintes” (interessados), “ajoelhados” (aqueles que permaneciam para as orações depois que os ouvintes se retiravam) e “escolhidos” 3 Ibid., p. 41. Ver também KIENEL, Paul A. A history of Christian school education. Vol. 2. Colorado Springs: Purposeful Design, 2005, p. 23-24. 4 PAZMIÑO, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 137. 5 TERTULIANO, Prescrição contra os hereges, VII. 7 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância (candidatos efetivos ao batismo). Após o batismo, havia instrução adicional sobre os sacramentos e outros tópicos.6 No final do 2º século, algumas escolas de catecúmenos começaram a expandir os seus currículos. Sob a influência da cultura predominante, surgiram estruturas educacionais mais complexas para pessoas de maior nível intelectual que queriam integrar o cristianismo com a tradição filosófica grega. No ano 179, a primeira escola catequética foi aberta por Panteno para a grande comunidade cristã de Alexandria, no Egito. Os grandes luminares dessa escola na primeira metade do 3º século foram os já referidos Clemente de Alexandria e Orígenes. Com o tempo, surgiram outras escolas congêneres em Cesaréia, Antioquia, Edessa, Nisibis, Jerusalém e Cartago. Diferentes metodologias educacionais gregas e romanas foram utilizadas à medida que a ênfase passou do cultivo de uma vida cristã fiel para a reflexão erudita. Um alvo importante era equipar os cristãos para compartilharem o evangelho com pagãos cultos.7 O currículo incluía a interpretação das Escrituras, a regra de fé (síntese das principais convicções cristãs em forma de credo) e “o caminho”, ou seja, um conjunto de instruções morais, como se pode ver na Didaquê. No 4º século as escolas catequéticas passaram a ser substituídas pelas escolas monásticas e episcopais ou das catedrais. A questão educacional preocupou algumas das mentes mais inquiridoras e criativas da época, como Gregório de Nissa, João Crisóstomo e especialmenteAgostinho de Hipona, que escreveu algumas obras valiosas sobre o tema, tais como De catechizandis rudibus (A instrução dos principiantes), De doctrina christiana (O ensino cristão) e De magistro (O mestre).8 5. O PERÍODO MEDIEVAL A partir do 4º século, com o crescente predomínio do cristianismo, o papel da educação cristã se modificou. A igreja deixou de exigir um treinamento intensivo para aqueles que ingressavam nas suas fileiras. Com a queda do Im-pério Romano, ela se tornou a força dominante na cultura ocidental e passou a assumir quase todas as atividades educacionais. O culto (missa), as festas e os dramas religiosos, com seu rico simbolismo, se tornaram os principais veículos de educação cristã para uma população majoritariamente analfabeta. Com a 6 PAZMIÑO, Temas fundamentais, p. 141. 7 LAWSON, Kevin E. Historical foundations of Christian Education. In: ANTHONY, Michael J. Introducing Christian education: foundations for the twenty-first century. Grand Rapids: Baker, 2001, p. 19. 8 Ver SANDIN, Robert T. “One of the best teachers of the church”: Augustine on teachers and teaching. Christian History 6/3 (1987), p. 26-29; NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na antiguidade cristã: o pensamento educacional dos mestres e escritores cristãos no fim do mundo antigo. São Paulo: Edusp, 1978. 8 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância crescente valorização da vida celibatária, houve um declínio da importância relativa da família na formação religiosa. Entre os anos 500 e 1000, a educação formal foi oferecida principalmente nas escolas monásticas, os principais centros de atividade intelectual, reservados em especial para os jovens que ingressavam nas ordens. A educação em geral e a educação cristã experimentaram um declínio acentuado nos séculos 6º ao 8º. O imperador Carlos Magno buscou revigorar a educação durante o seu longo reinado, com o auxílio do intelectual inglês Alcuíno de York. Entre outras medidas, foi executado um plano no sentido de estabelecer uma escola em cada cidade.9 À medida que as cidades cresceram, surgiram as escolas episcopais ou das catedrais, cujos currículos incluíam, além da teologia, as artes liberais e as humanidades. Aprendia- se leitura, redação, música, cálculos simples, observâncias religiosas e regras de conduta. Havia também escolas paroquiais, descendentes das antigas escolas para catecúmenos, cujo currículo incluía os Dez Mandamentos, os Sete Pecados Mortais, as Sete Virtudes Cardeais, o Credo Apostólico e a Oração do Senhor. A partir das escolas das catedrais, surgiram no século 12 as primeiras universidades, como as de Paris, Oxford e Bolonha. O termo universitas passou a designar uma guilda ou corporação de estudantes ou professores estabelecida com propósitos de proteção comum durante o trabalho do grupo. Seu enfoque não mais era a piedade pessoal, e sim interesses intelectuais e profissionais. Todos os estudantes faziam o curso de artes liberais: o trivium (gramática, retórica, dialética) para o grau de bacharel e o quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia) para o grau de mestre. Podiam ser feitos estudos avançados em teologia, medicina e direito (civil e canônico). Foi nas escolas das catedrais e nas primeiras universidades, nos séculos finais da Idade Média, que surgiu o escolasticismo, uma tentativa de síntese entre a teologia e a filosofia para dar maior sustentação à fé por meio da razão. Resultou da introdução do pensamento de Aristóteles, principalmente da sua lógica, no movimento educacional do Ocidente. Seus principais representantes foram Anselmo de Cantuária (c.1033-1109) e Tomás de Aquino (1225-1274). 6. RENASCIMENTO E REFORMA O Renascimento ou a Renascença foi um vigoroso movimento intelectual dos séculos 14 a 16 que começou na Itália e se difundiu nos países do norte da Europa. Sua principal característica foi a redescoberta das grandes contribuições da antiguidade clássica na literatura e na arte, o retorno às fontes gregas 9 Para um decreto de Carlos Magno sobre educação, ver BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. 3ª ed. São Paulo: Aste/Simpósio, 1998, p. 168. 9 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância e romanas da cultura européia (humanismo). Num certo sentido, a Renascença teve uma tendência secularizante e isso teve repercussões para a educação cristã. Algumas das preocupações da época eram a busca de uma vida feliz neste mundo, um enfoque no mundo criado mais que no Criador e a ênfase no desenvolvimento individual. Stevens observa: “A criação de escolas públicas e particulares libertadas do controle da igreja preparou o palco para uma educação livre da influência do evangelho”.10 O mesmo autor chama a atenção para dois humanistas, Vitorino de Feltre (1378-1446) e Erasmo de Roterdã (1467-1536), os quais, apesar de sua formação cristã, deixaram de dar uma orientação nitidamente cristã aos seus brilhantes conceitos educacionais. Todavia, algumas ações dos homens do Renascimento foram benéficas para a educação cristã, em especial o trabalho dos “humanistas bíblicos”. Seu estudo da Bíblia nas línguas originais, publicação de edições críticas do texto bíblico (como o Novo Testamento grego- latino de Erasmo, em 1516) e tradução das Escrituras para o vernáculo despertaram o interesse por um cristianismo mais puro e contribuíram para a Reforma Protestante. A invenção da imprensa e a redescoberta da Bíblia tiveram imensas conseqüências para a educação cristã. A Reforma, com seu princípio de sola Scriptura e a ênfase paralela no direito do livre exame das Escrituras, produziu um renovado interesse pela educação. A Bíblia era um livro que devia ser lido, estudado e corretamente interpretado, o que exigia que as pessoas soubessem ler e tivessem um bom preparo intelectual. Lutero insistiu na educação do homem comum e incentivou os pais a cumprirem o dever de proporcionar educação aos seus filhos.11 Ele também resgatou a prioridade do lar no processo educacional. Calvino foi ainda mais enfático nessas questões. Em sua obra magna, as Institutas, ele caracterizou a igreja como “mãe e mestra” dos fiéis, aquela que os leva ao conhecimento de Cristo e depois os nutre e orienta durante toda a sua vida cristã. Nas Ordenanças eclesiásticas (1542), ele insistiu que a igreja devia ter uma classe de oficiais voltados exclusivamente para o ensino, os mestres ou doutores. Em 1559, Calvino fundou a Academia de Genebra, embrião da atual universidade com esse nome. Os dois grandes reformadores escreveram catecismos que se tornaram um dos mais valiosos recursos para a educação cristã ao longo dos séculos. Outro importante meio de instrução religiosa era o culto e seu ponto central, a pregação. A ênfase no “sacerdócio de todos os crentes” e o entendimento de que as verdades cristãs devem permear todas as áreas da existência tiveram 10 STEVENS, The history of Christian education, p. 46. 11 Os dois principais escritos de Lutero sobre educação são os seguintes: “Às autoridades de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs” e “Um sermão sobre manter as crianças na escola”. 10 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância um impacto salutar na educação cristã e geral. Não só as igrejas tinham um sólido programa educacional, mas surgiu um sistema de escolas mantidas pelo Estado visando tornar a educação disponível a todos. Pazmiño apresenta uma interessante série de contrastes entre o Renascimento e a Reforma, decorrentes de seus diferentes compromissos e cosmovisões.12 7. O PERÍODO DA PÓS-REFORMA Os séculos 17 e 18 testemunharam importantes desdobramentos, tanto positivos quanto negativos, para a atividade educacional cristã. As ênfases centraisdos reformadores produziram frutos valiosos e contribuíram para a expansão e aperfeiçoamento do sistema educacional das nações protestantes. Tornou-se norma em muitas regiões a chamada “educação universal”, ou seja, para todas as crianças, independentemente de sua posição social, pondo-se um fim ao elitismo na educação. Um personagem notável desse período foi o pastor e educador João Amós Comenius (1592-1670), que se tornou bispo dos irmãos morávios. Natural da Checoslováquia, ele passou boa parte da vida em outros países, como refugiado da perseguição religiosa. Criou e dirigiu escolas na Polônia, Suécia e Hungria, escreveu sobre práticas educacionais saudáveis e preparou materiais curriculares. Lawson observa: “Ele procurou usar a educação para moldar e nutrir a alma humana e ajudá-la a encontrar soluções para os males do mundo”.13 Comenius, cuja obra mais conhecida é a célebre Didática magna (1657), é considerado o pai da educação moderna.14 Dois movimentos deste período deram grandes contribuições para a educação cristã. Um deles foi o puritanismo, isto é, o calvinismo inglês, depois transplantado para a América do Norte, onde produziu seus melhores frutos. Os puritanos tinham uma visão integrada da vida e da sociedade e nessa visão a educação desempenhava um papel preponderante. A família era considerada uma pequena igreja, onde o pai, o líder espiritual, devia promover a instrução religiosa da esposa e dos filhos e dirigir suas atividades devocionais. Na igreja, o principal meio de educação cristã era o culto e, mais especificamente, o púlpito. Os pregadores puritanos eram homens instruídos e seus sermões eram cuidadosamente preparados para incluir exposição bíblica, ensino doutrinário e aplicação prática para o viver diário.15 O exemplo mais eloqüente do pastor puritano culto e piedoso é o reverendo Jonathan Edwards (1703-1758). A fim 12 PAZMIÑO, Temas fundamentais, p. 150-151. 13 LAWSON, Historical foundations, p. 22. 14 Ver LOPES, Edson Pereira. O conceito da teologia e pedagogia na Didática Magna de Come-nius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2003; A inter-relação da teologia com a pedagogia no pensamento de Comenius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006. 15 Ver GUELZO, Allen C. When the sermon reigned. Christian History 13/1 (1994), p. 23-25. 11 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância de preparar homens para o ministério, o governo civil e a vida profissional, os puritanos criaram muitos colégios, a começar de Harvard (1636) e Yale (1701), hoje famosas universidades.16 Outro movimento salutar para a educação cristã foi o pietismo alemão, liderado por Phillip Jacob Spener (1635-1705), August Herman Francke (1663-1737) e o conde Nikolaus Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760). Por causa de sua ênfase na piedade, ou seja, numa vida espiritual fervorosa, os pietistas valorizaram grandemente a instrução cristã. Eles deram ênfase ao estudo da Bíblia em pequenos grupos, incentivaram a instrução catequética e abriram escolas para órfãos e crianças pobres. Fundaram uma importante instituição de ensino superior, a Universidade de Halle. Por outro lado, os séculos 17 e 18 viram o surgimento do Iluminismo, que entronizou a razão e a experiência como critérios últimos do conhecimento e da verdade, rejeitando a fé, a revelação e a herança cristã. Esse poderoso mo-vimento e a mentalidade associada a ele, gerou uma crescente secularização da educação, inclusive em escolas de origem cristã. Essa foi uma era de grandes progressos nas teorias e métodos educacionais. Dois nomes importantes foram John Locke (1632-1704) e, em especial, Jean Jacques Rousseau (1712-1778), nascido em uma família calvinista francesa que havia fugido para a Suíça. Sua grande novela educacional Émile, que descreve a educação ideal desde a infância até o início da vida adulta, exerceu grande influência na filosofia e psicologia educacionais do século 20.17 8. O MUNDO SAXÔNICO Nos últimos séculos, os países que deram as maiores contribuições à educação cristã protestante foram a Inglaterra e os Estados Unidos. Quanto a este último, já foi mencionada a atuação dos puritanos nos séculos 17 e 18. Na Nova Inglaterra, além do papel atribuído ao lar e à igreja, cada comunidade providenciava um edifício escolar e contratava um professor. Cada família devia enviar os filhos à escola e ajudar a pagar o salário do professor. Já em 1642, o governo de Massachusetts aprovou uma lei exigindo que todos os pais provessem educação para os filhos, sob pena de serem multados.18 Em conseqüência disso, no início do século 18 a Nova Inglaterra era uma das regiões mais alfabetizadas do mundo. Em outras colônias existiam escolas paroquiais. A independência dos Estados Unidos em 1776 e o princípio da separação entre a igreja e o estado tiveram importantes conseqüências para a educação 16 Sobre a atitude dos puritanos em relação à vida intelectual, ver NOLL, The scandal of the Evangelical mind, p. 40-43. 17 STEVENS, The History of Christian Education, p. 48. 18 WIDER, Wayne A. Reviewing historical foundations. In: CLARK, Robert E. et al. (Orgs.). Christian education: foundations for the future. Chicago: Moody, 1991, p. 52. cristã. Os estados começaram a criar um sistema de escolas públicas e os impostos não mais podiam ser usados para o sustento de escolas particulares e paroquiais.19 Os pais e 12 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância as igrejas tiveram de buscar outros meios de ensinar a fé e a prática cristã às crianças. Foi nesse contexto que surgiu um dos desdobramentos mais valiosos para a educação cristã em todos os tempos – a escola dominical. Esse movimento teve sua origem na Inglaterra, no final do século 18, graças à iniciativa de vários evangélicos, o mais conhecido dos quais foi o jornalista e ativista social Robert Raikes (1736-1811), da cidade de Gloucester. O objetivo inicial foi alfabetizar e evangelizar crianças pobres que trabalhavam nas fábricas e cujo único dia de folga era o domingo. A escola funcionava das 10 às 17 horas e incluía, além de aulas de redação e aritmética, leitura da Bíblia, catecismo e participação em cultos.20 Após uma desconfiança inicial dos líderes eclesiásticos, o movimento alcançou enorme popularidade e em 1784 já reunia 240 mil alunos. No ano seguinte a escola dominical chegou aos Estados Unidos, passando mais tarde a ter uma nova orientação como agência de educação cristã para crianças e adultos. Essa nova instituição preencheu o vazio deixado pela secularização da educação. Stevens argumenta: “Por mais de 100 anos a Escola Dominical foi a agência dominante e, à exceção do lar, quase que a única agência de educação cristã de crianças e jovens protestantes”.21 A origem da escola dominical aponta para outro fenômeno marcante no cenário religioso inglês e norte-americano nos séculos 18 e 19 – os avivamentos. Robert Raikes e seus colegas eram fruto do avivamento evangélico da Inglaterra, liderado por indivíduos como Charles Wesley, George Whitefield, John Newton e outros. Nos Estados Unidos, ocorreu simultaneamente o Primeiro Grande Despertamento, no qual se destacaram George Whitefield e Jonathan Edwards. Os avivamentos levaram para as igrejas grandes contingentes de pessoas que precisavam ser guiadas e alimentadas na fé. Também despertaram muitos cristãos para servir aos outros em muitas áreas, inclusive no evangelismo e discipulado. A necessidade de dar treinamento a essas pessoas levou à criação de grandes colégios denominacionais como Princeton (presbiteriano), Brown (batista) e Dartmouth (congregacional).22 O mesmo padrão se repetiu no Segundo Grande Despertamento, no início do século 19. 19 Ibid., 53. Sobre a história inicial das escolas cristãs nos Estados Unidos, ver KIENEL, A history of Christianschool education. Vol. 2. 20 LAWSON, Historical foundations, p. 23. 21 STEVENS, The history of Christian education, p. 49. Sobre o ensino da Bíblia na história da igreja, ver MARRA, Cláudio. A igreja discipuladora: orientações da Bíblia e da história para o cumpri-mento de nossa missão. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 19-25. 22 LAWSON, Historical foundations, p. 23. 9. OS SÉCULOS 19 E 20 13 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Por razões teológicas, muitos líderes discordaram das ênfases dos avivamentos. Eles achavam que os pais negligenciavam a formação religiosa de seus filhos na esperança de que um dia fossem convertidos subitamente pela atuação do Espírito Santo em um avivamento. Entre esses críticos estava o pastor Horace Bushnell (1802-1876), que, no seu famoso livro Christian Nurture (1847), em lugar da crise espiritual repentina do avivalismo, defendeu a experiência religiosa gradual centrada no ambiente doméstico. Por essa razão ele é considerado o pai da moderna educação religiosa.23 No âmbito secular, o século 19 foi palco de uma crescente abordagem científica, principalmente psicológica, do processo educativo. Um nome de destaque foi o suíço Johann Pestalozzi (1746-1827), influenciado por Rousseau, que tinha grande confiança no poder da educação para vencer todos os males sociais. Outros educadores de renome foram, na Europa, Johann Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852), e nos Estados Unidos, Horace Mann (1796-1858) e John Dewey (1859-1952). Todos eles defenderam abordagens pedagógicas muito distanciadas da fé cristã.24 Stevens observa que desde o início do século 20 existem três movimentos que interessam à educação cristã: a educação secular, a educação religiosa e a educação cristã evangélica. A educação secular, dominada pela psicologia do aprendizado e do desenvolvimento humano, tem realizado pesquisas e estudos que, ao menos em parte, podem ser úteis para os educadores cristãos. Entre os teóricos dessa corrente estão Erik Erickson (desenvolvimento psicossocial) e Jean Piaget (desenvolvimento cognitivo).25 A chamada “educação religiosa” está ligada à Associação de Educação Religiosa, fundada em Chicago em 1903, sob a liderança de George Albert Coe e outros educadores. Inspirada pela teologia liberal, seu objetivo ficou expresso no título de uma palestra de Coe: “Salvação pela educação”.26 Quanto à educação cristã evangélica, sua principal agência ainda é a escola dominical, mas muitos novos instrumentos surgiram desde o século 19: entidades paraeclesiásticas (Associação Cristã de Moços, Esforço Cristão), escolas bíblicas de férias, acampamentos, reuniões para jovens e adultos, institutos bíblicos. 23 Bushnell afirma: “A criança deve crescer como cristã e nunca pensar sobre si mesma de outra maneira”. Apud LAWSON, Historical foundations, p. 23. Minha tradução. 24 Sobre esses e outros personagens, ver TOWNS, Elmer L. (Org.). A history of religious educa-tors. Grand Rapids: Baker, 1975. Outra valiosa obra de referência em inglês é: ANTHONY, Michael J. (Org.). Evangelical dictionary of Christian education. Grand Rapids: Baker, 2001. 25 Apesar de suas posições secularistas, o educador brasileiro Rubem Alves apresenta valiosas reflexões e propostas para a educação, seja ela não-confessional ou cristã. 26 STEVENS, The history of Christian education, p. 50. Nas últimas décadas do século 20 ocorreu um desgaste dos recursos tradicionais de educação cristã, como a escola dominical, e o surgimento de novas tendências e experimentos, como pequenos grupos, ministérios para homens e encontros para 14 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância enriquecimento matrimonial. Como alternativa ao sistema de educação pública, inteiramente secularizado e por vezes anticristão, tem se dado grande ênfase a escolas e universidades cristãs, e à formação escolar no contexto doméstico. Nos Estados Unidos e outros países, a educação cristã se tornou uma profissão com muitas áreas de especialidade: para crianças, jovens, famílias, casais, etc. Outros elementos novos são a tecnologia da informática, a Internet e o crescimento da música cristã. Dentre os educadores evangélicos recentes destacam-se Frank Gabelein, Lawrence O. Richards, Lois LeBar, Gene E. Getz, Larry Richards, Kenneth Gangel, Warren Benson e Robert Pazmiño. Após a II Guerra Mundial, os evangélicos americanos despertaram para a devastadora influência do secularismo nas escolas públicas dos Estados Unidos. Esse fato, associado às decisões da Suprema Corte em 1962-1963 proibindo certas atividades religiosas no contexto escolar, causou uma grande multiplicação de escolas cristãs em todo o país. Por sua vez, o crescente envolvimento dos evangélicos com a educação escolar cristã levou ao surgimento de muitas associações nessa área, das quais a mais importante atualmente é a Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI), criada em 1978. No âmbito reformado, existe a organização Escolas Cristãs Internacionais (CSI), fundada no mesmo ano.27 10. O BRASIL Em decorrência da Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana fez um grande esforço no sentido de reafirmar e definir com maior precisão sua identidade institucional e dogmática. A partir do século 16, surgiu um catolicismo conhecido como ultramontano (forte defensor da autoridade papal), tridentino (apegado à ortodoxia do Concílio de Trento) e antiprotestante. A educação foi uma ferramenta valiosa na defesa dos interesses da igreja, tendo sido amplamente utilizada pela organização católica mais influente nesse processo – a Sociedade de Jesus. Em muitos lugares da Europa, os jesuítas – através de sua ação política e de suas escolas – detiveram a expansão protestante e reconquistaram para a igreja regiões que haviam sido alcançadas pelo novo movimento. A partir de 1549, foram justamente os jesuítas os principais missionários e educadores do Brasil colonial. Em diversas partes do território brasileiro eles estabeleceram os seus colégios, tanto para as crianças indígenas como para os 27 Ver KIENEL, History of Christian school education, p. 308-311. filhos dos colonos portugueses. Mais tarde, outras ordens católicas vieram para o Brasil e se dedicaram à educação, criando um vasto número de escolas em todo o país. A educação católica não foi colocada prioritariamente a serviço do evangelho, mas da 15 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância instituição eclesiástica e seus interesses.28 Após a Proclamação da República, num período de grande revitalização do catolicismo no Brasil, a igreja deu ênfase renovada à educação dos seus fiéis. Ela também reivindicou o controle do ensino religioso nas escolas públicas, por entender que era um poderoso recurso para exercer sua influência na sociedade. Apesar dos protestos de diversos grupos, a Constituição de 1934 atendeu a essa reivindicação. Desde o início do seu trabalho no Brasil, o protestantismo missionário deu enorme destaque à educação cristã. Em todos os lugares em que se estabeleciam, as igrejas evangélicas criavam suas escolas dominicais e paroquiais. A primeira escola dominical do Brasil foi fundada pelo casal Robert e Sarah Kalley em Petrópolis no dia 19 de agosto de 1855. Os presbiterianos criaram a primeira escola paroquial no Rio de Janeiro em 1868. A educação em bases cristãs também era oferecida nos grandes colégios que começaram a surgir em vários pontos do território brasileiro: Escola America/Mackenzie College (São Paulo), Colégio Internacional (Campinas), Colégio Piracicabano, Colégio Granbery e muitos outros.29 No início do século 20 foi criada a União das Escolas Dominicais do Brasil, uma filial da Associação Mundial das Escolas Dominicais. Estava sediada no Riode Janeiro e seu secretário executivo era o Rev. Herbert S. Harris. A partir de 1921, essa organização colaborou na publicação das Lições Internacionais da Escola Dominical, seguindo o programa adotado pela Comissão Internacional para Lições da Escola Dominical, sediada em Chicago. Em julho de 1932, reuniu-se na antiga capital federal a 11ª Convenção Mundial de Escolas Dominicais, com mais de 1.300 delegados de 33 países. Foi o maior encontro do protestantismo mundial a realizar-se até então na América do Sul e talvez no hemisfério sul. Um personagem de enorme importância para a educação cristã protestante no Brasil foi o pastor e líder da cooperação evangélica Erasmo de Carvalho 28 O relatório apresentado pela delegação brasileira no Congresso da Obra Cristã na América do Sul (Montevidéu, 1925) afirmou: “O desejo da Igreja Católica Romana de exercer controle em questões educacionais parece menos motivado pelo intento de transmitir conhecimento geral ou familiaridade com os fatos e doutrinas da religião do que pela determinação de tornar a instrução subserviente aos fins da igreja”. SPEER, Robert E. et al (Orgs.). Christian work in South America: official report of the Congress on Christian Work in South America. New York: Fleming H. Revell, 1925, p. 247. Minha tradução. 29 Sobre o Mackenzie College, ver MATOS, Alderi S. O Colégio Protestante de São Paulo: um estudo de caso sobre o lugar da educação na estratégia missionária da igreja. Fides Reformata 4/2 (1999), p. 59-86. Quanto aos colégios batistas, ver MACHADO, José Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: Juerp, 1994. 16 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Braga (1877-1932). Erasmo foi professor no Mackenzie College, no Seminário Presbiteriano e no Colégio Culto à Ciência, em Campinas. Preparou as célebres cartilhas da Série Braga, utilizadas por décadas em todo o Brasil, foi membro da Associação Brasileira de Educação e escreveu amplamente sobre temas educacionais. Foi um grande entusiasta das escolas paroquiais evangélicas e se preocupou com a crescente secularização dos grandes colégios protestantes. De 1922 a 1929, preparou e publicou através da União das Escolas Dominicais do Brasil e da Comissão Brasileira de Cooperação, da qual era secretário executivo, oito volumes do Livro do professor – lições bíblicas para as escolas dominicais, com riquíssimo material bíblico e pedagógico para a educação cristã.30 CONCLUSÃO São grandes as oportunidades, mas também as tensões e desafios enfrentados pela educação cristã nos tempos atuais. Muitas igrejas evangélicas têm abandonado sua herança nesta área. Por causa do interesse pragmático que privilegia o crescimento numérico em detrimento da qualidade de vida cristã, a educação é considerada dispensável em muitas comunidades. Se é verdade que certos modelos tradicionais, como a escola dominical, talvez necessitem de profundas reformulações, as novas alternativas que estão sendo propostas precisam preservar as contribuições válidas do passado. Outra área controvertida é a educação escolar cristã no mundo pluralista contemporâneo. Uma coisa é promover um ensino cristão em instituições denominacionais modestas cujos alunos são em grande parte evangélicos. É mais complicado quando se trata de uma instituição de grande porte com um alunado caracterizado por grande diversidade cultural e religiosa. É o caso do atual debate sobre o ensino do criacionismo na educação básica dos Colégios Presbiterianos Mackenzie.31 30 Ver MATOS, Alderi Souza de. Erasmo Braga, o protestantismo e a sociedade brasileira: perspectivas sobre a missão da igreja. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 243-260. Sobre o ensino da Bíblia no Brasil, ver MARRA, A igreja discipuladora, p. 25-40. 31 Folha de São Paulo: Marcelo Leite, Criacionismo no Mackenzie, 30/11/2008, Caderno Mais!, p. 9; Charbel Niño El-Hani, Educação e discurso científico; Christiano P. da Silva Neto, A teoria da evolução e os contos de fadas, 06/12/2008, p. A3; Escolas adotam criacionismo em aulas de ciências, 08/12/2008, p. A16; MEC diz que criacionismo não é tema para aula de ciências, 13/12/2008, p. C4; ver também cartas em Painel do Leitor, 02-10/12/2008. Ver ainda André Petry, Lembra-te de Darwin, revista Veja, edição n. 2098 (04/02/2009). 17 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Josivaldo de França Pereira Minha professora de psicologia da educação da faculdade de filosofia costumava dizer que "de médico, louco e psicólogo todo mundo tem um pouco". Menciono esse fato somente para salientar que a psicologia apresentada neste artigo (uma adaptação nossa do livreto O Bom Professor Conhece Os Seus Alunos) não é a psicologia no sentido técnico do termo (apesar de reconhecermos a importância da ciência psicológica). Trata- se apenas da psicologia da sala de aula. Daquela aprendida, principalmente, na convivência com os alunos. Neste artigo tentaremos ajudar você a conhecer melhor os alunos de sua classe de escola dominical. Possuir um conhecimento profundo das características e necessidades de seus alunos é imprescindível para um ensino eficaz e bem sucedido. AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS A construção começa pelo alicerce. Como nosso alvo é construir Cristo na vida das pessoas, começamos pelo alicerce, que são as crianças de 1 a 3 anos. Neste artigo, gostaríamos de ver suas características, e as maneiras como conseguiremos alcançá-las, usando a Palavra de Deus. Isto talvez soa estranho aos ouvidos de alguns, porém a verdade é que a criança nesta idade pode captar muitas verdades acerca de Deus, por causa do instinto de busca de Deus que existe em todo ser humano. Damos muita importância a esta idade porque dela Deus pode receber muito louvor. Fisicamente Estão crescendo rapidamente. Seus músculos exigem ação, por isso são turbulentas. Elas se cansam com facilidade e necessitam de longos períodos de descanso. 1 a 2 anos: a criança age impulsionada pelos músculos maiores mas cai quando tenta andar rapidamente. Quebra tudo que tenta alcançar porque os músculos menores não se desenvolveram e não há uma perfeita coordenação motora. Por isso, todos os brinquedos devem ser fortes, grandes e leves. Aos dois anos gosta de enfileirar objetos: cadeiras, brinquedos, etc. É hora de ensiná-la a usar o vasinho para suas necessidades físicas. Paciência e calma são essenciais nessa fase. 18 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância 3 anos: os músculos menores estão mais desenvolvidos. Tem uma coordenação motora mais equilibrada. Consegue equilibrar-se e controlar o próprio corpo. Por isso, com freqüência, ela pula de um lugar mais alto; pendura-se na mesa, na maçaneta e até no seu braço. Não fique bravo por isso. Sob sua supervisão, deixe-a dependurar-se e balançar-se, pois isto faz parte de seu crescimento normal. Não seja um empecilho para o seu crescimento. Gosta de brincar com argolas de plástico, latinhas, etc., mas além de enfileirar já consegue também empilhar os brinquedos. As crianças de um a três anos adoecem com facilidade - o ambiente da sala deve ser o mais sadio possível para evitar contágios. Mentalmente São curiosas e investigadoras, por estarem começando a conhecer as maravilhas que Deus criou. 1 a 2 anos: sua atenção é limitada - um minuto a dois, no máximo; a mente cansa-se logo; fala pouco, mas entende quase tudo. Não tem a habilidade de fazer perguntas, nem observações engenhosas. Devemos nos lembrar de variar as atividades, contar histórias ou falar rapidamente sem entrar em detalhes, e não esperar que ela participe ativamente da aula, respondendo a todasas perguntas e nem perguntando. Ela entende mais do que fala. 3 anos: "O que é isso?". É a pergunta mais comum entre elas. Não tem noção dos dias da semana; gosta de repetições; falam mais palavras. Gosta de explorar o desconhecido - quebra a asa do avião para ver o que tem dentro. Arranca a perninha dos bichinhos para ver de que é feita. Para aproveitar essa curiosidade aguçada, prepare uma mesa com as coisas que Deus fez e vá sempre acrescentando mais objetos. Deixe a mesa sempre coberta com plástico para evitar estragos. A criança fala através de frases, mas sua mente está, geralmente, adiante do que diz. Não a ajude nem a apresse para encontrar palavras. Ouça pacientemente, custe o que custar. Por causa da infiltração da TV e sua maneira marcante de comunicar, as crianças dessa idade, hoje, falam muito mais que no passado. MESMO ASSIM NUNCA SE ESQUEÇA DE QUE ELA TEM APENAS TRÊS ANOS E É UMA CRIANÇA. 19 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Social e emocionalmente São sensíveis. Gostam de falar, de agradar e de ser em agradadas. Precisam da atenção de todo mundo. Chamam a atenção de todos, sendo ou muito boas ou rebeldes de mais: gritam, choram, são egoístas ao extremo, etc. Conseguem perceber o humor do professor pelo timbre de voz, sorriso e contato corporal. 1 a 2 anos: certos incidentes ficam gravados na memória da criança para sempre. Ela pode não querer ir à escola dominical porque um coleguinha bateu nela na saída, ou porque teve uma impressão má da professora. Todas à s vezes que sabe que terá de ir à igreja começa a chorar. Demora muito para se ambientar em uma nova situação. Ela se retrai e torna-se agressiva. Ex.: quando se separa da mãe, pela primeira vez, para ir à sua classe, chora porque pensa que vai perdê-la ou que ela vai embora. Leve-a até à classe da mãe e mostre-lhe que ela ainda está lá. Após várias tentativas, se não se acostumar com a idéia de separar-se da mãe, traga um guarda-chuva ou capa ou bolsa da mãe e deixe-a na sua classe. Assim a criança vai sentir que ela não foi embora. Nunca diga: "Você é um menino grande e ainda está chorando? Veja todas as crianças ao seu redor olhando. Você não tem vergonha?". Antes, abrace a criança que tem o nariz escorrendo e os olhos cheios de lágrimas, limpe-os com um lenço, mostre a ela um brinquedo, figura ou livro. Ela precisa de segurança. Ela se sente mais segura e ajustada na escola dominical quando é saudada todos os domingos pela mesma ou mesmas professoras. Não consegue ainda brincar com o grupo. Ela brinca sozinha no meio do grupo. Nunca espere que todos brinquem com ela. Ela não sabe brincar em conjunto. 3 anos: gosta de estar entre outras pessoas. Não tem muito problema para ficar longe da mãe, se conseguir se ajustar ao meio ambiente. Também gosta de brincar sozinha no meio de todos, mas já consegue brincar com os outros. É egoísta - pode derrubar os blocos empilhados por outro menino, para aumentar sua própria construção. Pode pegar as bolachas e colocar a maioria na boca, só para não dar para os outros. Por outro lado, gosta de ajudar os outros e sente alegria em fazê-lo. Ex.: dá sua boneca para a menina que está chorando e diz palavras de consolo. Não gosta de ser mandada, mas fará muitas coisa se você as sugerir de maneira clara e diretiva. Ex.: "Olhem o relógio; está na hora de guardar as bonecas na cama, os blocos dentro das caixas. Tique-taque, tique-taque, vamos todos trabalhar. Tiquetaque, tique- taque, um pouco mais, um pouco mais e descansar. Tique-taque, tiquetaque, um pouco ali, um pouco aqui, e terminar. Obrigada, obrigada, e até outro dia começar". 20 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Espiritualmente Por causa do instinto de busca que existe no ser humano ela deseja e tem sede de conhecer o Deus vivo e atuante. Ela aprende a conhecer a Deus através das palavras e ações das pessoas que a cercam. 1 a 2 anos: tem capacidade para entender e experimentar o amor de Deus. A criança aprende essa verdade ouvindo, vendo e experimentando. Leva tempo para ela ganhar noção de uma verdade, mas um pouco aqui, um pouco ali, e ela consegue aprender. (Is 28.10,13). Aos dois anos de idade gosta de orar e dizer palavras simples para Deus; aprende a agradecer a Deus quando as pessoas ao seu redor assim o fazem, dando graças a Deus por todas as coisas. (Ef 5.20). Ex.: "Vamos agradecer a Deus porque João está só resfriado e não precisou ir par a o hospital, e porque no próximo ele já estará aqui para aprender das coisas de Deus ". A prova de que ela aprende é que, durante a semana, ela tenta cantarolar os cânticos aprendidos. Desafina e inventa palavras, mas canta com alegria. 3 anos: seu interesse por Deus continua crescendo. Gosta de ouvir contar que Deus criou tudo: flores, frutos, sol, chuva, noite e dia, e os animais. Nessa época, comece a ensinar que Deus criou o corpo. Ex.: "Deus não foi bom de nos dar mãos fortes para podermos colocar os blocos dentro da caixa? Deus nos deu ouvidos e por isso podemos ouvir esta bonita música que fala de Jesus, não é?". Mesmo olhar pela janela num domingo chuvoso pode dar ocasião para um a conversa: "Deus é bom de dar esta chuva tão boa que ajuda as plantas a crescerem. Vamos agradecer a Deus por esta chuva". O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS 1 a 2 anos: a melhor maneira de ensinar uma criança nesta idade é usar a conversação dirigida, isto é, conduzir cuidadosamente a conversa e o pensamento da criança na direção de uma verdade bíblica ou do objetivo da lição. Ex.: quando ela conseguir virar a página de um livro, diga que Deus fez suas mãos e é por isso que ela consegue mexer naquele livro. Quando uma criança aparecer com uma blusa bonita diga: "Como Deus é bom de ter feito um pano tão macio e quentinho. Vamos agradecer a Deus por esta blusa". Se ela desejar tirar a blusa porque ficou com calor, aproveite para dizer: "Você já imaginou se Deus não tivesse feito o sol? Morreríamos de frio". A Bíblia se tornará um livro especial para ela se a professora e os pais assim lhe ensinarem, falando-lhe sobre a Bíblia ou deixando que ela a carregue com cuidado e 21 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância respeito. Ex.: diga: "Eu vou segurar seu dedinho e colocá-lo sobre a Bíblia no lugar que diz: 'Deus me fez'. - Jó 33.4". Assim ela vai aprendendo as coisas de Deus. 3 anos: use cânticos com gestos que ela possa participar livremente. Ex.: história da criação: Deus fez a lua - as crianças fazem um círculo com as mãos. Deus fez as estrelas - mexer com os dedinhos. Deus fez tudo isso e colocou no céu - apontar o dedinho indicador para o céu. Deus fez o sol - fazer o círculo com as mãos; as árvores - erguer as duas mãos para cima; as flores - abaixar até o chão. Os passarinhos voam no céu que Deus fez - usando as mãos, fazer de conta que estão voando. AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS É nessa fase, entre 4 e 6 anos, que as impressões mais profundas, provindas do ambiente em que a criança vive, estão se interiorizando nela, para depois serem externadas através de ações e reações, inclusive na fase adulta. É uma idade propícia para se entender a realidade de Cristo e Sua atuação na vida diária. A criança poderá entender, sentir e viver Cristo se isso lhe for ensinado através de palavras e atitude. Procuremos então conhecê-la par a ajudá-la a se encontrar com Cristo e ter uma vida que agrade a Deus. Fisicamente Crescimento muito rápido. Os músculos estão se desenvolvendo, dando-lhe assim um melhor controle motor. Consiga equipamentos adequados como, por exemplo: cadeiras baixas, para que os pezinhos não fiquem balançando, mesasde altura apropriada para que a criança não tenha que ficar pendurada ou de pé para escrever, desenhar ou brincar. Materiais como figuras ilustrativas e objetos de borracha devem ser grandes. As tesouras pequenas e sem ponta são mais aconselháveis. É ativa e, como conseqüência disso, cansa-se facilmente. Seus olhos ficam ardendo e os ouvidos cansados quando ouve ou vê algo por muito tempo. Apesar de ser tão ativa e aparentar saúde inabalável, é sensível e sujeita a doenças. Deve-se providenciar atividades variadas e incluir um período de descanso ou de atividades que exijam menos esforço. Mantenha a sala sempre bem iluminada, fale pouco e de maneira clara; modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. Para evitar que a criança transmita ou contraia alguma doença, esteja sempre alerta e verifique se algum aluno está com alguma doença contagiosa como catapora, sarampo, rubéola ou com qualquer outro sintoma que revele possível doença. 22 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Mentalmente Responda a todas as perguntas de maneira simples e verdadeira pois a criança dessa idade é indagadora, curiosa e está pronta a aprender. Como sua atenção é limitada, variando de 5 a 10 minutos, diversifique as atividades: jogos, descanso, cânticos, lanche, limpeza da sala, guardar os brinquedos na caixa, etc. Tem boa memória mas não tem noção exata de tempo nem de distância. Sua mente é ativa e quer expressar o que pensa, mas não sabe como. Socialmente Gosta de estar com os outros e é capaz de brincar em conjunto. Promova então atividades nas quais todos brinquem juntos. Não utilize atividades de grupo, em que seja preciso construir algo definido. Raramente dará resultado pois ela não consegue continuar o que o outro já começou. A tendência é de destruir. Nesta idade muitos já estão demonstrando qualidades de liderança, enquanto outros só agem baseados em sugestões. Encoraje os líderes a tomarem a liderança, mas não egoisticamente, e proporcione oportunidades para que outros liderem também. É egoísta e pensa que tudo lhe pertence. Procure ensinar-lhe a importância de ser cordial e amável com os outros, e também os princípios bíblicos de posse. Deixe claro que Deus se agrada quando dividimos nossas coisas com os outros. (Exemplo do menino que deu os pães e peixes a Jesus). Proporcione oportunidades de dar e receber. Deseja a aprovação do grupo e dos adultos. Elogie-a sinceramente quando fizer coisas certas. Se fizer algo errado ou mal feito, em vez de dizer: "Eu sabia que você iria fazer isso...", diga: "Não está tão bom como os que você costuma fazer, mas sei que consegue fazer melhor. Gostei muito do verde da grama", ou "Gostei de ver como você caprichou no telhado". Gosta de palavras e piadas tolas. Ria se forem inocentes ou sem afetação pessoal. Discipline, se não forem, mas sem alterar a voz nem o gesto. Se acontecer de se divertirem às custas de defeitos físicos de outras pessoas, ou da dificuldade de alguém aprender a língua do país, chame-as, uma a uma, à parte e explique-lhes, com amor, sem tom de recriminação que aquilo fere a outra pessoa. Pode dar uma explicação, dependendo do caso, de como aquele menino ficou daquele jeito. Converse com uma criança de cada vez. Em casos de disciplina, isso dá mais resultado do que falar ao grupo. 23 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Emocionalmente Proporcione um ambiente calmo. Não grite, nem crie uma atmosfera carregada, com imposições e antagonismo (resultado de uma disciplina muito rígida), pois a criança é sensível e suas emoções são intensas. É capaz de controlar o choro. Encoraje-a, quando esfolar o joelho em conseqüência de uma queda, simplesmente colocando a mão na cabeça dela e dizendo: "Puxa! Como você cresceu!". Muitas de suas ações são permeadas de uma atitude egoísta, invejosa e ciumenta. Evite mostrar favoritismo, elogiando sempre o trabalho de uma criança só, ou dando oportunidades apenas para algumas fazerem determinadas coisas. É explosiva. Nunca lhe peça algo que esteja além de sua capacidade, pois quando não consegue realizar a tarefa, ou chora ou fica desanimada, e fica com um gostinho amargo de derrota. É bondosa. Gosta de ajudar os outros, desde que isto não traga ameaça para si. Ensine- a a repartir as coisas e a mostrar amor e simpatia pelos outros, orando, dando ou fazendo algo. É teimosa, e bate o pé quando as coisas não saem como ela quer, ou quando é obrigada a fazer algo que não quer fazer. Aprenda a boa arte de sugerir as coisas firmemente, mas sem rispidez. Ex.: Em vez de dizer: "Guarde os brinquedos, porque já vamos ouvir a história", diga: "Chegou a hora de ouvirmos mais uma parte da história de Jesus. Quem gosta de ouvir a história de Jesus? Então vamos todos guardar os brinquedos na caixa, antes de ouvir a história". É medrosa demais. Evite dizer: "Se você não ficar quieto, vou falar com sua mãe". Evite histórias que causem medo: "... então veio um homem baixinho, de bigode, com um chapéu preto na cabeça. Ele veio devagarzinho...e zup! Agarrou o missionário, e ele gritou: "Ahhh!". Além de ficar com medo, ela vai pensar que todo homem baixinho é um bandido que agarra as pessoas. Espiritualmente Pensa em Deus de um modo pessoal e consegue dar-Lhe verdadeiro louvor. Leve-a a ter um contato pessoal com o Senhor através da oração de agradecimento, de petição, e pelas histórias da Bíblia. Diga-lhe repetidas vezes que Deus odeia seus pecados mas a ama muito. 24 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Ela pergunta com freqüência sobre a morte, porque tem dúvidas. Responda com simplicidade, sem mostrar mistério ou cinismo. Acredita nos adultos e está pronta a ouvir de Cristo. Seja verdadeiro e fale de Cristo de maneira bem simples. Faça um apelo após contar a história, ou em qualquer ocasião propícia. Depois que ela tomar a decisão, verifique se entendeu e fale sobre a certeza da salvação, caso tenha mesmo se decidido. O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS Use recursos visuais simples mas significativos para ela. Faça-a participar da aula, dramatizando, recortando a história, respondendo perguntas, ou fazendo algum trabalho manual. Não use comparações nem palavras figuradas na história. Esta deve ter seqüência lógica e ser curta. Fale pouco e de maneira clara. Modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. Toda palavra nova deve ser explicada para evitar que a criança memorize coisas sem sentido. Cada verdade básica deve ser repetida muitas vezes, de várias maneiras. Evite dar duas explicações a uma mesma lição, pois pode causar confusão. Faça perguntas que a ajude a expressar suas idéias naturalmente, sem forçá-la, também sem depreciá-la quando não conseguir explicar aquilo que quer falar . Planos de salvação 1. Eu pequei - Rm 3.23 - Sabe que você é pecador? Você diz mentiras, tem raiva do irmãozinho e desobedece? Isto tudo é pecado. O pecado separa você de Deus. 2. Deus me ama - Jo 3.16 - Deus odeia o pecado que você comete, mas Ele o ama tanto que fez uma coisa para você não ficar longe dEle: deu Jesus. 3. Cristo morreu por mim - Rm 5.8 - Cristo morreu em seu lugar para que você não fique mais separado de Deus. 4. Eu O aceito - Jo 1.12 - Se você receber Cristo em seu coração, você se torna filho de Deus, e seus pecados são perdoados. Quer orar a Jesus e pedir-Lhe para vir morar com você para sempre e limpar seu coração? 5. Estou salvo - Jo 1.12 ou Jo 5.24 - O que você fez? Isto: abriu o coração para Jesus entrar. Onde Ele mora agora? A Bíblia diz que Jesus nunca mais vai abandoná-lo.Você está seguro nas mãos de Deus. 25 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS Na idade de 7 a 9 anos a criança tem uma personalidade vibrante e curiosa, mas que também oferece momentos de frustração para o professor. Cada uma dessas idades - 7, 8 e 9 - tem suas características, necessidades e habilidades próprias. Não há dois alunos iguais; no entanto, há traços comuns a todos eles. Um bom conhecimento desses pontos análogos dará ao professor mais base para enfrentar e solucionar os problemas e necessidades de cada um. Nessa idade, as crianças descobriram um mundo novo e estão vivendo intensamente dentro dele: é a escola secular - aulas, horários, responsabilidades, concorrência em notas, brigas durante o recreio, disciplina, hostilidade sem a proteção dos pais, coleguismo, realizações, recompensa, etc. Gostam da escola, da professora, dos seus cadernos de tarefa, enfim, do seu novo mundo. Sabem fazer comparações e descobrir se uma coisa é boa ou não, organizada ou não. E a escola dominical pode ficar em segundo plano se você, professor(a) dessa faixa etária, não levar a sério o trabalho de ensino. As crianças nessa idade são parecidas entre si, porém, se formos analisar com cuidado cada idade, perceberemos que há diferenças bem visíveis na maneira de agir, de pensar e de aprender de cada idade, como iremos ver agora: Características mentais Estão aprendendo a raciocinar. Não lhes dê tudo mastigado. Não solucione os problemas deles, mas ajude-os a achar as soluções por si mesmos. O período de atenção é mais prolongado do que o dos alunos de 4 a 6 anos; varia mais ou menos de 10 a 15 minutos. Sete anos: estão aprendendo a ler e escrever, pois entraram para o primeiro ano. Gostam de fatos reais mas também de fantasias, e já conseguem distinguir um do outro. Use ambos, mas com mais freqüência os fatos reais, para evitar o pensamento de que o cristianismo é algo imaginado. Sua capacidade de expressão é limitada, mas têm boa memória. Ajude-os a se expressar em grupo, mas nunca force ninguém a participar contra a vontade. Se prometer algo, cumpra, pois eles se lembram sempre e vão deduzir que você é mentiroso, se não cumprir. 26 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Oito anos: gostam de ler, de aprender e de responder e de responder rapidamente. Leve- os a participar o máximo da aula. Gostam de pesquisar, de perguntar sobre o passado e o futuro, sobre outros povos, etc. Nove anos: gostam de expor suas idéias, de discutir, de perguntar, de ouvir histórias e de dizer coisas engraçadas. Saiba ouvi-los e dê respostas simples e claras. Saiba aceitar certas brincadeiras inofensivas. Gostam de ser desafiados. Desafie-os a trabalhar para Cristo. Evite pensar que são muito pequenos e não entendem nada sobre consagração. São pensadores, críticos e têm boa memória. Não se espante com certas perguntas profundas que venham a fazer. Ajude-os a ver a parte boa das coisas e das pessoas. Dê- lhes oportunidade para memorizar versículos da Bíblia e princípios gerais. Características físicas Os músculos menores estão se desenvolvendo vagarosa mente, e eles se cansam muito quando têm que realizar algo com muitos detalhes; portanto, não exija deles perfeição. Sete anos: estão aprendendo a escrever. Colabore em seu desenvolvimento físico dando-lhes oportunidade de escrever versículos fáceis, palavras importantes, pintar figuras, etc. Oito anos: gostam de se mostrar, fazendo coisas perigosas, como: sentar apoiando a cadeira num pé só, andar sobre um muro coberto de cacos de vidro; pegar bichinhos venenosos com garrafas ou brincar com bombinhas ou espingardas. Não mostre aprovação, nem grite para que parem, e nem mostre cuidado excessivo: porém, seja enérgico e faça-os parar quando estiverem fazendo algo muito perigoso. Chegue mais cedo para que a classe não vire uma confusão. Nove anos: sua coordenação motora já está quase perfeita, mas não é perfeita. Gostam muito de projetos de mesa: construir, armar, recompor uma cena, etc. Características sociais Necessitam de companhia; são comunicativos e gostam de ser considerados alguém. Respeitam autoridade e são cooperadores. 27 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Sete anos: gostam de agradar a professora dando-lhe presentes, e com conversas ou piadas. Mostre que você realmente se agrada dos presentes, porém deixe claro que isso não vai lhes trazer benefícios especiais nem vantagem sobre os outros. Não gostam do sexo oposto; são antagônicos. Evite colocar meninos e meninas juntos em qualquer atividade de grupo. Ficam acanhados em ambientes novos. Crie na classe um ambiente familiar e afetuoso. Oito anos: são egoístas e egocêntricos. Incentive-os a ajudar outras pessoas. Nove anos: desejam amizades sólidas. Apresente-lhes Cristo como Aquele que nunca muda. Gostam de atividades competitivas ou cooperativas. Proporcione-lhes ambos os tipos de atividades. Características emocionais Imaturos. São imprevisíveis e se desanimam com a mesma facilidade com que se animam a fazer alguma coisa: fogo de palha. Não se impressione com suas reações. Não espere demais deles só por já estarem mais desenvolvidos. Incentive-os a continuar o que começaram. Instrua-os dentro de sua própria capacidade de ação. Rebelam-se contra exigências pessoais, quando se sentem magoados. Ensine a obediência através de sugestões e com amor, e nunca dando ordens. O ambiente os influencia muito e podem estourar com facilidade. Aja com calma, sorria sempre, mas nunca ria deles. Sete anos: dependem muito do ambiente. O ambiente é que vai determinar o aprendizado. Proporcione um ambiente bem sugestivo que contribua para o aprendizado. Oito anos: criam seu próprio ambiente e fazem com que outros dependam dele. Cuidado com as panelinhas, pois podem destruir a classe. Seja um guia bem sensível às reações dos alunos e procure perceber se certo grupo está reagindo contra você, contra a classe ou contra o ambiente. Quando descobrir a causa, faça tudo para solucionar o problema. 28 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Nove anos: são capazes de cooperar para manter um ambiente muito agradável. Incentive-os a cooperarem para o bom funcionamento da classe. Vibram quando a classe toda se envolve num projeto ou quando há com petição entre sua classe e outra. Tome cuidado para que a competição em si não seja mais importante do que o propósito dela. Ficam arrasados quando o seu grupo perde uma competição. Características espirituais Sete anos: são impacientes e querem saber tudo agora. Gostam da escola dominical e têm fé em Deus. Nessa idade já podem entender que Cristo os comprou com o Seu sangue, e que já não pertencem a si mesmos, mas a Ele. Oito anos: gostam de um cristianismo exclusivo. Ajude-os a conhecer a Cristo, e a andar com Ele em sua vida diária. Procure entender bem suas reações e mostre-se compreensivo. Nove anos: estão saindo do seu exclusivismo e o mundo à sua volta os preocupa; querem trabalhar para Cristo. O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS Sete anos: Estimule-os a ler o livro do aluno e versículos simples, na própria Bíblia ou escritos no quadro-negro. Dê a eles versículos para copiarem na classe e em casa, como tarefa. Faça-os participar bastante da classe deixando que segurem cartazes com cânticos, recontem histórias, armem quebra-cabeças de versículos, etc. Evite contar histórias em capítulo por muito tempo, pois podem ficar desinteressados. Ensine-lhesa pedir a Deus a solução de qualquer problema. Oito anos: Conte-lhes histórias interessantes, use ilustrações atuais, faça-os pesquisar sobre costumes e histórias dos tempos antigos. Dê a eles tarefas difíceis e desafie-os a realizá-las. Ensine-os a pensar nos outros, que Jesus é o melhor amigo que existe e está pronto a ajudá-los em qualquer situação. Nove anos: Conte histórias bíblicas de uma forma atual, interessante, prática, relacionando as lições bíblicas com os fatos atuais. Como nesta idade eles desejam 29 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância amizades sólidas, apresente Cristo como Aquele que nunca muda. Dê-lhes bastante trabalho prático: dobrar e distribuir folhetos, fazer evangelismo individual, dar o testemunho pessoal, participar de um conjunto musical, etc. AS CARACTERÍSTICAS DOS PRÉ-ADOLESCENTES O pré-adolescente não é mais uma criança, mas também não preenche plenamente as qualificações de um adolescente. Age como criança muitas vezes, porém fica zangado quando o consideram como tal. Ele vive as mais fantásticas aventuras e experiências, e sente necessidade de ser liderado por uma pessoa que o compreenda e o ajude a se conhecer a si mesmo. Por causa da atitude crítica, insinuosa e até marginalizadora, própria dos pré-adolescentes, muitos são chamados por alguns adultos de "moleques", "pestinhas" e "endiabrados". Contudo, vale a pena conhecê-los e ajudá-los nessa fase tão difícil e tão decisiva da vida. Fisicamente Estão ganhando força, apesar de haver um estacionamento no desenvolvimento físico. Gostam de lutar e de fazer bagunça. Chegue à classe antes dos alunos e distribua algo atrativo e útil para fazerem até o início da lição. Há uma diferença muito grande entre o desenvolvimento físico das meninas e o dos meninos. Muitas garotas estão um ano na frente dos garotos. Algumas já entraram na fase menstrual e sentem que não são mais crianças, ao passo que os garotos agem e pensam como crianças. Enquanto os meninos se divertem com atividades brutas, as meninas são mais reservadas e preferem atividades mais calmas. Você deve levar em conta estas grandes diferenças, ao fazer o planejamento de quaisquer atividades. Mentalmente São vivos e gostam de fazer perguntas. Têm boa memória, porém não pensam em profundidade. Têm consciência de tempo e distância. Gostam de colecionar "coisas". Lêem muito. Têm grande interesse em conhecer pessoalmente ou ler e ouvir a respeito de heróis. 30 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Socialmente Sentem uma necessidade grande de pertencer a um grupo que lhes dê segurança. Preferem o seu grupo mais que a família. Lutam pelos direitos do grupo. Gostam de organizar grupos do mesmo sexo. As meninas pensam mais em namoro que os meninos. Ocasião propícia para aconselhamento; evite classes mistas. Adoram heróis e são perfeccionistas. Odeiam fraquezas pessoais. Gostam de ter responsabilidades. Rebelam- se contra a autoridade. Seja um guia, um líder e não um ditador. Sempre peça sugestão à classe, mas não de maneira que demonstre insegurança. Crie um ambiente de liberdade, mas controlado por você. Emocionalmente São instáveis emocionalmente. O desequilíbrio é demonstrado em todas as ocasiões: são alegres ou fechados demais; mostram amizade em excesso e, de repente, voltam-se contra o melhor amigo. Ora estão calmos; ora preocupados, e assim por diante. Seja amigo constante, sincero e que inspire confiança e segurança. Não gostam de manifestações de afeto. Evite abraçar ou colocar a mão nos seus ombros. Ame-os não com palavras e gestos, mas de verdade. São dados a valentias, pois gostam de participar de coisas empolgantes. Mostre que muitas vezes é melhor fugir de um perigo inútil do que enfrentá-lo e sofrer conseqüências graves. São sensíveis ao desprezo, à falta de amor e à hipocrisia. Fale de Cristo e leve-os a viver Cristo. Espiritualmente Eles possuem padrões elevados para si mesmos. Reconhecem o pecado como algo que desagrada a Deus e a si mesmos. Têm fome de Deus. Sua fé é simples e sua cabeça está cheia de dúvidas sobre a Bíblia. Gostam de encontrar resposta por si mesmos na Bíblia. Estão começando a compreender melhor os simbolismos. Querem a Cristo como Salvador e Senhor. O QUE E COMO ENSINAR AOS PRÉ-ADOLESCENTES Tenha um programa ativo, envolvendo-os ao máximo em alguma atividade onde possam usar as suas forças. Dê-lhes oportunidade de pensarem, perguntarem e se expressarem. Encoraje e motive a memorização de versículos, hinos e fatos bíblicos. Ensine-lhes cronologia e geografia bíblica. Use mapas e gráficos em seu ensino. Encoraje-os a ter passatempos úteis. Ensine-os a escolher boa literatura; ajude-os na formação de bons hábitos de leitura; apresente a Bíblia como sendo o melhor livro que existe. Apresente histórias de heróis bíblicose também de outros como: Carey, Simonton, José Manoel da Conceição, Robert e Sarah Kalley, etc. Será bom, algumas vezes, levar à classe 31 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância missionários que estão na obra e cujas experiências sirvam para despertá-los para o serviço do Senhor. Promova reuniões sociais e passeios para a classe, com o intuito de preencher as necessidades sociais deles, dentro de um ambiente cristão. Aproveite para motivar a classe a estudar a lição da escola dominical, através de uma competição não individual, mas entre grupos. Deve tomar muito cuidado para que o espírito de "só os do meu grupo" não leve à marginalização de outros de fora do grupo. Ensine-lhes padrões bíblicos através de princípios bíblicos. Dê -lhes oportunidades de acordo com as suas capacidades e gostos. E como gostam de humorismo, ensine-os a cultivar o humorismo são e evitar o mal. Explique-lhes o valor do sangue de Cristo (1 Jo 1.9). Proporcione oportunidades de conhecerem melhor a Deus. Desafie-os a orar, fazendo pedidos específicos e, pela resposta de Deus, vão saber da realidade de Deus e Sua atuação hoje na vida diária. Envolva-os em diversos ministérios e responda a todas as perguntas de maneira simples e objetiva. Ofereça-lhes as ferramentas próprias para descobrir soluções para seus problemas; por exemplo, um método de estudo bíblico. Use simbolismo, mas certifique-se de que estão entendendo. Leve-os aos pés do Salvador e ajude-os a entender a importância de colocar a Cristo como líder de suas vidas. Nessa fase o professor deve nutri-los, mais do que lançar desafio após desafio, pois, como disse alguém, "O que o indivíduo aprende na idade de 10 a 12 anos leva consigo até o túmulo". Emocionalmente Seus sentimentos são inconstantes e suas emoções são intensas. 1. Oração mútua Incentive cada aluno (ou participante) a orar diariamente pelos outros componentes do grupo, de maneira pessoal, citando seus nomes. Nunca devem se esquecer de orar pela obra missionária em geral e pelos missionários em particular. 2. Prestação de serviço e hospitalidade O professor deve mostrar com exemplos bíblicos que quando alguém precisa de ajuda, o grupo todo tem a responsabilidade de se interessar e fazer alguma coisa por ele. Estabeleça alvos em conjunto e desafie o grupo a alcançá-los 32 Faculdade e Seminário Teológico Nacional Ensino à Distância Quantas novas pessoas vão ser alcançadas nos próximos 6 meses? E no próximo ano? Quantas vão passar adiante o que estão recebendo? Para que os alunos possam edificar outros, eles precisam de uma edificação sólida. E se você é professor, então esta é sua tarefa.
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