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Concurso PM

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Didatismo e Conhecimento
Índice
Polícia Militar do Estado do Tocantins 
PM-TO
Soldado do QPPM
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último concurso 
para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada de acordo 
com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca, atualizações 
ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.
ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS
LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura, compreensão e interpretação de textos. .................................................................................................................1
Estruturação do texto e dos parágrafos . Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores 
sequenciais. ...................................................................................................................................................................................6
Significação contextual de palavras e expressões. .............................................................................................................17
Equivalência e transformação de estruturas. ....................................................................................................................22 
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. Emprego de tempos e modos verbais. .........................................26 
Pontuação. .............................................................................................................................................................................38
Estrutura e formação de palavras. .....................................................................................................................................41
Funções das classes de palavras ..........................................................................................................................................42 
Flexão nominal e verbal .......................................................................................................................................................42 
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. .................................................................................................42 
Concordância nominal e verbal ..........................................................................................................................................75 
Regência nominal e verbal. .................................................................................................................................................80
Ocorrência de crase..............................................................................................................................................................86 
Ortografia oficial. .................................................................................................................................................................90 
Acentuação gráfica ...............................................................................................................................................................93
RACIOCÍNIO LÓGICO
Avaliação da habilidade do candidato em entender a estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, 
coisas ou eventos fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer 
a estrutura daquelas relações. As questões das provas poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas; lógica de 
argumentação; diagramas lógicos; álgebra e geometria básica. .......................................................................................01/32
Didatismo e Conhecimento
Índice
ATUALIDADES E CONHECIMENTOS REGIONAIS
Mundo Contemporâneo: elementos de política internacional e brasileira. Cultura internacional. 
Cultura e sociedade brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão. 
Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea. O desenvolvimento 
urbano brasileiro .........................................................................................................................................................................01 
História e Geografia do Estado do Tocantins; o movimento separatista; a criação do Estado; os governos desde 
a criação; Governo e Administração Pública Estadual; divisão política do Estado, clima e vegetação; hidrografia; 
atualidades: economia, política, desenvolvimento. ..................................................................................................................39
NOÇÕES DE DIREITO
DIREITO CONSTITUCIONAL: Dos princípios fundamentais; direitos e deveres individuais e coletivos; garantias 
dos direitos individuais, coletivos, sociais e políticos; Da nacionalidade; partidos políticos; Da Administração Pública; 
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública; Ordem social. 
Normas da Constituição do Estado do Tocantins pertinentes aos Militares do Estado, às policias estaduais e à segurança 
pública em geral. ........................................................................................................................................................................01
DIREITO PENAL: Infração penal: elementos, espécies; Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal; Tipicidade, 
ilicitude, culpabilidade, punibilidade; Imputabilidade penal. Crimes contra a pessoa; Abuso de Autoridade (Lei nº 
4.898/65), Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90). Código Penal (Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940): Título XI 
- Dos Crimes Contra a Administração Pública. ......................................................................................................................47
DIREITOS HUMANOS: histórico dos direitos humanos; aspectos gerais; a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. ....................................................................................................................................................................................93
DIREITO PENAL MILITAR: Crime militar: conceito. Da violência contra superior ou oficial de serviço. Do 
desrespeito a superior e do vilipêndio a símbolo nacional ou farda. 
Da coação irresistível e da obediência hierárquica. ........................................................................................................107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Sistema operacional Windows XP e Windows 7. ...............................................................................................................01
Microsoft Office: Word 2007, Excel 2007, Power Point 2007 e Microsoft Outlook 2007. .............................................18
Conceitos e tecnologias relacionados à Internet e a Correio Eletrônico. ........................................................................91
Internet Explorer 8. ............................................................................................................................................................103
Conceitos básicos de segurança da informação ...............................................................................................................106
NORMAS PERTINENTES À PMTO
Lei Complementar Nº 79, de 27/04/2012 – Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar do Estado do Tocantins, 
e adota outras providências. .........................................................................................................................................................1
Lei nº. 2.578, de 20/04/2012 – Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares e Bombeiros Militares do Estado do 
Tocantins, e adota outras providências.......................................................................................................................................5
REDAÇÃO
Redação ............................................................................................................................................................................01/16
Didatismo e Conhecimento
SAC
Atenção
SAC
Dúvidas de Matéria
A NOVA APOSTILA oferece aos candidatos um serviço diferenciado - SAC (Serviço de Apoio ao Candidato).
O SAC possui o objetivo de auxiliar os candidatos que possuem dúvidas relacionadas ao conteúdo do edital.
O candidato que desejar fazer uso do serviço deverá enviar sua dúvida somente através do e-mail: professores@
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Todas as dúvidas serão respondidas pela equipe de professores da Editora Nova, conforme a especialidade da 
matéria em questão.
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matéria/página). Por exemplo: Apostila Professor do Estado de São Paulo / Comum à todos os cargos - Disciplina:. 
Português - paginas 82,86,90.
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula 
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO
Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de 
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da 
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de 
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança), 
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
E então, você já teve estes problemas?
Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas 
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos 
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e 
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito, 
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a 
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para 
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a 
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral, 
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que 
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas). 
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão 
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta 
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir 
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são 
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou 
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o 
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em 
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem 
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em 
tudo que fazemos.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller 
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
LÍNGUA PORTUGUESA
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
LEITURA, COMPREENSÃO E
 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. 
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a 
preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui al-
guns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às 
questões relacionadas a textos.
 
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas en-
tre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação 
comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ).Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada 
uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a an-
terior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação 
do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome 
de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão 
grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e 
analisada separadamente, poderá ter um significado diferente da-
quele inicial.
 
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências di-
retas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de 
recurso denomina-se intertexto. 
 
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpre-
tação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par-
tir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as 
argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das 
questões apresentadas na prova.
 
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
 
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de 
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, 
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de 
diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma 
realidade, opinando a respeito. 
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias 
em um só parágrafo. 
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.
Condições básicas para interpretar
 
Fazem-se necessários: 
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literá-
rios, estrutura do texto), leitura e prática;
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e 
semântico; 
Observação – na semântica (significado das palavras) incluem-
-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e 
antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e 
- Capacidade de raciocínio.
Interpretar X compreender 
Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es-
crito.
- o texto diz que...
- é sugerido pelo autor que...
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
- o narrador afirma...
Erros de interpretação
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros 
de interpretação. Os mais frequentes são:
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto, 
acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento 
prévio do tema quer pela imaginação.
 
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas 
a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, 
o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema 
desenvolvido. 
 
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às 
do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
quentemente, errando a questão.
 
Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a 
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso, 
o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada 
mais.
 
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona 
palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras pa-
lavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, 
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma 
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.
 
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia 
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome 
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu 
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes 
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de 
adequação ao antecedente. 
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação 
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen-
do, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo 
adequado a cada circunstância, a saber:
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas 
depende das condições da frase.
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa)
Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto 
possuído. 
- como (modo)
- onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante) 
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apa-
recer o demonstrativo O ).
 
Dicas para melhorar a interpretação de textos
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a lei-
tura;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo me-
nos duas vezes;
- Inferir;
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor com-
preensão;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada ques-
tão;
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
Fonte:
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/co-
mo-interpretar-textos
QUESTÕES
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) 
O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular 
os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e ra-
inhas do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corretamente, que a 
menção a
(A) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido 
não literal.
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não li-
teral.
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência 
em sentido não literal.
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência 
em sentido literal.
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
Texto para a questão 2:
DA DISCRIÇÃO
 Mário Quintana
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o poe-
ma, é correto afirmar que
(A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade é algo 
ruim.
(B) amigo que não guarda segredos não merece respeito.
(C) o melhor amigo é aquele que não possui outros amigos.
(D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
(E) entre amigos, não devem existir segredos.
3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE-
CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITEN-
CIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à ques-
tão.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
(Adélia Prado, Poesia Reunida)
A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não gostam 
que os maridos frequentem pescarias, pois acham difícil limpar os 
peixes.
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres que 
não gostam de limpar os peixes, emboravalorizem os esbarrões de 
cotovelos na cozinha.
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozinhas com 
seus maridos na cozinha, enquanto limpam os peixes.
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos mais sim-
ples do cotidiano vividos com a pessoa amada.
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, para 
limpar, abrir e salgar o peixe.
4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – 
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, 
considere o texto abaixo.
A marca da solidão
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa-
ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa 
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra 
na tarde quente.
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro de 
cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e 
tufos minúsculos de musgos, formando pequenas plantas, ínfimos 
bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver 
para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o 
mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: 
Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo reduzi-
do no qual o menino detém sua atenção é
(A) fresta.
(B) marca.
(C) alma.
(D) solidão.
(E) penumbra.
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012) 
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a tota-
lidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção de 
mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende 
a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, 
o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma 
espécie de segunda revelação do mundo. 
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re-
nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 
1987, p. 73 (com adaptações).
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O 
riso”.
(...) CERTO ( ) ERRADO
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2010) 
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu 
pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma expli-
cação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de 
energia no final de 2009.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica 
(ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Fur-
nas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que 
separam Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investi-
mentos e também erros operacionais conspiraram para produzir a 
mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia 
do país desde o traumático racionamento de 2001.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto 
acima apresentado, julgue os próximos itens.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 esta-
dos do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
(...) CERTO ( ) ERRADO
7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura, 
com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São 
Paulo.” 
Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que, em sua 
estrutura sintática, houve supressão da expressão
a) vigilantes.
b) carga.
c) viatura.
d) foi.
e) desviada.
8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: 
— Carta para o 9.326!!! 
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em
branco, e um outro pergunta: 
— Quem te mandou essa carta? 
— Minha irmã. 
— Mas por que não está escrito nada? 
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
ções).
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima 
decorre
A) da identificação numérica atribuída ao louco.
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta no 
hospício. 
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. 
9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
— O senhor tem hora?
O sujeito olha para o relógio e diz:
— Sim. São duas e meia.
— Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
— O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me paga 
o aluguel do consultório... 
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta-
ções).
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao ho-
mem para saber se ele
A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados do 
dr. Pedro.
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamento 
do aluguel.
C) tem relógio e sabe esperar. 
D) marcou consulta e está calmo.
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados do 
dr. Pedro.
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO 
DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Aten-
ção: As questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo.
Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos 
e realizações de grandes personagens da história e da vida so-
cial ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas poucas 
pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar-se em 
grandes líderes, capazes de influenciar outras e, assim, obter e 
manter o poder.
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maioria 
das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver con-
sideravelmente as suas capacidades de liderança.
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que 
aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, formam 
uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas habili-
dades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das experiên-
cias da vida, quanto da formação voltada para essa finalidade.
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; envolve 
duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para serem 
atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem a 
interação cooperativa dos membros envolvidos. Não pressupõe 
proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente e/ou o com-
portamento influenciado por um escritor ou por um líder religioso 
que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...]
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do po-
der de influência do líder, implica dizer que parte desse poder en-
contra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se fundamenta 
a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança.
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que exis-
te nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que 
se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...]
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. 
Gestão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administra-
ção pública do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira 
e Maria Cristina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São 
Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações)
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o 
texto, liderança
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode ser 
desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas em seu 
ambiente de trabalho.
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de heróis da 
história da humanidade, que realizaram grandes feitos e se torna-
ram poderosos através deles.
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mesmo 
adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles que cons-
tituem a equipe de trabalho.(D) torna-se legítima se houver consenso em todos os grupos 
quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mobilizar esses 
grupos em torno de seus objetivos pessoais.
11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa 
claro que
(A) a importância do líder baseia-se na valorização de todo o 
grupo em torno da realização de um objetivo comum.
(B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organização, 
pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou objetivo.
(C) pode não haver condições de liderança em algumas equi-
pes, caso não se estabeleçam atividades específicas para cada um 
de seus membros.
(D) a liderança é um dom que independe da participação dos 
componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.
12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da 
liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
No contexto, inter-relação significa
(A) o respeito que os membros de uma equipe devem demons-
trar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resultarem em 
benefício de todo o grupo.
(B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um grupo 
devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos pela organi-
zação a que prestam serviço.
(C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equipe, 
de modo que os mais capacitados colaborem com os de menor 
capacidade.
(D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma 
equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por todos.
13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe 
proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo)
A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
(A) a presença física de um líder natural é fundamental para 
que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
(B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se 
atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diver-
sos.
(C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se 
houver distância no tempo e no espaço entre aquele que influencia 
e aquele que é influenciado.
(D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e pos-
tas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais propícia.
14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – 
FGV PROJETOS/2010) 
Painel do leitor (Carta do leitor)
Resgate no Chile
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de sal-
vamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo de uma 
mina de cobre e ouro no Chile.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso, 
mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando seus 
companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a ajuda técnica 
e material que os Estados Unidos, Canadá e China ofereceram 
à equipe chilena de salvamento, num gesto humanitário que só 
enobrece esses países. E, também, dos dois médicos e dois “socor-
ristas” que, demonstrando coragem e desprendimento, desceram 
na mina para ajudar no salvamento.
 (Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel 
do leitor – 17/10/2010)
Considerando o tipo textual apresentado, algumas expressões 
demonstram o posicionamento pessoal do leitor diante do fato por 
ele narrado. Tais marcas textuais podem ser encontradas nos tre-
chos a seguir, EXCETO:
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina de 
cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desceram na 
mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO 
– VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às 
questões de números 15 a 17.
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
Férias na Ilha do Nanja
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as malas 
nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo faz, pensan-
do nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras* – sem fa-
lar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as pedras 
soltas e as barreiras...
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto 
trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim, 
cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande ci-
dade, isto que já está sendo a negação da própria vida.
E eu vou para a Ilha do Nanja.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as 
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce 
como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou vendo 
os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à janela a 
namorar um moço na outra janela de outra ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado)
*fissuras: fendas, rachaduras
15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a 
maneira como se preparam para suas férias, a autora mostra que 
seus amigos estão
(A) serenos.
(B) descuidados.
(C) apreensivos.
(D) indiferentes.
(E) relaxados.
16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
LHO – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar 
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(B) escapar do lugar em que está.
(C) reencontrar familiares queridos.
(D) praticar esportes radicais.
(E) dedicar-se ao trabalho.
17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde, “à 
beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como um bosque” 
(último parágrafo), a autora sugere que viajará para um lugar
(A) repulsivo e populoso.
(B) sombrio e desabitado.
(C) comercial e movimentado.
(D) bucólico e sossegado.
(E) opressivo e agitado.
18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
 
(Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto 
Alegre: L&PM, 1976. p. 95.)
A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunista mi-
neiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar que o tema 
apresentado é
(A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
(B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
(C) a comunicação e sua importância na vida das pessoas.
(D) a massificação do pensamento na sociedade moderna.
Resolução
1-) 
Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do sécu-
lo 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “famosas”. 
Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses eram da corte, 
literalmente.
RESPOSTA: “B”.
2-) 
Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informação con-
tida na alternativa: revelar segredos para o amigo pode ser arris-
cado.
RESPOSTA: “D”.
3-) 
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora narra 
um momento simples, mas que é prazeroso ao casal. 
RESPOSTA: “D”.
4-) 
Com palavras do próprio texto responderemos: o mundo cabe 
numa fresta.
RESPOSTA: “A”.
5-) 
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade; ele 
abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacionam-se. O 
pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “CERTO”.
6-) 
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo menos 
1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o qual”, portan-
to, trata-se de um pronome relativo (oração subordinada adjetiva). 
Quando há presença de vírgula, temos uma adjetiva explicativa 
(generaliza a informação da oração principal. A construção seria: 
“do apagão, que atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados 
do país”); quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, 
delimita a informação – como no caso do exercício).
RESPOSTA: “CERTO’.
7-) 
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abando-
nada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se da figura 
de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, queconsis-
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
te na omissão de um termo já citado anteriormente (diferente da 
elipse, que o termo não é citado, mas facilmente identificado). No 
enunciado temos a narração de que a carga foi desviada e de que a 
viatura foi abandonada. 
RESPOSTA: “D”.
8-) 
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais aparece 
no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, porque nós 
brigamos e não estamos nos falando”. 
RESPOSTA: “D”.
9-) 
“O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o se-
nhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele marcou horário 
e se é paciente do Dr. Pedro.
RESPOSTA: “E”.
10-) 
Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à con-
clusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en-
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para 
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que requerem 
a interação cooperativa dos membros envolvidos = equipe
RESPOSTA: “C”.
11-) 
O texto deixa claro que a importância do líder baseia-se na 
valorização de todo o grupo em torno da realização de um objetivo 
comum. 
RESPOSTA: “A”.
12-) 
Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresentadas, a que 
está coerente com o sentido dado à palavra “inter-relação” é: “a 
criação de interesses mútuos entre membros de uma equipe e de 
respeito às metas que devem ser alcançadas por todos”. 
RESPOSTA: “D”.
13-) 
Não pressupõe proximidade física ou temporal = o aprendi-
zado da liderança pode ser produtivo, mesmo se houver distância 
no tempo e no espaço entre aquele que influencia e aquele que é 
influenciado. 
RESPOSTA: “C”.
14-) 
Em todas as alternativas há expressões que representam a opi-
nião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não se pode 
esquecer / gesto humanitário que só enobrece / demonstrando co-
ragem e desprendimento. 
RESPOSTA: “B”.
15-) 
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, fissuras 
– sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre as fissuras, as 
pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas coisas, certamente, 
deixa-os apreensivos. 
RESPOSTA: “C”.
16-) 
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da 
própria autora!
RESPOSTA: “B”.
17-) 
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim. 
RESPOSTA: “D”.
18-)
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta ob-
servar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”. 
RESPOSTA: “A”.
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO
 E DOS PARÁGRAFOS.
 ARTICULAÇÃO DO TEXTO: 
PRONOMES E EXPRESSÕES
 REFERENCIAIS, NEXOS,
 OPERADORES SEQUENCIAIS. 
Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que impli-
cam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois momen-
tos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de expres-
sá-los por escrito (o escrever propriamente dito). Fazer um texto, 
seja ele de que tipo for, não significa apenas escrever de forma 
correta, mas sim, organizar ideias sobre determinado assunto.
 E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de 
expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação
Descrição
- expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma 
visão;
- é um tipo de texto figurativo;
- retrato de pessoas, ambientes, objetos;
- predomínio de atributos;
- uso de verbos de ligação;
- frequente emprego de metáforas, comparações e outras 
figuras de linguagem;
- tem como resultado a imagem física ou psicológica.
Narração
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta 
antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
- é um tipo de texto sequencial;
- relato de fatos;
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
- apresentação de um conflito;
- uso de verbos de ação;
- geralmente, é mesclada de descrições;
- o diálogo direto é frequente.
Dissertação
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
- é um tipo de texto argumentativo.
- defesa de um argumento:
a) apresentação de uma tese que será defendida,
b) desenvolvimento ou argumentação,
c) fechamento;
- predomínio da linguagem objetiva;
- prevalece a denotação.
Descrição
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situa-
ção ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares 
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja 
apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em ima-
gens.
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa 
ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é 
necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do ob-
servador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, 
o que será importante ser analisado para um, não será para outro.
A vivência de quem descreve também influencia na hora de 
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pes-
soa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.
Exemplos:
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas 
a penumbra dos ramos cobria o atalho.
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque-
nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos instan-
tes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo 
qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo 
era estranho, suave demais, grande demais.” 
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
(II) Chamavase Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, 
inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo 
que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia 
com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a 
isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; 
raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-
se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São 
Paulo, Ática, 1974, págs. 3132.)
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da 
escola que o escritor frequentava. 
Devese notar:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao 
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou-
tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande 
medo ao pai); 
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser conside-
rada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato 
(no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente 
anterior a retirarse dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas 
duas ocorrências é indiferente: o que o escritor quer é explicitar 
uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas 
ações); 
- ainda que se fale de ações (como entrava, retiravase), todas 
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em 
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 
1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, 
portanto, não denota nenhuma transformação de estado; 
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría-
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica poderíamos 
mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto 
do fim para o começo: O mestre era mais severo com ele do que 
conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados 
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica, 
pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são 
descritos produz determinados efeitos de sentido.
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer 
certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pala-
vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou 
catafóricos (palavras que anunciam o que vai serdito, como este, 
etc.), que podem perder sua função e assim não ser compreendi-
dos. Se tomarmos uma descrição como As flores manifestavam 
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a 
ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para que o 
texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas 
manifestavam todo o seu esplendor. Como, na versão original, o 
pronome oblíquo as é um anafórico que retoma flores, se alterar-
mos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos 
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la com o 
anafórico elas na segunda.
Por todas essas características, dizse que o fragmento do con-
to de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em que 
se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos, si-
tuações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de 
posterioridade.
Características:
- Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
ções e inúmeros elementos sensoriais;
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
camente, ou pelas ações;
- A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
tutivos da dissertação e da argumentação;
- é impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim 
a capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza.
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: 
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo 
desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e 
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare-
cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)” 
(Raul Pompéia – O Ateneu)
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis-
te relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados.
- Devemse evitar os verbos e, se isso não for possível, que se 
usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito 
do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi-
quem estado ou fenômeno.
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos 
adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
A característica fundamental de um texto descritivo é essa ine-
xistência de progressão temporal. Podese apresentar, numa descri-
ção, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre 
simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior 
para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguísticas da 
descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pretérito 
imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em 
relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco 
temporal pretérito instalado no texto.
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria in-
troduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado 
anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans-
formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo 
do pai. Mais tarde, Iibertouse desse medo...
Características Linguísticas:
 
O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconte-
cimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na 
relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado 
descritivo, não tendo transformação, é atemporal. 
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se-
mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão: 
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores 
de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no 
presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, 
existir, ficar). 
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des-
crito; Exemplo:
 
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargan-
do até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia 
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da 
nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à 
calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos 
cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. 
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe-
gadas do crânio.” 
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) 
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, 
sinestesias). Exemplo:
 “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito 
gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu 
corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que 
lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-
nhos de azougue.” 
(José de Alencar - Senhora) 
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
 
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa 
casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava 
tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter 
uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um 
corredor comprido de onde saíam três portas; no final do corredor 
tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e 
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...” 
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
Recursos:
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. 
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. 
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, 
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, 
uma pureza de cristal. 
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da 
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que 
deslumbrava e enlouquecia qualquer um. 
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. 
Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito 
crente. 
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
 
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a pas-
sagem são apresentadas como realmente são, concretamente. Ex: 
“Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, ombros 
largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e 
lisos”.
 Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo: 
“ A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central que 
se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de guilho-
tina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de 
uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de 
quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz 
de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado, 
capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho 
Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre 
a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente 
do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo-
ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfi-
gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres-
sar seus sentimentos. Ex: “Nas ocasiões de aparato é que se podia 
tomar pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no 
peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo 
era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de 
um rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra es-
perança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-
frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, 
de sobregoverno.” (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos 
descritivos:
Como se disse anteriormente,do ponto de vista da progressão 
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma 
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem 
simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de 
vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-
versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos 
de sentido distintos.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo-
cage:
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
bem servido de pés, meão de altura,
triste de facha, o mesmo de figura,
nariz alto no meio, e não pequeno.
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura;
bebendo em níveas mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
O poeta descrevese das características físicas para as caracte-
rísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria o mesmo, 
pois as características físicas perderiam qualquer relevo.
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar 
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto, 
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil-
mente identificáveis (descrição objetiva), ou suas características 
psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, 
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des-
ta técnica, sugerese que o concursando, após escrever seu texto, 
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des-
te um adjetivo ou uma locução adjetiva.
Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
dência ou localização do objeto descrito.
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) formato (comparação 
com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões 
(largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) material, peso, cor/
brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como 
um todo.
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
dência ou localização do objeto descrito.
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das 
partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as 
partes se agrupam para formar o todo.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo 
(externamente) formato, dimensões, material, peso, textura, cor 
e brilho.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua 
totalidade.
Descrição de ambientes:
- Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do 
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
ma (se houver).
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje-
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou 
quaisquer outros objetos.
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am-
biente.
Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer 
outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica-
ção do que se vê ao longe).
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos 
do observador explicação detalhada dos elementos que compõem 
a paisagem, de acordo com determinada ordem.
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca 
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Descrição de pessoas (I):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer 
aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da 
pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
- Desenvolvimento: características psicológicas (personali-
dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura, 
objetivos).
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter 
geral.
Descrição de pessoas (II):
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer 
aspecto de caráter geral.
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
ciadas às características psicológicas (1ª parte).
- Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
ciadas às características psicológicas (2ª parte).
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter 
geral.
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma 
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. 
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreen-
são de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa 
possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o 
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição 
focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-li-
terária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preocu-
pação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por ser 
objetiva, há predominância da denotação. 
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um 
tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever 
aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para 
descrever experiências, processos, etc.
Exemplo: 
Folheto de propaganda de carro 
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir 
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran-
quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant 
possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci-
dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida-
de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o 
encosto do banco traseiro rebaixado.
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás-
tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a 
deformação em caso de colisão. 
Textos descritivos literários: Na descrição literária predo-
mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações 
conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de 
pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi-
sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer 
tanto em prosa como em verso.
 
Narração
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, 
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo 
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço, 
organizados por uma narração feita por um narrador. É uma série 
de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um 
estado para outro, segundo relações de sequencialidade e causali-
dade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações 
entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses 
indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm essa vi-
vência.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor-
reu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o 
texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos 
verbos que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O 
conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his-
tória que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per-
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio 
que está sendo contado.As personagens são identificadas (nomea-
das) no texto narrativo pelos substantivos próprios.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem 
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações do 
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre 
uma ação ou ações é chamado de espaço, representado no texto 
pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer 
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra-
tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos 
verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo 
que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor 
“como” o fato narrado aconteceu. 
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte 
inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi-
mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo” 
da narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu-
são da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história 
é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou 
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...). 
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de 
ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos subs-
tantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, 
ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver-
bos, formando uma rede: a própria história contada.
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a 
história.
Elementos Estruturais (I):
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e 
dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por meio 
de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem 
ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, 
estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o 
avarento etc.), heróis ou antiheróis, protagonistas ou antagonistas.
- Narrador: é quem conta a história.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem-
po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte-
rior, subjetivo.
Elementos Estruturais (II):
Personagens Quem? Protagonista/Antagonista
Acontecimento O quê? Fato
Tempo Quando? Época em que ocorreu o fato
Espaço Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Modo Como? De que forma ocorreu o fato
Causa Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Final - Fechado ou Aberto.
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de 
tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como 
simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implicação 
mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança à his-
tória narrada.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigato-
riamente sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou 
o fato a ser narrado.
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:
Porquinhodaíndia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinhodaíndía.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
 O meu porquinhodaíndia foi a minha primeira namorada.
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Rio de 
Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
Observe que, no texto acima, há um conjunto de transforma-
ções de situação: ganhar um porquinhodaíndia é passar da situação 
de não ter o animalzinho para a de têlo; leválo para a sala ou para 
outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do fogão 
para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria era 
estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior; “não 
fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que o 
menino passava de uma situação de não ser terno com o animalzi-
nho para uma situação de ser; no último verso temse a passagem 
da situação de não ter namorada para a de ter. 
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de 
mudanças de situação. É isso que define o que se chama o compo-
nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es-
tado pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si-
tuação. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está 
logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou 
um porquinhodaíndia, é porque alguém lhe deu o animalzinho.
Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que 
alguém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinhoda 
índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a 
cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor-
tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: 
de aquisição e de privação.
Existem três tipos de foco narrativo:
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na 
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao 
mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como 
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his-
tória é contada em 3ª pessoa.
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as 
personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos. 
Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada 
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
Estrutura:
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados 
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história, 
como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. 
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria-
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo 
ao clímax.
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu 
momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos 
personagens.
Tipos de Personagens:
Os personagens têm muita importância na construção de um 
texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se-
cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po-
dem ser apresentados direta ou indiretamente.
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece 
de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou 
psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona-
gens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem 
com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que 
ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
- Em 1ª pessoa:
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a 
história e é o protagonista. Exemplo:
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o 
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia 
a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar 
de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra 
vez e estacava.”
(Machado de Assis. Dom Casmurro)
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, 
eu estava lá e vi. Exemplo:
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do 
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista 
que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar 
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na 
escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que 
chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de 
padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cru-
zada!...
(...)
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele. 
Casado ou doutro jeito, afamilhado. Nãono víamos desde muito 
tempo. (...)
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matan-
ça dos leitões e no tiramento dos assados com couro.
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
- Em 3ª pessoa:
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. 
Exemplo:
“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram 
de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar 
menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha 
de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, 
sem máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ri-
dículo.”
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como 
sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:
Festa
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o 
crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni-
nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos 
com menos de dez anos.
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta-
mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas 
desertas.
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho-
mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e dois 
pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
__ Como?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
toso.
O homem olha para os meninos.
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
__ Está certo.
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como 
se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um. 
O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos 
pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de 
cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o 
primeiro bocado do pão.
O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi-
dos com o sanduíche e a bebida.
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. 
E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados 
naquela mesa.
(Wander Piroli)
Tipos de Discurso:
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para 
o personagem, sem a sua interferência. Exemplo:
Caso de Desquite
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca). 
Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. Agora 
com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha.
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não 
me pise, fico uma jararaca.
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão.
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? 
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei-
ro mês.
__Você desempregado, quem é que fazia roça?
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo-
gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem 
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui 
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom?
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só. 
Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
__ Eu arranjo.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois 
cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me 
deixar sem nada?
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca, 
deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida e 
roupa lavada.
__ Para onde foi a lavadeira?
__ Quem?
__ A mulata.
(...)
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal)
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, 
sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:
Frio
O menino tinha só dez anos.
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. 
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, 
afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos 
bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce-
besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?)
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri-
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme 
e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para 
nada.
__ Olho vivo – como dizia Paraná.
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele 
ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas 
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. 
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jar-
dim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. 
Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava 
mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passa-
vam.
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do 
personagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente re-
cente. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exem-
plo:
A Morte da Porta-Estandarte
Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços. 
Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso se-
gurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse 
temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciên-
cia... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambo-
res? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que 
não está malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da 
cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo 
do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
(Aníbal Machado)
Sequência Narrativa:
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma 
coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase a outra. 
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: 
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um 
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); 
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma compe-
tência para fazer algo); 
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
via fazer (é a mudança principal da narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se deu e em 
que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral-
mente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização 
de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetuase porque 
quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazêla. Tomemos, por 
exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a 
escritura, realizase o ato de compra; para isso, é necessário poder 
(ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer 
deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido 
despejado, por exemplo).
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. 
Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu 
ou outro instrumento para derrubála. Para ter um carro, é preciso 
antes conseguir o dinheiro.
Narrativa e Narração
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é 
um componente narrativo que pode existir em textos que não são 
narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exem-
plo, quando se diz “Depois da abolição, incentivouse a imigra-
ção de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto, 
apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança 
de situação: do não incentivo ao incentivo da imigração

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