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curso 13894 aula 03 v1 estrategia 2017 2018 penal policia civil

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Aula 03
Direito Penal p/ Polícia Civil-GO (Agente) - Com videoaulas
Professor: Renan Araujo
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AULA 03: CRIME: ELEMENTOS (PARTE II): 
CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE). ERRO. EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE. 
SUMÁRIO 
1. CULPABILIDADE .......................................................................................... 3 
1.1. Conceito ................................................................................................... 3 
1.2. Teorias ..................................................................................................... 3 
1.2.1. Teoria psicológica ..................................................................................... 3 
1.2.2. Teoria normativa ou psicológico-normativa .................................................. 3 
1.2.3. Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura) ..................................... 4 
1.2.4. Teoria limitada da culpabilidade .................................................................. 4 
1.3. Elementos ................................................................................................ 5 
1.3.1. Imputabilidade penal ................................................................................ 5 
1.3.1.1. Menor de 18 anos .................................................................................. 7 
1.3.1.2. Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado ............. 7 
1.3.1.3. Embriaguez .......................................................................................... 8 
1.3.2. Potencial consciência da ilicitude ................................................................ 9 
1.3.3. Exigibilidade de conduta diversa ................................................................. 9 
2. ERRO ......................................................................................................... 10 
2.1. Erro de tipo essencial ............................................................................. 10 
2.2. Erro de tipo acidental ............................................................................. 13 
2.2.1. Erro sobre a pessoa (error in persona) ...................................................... 13 
2.2.2. Erro sobre o nexo causal ......................................................................... 14 
2.2.2.1. Erro sobre o nexo causal em sentido estrito ............................................ 14 
2.2.2.2. Dolo geral ou aberratio causae .............................................................. 14 
2.2.3. Erro na execução (aberratio ictus) ............................................................ 15 
2.2.3.1. Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus de resultado único)
15 
2.2.3.2. Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado 
duplo) 15 
2.2.4. Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou 
aberratio criminis) .............................................................................................. 16 
2.2.4.1. Com unidade simples ........................................................................... 16 
2.2.4.2. Com unidade complexa ........................................................................ 16 
2.2.5. Erro sobre o objeto (error in objecto) ........................................................ 17 
2.3. Erro determinado por terceiro ................................................................ 17 
01406544108
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2.4. Erro de proibição .................................................................................... 17 
3. PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO .............................................................. 21 
3.1. Introdução ............................................................................................. 21 
3.2. Causas de extinção da punibilidade diversas da prescrição .................... 21 
3.3. Prescrição .............................................................................................. 24 
3.3.1. Prescrição da pretensão punitiva .............................................................. 25 
3.3.2. Prescrição da pretensão executória ........................................................... 30 
3.3.3. Disposições importantes sobre a prescrição ................................................ 32 
4. RESUMO .................................................................................................... 33 
5. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 41 
6. EXERCÍCIOS COMENTADOS ....................................................................... 58 
7. GABARITO ................................................................................................. 94 
Olá, meus amigos! 
Na última aula nós iniciamos o estudo do crime, seu conceito e 
elementos, estudando os dois primeiros deles: o fato típico e a 
ilicitude. Hoje, vamos finalizar o estudo dos elementos do Crime, 
analisando a culpabilidade e o fenômeno do Erro no Direito Penal. 
Veremos, ainda, as formas de extinção da punibilidade. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
01406544108
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1.!CULPABILIDADE 
1.1.! Conceito 
A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca 
da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias 
pessoais.1 
Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato 
típico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de 
estudo não é o fato, mas o agente. Daí alguns doutrinadores 
entenderem que a culpabilidade não integra o crime (por não estar 
relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos 
trabalhá-la como elemento do crime. 
1.2.! Teorias 
Três teorias existem acerca da culpabilidade: 
1.2.1.! Teoria psicológica 
Para essa teoria a culpabilidade era analisada sob o prisma da 
imputabilidade e da vontade (dolo e culpa). Esta teoria entende que o 
agente seria culpável se era imputável no momento do crime e se 
havia agido com dolo ou culpa. Vejam que essa teoria só pode ser 
utilizada por quem adota a teoria causalista (naturalística) da conduta (pois 
o dolo e culpa estão na culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista
(nosso Código penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossível, pois
a teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no fato
típico.
1.2.2.! Teoria normativa ou psicológico-normativa 
Possui os mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a 
exigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o 
Direito” e a consciência da ilicitude (que não está inserida dentro do dolo, 
na qualidade de elemento normativo). Para essa teoria, mais evoluída, 
ainda que o agente fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só 
seria culpável se no caso concreto lhe pudesse ser exigido um outro 
comportamento que não o comportamento criminoso. Trata-se, portanto, 
da inclusão de elementos normativos à culpabilidade, que deixa de 
ser a mera relação subjetiva do agente com o fato (dolo ou culpa). A 
culpabilidade seria, portanto, a conjugação do elementosubjetivo (dolo ou 
culpa) e do juízo de reprovação sobre o agente.∗ 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1 BITENCOURT, Op. cit., p. 451/452 
2 BITENCOURT, Op. cit., p. 447 
01406544108
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1.2.3.! Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura) 
Essa já muda de ares. Já não mais considera o dolo e culpa como 
elementos da culpabilidade, mas do fato típico (seguindo a teoria 
finalista da conduta). Para esta teoria, os elementos da culpabilidade são: 
a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) inexigibilidade
de conduta diversa. A potencial consciência da ilicitude seria a análise
concreta acerca das possibilidades que o agente tinha de conhecer o caráter
ilícito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses elementos mais à
frente.
Além disso, o dolo e a culpa passam a integrar o fato típico, como dito 
anteriormente. Porém, o dolo que vai para o fato típico é o chamado “dolo 
natural”, ou seja, a mera vontade e consciência de praticar a conduta. O 
dolo “normativo” (consciência POTENCIAL da ilicitude) permanece na 
culpabilidade. 
1.2.4.! Teoria limitada da culpabilidade 
Para a maior parte da Doutrina, a teoria normativa pura se divide em: 
•! Teoria extremada 
•! Teoria limitada 
Mas o que dizem estas teorias? Basicamente, a mesma coisa. A 
grande diferença entre elas reside no tratamento dispensado ao erro 
sobre as causas de justificação (ou de exclusão da antijuridicidade), 
também conhecidas como descriminantes putativas. 
A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobrea uma 
causa de justificação seria equiparado ao erro de proibição. 
A teoria limitada, por sua vez, divide o erro sobre as causas de 
justificação (descriminantes putativas) em: 
•! Erro sobre pressuposto fático da causa de justificação (ou erro 
de fato) – Neste caso, aplicam-se as mesmas regras previstas para o 
erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de ERRO DE TIPO 
PERMISSIVO).3 
•! Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de 
justificação (erro sobre a ilicitude da conduta) – Neste caso, tal 
teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras previstas 
para o erro de PROIBIÇÃO, por se assemelhar à conduta daquele que 
age consciência da ilicitude. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
3 BITENCOURT, Op. cit., p. 508 
01406544108
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Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a teoria limitada 
dizem a mesma coisa, divergindo apenas no que toca ao tratamento que 
deve ser dispensado às descriminantes putativas. 
Vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao final, 
estudaremos com mais detalhes o tratamento conferido ao ERRO. 
1.3.! Elementos 
1.3.1.! Imputabilidade penal 
O Código Penal não define o que seria imputabilidade penal, apenas 
descreve as hipóteses em que ela não está presente. 
A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade 
mental de entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se conforme 
o Direito.
Existem três sistemas acerca da imputabilidade: 
!! Biológico – Basta a existência de uma doença mental ou
determinada idade para que o agente seja inimputável. É
adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos. Trata-
se de critério meramente biológico: Se o agente tem menos de
18 anos, é inimputável.
!! Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na
análise do caso concreto.
!! Biopsicológico – Deve haver uma doença mental (critério
biológico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso
concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter
ilícito da conduta e de se comportar conforme o Direito (critério
TEORIAS DA 
CULPABILIDADE
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TEORIA 
NORMATIVA 
PURA
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TEORIA 
LIMITADA
ADOTADA 
PELO CP
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psicológico). Essa foi a teoria adotada como REGRA pelo 
nosso Código Penal.4 
CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do momento 
em que ocorreu o fato criminoso. Assim, se A (menor com 17 anos e 11 
meses de idade) atira contra B, que fica em coma e só vem a falecer 
quando A já tinha mais de 18 anos, A será considerado INIMPUTÁVEL, 
pois no momento do crime (momento da ação ou omissão, art. 4º do CP), 
era menor de 18 anos (critério puramente biológico, adotado como 
EXCEÇÃO no CP). 
Imaginem, agora, que Marcelo, com 17 anos, sequestra Juliana. O 
sequestro dura 06 meses e, ao final, Marcelo já contava com 18 anos. 
Neste caso, Marcelo será considerado IMPUTÁVEL, pois no momento do 
crime Marcelo era imputável (ainda que não fosse imputável no começo, 
a partir de um dado momento passou a ser imputável, respondendo pelo 
delito). 
As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28 do 
CP: 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Menores de dezoito anos 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação 
especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4 BITENCOURT, Op. cit., p. 474. 
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determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía,
ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Percebam que os critérios biológicos (circunstâncias que 
presumidamente retiram a capacidadede discernimento) estão 
grifados em preto, e os critérios psicológicos (análise efetiva da 
ausência de discernimento quanto à ilicitude do fato ou 
possibilidade de agir conforme o Direito) estão grifados em 
vermelho. 
Para facilitar, ainda, o estudo de vocês, grifei em azul as hipóteses de 
semi-imputabilidade. 
Vamos explicar as hipóteses de inimputabilidade: 
1.3.1.1.! Menor de 18 anos 
Esse é um critério meramente biológico e taxativo: Se o agente é 
menor de 18 anos, responde perante o ECA não se aplicando a ele o CP, 
nos termos do art. 27 do CP. 
1.3.1.2.! Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado 
No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se era 
parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será inimputável, ou seja, 
isento de pena. No segundo caso, será semi-imputável, e será aplicada 
pena, porém, reduzida de um a dois terços. 
Lembrando que o art. 26 do CP exige, para fins de inimputabilidade 
por este motivo: 
•! Que o agente possua a doença (critério biológico) 
•! Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato OU inteiramente incapaz de 
determinar-se conforme este entendimento (critério 
psicológico) 
Por isso se diz que este é um critério BIOPSICOLÓGICO (pois 
mescla os dois critérios). 
Além dos doentes mentais, nesse grupo encontram-se ainda os 
silvícolas (índios), que podem ser: imputáveis (caso integrados à 
sociedade), semi-imputáveis (caso parcialmente integrados à sociedade), 
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ou inimputáveis (caso não tenham se integrado de maneira nenhuma à 
sociedade, ou muito pouco). 
Nos dois casos acima, se o agente for inimputável, exclui-se a 
culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputável, será 
considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será 
reduzida de um a dois terços. 
No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não 
há processo penal, respondendo perante o ECA. No caso de ser inimputável 
em razão de doença mental ou desenvolvimento incompleto, será isento de 
pena (absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de segurança (internação 
ou tratamento ambulatorial). Isso é o que se chama de sentença 
absolutória imprópria (Pois, apesar de conter uma absolvição, 
contém uma espécie de sanção penal). 
No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento de 
pena! Será condenado a uma pena, que será reduzida. Entretanto, a lei 
permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de liberdade 
por uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). 
1.3.1.3.! Embriaguez 
Segundo o CP, a embriaguez não é uma hipótese de 
inimputabilidade, salvo se decorrente de caso fortuito ou força 
maior (E mesmo assim, deve ser completa e retirar totalmente a 
capacidade de discernimento do agente). 
EXEMPLO: Imaginem que Luciana é embriagada por Carlos (que coloca 
álcool em seus drinks). Sem saber, Luciana ingere as bebidas alcoólicas 
e comete crime. Nesse caso, Poliana poderá ser inimputável ou semi-
imputável, a depender de seu nível de discernimento quando da prática 
da conduta. 
Vejamos o seguinte esquema: 
Embriaguez: 
Voluntária 
Culposa 
Acidental (caso fortuito ou força maior) 
Importante destacar que o CP exige que EM RAZÃO da embriaguez 
decorrente de caso fortuito ou força maior o agente esteja 
Não excluem a 
imputabilidade 
COMPLETA – agente 
é inimputável 
PARCIAL – agente é 
semi-imputável 
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INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se conforme este entendimento. 
Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, não será possível 
aplicação de medida de segurança, pois essa visa ao tratamento do 
agente considerado doente, e que oferece risco à sociedade. No caso 
da embriaguez acidental, o agente é sadio, tendo ingerido álcool por caso 
fortuito ou força maior. 
1.3.2.! Potencial consciência da ilicitude 
A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade (daí o termo 
“potencial”) de o agente, de acordo com suas características, conhecer o 
caráter ilícito do fato5. Não se trata do parâmetro do homem médio, mas 
de uma análise da pessoa do agente. Assim, aquele que é formado em 
Direito, em tese, tem maior potencial consciência da ilicitude que 
aquele que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca 
instrução. É claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, 
de crime para crime, pois alguns são do conhecimento geral (homicídio, 
roubo), e outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo). 
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é penalmente 
ilícita, comete erro de proibição (art. 21 do CP). 
1.3.3.! Exigibilidade de conduta diversa 
Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial 
conhecimento da ilicitude do fato, é necessário, ainda, que o agente 
pudesse agir de outro modo. 
EXEMPLO: imagine a situação de uma mãe que vê seu filho clamar por 
comida e, diante disso, rouba um cesto de pães. Nesse caso, a mãe era 
maior de idade, sabia que a conduta era ilícita, mas não se podia exigir 
que, naquelas circunstâncias, agisse de outro modo. Dessa forma, nesse 
caso, sua culpabilidade estaria excluída (isso sem comentar o princípio 
da bagatela, que excluiria a própria tipicidade, por ausência de lesão 
tutelável. Mas isso dependeria da análise de outros fatores do caso 
concreto). 
Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de exclusão 
da culpabilidade: 
!! Coação MORAL irresistível – Ocorre quando uma pessoa
coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de
lhe fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na
cabeça de Poliana e diz que se ela não atirar em Romeu, matará
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
5 BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressión. 
Bogotá, 1996, p. 153 
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seu filho, que está sequestrado por seus comparsas. Nesse caso, 
não se pode exigir de Poliana que deixe de atirar em Romeu, 
pois está sob ameaça de um mal gravíssimo (morte do filho). 
!! Obediência hierárquica – É o ato cometido por alguém em
cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior
hierárquico. Cuidado! A ordem não pode ser
MANIFESTAMENTE ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem
sabe que está cometendo uma ordem ilegal, responde pelo crime
juntamente com aquele que deu a ordem. Se a ordem não é
manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu estará
acobertado pela excludente de culpabilidade da inexigibilidade
de conduta diversa.
CUIDADO! Nesse caso, só se aplica aos funcionários públicos, não 
aos particulares! 
Com relação à coação mora irresistível, vocês podem perceber que eu 
coloquei a expressão “MORAL” em caixa alta. Foi para deixar BEM CLARO 
que somente a coação MORAL irresistível é que exclui a 
culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa). 
A coação FÍSICA irresistível NÃO EXCLUI A CULPABILIDADE. A 
coação FÍSICA irresistível EXCLUI O FATO TÍPICO, poiso fato não 
será típico por ausência de CONDUTA, já que não há vontade. 
2.!ERRO 
2.1.! Erro de tipo essencial 
Sabemos que o crime, em seu conceito analítico, é formado 
basicamente por três elementos: fato típico (para alguns, tipicidade, mas a 
nomenclatura aqui é irrelevante), ilicitude e culpabilidade. 
Quando o agente comete um fato que se amolda perfeitamente à 
conduta descrita no tipo penal (direta ou indiretamente), temos um fato 
típico e, como disse, estará presente, portanto, a tipicidade. 
Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato típico por 
equívoco! Isso mesmo! O agente pratica um fato considerado típico, 
mas o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. 
O erro de tipo é a representação errônea da realidade, na qual 
o agente acredita não se verificar a presença de um dos elementos
essenciais que compõem o tipo penal.
EXEMPLO: Imaginemos o crime de desacato: 
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Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão 
dela: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Imaginemos que o agente desconhecesse a condição de funcionário 
público da vítima. Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu 
em erro sobre elemento essencial do tipo penal. 
O erro de tipo pode ocorrer, também, nos crimes omissivos 
impróprios (comissivos por omissão), pois o agente pode desconhecer 
sua condição de garantidor no caso concreto6 (aquele que tem o dever de 
impedir o resultado). 
EXEMPLO: Imagine que uma mãe presencie o estupro da própria filha, 
mas nada faça, por não verificar tratar-se de sua filha. Nesse caso, a mãe 
incidiu em erro de tipo, pois errou na representação da realidade fática 
acerca de elemento que constituía o tipo penal. Ou seja, não identificou 
que a vítima era sua filha, elemento este que faria surgir seu dever de 
intervir. 
ATENÇÃO! Quando o erro incidir sobre elemento 
normativo do tipo7, há divergência na Doutrina! Parte entende que 
continua se tratando de erro de tipo. Outra parte da Doutrina entende 
que não se trata de erro de tipo, mas de erro de proibição, pois o agente 
estaria errando acerca da licitude do fato8. Exemplo: O art. 154 do CP diz 
o seguinte: Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano
a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Nesse caso, o
elemento “sem justa causa” é elemento normativo do tipo. Se o médico
revela um segredo do paciente para um parente, acreditando que este
poderá ajudá-lo, e faz isso apenas para o bem do paciente, acreditando
haver justa causa, quando na verdade o parente é um tremendo
fofoqueiro que só quer difamar o paciente, o médico incorreu em erro de
tipo, pois acreditava estar agindo com justa causa, que não havia. Porém,
como disse a vocês, parte da doutrina entende que aqui se trata de erro
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
6 BITENCOURT, Op. cit., p. 512 
7 Com relação a estes termos, CEZAR ROBERTO BITENCOURT os considera como 
“elementos normativos especiais da ilicitude”. Para o autor, elementos normativos seriam 
aqueles que demandam mero juízo de valor acerca de um objeto (saber que o documento 
falsificado é público, por exemplo, no crime de falsificação de documento público). Termos 
como “indevidamente”, “sem justa causa”, etc., seriam antecipação da ilicitude do fato 
inseridas dentro do tipo penal. (BITENCOURT, Op. cit., p. 350). Fica apenas o registro, já 
que a Doutrina majoritária entende que tais expressões são elementos normativos do tipo 
penal. Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 211. 
8 BITENCOURT, Op. cit., p. 514/515 
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de proibição. Mas a teoria que prevalece é a de que se trata mesmo 
de erro de tipo. 
O erro de tipo pode ser: 
•! Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato, 
a presença do elemento do tipo. Exemplo: “A” entra numa loja 
e ao sair, verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A encontra 
uma bolsa idêntica à sua, e a leva embora. Entretanto, “A” não 
sabia que essa bolsa era de “B”, que estava olhando revistas 
distraída, tendo sua bolsa sido levada por outra pessoa no 
momento em que saiu da loja pela primeira vez. Nesse caso, 
“A” não tinha como imaginar que alguém, em tão pouco tempo, 
haveria roubado sua bolsa e que outra pessoa deixaria no 
mesmo lugar uma bolsa idêntica. Nesse caso, “A” incorreu 
em erro de tipo escusável, pois não poderia, com um 
exercício mental razoável, saber que aquela não era sua 
bolsa. 
•! Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre 
elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um 
esforço mental razoável, não ter agido desta forma. 
Exemplo: Imaginemos que Marcelo esteja numa repartição 
pública e acabe por desacatar funcionário público que lá estava. 
Marcelo não sabia que se tratava de funcionário público, mas 
mediante esforço mental mínimo poderia ter chegado a esta 
conclusão, analisando a postura da pessoa com quem falava e 
o que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro
de tipo inescusável, e responderia por crime culposo, caso
houvesse previsão de desacato culposo (não há).
Assim, lembrem-se: 
Pode ser que se utilize o termo “Erro sobre elemento constitutivo 
do tipo penal”. Eu prefiro essa nomenclatura, mas ela não é utilizada 
sempre. 
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ATENÇÃO! Existe, ainda, o que se convencionou chamar de “erro de tipo 
permissivo”. O que é isso? O erro de “tipo permissivo” é o erro sobre os 
pressupostos objetivos de uma causa de justificação (excludente de 
ilicitude). Assim, o erro de “tipo permissivo” seria, basicamente, 
uma descriminante putativa. Fala-se em “tipo permissivo” em razão 
da teoria dos elementos negativos do tipo, surgida na Alemanha no 
começo do século passado. Para esta teoria, as causas de exclusão da 
ilicitude seriam elementos NEGATIVOS do tipo. Ou seja, enquanto 
o “tipo incriminador” propriamente dito seria a descrição da conduta
proibida, as excludentes de ilicitude corresponderiam a “ressalvas” à
ilicitude da conduta. Desta forma, o que a Doutrina quis dizer foi que,
basicamente, quando o art. 121 do CP diz que “matar alguém” é crime,
ele na verdade quer dizer que “matar alguém é crime, exceto se houver
alguma causa de justificação”.
Esta é uma teoria que conta com alguns adeptos e, independentemente 
disso, o fato é que o termo “erro de tipo permissivo” é largamente 
utilizado e, portanto, digno de nota! 
2.2.! Erro de tipo acidental 
O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execução do fato 
criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado9. Pode 
se apresentar de diversas formas: 
2.2.1.! Erro sobre a pessoa (error in persona) 
Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa 
visada, por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. 
Neste caso, o erro é irrelevante, pois o agente responde como se 
tivessepraticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsão 
está no art. 20, §3° do CP. 
Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, não existe 
falha na execução do delito. O erro está em momento anterior (na 
representação mental da vítima). 
Ex.: João quer matar seu pai, pois está com raiva em razão da partilha 
dos bens de sua mãe. João fica na espreita e, quando vê uma pessoa 
chegar, acreditando ser seu pai, mira bem no crânio e lasca um balaço 
certeiro, fazendo com que a vítima caia desfalecida. Após, verifica que a 
pessoa não era seu pai, mas seu irmão. 
Neste caso o agente responderá como se tivesse praticado o delito 
contra seu pai (pessoa visada) e não pelo homicídio contra seu irmão. 
Trata-se da teoria da equivalência. 
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9 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376 
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2.2.2.! Erro sobre o nexo causal 
No erro sobre o nexo causal o agente alcança o resultado efetivamente 
pretendido, mas em razão de um nexo causal diferente daquele que o 
agente planejou. Pode ser de duas espécies: 
2.2.2.1.! Erro sobre o nexo causal em sentido estrito 
Aqui o agente, com um só ato, provoca o resultado pretendido (mas 
com nexo causal diferente). 
Ex.: José dispara dois tiros contra Maria, visando sua morte. Maria, 
em razão dos disparos, cai na piscina, e morre por afogamento. 
O agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por 
afogamento).10 
2.2.2.2.! Dolo geral ou aberratio causae 
Aqui temos o que se chama de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. É o 
engano no que se refere ao meio de execução do delito. Ocorre quando o 
agente, acreditando já ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro 
ato, mas ao final verifica que este último foi o que provocou o resultado. 
Ex.: O agente atira contra a vítima, visando sua morte. Acreditando 
que a vítima já morreu, atira o corpo num rio, visando sua ocultação. Mais 
tarde, descobre-se que esta última conduta foi a que causou a morte da 
vítima, por afogamento, pois ainda estava viva. 
Embora, tenhamos dois crimes (um homicídio doloso tentado na 
primeira conduta e um homicídio culposo consumado na segunda conduta), 
a Doutrina majoritária entende que o agente responde por apenas 
um crime, pelo crime originalmente previsto (homicídio doloso 
consumado11), tendo sido adotada a TEORIA UNITÁRIA (ou princípio 
unitário).12 
Mas qual o nexo causal que se deve considerar? O pretendido 
ou o efetivamente ocorrido? Embora não haja unanimidade, prevalece 
o entendimento de que deve o agente responder pelo nexo causal
efetivamente ocorrido (e não pelo pretendido).13
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
10 Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. 
Salvador, 2015, p. 380 
11 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterói-RJ, 2015, p. 
360 
12 Doutrina minoritária (mas muito importante) sustenta que o agente deva responder por 
dois crimes em concurso: homicídio doloso tentado (primeira conduta) + homicídio culposo 
consumado (segunda conduta). Trata-se da adoção da teoria do desdobramento. 
13 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 
2015, p. 380/381 
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2.2.3.! Erro na execução (aberratio ictus) 
Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, não por 
confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR O DELITO. 
Imagine que o agente, tentando acertar “A”, erre o tiro e acaba acertando 
“B”. No erro sobre a pessoa o agente não “erra o alvo”, ele “acerta o alvo”, 
mas o alvo foi confundido. SÃO COISAS DIFERENTES! 
A aberratio ictus pode decorrer de mero acidente durante a execução 
do delito (não houve má execução pelo infrator, mas mero acidente). 
Ex.: José deseja matar Maria. Sabendo que Maria usa seu carro 
todas as manhãs para ir ao trabalho, coloca uma bomba no veículo, que 
será acionada assim que for dada a partida no carro. Maria, contudo, não 
usa o carro naquele dia, e quem acaba ligando o veículo é seu marido, 
que vem a falecer em razão da bomba. Vejam que, aqui, o agente não 
errou na hora de executar o ato criminoso, mas acabou atingindo pessoa 
diversa em razão de acidente no curso da empreitada criminosa. 
Nesse caso, assim como no erro sobre a pessoa, o agente responde 
pelo crime originalmente pretendido. Esta é a previsão do art. 73 do CP14. 
No que tange às consequências, o erro na execução pode ser de duas 
ordens: 
2.2.3.1.! Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus 
de resultado único) 
O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, 
responde como se tivesse atingido a pessoa visada (e não aquela 
efetivamente atingida), da mesma forma como ocorre no erro sobre a 
pessoa. 
2.2.3.2.! Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio 
ictus de resultado duplo) 
O agente atinge a vítima não visada, mas atinge também a vítima 
originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em 
CONCURSO FORMAL. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
14Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés 
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se 
tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste 
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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2.2.4.! Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido 
(aberratio delicti ou aberratio criminis) 
Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro 
na execução, acaba cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa 
x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus há uma relação de pessoa 
x pessoa. Pode ser de duas espécies: 
2.2.4.1.! Com unidade simples 
O agente atinge apenas o resultado NÃO PRETENDIDO. O agente 
responde apenas por um delito, da seguinte forma: 
"! Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em relação à
pessoa (tentativa de homicídio ou lesões corporais). 
Ex.: José atira contra Maria, querendo sua morte. Contudo, erra na 
execução e acaba por atingir uma planta. Neste caso, José responde 
apenas pela tentativa de homicídio. 
"! Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo resultado
ocorrido em relação à pessoa. 
Ex.: Imagine que alguém atire uma pedra num veículo parado, com o 
dolo de danificá-lo (art. 163 do CP). Entretanto, o agente erra o alvo e 
atinge o dono, que estava perto (cometendo lesões corporais, art. 129 
do CP). Nesse caso, o agente acaba por cometer CRIME DIVERSO DO 
PRETENDIDO. Responderá apenas pelo crime praticado efetivamente 
(lesão corporal culposa). 
2.2.4.2.! Com unidade complexa 
O agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou 
pessoa) não pretendida. Aplica-se, neste caso, a mesma regra do erro na 
execução: atingindo ambos os bens jurídicos (o pretendido e o não 
pretendido) responderápor AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO 
FORMAL (art. 70 do CP).15 
CUIDADO! Se o agente visa atingir uma pessoa (lesões corporais, por 
exemplo) e, além de atingir a pessoa visada, acaba também quebrando 
uma vidraça, ele NÃO responde por lesões corporais dolosas + dano 
culposo, pois NÃO HÁ CRIME DE DANO CULPOSO. 
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 379 
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2.2.5.! Erro sobre o objeto (error in objecto) 
Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto 
material do delito. 
Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra à 
noite na residência mas acaba furtando um quadro de pequeno valor, por 
confundir com a obra pretendida. 
O CP não previu esta hipótese de erro, mas diante de sua possibilidade 
fática, a Doutrina se debruçou sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre 
o objeto, não há qualquer relevância para fins de afastamento do do dolo
ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade. O agente
responderá pelo delito.
Mas qual delito? Neste caso, há divergência doutrinária. A doutrina 
majoritária, porém, sustenta que o agente deve responder pela 
conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). 
Assim, no exemplo anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de 
pequeno valor (e não pelo furto da obra de arte valiosa). 
2.3.! Erro determinado por terceiro 
No erro de tipo o agente comete o erro “sozinho”, ou seja, não é 
induzido a erro por ninguém. No erro determinado (ou provocado) por 
terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. 
Neste caso, só responde pelo delito aquele que provoca o erro. 
Entende-se que há, aqui, uma modalidade de autoria mediata, na qual o 
autor mediato (agente provocador) utiliza o autor imediato (agente 
provocado, aquele que comete o erro) como mero instrumento para seu 
intento criminoso. 
Ex.: Determinado médico, querendo a morte do paciente, entrega à 
enfermeira (dolosamente) uma dose de veneno, e a induz a ministra-lo 
ao paciente, alegando tratar-se de um sedativo. A enfermeira, sem saber 
do que se trata, confiando no médico, ministra o veneno. O paciente 
morre. Neste caso, somente o médico (aquele que provocou o erro) 
responde pelo homicídio (neste caso, doloso). 
A enfermeira, em regra, não responde por crime algum, salvo se 
ficar demonstrado que agiu de forma negligente (por exemplo, se tinha 
plenas condições de saber que se tratava de veneno, ou se podia 
desconfiar das intenções do médico, etc.). 
2.4.! Erro de proibição 
A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analítico de crime) é 
formada por alguns elementos, dentre eles, a POTENCIAL CONSCIÊNCIA 
DA ILICITUDE. 
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A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de o 
agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do 
fato. Não se trata do parâmetro do homem médio, MAS DE UMA ANÁLISE 
DA PESSOA DO AGENTE. 
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita, 
comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). 
O erro de proibição pode ser: 
!! Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente, naquele
caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao Direito.
Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é isento de
pena.
!! Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à proibição
da conduta não é tão perdoável, pois era possível, mediante
algum esforço, entender que se tratava de conduta ilícita. Assim,
permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, com pena
diminuída de um sexto a um terço (conforme o grau de
possibilidade de conhecimento da ilicitude).
EXEMPLO: Um cidadão, lá do interior, encontra um bem (relógio de 
ouro, por exemplo) e fica com ele para si. Entretanto, mal sabe ele que 
essa conduta é crime, previsto no CP (apropriação de coisa achada). 
Vejamos: 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito 
ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: (...) 
Apropriação de coisa achada 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando 
de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, 
dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
Percebam que até mesmo uma pessoa de razoável intelecto é capaz 
de não conhecer a ilicitude desta conduta16. Assim, o agente, 
diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA 
PERFEITAMENTE A REALIDADE (Sabe que a coisa não é sua, é uma 
coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A CONDUTA É 
LÍCITA. 
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16 Não se exige que o agente conheça EXATAMENTE a tipificação penal de sua conduta, 
bastando que ele saiba que sua conduta é ilícita. Assim, se o agente pratica uma 
determinada conduta que sabe ser ilícita (embora não saiba a qual crime se refere), NÃO 
HÁ ERRO DE PROIBIÇÃO. Haveria, aqui, o que se chama de “erro de subsunção”, que é 
irrelevante para fins de determinação da responsabilidade penal do agente. Isso ocorre 
porque não se exige do agente que saiba EXATAMENTE a que tipo penal corresponde sua 
conduta. Basta que se verifique ser possível ao agente, de acordo com suas características 
pessoas e sociais, saber que sua conduta é ilícita (Isso é o que se chama de VALORAÇÃO 
PARALELA NA ESFERA DO PROFANO, OU DO LEIGO). 
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Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relógio, 
na verdade, soubesse que não podia ficar com as coisas dos outros, mas 
acreditasse que o relógio era um relógio que ele tinha perdido horas antes 
(quando, na verdade, era o relógio de outra pessoa). Nesse caso, o agente 
sabia que não podia praticar a conduta de “se apropriar de coisa alheia 
perdida” (Não há, portanto, erro de proibição), mas acreditou que a 
coisa não era “alheia”, achando que fosse sua (erro de tipo). Ficou clara 
a diferença? 
O erro de proibição pode ser direto (que é a hipótese mencionada) ou 
indireto. O erro de proibição indireto ocorre quando o agente atua 
acreditando que existe uma causa de justificação que o ampare. 
Contudo, não confundam o erro de proibição indireto com o erro de tipo 
permissivo. Ambos se referem à existência de uma causa de justificação 
(excludente de ilicitude), mas há uma diferença fundamental entre eles: 
•! Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, no 
caso concreto, estão presentes os requisitos fáticos que 
caracterizam a causa de justificação e, portanto, sua conduta 
seria justa. Ex.: José atira contra seu filho, de madrugada, pois 
acreditava tratar-se de um ladrão (acreditava que as 
circunstâncias fáticas autorizariam agir em legítima defesa). 
•! Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que 
existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de 
justificação) que autorize sua conduta. Trata-se de erro 
sobre a existência e/ou limites de uma causa de justificação em 
abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento jurídico17. Ex.: 
José encontra-se num barco queestá a naufragar. Como possui 
muitos pertences, precisa de dois botes, um para se salvar e 
outro para salvar seus bens. Contudo, Marcelo também está no 
barco e precisa salvar sua vida. José, no entanto, agride Marcelo, 
impedindo-o de entrar no segundo bote, já que tinha a intenção 
de utilizá-lo para proteger seus bens. Neste caso, José não 
representou erroneamente a realidade fática (sabia exatamente 
o que estava se passando). José, conduta, errou quanto aos
limites da causa de justificação (estado de necessidade), que
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17 BITENCOURT, Op. cit., p. 524/525 
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não autoriza o sacrifício de um bem maior (vida de Marcelo) para 
proteger um bem menor (pertences de José). 
 CUIDADO! Não confundam Descriminantes Putativas com delito 
putativo. 
As descriminantes putativas são quaisquer situações nas quais o 
agente incida em erro por acreditar que está presente uma 
situação que, se de fato existisse, tornaria sua ação legítima (a 
doutrina majoritária limita estes casos às excludentes de 
ilicitude). 
Imagine que o agente está numa casa de festas e ouça gritos de 
“fogo”! Supondo haver um incêndio, corre atropelando pessoas, agredindo 
quem está na frente, para poder se salvar. Na verdade, tudo não passava 
de um trote. Nesse caso, o agente agrediu pessoas (moderadamente, é 
claro), para se salvar, supondo haver uma situação que, se existisse 
(incêndio) justificaria a sua conduta (estado de necessidade). Dessa forma, 
há uma descriminante putativa por estado de necessidade putativo 
(descriminante putativa). 
NO DELITO PUTATIVO acontece EXATAMENTE O OPOSTO do que 
ocorre no erro de tipo, no erro de proibição e nas descriminantes putativas 
(seja de que natureza forem). O agente acredita que está cometendo o 
crime, quando, na verdade, está cometendo um INDIFERENTE PENAL. 
EXEMPLO: Um cidadão, sem querer, esbarra no carro de um terceiro, 
causando danos no veículo. Com medo de ser preso, foge. Na verdade, 
ele acredita que está cometendo crime de DANO CULPOSO, mas não 
sabe que o CRIME DE DANO CULPOSO NÃO EXISTE. Portanto, há, 
aqui, DELITO PUTATIVO. 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS X DELITO PUTATIVO 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS Agente acredita não estar 
cometendo crime algum, por 
incidir em erro. Contudo, está 
praticando uma conduta típica 
e ilícita. 
DELITO PUTATIVO Agente comete um 
INDIFERENTE PENAL, mas 
acredita estar praticando crime. 
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3.!PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO 
3.1.! Introdução 
Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o 
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius puniendi. 
Em regra, todo fato típico, ilícito e praticado por agente culpável, é 
punível. No entanto, o exercício do ius puniendi encontra limitações de 
diversas ordens, sendo a principal delas a limitação temporal (prescrição). 
Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira prevista 
na lei (através do manejo da Ação Penal no processo penal), bem como 
deve fazê-lo no prazo legal. 
Para o nosso estudo interessam mais as hipóteses de extinção da 
punibilidade. Vamos analisá-las então! 
O art. 107 do CP prevê que: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de 
ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Veremos, primeiro, todas as causas de extinção da punibilidade 
diversas da prescrição. Depois, vamos ao estudo da prescrição, que é a 
principal delas. 
3.2.! Causas de extinção da punibilidade diversas da prescrição 
O primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a 
punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o princípio 
da intranscendência da pena, ou seja, a pena não pode passar da 
pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o direito de punir 
do Estado. 
A anistia, a graça e o indulto são modalidades muito parecidas de 
extinção da punibilidade. Entretanto, não se confundem. 
A anistia exclui o próprio crime, ou seja, o Estado determina que as 
condutas praticadas (já praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos 
agentes não sejam consideradas crimes. A anistia pode ser concedida pelo 
Poder Legislativo, e pode ser conferida a qualquer momento (inclusive após 
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a sentença penal condenatória transitada em julgado), fazendo cessar 
todos os efeitos PENAIS da condenação (ex.: reincidência). 
EXEMPLO: Determinados policiais militares resolvem fazer greve por 
melhores salários, condições de trabalho, etc. Na greve, fazem piquetes, 
acabam coagindo colegas, etc. Tais pessoas estarão praticando crime. 
Contudo, posteriormente, o Poder Legislativo verifica que são pessoas 
boas, que agiram no impulso, compelidas pela precária situação da 
Corporação e, portanto, decide ANISTIÁ-LOS, ou seja, o Poder Público irá 
“esquecer” que tais crimes foram praticados (aqueles crimes praticados 
naquelas circunstâncias, ou seja, somente aqueles ali mesmo!). 
Alguns autores diferenciam a anistia em anistia própria e anistia 
imprópria. A anistia própria seria aquela concedida ANTES da 
condenação e anistia imprópria seria aquela concedida APÓS a 
condenação. 
Pode, ainda, ser: 
•! Irrestrita ou restrita – Será irrestrita quando se dirigir a todos 
os agentes. Será restrita quando exigir do agente determinada 
qualidade específica (ser primário, por exemplo). 
•! Incondicionada ou condicionada – Será incondicionada 
quando não impuser nenhuma condição. Será condicionada 
quando impuser uma condição para sua validade (Como, por 
exemplo, a reparação do dano causado). 
•! Comum ou especial – A primeira é destinada a crimes comuns, 
e a segunda é destinada a crimes políticos. 
Já a Graça e o indulto são bem mais semelhantes entre si, pois 
não excluem o FATO criminoso em si, mas apenas extinguem a 
punibilidade em relação a determinados agentes (podem ser 
todos), e só podem ser concedidos pelo Presidente da República. 
EXEMPLO: Imaginemos que, no exemplo da greve dos policiais militares, 
o Presidente da República assinasse um Decreto concedendo indulto a
150 dos 300 policiais militares envolvidos. Percebam que o fato criminoso
não foi “esquecido” pelo Estado. Houve apenas a extinção da punibilidade
em relação a alguns infratores. Assim, a ANISTIA atinge o FATO (e
por via reflexa, a punibilidade). A graça e o indulto atingem
DIRETAMENTE A PUNIBILIDADE.
A Graça é conferida de maneira individual, e o indulto é conferido 
coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situação). 
A anistia só pode ser causa de extinção total da punibilidade (pois, 
como disse, exclui o próprio crime).Já a Graça e o indulto podem ser 
parciais. 
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Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenômeno da abolitio 
criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio 
criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o 
fato como crime. 
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com anistia. A abolitio 
criminis não se dirige a um fato criminoso específico, já praticado, A 
abolitio criminis simplesmente faz desaparecer a própria figura típica 
prevista na Lei, ou seja, a conduta incriminada (o tipo penal) deixa de 
existir. 
Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ação penal privada, 
renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o perdão ao 
acusado. Nesses casos, também estará extinta a punibilidade. 
A renúncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de seis 
meses de que dispõe o ofendido para oferecê-la, este renuncia ao direito, 
de maneira expressa ou tácita. A renúncia tácita ocorre quando o 
ofendido pratica algum ato incompatível com a intenção de 
processar o agente (quando, por exemplo, convida o infrator pra ser seu 
padrinho de casamento). 
O perdão, por sua vez, é muito semelhante à renúncia, com a ressalva 
de que o perdão só pode ser concedido quando já ajuizada a ação 
penal privada, e que o simples oferecimento do perdão, por si só, não 
gera a extinção da punibilidade, devendo o agente aceitar o perdão. 
Ocorrendo a renúncia ao direito de queixa, ou o perdão do 
ofendido, e sendo este último aceito pelo querelado (autor do fato), 
estará extinta a punibilidade. 
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por 
entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado “perdão 
judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no 
qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso Herbert 
Viana?). Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP: 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977)
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará extinta 
a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o perdão 
judicial, esta sentença que concede o perdão judicial não é considerada 
para fins de reincidência (apesar de ser uma sentença condenatória). 
‘Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratação do agente 
também é hipótese de extinção da punibilidade, nos casos em que 
a lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calúnia ou 
difamação, nos quais a lei admite a retratação como causa de extinção da 
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punibilidade, se realizada antes da sentença. Nos termos do art. 143 do 
CP: 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da 
calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
Há, também, a extinção da punibilidade pela decadência ou pela 
perempção. A decadência ocorre quando a vítima deixa de ajuizar a 
ação penal dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a 
representação dentro do prazo (nos casos de crimes de ação penal 
privada e de ação penal pública condicionada à representação, 
respectivamente). O prazo é de seis meses a contar da data em que a 
vítima passa a saber quem foi o autor do fato. 
A perempção, por sua vez, é a extinção da ação penal privada 
pelo “desleixo” da vítima (quando deixa de dar seguimento à ação, deixa 
de comparecer a alguma ato processual a que estava obrigado, etc.). Está 
prevista no art. 60 do CPP: 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor.!
3.3.! Prescrição 
Enfim, a clássica e mais comum hipótese de extinção da punibilidade: 
a PRESCRIÇÃO. A prescrição é a perda do poder de exercer um direito em 
razão da inércia do seu titular. Ou seja, é o famoso “camarão que dorme 
a onda leva”. 
A prescrição pode ser dividida basicamente em duas espécies: 
Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão 
executória. 
A primeira pode ocorrer quando ainda não há sentença penal 
condenatória transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer 
somente depois de já haver sentença penal condenatória transitada 
em julgado. Vamos estudá-las em tópicos separados. 
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3.3.1.! Prescrição da pretensão punitiva 
Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção 
penal ao agente que praticou a conduta criminosa. 
Mas qual é o prazo de prescrição? O prazo prescricional varia de 
crime para crime, e é definido tendo por base a pena máxima 
estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art. 
109 do CP: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o 
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena 
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela 
Lei nº 12.234, de 2010). 
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não 
excede a doze; 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede 
a oito; 
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a 
quatro; 
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, 
não excede a dois; 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação 
dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
Prescrição das penas restritivas de direito 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos 
prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, no crime de homicídio simples, por exemplo, para o qual a lei 
estabelece pena máxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo 
prescricional é de 20 anos, pois a pena máxima é superior a 12 
anos. O crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve 
em oito anos, pois a pena máxima prevista é quatro anos. 
CUIDADO! O prazo de prescrição do crime não é igual 
à pena máxima a ele estabelecida, mas é calculado através de uma 
tabela que leva em consideração a pena máxima! 
Mas professor, quando começa a correr o prazo prescricional? 
Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta está no art. 111 do 
CP: 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentençafinal, começa 
a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do 
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos 
neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
(Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) 
Apenas um comentário em relação a este artigo: A regra, aqui, é de 
que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se consuma. 
CUIDADO! Lembrem-se de que o crime se considera 
praticado (tempo do crime) quando ocorre a conduta, e não a 
consumação. Assim: 
Tempo do crime – Momento da conduta 
Início do prazo prescricional – Momento da consumação 
Prestem atenção para não errarem isso, pois esta é uma pegadinha que 
pode derrubar vocês no concurso. 
EXEMPLO: Em 10.01.2010 José atira em Maria, querendo sua morte. 
Maria vai para o Hospital e só vem a falecer em 15.04.2010. No caso em 
tela, o tempo do crime é o dia 10.01.2010 (data em que foi praticado o 
delito). O início do prazo prescricional, porém, terá como base o dia 
15.04.2010, eis que somente nesta data o delito se consumou. 
Como nos crimes tentados não há propriamente consumação (pois 
não há resultado naturalístico esperado), o prazo prescricional começa 
a fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério 
utilizado para os crimes permanentes. 
Na hipótese de pena de multa, como calcular o prazo 
prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o 
prazo será de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista 
cumulativamente com a pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo de 
prescrição será o mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade. 
Isto é que se extrai do art. 114 do CP: 
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
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I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
(Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de 
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou 
cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
A prescrição da pretensão punitiva pode ser a “ordinária”, que é esta 
que vimos até agora (e utiliza a pena máxima prevista como base), mas 
também pode ser a “intercorrente”. 
A prescrição da pretensão punitiva em sua modalidade 
“intercorrente” é aquela que ocorre DEPOIS da sentença penal 
condenatória, quando há trânsito em julgado para a ACUSAÇÃO, mas não 
para a defesa. 
Como assim? Imagine que José tenha sido condenado pelo crime de 
homicídio a 06 anos de reclusão. A acusação não recorre, por entender que 
a pena está num patamar razoável. A defesa, porém, recorre da sentença. 
Neste caso nós temos o chamado “trânsito em julgado para a acusação”, 
ou seja, somente a defesa pode “se dar bem” daqui pra frente, já que 
quando o Tribunal for apreciar o recurso de apelação não poderá prejudicar 
o réu (recorrente), pelo princípio da non reformatio in pejus.
Bom, considerando o exemplo acima, como a defesa não pode ser 
prejudicada no julgamento de seu recurso, podemos chegar à conclusão de 
que o máximo de pena que José irá receber será 06 anos (a pena atual). A 
partir deste momento o prazo prescricional passa a ser calculado tendo 
como base esta pena aplicada (e não mais a pena máxima em abstrato). 
Vejam que há uma implicação prática: Neste caso, o prazo 
prescricional diminui consideravelmente: Antes, o prazo prescricional 
(ordinário) era de 12 anos (pois a pena máxima é de 20 anos). Agora, o 
prazo prescricional a ser considerado (intercorrente) será de 12 
anos (pois a pena aplicada é de 06 anos. Está entre 04 e 08, nos termos 
do art. 109, III do CP). 
Vejamos o art. 110, §1º do CP: 
Art. 110 (...) 
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).!
A prescrição intercorrente, por sua vez, pode ser: 
•! Superveniente – Quando ocorre entre o trânsito em julgado da 
sentença condenatória para a acusação e o trânsito em julgado 
da sentença condenatória em definitivo (tanto para a acusação 
quanto para defesa). 
•! Retroativa – Quando, uma vez tendo havido o trânsito em 
julgado para a acusação, se chega à conclusão de que, naquele 
01406544108
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momento, houve a prescrição da pretensão punitiva entre a data 
da denúncia (ou queixa) e a sentença condenatória. 
Vejamos o esquema: 
Esse é o sistema que vigora atualmente. Antes da Lei 12.234/10 havia 
uma outra hipótese de prescrição retroativa, que era a que ocorria entre o 
fato criminoso e o recebimento da denúncia ou queixa. Atualmente essa 
hipótese NÃO EXISTE MAIS. 
Isso significa que não há mais hipótese de ocorrer prescrição 
entre a data do fato e a data do recebimento da denúncia ou queixa? 
Não, não é isso que ocorreu. O que não pode mais ocorrer é a prescrição 
RETROATIVA (ou seja, aquela calculada com base na pena aplicada) entre 
a data do fato e a data do recebimento da denúncia ou queixa. Nada 
impede, porém, que nesse lapso temporal ocorra a prescrição da pretensão 
punitiva ordinária (ou comum). 
CUIDADO! Tal previsão (vedação à prescrição retroativa tendo como 
marco inicial data anterior ao recebimento da denúncia ou queixa) é 
muito prejudicial ao réu, pois lhe retira uma possibilidade de ver sua 
punibilidade extinta. Desta forma, NÃO poderá retroagir para alcançar 
crimes praticados ANTES de sua entrada em vigora (Em 2010). Assim, 
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aos crimes praticados ANTES da Lei 12.234/10, é possível 
aplicarmos a prescrição retroativa entre a data da consumação do delito 
e o recebimento da denúnciaou queixa. 
Vou utilizar um caso exemplificativo para que possamos esclarecer as 
diversas hipóteses de prescrição da pretensão punitiva: 
EXEMPLO: Marcelo pratica o crime de furto em 01.01.1994. A denúncia 
é recebida em 10.06.2001. Marcelo é condenado em 10.07.2006 a 02 
anos de reclusão. O MP não recorre (com trânsito em julgado para a 
acusação em 25.07.2006), mas a defesa apresenta recurso, que é julgado 
e improvido (a pena é mantida), tendo havido o efetivo trânsito em 
julgado em 10.01.2014. 
Vejamos as hipóteses: 
PRESCRIÇÃO COMUM: Como a pena máxima prevista em abstrato 
para o furto é de 04 anos, o prazo prescricional seria de 08 anos (art. 
109, IV do CP). Entre a data da consumação do delito e o recebimento 
da denúncia não ocorreu tal prescrição, eis que se passaram apenas 07 
anos e alguns meses. Também não ocorreu tal prescrição posteriormente 
(pois não se passaram mais de 08 anos entre uma interrupção da 
prescrição e outra). 
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE SUPERVENIENTE: Aqui 
devemos considerar como parâmetro a pena efetivamente aplicada (02 
anos), de forma que o prazo prescricional a ser utilizado será de 04 anos 
(art. 109, V do CP). Podemos verificar que entre o trânsito em julgado 
para a acusação e o trânsito em julgado efetivo (para ambos), passaram-
se mais de 04 anos, de forma que podemos dizer que HOUVE a prescrição 
da pretensão punitiva intercorrente SUPERVENIENTE. 
PRESCRIÇÃO RETROATIVA: Da mesma forma que a anterior, terá 
como base a pena efetivamente aplicada (02 anos), logo, o prazo 
prescricional utilizado será de 04 anos. Podemos verificar que entre o 
recebimento da denúncia e a sentença condenatória passaram-se mais 
de 04 anos (pouco mais de cinco anos). Assim, podemos dizer que 
OCORREU a prescrição da pretensão punitiva retroativa. 
Neste caso, como a prescrição retroativa ocorreu, e isso podia ser 
verificado já em 25.07.06, sequer chegaríamos a ter a prescrição 
superveniente (utilizei apenas para facilitar a compreensão). 
ATENÇÃO! Como o crime foi praticado antes da Lei 12.234/10, seria 
possível reconhecer a prescrição retroativa entre a data da consumação 
do delito e data do recebimento da denúncia. 
Como nós acabamos de verificar, existem fatos que interrompem a 
prescrição. São eles: 
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•! Recebimento da denúncia ou queixa 
•! Pronúncia 
•! Decisão confirmatória da pronúncia 
•! Publicação da sentença ou acórdão condenatórios 
recorríveis 
•! Início ou continuação do cumprimento da pena - Só se 
aplica à prescrição da pretensão executória 
•! Reincidência - Só se aplica à prescrição da pretensão 
executória 
Uma vez interrompido o curso do prazo prescricional, este voltará a 
correr novamente, do zero, a partir da data da interrupção (salvo no caso 
de Início ou continuação do cumprimento da pena). 
Além disso, fora as duas últimas hipóteses, nas demais, ocorrendo a 
interrupção da prescrição em relação a um dos autores do crime, tal 
interrupção se estenderá aos demais. 
O CP prevê, ainda, hipóteses nas quais a prescrição não corre, tanto 
no que se refere à prescrição da pretensão punitiva quanto à prescrição da 
pretensão executória, embora as circunstâncias sejam diferentes para cada 
uma delas. Nos termos do art. 116 e seu § único, do CP: 
Causas impeditivas da prescrição 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a 
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro 
motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, nestes casos, o prazo prescricional não corre, ficando 
suspenso. Uma vez resolvida a questão que causava a suspensão, 
ele volta a correr de onde parou (diferente da interrupção, 
portanto). 
3.3.2.! Prescrição da pretensão executória 
Como disse a vocês, a prescrição pode ocorrer antes do trânsito 
em julgado (prescrição da pretensão punitiva) ou depois do trânsito 
em julgado (quando teremos a prescrição da pretensão 
executória). Esta última ocorre quando o Estado condena o indivíduo, de 
maneira irrecorrível, mas não consegue fazer cumprir a decisão. 
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Nos termos do art. 110 do CP: 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória 
regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, 
os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Assim, na hipótese do crime de homicídio, conforme o exemplo dado 
anteriormente, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, o 
prazo prescricional é regulado pela pena máxima cominada ao crime em 
abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Após o trânsito 
em julgado, o parâmetro utilizado pela lei para o cálculo do prazo 
prescricional deixa de ser a pena máxima prevista e passa a ser a 
pena efetivamente aplicada. 
Assim, se no crime de homicídio simples, que tem pena prevista de 06 
a 20 anos, o agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de reclusão, o 
prazo prescricional passa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos termos do 
art. 109, III do CP. 
O art. 112 do CP estabelece o marco inicial (termo a quo) do prazo 
prescricional da pretensão executória: 
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a 
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento 
condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da 
interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Lembrando que o início de cumprimento da pena é causa de 
interrupção da prescrição. 
O art. 112, I foi (e ainda é) muito criticado na Doutrina (recebendo 
algumas críticas na Jurisprudência também). Isto porque ele determina 
que o termo inicial da prescrição da pretensão EXECUTÓRIA 
ocorrerá com o trânsito em julgado para a ACUSAÇÃO. 
Isso significa que se houver o trânsito em julgado para a acusação mas 
não para a defesa (apenas a defesa recorreu), já estaria correndo o prazo 
prescricional da PRETENSÃO EXECUTÓRIA. 
As críticas, bastante fundamentadas, se dirigiam ao fato de que 
considerar a pretensão executória, neste momento, violaria a presunção 
de inocência, eis que ainda não houve o trânsito em julgado para 
ambas as partes. 
Outra crítica, muito importante, se refere ao fato de que a prescrição 
é a perda de um direito em razão da INÉRCIA de seu titular. No caso da 
prescrição da pretensão EXECUTÓRIA seria a perda do direito de executar 
a pena em razão da INÉRCIA do Estado em agir. Contudo, como não houve 
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