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FARMACOTERAPIA DAS ÚLCERAS PÉPTICAS (GÁSTRICAS E DUODENAIS) A DOENÇA Desequilíbrio entre fatores agressores (HCl e pepsina) e citoprotetores (fluxo sanguíneo, PGs, grupos SH, óxido nítrico, muco e bicarbonato) Estresse, alimentação inadequada, bebidas alcoólicas, DAINEs Helicobacter pylori (erradicação bacteriana como estratégia principal na terapêutica das úlceras – cicatrização e diminuição de recidivas) Bacilo Gram negativo que coloniza o muco da superfície luminal do epitélio gástrico (entre 80 – gástricas e 95% - duodenais com úlceras têm o bacilo) Indivíduos sadios também apresentam (não constitui-se na causa isolada) IMPORTANTE - 1986 Evolução da Terapêutica Antiulcerosa 1ª Fase (até 1910) Tratamento Clínico (medidas higieno-dietéticas). 2ª Fase (Década 50/60 a 1970) Tratamento Cirúrgico 3ª Fase (a partir de 1970 até os dias atuais) Tratamento Medicamentoso “Dê-lhe raiz de pau-doce com água, sem comida, e ele irá sarar. Se ele sofrer dores de estômago, faça-o ajoelhar-se, derrame sobre ele caldo quente de cássia fervida, e ele irá sarar. Faça-o ajoelhar-se e deite água fria sobre ele, e ele irá sarar. Faça-o deitar-se com a cabeça para baixo e os pés para cima, esfregue-o fortemente e diga ao seu estômago ‘fique bom’, e ele irá sarar”. “O Segredo dos Médicos Antigos” / Morris Jastrow 1ª Fase: Tratamento Clínico O estômago X a mucosa nosso alvo O estômago e as camadas Destaque – a mucosa glândulas gástricas As glândulas gástricas As glândulas gástricas • Acetilcolina – estímulo via receptores M3 ou via aumento da liberação de histamina pelas células enterocromafins • Gastrina – estímulo via receptores CCKB e liberação de histamina pelas células entrocromafins • Histamina – estímulo via receptores H2 Controle da secreção ácida gástrica Estímulos à bomba protônica H+/K+ ATPase Fármacos Neutralizantes - Antiácidos A. Sistêmicos Bicarbonato de Sódio Solúveis Ação imediata Produzem desequilíbrio eletrolítico (Risco insuficiência cardíaca ou renal) B. Não-sistêmicos Hidróxido de Magnésio e Hidróxido de Alumínio Associações Preferidas C/ Dimeticona: surfactante ( formação de espuma e refluxo esofágico) pH = 5 (cessação de ação das enzimas pépticas) Pepsina Principal enzima proteolítica no suco gástrico (atua na digestão de proteínas). Produzida pelas células principais do estômago e tem a função de digerir proteínas, através da catalisação da hidrolise dessas moléculas quebrando as ligações peptídicas entre os aminoácidos. O pepsina é secretada pelas células principais em uma forma inativa, chamada pepsinogênio. Ao entrar em contato com o ácido clorídrico, o pepsinogênio transforma-se na enzima ativa, a pepsina, que, por sua vez, estimula a transformação de mais pesinogênio. Fármacos Neutralizantes – Antiácidos A redução do pH Fármacos Neutralizantes – Antiácidos Ácido + Base = Sal e água HCl • Os antiácidos que contêm sais de Al+++ e Mg++ juntos têm vantagens pois um complementa o outro. • Sais de Mg++ atuam rápido e neutralizam os ácidos eficazmente. • Al(OH)3 dissolve-se lentamente no estômago e começa a atuar gradualmente, proporcionando um alívio prolongado. • Simultaneamente Al+++ e Mg++ oferecem o melhor de ambos: alívio rápido e prolongado com menor risco de diarreia e constipação. • É questionada a segurança, a longo prazo, dos antiácidos que contêm alumínio. O uso prolongado pode debilitar os ossos ao esgotar o fósforo e o cálcio do organismo. Efervescência: bicarbonato + ácido Fármacos Anti-secretores: Anti-muscarínicos Mecanismo de Ação Antagonistas dos R-ach (muscarínicos): M (antagonismo farmacológico competitivo) Eficácia precária e efeitos adversos. Bloqueio Muscarínico (Ach) Antimucarínicos x Secreção Gástrica Ácida (40 – 50%) NH N N O O N N CH3 Pirenzepina Fármacos Anti-secretores: Anti-muscarínicos Reações Adversas dos Antimuscarínicos Sedação Xerostomia Retenção Urinária Distúrbio de visão Reações Adversas dos Antimuscarínicos Taquicardia Hipertermia Constipação Redução do Esvaziamento Gástrico Fármacos Anti-secretores: Anti-histamínicos Histamina Cimetidina Ranitidina Famotidina C - Anel Tiazol C NS CH2SCH2CH2C(NH2)=NSO2NH N=C(NH2)2 Nizatidina NS CH2SCH2CH2NHC(NHCH3)=CHNO2 C N(CH3)2 CH2 HN CH2CH2NH3 + A N A - Anel ImidazolA CH2SCH2CH2NHC(NCN)NHCH3H3C NHN O CH2SCH2CH2NHC(CHNO2)NHCH3 B B - Anel Furano N(CH3)2 CH2 C - Anel Tiazol Mecanismo de Ação • Competem reversivelmente com os receptores H2 (células parietais) • Introduzidos no mercado na década de 70 e até os anos de 1990 eram amplamente utilizados (ainda em utilização) Fármacos Anti-secretores: Anti-histamínicos • Apresentam eficácia sintomática e sobre a cicatrização Índice de recorrência entre 60 a 100% Cimetidina: muitas interações medicamentosas Famotidina – usada na prevenção de úlceras causadas por DAINEs (pacientes da Reumatologia) e pode mascarar sintomas em pacientes com uso crônico de DAINEs (encoraja a ingesta maior de DAINEs e respectivas complicações) Fármacos Anti-secretores: Anti-histamínicos Particularidades dos Anti-H2 Cimetidina • Reações Adversas inespecíficas (tontura, diarreia, cefaleia e mialgia); • Efeito antiandrogênico - a ligação da testosterona ao receptor (ginecosmastia e disfunção sexual masculina) – há baixa afinidade pelo receptor Cimetidina • Efeito (ginecomastia, galactorreia e alterações SNC - delírios, alucinações, confusão, fala arrastada); • Inibição enzimática Citocromo P450 ( níveis plasmáticos - diazepam, varfarina, fenitoína, teofilina). Ranitidina • Efeito 5 a 10 vezes superior à cimetidina • Reações adversas inespecíficas Famotidina • Efeito 30 vezes superior à cimetidina • Duração efeito 24 h • Reações Adversas inespecíficas Particularidades dos Anti-H2 • Final da década de 80 • Na prática clínica as outras terapias vêm sendo substituídas pelos IBP. • São os mais eficazes supressores da secreção ácida gástrica e os mais empregados Fármacos Anti-secretores: Bloqueadores da Bomba Protônica Fármacos Anti-secretores: Bloqueadores da Bomba Protônica Fármacos Anti-secretores: Bloqueadores da Bomba Protônica S-enantiômero - Esomeprazol: isômero ativo - melhor composto, melhor perfil farmacocinético - alto nível plasmático • Cicatrização de úlceras gástricas e duodenais (especialmente refratárias aos anti H2; • Tratamento de doença por refluxo gastroesofágico (DRGE): - Esofagite erosiva • Síndrome Zollenger – Ellison - a enfermidade é definida por hipergastrinemia devida à presença de gastrinoma, levando ao aumento da acidez gástrica • Uso em crianças: seguro. • Reduzem a secreção ácida em 95% ou mais e índices de cicatrização de úlceras de cerca de 90% em 4 semanas (como os anti H2) • Mais eficazes no refluxo gastroesofágico e esofagite de refluxo duodenal Usos Terapêuticos Mecanismo de Ação Bloqueadores irreversíveis da bomba de prótons presente na célula parietal Dose única diária – acúmulo nos canalículos Ligação Covalente com a Bomba de Prótons – Secreção Gástrica Ácida – a secreção ácida só retorna após síntese de novas bombas) A forma neutra é base fraca, quimicamente estável e lipossolúvel Alcançam as células parietais através do sangue e se difundem até os canalículos, onde se tornam protonadas Dentro dos canalículos, devido ao alto conteúdo ácido, o fármaco é estruturalmentemodificado, sendo o pró- fármaco convertido a sua forma ativa sulfenamida, seguida pela ligação irreversível à bomba de próton, inibindo a secreção. Ativação e mecanismo de ação dos IBPs NH N S CH3H3C OCH3 N OCH3 Omeprazol H+ N S CH3H3C OCH3 + N N OCH3 Sulfonamida ativa – pró-fármaco (canalículo) OCH3 NH S H3C + N N S H+K+ ATPase Complexo sulfonamida - H+K+ATPase (ligação covalente) Mecanismo químico de ação do Omeprazol (LOSEC®) OCH3 CH3 O Grupo sulfidrila Reações Adversas dos Bloqueadores de Bomba Protônica Reações inespecíficas: (tontura, diarreia, cefaleia, náusea, flatulência) Hipergastrinemia: bomba de próton Gastrina secreção ácida Hiperplasia da Mucosa Antral: Tumores gastrintestinais SÃO RARAS ++ + Preparações orais: grânulos encapsulados e comprimidos para liberação entérica (liberação em meio alcalino para não degradar (c/ bicarbonato de sódio como tampão) Omeprazol + bicarbonato de sódio – liberação prolongada Preparações Intravenosas (sal sódico) pantoprazol que é mais estável á ácido - 80mg tem efeito por 21 horas Anti-histamínico H2 intravenoso é preferido Preparações dos IBPs Comparativo IBP X Anti- H2 Antagonistas R-H2, possuem efeito acentuado sobre a secreção noturna de ácido, porém exercem apenas um efeito moderado sobre a secreção estimulada pelo alimento. Os IBP suprimem acentuadamente a secreção de ácido estimulada pelo alimento e a noturna. Acidez intragástrica mediana de 24 h antes do tratamento (preto) e depois de 1 mês com ranitidina, 150 mg 2 vezes/dia (cor clara, bloqueio H2), ou omeprazol, 20 mg 1 vez/dia (cor escura, PBI) pH gástrico e IBPs Citoprotetores gástricos Protegem a mucosa sem interferir com a secreção ácida gástrica (endógenos e exógenos) • Enógenos – prostaglandinas (muco, bicarbonato, fluxo sanguíneo) • Óxido nítrico – vasodilatador • SH (glutationa reduizida) - antioxiodante • PGE2 e PGI2 (prostaglandina e prostaciclina) são sintetizadas pela mucosa gástrica e inibem o receptor EP3 nas células parietais AMPc e a secreção gástrica ácida. • Efeitos citoprotetores, produção (secreção) mucina e bicarbonato e fluxo sanguíneo da mucosa. Citoproteção • Análogos das Prostaglandinas: Misoprostol (Cytotec®) Arbaprostol Emprostil A. Análogos das Prostaglandinas Agonistas do Receptor de Prostaglandinas COOCH3 OH O OH HO O OH COOCH3 Diasteroisômeros do misoprostol Fármacos que aumentam as defesas da mucosa • Análogo sintético da PGE1 – 200mcg 4x/dia – torna a terapia inconveniente – muitos efeitos adversos • Análogos das PG exercem seu efeito de 3 maneiras: Inibindo receptores EP3 – AMPc e secreção ácida ↑ secreção de mucina e HCO3 - ↑ fluxo sanguíneo AINE – inibem PGE2 e PGI2, citoproteção mucosa gástrica (inibição da COX). • Formam um polímero viscoso em pH ácido e pegajoso que adere às células epiteliais e às crateras de úlceras; • Estimula produção de PGs; • Estimula fator de crescimento epitelial; Sucralfato Sal complexo de alumínio (Octasulfato + alumínio de sacarose) Sucralfato Sal complexo de alumínio (Octasulfato + alumínio de sacarose) • Reduz a degradação do muco pela pepsina • Limita a difusão do Hidrogênio • Inibe a ação da pepsina • Estimula a secreção de bicarbonato e prostaglandinas Sucralfato Sucralfato Bismuto coloidal • Formam película protetora na base da úlcera devido às ligações com glicoproteínas • Adsorve pepsina inibindo sua atividade • Estimula a produção local de prostaglandinas e bicarbonato • Bactericida que age sobre a membrana do Helicobacter pylori Reações Adversas dos Fármacos Citoprotetores A.Análogos das Prostaglandinas • 30% - Diarréia com ou sem dor; cólicas abdominais, náuseas, vômito, contração uterina, aborto (por aumentar a contração uterina), cefaléia. B.Sucralfato • Xerostomia, alteração no trânsito abdominal (prisão de ventre), exantema, tontura, diminuição da absorção de outros fármacos. C. Bismuto Coloidal • Sabor desagradável; • Língua, dentes e fezes escurecidos.
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