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180814111017 OAB 1FASE DIR PENAL AULA06 COMPLEM

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3 
Ao iniciar o novo tópico de estudo é importante relembrar algumas diferenças entre o crime de homicídio praticado 
na direção de veículo automotor e o crime de homicídio culposo disposto no artigo 121, parágrafo 3º do Código 
Penal. Conforme já abordado, o crime de homicídio previsto no CTB tem maior grau de reprovabilidade e, tam-
bém, por ser a conduta praticada na direção de veículo automotor, ainda que não seja em via pública. 
 
Ainda revisando, o Código Penal Brasileiro traz no Título I da Parte Especial, os crimes contra a pessoa, e no ca-
pítulo I, os crimes contra a vida. São eles: Homicídio (artigo 121); Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
(artigo 122); Infanticídio (artigo 123); Aborto (artigos 124 a 128 – condutas típicas previstas nos artigos 124 a 126). 
Outro ponto importante que foi abordado é a identificação do elemento subjetivo, que pode fazer com que o homi-
cídio seja doloso ou culposo. 
 
 
 
 
Somente após a identificação deste elemento subjetivo, caracterizado o homicídio doloso é que poderá ser feita a 
segunda análise, ou seja, se é simples, privilegiado ou qualificado. O homicídio culposo não terá essa classifica-
ção, tendo em vista que a conduta é praticada mediante negligência, imprudência ou imperícia. 
 
Na análise diretamente do crime de homicídio foram estudadas algumas modalidades; quanto às alterações legis-
lativas foram vistas, inclusive, as que influenciariam diretamente a Lei de crimes hediondos, que por consequência 
trouxeram qualificadoras ao crime. Vejamos a esquematização: 
 
 
 
Serão estudados os crimes de homicídio simples (matar alguém), que está disposto no artigo 121, caput; homi-
cídio privilegiado, disposto no artigo 121, parágrafo 1º, praticado mediante relevante valor social, relevante valor 
moral ou sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. O homicídio qualifi-
cado, disposto no artigo 121, parágrafo 2º, tem como característica uma nova escala penal com uma pena superi-
or ao caput. 
 
 
 
 
 
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4 
Quando tratar-se de crime de homicídio culposo, haverá a possibilidade do cabimento de perdão judicial, conso-
ante o disposto no artigo 121, parágrafo 5º, pois as consequências do crime atingem o sujeito de forma tão grave 
que a sanção penal se torna desnecessária. Dentro do contexto de perdão judicial foi vista a possibilidade de apli-
cação para o crime de homicídio e lesão corporal na direção de veículo automotor, visto que as razões de veto 
mostraram justamente que o dispositivo no CTB, prevendo perdão judicial, seria desnecessário, isso frente à exis-
tência de tal previsão no Código Penal, inclusive mais ampla. 
 
Já na análise da Lei nº 8.078/90 (crimes hediondos) os pontos relevantes e abordados foram: 
 
- O rol dos crimes hediondos, artigo 1º; 
- Os crimes equiparados: Tráfico de drogas; Tortura; Terrorismo, fixados no artigo 5º, inciso XLIII da CRFB. 
- Os malefícios: inafiançabilidade, insuscetibilidade de anistia, graça e indulto, fixados no artigo 2º. 
 
Com a exceção do crime de genocídio, todos os crimes considerados hediondos estão previstos no Código Penal, 
podendo ser tentados ou consumados. 
 
Em 2015, com a alteração legislativa nº 13.104, incluiu-se no artigo 121 as qualificadoras de feminicidio e homicí-
dio funcional e, na Lei de crimes hediondos tais modalidades passam a integrar o rol do artigo 1º. 
 
Houve, ainda, a inclusão do inciso I-A, no rol do artigo 1º. Desta forma, algumas modalidades de lesão corporal 
passam a caracterizar hipótese de crime hediondo. 
 
Em 2014, a Lei nº. 12.978, classificou como hediondo o crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma 
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável, modificando, consequentemente o Estatuto da 
Criança e do Adolescente para incluir o artigo 218-B, caput, e §§ 1º e 2º. Esta lei entrou em vigor no dia 22 de 
maio de 2014. Somente as condutas praticadas a partir desta data poderão ser consideradas como crime hedion-
do. 
 
Em 2017, no dia 27 de outubro, entrou em vigor a Lei 13.497, que incluiu o artigo 16 do Estatuto do Desarmamen-
to no rol de crimes hediondos (Lei 10826/03). A inclusão foi feita no parágrafo único do artigo 1º da Lei 8072/90. 
 
Sobre as alterações legislativas é imprescindível saber quais foram as datas que entraram em vigor: 
 
- Feminicidio, Lei nº 13.104/2015, entrou em vigor 10/03/2015; 
Obs.: O crime de feminicidio é o crime praticado contra a mulher por razões de condições do sexo feminino. 
 
- Homicídio Funcional, Lei nº 13.142/2015, entrou em vigor 07/07/2015; 
 
Conclui-se, então, que o crime de homicídio, em tese, é aquele em que o agente provoca a morte de uma deter-
minada pessoa. Nesse sentido, o sujeito do crime pode ser qualquer pessoa, sendo considerado um crime co-
mum. Todavia, há situações, como no caso, por exemplo, da qualificadora do feminicidio que precisa ser praticado 
em razões de condições do sexo feminino. 
 
Vejamos cada um: 
 
HOMICÍDIO SIMPLES 
 
Está previsto no artigo 121, caput do Código Penal e tem como núcleo do verbo matar. O crime de homicídio sim-
ples pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo considerado um crime comum. 
 
Ainda nesse sentido, o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa. 
 
A conduta praticada pelo agente é com dolo, ou seja, a vontade consciente de ceifar a vida de alguma pessoa 
(animus necandi). O dolo pode ser direto ou eventual. 
 
Diz-se que a consumação ocorre quando efetivamente tem-se a morte da vítima. O crime de homicídio simples 
admite a forma tentada. 
 
 
 
 
 
 
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HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: 
 
O denominado homicídio privilegiado, previsto no parágrafo 1º do artigo 121, possui natureza jurídica decausa de 
diminuição de pena, cabendo em três hipóteses: 
 
 
Relevante valor moral: Entende-se como relevante valor moral o motivo que tem muita importância para aquela 
pessoa que pratica a conduta. 
 
Ex.: A mata o pai, que é doente terminal, por compaixão. 
 
O crime de homicídio está configurado, independentemente que seja o pai pedindo. É preciso relembrar que a 
vida é bem jurídico indisponível, e que não cabe o consentimento do ofendido. 
 
Relevante valor social: O agente quer beneficiar a sociedade, pensando agir em prol dos interesses da coletivi-
dade. 
 
Ex.: A mata o estuprador que está atacando várias mulheres daquele bairro que mora. O crime é configurado, 
tendo em vista que o fato é típico, ilícito ou antijurídico e culpável. É importante frisar que neste exemplo não cabe 
a hipótese de legitima defesa, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta diversa. 
 
Domínio de violenta emoção: Enquadra-se aqui o crime de homicídio emocional (passional). 
 
Ex.: A mulher chega em sua casa mais cedo e se depara com sua amiga tendo relação sexual com seu esposo. 
Nesse caso, não há que se falar em legitima defesa da honra, é preciso lembrar da proporcionalidade. Caso ela 
mate o marido, pode-se estar diante de um homicídio privilegiado. 
 
O domínio de violenta emoção está intimamente ligado ao imediato e intenso abalo emocional. Não há que se 
falar em intervalo temporal ou emoção leve, momentânea ou passageira. 
 
O homicídio privilegiado não precisa ser praticado sob as três hipóteses (cumulativas): Relevante valor moral; 
Relevante valor social; Domínio de violenta emoção. Basta uma delas para que o homicídio seja privilegiado. 
 
Vários são os exemplos mencionados na doutrinaquanto à prática do crime de homicídio na forma privilegiada. 
Rogério Greco, por exemplo, em sua obra, menciona o caso do agente que mata o parlamentar corrupto para 
livrar a pátria da corrupção. 
 
 
 
 
 
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HOMICÍDIO QUALIFICADO: 
 
O homicídio qualificado está descrito no parágrafo 2º, do artigo 121 e tem como objetivo elevar a pena do agente 
quando comete uma de suas qualificadoras. O ato praticado pelo agente é tão reprovável pela sociedade que 
merece maior rigor em sua punibilidade. 
 
Ao tratar do homicídio qualificado é relevante atentar-se para as alterações legislativas. Vejamos algumas circuns-
tâncias qualificadoras. 
 
 
 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015 – Vigência 10/03/2015) 
 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
 
Homicídio funcional (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015 – Vigência 07/07/2015) 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
 
Há, ainda, outras qualificadoras previstas no parágrafo 2º. 
 
Observação importante: A data do início da vigência da qualificadora é de extrema importância, pois, além de 
verificar se um crime foi praticado antes ou durante sua vigência influencia diretamente na aplicação da lei penal 
no tempo. A lei maléfica não poderá retroagir. 
 
 
 
 
 
 
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Para responder ao questionamento é preciso fazer a leitura tanto do parágrafo 1º quanto do parágrafo 2º e verifi-
car se é possível a combinação. Vejamos: 
 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo 
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula-
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
dade ou vantagem de outro crime: 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis-
tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú-
blica, no exercício da função ou em decorrência dela, 
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condi-
ção: 
 
Imaginemos o seguinte exemplo: O pai sob o domínio de violenta emoção e depois de injusta provocação da víti-
ma mata o estuprador da filha, com emprego de fogo. Nesse caso, prevalece o entendimento de que fica afastada 
a hediondez. O homicídio será qualificado e privilegiado. 
 
Nesse exemplo é possível combinar o parágrafo 1º (domínio de violenta emoção) com o parágrafo 2º (emprego de 
fogo). 
 
Quando a lei trata da hipótese de motivo fútil quer se dizer que aquele real motivo é desproporcional à conduta 
praticada; é algo insignificante; banal. 
 
Ex.: Matar alguém por não ter emprestado R$ 5.00. 
 
Motivo torpe, por exemplo, é aquele abjeto, que contém expressa baixeza ou que o agente mata para conseguir 
alguma coisa. 
 
Ex.: Mata para receber a herança, seguro de vida, para eliminar um concorrente etc. 
 
Cabe destacar que quando a qualificadora for subjetiva, não poderá existir homicídio hibrido. A única hipótese de 
homicídio hibrido é quando a qualificadora for objetiva, que não está ligada a motivação. A motivação irá qualificar 
o homicídio ou privilegiar. Isso se dá porque um motivo não pode ser nobre e reprovável ao mesmo tempo. 
 
Particularidade de algumas qualificadoras do crime de homicídio: 
 
Analisemos o inciso III, do parágrafo 2º: 
 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
 
 
 
 
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 Emprego de veneno: 
 
- Não pode ser do conhecimento da vítima. Caso seja do conhecimento da vítima, poderá qualificar pelo meio 
cruel, mas não pelo emprego do veneno. 
 
O veneno só vai qualificar quando for um meio insidioso. Quando for do conhecimento da vítima, mas que provo-
que a morte dolorosa, responderá o agente por homicídio qualificado pelo meio cruel. 
Imagine que A está sofrendo muito e decide matar seu pai, que está internado com uma doença terminal. Após 
uma conversa com seu pai, que é grande conhecedor de algumas substâncias químicas, pede e indica para a filha 
uma determinada substância que causa a morte de forma indolor. A filha, por sua vez, compra e ministra a subs-
tância em seu pai, provocando sua morte. 
 
Pergunta-se: Poderia ser considerado privilegiado, na modalidade de relevante valor moral? Neste caso a respos-
ta é positiva, mas cabe destacar que neste caso haverá somente o privilégio e não a qualificadora, tendo em vista 
que o veneno somente qualifica o homicídio quando houver emprego de veneno sem o conhecimento da vítima ou 
pelo meio cruel, quando a morte for sofrida, dolorosa. 
 
Se assim não for não irá qualificar o homicídio. Assim, nesse exemplo, não há que se falar em homicídio qualifica-
do privilegiado, mas tão somente privilegiado. 
 
Exemplo 2: Albertino diz a Belinha que caso ela não tome o veneno letal, matará seu filho, que está no mesmo 
local. Belinha ingere o veneno e morre lentamente. 
 
Neste caso da Belinha, a vítima tem ciência do veneno. O homicídio até será qualificado, mas pelo meio cruel e 
não pelo emprego de veneno. 
 
Em síntese três situações podem acontecer: 1) homicídio qualificado pelo emprego de veneno, quando a vítima 
não sabe que está ingerindo; 2) a vítima sabe que está ingerindo veneno e a morte é provocada com sofrimento. 
3) Não há qualificadora, mas poderá haver a forma privilegiada, pois a vitima sabe que é veneno, quer tomar e o 
agente aplica a substância. Podendo haver, no caso concreto, homicídio privilegiado em virtude de compaixão do 
sujeito ativo pelo sujeito passivo. 
 
Atenção! Não cabe, na hipótese de Belinha, o crime de auxilio ao suicídio. Isso porque, para que se enquadre ao 
previsto no tipo penal de auxilio ao suicídio (artigo 122) é indispensável que a vítima queira morrer, seja porque 
ela já queria ou por ter sido influenciada. 
 
No exemplo, a vítima esta sendo coagida a se matar. 
 
No caso da filha que mata o pai doente terminal, também não há crime de auxílio ao suicídio, pois ela mesma 
praticou ato de execução apto a mata. Aquele que pratica ato de execução apto a matar não responde por auxílio 
ao suicídio, mas sim por crime de homicídio. 
 
Mas no caso de Belinha, como pode o agente responder por homicídio se foi a própria vítima que ingeriu o vene-
no, embora coagida? 
 
Vamos relembrar alguns pontos importantes: 
 
 
 
 
 
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Na autoria direta o agente age, ele mesmo executa os atos. Na autoria indireta há a divisão entre: intelectual, 
quando o agente não se aproveita de ninguém, mas sim, age em conjunto e planeja a forma de cometimento do 
delito. E mediata, quando o agente não age em concurso de pessoas, mas sim se aproveita de alguém como um 
instrumento em suas mãos. 
 
Exemplo de autoria mediata: Imagine que o médico está de plantão no hospital e em um dos leitos encontra seumaior inimigo. Sabendo que todos os dias, às 19 horas, a enfermeira aplica o medicamento em seu inimigo, ele 
troca as ampolas de remédio por veneno. Não tendo ciência do ocorrido, a enfermeira aplica a substância no pa-
ciente que vem a óbito. O médico é responsável criminalmente pelo crime de homicídio, sendo considerado autor 
indireto, na forma de autoria mediata. A enfermeira, em regra, não responde criminalmente. No máximo, respon-
deria por homicídio culposo. 
 
Retornando ao exemplo da Belinha: Albertino diz a Belinha que caso ela não tome o veneno letal, matará seu 
filho, que está no mesmo local. Belinha ingere o veneno e morre lentamente. 
 
A Belinha está em coação moral irresistível, sendo considerada vítima do crime de homicídio ao mesmo tempo em 
que é usada como instrumento para a prática do crime. 
 
Na autoria mediata o sujeito não age em liame subjetivo com alguém. Na verdade, ele usa alguém para alcançar 
seu intento. Já na autoria intelectual, poderá ter a configuração do concurso de pessoas. 
 
Concluindo: 
 
1) A vítima não tem ciência de que está sendo envenenada – homicídio qualificado pelo emprego de veneno. 
2) a vítima tem ciência, mas a morte é dolorosa - – homicídio qualificado pelo meio cruel. 
3) vítima tem ciência, deseja a morte – o agente mata com emprego de veneno sem sofrimento – homicídio, que 
pode ser privilegiado a depender do caso concreto. 
 
Tortura: 
 
Atenção: Assim como há a previsão do crime de homicídio qualificado pela tortura (parágrafo 2º, inciso III), há, 
também, a tortura qualificada pela morte (Lei 9.455/97). 
 
Vejamos o parágrafo 3º, do artigo 1º da Lei de Tortura. 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se 
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
O parágrafo 3º traz a tortura qualificada. Assim, surge-se a seguinte pergunta: 
 
Qual a diferença entre o homicídio qualificado pela tortura para a tortura qualificada pela morte? 
 
 
 
 
 
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10 
Vejamos o exemplo: Albertino decide torturar Carlinhos, para que o mesmo confesse uma traição. No entanto, 
Albertino exagera nos atos de tortura e acaba por provocar a morte de Carlinhos. 
 
A diferença entre homicídio qualificado pela tortura para a tortura qualificada seguida de morte é justamente o 
dolo. Neste caso concreto, qual era o dolo? Torturar. A morte ocorreu a título de culpa. O crime será de tortura 
qualificada pela morte. 
 
No homicídio qualificado pela tortura, o dolo é de matar. A tortura é meio. Caso o dolo seja de torturar, ocorrendo 
a morte a título de culpa, haverá crime de tortura qualificada pela morte. 
 
O crime de tortura é equiparado a crime hediondo. 
 
Observação: Quando o agente quer torturar e depois decidi matar a vítima, há a responsabilização por dois cri-
mes, sendo: tortura no primeiro momento e homicídio no segundo momento. Lembrando que o crime de homicídio 
não irá absorver a tortura, pois não é o meio natural para a conduta. Neste caso, configura-se a progressão crimi-
nosa, tendo em vista que o agente decidiu progredir a conduta para matar. Na maioria dos exemplos de progres-
são criminosa o crime último absorve os demais. Isso se um deles é o normal passo para alcançar o segundo. No 
entanto, a tortura não é um normal meio para a ocorrência do crime de homicídio. 
 
Ex.: A quer lesionar B e começa a agressão. No momento da pratica criminosa A decide matar B. Nesse exemplo, 
como a lesão se encontra como elementar do homicídio a lesão será absorvida. O agente responderá tão somen-
te por homicídio. 
 
Na progressão criminosa quando há a substituição do dolo geralmente o último crime absorve o anterior. Mas para 
isso é necessário que um deles seja normal meio de execução para o outro. A tortura não é normal meio de exe-
cução para o homicídio. 
 
Concluindo: Se no caso concreto, a conduta inicial do agente era de torturar e posteriormente decide matar, confi-
gura-se concurso material de crimes. Há duas condutas (torturar e matar). 
 
1) O agente quer matar e usa a tortura como meio – homicídio qualificado pela tortura; 
2) O agente quer torturar e culposamente pratica a morte da vítima – tortura seguida de morte; 
3) O agente quer torturar, mas no decorrer decide matar a vítima (alterando, então, o dolo inicial) – crime de tortu-
ra e homicídio em concurso material de crimes. 
 
Causas de aumento de pena: 
 
Na redação do parágrafo 4º, do artigo 121 é possível enxergar que existem causas de aumento de pena que ser-
vem apenas para homicídio doloso, e outras que servem apenas para o homicídio culposo. Vejamos: 
 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminu-
ir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é au-
mentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessen-
ta) anos. 
 
 
 
 
 
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Esquematizando: 
 
 
 
Analisemos uma hipótese: O agente está limpando a arma de fogo quando ela dispara e atinge uma senhora de 
65 anos de idade. 
 
Neste caso, não se pode falar na aplicação de causa de aumento na terceira fase da dosimetria da pena. Dois 
pontos são relevantes nesse caso concreto: a vítima é maior de 60 anos e o homicídio foi culposo. A idade da 
vítima é causa de aumento de pena do homicídio doloso. 
 
No homicídio culposo, a pena será aumentada quando: 
 
• o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício 
• o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou 
foge para evitar prisão em flagrante. 
 
Exemplo 2: o agente dispara arma de fogo contra a vítima com a intenção de matá-la, e posteriormente foge, sem 
ajudar a vitima. 
 
Observe que a intenção do agente é matar a vítima e o fato de não prestar socorro não justifica a causa de au-
mento do parágrafo 4º. Isso porque, o homicídio é doloso. A referida causa de aumento (omissão de socorro) so-
mente seria aplicada se o homicídio fosse culposo. 
 
Exemplo 3: o agente está limpando a arma municiada quando ocorre o disparo e por consequência acaba atingin-
do uma pessoa. No desespero pelo que ocorreu, o agente sai correndo e não presta auxílio à vítima, que conse-
quentemente veio a óbito. Nesse caso, está configurada a aplicação do parágrafo 4º. Sempre que há a aplicação 
do aumento da pena, deixa-se de tipificar crime autônomo. A pessoa que mata culposamente e omite socorro, 
responderá pelo crime de homicídio culposo com pena aumentada e não por concurso de crimes entre homicídio 
e omissão de socorro. 
 
Outra causa de aumento: 
 
Essa causa de aumento é aplicada quando praticada por milícia privada. 
 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretex-
to de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012 – vi-
gência 28/09/2012) 
 
 
 
 
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12 
 
Feminicidio: 
 
A causa de aumento do parágrafo 7º é exclusiva para o crime de feminicidio. 
 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015 - Vigência 10/03/2015) 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (In-
cluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de2015) 
 
Pergunta-se: É possível ter mais de uma causa de aumento? A resposta é positiva, podendo ser aumentada de 
1/3 até a metade. 
 
Finalizando os pontos importantes do crime de homicídio passa-se ao estudo do crime de induzimento, instigação 
ou auxilio a suicídio. Lembrando sempre que todos os crimes podem e devem ser estudados em conjunto. 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. 
 
O Código Penal traz no artigo 122 a previsão do crime de induzimento, instigação ou auxilio a suicídio. Dentro 
desse contexto é preciso entender o que é o suicídio. Nelson Hungria conceitua suicídio como e eliminação volun-
tária e direta da própria vida. Para que haja suicídio é indispensável a intenção positiva de despedir-se da vida”. 
 
O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. 
 
Vejamos o artigo 122 do CP. 
 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de 
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 
Pergunta-se: O que é induzir? O que é instigar? O que é auxiliar? 
 
Vejamos: 
 
 
 
 
Exemplo de induzir: A esta desanimada com a vida que está levando. Ao conversar com seu amigo de trabalho, B 
diz para A que não há solução para seus problemas, e que o mais certo ela era tomar uma substância que não 
causa dor e que morreria rapidamente. B cria a ideia de se matar. 
 
Na instigação o sujeito irá reforçar a ideia na vítima, que já tem a intenção de se matar. 
 
 
 
 
 
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Ex.: A esta desanimada com a vida que está levando. Ao conversar com seu amigo de trabalho B diz que vai se 
matar. B então pregunta se ela precisa de ajuda para se matar. 
 
No auxilio é efetivamente participar do suicídio. 
 
Ex.: Comprar a corda para ela se matar, comprar o veneno, ajudar a subir na janela. 
 
 
Se a pessoa pega a corda e enforca a vítima, por exemplo, não se considera mais o crime de auxilio a suicídio, 
mas sim homicídio. 
 
Existem dois pontos importantes: 1) O auxilio não pode ser um ato apto a matar; 2) A vítima precisa ter a intenção 
de se matar. 
 
Exemplo: Albertino diz a Belinha que caso ele não tome o veneno letal, matará seu filho, que está no mesmo local. 
Belinha ingere o veneno e morre lentamente. 
 
- Não cabe o artigo 122, pois a vítima não queria morrer naquele momento. Somente age assim, visto que está 
moralmente coagida. 
 
Se Albertino já tem o desejo de tirar a própria vida ou ainda se tal desejo é criado por Carlinhos, é possível que 
haja crime do artigo 122 caso Carlinhos crie a ideia ou reforce a ideia já existente de Albertino em tirar a própria 
vida. 
 
Pergunta-se: Mas por que é possível? Não é algo certo? Mas basta praticar os verbos previstos no artigo? 
 
A resposta é negativa, tendo em vista que o artigo 122 é crime de resultado obrigatório. 
 
O crime do artigo 122 não esta consumado no momento do induzimento, da instigação ou do auxilio, pois é um 
crime que exige resultado obrigatório. E, esse resultado pode ser a morte ou quando ficar gravemente lesionada. 
 
Vejamos a penalidade imposta: 
 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de 
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 
Pergunta-se: E se a vítima sobreviver sem qualquer lesão ou apenas com lesão corporal de natureza leve? 
 
Nesse caso o agente não responde! 
 
Pergunta-se: Há tentativa? 
 
 
 
 
 
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A resposta é negativa, visto que o artigo 122 já estabeleceu quais resultados seriam puníveis. Atenção!! Quando o 
artigo 122 traz a penalidade e cita a expressão “tentativa de suicídio” não se quer dizer a tentativa do artigo 14, 
inciso II. Frisa-se que o artigo 122 não pode ser combinado com o art. 14, II do CP. 
 
Voltemos ao auxilio com a seguinte indagação: 
 
Considerando que o auxílio não pode ser um ato apto a matar e imaginemos que Albertino ministra o veneno em 
Carlinhos, que quer morrer. Trata-se de auxílio? 
 
A resposta é não, pois ministrar veneno é ato apto a matar. Neste caso será responsabilizado pelo crime de ho-
micídio. Caso Albertino apenas entregasse o veneno nas mãos de Carlinhos, para que ele mesmo ingerisse, aí 
sim haveria auxílio ao suicídio. 
 
 
 
Pacto de Morte: 
 
Quando duas ou mais pessoas decidem tirar a própria vida. 
 
Ex.: Albertino e Carlinhos decidem se matar juntos, no banheiro, com inalação de gás. Albertino abre o gás e am-
bos sobrevivem sem qualquer lesão. 
 
Aquele que pratica ato de execução que seja apto a matar, responderá por homicídio consumado ou tentado. 
Nessa hipótese, Albertino praticou ato apto a matar, devendo responder por homicídio tentado. Já Carlinhos não 
responderá por nada, pois embora tenha reforçado a ideia de Albertino, não houve resultado obrigatório que per-
mitisse a punição pelo artigo 122. 
 
Exemplo 2: Albertino e Carlinhos decidem se matar juntos, no banheiro, com inalação de gás. Albertino abre o gás 
e ambos sobrevivem gravemente lesionados. Albertino praticou ato apto a matar, devendo responder por homicí-
dio tentado. Já Carlinhos como reforçou a ideia para que Albertino se matasse responderá pelo artigo 122, lesão 
corporal de natureza grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quando a vítima é menor de 14 anos duplica-se a pena, conforme dispõe parágrafo único. 
 
Aumento de pena 
 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
Pergunta-se: Mas o parágrafo único do artigo 122 não determina o aumento de pena se a vítima for menor? A 
resposta é positiva, com a ressalva que apenas no caso de vítima menor de 18 e a partir de 14, pois se ela tem 
menos de 14, crime não será do artigo 122 e sim de homicídio. 
 
Essa afirmativa acima é uma construção doutrinária análoga aos crimes contra a dignidade sexual. É crime de 
estupro de vulnerável, por exemplo, quando for praticado contra uma vítima menor de 14 anos consente em prati-
car ato libidinoso. O legislador resolveu desconsiderar a capacidade de consentimento daquela vítima menor de 
14 anos. Se o consentimento para o ato sexual não é considerado quando a vítima é menor de 14 anos, imagina 
para dispor da própria vida. 
 
A vítima menor de 14 anos não tem capacidade para decidir que quer encerrar a própria vida. 
 
Infanticídio 
 
Entende-se como crime de infanticídio aquele praticado pela própria mãe contra seu filho, devendo estar influenci-
ada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto. É importante frisar que se trata de crime próprio, ou seja, 
somente poderá ser praticado pela mãe. 
 
Em que pese o tipo penal seja ‘matar alguém’ não se deve confundir com o disposto no artigo 121 do CP, pois 
diante do princípio da especialidade o artigo 123 é mais especifico, devendo sobressair ao mais genérico. Na exis-
tência do conflito aparente de normas alguns princípios irão solucionar esse conflito. Como exemplo, o principio da 
consunção, onde o crime fim absorve o crime meio. Quando o agente ingressa no domicilio da vítima com a inten-
ção de mata-la, o crime de violação de domicilio será absorvido pelo crime de homicídio. 
 
Outro exemplo é quando o agente viola o domicilio com a intenção de matar alguém e ao chegar ao local se depa-
ra com a vítima já morta. Desta forma, o agente não pode matar a vítima que já esta morta, o que seria considera-
do crime impossível. Pelo princípio da subsidiariedade o agente responderá somente pelo crime de violação de 
domicilio. 
 
Vejamos o artigo 123 do CP: 
 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos.Dicas para identificar o crime de infanticídio: 
 
 
 
 
 
 
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O crime de infanticídio não é praticado honoris causa, ou seja, para proteger a própria honra e, sim por estar influ-
enciada pelo estado puerperal. 
 
Pergunta-se: É possível existir concurso de pessoas no crime de suicídio? 
 
Trabalhemos o seguinte exemplo: A mãe influenciada pelo estado puerperal e logo após o parto decide matar seu 
filho. Esta mãe conta com a ajuda o pai da criança. Qual será a conduta de cada um? Essa pessoa que auxilia a 
mãe responde também pelo crime de infanticídio? 
 
1 – A mãe pratica a conduta principal. Ela mata, mas um terceiro a auxilia (conduta acessória). 
2 – O terceiro pratica a conduta principal. Ele mata, mas a mãe, influenciada pelo estado puerperal e logo após o 
parto, auxilia. 
 
Essa segunda situação abarcar uma grande divergência na doutrina. 
 
Analisemos o artigo 30 do CP. 
 
Circunstâncias incomunicáveis 
 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do 
crime. 
 
Pergunta-se: Ser mãe, estar influenciada pelo estado puerperal e parto são de caráter pessoal? A resposta é posi-
tiva, tendo em vista que o artigo 123 prevê essas hipóteses. Desta forma, pode-se concluir que as circunstâncias 
irão se comunicar já que são elementares do crime. 
 
Pergunta-se: Mas se comunicam de quem para quem? Geralmente, quando pensamos sobre isso, a regra no 
Direito Penal não pode ser diferente da regra universal de que o acessório é que deve seguir o principal. Sendo 
assim, quando a conduta principal é da mãe, não há maiores problemas em identificar que a conduta do terceiro 
que auxilia, segue a conduta principal da mãe, devendo (para a doutrina amplamente majoritária) ambos respon-
derem por infanticídio. 
 
Atenção! 
 
Na hipótese 1: A mãe pratica a conduta principal. Ela mata, mas um terceiro a auxilia. Ambos respondem por in-
fanticídio, aplica-se o artigo 30 do Código Penal. 
 
Apenas a título de curiosidade, a hipótese 2 é amplamente controvertida, admitindo três posicionamentos, em 
síntese: 
 
1) Ambos respondem por homicídio; 
2) Ambos respondem por infanticídio; 
3) O terceiro responde por homicídio e a mãe por infanticídio. Se quando a mãe esta praticando a conduta princi-
pal (crime de infanticídio) e tem a pena menor, como poderia no caso de auxilio, onde ela estaria vigiando o local, 
por exemplo, responder por uma pena muito maior?! 
 
Lembrando: Quando foi abordado o instituto do erro sobre a pessoa foi dado um exemplo em que a mãe querendo 
matar seu filho e sob a influência do estado puerperal se dirige ao berçário e mata a criança. Depois do cometi-
mento do crime percebe que aquele não era seu filho, mas sim, o da moça do quarto ao lado. Verifica-se que hou-
ve um erro quanto à pessoa. A mãe acreditava que estava cometendo o crime contra seu filho. Com base no arti-
go 20 é preciso esquecer a vítima virtual e considerar as condições de quem ela queria realmente agir. 
 
Pergunta-se: O que é durante o parto? Como diferenciar do crime de aborto ou do crime de homicídio? 
 
A conduta do crime de aborto é praticada antes do início do parto. 
 
 
 
 
 
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Atenção ao quadro abaixo: 
 
 
É preciso sempre lembrar que o código Penal adota a teoria da conduta, onde se considera consumado o crime 
no momento da conduta, ainda que o resultado ocorra em momento posterior. Para que se configure o crime de 
aborto precisa ser antes de iniciar o parto. O crime de infanticídio será configurado quando houver as três pergun-
tas abaixo: 
 
 
 
Somente quando influenciada pelo estado puerperal e a conduta for praticada contra seu filho, durante ou logo 
após o parto haverá a tipificação do crime de infanticídio. 
 
CRIME DE ABORTO 
 
Previsto a partir do artigo 124 do CP, o crime de aborto poderá ter três hipóteses, sendo: auto aborto, aborto com 
consentimento da gestante e aborto sem consentimento da gestante. Aborto significa dizer a interrupção da gravi-
dez. 
 
Vejamos as hipóteses de aborto: 
 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
O artigo 124 traz a hipótese de auto aborto, onde a gestante é o sujeito ativo do crime. 
 
 
 
 
 
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Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 
Atenção ao disposto no parágrafo único: 
 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada 
ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
Por escolha legislativa, os artigos 124 e 126 representam uma quebra da teoria monista. Embora gestante e ter-
ceiro possam estar concorrendo para um mesmo resultado, que é o aborto, cada um deles responderá pelo pró-
prio crime. 
 
Diante esse contexto surge um novo questionamento: Com a configuração do artigo 126, admite-se o concurso de 
pessoas no artigo 124? Em regra, não. No entanto, a depender do caso concreto, é possível a participação para o 
terceiro que auxilia sem praticar diretamente qualquer ato abortivo. 
 
Exemplo 1 – Amiga ministra, com consentimento, substância abortiva na gestante para provocar o aborto. O cri-
me por ela praticado é do artigo 126, ou seja, ela provoca o crime de aborto. 
Exemplo 2 – Amiga compra medicamento abortivo e entrega para a gestante tomar, com a sua ciência. A própria 
gestante é que ingere ou aplica a medicação. No exemplo 2, ambas respondem pelo artigo 124. A amiga é partí-
cipe do crime do artigo 124. 
 
Por que ela não pratica a conduta descrita artigo 126? Porque ela não praticou verbo núcleo deste tipo. Ela não 
provocou o aborto. 
 
Atenção!! 
 
Em que pese o próprio Código Penal faça menção ao artigo 127 como forma qualificadora é preciso atentar-se, 
pois possui natureza jurídica de causa de aumente de pena. 
 
Forma qualificada 
 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do 
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são dupli-
cadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
Neste artigo, a morte ou a lesão decorrem do aborto, mas não são desejadas pelo autor do crime. Esses resulta-
dos se dão a titulo de culpa. 
 
Caso haja dolo na morte da gestante o agente deverá responder pelo crime de homicídio em concurso com o cri-
me de aborto. 
 
Vejamos o caso concreto: Albertino toma ciência da gravidez de sua mulher Antonieta. Sabendo que Antonieta 
possui doença fatal, ele a convence a ir a um obstetra, mas trata-se de fraude, pois já combinou previamente com 
o amigo Carlinhos que seria realizado um aborto. Antonieta vai ao consultório com Albertino. Lá, Carlinhos pratica 
manobras abortivas, enquanto Antonieta está desacordada. Albertino não comunicou ao amigo a doença grave de 
Antonieta. Albertino já sabia que o procedimento causaria a morte da esposa, o que de fato ocorreu. Ele já dese-
java esse resultado, pois queria ficar com sua amante. 
 
Pergunta-se: Qual será a responsabilidade penal dos envolvidos? 
 
Pontos importantes: Albertino usa o Carlinho como instrumento para a prática do crime; Albertinho, esposo, tem 
dolo de matar (por motivo fútil – querer ficar com a amante) a esposa e de praticar o crime de aborto sem o con-
sentimento da vítima. 
 
 
 
 
 
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No caso concreto, Albertino deve responder por homicídio qualificado, com agravante de ter sido cometido contra 
cônjuge. Responde ainda pelo crime de aborto do artigo 125, em concurso formalimpróprio (pois ele tinha desíg-
nios autônomos). Carlinhos deve responder pelo artigo 125 c/c artigo 127. 
 
 
 
Ao retornar a leitura do artigo 127 percebe-se que o próprio dispositivo traz essa previsão. Vejamos: 
 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência 
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
Casos de Aborto Permitido: 
 
O artigo 128 prevê a possibilidade do aborto praticado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. O 
que configura o estado de necessidade especial, ou seja, uma causa de excludente da ilicitude prevista na parte 
especial do Código Penal. 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
O inciso II é abarcado por uma divergência doutrinária e também é entendido como causa especial excludente da 
ilicitude. Rogério Greco sustenta que é causa de excludente da culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diver-
sa. 
 
É importante ter atenção para a ADPF 54 de relatoria do ministro Marco Aurélio Mello, e foi ajuizada pela CNTS 
(Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde) em 2004, tendo sido julgada apenas oito anos depois, em 
uma votação não unânima da qual participaram 11 ministros, nos dias 11 e 12 de abril de 2012. O STF julgou a 
ação procedente por 8 votos a favor, e 2 votos contra. 
 
Foi decidido que não há de ser considerado crime de aborto a interrupção terapêutica induzida da gravidez de um 
feto com anencefalia. Foi reconhecida a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção deste 
tipo de gravidez é conduta tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, do CP. Trecho citado pelo Relator da 
ADPF 54:"Nesse contexto, a interrupção da gestação de feto anencefálico não configura crime contra a vida – 
revela-se conduta atípica". 
 
O aborto de feto anencefalo, no Brasil e de forma jurisprudencial, não é considerado crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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