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NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com Aula 06 26/10/2016 – TGP 11.8 Justiça Estadual Está prevista na Constituição, no art. 92, a seguinte disposição: Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Porém, na repartição de competência, os Órgãos da Justiça Estadual são mantidos por cada Unidade da Federação. Em que pese ser competência de cada Estado, o legislador constituinte estabeleceu regras para isso porque o legislador constituinte residual tem uma margem de liberdade muito pequena para disciplinar o funcionamento do seu Poder Judiciário. Ex: o processo seletivo para admissão à magistratura da Paraíba é o mesmo de Pernambuco. Isso porque esse assunto é disposto na Constituição Federal. 11.8.1 No artigo 125 da CF, o legislador constituinte inseriu a seguinte norma para regular a conduta dos legisladores residuais: Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. Esses princípios referem-se a tudo aquilo contido na Constituição referente às disposições gerais do Poder Judiciário, isto é, do art. 93 ao art. 100. Nesses artigos contêm as regras de funcionamento do Poder Judiciário que não podem ser deixadas de lado na Constituição de cada Estado Membro, mesmo nosso país adotando o modelo Federativo, em que cada unidade da Federação tem competências próprias. 11.8.2 É possível reproduzir o que foi dito no item anterior ao observar o Art. 44 da Constituição de Pernambuco. Art. 44. São órgãos do Poder Judiciário do Estado: I - o Tribunal de Justiça do Estado; II - os Tribunais do Júri; III - o Conselho de Justiça Militar; IV - os Juízes de Direito; NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com V - outros Juízos e Tribunais instituídos por Lei. O último inciso é um permissivo constitucional para criar, quando for conveniente, por exemplo, um Juízo Militar. 11.8.3 Competências do Tribunal de Justiça do Estado Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Se pegarmos todas as Constituições Estaduais, veremos que elas adotam a mesma metodologia do constituinte Federal. 11.8.3.1 Competências originárias Art. 61. Compete ao Tribunal de Justiça: I - processar e julgar originariamente: Antes de ler as alíneas, é bom que haja uma comparação com o que já foi visto em relação à competência originária do STF e do STJ porque o que vamos ter aqui é o tratamento simétrico, adaptado à realidade Estadual. Então, se na CF tinha “quem julga o Governador pelos crimes comuns é o STJ”, então vai ter aqui, por simetria, “quem julga o vice”, “mandado de segurança contra ato praticado pelo ato de Governador” etc. a) o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Prefeitos, os Juízes Estaduais, os membros do Ministério Público, o Procurador Geral do Estado, o Defensor Público Geral, o Chefe Geral da Polícia Civil; o Comandante Geral da Polícia Militar; o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça da União; As autoridades equivalentes a estas, no plano federal, quando elas são acusadas desses ilícitos, ou a competência por prerrogativa de função é do STF ou do STJ. Dessa forma, no plano estadual, a competência é do TJ. NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com A ressalva feita no final não tem sentido, ela é desnecessária. Isso porque, se há crime eleitoral, vai para a Justiça Eleitoral; se é crime militar federal, vai para o STM; se é crime da competência Estadual, é preciso ver se vai para o TRF ou Juiz Federal. Dessa forma, mesmo que não houvesse essa ressalva, essa matéria já estaria ressalvada pela própria natureza das atribuições dos outros órgãos. Os prefeitos só estão presentes porque o legislador residual quis repetir a norma constitucional. Foi visto na aula anterior que os prefeitos têm prerrogativa de função. Quando eles são acusados de crime, eles sempre são julgados pelo TJ. Então, se o prefeito é acusado por crime eleitoral, ele vai ser julgado pelo Tribunal de Justiça Eleitoral, que é o TRE. Se ele é acusado de furtar um bem afetado ao patrimônio da Aeronáutica, ele vai ser julgado pelo STM. Então, da mesma maneira, se ele é acusado de furtar um bem pertencente ao INSS, ele vai ser julgado por um Tribunal Federal de Justiça comum, que é o TRF. Se ele é acusado de bater na mulher dele, ele vai ser julgado pelo TJ. b) os Deputados Estaduais, nos crimes comuns, ressalvada a competência da Justiça da União; Os Deputados Federais são julgados pelo STF nos crimes comuns. Então, por assimetria, os Deputados Estaduais são julgados pelo TJ nos crimes comuns que não forem de competência Federal. Se o Deputado Estadual praticar um crime, por exemplo, em detrimento da Caixa Econômica, ele será julgado pelo TRF por simetria com a CF e não com a Constituição do Estado. Isso porque tem uma regra na Constituição que afirma que aos Deputados Estaduais aplica-se, no que compete, o mesmo regime dos Deputados Federais. c) os conflitos de competência entre órgãos da Justiça Estadual, inclusive entre órgãos do próprio Tribunal; Todo Tribunal tem competência para julgar conflito de competência quando são dois juízes de direito vinculados ao mesmo Tribunal. Até se for um conflito entre juiz de Direito e uma câmara cível ou câmara penal do próprio Tribunal quem vai julgar é o próprio Tribunal. d) os conflitos de atribuições entre autoridades judiciárias e administrativas, quando forem interessados o Governador, o Prefeito da Capital, a NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com Mesa da Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da Justiça; e) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas do Estado e dos Municípios, não compreendidos na alínea anterior; As duas alíneas anteriores são do mesmo diapasão. Foi visto que na competência do STJ há algo muito aproximado disso, apenas quando havia conflito de atribuições entre integrantes do Poder Judiciário e integrantes do Poder Executivo. Aqui não é conflito de competência, sim conflito de atribuição administrativa. As alíneas f, g, h e i tratam de mandado de segurança, habeas corpus, habeas data e mandado de injunção. Tanto o STJ quando o STF, por prerrogativa de função, julgam essa matéria a depender de quem é a autoridade impetrada. f) os mandados de Segurança e os habeas data contra atos do próprio Tribunal, inclusive do seu Presidente, do Conselho da Magistratura, do Corregedor-Geral da Justiça, do Governador, da Mesa da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas, inclusive do seu Presidente, do Procurador- Geral da Justiça, do Conselho Superior do Ministério Público, do Prefeito e da Mesa da Câmara de Vereadores da Capital;Falemos sobre o último. O prefeito da capital de Pernambuco comete um ato passível de controle por mandado de segurança. Então, fulano impetra mandado de segurança contra autoridade que está no exercício da função de prefeito da cidade do Recife. Como é prefeito da capital, será competência originária do TJ. Se for prefeito de Olinda, aí já é competência do juiz de direito da comarca de Olinda. Da mesma forma, a mesa da câmara de vereadores da capital. g) os mandados de segurança e os habeas data contra atos dos Secretários de Estado, do Chefe da Polícia Civil, dos Comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, dos Juízes de Direito e do Conselho de Justiça Militar; NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com h) o mandado de injunção, quando a elaboração de norma regulamentadora for atribuição do Poder Legislativo ou Executivo, estadual ou municipal, do Tribunal de Contas ou do próprio Tribunal de Justiça, desde que a falta dessa norma torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade e à cidadania; Observem que mandado de injunção foi visto no STF, STJ e TRF, a depender de quem é a autoridade de omissão de editar a norma. Dessa forma, quando uma das autoridades omissivas for uma das mencionadas acima, a competência é do TJ. i) o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for autoridade, inclusive judiciária, cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Tribunal, ou quando se trate de crime sujeito originariamente à sua jurisdição; Aqui não há nenhuma novidade. É preciso fazer essa associação com os outros Tribunais para que possa ser compreendido por que motivo é desse jeito. j) a representação para assegurar a observância dos princípios indicados nesta Constituição; Isso também foi visto tanto no STJ como no STF. A regra não poderia deixar de ser semelhante no plano local. Nós só tínhamos, na ordem constitucional pretérita, controle de constitucionalidade concentrado objetivo no STF, a antes chamada ADIN. Dessa forma, só havia essa espécie de controle caso uma norma confrontasse a Constituição da República. Com o advento da CF/88, foi mantida a ADIN, agora chamada de ADI, e depois uma EC previu a competência ao STF da ADC. Porém, a CF/88, em seu parágrafo segundo do art. 125, trouxe a seguinte autorização: § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com Temos aqui a autorização dada pelo legislador constituinte para instituir um equivalente do quantum estadual para confrontar a legislação local, isto é, municipal ou estadual, com a Constituição Estadual. O nosso legislador constituinte residual introduziu na competência originária do nosso Tribunal a alínea l: l) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face desta Constituição, ou de lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica respectiva; Dessa maneira, hoje o controle de constitucionalidade é feito tanto pelo STF quanto pelo TJ, cada um na sua área. O STF é o guardião da CF e o TJ, por assimetria, é o guardião da Constituição Estadual. A decisão desta ação, chamada de representação de constitucionalidade, só pode postular a inconstitucionalidade. A constitucionalidade pode ser a resposta ao pedido de representação de inconstitucionalidade julgado como improcedente. A eficácia do julgado aqui é universal. m) a reclamação para preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; Imaginemos que o Tribunal de Contas do Estado se usurpe da competência do TJ em determinada matéria. Quem foi prejudicado por esse abuso de poder não reclama perante o usurpador, e sim perante o usurpado, como se fosse uma medida desconstitutiva do ato que causou o prejuízo por incompetência de quem o praticou. Isso tem regra idêntica no STF e no TJ. n) a representação para garantia do livre exercício do Poder Judiciário Estadual, quando este se achar impedido ou coato, encaminhando a requisição ao Supremo Tribunal Federal para fins de intervenção da União; Ao estudarmos Direito Constitucional foi visto o Estado Federal. Uma das violações ao pacto federativo é quando o Governador do Estado se recusa a cumprir uma decisão judicial. Se isso ocorre, está na CF que é causa de intervenção Federal do Estado. Isto é, o Presidente da República destitui ou afasta o Governador e nomeia um interventor para praticar o ato que o Governador se recusou a cumprir. Isso não é automático. Se você tem uma decisão judicial ao seu favor e o Governador não cumpre, você entra com uma representação contra o governador no judiciário. O Tribunal vai ouvir o NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com Governador, através da procuradoria, até ouvi-lo pessoalmente alegando as razões; depois há réplica da representação e o Tribunal não decide, ele encaminha o processo ao STF. Este julgará se a recusa do Governador foi escusável ou inescusável. Pergunta de Tiago: “professor, isso só ocorre se ele estiver impedido, certo?” R: sim. Isto é um caso de ele estar impedido para o exercício de suas funções. Dessa forma, o cumprimento da decisão judicial foi desobedecido, então esse Tribunal está impedido de prestar jurisdição. O tribunal decidiu, mas sua decisão não foi efetiva porque o Governador não quer cumprir. Dessa forma, o STF vai julgar esta representação, decidindo se estão presentes os pressupostos para o Presidente da República intervir no Estado. Isso é algo de altíssima gravidade, sendo parecido com o impeachment, porém a decisão é isoladamente do Presidente da República, respaldada na decisão do STF. No plano estadual há umas situações equivalentes. Atualmente, há um município pernambucano em intervenção estadual, que é Gravatá. A decisão do ato administrativo do Governador, aqui, está respaldada numa decisão administrativa do TJ. A CF diz que a intervenção pode se limitar a um afastamento temporário apenas para a prática do ato recusado pelo Governador. Outros atos não, ele é afastado mesmo administrativamente por decisão monocrática do chefe do executivo Federal respaldada na autorização do STF. O afastamento poderá ser permanente ou temporariamente, a depender da natureza do ilícito que ele tenha praticado. Se for um ato que possa ser cumprido por outra pessoa e, após isso, exaurir-se, a autoridade será afastada apenas temporariamente. A decisão será do chefe do Poder Executivo, respaldada nos pressupostos de intervenção representados pelo Judiciário. o) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados ou de juízes sujeitos à sua jurisdição. No plano Federal, é uma decisão do Presidente da República respaldada numa representação do STF. No plano Estadual, é uma decisão do Governador respaldada numa representação do TJ. NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.comTodo Tribunal possui essa competência, não seria diferente com o nosso. p) a execução de sentença proferida nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atos do processo a juiz de primeiro grau; 11.8.3.2 Competências recursais do TJ. Art. 61. Compete ao Tribunal de Justiça: II - julgar em grau de recurso: a) as causas, inclusive mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, decididas pelos Juízes de Direito; b) os recursos de despacho do Presidente do Tribunal e do Relator em feitos de sua competência; Quando o presidente do TJ decide monocraticamente um processo caberá recurso para o Pleno do Tribunal. c) os recursos contra ato do Conselho da Magistratura; Aqui não é matéria jurisdicional, é matéria administrativa. O Conselho da Magistratura é um Órgão que administra a magistratura no Estado. Dessa forma, o juiz quer férias, então ele pleiteia ao Conselho da Magistratura. O juiz quer interromper férias, então ele pleiteia ao Conselho da Magistratura. Este é um colegiado formado, geralmente, por desembargadores mais antigos. Então, quando esse colegiado, através de seu presidente, decide, indeferindo a pretensão do juiz, ele recorre para o Tribunal. Mas esse recurso é administrativo. d) as demais causas sujeitas por lei à sua competência; Isso aqui é uma abertura para a lei estadual, por proposta do Tribunal, aumentar e aumentar a competência. 11.8.4 Tribunais do Júri Os próximos órgãos que a Constituição prevê, logo após os Tribunais de Justiça, são os Tribunais do Júri. Estes são órgãos distintos do juízo. Na NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com comarca tem um órgão perene, que é o juízo de direito. Se for de uma pequena comarca, é de vara única, ex: juiz de Direito da comarca de Itapssuma. Em Caruaru já é diferente, pois há o juízo de Direito da primeira Vara Cível de Caruaru, da segunda Vara Penal de Caruaru... Dessa forma, o juiz de direito pode ser único para a comarca toda ou pode ser através das Varas que constituem o juízo. Ao lado do juiz de Direito a Constituição Federal prevê que os crimes dolosos contra a vida não serão julgados pelo juízo de Direito, mas pelo Tribunal do Júri. Há a Comarca, a qual é a base territorial do exercício da jurisdição desses dois Órgãos. A Constituição Federal, em seu art. 5º, XXXVIII, dispõe que: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; A lei que organiza o júri é o CPP, que diz como o júri funciona. A competência do júri abrange apenas o julgamento de crimes dolosos contra a vida. Os crimes culposos não se encaixam aqui, pois eles vão ser julgados pelos Juízos de Direito. Porém, pode ocorrer a denúncia de crime doloso e na sessão do júri o júri desclassifica o crime de doloso para culposo. Dessa forma, quem decide se é doloso ou culposo é o júri. Caso fique decidido que é culposo, o crime será julgado pelo juízo de direito. Por que motivo foi criado o júri? R: o júri foi criado por Roma, no apogeu da civilização romana. Roma era tão adiantada culturalmente que compreendeu que o crime de homicídio não deveria ser julgado a partir de um critério técnico, nem ser julgado pelo juiz, e sim julgado pelos semelhantes do acusado e da vítima. O fundamento atual para a utilização do júri é a soberania popular. Dessa forma, é o povo quem decide o conflito. O juiz não se mete nisso. Como isso é feito? R: o CPP determina que o juiz da vara do júri ou juiz da vara penal arrole e publique tantas pessoas da comarca, dotadas de credibilidade e respeito, para quando houver júri haver o sorteio dentre elas para figurar quem vai ficar entre os sete do Conselho de Sentença. O juiz publica a relação de nomes e se alguém impugnar um dos indicados afirmando, por exemplo, “fulano não tem cacife para estar aí”, entenda-se cacife como respeito e dignidade, então o juiz impugna. Cabe até recurso dessa impugnação. Formada a lista, tantos dias antes do dia do júri, o CPP diz que, numa cessão pública, com a presença do MP e da OAB, o juiz sorteia 21 NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com pessoas e expede mandados de intimação e o Oficial de Justiça vai à casa de cada um para que os 21 estejam presentes no dia da sessão marcada. A sessão começa com o sorteio entre os 21 dos 7 que farão parte do júri. O papel do juiz é apenas dosar a pena depois que o júri der a sentença. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; É interessante que todo julgamento do Poder Judiciário é motivado. Porém, o júri não é motivado. Cada integrante do conselho de sentença não diz por que motivo votou no sentido A ou B. Se a resposta após votação da pergunta “Foi o acusado quem matou fulano?” for de negativa da autoria, o acusado é inocentado. Porém, sendo positiva, o juiz fará outra rodada de perguntas para saber se o acusado agiu com dolo. Se o júri respondeu que “não”, o juiz então afirma que o júri desclassificou a acusação de homicídio doloso para homicídio culposo. Sendo a resposta “sim”, começará outra rodada de perguntas para cada atenuante ou agravante mencionada pela acusação. Depois disso tudo, sendo o caso de condenação, o juiz vai fazer a dosimetria da pena. Mas quem decide não é o juiz, é a soberania popular. 11.8.6 Juízos de Direito O juízo de Direito da comarca tem suas competências averiguadas por exclusão. É preciso saber todas as outras competências existentes de outros Órgãos. Dessa forma, os Juízes de Direito tem competência residual. A pesquisa a ser feita é basicamente assim: “a demanda X é de competência originária do STF?” “Não”; “é do STJ?” “não”; “é da competência de alguma Justiça especializada?” “não”; “é do TRF?” “não”; “é do Juízo Federal comum?” “não”; “é do TJ?” “não”; então a resposta seguinte é SIM. Essa demanda X é da competência originária do Juízo de Direito. É preciso ter certeza e, para tanto, é preciso seguir esse caminho. Em algumas comarcas, no 1° de jurisdição, além do Juízo de Direito, pode haver também os Juizados Especiais. Dessa forma, os Juízos de Direito são como “clínicos gerais”. Essa matéria que ele julga, uma parte dela será de competência do juizado, caso haja o juizado. Se não tiver, é tudo para o Juízo de Direito da comarca. NOVINHOS DO DIREITO NOVINHOS DO DIREITO Apostila feita pelos novinhos do Direito com base nas aulas dos professores da UNICAP E-mail: direitonoite2015.1@gmail.com 11.8.3.1 Natureza orgânica a) O Juízo de Direito é um Órgão sempre, pelo menos até agora, singular, titularizado pelo juiz ou pela juíza. b) Recentemente houve uma novidade. A lei 12.694/12 autoriza a formação de um colegiado do juízo de Direito nas circunstâncias de determinadas matérias penais, como quando a acusação é de crime praticado por organização criminosa. Isso ocorre porque a experiência tem demonstrado que quando se trata de organização criminosa eles querem matar o juiz. Isso ocorreu muito com máfias italianas. Então, muito recentemente, sobreveio essa lei que trata dessa e de outras matérias, permitindo a formação de um juízo de Direito colegiado. Isso ocorre da seguintemaneira: havendo denúncia de crime imputado por organização criminosa, o juiz, antes de receber a denúncia, achando que não é prudente ele julgar o feito sozinho, pede que o Tribunal constitua um colegiado formado por ele + dois. Pode ser das Varas ou das Comarcas vizinhas. Todos os atos do processo serão assinados por três juízes. Parte da ideia de que é mais difícil eliminar três juízes do que um apenas. Isso ocorre para que haja uma maior proteção à vida e à integridade do juiz. NOVINHOS DO DIREITO
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