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Intensivo I Direito Civil

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Intensivo I LFG – DIREITO CIVIL – Prof. Pablo Stolze
www.novodireitocivil.com.br 36
Ler trabalho intitulado direitos da amante de Stolze.
	PERSONALIDADE JURÍDICA: 
	Para Clóvis Beviláqua, a personalidade jurídica é mais do que um processo de atividade psíquica, é também uma criação social exigida para por em movimento o aparelho jurídico. Conceitualmente a personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito (seja pessoa física, seja pessoa jurídica). 
Repita – se, para Clóvis Beviláqua, a personalidade, para o direito, não é apenas um processo de atividade psíquica, mas sim uma criação social moldada pela ordem jurídica, sendo um conceito técnico-jurídico. Então, para que seja um sujeito de direitos deverá haver personalidade jurídica.
Pessoa Física ou natural.
	
Em que momento a pessoa física (ou natural, ou ente de existência visível) adquire personalidade jurídica? 
Aparentemente, a resposta encontra-se, seguindo uma interpretação literal, na primeira parte do art. 2º do CC, a personalidade jurídica é adquirida com o nascimento com vida, (“A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, ou seja, com funcionamento do aparelho cardiorespiratório) mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
A segunda parte do art. 2°, todavia, dispõe que o nascituro teria direitos desde a concepção, o que nos remeteria a idéia de que também teria personalidade jurídica, indo de encontro a primeira parte do referido artigo.
Este conflito tenta ser solucionado por meio das teorias explicativas do nascituro, temática acentuadamente polêmica.
Código Civil - Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida [teoria natalista]; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro [teoria concepcionista]. 
Obs: O direito espanhol (art. 30 do código da Espanha), para efeito de reconhecimento da personalidade jurídica, exige forma humana e tempo mínimo de sobrevivência de 24 horas do recém-nascido, o que, notadamente, viola a dignidade da pessoa humana.
Obs.: Nascer com vida significa o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do recém-nascido (ver Resolução n. 01/88 do Conselho Nacional de Saúde – art. 29, item 6 – “Nascimento vivo — é a expulsão ou extração completa do produto da concepção quando, após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta”). Diferentemente dos requisitos exigidos no art. 30 do Código Civil Espanhol, o direito brasileiro, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, não exige do recém-nascido forma humana, nem tempo mínimo de sobrevida.
Vale lembrar da docimasia hidrostática de Galeno, tradicionalmente serve para aferir o nascimento com vida do recém nascido.
	Teorias explicativas do nascituro: (recomenda – se a título de pesquisa a obra “A tutela civil do nascituro de Silmara chinelato”
Conceito de nascituro: Segundo Limões de França, é o ente, com existência intra-uterina, concebido, mas ainda não nascido. O embrião que se encontra em laboratório, congelado, não podem ser denominados nascituros, pois não se encontram no interior de um útero. As três teorias fundamentais explicativas do nascituro são as seguintes: teoria natalista, teoria concepcionista e teoria da personalidade condicional ou formal.
O que é concepturo? O concepturo, que com o nascituro não se confunde é aquele que nem concebido ainda foi (prole eventual).
 Teoria natalista: (Vicente Ráo, Silvio Rodrigues, Eduardo Espínola, Silvio de Salvo Venosa e a maioria da doutrina clássica) enfatizando a primeira parte do artigo 2º do Código Civil, esta teoria sustenta que a personalidade somente é adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro não é considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito. O nascituro é apenas um ente concebido ainda não nascido, desprovido de personalidade. Vale dizer, o nascituro não é pessoa, gozando apenas de mera expectativa de direito. A teoria natalista é importante para o avanço da ciência, pois se agarra na idéia que o nascituro é uma coisa, somente tendo direitos após o nascimento com vida.
Teoria da personalidade condicional ou formal: Para esta segunda teoria, o nascituro somente passaria a ter PLENA PERSONALIDADE sob a condição de nascer com vida, ou seja, o nascituro teria uma personalidade formal quanto a direito personalíssimos, mas somente consolidaria personalidade material, quanto a direitos patrimoniais com o nascimento condicional com vida (Arnoldo Waldi e Serpa Lopes). A crítica gira em torno de como uma pessoa pode ser pessoa pela metade? Existem inúmeras situações, presentes no ordenamento jurídico brasileiro, em que o nascituro é considerado sujeito de direitos materiais e imateriais. 
Teoria concepcionista: (Teixeira de Freitas, Clóvis Beviláqua, Silmara Chinelato – doutrina mais moderna, com base no direito francês) Para esta teoria a personalidade jurídica, inclusive para efeitos patrimoniais, seria adquirida desde a concepção: o nascituro, portanto, é sujeito de direitos. (Obs.: É como se o nascimento com vida operasse um efeito ‘ex-tunc’ à data da sua concepção). É esta teoria que fundamenta e justifica o direito aos alimentos para o nascituro, dentre outros direitos. [ver jurisprudência no material de apoio]. A inumeras ferramentes de proteção ao nascituro de acordo com nosso direito vigente.
Pergunta: Qual é a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro?
Seguindo o ensinamento de Clovis Beviláqua na obra clássica “Comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil”, 1975, ed. Rio, pag. 178, que	aparentemente, preferiu o codificador, ao afirmar que a personalidade da pessoa começa do nascimento com vida, pretendeu abraçar a teoria natalista “por ser mais prática. Todavia, sofre inequívoca influência concepcionista, ao tratar o nascituro como pessoa, reconhecendo-lhe diversos direitos. Em inúmeros pontos do próprio Código Civil percebe-se a influência da teoria concepcionista (ex.: parte final do art. 2º do CC - “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”). Vale acrescentar que ao julgar a ADI 3510-0 (que questionou a lei de biosegurança) houve uma parente reforço a teoria natalista, embora o embate entre as teorias não haja sido ainda pacificado. Por fim, vale acrescentar que, ainda que se adote teoria natalista a luz do princípio da dignidade da pessoa humana, não há exigência para o recém nascido de tempo mínimo de sobrevivência ou forma humana como no Código civil espanhol.
Questões especiais referentes ao nascituro
 O nascituro na linha de jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul AI 70006429096 a teor da lei 11.804/08 tem direito aos alimento gravídicoss, o que indica influência concepcionista.
Obs.: Também com base na teoria concepcionista, vale lembrar que o STJ já admitiu, inclusive, no REsp 399.028/SP e RESP 147.319-0, dano moral (lesão ao direito da personalidade) ao nascituro, reforçando, ainda mais, a teoria ora estudada.[ver ementa no material de apoio].
Noticiário recente do STJ de 15/05/2011 informa que a terceira turma admitiu que pais recebessem indenização pelo seguro DPVAT por morte de nascituro em acidente automobilístico.
Pergunta: O que se entende por natimorto?
Obs.: O Enunciado n. 1º da I Jornada de Direito Civil afirma que o natimorto goza de tutela jurídica no que tange ao nome, à imagem e à sepultura, a luz dos direitos da personalidade (“A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”). Vale salientar que os enunciados não são jurisprudência, se caracterizando como posicionamento da doutrina.
Não podemos confundir, jamais,os seguintes termos: (a) Nascituro: que é termo da lei para o ente concebido no ventre materno (é o gênero do qual embrião e feto são espécies); (b) Embrião: que é o produto da concepção desde a fecundação do óvulo até o final da 12ª semana de gestação (o embrião congelado em laboratório não é espécie de nascituro); (c) Feto: que é o produto da concepção desde o início da 13ª semana, até a expulsão ou extração; (d) Natimorto: que é o nascido morto. É o feto que foi expulso do útero já morto.
	CAPACIDADE
Desdobra - em capacidade de direito ou de gozo e capacidade de fato ou de exercício: 
Capacidade de direito: (capacidade de gozo) Segundo Orlando Gomes (Introdução ao direito civil. Ed. Forense), a capacidade de direito confunde-se com o conceito de personalidade, uma vez que toda pessoa é dotada desta capacidade genérica, ou seja, é a capacidade jurídica genericamente reconhecida a qualquer pessoa; Atente para o fato que não existe a incapacidade de direito. 
Capacidade de fato (ou de exercício): Traduz a capacidade de, pessoalmente, exercer os atos da vida civil (capacidade de exercício, maioridade civil). Por óbvio, nem todas as pessoas a tem.
	A soma dessas duas capacidades dá origem ao que chamamos de Capacidade Civil Plena. 
	Obs.: Não podemos confundir capacidade e legitimidade. Uma pessoa pode ter a capacidade plena, mas estar circunstancialmente impedida de praticar determinado ato. Neste caso, falta-lhe legitimidade (art. 1749, I e 1521, IV, ambos do CC). A falta de legitimidade significa que, mesmo sendo capaz, a pessoa está impedida por lei de praticar determinado ato (ou seja, trata-se de um impedimento específico para a prática de determinado ato). Já a falta da capacidade de fato gera a incapacidade civil, que pode ser absoluta ou relativa. 
Ex. de falta de legitimidade: proibição de irmãos plenamente capazes de casarem entre si; proibição de alienação de bens do pupilo pelo seu tutor. 
A legitimidade, segundo Calmões de passos, traduz a pertinência subjetiva para a prática de determinados atos, não se confudindo com a capacidade, na medida em que, mesmo capaz, uma pessoa pode não ter legitimidade para a pratica de um ato pretendido a exemplo do que se lê no art. 1521 IV no Código Civil.
A falta da capacidade de fato gera a denominada incapacidade civil e esta incapacidade civil pode ser: Absoluta ou Relativa.
	Incapacidade absoluta: são representados.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos; [são considerados menores impúberes]
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;* [não se deve mais chamar louco de todo gênero, assim como era no código civil anterior]
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (ex.: alguém que tenha sido vítima de intoxicação fortuita por um ‘boa noite cinderela’; um paciente em coma, pessoa em coma)
*Obs: mediante procedimento de interdição, nos termos dos artigos 1.177 a 1.186 CPC, o Juiz de direito, com auxílio da perícia médica, poderá reconhecer a incapacidade civil absoluta decorrente de enfermidade ou deficiência mental que priva a pessoa do necessário discernimento proferida, registrada e publicada a sentença, qualquer ato que o incapaz pratique, mesmo em intervalo de lucidez, sem o seu curador padece de invalidade.
	Que tratamento jurídico deve ser dado a pessoa que, POSTO NÃO INTERDITADA, mas enferma, pratica um ato jurídico que lhe é prejudicial? Este ato é passível de invalidação? [observe que o ordenamento brasileiro não fala nada sobre o tema, devendo a resposta ser dada através da comparação ao direito estrangeiro]
	Com base na doutrina italiana e da francesa, Orlando Gomes admitem que o ato praticado pelo incapaz ainda não interditado pode ser invalidado, desde que observados 03 (três) requisitos:
Incapacidade de discernimento/entendimento (entender e querer); 
Prejuízo do incapaz ainda não interditado; 
Má-fé da outra parte (que pode ser auferida com base na análise das circunstâncias do negócio). Silvio Rodrigues sustenta que a má-fé da outra parte pode ser circunstancialmente aferida. 
Obs.: Reforçando a tese defensiva da invalidação do ato, em favor do incapaz ainda não interditado, merece referência o art. 503 do Código da França, que na mesma linha, admite que os atos anteriores à interdição possam ser invalidados se a incapacidade já existia ao tempo da sua prática.
	
	A intoxicação fortuita que prive a capacidade de entendimento poderá justificar a incapacidade absoluta do inciso III do art. 3°. Não é o caso, todavia, daquele que voluntariamente se embriaga ou intoxica, colocando – se em situação de incapacidade e cometendo o ilícito. Teoria da actio libera in causa.
	Hora, se o inciso III do artigo 3° estabelece a incapacidade absoluta por uma causa temporária privativa da capacidade de entendimento, por óbvio o surdo mudo, que não tem habilidade para manifestar o seu querer estaria implicitamente admitido por ser vítima de uma causa permanente.
	Quanto ao ausente, foi tratado no art 6° no âmbito da morte presumida.
		O surdo-mudo que não tenha habilidade para manifestar a sua vontade, apesar de o Código Civil de 2002 não tê-lo previsto em inciso específico (o código de 1916 trazia tal previsão), pode está subsumido implicitamente na previsão do inciso III, do art. 3º do CC (“os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade”).
	Obs.: A senilidade (idade avançada), por si só, NÃO é causa de incapacidade absoluta no direito brasileiro. Por isso mesmo é que alguns autores consideram inconstitucional o inciso II, do art. 1.641 do CC, que diz ser “obrigatório o regime da separação de bens no casamento: II - da pessoa maior de sessenta anos”. ATENTO QUE AGORA É SETENTA ANOS A IDADE. A IDADE AVANÇADA POR SI SÓ NÃO É CAUSA DE INCAPACIDADE CIVIL.
	Importante: Os absolutamente incapazes são todos representados. Enquanto que os relativamente incapazes são assistidos.
	INCAPACIDADE RELATIVA: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
(Inciso I) - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos – chamados de menores púberes;
(Inciso II) - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido – Alvino Lima lembra que a teoria da “Actio libera in causa”, adotada em países como a Bélgica, Alemanha e Suíça, também pode ser aplicada no direito civil brasileiro, de maneira que a pessoa que voluntariamente se intoxica não está isenta de responsabilidade civil, sob pena da alegação de incapacidade do inciso II do art. 4º do CC;
(Inciso III) - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; não havia no código velho. 
(Inciso IV) - os pródigos – São aqueles que, desordenadamente, dilapidam o seu patrimônio, podendo reduzir-se à miséria. O sistema jurídico brasileiro admite a interdição do pródigo, de forma que o seu curador irá assisti-lo em atos de conteúdo patrimonial (art. 1.782 do CC – “A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”). A prodigalidade, causa de incapacidade relativa do agente, nos termos do inciso IV do art. 4º, passível de ser reconhecida em procedimento de interdição, caracteriza a pessoa que, gasta imoderadamente seu patrimônio, podendo reduzir-se à miséria.
Justifica-se a interdição do pródigo, além do interessepúblico (já que se ele reduzir sua própria condição à miséria passará a ser responsabilidade do Estado), na teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo, desenvolvida pelo Prof. Luiz Edson Fachin.
Questão especial de concurso do MP MG: O que se entende por estatuto jurídico do patrimônio mínimo? 
Tese desenvolvida pelo professor Luiz Edson Fachin, segundo a qual, em uma perspectiva civil-constitucional, e em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, as normas civis em vigor devem resguardar a cada indivíduo um mínimo de patrimônio para que cada pessoa tenha o mínimo essencial para viver com dignidade. Ex. normas protetoras do bem de família
Pergunta – concurso do MP: o curador do pródigo pode se manifesta no casamento (procedimento de habilitação) dele? 	O curador deve se manifestar no que tange no regime de bens adotado, pois são aspectos patrimoniais do casamento. Nessa linha de raciocínio, questiona-se se o pródigo precisaria da autorização do seu curador para casar? Sim. O curador do pródigo pode, inclusive, se manifestar quanto ao casamento do pródigo, mas apenas naqueles aspectos que disserem respeito ao regime de bens e pacto antenupcial (que são aspectos patrimoniais) desse casamento.
Obs.: Vale lembrar, nos termos do art. 1782, CC, que o curador do pródigo não irá representá-lo em todos os atos, mas apenas assisti-lo em atos de repercussão patrimonial.
O código civil 2002 não regulou a capacidade dos índios como explicitado abaixo:
	Parágrafo único do art. 4º do CC – “A capacidade dos índios será regulada por legislação especial”. A capacidade civil do índio está regulada na Lei n. 6.001/73 (Estatuto do índio). Em seu art. 8º, o Estatuto do índio trata apenas do índio não integrado, este como absolutamente incapaz, determinando a necessidade de representação do órgão específico (FUNAI) (“São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente”).
	O que se entende no âmbito da teoria geral do direito civil (no estudo da incapacidade), por restitutio in integrun? Também chamado de benefício de restituição lembra Clóvis Bevilaqua, este instituto concedia ao incapaz a prerrogativa de ainda que celebrasse um negócio juridicamente perfeito, sem vício de nenhuma ordem, pedir de volta o que pagou simplesmente alegando prejuízo.
		
	Pergunta: No campo da proteção do incapaz é aplicável o benefício de restituição (restitutio in integrum)?
 
Trata-se, segundo Clóvis Beviláqua, do benefício reconhecido ao incapaz para permitir que ele possa anular qualquer ato que lhe seja prejudicial. Este benefício continua proibido em respeito à boa-fé e à segurança jurídica dos negócios. Todavia, caso exista conflito de interesses entre o representante e o incapaz, pode-se invocar o art. 119 do CC para anular o negócio (“É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou”). Se não houve nenhum vício, não há por que cancelar o negócio jurídico.
	EFEITOS DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL: nos dias de hoje a maioridade civil é atingida aos 18 anos, nos termos do art. 5° do Código Civil, no mesmo tempo em que também é alcançada a maioridade penal.
	Segundo Washington de Barros Monteiro, a maioridade é atingida no primeiro instante do dia em que se completam os 18 anos, atinge – se aqui a maioridade civil.
	No campo previdenciário 
	A redução da maioridade civil para 18 anos prejudicou a percepção de benefícios previdenciários?
 Não. Prevalece o entendimento (na doutrina Ítalo Romano e Geane Aragão) do Enunciado n. 3º da I Jornada de Direito Civil (“A redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial”), de modo que se deve respeitar o limite etário específico da legislação previdenciária, qual seja 21 anos. Corroborando com esse entendimento o Governo Federal (nota SAJ 42/03) firmou o entendimento nesse sentido, ou seja devem ser pagos observando-se o limite etário da norma especial (21 anos) e não do código civil.
	No campo penal
	Essa redação da maioridade civil prejudicou algum dos benefícios penais relativos à menoridade? (ex.: art. 65, I do CP – “São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença”). 
Não. O benefício da menoridade continua em vigor, à luz do princípio da individualização da pena.
	No campo do direito de família
O STJ já pacificou que a maioridade civil não implica cancelamento automático da pensão alimentícia (RESP 442.502/SP; 347.010/SP) e, reforçando ainda mais a tese da jurisprudência, o mesmo tribunal editou a súmula 358, determinando que o cancelamento do pagamento da pensão deve respeitar o contraditório e o devido constitucional. A redução da maioridade civil ocorrida com a alteração advinda do novo Código Civil (de 21 para 18 anos) não implica a exoneração automática da pensão alimentícia [STJ, REsp 347.010]. Este mesmo raciocínio aplica-se ao alimentando que atinge os 18 anos de idade; ou seja, não implica a suspensão automática da pensão alimentícia recebida.
Aula 02 – dia 26/07/2011
	Obs.: Na mesma linha do que foi comentado na aula anterior acerca dos direitos do nascituro, registre-se a existência do Projeto de Lei n. 07/2007 (que tramita no Senado) que visa incluir o nascituro como dependente junto ao órgão previdenciário. Além disso, o Projeto de Lei n. 7.376/06 buscar regulamentar os alimentos em favor do nascituro.
	O STJ tem reafirmado o entendimento de que o Ministério Público não tem legitimidade para interpor recurso da decisão que exonerou o devedor de alimentos por conta da maioridade do credor [REsp 982.410/DF, julgado em 06.12.2007].
	Emancipação: 
Prevista em diversos sistemas do mundo a exemplo do alemão, suíço e do português, permite a antecipação da capacidade civil. É um instituto jurídico que antecipa os efeitos da maioridade civil.
	Vale lembrar, que a emancipação não antecipa a capacidade penal, que só atingida aos 18 anos de idade. Importante registrar que ele poderá ser civilmente preso por descumprimento de pensão alimentícia, pois a prisão civil não pressupõe a imputabilidade penal.
	O menor antecipado não poderá habilitar – se junto ao Detran, uma vez que o art. 140 I CTB, exige como condição para obtenção do documento a putabilidade penal.
	
Sobre o assunto, Washington de Barros Monteiro lembra que a maioridade é atingida no primeiro instante do dia do natalício. A emancipação permite a antecipação da capacidade civil plena, podendo ser de 03 (três) espécies: voluntária( inciso I primeira parte), judicial (inciso I segunda parte) e legal (inciso II a V).
	Obs.: O Código de Portugal (art. 133), na mesma linha do nosso ordenamento jurídico, estabelece a possibilidade de alcance da capacidade civil plena de maneira antecipada através do instituto da emancipação.
	Obs.: previsão legal no ordenamento jurídico brasileiro
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial (voluntária), ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos (judicial);
II - pelo casamento; (legal)
III - pelo exercício de emprego público efetivo; (legal)
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; (legal)
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existênciade relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (legal)
(a) Emancipação voluntária: (art. 5º, § único, I, primeira parte do CC - Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. Trata-se daquela emancipação concedida por ato dos pais, ou por um deles na falta do outro, em caráter irrevogável, por instrumento público, independentemente de homologação do juiz e desde que o menor tenha, pelos menos, dezesseis anos completos.
	A emancipação voluntária é um ato conjunto dos pais (de ambos os pais, independentemente de quem detenha a guarda do filho). Se um deles é morto, destituído do poder familiar, a partir daí é justificada a ausência do outro.
	Embora o código nada diga o menor não precisa autorizar a sua emancipação, mas é recomendável a sua participação na confecção do instrumento público adequado, já que tal ato repercutirá diretamente em sua esfera jurídica, inclusive no âmbito da responsabilidade civil do emancipado.
	Trata-se de um ato irrevogável.
	A doutrina e a jurisprudência brasileiras, a exemplo do prof. Silvio de Salvio Venosa, tem sustentado a tese no sentido de que a emancipação do menor não elide a responsabilidade civil dos pais, em respeito ao direito da vítima (RTJ 62/108; RT 494/92) até o filho completar 18 anos de idade (“os pais não podem emancipar os irresponsáveis”).Em suma a jurisprudência do próprio STF, assim como a doutrina apontam no sentido de que, na emancipação voluntária, os pais, permanecem responsáveis pelos ilícitos causados pelo menor antecipado até que atinja 18 anos de idade.
(b) Emancipação judicial: (art. 5º, § único, I, segunda parte do CC - Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. É aquela concedida pelo juiz por sentença em procedimento de jurisdição voluntária, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos.
 
	É, especialmente, concedida aos menores que não tenham pais (na maioria das vezes órfãos) que estão sob tutela ou que os pais perderam o poder familiar sobre eles. Quem emancipa o menor sob tutela é o juiz e não o tutor, que apenas é ouvido. Sempre que houver conflito de interesse entre tutor e tutelado, nomeia – se um advogado para fazer o pedido e ser curador do processo. 
(c) Emancipação legal: É aquela que se opera por força de lei (automaticamente). (art. 5º, § único, II a V do CC - Cessará, para os menores, a incapacidade:).
Inciso II - pelo casamento. O art. 1.517 do CC equiparou o homem e a mulher em idade núbil para o casamento, que é de 16 anos (apenas caráter excepcional o art. 1.520 do CC admite o casamento abaixo dos 16 anos – visando evitar o cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez). Vale ressaltar que, entre os 16 e 18 anos, é preciso da autorização dos pais para que os nubentes contraiam matrimônio. Após o casamento com a devida autorização dos pais, haverá emancipação legal pelo casamento.
	Mesmo que haja separação judicial ou divorcio não há prejuízo para emancipação. Diferente é a hipótese de um casamento ser invalidado. Nesse caso, razão assiste, a despeito da polêmica, a autores como Zeno Veloso que sustentam restar prejudicada a emancipação, na medida em que a sentença de invalidade do casamento tenha eficácia retroativa (ressalvada a hipótese do casamento putativo).
	Obs.: A Lei n. 11.105/2005 derrogou o art. 107 do CP, de maneira a não mais considerar o casamento causa extintiva da punibilidade. Porém, embora o casamento não seja mais, de per si, causa extintiva da punibilidade, esta poderá ser extinta por uma outra via, qual seja, o perdão da vítima que aceitar casar com o ofensor.
PERGUNTA IMPORTANTE
Operada a emancipação pelo casamento, a separação judicial e o divorcio interferem nos seus efeitos?
A emancipação é mantida, uma vez que a separação e o divorcio projetam os seus efeitos para o futuro. Ainda que haja divórcio ou separação a emancipação é mantida. Todavia, o mesmo não ocorre se o casamento for invalidado, ou seja, a emancipação será invalidada, pois, desta feita, é forte a doutrina no Brasil – ver Pontes de Miranda e Flávio Tartusse– no sentido de que a sentença que invalida o casamento tem eficácia retroativa, com o condão de cancelar o registro matrimonial desde o início (status quo ante). Assim, é lógico concluir que a emancipação perderá eficácia, ressalvada a hipótese do casamento putativo.
	Obs.: Aplica-se aqui o mesmo raciocínio aplicado ao estado civil daquela pessoa que casa e depois consegue anular o casamento (torna a ser solteira).
	Atenção!!! A única hipótese de invalidação de casamento em que o menor continua emancipado é o casamento putativo em que o menor estava de boa-fé.
Inciso III - pelo exercício de emprego público efetivo. Apesar de a lei falar em emprego público, o cargo público efetivo também emancipa (qualquer dessas situações é de difícil ocorrência, já que a maioria dos concursos públicos exigem idade acima de 18 anos). (ex.: assunção de função pública efetiva em carreira militar, que pode ocorrer aos 17 anos de idade).
Inciso IV - pela colação de grau em curso de ensino superior. Outra situação bastante difícil de ocorrer já que, em contas rápidas, seria preciso que o sujeito entrasse no curso superior com 12 ou 13 anos (para poder colar grau antes dos 18 anos).
Inciso V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Neste único inciso percebe-se três hipóteses de emancipação legal:
(i) menor com 16 anos completos que seja titular de um estabelecimento civil (prestação de um serviço técnico, artístico, científico) + economia própria; 
	
(ii) menor com 16 anos completos que seja titular de um estabelecimento comercial (empresarial) + economia própria; 
(iii) menor com 16 anos completos com relação de emprego + economia própria; Não basta ser aprendiz, é preciso necessariamente ser empregado.
	Obs.: Economia própria é um conceito aberto/indeterminado/vago/fluídico a ser preenchido pelo juiz no caso concreto à luz das circunstancias do caso concreto, do princípio da operabilidade� (ou concretude). Assim, a percepção de um salário mínimo, a depender do caso, poderá caracterizar ou não economia própria. Tudo dependerá da interpretação judicial a luz do princípio da operabilidade. Esses conceitos abertos são chamados de “poros axiológicos” e visam facilitar a aplicação da norma ao caso concreto.
À luz do princípio da segurança jurídica, caso o menor seja demitido, ele não deve retornar à situação de incapaz, mas claro que há uma dificuldade probatória acerca da emancipação após a demissão.
Obs: Nas aulas de Teoria do contrato deverá ser vista a diferença entre conceito aberto e clausula geral (Judite Martins-Costa). Deverá ser visto que a clausula Geral, além de conter um conceito aberto, tem uma força normativa muito maior na medida em que interfere e condiciona a própria atividade do julgador.
Ex. de clausulas gerais: função social e boa fé objetiva.
	Obs2.: O emancipado, nos termos do art. 16, I da Lei n. 8.213/91 não tem direito ao benefício previdenciário (“São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido”). Isso se dá em virtude de uma presunção de que não haveria mais dependência econômica.
	Não podemos olvidar que a emancipação não antecipa a imputabilidadepenal que só advém aos 18 anos (mas apesar de não poder ser preso por uma responsabilização penal, nada obsta que o menor emancipado seja preso em virtude da dívida de uma obrigação civil – alimento..
	Extinção da pessoa física ou natural
Na forma do art. 6º do código civil, a morte marca o fim da pessoa física ou natural. 
Art. 6º do CC – “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
Tradicionalmente, a extinção da pessoa civil opera-se em virtude da parada total do aparelho cardio-respiratório. No entanto, a Comunidade Científica mundial, bem como o Conselho Federal de Medicina tem afirmado que o marco mais seguro para se aferir a extinção da pessoa física é a morte encefálica (já que a parada cardio-respiratória é reversível, mas a morte encefálica, não). 
Resolução n. 1480/97 do CFM e 1826/07 – “(...) Considerando que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial”.
	A dificuldade na definição exata do que seja a morte (a ciência que estuda a morte é a tanatologia) evidencia-se pelo fato de que a morte, verdadeiramente, é um processo e não um fato.
	Obs.: A morte deve ser declarada por profissional da medicina, admitindo-se, na ausência deste, nos termos do art. 77 da Lei n. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), que a declaração de óbito possa ser feita por duas testemunhas.
	O sistema jurídico brasileiro admite além da morte real (à vista do cadáver), hipóteses de morte presumida: 
(a) decorrente da ausência, quando aberta a sucessão definitiva dos bens do ausente (ver texto complementar detalhado sobre ausência no material de apoio); 
(b) decorrente das situações do art. 7º do CC.
(a) Morte presumida por ausência: A ausência (analisada em texto complementa no material de apoio), disciplinada a partir do artigo 22 do Código Civil, é o procedimento em que se declara o estado de desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio sem deixar procurador. Foi tratada pelo codificador como uma situação de morte presumida, a partir do momento em que é aberta a sucessão definitiva dos bens do ausente (ver apostila no material de apoio). Assim, a pessoa ausente, após o prazo do procedimento, é considerada presumidamente morta.
	Art. 6º do CC – “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
	A sentença que decreta a ausência não é registrada no livro de óbito, mas é registrada em livro próprio (livro de ausentes).
(b) Morte presumida do art. 7º do CC: (art. 7º do CC – “Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, aqui é um procedimento de justificação: (I) - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; (II) - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra”). Estas hipóteses não se confundem com a ausência.
	Segundo a inteligência do parágrafo único do art. 7º do CC, “A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento”. Ou seja, nestes casos, a morte é conferida após um procedimento de justificação.
	A sentença que reconhece a morte presumida nas hipóteses do art. 7º do CC, diferentemente do que ocorre com a ausência, é registrada no livro de óbito. 
	Comoriência: 
Trata-se de uma situação jurídica especial prevista no art. 8 do CC em que duas ou mais pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se possam aferir os momentos das suas mortes. Traduz uma hipótese de morte simultânea. Somente se aplicará se não houver indicação da ordem cronológica dos óbitos.
Na prática, a aplicação desta regra resulta na abertura de cadeias sucessórias autônomas e distintas de maneira que um comoriente nada herda do outro.
Não é necessário que esteja no mesmo lugar, apesar da maioria dos casos seja no mesmo lugar.
	
A comoriência não será aplicada se houver ordem cronológica dos óbitos. Sendo assim, no Brasil, aliando-se ao direito argentino e chileno, caso não haja indicação da ordem cronológica das mortes, considera-se ter havido morte simultânea, de maneira que um comoriente não herda do outro, abrindo-se cadeiras sucessórias autônomas e distintas, nos termos do art. 8º do CC – “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu ao outro, presumir-se-ão simultaneamente mortos”.
	A regra da comoriência tem sido aplicada também para o pagamento de indenização de seguro de vida entre parentes [Ag.Inst. 75129416/RS].
	
	Quais os principais efeitos da maioridade civil? 
Sem Prejuizo da análise feita em outras disciplinas, destacamos que, no âmbito do direito de família, já pacificou o STJ RESP 442502SP, Sumula 358 do STJ, que o alcance da maioridade civil não implica cancelamento automático da pensão alimentícia, exigindo – se a instauração do contraditório.
Alcançado 18 anos, não implica retirada automática da pensão alimentícia, pois já é consolidado que a pensão em respeito ao interesse existencial do Alimentando, deve ser paga até a conclusão dos estudos (em torno dos 24 anos de idade). Para cancelar pensão tem que ter contraditório para provar necessidade e capacidade.
Outro aspecto importante diz respeito ao pagamento de benefício previdenciário que, nos termos da nota saj 42/2003 e do enunciado n° 03 da primeira jornada de direito civil, deve se dar respeitando – se o limite etário da própria lei previdenciária, norma especial em face do código civil.
OBS: vale apena a leitura do resp 1.074.181 STJ PB referente ao pagamento de benefício previdenciário. Se a lei previdenciária diz que tem que pagar até 21 é ate 21 que paga o benefício, não importa se está estudando ou não.
PESSOA JURÍDICA: 
Antigas Denominações: Já houve quem chamasse pessoa jurídica de pessoa moral, pessoa abstrata, pessoa mística, ente de existência ideal (Teixeira de Freitas). Mas no Brasil, optou-se pela expressão pessoa jurídica que, assim como a pessoa natural é um sujeito de direito.
	A pessoa jurídica nasce para o direito sob a influência da sociologia, porque na história do direito a pessoa jurídica nasceu como decorrência do fato associativo (a exemplo do Estado, das corporações, etc.). Por isso é que, num primeiro conceito, é possível afirmar que pessoa jurídica é o grupo humano personificado pelo direito (criado na forma da lei com personalidade jurídica própria) com o objetivo de realizar finalidades comuns.
Em termos sociológicos, lembra o professor Antonio Luiz machado neto, observamos que a pessoa jurídica é categoria que nasce como decorrência do próprio fato associativo, na natural tendência que tem o homem, complementa Caio Mario, de agrupar – se em círculos de maior ou menor magnitude. Orlando Gomes, por sua vez, observa que o direito sentiu necessidade de personificar estes grupos, transformando – os em sujeitos de direito que com a pessoa física não se confundiria. Surge assim, a pessoa Jurídica, que para Teixeira de Freitas, melhor seria denominada de “ente de existência ideal”. Conceitualmente, sem embargo de existirem pessoas jurídicas de natureza especial, poderemos, em um primeiro momento, como decorrência do fato associativo, conceituar ou definir a pessoa jurídica como um grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria para atingir fins comuns. Mas, como dito, pessoa jurídicas há de natureza especial com características próprias, como as fundações e as Eireli.
	Teorias explicativas da pessoa jurídica: PODE CAIR EM CONCURSO EM PROVA ABERTA.
(1) Corrente negativista (Brinz; Bekker; Planiol; Ihering; Dugiut) Negava apropria categoria da pessoa jurídica como sujeito de direitos. Sob variados argumentos (que tratava-se de um patrimônio afetado a um fim; ou um patrimônio coletivo; ou um mero grupo de pessoas físicas agrupadas; etc), os negativistas diziam que a pessoa jurídica não existia. Entendiam que a pessoa jurídica seria, no máximo, um grupo de pessoas físicas reunidas, um condomínio. Essa corrente não vingou, prevalecendo a corrente citada abaixo.
(2) Corrente afirmativista: Aceitava a personalidade da pessoa jurídica. Subdivide-se em várias subcorrentes:
2.1 – Teoria afirmativista da ficção: (Savigny-Windschied) Para esta teoria, a pessoa jurídica não teria existência social, mas sim uma existência abstrata ou ideal, de maneira que seria um produto da técnica jurídica (em outras palavras, a pessoa jurídica seria uma abstração sem realidade social). Segundo essa teoria, portanto, uma pessoa jurídica não poderia atuar no campo social – entendimento muito próximo da teoria de Hauriour. Essa teoria tinha a dificuldade de reconhecer a dimensão social da pessoa jurídica.
2.2 – Teoria afirmativista da realidade objetiva (teoria como teoria organicista ou sociológica): (Clóvis Beviláqua) Para esta teoria, influenciados pelo organicismo sociológico�, contrariamente, afirmavam que a pessoa jurídica teria existência social consistindo em um organismo vivo na sociedade. Essa teoria pecava no ponto de reconhecer a pessoa jurídica como um organismo vivo, tratando-se do extremo oposto da teoria afirmativa da ficção.
2.3 – Teoria afirmativista da realidade técnica: (Saleilles e Ferrara) Equilibra as duas teorias anteriores, uma vez que reconhece a atuação social da pessoa jurídica, admitindo ainda que a sua personalidade é fruto da técnica jurídica. (Ou seja, a pessoa jurídica seria personificada pelo direito, embora tivesse atuação social enquanto sujeito de direito).
	Para a primeira teoria, a pessoa jurídica, seria fruto apenas da técnica para o direito, tendo existência meramente ideal, sem reflexo de significado social.
	Já a segunda teoria, em pólo oposto, conferia a pessoa jurídica apenas dimensão social, como se fosse um mero organismo sociológico, desprezando – se a técnica jurídica. 
	Finalmente, a terceira teoria, mais equilibrada, fica a meio caminho: Reconhece que a pessoa jurídica é personificada pela técnica do direito, sem desprezar a sua autonomia e atuação social.
	O Código Civil brasileiro adotou a teoria da realidade técnica através do caput do seu art. 45 e no parágrafo primeiro (art. 45 do CC - “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”).
Em que momento se dá o nascimento da pessoa jurídica, ou de que maneira a Pessoa Jurídica se forma ou ainda como a pessoa jurídica se personifica?
Nos termos do Art. 45 do CC, a pessoa jurídica de direito privado se constitui mediante registro do seu ato constitutivo (contrato social ou estatuto) no registro público competente (Em geral, junta comercial ou CRPJ)exigindo – se em determinados casos, autorização especial do poder executivo.
 	Obs.: A falta do registro público do ato constitutivo caracteriza o ente como sociedade despersonificada (irregular ou de fato), disciplinada a partir do art. 986 do CC e que a doutrina clássica (Waldemar Ferreira) costumava denominar de sociedade irregular ou de fato em que a responsabilidade recai em seus próprios sócios – “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples”.
	Embora esta pessoa jurídica (sem registro do ato constitutivo) não seja tecnicamente personificada (são entes despersonificados), pode gerar a responsabilidade pessoal e ilimitada dos sócios. Vale lembrar, nos termos do art. 12 do CPC, que também não são pessoas jurídicas, mas apenas entes despersonificados com capacidade processual, o condomínio, o espólio, a massa falida e a herança jacente.
	
No código civil brasileiro, as pessoas jurídicas de direito privado estão disciplinadas no art. 44 (rol exemplificativo). Este artigo 44 ainda em vigor reconhece como espécie de pessoa jurídicas de direito privado as associações, as sociedades, as fundações, as org. religiosas e os partidos políticos. Org. Religiosa e partido político é espécie de associação, mas a lei 10825/03 os colocou em artigo autônomo.
OBS: As organizações religiosas e os partidos políticos, a despeito de terem natureza associativa, foram colocados em incisos autônomos, especialmente por que o legislador pretendeu blinda – los da incidência do prazo de adaptação previsto no art. 2031 do CC (ver tópico no material de apoio).
	O ato constitutivo de uma pessoa jurídica que é um contrato social ou um estatuto, em geral, tem o seu registro feito nas Juntas Comerciais (Registro Público de Empresas) ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e possui efeitos “ex-nunc”.
PERGUNTA IMPORTANTE
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral (ou extrapatrimonial para a minoria da doutrina)? Existem duas correntes na doutrina.
1ª Corrente: Majoritária – Afirma que pessoa jurídica pode sofrer dano moral, amparada na Súmula n. 227 STJ (“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”) e no art. 52 do CC (“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”) e em firme jurisprudência (RESP 752.672/RS; AgRg no Ag 777.185/DF). Esta corrente diz que as pessoas jurídicas possuem “honra objetiva”. Assim, a PJ pode sofrer dano contra a imagem da PJ.
2ª Corrente: (Arruda Alvim; Wilson Melo da Silva) Discorda da idéia de que uma pessoa jurídica possa sofrer danos morais por considerar que qualquer dos danos que uma pessoa jurídica possa sofrer (por exemplo, por difamação ao nome da instituição) terá sempre cunho econômico (caráter patrimonial; reflexos financeiros). Assim, já que a pessoa jurídica não é titular de direitos da personalidade, por conseqüência não poderia sofrer dano moral. O Enunciado n. 286 da IV Jornada de Direito Civil também fortalece esta doutrina minoritária, à medida que dispõe: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos”.
	Pessoas Jurídicas de Direito Privado: O art. 44 do CC, com redação atual dada pela Lei n. 10.825/03, estabeleceu como pessoas jurídicas de direito privado: as associações; as sociedades; as fundações; as organizações religiosas e os partidos políticos (que são espécies de associações).
	Na redação original do art. 44 do CC, as organizações religiosas e os partidos políticos não constavam expressamente. Foram posteriormente introduzidas tendo em vista a força política que estes órgãos possuem. Explicação: Com o advento do novo CC (2003) houve a regulamentação das associações (art. 2.031 do CC), bem como a determinação de um prazo de 01 ano para que as pessoas jurídicas constituídas antes dele se adaptassem a ele.
	A modificação operada pela Lei n. 10.825/03 visou, interferindo na redação original do art. 44 e art. 2.031, ambos do CC, isentar as organizações religiosas e os partidos políticos da obrigação de se adaptar as modificações exigidas no CC. O fato de as organizações religiosas e de os partidos políticos terem sido incluídos expressamente nos incisos IV e V do art. 44 do CC, realizou neles uma espécie de “blindagem” e, para os empresários, houve uma prorrogação do prazo (No que tange ao prazo de adaptação, ver o drama existencial do art. 2.031 do CC no material de apoio).
	Se uma pessoa jurídica não se adaptar ao novo Código Civil passa a atuar de forma irregular, não podendo participar de licitações,nem obter linhas de crédito em bancos e podendo haver, inclusive, a responsabilidade pessoal dos seus sócios ou administradores.
	Foi acrescentado ao rol do art. 44 do Código Civil Brasileiro, por meio da lei 12.441/2011, com prazo de vacacio legis de 180 dias ( um novo tipo de pessoa jurídica de direito privado, QUE DEVERÁ SER ESTUDADA NA GRADE DE DIREITO EMPRESARIAL, denominada de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – Eireli.
	OBS: A eireli nos termos da lei, cujo prazo de vacacio está em curso é novo tipo de pessoa jurídica de direito privado de natureza unipessoal, em que o seu titular limita a sua responsabilidade a partir do seu patrimônio, não podendo este capital ser inferior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no país. Vale dizer, diferentemente do empresário individual a eireli limita a responsabilidade do seu titular.
	
Aula 03 – dia 02/08/2011
Espécies de pessoas jurídicas de direito privado:
(1) Fundações de direito privado: 
	É um tipo especial de Pessoa Jurídica (PJ) porque não decorre da união de indivíduos, daí porque não é corporação, pois não se reflete em união de indivíduos. 
A fundação, entidade de direito privado, resulta da afetação de um patrimônio, que se personifica nos termos do art. 62 do CC para se formar uma pessoa jurídica para realização de uma finalidade ideal.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.	
O instituidor pode ser PF ou PJ. No que tange ao elemento teleológico, toda fundação tem finalidade ideal (não lucrativa) prevista no parágrafo único do art. 62 do CC. Vale salientar que a fundação pode ter receita, contudo esta receita deve ser investida na própria fundação.
OBS.: As ONG’s (terceiro setor), no Brasil, organizam-se ou como associações ou como fundações, tendo em vista a sua finalidade não lucrativa, podendo atuar em parceria com o Poder Público nos termos da lei 9.790/99. Assim, nada impede, porém, que as ONG’s façam parceiras com os Governos (vira OSCIP, por exemplo – essa por sua vez é objeto de estudo do direito administrativo).
	Assim como as associações, as fundações têm finalidade ideal ou não lucrativa (art. 62 do CC – “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”).
Obs.: Parágrafo único do art. 62 do CC – “A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais (educação, meio ambiente), culturais ou de assistência”.
	Conceito de fundação: Diferentemente da associação, não é grupo de pessoas, mas sim um patrimônio que se personifica (por afetação; destacamento) visando a perseguir finalidade ideal. 
	O ato constitutivo organizacional da fundação de direito privado é o seu estatuto. Nada impede que uma pessoa jurídica institua uma fundação.
	Requisitos (ou etapas) para a instituição de uma fundação de direito privado: 
[i] Afetação de bens livres do instituidor; 
[ii] Escritura pública ou testamento constitutivo da fundação (obs.: não é possível criar fundação por meio de instrumento particular); 
[iii] Elaboração do estatuto da fundação (pode ser elaborado pelo próprio instituidor (elaboração direta) ou, fiduciariamente, por terceiro, (elaboração indireta) nos termos do art. 65 do CC�. Obs.: o Ministério Público, subsidiariamente, poderá elaborar um estatuto, caso o terceiro não o faça - § único do art. 65 do CC�); 
[iv] O estatuto elaborado deverá, ainda, ser aprovado pelo Ministério Público e, em seguida, registrado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; 
[v] Deve ser registrada no CRPJ (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas).
OBS.: A elaboração do estatuto é fiduciária (do latim confiança) quando a um terceiro é delegado este encargo. O MP, subsidiariamente, poderá elaborar o estatuto, se em 180 dias ele não for criado por quem tinha o encargo de fazê-lo.
A aprovação do estatuto, no caso do Ministério Público elaborar, estará sujeito a aprovação do Magistrado.
	É o Ministério Público que tem atribuição legal de fiscalização das fundações no Brasil 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8)
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
	O parágrafo § 1º do art. 66 do CC, atribuía o encargo da fiscalização de fundação que funcionasse no DF ou em Território ao Ministério Público Federal. Todavia, este dispositivo foi considerado pelo STF como sendo inconstitucional (ADIn 2.794-8), sob o argumento de que, com base nas normas constitucionais e legais, estaria havendo usurpação da atribuição e firmou a tese segundo a qual a função de fiscalizar fundações no DF é do próprio Ministério Público do DF.
	Obs.: Todavia, se uma fundação receber verba federal; nada impede que, juntamente com o Ministério Público estadual, o Ministério Público Federal atue em parceria.
	Alteração do estatuto da fundação: O art. 67 do CC alterou o quorum de deliberação para alteração do estatuto da fundação que, no CC/1916, era de maioria absoluta, com o código de 2002 o artigo ficou com o seguinte texto:
 Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
	Se não houver unanimidade na alteração do estatuto da fundação, a minoria vencida poderá impugnar tal alteração em 10 dias, nos termos do art. 68 do CC:
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
	Destino do patrimônio da fundação extinta
	
Extinção da fundação: (art. 69 do CC – “Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante”).
	
Sociedades
A sociedade é tema de direito comercial, todavia determinados aspectos devem ser realçados na aula de teoria geral. Primeira fixemos o seu conceito:
A sociedade, espécie de pessoa jurídica de direito privado é formada mediante celebração de contrato social (art. 981 CC), por meio do qual, os sócios pretendem exercer atividade econômica com finalidade lucrativa.
	Toda sociedade é instituída via contrato social (art. 981, CC), e não estatuto.
	Espécie de pessoa jurídica de direito privado, formada pela união de pessoas, instituída por meio de contrato social, dotada de personalidade jurídica própria e que visa a perseguir fins econômicos ou lucrativos (esta é a principal diferença entre as sociedades e as associações e fundações).
	A sociedade civil sem fins lucrativos deve ser sistematizada em forma de associação.
	O ato constitutivo de uma sociedade é o Contrato Social (regulado pelo art. 981 do CC – “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividadeeconômica e a partilha, entre si, dos resultados”).
	Pergunta: É juridicamente possível sociedade entre cônjuges? 
Sim, porém com restrições. Desde que não sejam casados sob o regime da comunhão universal de bens ou o regime da separação obrigatória (art. 977 do CC – “Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória”). A intenção do legislador ao estabelecer estas vedações visou impedir fraude à estes regimes de bens. A despeito de haver críticas a uma eventual inconstitucionalidade desse artigo, posto que se presume uma fraude ante certos regimes de bens, ele ainda continua em vigor.
	O departamento nacional do registro de comércio (DNRC), por meio do parecer jurídico n. 125/2003, firmou o entendimento correto de que o art. 977 do CC, em respeito ao ato jurídico perfeito, não atinge sociedade entre cônjuges anterior ao novo Código Civil.
	Espécies de Sociedade
	Tradicionalmente, as sociedades eram divididas em civis e mercantis (comerciais). A semelhança entre elas é que ambas buscavam finalidade econômica (lucro). A diferença entre elas residia no seguinte: as sociedades comerciais, para alcançar o lucro, praticavam atos de comércio; enquanto que as sociedades civis não praticavam atos de comércio, eram prestadoras de serviço.
	Durante o Séc. XX, a doutrina italiana começou a substituir esta antiga teoria pela teoria da empresa, de modo que o novo CC não adota mais a teoria dos atos de comércio e subdivide as sociedades em: sociedades simples (em regra é a antiga sociedade civil) e sociedades empresárias (em regra é a antiga sociedade mercantil).
	O art. 982 do CC examina as diferenças entre sociedade simples e sociedade empresária dizendo: “Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”.
Obs.: Vale observar que a S/A é sempre empresária e a cooperativa é sempre sociedade simples (é o que determina a lei). Parágrafo único do art. 982 do CC – “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.
	Assim, uma sociedade é considerada empresária quando se observam dois critérios ou elemento: 
Material: Realizar uma atividade econômica organizada (atividade empresarial nos termos do art. 966 do CC – “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, uma atividade tipicamente empresarial”); 
Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa). 
Faltando qualquer destes requisitos a sociedade será considerada simples.
	
OBS: Vale lembrar que nos termos do parágrafo único do art. 982, toda sociedade anônima é empresária e toda cooperativa é considerada sociedade simples.
	A sociedade empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982 do CC, e, além disso, com as características da impessoalidade, os seus sócios não prestam diretamente a atividade, atuam precipuamente como meros articuladores de fatores de produção (capital; trabalho; tecnologia e matéria-prima). À exemplo de um banco ou uma revendedora de veículos. O seu registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar.
	
	
	Já as sociedades simples, têm por principal característica a pessoalidade: os seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. Em geral, são sociedades prestadoras de serviços, à exemplo da sociedade de advogados ou de médicos. O seu registro é feito, em geral, no CRPJ (Obs.: o registro de uma sociedade de advogados, excepcionalmente, é feito na OAB).
	
	Quanto às COOPERATIVAS (são partilhados resultados do que cada um realiza), são tratadas como sociedades simples, por força de lei, predominando o entendimento doutrinário (Julieta Lenz; Paulo Rego, MHD), no sentido de que, a despeito da Lei n. 8.934/94, o seu registro à luz do novo CC deve ser feito no CRPJ e não na Junta Comercial.
Obs.: Sérgio Campinho, na obra “O direito de empresa” sustenta que o registro da cooperativa deve continuar a ser feito na Junta Comercial, sob o fundamento de que a Lei n. 8.934/94 é norma especial (minoritário).
	Uma corrente tradicional, com amparo na lei 5764/71, bem como no Enunciado 69 da 1ª Jornada de Direito Civil, afirma que a cooperativa deve ser inscrita na Junta Comercial.
	
Uma segunda corrente, adotada pelo professor e por parte da doutrina (Maria Helena Diniz), que tende a prevalecer (aguardar posicionamento dos tribunais superiores), sustenta que o registro da cooperativa deve ser feito no CRPJ.
Associações: 
São pessoas jurídicas de direito privado, formadas pela união de indivíduos, com o propósito de realizarem fins não econômicos, ou seja, uma finalidade teleológica ideal. A disciplina das associações é feita a partir do art. 53 do CC (“Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”).
(Exemplos de associações.: clubes recreativos; associações de moradores de bairros; sindicatos – é, inclusive, por isso que Rodolfo Pamplona sustenta que não cabe Mandado de Segurança contra dirigente de sindicato, justamente porque não têm natureza de direito público).
OBS. Natureza jurídica do sindicato é associação de direito privado.
OBS: Centros acadêmicos tem legitimidade para propor ação civil pública.1189273/SC.
	Isto não quer dizer que uma associação não possa gerar receita. Mas todo lucro gerado por ela deve ser nela reinvestida.
	O ato constitutivo da associação é o seu Estatuto. Os requisitos do Estatuto estão elencados no art. 54 do CC – (“Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V - o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VII - a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas”), devendo o referido ato ser registrado no CRPJ.
	O órgão mais poderoso de uma associação é a sua assembléia geral (além da assembléia geral, a associação é formada ainda por um conselho administrativo, conselho fiscal, diretor presidente, etc.). As atribuições da assembléia geral encontram-se no art. 59 do CC – (“Compete privativamente à assembléia geral: I – destituir os administradores; II - alterar o estatuto”). Nada impede que a assembléia aprove as contas, mas não é competência privativa. Assembléia não pode expulsar condômino, mas pode impor multas para condômino com comportamento anti-social, com valores progressivos.
	Vale anotar o que dispõe os artigos 55 e 57 do Código Civil, com especial atenção para este último que admite, respeitado o contraditório, a exclusão do associado.
	É perfeitamente possível que dentro da mesma associação existam associados com prerrogativas diferentes (categorias diferentes de associados). Porém, dentro de cada categoria de associados, é absolutamente vedado o tratamento discriminatório entre os associados (art. 55 do CC – “Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais”).
	Pergunta: Qual é o destino do patrimônio de uma associação extinta? 
Nos termos do art. 61 do CC, regra geral, dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designadas no Estatuto, ou, omisso este, será atribuído a instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes.
	O novo CC, regulando de forma inovadora, admite a expulsãodo associado, nos termos do seu art. 57 CC – “A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto”. Perceba que ao fazer a previsão de justa causa como motivo para a exclusão do associado, a lei optou por um conceito aberto, seguindo a tendência moderna das normas.
	Não se deve dar interpretação extensiva ao artigo 57 do CC, para atingir o condômino, pois este é, também, proprietário.
	
Obs.: Esta previsão do art. 57 do CC, não se aplica ao condômino; somente ao associado.
	Extinção da pessoa jurídica: Para ser liquidada a pessoa jurídica, o seu passivo deve ser satisfeito, especialmente as obrigações tributárias, para só então se poder cancelar o registro.
	Existem 3 (três) formas básicas de dissolução da pessoa jurídica:
[i] – Convencional: Aplica-se somente às sociedades e se opera por ato de vontade dos próprios sócios que firmam um distrato.
[ii] – Administrativa: É aquela que decorre da cassação da autorização de funcionamento, específica para algumas entidades (ex.: Bancos; Financeiras, etc.).
[iii] – Judicial: Se dá por sentença em procedimento falimentar ou de liquidação.
	IMPORTANTE: As sociedades que não estão sujeitas a lei de falência tem o seu procedimento judicial de liquidação, nos termos do artigo 1218 do CPC/73, regulado pelos artigos 655 a 674 do CPC de 1939.
Obs.: Qual é a regra que disciplina a dissolução de uma sociedade não sujeita à lei de falência? À luz do art. 1.218, VII do CPC, o procedimento a ser seguido é o do CPC de 1939. (art. 1.218, VII do CPC – “Continuam em vigor até serem incorporados nas leis especiais os procedimentos regulados pelo Decreto-lei no 1.608, de 18 de setembro de 1939, concernentes: VII - à dissolução e liquidação das sociedades”).
	Desconsideração da pessoa jurídica: (“Disregard Doctrine” ou “Disregard of legal entity”) A origem da desconsideração da pessoa jurídica é inglesa. Foi na Inglaterra, em 1896, no famoso caso Salomon vs Salomon Co. De lá se espraiou para os EUA, Espanha, Itália, Alemanha e no Brasil.
	No Brasil, quem introduziu a doutrina da desconsideração da pessoa jurídica foi Rubens Requião.
	Histórico do primeiro caso: 
Salomom, para constituir uma companhia, pela lei da época, precisava de 07 pessoas. Chamou 6 parentes e entregou a cada um desses parentes 01 (uma) única ação; enquanto que, para ele, foram emitidas 20.000 (vinte mil) ações.
	À medida que a companhia foi crescendo, foi ficando endividada. Quando Salomon percebeu que a companhia iria quebrar, ele emitiu títulos da empresa no mercado e ele mesmo comprou os títulos, pelo que se tornou credor quirografário (preferencial), frente aos demais credores.
	Quando a empresa quebrou, os demais credores (que seriam preteridos tendo em vista o artifício realizado por Salomon) levaram o caso ao Poder Judiciário e pediram a desconsideração da pessoa jurídica para permitir que eles pudessem satisfazer suas dívidas alcançando o próprio patrimônio de Salomon que, não fosse o artifício realizado por Salomon, deveria se confundir com o da sua empresa.
	Ou seja, a doutrina da desconsideração pretende justificar o afastamento temporário da personalidade da pessoa jurídica, para permitir que os credores prejudicados possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo.
	É importante lembrar que a desconsideração, à luz do princípio da continuidade da empresa, tende a admitir a mantença posterior de suas atividades. Diferentemente, a despersonificação aniquila a pessoa jurídica, cancelando o seu registro (esta é muito mais drástica que aquela).
	Em respeito ao princípio da função social da empresa, vale frisar que desconsiderar é apenas superar episodicamente a personalidade da PJ, e não obrigatoriamente despersonificá-la.
	O Enunciado n. 7 da I Jornada de Direito Civil lembra-nos de que a desconsideração, por ser medida de força (ato sancionatório), deve atingir apenas o sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo (ou se beneficiou dele), e não o de todos os sócios indistintamente.
	Nesse sentido, não se pode confundir desconsideração da pessoa jurídica (que é, efetivamente, uma sanção) com a responsabilidade subsidiária do sócio (que é uma previsão – faculdade – normativo/contratual).
	Pergunta: Qual é a diferença entre desconsideração da pessoa jurídica e a “teoria ultra vires societatis”? 
Resposta: De origem anglo saxônica, regulada pelo art. 1.015 do CC, a teoria “ultra vires societatis” sustenta ser nulo (inválido e ineficaz) o ato praticado pelo sócio que extrapolou os poderes que lhe foram concedidos pelo contrato social. Esta teoria visa a proteger a sociedade.
	Evolução da desconsideração da pessoa jurídica no direito positivo: No Brasil, a primeira grande lei que cuidou da doutrina da desconsideração da pessoa jurídica foi o CDC, em seu art. 28 (“O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”); depois veio a lei antitruste, a lei ambiental, etc.
 
	Em 2003, com a entrada em vigor do Novo CC, trouxe norma específica acerca da desconsideração da pessoa jurídica (art. 50 do CC – “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”).
Obs.: Lembra-nos Edimar Andrade que a desconsideração da pessoa jurídica é, regra geral, matéria sob reserva de jurisdição (depende de um ato judicial). Mas, acrescenta Gustavo Tepedino, em artigo publicado na RTDC (Revista Trimestral de Direito Civil), excepcionalmente, à exemplo da situação de fraude grave, a desconsideração pode ser declarada na via administrativa de ofício (RMS STJ 15.166/BA).
	Regra geral, a doutrina tem entendido que a desconsideração da PJ é matéria sob reserva de jurisdição.
	Requisitos da desconsideração no Código Civil (Art. 50, CC): Para que se possa desconsiderar a personalidade jurídica à luz do CC é preciso comprovar:
[1] – Descumprimento de uma obrigação (ex. insolvência);
[2] – Abuso, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
	Exemplo de abuso por meio de confusão patrimonial ocorre no caso em que uma empresa realiza atos por intermédio de outra empresa insolvente.
Obs.: Seguindo o pensamento de Fábio Konder Comparato (“O poder de controle na sociedade anônima – Forense), podemos observar que o CC, em seu art. 50, adotou uma linha objetiva, dispensando a prova do dolo específico do sócio ou administrador para efeito de desconsideração da pessoa jurídica.
	No nosso ordenamento jurídico podem ser observadas duas (subespécies) de teorias acerca da desconsideração da pessoa jurídica: (i) A teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica (adotada pelo CC e regra geral no ordenamento pátrio) e a (ii) teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica (adotada pelo CDC e da Lei ambiental).
	Ao aplicar a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, o juiz exige, além da demonstração da insolvência, a demonstração de alguns outros requisitos específicos. Já na teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, basta apenas a demonstração da insolvência (CDC e legislação ambiental).
	
	QUESTÕES ESPECIAIS SOBRE DESCONSIDERAÇÃO DA PJ: a doutrina moderna, consoantese lê no enunciado 7 da 1ª Jornada de Direito Civil (ver também PL n. 3401/08) tem sustentado que, dado seu caráter sancionatório, a desconsideração exige requerimento específico dirigido ao sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo ou dele se beneficiou.
	A desconsideração é uma superação episódica da PJ para permitir a constrição do patrimônio pessoal da PF que está por trás, é um ato de força, logo o juiz deve dirigir a desconsideração sobre o sócio-administrador que praticou o ato abusivo, que se beneficiou dele.
	O STJ pacificou entendimento no sentido de que a desconsideração é possível em sede de execução (RESP 920602 DF)
Conceitos importantes: 
[a] – Desconsideração incidental: Se opera incidentalmente no próprio processo de execução, com a garantia do contraditório [REsp 33.236/SP e REsp 211.619/SP].
[b] – Desconsideração indireta: Neste caso, em face do ato abusivo proveniente de entidade insolvente de grupo societário, permite-se a sua desconsideração para se atingir a sociedade saudade do conglomerado.
[c] – Desconsideração inversa: Na desconsideração tradicional a PJ é afastada para atingir o patrimônio da PF. Aqui atinge-se o patrimônio da própria PJ, em benefício do credor prejudicado pelo ato abusivo do sócio fraudador (ex.: ações de família – quando o cônjuge coloca todos os seus bens em nome da empresa. Ver Rolf Madaleno: Direito de família – aspectos polêmicos). Neste caso o agente causador do dano transforma o seu patrimônio pessoal em patrimônio da empresa. Neste tipo de desconsideração o juiz atinge o patrimônio da PJ para alcançar o sócio ou administrador (PF) que cometeu o ato abusivo. Enunciado 283 da 4ª Jornada de Direito Civil admite a desconsideração inversa.
	DOMICÍLIO: 
A noção de domicílio é sobremaneira importante em face do aspecto da segurança jurídica já que o foro de competência territorial é fixado em razão do domicílio do réu.
	Para se entender bem o que é domicílio é preciso que, primeiramente, se analise os conceitos de morada e residência. (a) Morada (usada em português como estadia) é o lugar em que a pessoa física é encontrada temporariamente/provisoriamente. É passageira, transitória (Estadia, para os italianos); (b) Residência, por sua vez, pressupõe maior estabilidade na medida em que é o lugar em que a pessoa física é encontrada com habitualidade, com relativa permanência; (c) Domicílio, é mais do que residência, pois é o lugar em que a pessoa estabelece residência com ânimo de permanência (animus manendi), transformando – o em centro da sua vida jurídica.
	Perceba: há uma espécie de gradação entre estes três conceitos acima apresentados: Morada  Residência  Domicílio. Isto quer dizer que, para ser domicílio, é preciso ter algo mais que apenas as características da residência. É preciso, pois, que além da habitualidade haja também a intenção de permanecer naquele local transformando-o em centro de sua vida jurídica (“animus manendi”).
	Conceito: O domicílio é o lugar em que a pessoa física fixa residência com ânimo definitivo, transformando-o em centro da sua vida jurídica (art. 70 do CC – “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”). [Domicílio = Residência + ânimo definitivo].
Obs.: Por influência da doutrina alemã, o CC brasileiro admite pluralidade de domicílios, nos termos do art. 71 (“Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”). Aqui é preciso que tenha âmbito de permanência e vida negocial e jurídica.
	Sob influência do art. 83 do Código de Portugal, o art. 72 do CC consagrou o domicílio profissional, limitado aos efeitos da relação jurídica de que participa o profissional (art. 72 do CC – “É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida”). De acordo com o parágrafo único se a pessoa exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
	Mudança de domicílio: art. 74 do CC – “Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de mudar” (norma jurídica imperfeita, por não acarretar qualquer sanção). A mudança deverá ser comunicada a Prefeitura, nos moldes do parágrafo único.	
	Domicílio aparente (ou ocasional): Teoria desenvolvida pelo civilista belga Henri de Page, com base na teoria da aparência, sustenta que – por ficção jurídica – pessoas que não tenha domicílio certo serão vinculadas ao lugar em que for encontrada (ex.: ciganos, cacheiros viajantes, etc.) (art. 73 do CC – “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada”).
	
	
	Domicílio da pessoa jurídica: (art. 75 do CC – “Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos”).
O domicilio da PJ tem tímida referencia no CC, uma vez que o desenvolvimento da matéria se dá em outros campos do direito, como no direito administrativo e no processual civil. Ver RESP 723194 RO.
	CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE DOMICÍLIO: 
-- Voluntário: É o geral e comum. Aquele que é fixado por simples ato de vontade. O ato de fixação do domicílio voluntário é um “ato jurídico em sentido estrito” (natureza jurídica).
-- De eleição: (especial ou de foro) Estipulado segundo a autonomia privada, no contrato, pelas próprias partes (art. 78 CC). É o estipulado especialmente no contrato (art. 78 do CC – “Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”). (art. 111 do CPC – “A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações”).
	É firme o entendimento na jurisprudência e na doutrina, assim como no direito positivo (art. 112 CPC, arts. 6º e 54 do CDC) no sentido de que a cláusula de adesão prejudicial ao aderente, especialmente ao consumidor, é nula de pleno direito e pode ser declarada de ofício pelo próprio Juiz.
-- Legal (ou necessário): É aquele que deriva da lei (art. 76 do CC – “Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo (marinheiro da marinha mercante particular) e o preso. INSEMIMAPRE Parágrafo único - O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções (função comissionada não desloca a competência); o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença” e o art. 77 do CC – “O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve”).
	
BEM DE FAMÍLIA
 O instituto histórico que influenciou na criação do bem de família foi o homestead act (de 1839, no Texas). O que este ato passou a determinar foi a impenhorabilidade da pequena propriedade familiar, fundada na grave situação financeira pela qual passava o Texas naquela época.
1. Bem de família voluntário: É aquele instituído por ato livre de vontade, mediante registro no Cartório de imóveis, resultando em uma impenhorabilidade relativa e inalienabilidade limitada relativa. A pessoa que resolva instituir um bem de família voluntário

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