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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
PSICOLOGIA DA 
EDUCAÇÃO CRISTÃ 
 
 
2 
 
Faculdade e Seminário Teológico Nacional 
Ensino à Distância 
 
 
BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ: 
DOS PRIMÓRDIOS AO SÉCULO 20 
 
Alderi Souza de Matos* 
 
 
RESUMO 
 
A educação é uma atividade de vital importância para o cristianismo. Sem ela a fé cristã 
não poderia preservar sua identidade e se expandir ao longo do tempo. Por isso, em todas 
as épocas os cristãos têm se dedicado a essa tarefa, embora nem sempre com o mesmo 
êxito e coerência. Este artigo procura destacar alguns aspectos significativos da atividade 
docente da igreja desde os primeiros tempos até o século 20, passando pela Idade Média, 
o Renascimento, a Reforma e o período moderno, e incluindo algumas observações sobre 
o Brasil. O autor chama a atenção para dois aspectos da educação cristã – instrução 
religiosa na fé cristã e educação escolar baseada em princípios cristãos. Também aponta 
as tensões e desafios que a atividade educativa cristã tem experimentado ao longo dos 
séculos, em especial no ambiente pluralista e relativista dos dias atuais. 
 
PALAVRAS-CHAVE 
Educação cristã; História da educação; Escola dominical; Educação religiosa; Educação 
escolar cristã; Pluralismo. 
 
INTRODUÇÃO 
A educação é um fenômeno profundamente humano. Desde o início da humanidade cada 
geração sentiu a necessidade de transmitir à próxima suas experiências, histórias e 
tradições, com o objetivo de preservar a identidade do 
 
 
* O autor é doutor em teologia (Th.D.) pela Universidade de Boston. Leciona história da igreja no Centro Presbiteriano de 
Pós-Graduação Andrew Jumper e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É o historiador da Igreja Presbiteriana do 
Brasil. 
3 
 
Faculdade e Seminário Teológico Nacional 
Ensino à Distância 
 
grupo e o conhecimento acumulado. Tal esforço podia se dar através de recursos formais 
ou informais, mas sempre esteve presente. Em algumas esferas especialmente 
importantes, como a religião, esse processo se tornou particularmente imperativo. Ao 
surgir o cristianismo, essa se tornou uma das características mais salientes do novo 
movimento. Seu fundador era conhecido como um mestre e ordenou explicitamente aos 
seus seguidores que utilizassem o método educativo para comunicar a outras pessoas 
seus novos valores e convicções. 
Um fato que desde o início representou um grande desafio para os cristãos foi a 
consciência de pertencerem a dois reinos – o reino de Deus e o reino deste mundo, a 
igreja e a sociedade. Por um lado, os seguidores de Cristo deviam viver suas vidas na 
coletividade, influenciá-la e testemunhar a ela. Por outro lado, deviam tomar cuidado para 
não serem moldados pela cultura circundante naqueles aspectos em que ele entrava em 
conflito com a fé cristã. Isso levantava a questão de até que ponto os cristãos deviam se 
servir dos recursos e oportunidades educacionais oferecidos pelo mundo não-cristão. 
Com isso surgiram duas perspectivas da educação cristã que precisam ser claramente 
distinguidas: em primeiro lugar, a educação cristã diz respeito à formação espiritual, à 
transmissão da fé cristã propriamente dita, nos aspectos bíblico, doutrinário e ético. Em 
outro sentido, ela se refere à educação geral, que aborda temas não necessariamente 
religiosos (como língua, literatura, história, ciência e arte), porém informados por 
pressupostos e valores cristãos. Todos esses fatores têm estado presentes na história da 
educação cristã desde o seu nascedouro, quando os primeiros discípulos procuraram viver 
a fé num mundo marcado por duas grandes tradições: judaica e greco-romana. 
1. A HERANÇA DO JUDAÍSMO 
Nunca se deve esquecer que a igreja cristã nasceu no seio de judaísmo. Jesus Cristo e os 
primeiros cristãos eram todos judeus e o novo movimento herdou dessa matriz um legado 
muito importante, a começar das Escrituras Hebraicas. O propósito principal de Israel 
como nação era adorar e obedecer ao Deus supremo, Iavé, o Senhor. Isso era feito 
através de dois instrumentos primordiais: o culto e a observância da lei. As diferentes 
partes do Antigo Testamento ilustram essas preocupações. A Torá ou Pentateuco mostra 
como Deus formou o seu povo e lhe deu a sua lei, que incluía prescrições detalhadas 
sobre o culto. Os livros históricos descrevem a trajetória ora ascendente ora descendente 
de Israel no que se refere à aliança contraída com Deus. A literatura sapiencial ilustra o 
que significa observar a lei divina em situações concretas da vida. Finalmente, os profetas 
eram os fiadores da aliança, os instrumentos enviados por Deus para alertar e exortar o 
povo escolhido quanto às suas responsabilidades diante de Iavé. 
Todo esse processo tinha um forte componente educacional. A lealdade e a obediência a 
Deus exigiam constante orientação e treinamento, que co- 
4 
 
Faculdade e Seminário Teológico Nacional 
Ensino à Distância 
 
meçavam no lar. São muitas as passagens que mostram os deveres dos pais israelitas no 
tocante à formação religiosa de seus filhos (ver Dt 6.6-7, 20-22). As mais diferentes 
situações da vida deviam ser utilizadas como oportunidades educativas. Certas seções do 
Pentateuco e dos livros poéticos são exemplos disso. O ensino também era exercido pelos 
líderes civis e religiosos do povo, como Moisés, os juízes, os sacerdotes, os anciãos e, em 
particular, os levitas (Ne 8.7-8). O próprio Deus era o mestre supremo (Is 48.17; 54.13). 
Após o cativeiro babilônico, a vida de Israel sofreu alterações profundas que tornaram 
ainda mais necessários os esforços educativos. Os judeus passaram a viver, em grande 
parte, em outras terras, expostos a outras influências. Já não dispunham do templo de 
Jerusalém, que fora um elemento tão importante da sua identidade. Com isso, foram feitas 
adaptações à nova realidade. Surgiu a instituição da sinagoga e novos grupos que se 
dedicavam ao estudo e ensino da lei – escribas, fariseus e rabis. Algumas evoluções 
posteriores do judaísmo rabínico foram as escolas, como as de Hillel, Shamai e Gamaliel, 
e as coleções de tradições orais e suas interpretações (Mishnah e Gemara, reunidas no 
Talmude). 
2. O NOVO TESTAMENTO 
Os primeiros cristãos receberam o forte impacto da herança judaica no âmbito da 
educação. Nos evangelhos, Jesus é identificado como um rabi judeu que exerceu um 
ministério itinerante de pregação, ensino e socorro aos sofredores (Mt 4.23). Boa parte do 
material dos evangelhos é constituída de ensinamentos religiosos e éticos, nos quais 
Jesus se notabilizou pelo uso inteligente e criativo de uma grande variedade de recursos: 
ilustrações, símiles, dramatizações e as inconfundíveis parábolas. Seus seguidores mais 
próximos receberam a incumbência de utilizar o método educativo no cumprimento de sua 
missão: “Ide, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a guardar todas as 
coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20). 
O livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas demonstram que esse método foi amplamente 
utilizado pelos apóstolos (At 5.42). O ensino era considerado um dos dons espirituais, 
devendo ser exercido com eficiência (Rm 12.7). Entre as qualificações dos presbíteros ou 
bispos estava a aptidão para ensinar (1Tm 3.2; ver 2Tm 2.2,24). Como havia acontecido 
no judaísmo, os principais locais de instrução eram o lar e a comunidade da fé (2Tm 1.5; 
3.15). 
Todavia, desde o início se verificou um elemento de tensão entre diferentes visões 
educacionais. Um deles está presente nos evangelhos, onde se vê a conhecida polêmica 
entre Jesus e os mestres judeus. Escribas e fariseus são censurados por certos aspectos 
do seu ensino, como as tradições que invalidavam elementos importantes da lei de Deus, e 
também pela maneira como ensinavam – nem sempre caracterizadapela coerência. Outra 
tensão se vê nos escritos paulinos entre o ensino cristão e algumas ênfases da cultura 
greco- 
5 
 
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romana. Numa longa passagem da epístola aos Coríntios, o apóstolo traça um forte 
contraste entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus” (1Co 1.18–2.16). Verifica-
se a mesma atitude em 2Co 10.4,5; Cl 2.8, etc. 
Isso levanta a questão da atitude dos primeiros cristãos em relação à vida intelectual. Seria 
o cristianismo uma religião mística que desprezava o cultivo da mente, visto como perigoso 
para a verdadeira espiritualidade? As evidências bíblicas e históricas demonstram que não. 
Jesus ensinou seus seguidores a amarem a Deus com o intelecto (Mt 22.37; Mc 12.30). 
Lucas, Paulo e outros dos primeiros líderes cristãos eram homens cultos, intelectualmente 
preparados (ver Lc 1.1-4; At 17.18-31; 22.3; 2Tm 4.13). O que estava em jogo era qual dos 
tipos de sabedoria deveria ter prioridade. Se a sabedoria pagã, com sua soberba 
intelectual, com sua cosmovisão ora politeísta, ora materialista, ou a sabedoria do 
evangelho, a mente de Cristo (1Co 2.16).1 
 
3. O LEGADO GRECO-ROMANO 
No que diz respeito à educação, além da influência judaica o cristianismo surgiu num 
contexto moldado por uma grandiosa tradição intelectual – a cultura grega abraçada, 
difundida e modificada pelos conquistadores romanos. Daniel Stevens observa que “a 
educação na civilização ocidental é em grande parte produto da filosofia grega e de seu 
correspondente sistema educacional”.2 Com sua ênfase no cultivo do intelecto e na busca 
da sabedoria, os gregos só poderiam valorizar altamente a educação, começando em 
Atenas no século 5º AC e se difundindo por todo o mundo helênico. 
A cultura grega era rica em filosofia, literatura e arte. O pensamento de Sócrates, Platão e 
Aristóteles moldou a tal ponto o raciocínio crítico que, segundo muitos historiadores, o 
período ateniense lançou os fundamentos da Renascença e da moderna era científica. 
Todavia, a educação ateniense tinha algumas limitações: era excessivamente teórica e 
especulativa, dando prioridade à contemplação sobre a vida ativa, e era também elitista, 
aristocrática. 
Ao conquistarem a Grécia em 146 AC, os romanos abraçaram a civilização helênica. Eles 
recrutaram educadores gregos para desenvolver o sistema educacional romano. Todavia, 
também deixaram suas marcas nessa educação. Com eles, a educação se tornou mais 
prática; além disso, estabeleceram uma 
 
1 Em seu livro, The scandal of the Evangelical mind (Grand Rapids: Eerdmans, 1994), Mark Noll argumenta sobre a importância da vida 
intelectual para a contínua vitalidade do cristianismo. Ele afirma: “Onde a fé cristã está firmemente enraizada, onde ela penetra 
profundamente em uma cultura para transformar vidas individuais e redirecionar as instituições, onde ela continua por mais de uma 
geração como um testemunho vivo da graça de Deus – nessas situações, quase invariavelmente encontramos cristãos cultivando 
ardentemente o intelecto para a glória de Deus” (p. 43). Minha tradução. 
2 STEVENS, Daniel C. The history of Christian education. In: ANTHONY, Michael J. (Org.). Foundations of ministry: an introduction to 
Christian education for a new generation. Grand Rapids: Baker, 1992, p. 40. 
6 
 
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vasta rede de escolas primárias e secundárias, bem como instituições de ensino superior, 
tornando a educação acessível a um maior número de pessoas. O objetivo maior era 
formar cidadãos com forte caráter e lealdade ao Estado. Os princípios educacionais de 
Quintiliano exemplificam a influência romana na educação.3 Robert Pazmiño chama a 
atenção para o conceito grego de paidéia, o consenso de uma cultura sobre o que constitui 
a excelência humana.4 Isso aponta para a importância de uma paideia cristã voltada para a 
nutrição, a disciplina, a formação do caráter e o ensino de uma cosmovisão centrada em 
Cristo (Cl 1.28; 2Tm 3.16s). 
Os cristãos interagiram com a educação greco-romana, sentindo sua influência, mas ao 
mesmo tempo dando as suas próprias contribuições. Para começar, eles precisaram se 
posicionar quanto à filosofia grega. Curiosamente, boa parte dos antigos pensadores 
cristãos teve uma atitude positiva quanto à reflexão filosófica. Alguns exemplos destacados 
são Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Orígenes. Outros, notadamente Irineu de 
Lião e Tertuliano de Cartago, tinham sérias reservas quanto à sabedoria filosófica grega. O 
segundo fez a famosa pergunta: “Que há de comum entre Atenas e Jerusalém, entre a 
Academia e a Igreja, entre os hereges e os cristãos?”5 Para esse pai da igreja, embora 
dotado ele mesmo de sólida cultura secular, tudo de que os cristãos necessitavam era a 
Escritura. De qualquer modo, muitos líderes cristãos da antiguidade receberam uma 
educação clássica (filosofia, lógica, retórica) nas escolas greco-romanas, como a célebre 
Academia de Atenas, onde estudaram os futuros bispos e teólogos Basílio de Cesaréia e 
Gregório de Nazianzo. 
 
4. A IGREJA ANTIGA 
Desde o início os cristãos valorizaram a educação como meio de preservar e transmitir 
com fidelidade a herança cristã. Como ocorria entre os judeus, os principais recursos para 
esse fim eram os lares e as comunidades de fé. Com o passar do tempo, surgiram novas 
formas educacionais, a começar da catequese para os aspirantes ao batismo. Inicialmente 
esse termo se referia à instrução mediante repetição oral, revelando a influência do método 
socrático de perguntas e respostas. Em vários lugares surgiram classes para 
catecúmenos, cuja instrução podia se estender até por três anos. Era um período de 
treinamento e de teste antes da aceitação plena na igreja. Os candidatos deviam passar 
por três estágios: “ouvintes” (interessados), “ajoelhados” (aqueles que permaneciam para 
as orações depois que os ouvintes se retiravam) e “escolhidos” 
 
3 Ibid., p. 41. Ver também KIENEL, Paul A. A history of Christian school education. Vol. 2. Colorado Springs: Purposeful Design, 
2005, p. 23-24. 
4 PAZMIÑO, Robert W. Temas fundamentais da educação cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 137. 
5 TERTULIANO, Prescrição contra os hereges, VII. 
7 
 
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(candidatos efetivos ao batismo). Após o batismo, havia instrução adicional sobre os 
sacramentos e outros tópicos.6 
No final do 2º século, algumas escolas de catecúmenos começaram a expandir os seus 
currículos. Sob a influência da cultura predominante, surgiram estruturas educacionais 
mais complexas para pessoas de maior nível intelectual que queriam integrar o 
cristianismo com a tradição filosófica grega. No ano 179, a primeira escola catequética foi 
aberta por Panteno para a grande comunidade cristã de Alexandria, no Egito. Os grandes 
luminares dessa escola na primeira metade do 3º século foram os já referidos Clemente de 
Alexandria e Orígenes. Com o tempo, surgiram outras escolas congêneres em Cesaréia, 
Antioquia, Edessa, Nisibis, Jerusalém e Cartago. Diferentes metodologias educacionais 
gregas e romanas foram utilizadas à medida que a ênfase passou do cultivo de uma vida 
cristã fiel para a reflexão erudita. Um alvo importante era equipar os cristãos para 
compartilharem o evangelho com pagãos cultos.7 
O currículo incluía a interpretação das Escrituras, a regra de fé (síntese das principais 
convicções cristãs em forma de credo) e “o caminho”, ou seja, um conjunto de instruções 
morais, como se pode ver na Didaquê. No 4º século as escolas catequéticas passaram a 
ser substituídas pelas escolas monásticas e episcopais ou das catedrais. A questão 
educacional preocupou algumas das mentes mais inquiridoras e criativas da época, como 
Gregório de Nissa, João Crisóstomo e especialmenteAgostinho de Hipona, que escreveu 
algumas obras valiosas sobre o tema, tais como De catechizandis rudibus (A instrução dos 
principiantes), De doctrina christiana (O ensino cristão) e De magistro (O mestre).8 
 
5. O PERÍODO MEDIEVAL 
A partir do 4º século, com o crescente predomínio do cristianismo, o papel da educação 
cristã se modificou. A igreja deixou de exigir um treinamento intensivo para aqueles que 
ingressavam nas suas fileiras. Com a queda do Im-pério Romano, ela se tornou a força 
dominante na cultura ocidental e passou a assumir quase todas as atividades 
educacionais. O culto (missa), as festas e os dramas religiosos, com seu rico simbolismo, 
se tornaram os principais veículos de educação cristã para uma população 
majoritariamente analfabeta. Com a 
 
 
6 PAZMIÑO, Temas fundamentais, p. 141. 
7 LAWSON, Kevin E. Historical foundations of Christian Education. In: ANTHONY, Michael J. Introducing Christian education: 
foundations for the twenty-first century. Grand Rapids: Baker, 2001, p. 19. 
8 Ver SANDIN, Robert T. “One of the best teachers of the church”: Augustine on teachers and teaching. Christian History 6/3 (1987), p. 
26-29; NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na antiguidade cristã: o pensamento educacional dos mestres e escritores 
cristãos no fim do mundo antigo. São Paulo: Edusp, 1978. 
8 
 
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crescente valorização da vida celibatária, houve um declínio da importância relativa da 
família na formação religiosa. 
Entre os anos 500 e 1000, a educação formal foi oferecida principalmente nas escolas 
monásticas, os principais centros de atividade intelectual, reservados em especial para os 
jovens que ingressavam nas ordens. A educação em geral e a educação cristã 
experimentaram um declínio acentuado nos séculos 6º ao 8º. O imperador Carlos Magno 
buscou revigorar a educação durante o seu longo reinado, com o auxílio do intelectual 
inglês Alcuíno de York. Entre outras medidas, foi executado um plano no sentido de 
estabelecer uma escola em cada cidade.9 
À medida que as cidades cresceram, surgiram as escolas episcopais ou das catedrais, 
cujos currículos incluíam, além da teologia, as artes liberais e as humanidades. Aprendia-
se leitura, redação, música, cálculos simples, observâncias religiosas e regras de conduta. 
Havia também escolas paroquiais, descendentes das antigas escolas para catecúmenos, 
cujo currículo incluía os Dez Mandamentos, os Sete Pecados Mortais, as Sete Virtudes 
Cardeais, o Credo Apostólico e a Oração do Senhor. 
A partir das escolas das catedrais, surgiram no século 12 as primeiras universidades, como 
as de Paris, Oxford e Bolonha. O termo universitas passou a designar uma guilda ou 
corporação de estudantes ou professores estabelecida com propósitos de proteção comum 
durante o trabalho do grupo. Seu enfoque não mais era a piedade pessoal, e sim 
interesses intelectuais e profissionais. Todos os estudantes faziam o curso de artes 
liberais: o trivium (gramática, retórica, dialética) para o grau de bacharel e o quadrivium 
(aritmética, geometria, música e astronomia) para o grau de mestre. Podiam ser feitos 
estudos avançados em teologia, medicina e direito (civil e canônico). 
Foi nas escolas das catedrais e nas primeiras universidades, nos séculos finais da Idade 
Média, que surgiu o escolasticismo, uma tentativa de síntese entre a teologia e a filosofia 
para dar maior sustentação à fé por meio da razão. Resultou da introdução do pensamento 
de Aristóteles, principalmente da sua lógica, no movimento educacional do Ocidente. Seus 
principais representantes foram Anselmo de Cantuária (c.1033-1109) e Tomás de Aquino 
(1225-1274). 
 
6. RENASCIMENTO E REFORMA 
O Renascimento ou a Renascença foi um vigoroso movimento intelectual dos séculos 14 a 
16 que começou na Itália e se difundiu nos países do norte da Europa. Sua principal 
característica foi a redescoberta das grandes contribuições da antiguidade clássica na 
literatura e na arte, o retorno às fontes gregas 
9 Para um decreto de Carlos Magno sobre educação, ver BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. 3ª ed. São Paulo: 
Aste/Simpósio, 1998, p. 168. 
9 
 
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e romanas da cultura européia (humanismo). Num certo sentido, a Renascença teve uma 
tendência secularizante e isso teve repercussões para a educação cristã. Algumas das 
preocupações da época eram a busca de uma vida feliz neste mundo, um enfoque no 
mundo criado mais que no Criador e a ênfase no desenvolvimento individual. Stevens 
observa: “A criação de escolas públicas e particulares libertadas do controle da igreja 
preparou o palco para uma educação livre da influência do evangelho”.10 O mesmo autor 
chama a atenção para dois humanistas, Vitorino de Feltre (1378-1446) e Erasmo de 
Roterdã (1467-1536), os quais, apesar de sua formação cristã, deixaram de dar uma 
orientação nitidamente cristã aos seus brilhantes conceitos educacionais. 
Todavia, algumas ações dos homens do Renascimento foram benéficas para a educação 
cristã, em especial o trabalho dos “humanistas bíblicos”. Seu estudo da Bíblia nas línguas 
originais, publicação de edições críticas do texto bíblico (como o Novo Testamento grego-
latino de Erasmo, em 1516) e tradução das Escrituras para o vernáculo despertaram o 
interesse por um cristianismo mais puro e contribuíram para a Reforma Protestante. A 
invenção da imprensa e a redescoberta da Bíblia tiveram imensas conseqüências para a 
educação cristã. 
A Reforma, com seu princípio de sola Scriptura e a ênfase paralela no direito do livre 
exame das Escrituras, produziu um renovado interesse pela educação. A Bíblia era um 
livro que devia ser lido, estudado e corretamente interpretado, o que exigia que as pessoas 
soubessem ler e tivessem um bom preparo intelectual. Lutero insistiu na educação do 
homem comum e incentivou os pais a cumprirem o dever de proporcionar educação aos 
seus filhos.11 Ele também resgatou a prioridade do lar no processo educacional. Calvino foi 
ainda mais enfático nessas questões. Em sua obra magna, as Institutas, ele caracterizou a 
igreja como “mãe e mestra” dos fiéis, aquela que os leva ao conhecimento de Cristo e 
depois os nutre e orienta durante toda a sua vida cristã. Nas Ordenanças eclesiásticas 
(1542), ele insistiu que a igreja devia ter uma classe de oficiais voltados exclusivamente 
para o ensino, os mestres ou doutores. Em 1559, Calvino fundou a Academia de Genebra, 
embrião da atual universidade com esse nome. 
Os dois grandes reformadores escreveram catecismos que se tornaram um dos mais 
valiosos recursos para a educação cristã ao longo dos séculos. Outro importante meio de 
instrução religiosa era o culto e seu ponto central, a pregação. A ênfase no “sacerdócio de 
todos os crentes” e o entendimento de que as verdades cristãs devem permear todas as 
áreas da existência tiveram 
 
 
10 STEVENS, The history of Christian education, p. 46. 
11 Os dois principais escritos de Lutero sobre educação são os seguintes: “Às autoridades de todas as cidades da Alemanha para 
que criem e mantenham escolas cristãs” e “Um sermão sobre manter as crianças na escola”. 
10 
 
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um impacto salutar na educação cristã e geral. Não só as igrejas tinham um sólido 
programa educacional, mas surgiu um sistema de escolas mantidas pelo Estado visando 
tornar a educação disponível a todos. Pazmiño apresenta uma interessante série de 
contrastes entre o Renascimento e a Reforma, decorrentes de seus diferentes 
compromissos e cosmovisões.12 
 
7. O PERÍODO DA PÓS-REFORMA 
Os séculos 17 e 18 testemunharam importantes desdobramentos, tanto positivos quanto 
negativos, para a atividade educacional cristã. As ênfases centraisdos reformadores 
produziram frutos valiosos e contribuíram para a expansão e aperfeiçoamento do sistema 
educacional das nações protestantes. Tornou-se norma em muitas regiões a chamada 
“educação universal”, ou seja, para todas as crianças, independentemente de sua posição 
social, pondo-se um fim ao elitismo na educação. 
Um personagem notável desse período foi o pastor e educador João Amós Comenius 
(1592-1670), que se tornou bispo dos irmãos morávios. Natural da Checoslováquia, ele 
passou boa parte da vida em outros países, como refugiado da perseguição religiosa. 
Criou e dirigiu escolas na Polônia, Suécia e Hungria, escreveu sobre práticas educacionais 
saudáveis e preparou materiais curriculares. Lawson observa: “Ele procurou usar a 
educação para moldar e nutrir a alma humana e ajudá-la a encontrar soluções para os 
males do mundo”.13 Comenius, cuja obra mais conhecida é a célebre Didática magna 
(1657), é considerado o pai da educação moderna.14 
Dois movimentos deste período deram grandes contribuições para a educação cristã. Um 
deles foi o puritanismo, isto é, o calvinismo inglês, depois transplantado para a América do 
Norte, onde produziu seus melhores frutos. Os puritanos tinham uma visão integrada da 
vida e da sociedade e nessa visão a educação desempenhava um papel preponderante. A 
família era considerada uma pequena igreja, onde o pai, o líder espiritual, devia promover 
a instrução religiosa da esposa e dos filhos e dirigir suas atividades devocionais. Na igreja, 
o principal meio de educação cristã era o culto e, mais especificamente, o púlpito. Os 
pregadores puritanos eram homens instruídos e seus sermões eram cuidadosamente 
preparados para incluir exposição bíblica, ensino doutrinário e aplicação prática para o 
viver diário.15 O exemplo mais eloqüente do pastor puritano culto e piedoso é o reverendo 
Jonathan Edwards (1703-1758). A fim 
 
12 PAZMIÑO, Temas fundamentais, p. 150-151. 
13 LAWSON, Historical foundations, p. 22. 
14 Ver LOPES, Edson Pereira. O conceito da teologia e pedagogia na Didática Magna de Come-nius. São Paulo: Editora 
Mackenzie, 2003; A inter-relação da teologia com a pedagogia no pensamento de Comenius. São Paulo: Editora Mackenzie, 2006. 
15 Ver GUELZO, Allen C. When the sermon reigned. Christian History 13/1 (1994), p. 23-25. 
11 
 
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de preparar homens para o ministério, o governo civil e a vida profissional, os puritanos 
criaram muitos colégios, a começar de Harvard (1636) e Yale (1701), hoje famosas 
universidades.16 
Outro movimento salutar para a educação cristã foi o pietismo alemão, liderado por Phillip 
Jacob Spener (1635-1705), August Herman Francke (1663-1737) e o conde Nikolaus 
Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760). Por causa de sua ênfase na piedade, ou seja, numa 
vida espiritual fervorosa, os pietistas valorizaram grandemente a instrução cristã. Eles 
deram ênfase ao estudo da Bíblia em pequenos grupos, incentivaram a instrução 
catequética e abriram escolas para órfãos e crianças pobres. Fundaram uma importante 
instituição de ensino superior, a Universidade de Halle. 
Por outro lado, os séculos 17 e 18 viram o surgimento do Iluminismo, que entronizou a 
razão e a experiência como critérios últimos do conhecimento e da verdade, rejeitando a 
fé, a revelação e a herança cristã. Esse poderoso mo-vimento e a mentalidade associada a 
ele, gerou uma crescente secularização da educação, inclusive em escolas de origem 
cristã. Essa foi uma era de grandes progressos nas teorias e métodos educacionais. Dois 
nomes importantes foram John Locke (1632-1704) e, em especial, Jean Jacques 
Rousseau (1712-1778), nascido em uma família calvinista francesa que havia fugido para a 
Suíça. Sua grande novela educacional Émile, que descreve a educação ideal desde a 
infância até o início da vida adulta, exerceu grande influência na filosofia e psicologia 
educacionais do século 20.17 
 
8. O MUNDO SAXÔNICO 
Nos últimos séculos, os países que deram as maiores contribuições à educação cristã 
protestante foram a Inglaterra e os Estados Unidos. Quanto a este último, já foi 
mencionada a atuação dos puritanos nos séculos 17 e 18. Na Nova Inglaterra, além do 
papel atribuído ao lar e à igreja, cada comunidade providenciava um edifício escolar e 
contratava um professor. Cada família devia enviar os filhos à escola e ajudar a pagar o 
salário do professor. Já em 1642, o governo de Massachusetts aprovou uma lei exigindo 
que todos os pais provessem educação para os filhos, sob pena de serem multados.18 Em 
conseqüência disso, no início do século 18 a Nova Inglaterra era uma das regiões mais 
alfabetizadas do mundo. Em outras colônias existiam escolas paroquiais. 
A independência dos Estados Unidos em 1776 e o princípio da separação entre a igreja e 
o estado tiveram importantes conseqüências para a educação 
16 Sobre a atitude dos puritanos em relação à vida intelectual, ver NOLL, The scandal of the Evangelical mind, p. 40-43. 
17 STEVENS, The History of Christian Education, p. 48. 
18 WIDER, Wayne A. Reviewing historical foundations. In: CLARK, Robert E. et al. (Orgs.). Christian education: foundations for 
the future. Chicago: Moody, 1991, p. 52. 
cristã. Os estados começaram a criar um sistema de escolas públicas e os impostos não 
mais podiam ser usados para o sustento de escolas particulares e paroquiais.19 Os pais e 
12 
 
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as igrejas tiveram de buscar outros meios de ensinar a fé e a prática cristã às crianças. Foi 
nesse contexto que surgiu um dos desdobramentos mais valiosos para a educação cristã 
em todos os tempos – a escola dominical. 
Esse movimento teve sua origem na Inglaterra, no final do século 18, graças à iniciativa de 
vários evangélicos, o mais conhecido dos quais foi o jornalista e ativista social Robert 
Raikes (1736-1811), da cidade de Gloucester. O objetivo inicial foi alfabetizar e evangelizar 
crianças pobres que trabalhavam nas fábricas e cujo único dia de folga era o domingo. A 
escola funcionava das 10 às 17 horas e incluía, além de aulas de redação e aritmética, 
leitura da Bíblia, catecismo e participação em cultos.20 Após uma desconfiança inicial dos 
líderes eclesiásticos, o movimento alcançou enorme popularidade e em 1784 já reunia 240 
mil alunos. No ano seguinte a escola dominical chegou aos Estados Unidos, passando 
mais tarde a ter uma nova orientação como agência de educação cristã para crianças e 
adultos. Essa nova instituição preencheu o vazio deixado pela secularização da educação. 
Stevens argumenta: “Por mais de 100 anos a Escola Dominical foi a agência dominante e, 
à exceção do lar, quase que a única agência de educação cristã de crianças e jovens 
protestantes”.21 
A origem da escola dominical aponta para outro fenômeno marcante no cenário religioso 
inglês e norte-americano nos séculos 18 e 19 – os avivamentos. Robert Raikes e seus 
colegas eram fruto do avivamento evangélico da Inglaterra, liderado por indivíduos como 
Charles Wesley, George Whitefield, John Newton e outros. Nos Estados Unidos, ocorreu 
simultaneamente o Primeiro Grande Despertamento, no qual se destacaram George 
Whitefield e Jonathan Edwards. Os avivamentos levaram para as igrejas grandes 
contingentes de pessoas que precisavam ser guiadas e alimentadas na fé. Também 
despertaram muitos cristãos para servir aos outros em muitas áreas, inclusive no 
evangelismo e discipulado. A necessidade de dar treinamento a essas pessoas levou à 
criação de grandes colégios denominacionais como Princeton (presbiteriano), Brown 
(batista) e Dartmouth (congregacional).22 O mesmo padrão se repetiu no Segundo Grande 
Despertamento, no início do século 19. 
 
 
 
 
19 Ibid., 53. Sobre a história inicial das escolas cristãs nos Estados Unidos, ver KIENEL, A history of Christianschool education. 
Vol. 2. 
20 LAWSON, Historical foundations, p. 23. 
21 STEVENS, The history of Christian education, p. 49. Sobre o ensino da Bíblia na história da igreja, ver MARRA, Cláudio. A 
igreja discipuladora: orientações da Bíblia e da história para o cumpri-mento de nossa missão. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 19-25. 
22 LAWSON, Historical foundations, p. 23. 
 
9. OS SÉCULOS 19 E 20 
13 
 
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Por razões teológicas, muitos líderes discordaram das ênfases dos avivamentos. Eles 
achavam que os pais negligenciavam a formação religiosa de seus filhos na esperança de 
que um dia fossem convertidos subitamente pela atuação do Espírito Santo em um 
avivamento. Entre esses críticos estava o pastor Horace Bushnell (1802-1876), que, no 
seu famoso livro Christian Nurture (1847), em lugar da crise espiritual repentina do 
avivalismo, defendeu a experiência religiosa gradual centrada no ambiente doméstico. Por 
essa razão ele é considerado o pai da moderna educação religiosa.23 
No âmbito secular, o século 19 foi palco de uma crescente abordagem científica, 
principalmente psicológica, do processo educativo. Um nome de destaque foi o suíço 
Johann Pestalozzi (1746-1827), influenciado por Rousseau, que tinha grande confiança no 
poder da educação para vencer todos os males sociais. Outros educadores de renome 
foram, na Europa, Johann Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852), e nos 
Estados Unidos, Horace Mann (1796-1858) e John Dewey (1859-1952). Todos eles 
defenderam abordagens pedagógicas muito distanciadas da fé cristã.24 
Stevens observa que desde o início do século 20 existem três movimentos que interessam 
à educação cristã: a educação secular, a educação religiosa e a educação cristã 
evangélica. A educação secular, dominada pela psicologia do aprendizado e do 
desenvolvimento humano, tem realizado pesquisas e estudos que, ao menos em parte, 
podem ser úteis para os educadores cristãos. Entre os teóricos dessa corrente estão Erik 
Erickson (desenvolvimento psicossocial) e Jean Piaget (desenvolvimento cognitivo).25 A 
chamada “educação religiosa” está ligada à Associação de Educação Religiosa, fundada 
em Chicago em 1903, sob a liderança de George Albert Coe e outros educadores. 
Inspirada pela teologia liberal, seu objetivo ficou expresso no título de uma palestra de 
Coe: “Salvação pela educação”.26 Quanto à educação cristã evangélica, sua principal 
agência ainda é a escola dominical, mas muitos novos instrumentos surgiram desde o 
século 19: entidades paraeclesiásticas (Associação Cristã de Moços, Esforço Cristão), 
escolas bíblicas de férias, acampamentos, reuniões para jovens e adultos, institutos 
bíblicos. 
 
 
 
23 Bushnell afirma: “A criança deve crescer como cristã e nunca pensar sobre si mesma de outra maneira”. Apud LAWSON, 
Historical foundations, p. 23. Minha tradução. 
24 Sobre esses e outros personagens, ver TOWNS, Elmer L. (Org.). A history of religious educa-tors. Grand Rapids: Baker, 1975. 
Outra valiosa obra de referência em inglês é: ANTHONY, Michael J. (Org.). Evangelical dictionary of Christian education. Grand Rapids: 
Baker, 2001. 
25 Apesar de suas posições secularistas, o educador brasileiro Rubem Alves apresenta valiosas reflexões e propostas para a 
educação, seja ela não-confessional ou cristã. 
26 STEVENS, The history of Christian education, p. 50. 
Nas últimas décadas do século 20 ocorreu um desgaste dos recursos tradicionais de 
educação cristã, como a escola dominical, e o surgimento de novas tendências e 
experimentos, como pequenos grupos, ministérios para homens e encontros para 
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enriquecimento matrimonial. Como alternativa ao sistema de educação pública, 
inteiramente secularizado e por vezes anticristão, tem se dado grande ênfase a escolas e 
universidades cristãs, e à formação escolar no contexto doméstico. Nos Estados Unidos e 
outros países, a educação cristã se tornou uma profissão com muitas áreas de 
especialidade: para crianças, jovens, famílias, casais, etc. Outros elementos novos são a 
tecnologia da informática, a Internet e o crescimento da música cristã. Dentre os 
educadores evangélicos recentes destacam-se Frank Gabelein, Lawrence O. Richards, 
Lois LeBar, Gene E. Getz, Larry Richards, Kenneth Gangel, Warren Benson e Robert 
Pazmiño. 
Após a II Guerra Mundial, os evangélicos americanos despertaram para a devastadora 
influência do secularismo nas escolas públicas dos Estados Unidos. Esse fato, associado 
às decisões da Suprema Corte em 1962-1963 proibindo certas atividades religiosas no 
contexto escolar, causou uma grande multiplicação de escolas cristãs em todo o país. Por 
sua vez, o crescente envolvimento dos evangélicos com a educação escolar cristã levou 
ao surgimento de muitas associações nessa área, das quais a mais importante atualmente 
é a Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI), criada em 1978. No âmbito 
reformado, existe a organização Escolas Cristãs Internacionais (CSI), fundada no mesmo 
ano.27 
 
10. O BRASIL 
Em decorrência da Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana fez um grande esforço 
no sentido de reafirmar e definir com maior precisão sua identidade institucional e 
dogmática. A partir do século 16, surgiu um catolicismo conhecido como ultramontano 
(forte defensor da autoridade papal), tridentino (apegado à ortodoxia do Concílio de Trento) 
e antiprotestante. A educação foi uma ferramenta valiosa na defesa dos interesses da 
igreja, tendo sido amplamente utilizada pela organização católica mais influente nesse 
processo – a Sociedade de Jesus. Em muitos lugares da Europa, os jesuítas – através de 
sua ação política e de suas escolas – detiveram a expansão protestante e reconquistaram 
para a igreja regiões que haviam sido alcançadas pelo novo movimento. 
A partir de 1549, foram justamente os jesuítas os principais missionários e educadores do 
Brasil colonial. Em diversas partes do território brasileiro eles estabeleceram os seus 
colégios, tanto para as crianças indígenas como para os 
 
27 Ver KIENEL, History of Christian school education, p. 308-311. 
filhos dos colonos portugueses. Mais tarde, outras ordens católicas vieram para o Brasil e 
se dedicaram à educação, criando um vasto número de escolas em todo o país. A 
educação católica não foi colocada prioritariamente a serviço do evangelho, mas da 
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instituição eclesiástica e seus interesses.28 Após a Proclamação da República, num 
período de grande revitalização do catolicismo no Brasil, a igreja deu ênfase renovada à 
educação dos seus fiéis. Ela também reivindicou o controle do ensino religioso nas escolas 
públicas, por entender que era um poderoso recurso para exercer sua influência na 
sociedade. Apesar dos protestos de diversos grupos, a Constituição de 1934 atendeu a 
essa reivindicação. 
Desde o início do seu trabalho no Brasil, o protestantismo missionário deu enorme 
destaque à educação cristã. Em todos os lugares em que se estabeleciam, as igrejas 
evangélicas criavam suas escolas dominicais e paroquiais. A primeira escola dominical do 
Brasil foi fundada pelo casal Robert e Sarah Kalley em Petrópolis no dia 19 de agosto de 
1855. Os presbiterianos criaram a primeira escola paroquial no Rio de Janeiro em 1868. A 
educação em bases cristãs também era oferecida nos grandes colégios que começaram a 
surgir em vários pontos do território brasileiro: Escola America/Mackenzie College (São 
Paulo), Colégio Internacional (Campinas), Colégio Piracicabano, Colégio Granbery e 
muitos outros.29 
No início do século 20 foi criada a União das Escolas Dominicais do Brasil, uma filial da 
Associação Mundial das Escolas Dominicais. Estava sediada no Riode Janeiro e seu 
secretário executivo era o Rev. Herbert S. Harris. A partir de 1921, essa organização 
colaborou na publicação das Lições Internacionais da Escola Dominical, seguindo o 
programa adotado pela Comissão Internacional para Lições da Escola Dominical, sediada 
em Chicago. Em julho de 1932, reuniu-se na antiga capital federal a 11ª Convenção 
Mundial de Escolas Dominicais, com mais de 1.300 delegados de 33 países. Foi o maior 
encontro do protestantismo mundial a realizar-se até então na América do Sul e talvez no 
hemisfério sul. 
Um personagem de enorme importância para a educação cristã protestante no Brasil foi o 
pastor e líder da cooperação evangélica Erasmo de Carvalho 
 
 
 
 
28 O relatório apresentado pela delegação brasileira no Congresso da Obra Cristã na América do Sul (Montevidéu, 1925) afirmou: 
“O desejo da Igreja Católica Romana de exercer controle em questões educacionais parece menos motivado pelo intento de transmitir 
conhecimento geral ou familiaridade com os fatos e doutrinas da religião do que pela determinação de tornar a instrução subserviente 
aos fins da igreja”. SPEER, Robert E. et al (Orgs.). Christian work in South America: official report of the Congress on Christian Work in 
South America. New York: Fleming H. Revell, 1925, p. 247. Minha tradução. 
29 Sobre o Mackenzie College, ver MATOS, Alderi S. O Colégio Protestante de São Paulo: um estudo de caso sobre o lugar da 
educação na estratégia missionária da igreja. Fides Reformata 4/2 (1999), p. 59-86. Quanto aos colégios batistas, ver MACHADO, José 
Nemésio. A contribuição batista para a educação brasileira. Rio de Janeiro: Juerp, 1994. 
16 
 
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Braga (1877-1932). Erasmo foi professor no Mackenzie College, no Seminário 
Presbiteriano e no Colégio Culto à Ciência, em Campinas. Preparou as célebres cartilhas 
da Série Braga, utilizadas por décadas em todo o Brasil, foi membro da Associação 
Brasileira de Educação e escreveu amplamente sobre temas educacionais. Foi um grande 
entusiasta das escolas paroquiais evangélicas e se preocupou com a crescente 
secularização dos grandes colégios protestantes. De 1922 a 1929, preparou e publicou 
através da União das Escolas Dominicais do Brasil e da Comissão Brasileira de 
Cooperação, da qual era secretário executivo, oito volumes do Livro do professor – lições 
bíblicas para as escolas dominicais, com riquíssimo material bíblico e pedagógico para a 
educação cristã.30 
 
CONCLUSÃO 
São grandes as oportunidades, mas também as tensões e desafios enfrentados pela 
educação cristã nos tempos atuais. Muitas igrejas evangélicas têm abandonado sua 
herança nesta área. Por causa do interesse pragmático que privilegia o crescimento 
numérico em detrimento da qualidade de vida cristã, a educação é considerada 
dispensável em muitas comunidades. Se é verdade que certos modelos tradicionais, como 
a escola dominical, talvez necessitem de profundas reformulações, as novas alternativas 
que estão sendo propostas precisam preservar as contribuições válidas do passado. Outra 
área controvertida é a educação escolar cristã no mundo pluralista contemporâneo. Uma 
coisa é promover um ensino cristão em instituições denominacionais modestas cujos 
alunos são em grande parte evangélicos. É mais complicado quando se trata de uma 
instituição de grande porte com um alunado caracterizado por grande diversidade cultural e 
religiosa. É o caso do atual debate sobre o ensino do criacionismo na educação básica dos 
Colégios Presbiterianos Mackenzie.31 
 
 
 
 
 
30 Ver MATOS, Alderi Souza de. Erasmo Braga, o protestantismo e a sociedade brasileira: perspectivas sobre a missão da igreja. 
São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 243-260. Sobre o ensino da Bíblia no Brasil, ver MARRA, A igreja discipuladora, p. 25-40. 
31 Folha de São Paulo: Marcelo Leite, Criacionismo no Mackenzie, 30/11/2008, Caderno Mais!, p. 9; Charbel Niño El-Hani, 
Educação e discurso científico; Christiano P. da Silva Neto, A teoria da evolução e os contos de fadas, 06/12/2008, p. A3; Escolas 
adotam criacionismo em aulas de ciências, 08/12/2008, p. A16; MEC diz que criacionismo não é tema para aula de ciências, 13/12/2008, 
p. C4; ver também cartas em Painel do Leitor, 02-10/12/2008. Ver ainda André Petry, Lembra-te de Darwin, revista Veja, edição n. 2098 
(04/02/2009). 
 
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Josivaldo de França Pereira 
Minha professora de psicologia da educação da faculdade de filosofia costumava dizer 
que "de médico, louco e psicólogo todo mundo tem um pouco". Menciono esse fato 
somente para salientar que a psicologia apresentada neste artigo (uma adaptação nossa 
do livreto O Bom Professor Conhece Os Seus Alunos) não é a psicologia no sentido 
técnico do termo (apesar de reconhecermos a importância da ciência psicológica). Trata-
se apenas da psicologia da sala de aula. Daquela aprendida, principalmente, na 
convivência com os alunos. 
 
Neste artigo tentaremos ajudar você a conhecer melhor os alunos de sua classe de 
escola dominical. Possuir um conhecimento profundo das características e necessidades 
de seus alunos é imprescindível para um ensino eficaz e bem sucedido. 
 
AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS 
 
A construção começa pelo alicerce. Como nosso alvo é construir Cristo na vida das 
pessoas, começamos pelo alicerce, que são as crianças de 1 a 3 anos. Neste artigo, 
gostaríamos de ver suas características, e as maneiras como conseguiremos alcançá-las, 
usando a Palavra de Deus. 
 
Isto talvez soa estranho aos ouvidos de alguns, porém a verdade é que a criança nesta 
idade pode captar muitas verdades acerca de Deus, por causa do instinto de busca de 
Deus que existe em todo ser humano. Damos muita importância a esta idade porque dela 
Deus pode receber muito louvor. 
 
Fisicamente 
 
Estão crescendo rapidamente. Seus músculos exigem ação, por isso são turbulentas. 
Elas se cansam com facilidade e necessitam de longos períodos de descanso. 
 
1 a 2 anos: a criança age impulsionada pelos músculos maiores mas cai quando tenta 
andar rapidamente. Quebra tudo que tenta alcançar porque os músculos menores não se 
desenvolveram e não há uma perfeita coordenação motora. Por isso, todos os brinquedos 
devem ser fortes, grandes e leves. 
 
Aos dois anos gosta de enfileirar objetos: cadeiras, brinquedos, etc. É hora de ensiná-la a 
usar o vasinho para suas necessidades físicas. Paciência e calma são essenciais nessa 
fase. 
 
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3 anos: os músculos menores estão mais desenvolvidos. Tem uma coordenação motora 
mais equilibrada. Consegue equilibrar-se e controlar o próprio corpo. Por isso, com 
freqüência, ela pula de um lugar mais alto; pendura-se na mesa, na maçaneta e até no 
seu braço. Não fique bravo por isso. Sob sua supervisão, deixe-a dependurar-se e 
balançar-se, pois isto faz parte de seu crescimento normal. Não seja um empecilho para o 
seu crescimento. 
 
Gosta de brincar com argolas de plástico, latinhas, etc., mas além de enfileirar já 
consegue também empilhar os brinquedos. 
 
As crianças de um a três anos adoecem com facilidade - o ambiente da sala deve ser o 
mais sadio possível para evitar contágios. 
 
Mentalmente 
 
São curiosas e investigadoras, por estarem começando a conhecer as maravilhas que 
Deus criou. 
 
1 a 2 anos: sua atenção é limitada - um minuto a dois, no máximo; a mente cansa-se 
logo; fala pouco, mas entende quase tudo. Não tem a habilidade de fazer perguntas, nem 
observações engenhosas. Devemos nos lembrar de variar as atividades, contar histórias 
ou falar rapidamente sem entrar em detalhes, e não esperar que ela participe ativamente 
da aula, respondendo a todasas perguntas e nem perguntando. Ela entende mais do que 
fala. 
 
3 anos: "O que é isso?". É a pergunta mais comum entre elas. Não tem noção dos dias 
da semana; gosta de repetições; falam mais palavras. Gosta de explorar o desconhecido - 
quebra a asa do avião para ver o que tem dentro. Arranca a perninha dos bichinhos para 
ver de que é feita. Para aproveitar essa curiosidade aguçada, prepare uma mesa com as 
coisas que Deus fez e vá sempre acrescentando mais objetos. Deixe a mesa sempre 
coberta com plástico para evitar estragos. 
A criança fala através de frases, mas sua mente está, geralmente, adiante do que diz. 
Não a ajude nem a apresse para encontrar palavras. Ouça pacientemente, custe o que 
custar. Por causa da infiltração da TV e sua maneira marcante de comunicar, as crianças 
dessa idade, hoje, falam muito mais que no passado. MESMO ASSIM NUNCA SE 
ESQUEÇA DE QUE ELA TEM APENAS TRÊS ANOS E É UMA CRIANÇA. 
 
 
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Social e emocionalmente 
 
São sensíveis. Gostam de falar, de agradar e de ser em agradadas. Precisam da atenção 
de todo mundo. Chamam a atenção de todos, sendo ou muito boas ou rebeldes de mais: 
gritam, choram, são egoístas ao extremo, etc. Conseguem perceber o humor do professor 
pelo timbre de voz, sorriso e contato corporal. 
 
1 a 2 anos: certos incidentes ficam gravados na memória da criança para sempre. Ela 
pode não querer ir à escola dominical porque um coleguinha bateu nela na saída, ou 
porque teve uma impressão má da professora. Todas à s vezes que sabe que terá de ir à 
igreja começa a chorar. Demora muito para se ambientar em uma nova situação. Ela se 
retrai e torna-se agressiva. Ex.: quando se separa da mãe, pela primeira vez, para ir à sua 
classe, chora porque pensa que vai perdê-la ou que ela vai embora. 
Leve-a até à classe da mãe e mostre-lhe que ela ainda está lá. Após várias tentativas, se 
não se acostumar com a idéia de separar-se da mãe, traga um guarda-chuva ou capa ou 
bolsa da mãe e deixe-a na sua classe. Assim a criança vai sentir que ela não foi embora. 
Nunca diga: "Você é um menino grande e ainda está chorando? Veja todas as crianças ao 
seu redor olhando. Você não tem vergonha?". Antes, abrace a criança que tem o nariz 
escorrendo e os olhos cheios de lágrimas, limpe-os com um lenço, mostre a ela um 
brinquedo, figura ou livro. Ela precisa de segurança. Ela se sente mais segura e ajustada 
na escola dominical quando é saudada todos os domingos pela mesma ou mesmas 
professoras. 
 
Não consegue ainda brincar com o grupo. Ela brinca sozinha no meio do grupo. Nunca 
espere que todos brinquem com ela. Ela não sabe brincar em conjunto. 
 
3 anos: gosta de estar entre outras pessoas. Não tem muito problema para ficar longe da 
mãe, se conseguir se ajustar ao meio ambiente. Também gosta de brincar sozinha no 
meio de todos, mas já consegue brincar com os outros. É egoísta - pode derrubar os 
blocos empilhados por outro menino, para aumentar sua própria construção. Pode pegar 
as bolachas e colocar a maioria na boca, só para não dar para os outros. Por outro lado, 
gosta de ajudar os outros e sente alegria em fazê-lo. 
Ex.: dá sua boneca para a menina que está chorando e diz palavras de consolo. 
Não gosta de ser mandada, mas fará muitas coisa se você as sugerir de maneira clara e 
diretiva. Ex.: "Olhem o relógio; está na hora de guardar as bonecas na cama, os blocos 
dentro das caixas. Tique-taque, tique-taque, vamos todos trabalhar. Tiquetaque, tique-
taque, um pouco mais, um pouco mais e descansar. Tique-taque, tiquetaque, um pouco 
ali, um pouco aqui, e terminar. Obrigada, obrigada, e até outro dia começar". 
 
 
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Espiritualmente 
 
Por causa do instinto de busca que existe no ser humano ela deseja e tem sede de 
conhecer o Deus vivo e atuante. Ela aprende a conhecer a Deus através das palavras e 
ações das pessoas que a cercam. 
 
1 a 2 anos: tem capacidade para entender e experimentar o amor de Deus. A criança 
aprende essa verdade ouvindo, vendo e experimentando. Leva tempo para ela ganhar 
noção de uma verdade, mas um pouco aqui, um pouco ali, e ela consegue aprender. 
(Is 28.10,13). Aos dois anos de idade gosta de orar e dizer palavras simples para Deus; 
aprende a agradecer a Deus quando as pessoas ao seu redor assim o fazem, dando 
graças a Deus por todas as coisas. (Ef 5.20). Ex.: "Vamos agradecer a Deus porque João 
está só resfriado e não precisou ir par a o hospital, e porque no próximo ele já estará aqui 
para aprender das coisas de Deus ". A prova de que ela aprende é que, durante a 
semana, ela tenta cantarolar os cânticos aprendidos. Desafina e inventa palavras, mas 
canta com alegria. 
 
3 anos: seu interesse por Deus continua crescendo. Gosta de ouvir contar que Deus criou 
tudo: flores, frutos, sol, chuva, noite e dia, e os animais. Nessa época, comece a ensinar 
que Deus criou o corpo. Ex.: "Deus não foi bom de nos dar mãos fortes para podermos 
colocar os blocos dentro da caixa? Deus nos deu ouvidos e por isso podemos ouvir esta 
bonita música que fala de Jesus, não é?". Mesmo olhar pela janela num domingo chuvoso 
pode dar ocasião para um a conversa: "Deus é bom de dar esta chuva tão boa que ajuda 
as plantas a crescerem. Vamos agradecer a Deus por esta chuva". 
 
 
O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS 
 
1 a 2 anos: a melhor maneira de ensinar uma criança nesta idade é usar a conversação 
dirigida, isto é, conduzir cuidadosamente a conversa e o pensamento da criança na 
direção de uma verdade bíblica ou do objetivo da lição. Ex.: quando ela conseguir virar a 
página de um livro, diga que Deus fez suas mãos e é por isso que ela consegue mexer 
naquele livro. Quando uma criança aparecer com uma blusa bonita diga: "Como Deus é 
bom de ter feito um pano tão macio e quentinho. Vamos agradecer a Deus por esta 
blusa". Se ela desejar tirar a blusa porque ficou com calor, aproveite para dizer: "Você já 
imaginou se Deus não tivesse feito o sol? Morreríamos de frio". 
 
A Bíblia se tornará um livro especial para ela se a professora e os pais assim lhe 
ensinarem, falando-lhe sobre a Bíblia ou deixando que ela a carregue com cuidado e 
21 
 
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respeito. Ex.: diga: "Eu vou segurar seu dedinho e colocá-lo sobre a Bíblia no lugar que 
diz: 'Deus me fez'. - Jó 33.4". Assim ela vai aprendendo as coisas de Deus. 
3 anos: use cânticos com gestos que ela possa participar livremente. Ex.: história da 
criação: Deus fez a lua - as crianças fazem um círculo com as mãos. Deus fez as estrelas 
- mexer com os dedinhos. Deus fez tudo isso e colocou no céu - apontar o dedinho 
indicador para o céu. Deus fez o sol - fazer o círculo com as mãos; as árvores - erguer as 
duas mãos para cima; as flores - abaixar até o chão. Os passarinhos voam no céu que 
Deus fez - usando as mãos, fazer de conta que estão voando. 
 
 
AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS 
 
É nessa fase, entre 4 e 6 anos, que as impressões mais profundas, provindas do 
ambiente em que a criança vive, estão se interiorizando nela, para depois serem 
externadas através de ações e reações, inclusive na fase adulta. É uma idade propícia 
para se entender a realidade de Cristo e Sua atuação na vida diária. A criança poderá 
entender, sentir e viver Cristo se isso lhe for ensinado através de palavras e atitude. 
Procuremos então conhecê-la par a ajudá-la a se encontrar com Cristo e ter uma vida que 
agrade a Deus. 
 
Fisicamente 
Crescimento muito rápido. Os músculos estão se desenvolvendo, dando-lhe assim um 
melhor controle motor. Consiga equipamentos adequados como, por exemplo: cadeiras 
baixas, para que os pezinhos não fiquem balançando, mesasde altura apropriada para 
que a criança não tenha que ficar pendurada ou de pé para escrever, desenhar ou 
brincar. Materiais como figuras ilustrativas e objetos de borracha devem ser grandes. As 
tesouras pequenas e sem ponta são mais aconselháveis. 
 
É ativa e, como conseqüência disso, cansa-se facilmente. Seus olhos ficam ardendo e os 
ouvidos cansados quando ouve ou vê algo por muito tempo. Apesar de ser tão ativa e 
aparentar saúde inabalável, é sensível e sujeita a doenças. Deve-se providenciar 
atividades variadas e incluir um período de descanso ou de atividades que exijam menos 
esforço. Mantenha a sala sempre bem iluminada, fale pouco e de maneira clara; 
modifique o tom e a entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. 
Para evitar que a criança transmita ou contraia alguma doença, esteja sempre alerta e 
verifique se algum aluno está com alguma doença contagiosa como catapora, sarampo, 
rubéola ou com qualquer outro sintoma que revele possível doença. 
 
 
 
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Mentalmente 
Responda a todas as perguntas de maneira simples e verdadeira pois a criança dessa 
idade é indagadora, curiosa e está pronta a aprender. 
 
Como sua atenção é limitada, variando de 5 a 10 minutos, diversifique as atividades: 
jogos, descanso, cânticos, lanche, limpeza da sala, guardar os brinquedos na caixa, etc. 
 
Tem boa memória mas não tem noção exata de tempo nem de distância. Sua mente é 
ativa e quer expressar o que pensa, mas não sabe como. 
 
Socialmente 
 
Gosta de estar com os outros e é capaz de brincar em conjunto. Promova então 
atividades nas quais todos brinquem juntos. Não utilize atividades de grupo, em que seja 
preciso construir algo definido. Raramente dará resultado pois ela não consegue continuar 
o que o outro já começou. A tendência é de destruir. 
 
Nesta idade muitos já estão demonstrando qualidades de liderança, enquanto outros só 
agem baseados em sugestões. Encoraje os líderes a tomarem a liderança, mas não 
egoisticamente, e proporcione oportunidades para que outros liderem também. É egoísta 
e pensa que tudo lhe pertence. Procure ensinar-lhe a importância de ser cordial e amável 
com os outros, e também os princípios bíblicos de posse. Deixe claro que Deus se agrada 
quando dividimos nossas coisas com os outros. (Exemplo do menino que deu os pães e 
peixes a Jesus). Proporcione oportunidades de dar e receber. 
 
Deseja a aprovação do grupo e dos adultos. Elogie-a sinceramente quando fizer coisas 
certas. Se fizer algo errado ou mal feito, em vez de dizer: "Eu sabia que você iria fazer 
isso...", diga: "Não está tão bom como os que você costuma fazer, mas sei que consegue 
fazer melhor. Gostei muito do verde da grama", ou "Gostei de ver como você caprichou no 
telhado". 
 
Gosta de palavras e piadas tolas. Ria se forem inocentes ou sem afetação pessoal. 
Discipline, se não forem, mas sem alterar a voz nem o gesto. Se acontecer de se 
divertirem às custas de defeitos físicos de outras pessoas, ou da dificuldade de alguém 
aprender a língua do país, chame-as, uma a uma, à parte e explique-lhes, com amor, sem 
tom de recriminação que aquilo fere a outra pessoa. Pode dar uma explicação, 
dependendo do caso, de como aquele menino ficou daquele jeito. Converse com uma 
criança de cada vez. Em casos de disciplina, isso dá mais resultado do que falar ao 
grupo. 
 
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Emocionalmente 
 
Proporcione um ambiente calmo. Não grite, nem crie uma atmosfera carregada, com 
imposições e antagonismo (resultado de uma disciplina muito rígida), pois a criança é 
sensível e suas emoções são intensas. 
 
É capaz de controlar o choro. Encoraje-a, quando esfolar o joelho em conseqüência de 
uma queda, simplesmente colocando a mão na cabeça dela e dizendo: "Puxa! Como você 
cresceu!". 
Muitas de suas ações são permeadas de uma atitude egoísta, invejosa e ciumenta. Evite 
mostrar favoritismo, elogiando sempre o trabalho de uma criança só, ou dando 
oportunidades apenas para algumas fazerem determinadas coisas. 
 
É explosiva. Nunca lhe peça algo que esteja além de sua capacidade, pois quando não 
consegue realizar a tarefa, ou chora ou fica desanimada, e fica com um gostinho amargo 
de derrota. 
É bondosa. Gosta de ajudar os outros, desde que isto não traga ameaça para si. Ensine-
a a repartir as coisas e a mostrar amor e simpatia pelos outros, orando, dando ou fazendo 
algo. 
É teimosa, e bate o pé quando as coisas não saem como ela quer, ou quando é obrigada 
a fazer algo que não quer fazer. Aprenda a boa arte de sugerir as coisas firmemente, mas 
sem rispidez. Ex.: Em vez de dizer: "Guarde os brinquedos, porque já vamos ouvir a 
história", diga: "Chegou a hora de ouvirmos mais uma parte da história de Jesus. Quem 
gosta de ouvir a história de Jesus? Então vamos todos guardar os brinquedos na caixa, 
antes de ouvir a história". 
É medrosa demais. Evite dizer: "Se você não ficar quieto, vou falar com sua mãe". Evite 
histórias que causem medo: "... então veio um homem baixinho, de bigode, com um 
chapéu preto na cabeça. Ele veio devagarzinho...e zup! Agarrou o missionário, e ele 
gritou: "Ahhh!". Além de ficar com medo, ela vai pensar que todo homem baixinho é um 
bandido que agarra as pessoas. 
 
Espiritualmente 
 
Pensa em Deus de um modo pessoal e consegue dar-Lhe verdadeiro louvor. Leve-a a ter 
um contato pessoal com o Senhor através da oração de agradecimento, de petição, e 
pelas histórias da Bíblia. Diga-lhe repetidas vezes que Deus odeia seus pecados mas a 
ama muito. 
 
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Ela pergunta com freqüência sobre a morte, porque tem dúvidas. Responda com 
simplicidade, sem mostrar mistério ou cinismo. 
 
Acredita nos adultos e está pronta a ouvir de Cristo. Seja verdadeiro e fale de Cristo de 
maneira bem simples. Faça um apelo após contar a história, ou em qualquer ocasião 
propícia. Depois que ela tomar a decisão, verifique se entendeu e fale sobre a certeza da 
salvação, caso tenha mesmo se decidido. 
 
O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS 
 
Use recursos visuais simples mas significativos para ela. Faça-a participar da aula, 
dramatizando, recortando a história, respondendo perguntas, ou fazendo algum trabalho 
manual. Não use comparações nem palavras figuradas na história. Esta deve ter 
seqüência lógica e ser curta. Fale pouco e de maneira clara. Modifique o tom e a 
entonação da voz, dependendo dos personagens e circunstâncias. Toda palavra nova 
deve ser explicada para evitar que a criança memorize coisas sem sentido. Cada verdade 
básica deve ser repetida muitas vezes, de várias maneiras. Evite dar duas explicações a 
uma mesma lição, pois pode causar confusão. Faça perguntas que a ajude a expressar 
suas idéias naturalmente, sem forçá-la, também sem depreciá-la quando não conseguir 
explicar aquilo que quer falar . 
 
Planos de salvação 
 
1. Eu pequei - Rm 3.23 - Sabe que você é pecador? Você diz mentiras, tem raiva do 
irmãozinho e desobedece? Isto tudo é pecado. O pecado separa você de Deus. 
2. Deus me ama - Jo 3.16 - Deus odeia o pecado que você comete, mas Ele o ama tanto 
que fez uma coisa para você não ficar longe dEle: deu Jesus. 
3. Cristo morreu por mim - Rm 5.8 - Cristo morreu em seu lugar para que você não fique 
mais separado de Deus. 
4. Eu O aceito - Jo 1.12 - Se você receber Cristo em seu coração, você se torna filho de 
Deus, e seus pecados são perdoados. Quer orar a Jesus e pedir-Lhe para vir morar com 
você para sempre e limpar seu coração? 
5. Estou salvo - Jo 1.12 ou Jo 5.24 - O que você fez? Isto: abriu o coração para Jesus 
entrar. Onde Ele mora agora? A Bíblia diz que Jesus nunca mais vai abandoná-lo.Você 
está seguro nas mãos de Deus. 
 
 
 
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AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS 
 
Na idade de 7 a 9 anos a criança tem uma personalidade vibrante e curiosa, mas que 
também oferece momentos de frustração para o professor. Cada uma dessas idades - 7, 
8 e 9 - tem suas características, necessidades e habilidades próprias. Não há dois alunos 
iguais; no entanto, há traços comuns a todos eles. Um bom conhecimento desses pontos 
análogos dará ao professor mais base para enfrentar e solucionar os problemas e 
necessidades de cada um. 
 
Nessa idade, as crianças descobriram um mundo novo e estão vivendo intensamente 
dentro dele: é a escola secular - aulas, horários, responsabilidades, concorrência em 
notas, brigas durante o recreio, disciplina, hostilidade sem a proteção dos pais, 
coleguismo, realizações, recompensa, etc. Gostam da escola, da professora, dos seus 
cadernos de tarefa, enfim, do seu novo mundo. Sabem fazer comparações e descobrir se 
uma coisa é boa ou não, organizada ou não. E a escola dominical pode ficar em segundo 
plano se você, professor(a) dessa faixa etária, não levar a sério o trabalho de ensino. 
 
As crianças nessa idade são parecidas entre si, porém, se formos analisar com cuidado 
cada idade, perceberemos que há diferenças bem visíveis na maneira de agir, de pensar 
e de aprender de cada idade, como iremos ver agora: 
 
 
 
 
 
Características mentais 
 
Estão aprendendo a raciocinar. Não lhes dê tudo mastigado. Não solucione os problemas 
deles, mas ajude-os a achar as soluções por si mesmos. 
 
O período de atenção é mais prolongado do que o dos alunos de 4 a 6 anos; varia mais 
ou menos de 10 a 15 minutos. 
 
Sete anos: estão aprendendo a ler e escrever, pois entraram para o primeiro ano. 
Gostam de fatos reais mas também de fantasias, e já conseguem distinguir um do outro. 
Use ambos, mas com mais freqüência os fatos reais, para evitar o pensamento de que o 
cristianismo é algo imaginado. 
 
Sua capacidade de expressão é limitada, mas têm boa memória. Ajude-os a se expressar 
em grupo, mas nunca force ninguém a participar contra a vontade. Se prometer algo, 
cumpra, pois eles se lembram sempre e vão deduzir que você é mentiroso, se não 
cumprir. 
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Oito anos: gostam de ler, de aprender e de responder e de responder rapidamente. Leve-
os a participar o máximo da aula. 
 
Gostam de pesquisar, de perguntar sobre o passado e o futuro, sobre outros povos, etc. 
 
Nove anos: gostam de expor suas idéias, de discutir, de perguntar, de ouvir histórias e de 
dizer coisas engraçadas. Saiba ouvi-los e dê respostas simples e claras. Saiba aceitar 
certas brincadeiras inofensivas. 
Gostam de ser desafiados. Desafie-os a trabalhar para Cristo. Evite pensar que são muito 
pequenos e não entendem nada sobre consagração. 
 
São pensadores, críticos e têm boa memória. Não se espante com certas perguntas 
profundas que venham a fazer. Ajude-os a ver a parte boa das coisas e das pessoas. Dê-
lhes oportunidade para memorizar versículos da Bíblia e princípios gerais. 
 
Características físicas 
 
Os músculos menores estão se desenvolvendo vagarosa mente, e eles se cansam muito 
quando têm que realizar algo com muitos detalhes; portanto, não exija deles perfeição. 
Sete anos: estão aprendendo a escrever. Colabore em seu desenvolvimento físico 
dando-lhes oportunidade de escrever versículos fáceis, palavras importantes, pintar 
figuras, etc. 
 
Oito anos: gostam de se mostrar, fazendo coisas perigosas, como: sentar apoiando a 
cadeira num pé só, andar sobre um muro coberto de cacos de vidro; pegar bichinhos 
venenosos com garrafas ou brincar com bombinhas ou espingardas. Não mostre 
aprovação, nem grite para que parem, e nem mostre cuidado excessivo: porém, seja 
enérgico e faça-os parar quando estiverem fazendo algo muito perigoso. Chegue mais 
cedo para que a classe não vire uma confusão. 
 
Nove anos: sua coordenação motora já está quase perfeita, mas não é perfeita. Gostam 
muito de projetos de mesa: construir, armar, recompor uma cena, etc. 
 
Características sociais 
 
Necessitam de companhia; são comunicativos e gostam de ser considerados alguém. 
Respeitam autoridade e são cooperadores. 
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Sete anos: gostam de agradar a professora dando-lhe presentes, e com conversas ou 
piadas. Mostre que você realmente se agrada dos presentes, porém deixe claro que isso 
não vai lhes trazer benefícios especiais nem vantagem sobre os outros. 
Não gostam do sexo oposto; são antagônicos. Evite colocar meninos e meninas juntos em 
qualquer atividade de grupo. 
 
Ficam acanhados em ambientes novos. Crie na classe um ambiente familiar e afetuoso. 
 
Oito anos: são egoístas e egocêntricos. Incentive-os a ajudar outras pessoas. 
 
Nove anos: desejam amizades sólidas. Apresente-lhes Cristo como Aquele que nunca 
muda. Gostam de atividades competitivas ou cooperativas. Proporcione-lhes ambos os 
tipos de atividades. 
 
 
Características emocionais 
 
Imaturos. São imprevisíveis e se desanimam com a mesma facilidade com que se 
animam a fazer alguma coisa: fogo de palha. 
 
Não se impressione com suas reações. Não espere demais deles só por já estarem mais 
desenvolvidos. Incentive-os a continuar o que começaram. Instrua-os dentro de sua 
própria capacidade de ação. 
 
Rebelam-se contra exigências pessoais, quando se sentem magoados. Ensine a 
obediência através de sugestões e com amor, e nunca dando ordens. O ambiente os 
influencia muito e podem estourar com facilidade. Aja com calma, sorria sempre, mas 
nunca ria deles. 
 
Sete anos: dependem muito do ambiente. O ambiente é que vai determinar o 
aprendizado. Proporcione um ambiente bem sugestivo que contribua para o aprendizado. 
 
Oito anos: criam seu próprio ambiente e fazem com que outros dependam dele. Cuidado 
com as panelinhas, pois podem destruir a classe. Seja um guia bem sensível às reações 
dos alunos e procure perceber se certo grupo está reagindo contra você, contra a classe 
ou contra o ambiente. Quando descobrir a causa, faça tudo para solucionar o problema. 
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Nove anos: são capazes de cooperar para manter um ambiente muito agradável. 
Incentive-os a cooperarem para o bom funcionamento da classe. Vibram quando a classe 
toda se envolve num projeto ou quando há com petição entre sua classe e outra. Tome 
cuidado para que a competição em si não seja mais importante do que o propósito dela. 
Ficam arrasados quando o seu grupo perde uma competição. 
 
Características espirituais 
 
Sete anos: são impacientes e querem saber tudo agora. 
 
Gostam da escola dominical e têm fé em Deus. Nessa idade já podem entender que 
Cristo os comprou com o Seu sangue, e que já não pertencem a si mesmos, mas a Ele. 
 
Oito anos: gostam de um cristianismo exclusivo. Ajude-os a conhecer a Cristo, e a andar 
com Ele em sua vida diária. Procure entender bem suas reações e mostre-se 
compreensivo. 
 
Nove anos: estão saindo do seu exclusivismo e o mundo à sua volta os preocupa; 
querem trabalhar para Cristo. 
 
O QUE E COMO ENSINAR AS CRIANÇAS DE 7 A 9 ANOS 
 
Sete anos: Estimule-os a ler o livro do aluno e versículos simples, na própria Bíblia ou 
escritos no quadro-negro. Dê a eles versículos para copiarem na classe e em casa, como 
tarefa. Faça-os participar bastante da classe deixando que segurem cartazes com 
cânticos, recontem histórias, armem quebra-cabeças de versículos, etc. Evite contar 
histórias em capítulo por muito tempo, pois podem ficar desinteressados. Ensine-lhesa 
pedir a Deus a solução de qualquer problema. 
 
Oito anos: Conte-lhes histórias interessantes, use ilustrações atuais, faça-os pesquisar 
sobre costumes e histórias dos tempos antigos. Dê a eles tarefas difíceis e desafie-os a 
realizá-las. Ensine-os a pensar nos outros, que Jesus é o melhor amigo que existe e está 
pronto a ajudá-los em qualquer situação. 
 
Nove anos: Conte histórias bíblicas de uma forma atual, interessante, prática, 
relacionando as lições bíblicas com os fatos atuais. Como nesta idade eles desejam 
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amizades sólidas, apresente Cristo como Aquele que nunca muda. Dê-lhes bastante 
trabalho prático: dobrar e distribuir folhetos, fazer evangelismo individual, dar o 
testemunho pessoal, participar de um conjunto musical, etc. 
 
AS CARACTERÍSTICAS DOS PRÉ-ADOLESCENTES 
 
O pré-adolescente não é mais uma criança, mas também não preenche plenamente as 
qualificações de um adolescente. Age como criança muitas vezes, porém fica zangado 
quando o consideram como tal. Ele vive as mais fantásticas aventuras e experiências, e 
sente necessidade de ser liderado por uma pessoa que o compreenda e o ajude a se 
conhecer a si mesmo. Por causa da atitude crítica, insinuosa e até marginalizadora, 
própria dos pré-adolescentes, muitos são chamados por alguns adultos de "moleques", 
"pestinhas" e "endiabrados". Contudo, vale a pena conhecê-los e ajudá-los nessa fase tão 
difícil e tão decisiva da vida. 
Fisicamente 
 
Estão ganhando força, apesar de haver um estacionamento no desenvolvimento físico. 
Gostam de lutar e de fazer bagunça. Chegue à classe antes dos alunos e distribua algo 
atrativo e útil para fazerem até o início da lição. 
 
Há uma diferença muito grande entre o desenvolvimento físico das meninas e o dos 
meninos. Muitas garotas estão um ano na frente dos garotos. Algumas já entraram na 
fase menstrual e sentem que não são mais crianças, ao passo que os garotos agem e 
pensam como crianças. Enquanto os meninos se divertem com atividades brutas, as 
meninas são mais reservadas e preferem atividades mais calmas. Você deve levar em 
conta estas grandes diferenças, ao fazer o planejamento de quaisquer atividades. 
 
Mentalmente 
 
São vivos e gostam de fazer perguntas. Têm boa memória, porém não pensam em 
profundidade. Têm consciência de tempo e distância. Gostam de colecionar "coisas". 
Lêem muito. Têm grande interesse em conhecer pessoalmente ou ler e ouvir a respeito 
de heróis. 
 
 
 
 
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Socialmente 
 
Sentem uma necessidade grande de pertencer a um grupo que lhes dê segurança. 
Preferem o seu grupo mais que a família. Lutam pelos direitos do grupo. Gostam de 
organizar grupos do mesmo sexo. As meninas pensam mais em namoro que os meninos. 
Ocasião propícia para aconselhamento; evite classes mistas. Adoram heróis e são 
perfeccionistas. Odeiam fraquezas pessoais. Gostam de ter responsabilidades. Rebelam-
se contra a autoridade. Seja um guia, um líder e não um ditador. Sempre peça sugestão à 
classe, mas não de maneira que demonstre insegurança. Crie um ambiente de liberdade, 
mas controlado por você. 
 
Emocionalmente 
 
São instáveis emocionalmente. O desequilíbrio é demonstrado em todas as ocasiões: são 
alegres ou fechados demais; mostram amizade em excesso e, de repente, voltam-se 
contra o melhor amigo. Ora estão calmos; ora preocupados, e assim por diante. Seja 
amigo constante, sincero e que inspire confiança e segurança. Não gostam de 
manifestações de afeto. Evite abraçar ou colocar a mão nos seus ombros. Ame-os não 
com palavras e gestos, mas de verdade. São dados a valentias, pois gostam de participar 
de coisas empolgantes. Mostre que muitas vezes é melhor fugir de um perigo inútil do que 
enfrentá-lo e sofrer conseqüências graves. São sensíveis ao desprezo, à falta de amor e à 
hipocrisia. Fale de Cristo e leve-os a viver Cristo. 
 
Espiritualmente 
 
Eles possuem padrões elevados para si mesmos. Reconhecem o pecado como algo que 
desagrada a Deus e a si mesmos. Têm fome de Deus. Sua fé é simples e sua cabeça 
está cheia de dúvidas sobre a Bíblia. Gostam de encontrar resposta por si mesmos na 
Bíblia. Estão começando a compreender melhor os simbolismos. Querem a Cristo como 
Salvador e Senhor. 
 
O QUE E COMO ENSINAR AOS PRÉ-ADOLESCENTES 
 
Tenha um programa ativo, envolvendo-os ao máximo em alguma atividade onde possam 
usar as suas forças. Dê-lhes oportunidade de pensarem, perguntarem e se expressarem. 
Encoraje e motive a memorização de versículos, hinos e fatos bíblicos. Ensine-lhes 
cronologia e geografia bíblica. Use mapas e gráficos em seu ensino. Encoraje-os a ter 
passatempos úteis. Ensine-os a escolher boa literatura; ajude-os na formação de bons 
hábitos de leitura; apresente a Bíblia como sendo o melhor livro que existe. Apresente 
histórias de heróis bíblicose também de outros como: Carey, Simonton, José Manoel da 
Conceição, Robert e Sarah Kalley, etc. Será bom, algumas vezes, levar à classe 
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missionários que estão na obra e cujas experiências sirvam para despertá-los para o 
serviço do Senhor. 
Promova reuniões sociais e passeios para a classe, com o intuito de preencher as 
necessidades sociais deles, dentro de um ambiente cristão. Aproveite para motivar a 
classe a estudar a lição da escola dominical, através de uma competição não individual, 
mas entre grupos. Deve tomar muito cuidado para que o espírito de "só os do meu grupo" 
não leve à marginalização de outros de fora do grupo. Ensine-lhes padrões bíblicos 
através de princípios bíblicos. Dê -lhes oportunidades de acordo com as suas 
capacidades e gostos. E como gostam de humorismo, ensine-os a cultivar o humorismo 
são e evitar o mal. 
 
Explique-lhes o valor do sangue de Cristo (1 Jo 1.9). Proporcione oportunidades de 
conhecerem melhor a Deus. Desafie-os a orar, fazendo pedidos específicos e, pela 
resposta de Deus, vão saber da realidade de Deus e Sua atuação hoje na vida diária. 
Envolva-os em diversos ministérios e responda a todas as perguntas de maneira simples 
e objetiva. Ofereça-lhes as ferramentas próprias para descobrir soluções para seus 
problemas; por exemplo, um método de estudo bíblico. Use simbolismo, mas certifique-se 
de que estão entendendo. Leve-os aos pés do Salvador e ajude-os a entender a 
importância de colocar a Cristo como líder de suas vidas. Nessa fase o professor deve 
nutri-los, mais do que lançar desafio após desafio, pois, como disse alguém, "O que o 
indivíduo aprende na idade de 10 a 12 anos leva consigo até o túmulo". 
 
Emocionalmente 
 
Seus sentimentos são inconstantes e suas emoções são intensas. 
 
1. Oração mútua 
 
Incentive cada aluno (ou participante) a orar diariamente pelos outros componentes do 
grupo, de maneira pessoal, citando seus nomes. Nunca devem se esquecer de orar pela 
obra missionária em geral e pelos missionários em particular. 
 
2. Prestação de serviço e hospitalidade 
 
O professor deve mostrar com exemplos bíblicos que quando alguém precisa de ajuda, o 
grupo todo tem a responsabilidade de se interessar e fazer alguma coisa por ele. 
 
Estabeleça alvos em conjunto e desafie o grupo a alcançá-los 
 
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Quantas novas pessoas vão ser alcançadas nos próximos 6 meses? E no próximo ano? 
Quantas vão passar adiante o que estão recebendo? Para que os alunos possam edificar 
outros, eles precisam de uma edificação sólida. E se você é professor, então esta é sua 
tarefa.

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