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APS CAROLINE BONOME

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
CAMPUS ALPHAVILLE 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAROLINE CRISTINA ZACARIOTO BONOME 
RA. C223BH-5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARUERI, 18 DE MAIO DE 2.017 
 
2 
 
 
Sumário 
RESUMO............................................................................................................ 3 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4 
2. CONTRATO DE SEGURO ............................................................................. 5 
2.1 A legislação aplicável ao seguro: CC ou CDC ......................................... 7 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 20 
4. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 21 
 
 
 
3 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo deste artigo é discorrer sobre o contrato de seguro e suas 
implicações legais face ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e ao 
Código Civil (CC). Como constatado, os dois dispositivos legais têm aplicação 
nos eventuais conflitos resultantes da relação contratual havida entre segurado 
e segurador, sendo que em cada caso concreto deve-se fazer uma análise 
para então poder se verificar qual a norma a ser utilizada. A aplicação 
adequada de uma ou outra norma, em casos distintos de possíveis conflitos, 
pode resultar em uma solução bastante diferente. O artigo é ilustrado com 
exemplos de conflitos analisados pelo judiciário tendo como base legal tanto o 
CDC quanto o CC que, corretamente aplicados, proporcionaram às partes a 
aplicação do bom direito. 
 
Palavras-chave: contrato de seguro, Código de Defesa do Consumidor (CDC), 
Código Civil (CC). 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Existe no cenário jurídico brasileiro uma grande celeuma que envolve o 
contrato de seguro e a respectiva legislação aplicável na ocorrência de conflitos 
entre segurado e segurador. 
 
É que com o advento do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a atividade 
securitária, assim como todas as atividades negociais praticadas pela 
sociedade, passou a ser enfocada sob a sua ótica, constatando-se, de início, 
um certo abandono da legislação civilista em detrimento da norma 
consumerista. 
 
É forçoso reconhecer que não é possível simplesmente abandonar-se todo um 
sistema legal já vigente para adotar-se exclusivamente uma nova disposição 
normativa. 
 
A maneira mais fácil para se chegar a uma conclusão mais efetiva é definir se a 
contratualidade observou as normas de proteção ao consumidor ou não. Se o 
contrato estiver em conformidade com os requisitos exigidos para a segurança 
do consumidor, não há porque aplicar o Código de Defesa do Consumidor em 
eventuais conflitos advindos da relação havida – pois o contrato já observara o 
tal Código desde o início da relação; não desrespeitou seus princípios. Porém, 
havendo inobservância às normas consumeristas, naturalmente que um 
eventual conflito envolvendo as partes deve necessariamente se nortear sob a 
égide da lei consumerista a fim de que os princípios de proteção ao consumidor 
sejam aplicados. 
 
A importância de se saber qual a norma legal a ser utilizada pelo judiciário 
quando se vê diante de um conflito envolvendo um contrato de seguro, está 
justamente no perigo de não se estar aplicando a lei pertinente e, 
conseqüentemente, não se estar propiciando às partes a correta defesa de 
seus direitos, ou seja, fazendo com que cada parte faça jus ao que lhe é de 
direito. Assim, tendo-se noção de quando se utiliza o CDC ou quando se utiliza 
o CC em uma lide envolvendo um contrato de seguro, é de suma importância 
para os litigantes. 
 
Atualmente é cada vez maior o número de juristas que buscam embasamento 
legal nas duas normas supra citadas para que possam garantir a justa defesa 
dos direitos, tanto dos segurados quanto das seguradoras, conforme os 
interesses da parte que se está defendendo. 
 
 
5 
 
2. CONTRATO DE SEGURO 
 
Para que se possa determinar se sobre um contrato de seguro implicar-se-á a 
norma consumerista ou civilista frente a um conflito existente, é necessário que 
se defina, primeiramente, este contrato. 
 
O Código Civil/1916 (CC, 2002, p.134) em seu art. 1432, conceituava o 
contrato de seguro como "aquele pelo qual uma das partes se obriga para com 
a outra, mediante a paga de um prêmio, a indenizá-la do prejuízo resultante de 
riscos futuros, previstos no contrato". 
 
Atualmente, o art. 757 (CC, 2003, p.88), define este contrato como aquele pelo 
qual "o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir 
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos 
predeterminados". Tzirulnik, (1997, p. 23), afirma que: 
 
A operação de seguro implica a organização de uma mutualidade, ou o 
agrupamento de um número mínimo de pessoas, submetidas aos mesmos 
riscos, cuja ocorrência e intensidade são suscetíveis de tratamento autuarial, 
ou previsão estatística segundo a lei dos grandes números, o que permite a 
repartição proporcional das perdas globais, resultantes dos sinistros, entre os 
seus componentes. 
 
De acordo com Krieger Filho (2000, p.27), "qualquer coisa que exista ou seja 
esperada (res sperata), sujeita a riscos ou a influências economicamente 
desvantajosas, pode ser objeto de um contrato de seguro". 
 
As definições apresentadas no Código Civil (CC) e Novo Código Civil (NCC) 
para o contrato de seguro são genéricas, assim como todo o tratamento dado 
por estes diplomas legais ao instituto. Tendo em vista o imenso campo de 
abrangência dos seguros na sociedade hodierna e a rápida evolução das 
necessidades sociais, o legislador preferiu deixar para a legislação 
extravagante a disciplina das diversas subespécies de seguro. Ao Código 
restou a disciplina geral deste contrato, que, pela sistemática brasileira, é 
unitário, embora integrado por espécies diferentes (LOUREIRO, 2003). 
 
O seguro como sendo um contrato, para que possa produzir efeitos jurídicos, 
deve se sujeitar aos mesmos princípios e pressupostos de validade que regem 
os contratos em geral, tais como autonomia da vontade, capacidade das partes 
(principalmente o disposto no parágrafo único do artigo 757, do atual CC), 
licitude do objeto e forma prescrita em lei, dentre outros. 
 
6 
 
Ainda tem como características a bilateralidade, e o é não somente porque é 
contratado por duas partes, mas pelo fato de que ambas adquirem direitos e 
obrigações. 
 
Portanto, para a perfectibilização do contrato, é necessário que seja ele 
precedido de uma proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais 
do interesse a ser garantido e do risco (art. 759 do atual CC). 
 
Desta forma, somente após a aceitação da proposta por parte do segurador, 
que o contrato de seguro poderá ser considerado como vigente entre as partes, 
conforme dispõe o artigo 757 do atual CC. 
 
A contraprestação do contratante/segurado denomina-se prêmio, que segundo 
Santos, (Apud KRIEGER FILHO, 2000), é o preço pelo qual o segurador aceita 
responder pelos riscos. O segurador pede a cada segurado uma cota suficiente 
para que, com o total de todas as cotas de um mesmo grupo de segurados, 
que se encontrem em condições idênticas, possa fazer face ao pagamento das 
somas seguradas, de acordo com as previsões dos sinistros que se podem 
verificar no período coberto pelo seguro. 
 
Desta forma, estão obrigadas as partes a respeitar tão somente o que por elasfoi convencionado, nem mais, nem menos. Em caso de lacuna, é que as partes 
socorrer-se-ão da lei, para dirimir conflitos advindos do contrato. 
 
 
7 
 
2.1 A legislação aplicável ao seguro: CC ou CDC 
 
Em nosso país a atividade securitária acha-se sob o controle do Estado, 
através de seus órgãos competentes, tendo sido criado o Sistema Nacional de 
Seguros Privados, que foi regulamentado pelo Decreto Lei n° 073, de 21 de 
Novembro de 1966. Este, por sua vez, regulamentou as operações de seguros 
e resseguros, conforme definido no art. 1º que diz que as operações de 
seguros privados feitas no país estão subordinadas ao mencionado Decreto-lei. 
 
O referido Decreto-lei, determina que compete ao Governo Federal a 
formulação da política dos seguros privados, bem como legislar sobre as 
normas e, igualmente, exercer a função fiscalizadora das operações no 
mercado nacional. Além disto, este Decreto-lei criou outras composições: 
Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; Superintendência de 
Seguros Privados – SUSEP; Instituto de Resseguros do Brasil – IRB; 
Sociedades autorizadas a operar em seguros privados; corretores habilitados. 
 
Esses órgãos regulam a atividade securitária no país, no sentido burocrático-
administrativo, editando normas gerais de contabilidade e estatística a serem 
observadas pelas sociedades seguradoras, organizando seu funcionamento e 
fiscalizando suas atividades, disciplinando as operações, delimitando capitais, 
enfim, tratam da área administrativa do seguro, cabendo às legislação pátria – 
Código Civil e Código de Defesa do Consumidor – a regulamentação jurídica 
dos contratos de seguro. 
 
O conceito de consumidor está positivado no CDC, no art. 2º, que traz a 
seguinte redação: "Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final" (CDC, 2003, p. 470). 
 
O CDC utilizou a expressão "destinatário final" exatamente para delimitar 
aquele ou aqueles que adquirem ou utilizam serviço ou produto para si e não 
como intermediários. 
 
O artigo 3º dispõe: "fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços" (CDC, 2003, p. 470). 
 
Para que haja a aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos 
de seguro, é preciso, primeiramente, que o segurado enquadre-se nos termos 
do artigo 2o do Código de Defesa do Consumidor. 
 
8 
 
Deste modo, nota-se inicialmente que é equivocada a idéia de que alguém ou 
alguma empresa é, por excelência, fornecedora ou consumidora. Cada caso 
definirá a aplicabilidade ou não das normas contidas no Código de Defesa do 
Consumidor. 
 
Na simples leitura do supra citado art. 3°, conclui-se que a seguradora é 
pessoa jurídica, podendo ser nacional ou mesmo estrangeira, e desenvolve 
atividade no mercado de consumo. Aliás, não deixando qualquer dúvida, o 
parágrafo 2° do artigo em estudo é claro ao enfatizar que a atividade securitária 
está incluída nas atividades abrangidas pelo CDC. 
 
Assim, conclui-se que a relação jurídica firmada entre seguradora e segurado é 
uma relação jurídica de consumo, não olvidando, entretanto, o fato de que esta 
afirmação não tem por conseqüência, a exclusão da incidência de outras 
normas. Este fato, portanto, cria a possibilidade de incidência cumulativa do 
Código de Defesa do Consumidor com outras normas aos contratos de seguro. 
 
É importante destacar que o Código de Defesa do Consumidor expressamente 
incluiu a atividade securitária para fins de submissão as suas normas no 
parágrafo 2° do art. 3°. 
 
Este Código, de acordo com Queiroz (2001), ao tratar das práticas contratuais, 
dá a entender que os dispositivos protetores se aplicariam a todas as relações 
contratuais. Ainda segundo o mesmo autor, o critério adotado pelo CDC para 
trazer obrigações face ao consumidor não são as relações necessariamente 
contratuais. Basta tão somente a colocação de produtos ou serviços no 
mercado. E para um contrato de seguro se caracterizar como relação de 
consumo – ou melhor, para uma determinada situação advinda do contrato de 
seguro ser observada sob a ótica do CDC - deve necessariamente ser 
constatado uma das duas formas de dano causado ao segurado/consumidor: 
ou pelo vício do produto (do serviço) – ou seja, pelo não funcionamento 
adequado – ou pelo fato, que se caracteriza quando causar dano exterior ou 
simples não funcionamento. Quando uma dessas situações ocorrerem, aplica-
se as regras do CDC. 
 
Um exemplo desse tipo de situação é o contrato de seguro que não fornece ao 
segurado qualquer garantia. Um contrato de seguro que seja desprovido de 
garantias naturalmente é um contrato com vício de serviço. Ocorrendo isso 
todas as implicações do CDC vão incidir, tais como prazos de prescrição, 
declaração de nulidade de cláusulas, dentre outras. 
 
Complementando o autor acima, Sanseverino (2002), leciona que enquanto os 
defeitos são falhas do produto ou do serviço que afetam a segurança 
legitimamente esperada pelo consumidor, causando-lhe danos pessoais ou 
9 
 
patrimoniais, os vícios são falhas, ocultas ou aparentes, que afetam, via de 
regra, apenas o próprio produto ou serviço, tornando-os inadequados ao uso a 
que se destinam por não apresentarem a qualidade ou quantidade esperada 
pelo consumidor, inclusive por deficiência de informação. 
 
Desta forma, para a responsabilização de um fornecedor do produto/serviço, é 
imperioso que ocorra uma das duas situações acima elencadas. 
 
Falando das relações contratuais propriamente ditas, não se pode ignorar que 
o contrato de seguro é tipicamente de adesão, e por isso tem a fiscalização do 
CDC, que no artigo 54 regula especialmente sobre os chamados contratos de 
adesão. 
 
Apesar de o anterior Código nada mencionar, o atual Código Civil também 
reserva um espaço para tratar especificamente dos contratos de adesão 
(artigos 423 e 424), ratificando em outras palavras o já contido no artigo 54 do 
CDC. 
 
Após o surgimento do CDC, verificou-se uma avalanche de ações judiciais 
fulcradas na nulidade de cláusulas contratuais por serem abusivas e contrárias 
ao disposto no artigo 51 e 54 do CDC. Para se adequar a nova disposição 
legal, os contratos de seguro passaram a ser redigidos de forma mais clara, 
com cláusulas destacadas e palavras de fácil compreensão. Porém, não deixou 
de continuar sendo um contrato de adesão, o que não permitiu uma diminuição 
no número de ações judiciais propostas com o mesmo objetivo: declaração de 
nulidade/abusividade de cláusulas. 
 
Todavia, urge não confundir cláusula abusiva com cláusula restritiva, esta 
perfeitamente aceitável pela própria lei de consumo, nos termos do parágrafo 
4º do seu artigo 54, restando plenamente válido admiti-la como parte inerente à 
natureza do contrato de seguro, em que a tônica é a seleção e a limitação dos 
riscos impostos pela ciência autuarial, a teor dos artigos 1432 e 1460 do 
CC/16. Desta forma, as eventuais particularizações quanto aos riscos cobertos 
e abrangências do seguro, desde que condizentes com seu objetivo, não 
implicam estabelecer para o segurado obrigações consideradas iníquas e 
exageradas ou, ainda, incompatíveis com a boa-fé e a eqüidade, pois se assim 
não fosse, poder-se-ia ensejar ao mesmo, direito a uma cobertura securitária 
pela qual não pagou o correspondente prêmio, calculado sempre de acordo 
com os riscos assumidos (Krieger Filho, 2000,p. 102). 
 
Moretti e Silva (1998), tratam do assunto ressaltando que o CDC, em seu art. 
54, permite de forma expressa a existência de cláusulas limitativas nos 
contratos – inclusive no de adesão – porém devem elas observar todos os 
requisitos exigidos, quais sejam, destaque em sua redação, clareza em seu 
10 
 
vocabulário, isso para permitir a fácil compreensão. Prosseguem os juristas 
argumentando que a própria natureza do contrato de seguro impõem a 
existência de cláusulas limitativas, pois ele se fundamenta na mutualidade e 
cálculo das probabilidades de delimitação dos riscos que serão cobertos para 
definir o valor de seu preço (prêmio) e da futura indenização. Desta forma, o 
contrato de seguro contém cláusulas que são limitativas dos riscos para 
viabilizar suas contratações e indenizações. Ainda, ratificam eles, o que já foi 
até então constatado, de que o CDC permite a inclusão de cláusulas limitativas 
de direito, desde de que tais cláusulas estejam necessariamente inseridas no 
contexto contratual na forma prevista no CDC. 
 
Existem casos que o consumidor não está sendo prejudicado ou vítima da 
contratualidade operante. Há situações que até podem deixar o consumidor 
descontente, mas não por isso que alguma ilegalidade fora praticada contra 
ele. 
 
Um exemplo de cláusula restritiva de direitos – mas não por isso abusiva, 
citada por Bechara Santos (1999) - são as cláusulas que excluem da cobertura 
os danos ocorridos quando o condutor de um veículo segurado esteja 
embriagado. Como se trata de cláusula expressa, destacada e clara na apólice 
- porém excluindo o risco no caso da embriaguez – é uma cláusula restritiva, 
pois limita a cobertura ao fato de o condutor não estar embriagado, mas não 
pode ser considerada abusiva porque segue toda a regra de clareza e 
informação exigida pelo código consumerista. Considere-se ainda que tal 
cláusula vai, inclusive, ao encontro da lei pena que repele e pune o condutor 
embriagado, razão também pela qual jamais pode ser rotulada de abusiva. 
 
Moretti e Silva (1998) continuam tratando do assunto enfatizando que o Código 
Civil e o Código de Defesa do Consumidor estão em perfeita sintonia, isto 
porque a lei civilista anterior, no que atine ao contrato de seguro, em seu artigo 
1.434, determina que os riscos assumidos deverão constar na apólice, e ainda, 
que o artigo 1.460, permite a limitação dos riscos, sendo que o segurador não 
responde por outros que senão os riscos contratados. O já invocado artigo 54 e 
parágrafos trazem em seu teor os requisitos para a validade do contrato, dentre 
eles que as cláusulas sejam redigidas em destaque, permitindo sua imediata 
compreensão, porém, em momento algum proibiu a existência de cláusulas 
limitativas nos contratos. Concluem aduzindo que naturalmente as cláusulas 
limitativas necessitam de uma maior atenção principalmente para que não 
sejam abusivas – o que daí sim é vedado – porém o simples fato de serem 
limitativas ou restritivas não as torna viciadas ou inválidas. 
 
Pode-se então, exemplificar o entendimento do judiciário neste sentido: 
 
11 
 
SEGURO DE VIDA – CLÁUSULA LIMITADORA DE RESPONSABILIDADE – 
VALIDADE DA CLÁUSULA – ART. 54 – PAR. 4 – C. DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR – SEGURO DE VIDA – COBERTURA: MORTE ACIDENTAL E 
INVALIDEZ PERMANENTE – VALIDADE DE CLÁUSULA RESTRITIVA QUE 
NÃO ALCANÇA MORTE NATURAL, DECORRENTE DE DOENÇA – As 
cláusulas limitativas previstas no Código Civil são harmônicas com as 
disposições do Código do Consumidor, que, aliás, expressamente, admite a 
sua existência no art. 54, parágrafo. 4º, desde que "redigidas com destaque, 
permitindo sua imediata e fácil compreensão. Assim, a cláusula que limita a 
cobertura do seguro, como in casu, não é abusiva (art. 51, IV, do CDC). 
Sentença retocada. (TJRJ – AC 6285/2000 – (13092000) – 14ª C.Cív. – Rel. 
Des. Mauro Nogueira – J. 08.08.2000) 
 
Para que haja a responsabilização do fornecedor sob os ditames do CDC, é 
necessário que ocorra vício ou fato do produto ou do serviço e, se a relação for 
contratual, que as cláusulas não sejam abusivas. Os casos que não se 
encaixam nesses requisitos não podem ser regidos pelo CDC. 
 
Não se pode ultimar é a existência da lei civilista (Código Civil), a qual surgiu 
muito tempo antes da promulgação da Lei 8078/90 (CDC) e também regula o 
contrato de seguro, tanto que o antigo Código Civil e o Atual Código reservam 
um capítulo especial específico para os contratos de seguro. 
 
Sob este enfoque ainda é importante destacar que algumas disposições sobre 
os contratos de seguro que eram previstas no antigo Código Civil vieram 
interpretadas de outra forma com a edição do CDC. Porém o atual Código Civil 
as manteve com a versão anterior. Ou seja, nestas situações o legislador 
demonstrou que realmente pretende a aplicação da legislação civilista, e não 
consumerista. 
 
Um exemplo bem típico que pode ser aventado é o instituto da prescrição. O 
artigo 178, §6º, I do CC/16 preceitua que "... prescreve... §6º Em um ano: II – A 
ação do segurado contra o segurador e vice-versa, se o fato que o autoriza se 
verificar no país; contado o prazo do dia em que o interessado tiver 
conhecimento do mesmo fato" (CC, 2002, p.23). 
 
Ou seja, para o segurado socorrer-se judicialmente de seus direitos, tinha ele 
um ano a partir da data da ciência da situação, sob pena de perder o direito a 
ser defendido. 
 
Já o CDC, em seu artigo 27 preceitua que: "prescreve em cinco anos a 
pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço 
prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir 
do conhecimento do dano e de sua autoria" (CDC, 2003, p.475). 
12 
 
 
Note-se que o artigo enfatizou que a pretensão deve ser fundada em reparação 
de danos causados por fato do produto ou do serviço, e o significado desta 
especificação já se encontra acima detalhado. 
 
Mas, para que reste bastante esclarecido, tem-se que dos artigos da seção II 
daquele dispositivo legal, apenas o artigo 14 aplica-se às relações de 
prestação de serviços, e ele preceitua: 
 
o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
 
§1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor 
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, 
entre as quais: 
 
I - o modo de seu fornecimento; 
 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 
III - a época em que foi fornecido. 
 
§2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
 
§3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
§4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa (CDC, 2003, p.473). 
 
A leitura do artigo acima transcrito, permite vislumbrar claramente que ele se 
refere aos danos causados pela prestação defeituosa de serviços ao 
consumidor. 
 
O parágrafo 1º deste artigo, revela quais são as circunstâncias em que se deve 
considerar que o serviço foi defeituoso, ou seja, é o serviço defeituoso quando 
"não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: o modo de seu 
13 
 
fornecimento; o resultado e os riscos que razoavelmentedele se esperam; a 
época em que foi fornecido. 
 
Assim, teoria forte ergueu-se com o advento do Código de Defesa do 
Consumidor defendendo que o prazo prescricional seria qüinqüenal ao teor do 
artigo 27, já que unânime é a posição jurisprudencial e doutrinária no sentido 
de reconhecer a aplicabilidade do referido Código aos contratos de seguro e, 
por conseqüência, aos fatos daí decorrentes. Apesar da tentativa insistente das 
companhias seguradoras em fazer valer o artigo 178, parágrafo 6º do Código 
Civil/16 nos casos de questão simplesmente contratual – sem a constatação de 
vícios ou fatos do produto, muito menos de cláusulas abusivas - a comunidade 
jurídica estava inflexivelmente aplicando o CDC, entendendo, por meio de 
inúmeros julgados dos Tribunais da Federação, seguidos por decisões 
monocráticas da Justiça de primeiro grau, pelo reconhecimento da aplicação 
extensiva do Código de Defesa do Consumidor, e conseqüentemente 
aplicando-se a prescrição qüinqüenal do artigo 27 do referido Código para as 
ações de consumidores relativas à seguro. 
 
Já o atual Código Civil/2002, que entrou em vigor em janeiro/2003, sobre a 
prescrição, assim preceituou: "Art. 206. Prescreve: § 1o em um ano: II - a 
pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado 
o prazo: b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da 
pretensão;" (CC, 2003, p.27). 
 
Desta forma, como já dito, confirmou-se a pretensão do legislador em aplicar – 
nos casos de discussão de consumo propriamente dita, sem que haja a 
ocorrência de vícios ou fato do produto (má prestação do sérvio) – o prazo 
prescricional de um ano. 
 
Acompanhando o legislador neste norte, a jurisprudência pátria vem 
novamente adequando seu posicionamento no sentido de aplicar a lei civil ao 
invés da consumerista, conforme se pode depreender do recente julgamento 
proferido pelo STJ, em data posterior a vigência do novo Código Civil: 
 
DIREITO CIVIL – CONTRATO DE SEGURO – ACIDENTE DE VEÍCULO – 
INDENIZAÇÃO – DIFERENÇA DE VALOR ENTRE O PREÇO DE MERCADO 
E O MONTANTE ESTABELECIDO NA APÓLICE – PRESCRIÇÃO ÂNUA – 
ART. 178, § 6º, II, CC/1916 – PRECEDENTES – RECURSO PROVIDO – Na 
linha da jurisprudência desta Corte, em caso de recusa da empresa seguradora 
ao pagamento da indenização contratada, o prazo prescricional da ação que a 
reclama é de um ano, nos termos do art. 178, § 6º, II, do Código Civil/1916. 
(STJ – RESP 492821 – SP – 4ª T. – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – 
DJU 23.06.2003 – p. 00386) 
 
14 
 
Porém é bem verdade, e não pode deixar de ser dito que, antes da vigência do 
novo Código Civil, nossa Corte Superiora já vinha de encontro do entendimento 
unânime da comunidade jurídica pátria, e como exemplo colaciona-se a seguir 
excertos do Recurso Especial n.° 207.789, do Rio de Janeiro, julgado em 27 de 
junho de 2001, relatado pelo Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, publicado 
no Diário da Justiça no dia 24 de setembro de 2001, página 234, que norteou 
as demais decisões da Corte Superior em matéria de prescrição nos contratos 
de seguro, de modo que a análise do referido recurso é fundamental: 
 
Recentemente, com a relatoria do Senhor Ministro Sálvio de Figueiredo 
Teixeira, a 4ª Turma entendeu de modo diverso. De acordo com o precedente, 
a ação por inexecução de contrato não se equipara à ação de reparação de 
danos por fato do serviço, com as razões que se seguem: 
 
(...) 4. Tenho que a ação de responsabilidade civil por fato de serviço, de que 
cuida o Código de Defesa do Consumidor, não se identifica com a 
responsabilidade civil decorrente do inadimplemento contratual. Logo este 
último caso estaria disciplinado pela norma específica do Código Civil, que trata 
da prescrição anual em todas as outras ações do segurado contra a 
seguradora, e vice-versa. 
 
Com efeito, a ação de reparação de danos por fato de serviço decorre dos 
chamados ‘acidentes de consumo’, ou seja, quando a deficiente prestação do 
serviço é capaz de gerar danos ao consumidor. No caso de cobrança de 
indenização securitária, no entanto, a responsabilidade civil decorre do 
inadimplemento contratual, que não tem qualquer relação com o vício do 
serviço. 
 
Kazuo Watanabe, a propósito, ao tratar da ação de responsabilidade civil 
prevista no CDC, doutrina: 
 
As regras estabelecidas no artigo dizem respeito à ação de responsabilidade 
civil do fornecedor de produtos e serviços. Responsabilidade civil, 
evidentemente, que tenha nexo com as relações de consumo. Tais regras, 
portanto, não têm aplicação à responsabilidade contratual e tampouco à 
responsabilidade civil que nenhum vínculo guarde com as relações de 
consumo. Abrange todas as modalidades de responsabilidade civil do 
fornecedor de produtos e serviços, seja pelo fato do produto ou do serviço, seja 
por ato próprio ou por ato de terceiro. 
 
Como pode ser observado, o instituto da prescrição que foi inicialmente 
regulado pela lei civil, teve forte influência do CDC – e vai continuar tendo nos 
casos de fato do produto (má prestação do sérvio), conforme já visto – porém a 
lei Civil, através do Novo Código Civil, continua preponderando. 
15 
 
 
Outra mudança que a legislação civil trouxe em detrimento do Código Civil 
anterior é o art. 775, que inova: "Os agentes autorizados do segurador 
presumem-se seus representantes para todos os atos relativos aos contratos 
que agenciarem" (CC,2003, p.90). Desta forma, a responsabilidade pelos atos 
realizados em nome da seguradora, recai também em quem age em nome da 
Companhia, e não somente desta, como até então vinha sendo. 
 
Também, nos contratos de seguro foi inovada a questão da renovação do 
contrato. É que o novo Código Civil, em seu artigo 774, estatuiu que "a 
recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo, mediante expressa cláusula 
contratual, não poderá operar mais de uma vez" (CC, 2003, p.90). Ou seja, não 
pode mais existir contrato de seguro com simples renovação anual automática, 
devendo as partes comparecerem, uma perante a outra, para expressamente 
manifestarem a intenção de contratar. 
 
Essa questão da renovação inclusive tem-se mostrado bastante polêmica, 
tendo em vista que as seguradoras já tinham a chancela da SUSEP para 
cancelar – ou não renovar – o seguro. Exemplo disso é o art. 53 da Circular 
17/92 da SUSEP o qual dispõe que a apólice pode ser cancelada pela 
seguradora mediante aviso prévio de trinta dias, se a natureza dos riscos vier a 
sofrer alterações que a tornem incompatível com as condições mínimas de 
manutenção.(esse artigo tem o mesmo teor do artigo 28 da Circular 21/86 da 
SUSEP). 
 
Porém a atitude de a seguradora não renovar mais um seguro até então 
vigente, por exemplo o de vida, que é o mais cogitado pois o segurado pagou 
por anos a fio o prêmio e de uma hora para outra tem seu seguro inoperante, 
vinha sido considerada totalmente abusiva e ilegal por colocar o 
segurado/consumidor em total desvantagem. 
 
Levando em conta a permissão de tal atitude pela SUSEP, que é, como já 
visto, o órgão regulador e fiscalizador dos contratos de seguro, e ainda 
devendo-se ater ao CDC, para que não houvesse abusividade na cláusula do 
contrato de seguro que previsse a rescisão (ou não renovação) unilateral, os 
contratos de seguro se adequaram, passando a prever que o cancelamento ou 
a não renovação pode-se operar para cada uma das partes, e com aviso prévio 
de trinta dias. No caso de não renovação, o aviso dever ser feito trinta dias 
antes do vencimento do contrato. 
 
Dizem o artigo 51, XI, e 54, parágrafo 2º do CDC: "são nulas de pleno direito, 
entre outras, as cláusulascontratuais relativas ao fornecimento de produtos ou 
serviços que: (...) XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato 
unilateralmente, sem que tal direito seja conferido ao consumidor" (CDC, 2003, 
16 
 
p.437). O art. 54: parágrafo 2º diz que: "...nos contratos de adesão admite-se 
cláusula resolutória, desde que alternativa, cabendo a escolha do 
consumidor..." (CDC, 2003, p.438). 
 
Assim sendo, os contratos de seguro fizeram constar em suas cláusulas de 
acordo com a legislação consumerista, a possibilidade de resilição por parte de 
ambos os contratantes (segurado e seguradora). Com o advento do novo 
Código Civil, tal preceito veio novamente confirmado pelo já citado artigo 774, o 
qual não permite a renovação automática vitalícia dos contratos, devendo as 
partes manifestarem expressamente sua intenção de renová-lo, ou informarem 
seu desejo de não mais se manterem na contratualidade. Naturalmente que "a 
seguradora deve demonstrar, eficientemente, que a natureza dos riscos sofreu, 
realmente, alterações tais que a torne incompatível com as condições mínimas 
de manutenção, situação esta que não se tratará evidentemente, de 
cancelamento unilateral, potestativo, leonino, ou qualquer outra coisa que o 
valha..." (Bechara Santos, 1999, p. 307). 
 
Sobre esse assunto, a jurisprudência pátria mais atual tem entendido, conforme 
se extrai da Apelação Cível n. 98.008683-3, de Florianópolis. Relator 
designado: Desembargador Newton Trisotto, julgado em 06/06/2000: 
 
Sua Excelência, bem como o apelado, não indicam o fundamento legal em que 
apóiam a tese da impossibilidade de ser denunciado o contrato, hipótese 
expressamente prevista na cláusula n.º 25, que dispõe: "O presente contrato 
será renovado automaticamente pelo período de 12 (doze) meses, se não 
houver manifestação contrária por escrito de qualquer das partes contratantes, 
até 30 (trinta) dias antes do seu vencimento" (fls. 27v). 
 
Ademais, a cláusula referida não contraria expressa disposição do Código. 
Resta perquirir se é ou não abusiva (CDC, art. 6o, IV) e, conseqüentemente, 
nula de pleno direito. 
 
O § 1º do art. 51 prescreve que se presume "exagerada" e, portanto, passível 
de anulação (inc. IV), a cláusula que "se mostra excessivamente onerosa para 
o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse 
das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso" (inc. III). 
 
O autor sustenta que o "legislador pátrio editou a lei de proteção ao 
consumidor, incluindo a proibição de rescisão unilateral do contrato (art. 6º, IV 
e V, comb. c/ art. 51, XI da Lei n.º 8.078/90)". Os incisos IV e V do art. 6º não 
tratam da rescisão do contrato. O inc. XI do art. 51 considera nula a cláusula 
que autoriza a rescisão unilateral do contrato "sem que igual direito seja 
conferido ao consumidor". 
 
17 
 
Não me parece que seja "excessivamente onerosa" a cláusula que autoriza a 
denúncia do contrato, findo o prazo de sua vigência, se a faculdade é conferida 
aos dois contratantes. (...). Dependendo do número desses contratos, é 
provável que a prestadora dos serviços venha a falir. Para evitar a quebra, terá 
de recuperar o prejuízo elevando exageradamente os preços cobrados dos 
demais usuários. Em economia, não há milagres." 
 
E em caso idêntico ao acima exposto, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul, em recentíssima decisão prolatada pela Segunda Câmara Especial Cível, 
ApCvº 70005705249, Porto Alegre, em 18 de março de 2003 e que foi relator o 
Des. Nereu José Giacomolli, assim decidiu: 
 
seguro de vida em grupo. RENOVAÇÃO. AVISO PRÉVIO. possibilidade 
contratual que não configura abusividade. Improcedência da ação. 
 
Sendo o contrato de seguro típico de adesão e prevendo este renovação com 
possibilidade de revisão de cláusulas, inclusive de cancelamento de seguro, 
com a rescisão do contrato, mediante aviso prévio por escrito, não há como 
acolher-se, o pedido da mandatária dos segurados no sentido da manutenção 
do seguro por permanecerem imutáveis regras inicialmente estabelecidas. 
Necessidade de adequação dos contratos às condições de mercado e de cada 
época em que são celebrados. Precedentes da Corte. APELAÇÃO 
DESPROVIDA. 
 
(...) 
 
Trata-se de seguro de vida em grupo especial, registrado na Superintendência 
dos Seguros Privados – SUSEP, tendo como estipulante, e mandatária dos 
segurados, DMNS – FACTORING LTDA, de acordo com documentação que 
instrui o presente recurso. 
 
A apólice original prevê a possibilidade de cancelar o seguro, mediante o aviso 
prévio por escrito de, no mínimo, 30 (trinta) dias. 
 
Ocorre que a seguradora, alegando que não mais lhe interessava manter a 
contratação, em decorrência de sofrer prejuízos com o grupo, avisou 
previamente a recorrente, da sua intenção em cancelar a apólice. 
 
(...) 
 
Como bem refere a decisora singular, a seguradora apelada comunicou à 
recorrente que não procederia na renovação da apólice nas condições 
originalmente contratadas, tendo em vista a realidade econômica do país e a 
18 
 
incidência de indenizações em valores superiores aos previstos, razões que 
exigem a revisão do produto – contrato de seguro. 
 
Quando o contrato prevê renovação, cancelamento e possibilidade de 
adequação de cláusulas, não há como pretender tornar imutáveis tais 
condições anteriormente estabelecidas. 
 
(...) 
 
Evidente que com o advento do CDC, o consumidor ficou protegido contra 
eventuais abusos que sofria frente ao potencial financeiro das grandes 
empresas. 
 
O Código de Proteção do Consumidor, no seu artigo 51, combate as 
abusividades vedando a estipulação de cláusulas contratuais que coloquem o 
consumidor em situação desvantajosa perante a empresa contratante. Assim 
também quanto à cláusulas que configurarem enriquecimento indevido por 
parte da empresa em detrimento ao consumidor. 
 
Entretanto, este não é o caso dos autos. Também não há que se falar em 
desrespeito ao artigo 13 do Decreto-lei nº 73/66. A alteração contratual, 
inclusive o cancelamento da apólice, durante a sua vigência, foi devidamente 
prevista. A requerida não alterou unilateralmente o contrato sem o 
consentimento da requerente, mas apenas fez uso da faculdade prevista na 
cláusula 14 da apólice de seguro, juntado aos autos. O contrato vigia por prazo 
indeterminado. Avisou a autora através de correspondência com a devida 
antecedência, que não mais lhe interessava a manutenção do contrato, em 
decorrência do alto índice de indenizações pagas à autora. Utilizou-se do 
mesmo direito que teria a apelante de cancelar o seguro, caso entendesse que 
não mais lhe convinha. 
 
(...) 
 
Ora, não se trata, assim, de rescisão unilateral de contrato, mas sim, de não 
renovação, possibilidade expressamente prevista no contrato. 
 
Assim, tratando-se de faculdade da segurada em não aceitar manter as 
condições originais do contrato inicialmente pactuado, após determinado 
período de vigência e comprovado, pela incidência de sinistros, que restaria 
comprometido o equilíbrio financeiro de todo o grupo, inclusive colocando em 
risco o interesse da coletividade que aderiu ao plano, não pode ser 
considerada abusiva cláusula que permite a rescisão unilateral do contrato, 
mediante prévio aviso. Com tais considerações, vai integralmente mantida a 
sentença de improcedência da ação. 
19 
 
 
Ainda tem-se que nos contratos de seguro deverá ser utilizado, de acordo com 
o artigo 422 do atual CC/2002 os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e 
boa-fé – que regulaos contratos em geral – o princípio da mais estrita boa fé, 
em detrimento do princípio da autonomia da vontade, predominante sobre os 
contratos vigentes na época do CC/16, art. 1.079: "a manifestação da vontade, 
nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa" (CC, 
2002,p.105). Porém este princípio, agora expressamente utilizado pelo novo 
Código Civil para os contratos em geral, já era expresso no CC/16 em seu 
artigo 1443, para os contratos de seguro "o segurado e o segurador são 
obrigados a guardar no contrato a mais estrita boa-fé e veracidade, assim a 
respeito do objeto, como das circunstâncias e declarações a ele concernentes" 
(CC, 2002, p.135). Naturalmente que o assunto já rendeu diversas obras 
publicadas e, portanto, faz-se constar sua menção sem maiores explicações 
detalhadas apenas a título de complementação. 
 
 
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O direito tem como uma de suas principais características a interpretação das 
normas legais apresentadas pelo legislador. Assim, o surgimento de qualquer 
lei está passível de diversas interpretações, argumentações e até críticas. 
 
Tal prerrogativa não foi diferente com a vigência do Código de Defesa do 
Consumidor, o qual, pela sua capacidade de abrangência, foi muito polêmico, 
pois a maioria das matérias por ele tratadas já tinham regulação especial, seja 
pelo Código Civil, seja por legislações esparsas pertinentes. 
 
E com relação à matéria securitária não foi diferente. Enquanto há os que 
entendam que o contrato de seguro sempre deve ser analisado sob a ótica 
consumerista, há a corrente que prefere analisar cada situação fática em 
apartado para emitir um posicionamento acerca de qual norma vai ser utilizada 
na solução de um litígio. 
 
Diante desse cenário, o que mais importa às partes litigantes, as quais viram-
se obrigadas a socorrer-se do judiciário para que este tutele seus direitos – é 
que a aplicação da lei seja a mais justa possível. 
 
Com isso quer-se dizer que, não é pelo fato de uma companhia de seguro ter 
sucesso em uma ação judicial movida por um segurado que, necessariamente, 
o segurado foi prejudicado ou injustiçado. 
 
Se os dispositivos legais pertinentes forem adequadamente aplicados e com 
isso entender-se que a seguradora tem razão em seus argumentos, tal 
conclusão deve valer. 
 
E quanto a isso, como já bastante tratado no presente artigo, caso a 
seguradora não infrinja nenhuma das imposições trazidas pelo Código de 
Defesa do Consumidor – caso não traga o contrato qualquer cláusula abusiva – 
não há porque, em uma solução de conflitos, aplicar-se a norma consumerista, 
sendo a legislação civil a regra pertinente a ser utilizada. 
 
Apesar de a comunidade jurídica em geral ainda adotar o posicionamento da 
aplicação do CDC em qualquer caso, verificou-se uma corrente cada vez mais 
crescente no sentido de que cada caso é um caso, e que não se pode ser 
determinista a ponto de ignorar a existência de outras disposições legais. 
 
Assim, espera-se que cada vez mais a consciência jurídica esteja voltada para 
a análise dos casos em particular e tenha discernimento para aplicar a cada um 
a norma respectiva, sob pena de não o fazendo, não estar propiciando às 
partes – independentemente de se seguradora ou segurado – o pleiteado 
reconhecimento de seu direito. 
 
 
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4. REFERÊNCIAS 
 
BECHARA SANTOS, Ricardo. Direito de seguro no cotidiano: coletânea de 
ensaios jurídicos. Rio de Janeiro: Forense, 1999. 
 
CC. Código Civil. Coord. Anne Joyce Angher. 8ª ed. São Paulo: ed. Ridel, 
2002. 
 
CC. Código Civil. Coord. Anne Joyce Angher. 9ª ed. São Paulo: ed. Ridel, 
2003. 
 
CDC. Código de Defesa do Consumidor. Coord. Anne Joyce Angher. 9ª ed. 
São Paulo: ed. Ridel, 2003. 
 
KRIEGER FILHO, Domingos Afonso. O contrato de seguro no direito brasileiro. 
Niterói: Frater et Labor, 2000. 
 
LOUREIRO, Carlos André Guedes. Contrato de seguro. Jus Navigandi, 
Teresina, a. 7, n. 62, fev. 2003, disponível em: 
http://jus.com.br/revista/doutrina/texto.asp?id=3777. Acesso em: 19 jan. 2004 
às 16:27 horas. 
 
MORETTI, Luciana Biembengut; SILVA, Sirvaldo Saturnino. Do contrato de 
seguro no Direito brasileiro e a interpretação de suas cláusulas limitativas em 
face ao Código de Defesa do Consumidor. Jus Navigandi, Teresina, a. 3, n. 27, 
dez. 1998, disponível em: http://jus.webcable.com.br/doutrina/texto.asp?id=638. 
Acesso em: 06 out. 2003 às 16:24 horas. 
 
QUEIROZ, Flávio. A prescrição da ação de seguro no Código de Defesa do 
Consumidor. In: CARNEIRO, Athos Gusmão. Seguros: uma questão atual. São 
Paulo: ed. Max Limonad, 2001, p.114. 
 
SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade Civil no Código do 
Consumidor e a Defesa do Fornecedor. São Paulo: Saraiva, 2002. 
 
TZIRULNIK, Ernesto. Apontamentos sobre a operação de seguros. Revista 
Brasileira de Direito de Seguro. Rio de Janeiro: ed. Manuais Técnicos de 
Seguros, n.1, p. 23, set. 1997

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