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Unidade 04 Furto, Estelionato, Apropriação Indébita

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Aula 4 Furto, Estelionato, Apropriação Indébita
A presente aula terá por objeto de estudo a delimitação do bem jurídico-penal patrimônio, a possibilidade de incidência do princípio da insignificância, os critérios norteadores de tipificação da conduta e consequente cominação de sanção penal a partir dos juízos de desvalor da conduta em relação ao desvalor do resultado.
Para tal, serão confrontadas as figuras típicas dos delitos de furto, apropriação indébita, estelionato, receptação mediante o debate de casos concretos e enfrentamento das recentes discussões doutrinário-jurisprudenciais.
Por fim, será possível verificar a possibilidade de incidência das escusas absolutórias aos delitos patrimoniais.
Objetivos
1. Identificação do crime de furto consumado e tentado;
2. Distinção entre furto apropriação indébita e estelionato;
3. Identificação das possibilidades de exclusão do crime.
Notas
Analogia
Processo de integração do sistema normativo, no qual caberá ao intérprete suprir a lacuna legislativa aplicando ao caso concreto, não previsto em lei, norma existente a caso semelhante ao que seria cabível. Apenas é cabível in bonam partem, ou seja, em benefício da parte.
Erro
Falsa percepção da realidade que, no direito penal pode resultar na exclusão da tipicidade ou dolo da conduta, nos casos de erro de tipo escusável ou inescusável e, nos casos de erro de proibição, isenção de pena ou caso de diminuição de pena.
Interpretação Analógica
Processo de interpretação da lei penal com vistas ao conhecimento do conteúdo da norma através de um procedimento de comparação entre o rol de elementos exemplificativos e a formulação genérica descritos pela lei penal de modo a ampliar seu alcance.
Disposições gerais
Conceito de patrimônio para fins penais
Antes de iniciarmos o estudo sobre delitos contra o patrimônio, imperioso delimitarmos o conceito de patrimônio para fins penais. Patrimônio, no âmbito do Direito Penal, abrange apenas os créditos (ou seja, que possa ser apreciado economicamente) e tudo aquilo que tenha valor meramente afetivo, que Rogério Greco (2010, p. 11) chama de valor de troca e valor de uso, respectivamente.
Delito de furto: questões relevantes e controvertidas (Artigo 155 do Código Penal)
Consumação e tentativa
Não obstante a controvérsia doutrinária sobre o momento consumativo do delito de furto, os tribunais superiores firmaram entendimento no sentido da adoção da teoria amotio, segundo a qual “dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto período de tempo, independentemente do deslocamento ou posse mansa e pacífica”. (CUNHA, s. d., p. 123-124).
Decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça 
EMENTA. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. ART. 155 DO CP. FURTO. DESNECESSIDADE DA POSSE TRANQUILA DA RES . CONSUMAÇÃO DO DELITO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA ROUBO. IMPOSSIBILIDADE. VIOLÊNCIA DIRECIONADA PARA A RES. 1. O tipo penal classificado como furto consuma-se no momento, ainda que breve, no qual o agente se torna possuidor da res, não se mostrando necessária a posse. 2. Segundo consta nos autos, o atual agravado, na tentativa de subtrair a res , “acabou empurrando a vítima. A vítima então acabou indo de encontro a um muro e o réu saiu correndo do local na posse da mochila”. 3. Irretocável o acórdão estadual com relação à inexistência, in casu , de suposta ocorrência de roubo, pois, consoante se depreende do voto condutor do decisum , a violência foi dirigida à res , portanto não se configura a modalidade descrita no art. 157 do Código Penal – roubo. 4. Segundo lição do Ministro Moreira Alves, no voto condutor do RE nº 102.490/SP, há quatro teorias que explicam a consumação dos tipos do roubo e do furto. Pela teoria da contrectatio , a consumação se dá com o simples contato entre o agente a coisa alheia. Pela apprehensio ou amotio , a consumação se dá quando a coisa passa para o poder do agente. Na ablatio , a consumação se dá quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar para outro e, finalmente, na illatio , a consumação se dá quando 
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a coisa é transportada ao local desejado pelo agente para tê-la a salvo. 5. O art. 155 do Código Penal traz como verbonúcleo do tipo penal do delito de furto a ação de “subtrair”; pode-se concluir que o direito brasileiro adotou a teoria da apprehensio ou amotio , em que os delitos de roubo ou de furto se consumam quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de a res permanecer sob sua posse. 6. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada. 7. Agravo regimental improvido. (STJ. AgRg no Resp nº 1226382/RS. Relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma. Julgado em: 15/09/2011).
Detectores antifurto
Questão a ser analisada é a utilização, no caso concreto, dos denominados detectores antifurto como causa excludente de tipicidade, em face do reconhecimento do crime impossível ou mera causa de diminuição de pena pela tentativa.
O melhor entendimento é no sentido de que, por serem passíveis de falha, não afastam a tipicidade da conduta, ou seja, por si só, não caracterizam crime impossível, podendo, dependendo das circunstâncias fáticas, ensejarem a caracterização da modalidade tentada.
Decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça 
A Turma, cassando a liminar deferida, denegou a ordem na qual se pretendia o reconhecimento da ocorrência de crime impossível ou absolvição do paciente pela aplicação direta do princípio da insignificância e, subsidiariamente, a alteração do regime inicial de cumprimento da pena. Na espécie, o paciente foi condenado, pelo delito descrito no art. 155, caput , do Código Penal (CP), à pena de três anos e quatro meses de reclusão em regime semiaberto. Inicialmente, ressaltou o Min. Relator a posição firmada neste Superior Tribunal em diversos precedentes de que a presença de sistema eletrônico de vigilância no estabelecimento comercial não se mostra infalível para impedir a consumação dos delitos de furto. Logo, não seria o caso do reconhecimento da figura do crime impossível. Em seguida, destacou que, para a exclusão da tipicidade material pela aplicação do princípio da insignificância, como consabido, seria necessária a apreciação dos seguintes requisitos: a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovação do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. Ponderou, dessa forma, que a suposta inexpressividade da lesão jurídica provocada, configurada pela pequena lesão causada ao patrimônio da vítima, não deve ser utilizada como único parâmetro para aplicação do aludido princípio sob pena de relativizar o direito de propriedade, bem como estimular a prática reiterada de furtos de bens pequeno valor. Considerou, ademais, que o crime tratado nos autos não representa fato isolado na vida do paciente, razão pela qual a sua conduta não deve ser tida como penalmente irrelevante, mas comportamento altamente reprovável a ser combatido pelo Direito Penal. Inclusive, consta dos autos que o paciente, após ter tentado subtrair outros itens por diversas vezes no mesmo estabelecimento comercial, teria sido advertido de que, se houvesse outra tentativa, a Polícia Militar seria acionada. Por fim, diante da ausência de flagrante ilegalidade suportada pelo paciente apta a viabilizar a análise da matéria no mandamus , foi mantido o regime prisional semiaberto. (STJ. HC nº 181.138-MG. Rel. Min. Gilson Dipp. Julgado em: 8/11/2011).
Furto qualificado-privilegiado: admissibilidade
Em algumas situações concretas, pode a conduta do agente adequar-se às figuras privilegiada e qualificada do delito de furto, o que pode ensejar a discussão acerca da compatibilidade de aplicação concomitante da qualificadora e da causa de diminuição de pena.Em uma primeira análise, o juízo de reprovabilidade da qualificadora afastaria a incidência do privilégio. Todavia, devemos analisar a natureza das circunstâncias qualificadoras presentes no caso concreto, sendo, portanto, possível a compatibilidade entre privilégio e qualificadora, desde que esta tenha natureza objetiva, de forma a se fazer o mesmo raciocínio empregado para concluir pela possibilidade de combinação do privilégio com a qualificadora no crime de homicídio.
Em algumas situações concretas, pode a conduta do agente adequar-se às figuras privilegiada e qualificada do delito de furto, o que pode ensejar a discussão acerca da compatibilidade de aplicação concomitante da qualificadora e da causa de diminuição de pena.
Nesse sentido, é a orientação recente do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que não há qualquer incompatibilidade teórica ou legal da incidência do privilégio do § 2º do Artigo 155 do Código Penal às hipóteses de furto qualificado, desde que as qualificadoras sejam de ordem objetiva, e que a pena final não fique restrita à multa. (STF. HC nº 102.490/SP, Primeira Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. Julgado em: 01/06/2010)
Atenção
A Sexta Turma do Superior Tribunal vem reconhecendo a compatibilidade entre o furto qualificado e o privilégio disposto no § 2º do Artigo 155 do Código Penal, conforme a orientação do Supremo Tribunal Federal.
Recentemente, o STJ editou o verbete de Súmula 511 que dispõe sobre a possibilidade do reconhecimento privilégio previsto no § 2º do Artigo 155 do Código Penal nos casos de crime de furto qualificado, desde que estejam presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora venha a ser de ordem objetiva.
Estelionato (Artigo 171 do Código Penal)
Em face do princípio da intervenção mínima e seus corolários, tais como fragmentariedade e adequação social, no caso concreto, a distinção entre ilícito civil e ilícito penal tem se tornado muito tênue na medida em que a própria sociedade se mostra extremamente tolerante com as fraudes praticadas no cotidiano.
Dessa forma, de acordo com a teoria constitucionalista do delito, as pequenas fraudes utilizadas, por exemplo, durante um negócio de compra e venda e que visem à valorização de um produto, não adquirem relevância penal por ausência de tipicidade material.
O delito de estelionato tem como requisito o emprego da fraude para induzir ou manter terceiro em erro, com o fim de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio, sendo este de natureza patrimonial (econômica), e não necessariamente a vantagem indevida.
Atenção
Será caracterizado o induzimento a erro se a fraude for empregada em momento anterior à conduta; caso seja empregada concomitante à conduta, manutenção em erro. Por outro lado, caso o emprego da fraude seja posterior à conduta de obtenção da vantagem ilícita, a conduta não será tipificada como estelionato, mas como apropriação indébita, prevista no Artigo 168 do Código Penal.
Consumação e tentativa,
Por tratar-se de delito material, consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita e produção de prejuízo alheio (PRADO, s. d., p. 437).
Ainda por ser plurissubsistente, a tentativa é possível quando, ainda que tenha induzido a vítima a erro no momento da obtenção da vantagem indevida, é impedido por circunstâncias alheias à sua vontade. (CUNHA, s. d., p. 167).
Questões relevantes 
Torpeza bilateral: a partir da premissa de que o Direito Penal não pode tutelar posturas ilícitas, questiona-se se a conduta da “suposta” vítima no delito de estelionato, ciente da ilicitude de sua postura teria o condão de descaracterizar o delito de estelionato do agente que a tenha mantido em erro com o fim de obter vantagem ilícita. Para fins de esclarecimentos sobre o tema, analisemos a seguinte decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro: 
Direito Penal. Estelionato. TORPEZA BILATERAL. “Acusada que, passando-se por inspetora de polícia, negocia ‘preço’ com possíveis candidatos, prometendo-lhes vaga nos quadros da polícia civil sem que eles tenham que se submeter a concurso público. Ao pagarem o ‘preço’ exigido pela acusada as vítimas, sabiam da absoluta ilicitude de suas pretensões, configurandose, assim, a TORPEZA BILATERAL, que torna impunível a conduta da acusada. E o crime de falsa identidade ‘foi perpetrado para o cometimento do crime-fim, que seria o do a r t. 1 7 1 C P , e , p ela s m e s m a s r a z õ e s a cim a e x p o s t a s , n ã o merece subsistir como delito autônomo’” (TJRJ. Apelação nº 2008.050.07209, Quinta Câmara. Criminal, Rel. Des. Sergio de Souza Verani. Julgado em: 08.10.2009). 
Nesse caso, tanto a vítima quanto o agente que praticou o estelionato agiram conscientes da ilicitude de sua conduta, o que caracteriza a denominada “torpeza bilateral”, que, entretanto, não afasta a incidência da tipificação da conduta de estelionato
A possibilidade de configuração de efeitos permanentes ao delito de estelionato previdenciário
O estelionato classifica-se como delito instantâneo, todavia, doutrina e jurisprudência divergem no que concerne à possibilidade de produção de efeitos permanentes, por exemplo, nos casos de fraude para recebimento de valores de natureza previdenciária, consoante o disposto no Artigo 171, § 3°, do Código Penal, na qual o agente manteria terceiro em erro, com o fim de obter o benefício por um determinado período de tempo.
A referida questão tem relevância para fins de cômputo do prazo prescricional da pretensão punitiva, ou seja, se seriam adotadas as regras afetas aos delitos instantâneos ou aos delitos permanentes. Se considerarmos o delito como instantâneo com efeitos permanentes, aplicaremos o disposto no Artigo 111, I, do Código Penal.
Estelionato previdenciário
Ainda em relação ao estelionato previdenciário, questiona-se, no caso da ocorrência do estelionato do qual advém o recebimento reiterado das parcelas previdenciárias, como, por exemplo, rendas mensais, se haveria a caracterização de crime permanente ou continuidade delitiva.
A questão dá ensejo a dois entendimentos:
Pela caracterização do crime permanente ‒ de modo a considerar que a tempo só ocorre com a cessação da última conduta. (AMARAL, 1999).
Pela caracterização de crime continuado ‒ entendimento predominante na jurisprudência e na doutrina, segundo o qual [...] “cada conduta praticada pelo agente é isolada, com consumação instantânea, não podendo se cogitar de permanência delitiva [...]”. (GOMES, 2001).
Por fim, com relação ao reconhecimento da continuidade delitiva e do termo a quo para a contagem do prazo prescricional, imperioso destacar o disposto no Artigo 119 do Código Penal e no verbete de Súmula nº 146 do Supremo Tribunal Federal.
Clique aqui para conhecer a questão in verbis.
Fraude para recebimento de indenização de seguro e os delitos de perigo comum 
Questão controvertida reside na incidência de conflito aparente de normas ou concurso de crimes entre o delito de estelionato e os delitos de perigo comum, por exemplo, no caso em que o agente, com o fim de obter indenização ou valor de seguro, incendeia sua própria casa. 
Parte da doutrina, como Guilherme de Souza Nucci, sustenta que não há qualquer incompatibilidade entre os delitos, haja vista o fato de tutelarem bens jurídicos distintos, desde que não haja a incidência da causa de aumento do delito de incêndio. (NUCCI, 2009). 
Em sentido oposto, assevera Fernando Capez que o delito de estelionato será absorvido pela figura típica do incêndio, majorado previsto no inciso I, do § 1°, do art. 250, do Código Penal. (CAPEZ, 2010, p. 224). 
Fraude no pagamento por meio de cheque Na aquisição de bens e serviços, vem sendo muito empregada a emissão de cheques pós-datados mediante, portanto, o acordo entre as partes de que o cheque perderá sua característica de ordem de pagamento à vista e passará a ser considerado como “garantia de pagamento”. 
Problema ocorre quando, no momento da apresentação do cheque para a compensação,este é recusado em decorrência de ausência de fundos, logo, o que se questiona é se a emissão deste cheque caracterizaria ilícito civil ou penal. 
Entendimento predominante é no sentido de que somente será caracterizado o ilícito penal, estelionato, nos casos em que o agente dolosamente emitir (colocar em circulação) o cheque sem provisão de fundos. 
Logo, em relação ao cheque pós-datado, como este perde a característica de ordem de pagamento à vista, no caso de seu inadimplemento, restará caracterizado ilícito civil. 
Desta forma, somente será caracterizado o delito de estelionato se o agente o emitir, na condição de ordem de pagamento à vista, ciente, dolosamente, de que não terá provisão de fundos no momento de sua apresentação. Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal já sumulou entendimento, conforme se pode depreender do Verbete de Súmula nº 246 e Verbete de Súmula nº 554. 
A partir da análise da Súmula nº 554 do Supremo Tribunal Federal podemos concluir que, caso o pagamento do cheque seja efetuado antes do recebimento da denúncia, este prejudicará a deflagração da ação penal. 
Cabe salientar que o disposto no Verbete de Súmula nº 554 do Supremo Tribunal Federal somente é aplicável à figura prevista no art. 171, § 2°, do Código Penal, não sendo aplicável às demais figuras típicas de estelionato. 
No que concerne à competência para processo e julgamento ao delito de estelionato perpetrado pela emissão de cheques sem provisão de fundos, conforme dispõe os Verbetes de Súmula nº 244 do STJ e 521 do STF, compete ao foro do local da recusa do pagamento pelo sacado o processo e julgamento do crime de estelionato do art. 171, § 2º, VI.
Apropriação indébita e estelionato
No estelionato, o agente atua dolosamente desde o início, e o dolo é posterior à posse ou à detenção.
Distinção entre os delitos de furto de energia elétrica e estelionato
A figura típica prevista no § 3° do Artigo 155 do Código Penal, por meio da utilização de interpretação analógica, equiparou à coisa móvel qualquer forma de energia que tenha valor econômico, como, por exemplo, a energia elétrica.
Controvérsia
Em face do princípio da intervenção mínima, é caracterização da subtração de sinal de TV em canal fechado como ilícito civil ou penal. Na verdade, a discussão tem por ponto nodal a equiparação do sinal de TV à coisa móvel, consoante o caput do Artigo 155 do Código Penal, ou à energia, § 3° do mesmo dispositivo legal. Alguns doutrinadores, dentre eles Cezar Roberto Bitencourt e Rogério Greco (GRECO, 2012, p. 446), sustentam que o sinal de TV em canal fechado não é forma de energia elétrica, logo, a conduta de furto de sinal de TV em canal fechado seria mero ilícito civil, em face da vedação de analogia in malam partem.
Divergência sobre o tema
Os Tribunais Superiores divergem sobre o assunto. O Supremo Tribunal Federal tem se manifestado pela atipicidade da conduta sob o argumento de que o sinal de TV de canal fechado não caracteriza energia. De forma oposta, o Superior Tribunal de Justiça entende pela tipificação da conduta como incursa no tipo penal do Artigo 155, § 3°, do Código Penal, sob o argumento de que deve ser realizada interpretação de modo a ampliar o disposto no item nº 56 da exposição de motivos da Parte Especial do Código Penal.
Furto mediante fraude e estelionato
No delito de furto mediante fraude, o agente utiliza-se do ardil para distrair o titular da res e há a subtração da coisa no momento em que a vigilância sobre o bem é desviada em face do ardil. No delito de estelionato, a fraude é empregada para obter a entrega voluntária do próprio bem pelo proprietário em decorrência do induzimento a erro, ou seja, o titular da res a entrega, pois sua vontade está viciada.
Para fins de esclarecimentos sobre o tema, analisemos as seguintes narrativas e consectários.
Narrativa 1: agente se veste com uniforme de manobrista de um restaurante e tão logo um dos clientes lhe entrega as chaves do seu carro para que estacione, o agente espera que o cliente entre no restaurante e foge com o veículo. Nesse caso, configura-se o delito de estelionato, previsto no Artigo 171 do Código Penal, haja vista o fato de o veículo ter sido “voluntariamente” entregue pelo dono ao fictício manobrista.
Narrativa 2: agente se veste com uniforme de manobrista de um restaurante e tão logo um dos clientes sai do carro para entregar as chaves para que outro manobrista o estacione, o agente aproveita-se do fato de o cliente estar distraído falando com o manobrista e foge com o veículo. Nesse caso, configura-se o delito de furto mediante fraude, previsto no Artigo 155, § 4°, II, do Código Penal, haja vista o fato de o veículo ter sido “subtraído” no momento em que o dono do veículo diminuiu sua vigilância sobre a res.
Furto e apropriação indébita
Em síntese, de forma a facilitar a visualização da distinção entre os institutos, temos o seguinte quadro:
Aspectos relevantes aplicáveis aos crimes contra o patrimônio cometidos sem violência ou ameaça
Aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes contra o patrimônio
O reconhecimento do princípio da insignificância levaria ao reconhecimento da atipicidade da conduta em face da ausência de tipicidade material.
No que concerne ao delito de furto, em algumas situações, excetuando as figuras qualificadas em face do maior juízo de reprovabilidade da conduta, doutrina e jurisprudência, tem admitido incidência do referido princípio.
Clique aqui e conheça o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre uma possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ao furto de pequeno valor.
Pronuncia o Supremo Tribunal Federal 
Ementa. Habeas Corpus. 2. Furto. Bem de pequeno valor (R$ 29,00). Mínimo grau de lesividade da conduta. 3. Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida. (STF. HC nº 107184/RS, Segunda Turma. Relator: Min. Gilmar Mendes. Julgado em: 18/10/2011). 
Ainda, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou pela inaplicabilidade do princípio da insignificância ao delito de furto qualificado, conforme se depreende de trecho de decisão abaixo transcrito: 
O princípio da insignificância requer, para sua aplicação, que a mínima ofensividade da conduta seja analisada caso a caso, observando o bem subtraído, a condição econômica do sujeito passivo, as circunstâncias e o resultado do crime. No caso, invocou-se tal princípio, pois foram apreendidos como objetos do furto apenas uma colcha de casal e um edredom. A Turma entendeu ser inaplicável esse princípio porque os agentes em concurso, ao ingressar na residência da vítima, romperam obstáculos durante o repouso noturno, motivos que indicam o alto grau de reprovabilidade da conduta. Além disso, outros objetos, não recuperados, também foram furtados. (STJ. HC nº 179.572-SP. Rel. Min. Gilson Dipp. Julgado em: 15/3/2012)
Furto de uso, furto, apropriação indébita e estelionato – forma privilegiada
Para que se configure o denominado furto de uso, ilícito civil, necessário o cumprimento dos seguintes requisitos: que o bem seja infungível, ausência de especial fim de agir de assenhoramento definitivo para si ou para outrem, e restituição imediata e integral ao sujeito passivo.
Furto, apropriação indébita e estelionato – forma privilegiada
Para que seja caracterizado o denominado furto privilegiado e consequente aplicação da causa de diminuição de pena prevista no Artigo 155, § 2º, do Código Penal, necessário, no caso concreto, o reconhecimento da primariedade do agente e o “pequeno valor” da coisa furtada.
Questão controvertida reside na delimitação da expressão “pequeno valor”, elemento normativo do tipo penal e, portanto, juízo de valor fluido. Fernando Capez, em consonância com os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais dominantes, afirma que o furto “é mínimo quando a coisa subtraída não alcança o valor correspondente a um salário mínimo vigente à época do fato”. (CAPEZ, 2010, p. 442).Clique aqui e conheça a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça.
Decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça 
EMENTA. HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO QUALIFICADO PELO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. APLICAÇÃO DO PRIVILÉGIO DO ART. 155, § 2º, DO CP. INVIABILIDADE. BENS FURTADOS QUE NÃO SE CONFIGURAM DE PEQUENO VALOR. 1. A atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – à semelhança do que ocorre no crime de homicídio – passou a entender que as qualificadoras, em especial as de natureza objetiva, não são incompatíveis com a figura privilegiada do delito de furto. 2. A partir dessa nova orientação, esta Corte Superior passou, também, a admitir a figura do furto qualificado-privilegiado, desde que haja compatibilidade entre as qualificadoras e o privilégio. Precedentes da Quinta e Sexta Turmas. 3. No caso, entretanto, segundo consta do acórdão recorrido, cometido o delito em 17/2/2004, foram os bens furtados avaliados em R$ 299,73 (duzentos e noventa e nove reais e setenta e três centavos), mais, inclusive, do que o salário mínimo vigente à época (R$ 240,00 – duzentos e quarenta reais), não podendo ser considerados, portanto, de pequeno valor, para fins de incidência do privilégio. 4. Ordem denegada. (STJ, HC 147091/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 17/10/2011). 
Por questões de política criminal, o legislador ampliou a figura privilegiada do delito de furto prevista no § 2°, do art. 155 ao delito de apropriação indébita, consoante expressa previsão legal – art. 170 do Código Penal.
Aplica-se ao estelionato, o privilégio previsto para os delitos de furto e apropriação indébita nos casos em que o agente é primário e de bons antecedentes, com a distinção de se levar em consideração o prejuízo como sendo de pequeno valor (art. 171, §1°, do Código Penal).
Escusas absolutórias
Por critérios de política criminal, o legislador estabeleceu a possibilidade de incidência de imunidades, de caráter pessoal, e de incomunicáveis, no caso de concurso de pessoas, a serem aplicadas aos delitos contra o patrimônio, desde que os referidos crimes não fossem praticados com violência ou grave ameaça à pessoa. Tais imunidades dividem-se em absolutas ou relativas, conforme representem condições negativas pessoais de punibilidade ou condições de procedibilidade da ação penal, respectivamente.
O Artigo 181 do Código Penal descreve as situações fáticas nas quais incidirão as imunidades absolutas, também denominadas escusas absolutórias.
Segundo Garcia Martin (2010, p. 653), “as causas de extinção da punibilidade implicam renúncia, pelo Estado, do exercício do direito de punir, seja pela não imposição de pena, seja pela não execução ou interrupção do cumprimento daquela já aplicada”.
Fernando Capez (2010, p. 586) sintetiza que causas de extinção de punibilidade “são aquelas que extinguem o direito de punir do Estado”.
 II) As denominadas imunidades relativas, nas quais a ação penal torna-se condicionada à representação do ofendido, encontram-se previstas no Artigo 182 do Código Penal.
Por fim, em relação às imunidades absolutas ou relativas, importante salientar que a lei expressamente veda sua aplicação aos delitos praticados com violência ou grave ameaça à pessoa e, consoante interpretação analógica, quando o crime é praticado mediante qualquer outra forma de redução da capacidade de resistência.
Também não se aplicam aos casos em que o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, bem como apresentam caráter intuitu personae (Artigo do Código Penal).
Atividade proposta
Júlio, prestador de serviços da empresa KZZ de materiais de construção, aproveita-se do livre acesso que tem às dependências da empresa, bem como da confiança que detém do gerente financeiro, e apodera-se de dois cheques assinados em branco (para fins da realização de serviços externos da empresa). Tempos depois, os preenche e deposita em sua conta corrente com o intuito de obter vantagem. Ante o exposto, avalie a conduta de Júlio sob o aspecto jurídico-penal.
Chave de resposta: No caso em exame, o dolo do agente, desde o momento em que se apoderou dos cheques, era desviá-lo para sua conta-corrente, o que caracteriza o delito de estelionato.
Dessa forma, consoante o disposto no Verbete de Súmula nº 17 do Superior Tribunal de Justiça, o delito de falsificação do cheque, não obstante sua natureza de documento público, enquanto endossável, restará absorvido pelo delito de estelionato em face da caracterização de delito progressivo.
Síntese
Nesta aula:
Foi apresentado o conceito de patrimônio para fins penais;
Foram identificadas e avaliadas as principais controvérsias sobre os delitos de furto, apropriação indébita e estelionato.
Beto, batedor de carteira profissional, prometeu à sua namorada, Belízia, que lhe daria uma jaqueta de couro de presente de aniversário. Não tendo dinheiro para comprar a referida jaqueta, decide “arranjar uma seminova”. Aproveitou-se de um dia de domingo frio e chuvoso e saiu à procura de um casaco “esquecido dentro de qualquer carro” e escolheu, para tanto, um local turístico: o estacionamento da feira de artesanato de Caruaru (PE). Em algumas horas, Beto encontrou um veículo Fox com uma jaqueta no banco de trás do carro. Decidido a subtrair a jaqueta, Beto quebra o vidro do carro com uma pedra e sai correndo levando a res furtiva. Ante o exposto, Beto deverá responder pelo crime de furto:
Qualificado pela destreza
Simples
Qualificado pelo rompimento de obstáculo
Privilegiado
De pequeno valor
Artigo 155, § 4º. O vidro do carro não integra o bem subtraído, que foi a jaqueta. Nesse caso, incide ao crime a qualificadora do rompimento de obstáculo.
2
(Escrivão da Polícia Civil – SP – 2014) Qualifica o crime de furto, nos termos do Artigo 155, § 4º, do Código Penal, ser o fato praticado:
Em local ermo ou de difícil acesso
Contra ascendente ou descendente
Durante o repouso noturno
Com abuso de confiança
Mediante emprego de arma de fogo
Artigo 155, § 4º, II.
3
O crime de dano (Código Penal, Artigo 163), norma menos grave, funciona como elemento do crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (Código Penal, Artigo 155, § 4º, inciso I). Nessa hipótese, o crime de dano é excluído pela norma mais grave em função do princípio da:
Especialidade
Consunção
Subsidiariedade tácita ou implícita
Subsidiariedade expressa ou explícita
O crime fim absorve o crime meio.
4
(Delegado de Polícia – BA – 2013) Considere que João, por vários meses, tenha captado sinal de televisão a cabo por meio de ligação clandestina e que, em razão desta ligação, considerável valor econômico tenha deixado de ser transferido à prestadora do serviço. Nessa situação hipotética, considerando-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça a respeito da matéria, João praticou o crime de furto de energia.
Certo
Errado
Artigo 143 do Código Penal.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CAPTAÇÃO IRREGULAR DE SINAL DE TELEVISÃO A CABO. ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA. NECESSIDADE DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA.
EQUIPARAÇÃO À ENERGIA ELÉTRICA. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. Não há na impetração a cópia da denúncia ofertada contra os recorrentes, documentação indispensável para análise da alegada atipicidade da conduta que lhes foi atribuída.
2. O rito do habeas corpus pressupõe prova pré-constituída do direito alegado, devendo a parte demonstrar, de maneira inequívoca, por meio de documentos que evidenciem a pretensão aduzida, a existência do aventado constrangimento ilegal suportado pelo paciente.
3. Assim não fosse, tomando-se por base apenas os fatos relatados na inicial do mandamus impetrado na origem e no aresto objurgado, não se constata qualquer ilegalidade passível de ser remediada por este sodalício, pois o sinal de TV a cabo podeser equiparado à energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, § 3º, do Código Penal. Doutrina. Precedentes.
4. Recurso improvido.
(RHC nº 30.847/RJ. Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma. Julgado em: 20/08/2013; DJe 04/09/2013).
5
(DPE – GO – Defensor Público – 2010) Raskolnikov subtraiu seis vales-transportes (R$13,50) para si, mediante grave ameaça exercida com arma de brinquedo. Penalmente, a conduta de Raskolnikov configura: 
Crime de roubo
Fato típico não punível pelo princípio da insignificância
Fato atípico pelo princípio da proporcionalidade penal
Crime de estelionato
Crime de furto mediante fraude
A arma, ainda que de brinquedo, caracteriza a grave ameaça, elementar do crime de roubo, não sendo possível afastar a tipicidade pela incidência do princípio da insignificância.
6
Adalberto, responsável pelo almoxarifado da matriz de uma rede de lojas de eletrodomésticos e de toda a sua distribuição e entrega para as filiais da rede, decide aproveitar-se deste fato para presentear sua filha, Belízia, com uma TV de plasma. Para tanto, em determinado dia, sob o pretexto de realizar a troca do mostruário de uma das filiais, retira, sem a necessidade de autorização de qualquer funcionário da empresa, a referida TV e a leva diretamente à casa de sua filha, como presente de aniversário. Ante o exposto, Adalberto deverá responder pelo crime de:
Furto qualificado pela destreza
Furto simples
Estelionato
Apropriação indébita
Furto qualificado pelo abuso de confiança
O funcionário valeu-se da fraude para apropriar-se daquilo que já se encontrava em seu poder, em virtude de seu cargo, para presentear sua filha.
7
Vestido com a roupa de carteiro pertencente a terceiro, Joaquim, com ânimo de assenhoramento, toca a campainha da casa de Maria a pretexto de lhe entregar encomenda e solicita sua carteira de identidade. Aproveitando-se do momento em que Maria vai buscar o documento pedido, Joaquim entra na sala e retira a carteira com dinheiro que estava em cima da mesa. Indique o crime perpetrado por Joaquim:
Furto qualificado
Apropriação indébita qualificada
Estelionato
Apropriação indébita
Furto simples
Ele não era funcionário da empresa. O agente se valeu da fraude para praticar a subtração de bens da vítima.
8
(BACEN – PROCURADOR – 2009) Roberto, com 23 anos de idade, subtraiu um aparelho celular, avaliado economicamente em R$900,00, pertencente ao seu pai, Alberto, de 63 anos de idade. Em seguida, vendeu-o por R$200,00 para Felipe, o qual sabia que o aparelho não custava tão barato.
Considerando a situação hipotética acima descrita, assinale a opção correta referente aos crimes contra o patrimônio.
Roberto é isento de pena, por ter praticado o crime contra ascendente, ocorrendo, assim, uma escusa absolutória legalmente prevista.
Felipe praticou crime de receptação culposa, mas será isento de pena em face da extensão da escusa absolutória aplicável a Roberto.
Roberto praticou, em tese, crime de furto, e Felipe, receptação culposa, porque, pela desproporção entre o valor e o preço do aparelho celular, deveria presumir ter sido obtido por meio criminoso.
Se Felipe revender o aparelho celular para Frederico, este não responderá por crime algum, pois não se pune a receptação de coisa já receptada.
Roberto não responderá por crime algum, em face da aplicação do princípio da insignificância, já consolidado na jurisprudência dos tribunais superiores como aplicável aos bens avaliados em até R$1.000,00.
RECURSO ESPECIAL. FURTO SIMPLES. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. VALOR ELEVADO DA RES FURTIVA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Princípio da insignificância. Requisitos: a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 2. O delito em apreço não se ajusta ao conceito de crime de bagatela, porquanto o valor de R$ 180,00 (cento e oitenta reais), referente aos fios subtraídos da casa da vítima, não se revela ínfimo, pois correspondia a quase 70% (setenta por cento) do valor do salário mínimo nacional, isto é, R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), à época do crime. Logo, ausente os requisitos para a incidência do princípio da insignificância, a saber: inexpressividade da lesão jurídica provocada e mínima ofensividade da conduta do agente. (REsp nº 1269500/RS).
9
(MPE- AM – Promotor de Justiça – 2007) Lizandro e Célio, este com 16 anos de idade e aquele plenamente imputável, em comunhão de desígnios e divisão de tarefas, subtraíram, para ambos, um telefone celular usado, avaliado posteriormente pelo valor de R$150,00, de propriedade de Magda. Rivaldo, que viu toda a cena, sem perder de vista os agentes, chamou um policial que passava pelas redondezas, o qual, após breve perseguição, encaminhou os envolvidos à delegacia, onde o bem foi restituído à vítima. Tendo como referência a situação hipotética acima descrita, assinale a opção correta.
Não há que se falar em prática de crime de corrupção de menores, se Célio já tiver praticado anteriormente outro ato infracional.
De acordo com o entendimento mais recente dos tribunais superiores, o crime de furto não se consumou. 
Na esteira do entendimento do STJ, Lizandro poderá ser beneficiado pela aplicação do princípio da insignificância, pois o valor da res é inferior a um salário mínimo.
Lizandro não poderia ter sido preso em flagrante.
Não poderá Lizandro ser beneficiado com a causa de redução de pena relativa ao arrependimento posterior.
A restituição do bem não foi feita pela autor do fato (Artigo 16 do Código Penal).
10
(TJ-MA – Juiz – 2013) Ana recebeu de Bete um cheque em pagamento de uma dívida de dez mil reais e, ato contínuo, inseriu o algarismo “1” antes do valor numérico preenchido no documento e as palavras “cento e” antes da palavra “dez”, alterando o valor do cheque para cento e dez mil reais. Na sequência, transferiu o cheque, por endosso, à Camila, de quem recebeu a quantia de cem mil reais. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com posicionamento sumulado do STJ.
Caso o cheque seja compensado e seja descoberta a fraude, Camila deverá responder por uso de documento falso em concurso com estelionato.
Ana deve responder pelo falso material, ainda que tenha recebido o cheque com a assinatura do emitente falsificada.
Ana deve responder apenas pelo crime de estelionato.
Ana deve responder, cumulativamente, por falsificação de documento e estelionato.
Súmula 17 do STJ.
11
(MPE-SE – Analista de direito) Em se tratando do crime de furto mediante fraude, a vítima, ludibriada, entrega, voluntariamente, a coisa ao agente. No crime de estelionato, a fraude é apenas uma forma de reduzir a vigilância exercida pela vítima sobre a coisa, de forma a permitir a sua retirada.
Verdadeiro
Falso
Os conceitos estão trocados. No furto, há a subtração; no estelionato, há a entrega da coisa.
12
(Delegado de Polícia – BA – 2013)
Considere que Marcos, penalmente imputável, subtraia de seu genitor de sessenta e oito anos de idade um relógio de alto valor. Nessa situação, o autor não pode beneficiar-se da escusa penal absolutória, em razão da idade da vítima.
Verdadeiro
Falso
Artigo 183, III, do Código Penal.
13
(TJ-CE – JUIZ – 2013) Assinale a opção correta acerca do delito de estelionato.
É inadmissível a aplicabilidade do princípio da insignificância ao estelionato, pois, diferentemente do que ocorre no delito de furto, ao qual se aplica tal princípio quando se evidencia que o bem jurídico tutelado sofre mínima lesão, e a conduta do agente expressa pequena reprovabilidade e irrelevante periculosidade social, a culpabilidade no crime de estelionato sempre será mais reprovável.
Configura estelionato, na modalidadeemissão de cheque sem suficiente provisão de fundos, a conduta de emissão de cheque dado como garantia de dívida.
Na modalidade disposição de coisa alheia como própria, exige-se a demonstração da obtenção, para si ou para outrem, da vantagem ilícita, do prejuízo alheio, do artifício, do ardil ou do meio fraudulento empregado com a venda, a permuta, a dação em pagamento, a locação ou a entrega, em garantia, da coisa de que não se tem a propriedade.
Nesse crime, extingue-se a punibilidade diante da reparação do dano, desde que antes do recebimento da denúncia.
Segundo pacífica jurisprudência do STJ, o delito de estelionato previdenciário tem natureza de crime permanente, de modo que a sua consumação se protrai no tempo, exceto se praticado pelo próprio beneficiário, o que configura crime instantâneo de efeitos permanentes, consumando-se com o recebimento da primeira prestação do benefício indevido, marco que deve ser considerado para a contagem do lapso da prescrição da pretensão punitiva.
RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO NA MODALIDADE DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA (ARTIGO 171, § 2º, I, DO CPB). ACORDO FEITO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PREVISÃO DE ENTREGA DE BENS IMÓVEIS AO MUNICÍPIO EM TROCA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO EM LOTEAMENTO. IMÓVEIS ANTERIORMENTE DESAPROPRIADOS E JÁ PERTENCENTES AO MUNICÍPIO. ABSOLVIÇÃO EM PRIMEIRO GRAU. CONDENAÇÃO LAVRADA PELO TRIBUNAL A QUO. INVIABILIDADE DO RESP. POR OFENSA A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO STF. APLICAÇÃO DA PENA. INEXISTÊNCIA DE DESCUMPRIMENTO DO SISTEMA TRIFÁSICO. REPRIMENDA DEFINITIVA FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. JUSTIFICATIVA ADEQUADA. AUSÊNCIA DE ATENUANTES, AGRAVANTES, CAUSAS DE DIMINUIÇÃO OU DE AUMENTO DE PENA. PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO PARCIAL CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM PARTE, E, NESSA EXTENSÃO, DESPROVIDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO DE OFÍCIO. ATIPICIDADE DO FATO. FRAUDE NÃO DEMONSTRADA. VANTAGEM ILÍCITA E PREJUÍZO INOCORRENTES. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO, PARA RESTABELECER A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA.
EXTENSÃO A CO-RÉU EM IDÊNTICA POSIÇÃO. [...]
3. Para que se tipifique o estelionato, na modalidade disposição de coisa alheia como própria (Artigo 171, § 2º, I, do CPB), exige-se a demonstração da obtenção, para si ou para outrem, da vantagem ilícita, do prejuízo alheio, do artifício, do ardil ou do meio fraudulento empregado com a venda, a permuta, a dação em pagamento, a locação ou a entrega, em garantia, da coisa de que não se tem a propriedade.
(REsp nº 1094325/SP. Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma. Julgado em: 14/04/2009; DJe 04/05/2009).
14
(TJ-PA-Juiz 2012) Assinale a opção correta acerca dos delitos de estelionato e receptação. 
Folhas de cheque e cartões bancários não podem ser objeto material do crime de receptação, uma vez que são desprovidos de valor econômico.
O preceito secundário do delito de receptação qualificada foi declarado inconstitucional pelo STF, por violação aos princípios constitucionais da proporcionalidade e da individualização da pena.
Para o reconhecimento do estelionato privilegiado, considera-se apenas o pequeno valor da coisa, e não o prejuízo sofrido pela vítima. 
O delito de estelionato previdenciário, segundo a pacífica jurisprudência do STJ, tem natureza de crime permanente, cujos efeitos se prolongam.
Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de estelionato, ainda que cometido em detrimento de entidade de direito público.
Informativo nº 485 do STJ: FOLHAS DE CHEQUE E OBJETO MATERIAL DO CRIME.
A Turma, ao reconhecer a atipicidade da conduta praticada pelo paciente, concedeu a ordem para absolvê-lo do crime de receptação qualificada de folhas de cheque. Reafirmou-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o talonário de cheque não possui valor econômico intrínseco, logo não pode ser objeto material do crime de receptação. (HC nº 154.336-DF. Rel. Min. Laurita Vaz; julgado em 20/10/2011).
15
(TJ-CE – JUIZ – 2013) O crime de roubo praticado por descendente contra ascendente, com 50 anos de idade, comporta a escusa absolutória.
Verdadeiro
Falso

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