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Unidade 03 Crimes contra a Honra

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Na presente aula, será realizado o estudo da honra como fator de criminalização, bem como a compatibilidade dos tipos vigentes com a Carta Republicana e as consectárias questões de direito constitucional.
Também será objeto de estudo a particularidade da iniciativa da ação penal que afeta os delitos contra a honra, bem como os institutos do pedido de explicações em juízo, retratação e exceção da verdade.
Para tanto, serão utilizados casos concretos e narrativas como elementos disparadores para os debates e enfrentamento das questões controvertidas e recentes discussões doutrinário-jurisprudenciais sobre o tema.
Objetivos
1. Diferenciar honra objetiva e honra subjetiva para fins de tipificação das condutas;
2. Identificar os aspectos gerais dos delitos contra a honra e a possibilidade de exclusão de responsabilidade jurídico-penal.
Conceito de honra
A honra integra o direito fundamental de personalidade, previsto no Artigo 5º, X, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) e pode ser compreendida como o “conjunto de predicados da pessoa que lhe confere condição social e estima própria”. (NORONHA, 1972, p. 111).
Para que possamos identificar a qual tipo penal a conduta poderá ser incursa, é importante diferenciar honra objetiva e subjetiva.
A honra integra o direito fundamental de personalidade, previsto no Artigo 5º, X, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) e pode ser compreendida como o “conjunto de predicados da pessoa que lhe confere condição social e estima própria”. (NORONHA, 1972, p. 111).
Honra objetiva
A honra objetiva “relaciona-se à reputação e à boa fama que o indivíduo desfruta no meio social em que vive”. (CUNHA, 2009, p. 80-81).
Honra subjetiva
A honra subjetiva refere-se “à dignidade e ao decoro pessoal da vítima, isto é, o juízo que cada indivíduo tem de si – estima própria”. (CUNHA, 2009, p. 80-81).
Disponibilidade do bem jurídico-penal
No âmbito jurídico-penal, o direito à honra apresenta-se como disponível e, portanto, passível de validade do consentimento do ofendido para fins de exclusão de responsabilidade. Para que o consentimento do ofendido seja válido, é necessário que: o bem jurídico tutelado seja disponível, o ofendido tenha capacidade para consentir e que o consentimento seja válido.
Dessa forma, necessário identificar o momento no qual o ofendido consente com a prática da ofensa para, então, analisar suas consequências. Ou seja, caso o consentimento do ofendido seja prévio à ofensa, a conduta será atípica. Por outro lado, no caso do consentimento ser posterior à ofensa, será caracterizado o perdão, lembrando que, para sua validade, deve ser aceito pela outra parte, dada a bilateralidade do ato.
A pessoa jurídica como sujeito passivo dos delitos contra a honra
A questão é controvertida e possui, como elemento disparador, o disposto na Constituição da República, Artigo 225, § 3º, e Artigo 173, § 5º, in verbis:
Artigo 225
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Artigo 173
Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
(...)
§ 5º – A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Observações a partir da interpretação do disposto
A partir da interpretação do disposto nos dispositivos constitucionais citados, são cabíveis algumas observações:
A responsabilidade pessoal dos dirigentes não se confunde com a responsabilidade da pessoa jurídica.
O Superior Tribunal de Justiça, em Verbete Sumular, estabelece que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, o que significa dizer que reconhece a existência de reputação para pessoa jurídica (Verbete de Súmula nº 227).
A doutrina tem se manifestado pela impossibilidade da pessoa jurídica ser sujeito passivo do delito de calúnia, sob o argumento de que ela não possa figurar como sujeito ativo de delito sob a ótica da teoria finalista da ação.
Decisão proferida em sede de Recurso Especial
Sobre o tema, assevera Cezar Roberto Bitencourt que a Constituição não dotou a pessoa jurídica de responsabilidade penal. Ao contrário, condicionou a sua responsabilidade à aplicação de sanções compatíveis com a sua natureza. (op. cit. p. 274-275).
Ainda sobre o tema, clique aqui e conheça a ementa de decisão proferida em sede de Recurso Especial pela Quinta Câmara do Superior Tribunal de Justiça, in verbis.
Decisão proferida em sede de Recurso Especial pela Quinta Câmara do Superior Tribunal de Justiça 
EMENTA. CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIOAMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CORESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO.
Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial.
A Lei Ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. 
A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial.
A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. 
 A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. 
A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. 
"De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado." 
A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade.
A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica.
Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...",pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva.
A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da relação processual-penal. XIII. Recurso provido, nos termos do voto do Relator.
(STJ, REsp 564960. Quinta Turma. Rel. Min. Gilson Dipp. Julgado em 02/06/2005)
Menores e incapazes como sujeitos passivos dos delitos contra a honra
No que concerne à possibilidade de menores e incapazes figurarem como sujeitos passivos dos delitos contra a honra, a questão mostra-se um pouco menos controvertida, sendo necessário, entretanto, identificar que, em face do direito à dignidade e ao respeito, desde que tenham capacidade de discernimento para se sentirem ofendidos, é plenamente possível a caracterização dos delitos de difamação e injúria.
Cabe ressaltar que o consentimento feito pelo responsável é juridicamente ineficaz para fins de exclusão de responsabilidade penal do ofensor.
Por fim, não há que se falar do delito de calúnia em face da impossibilidade da prática de crime por ausência de um de seus elementos – a culpabilidade.
Atenção
No sentido da possibilidade dos inimputáveis figurarem como sujeitos passivos no delito de injúria, esclarece Luiz Regis Prado ser a caracterização do delito “condicionada à sua possibilidade de percepção do caráter ultrajante da palavra ou gesto que lhe é endereçado, avaliada segundo o caso concreto”. (PRADO, 2010, p. 210).
Ofensas perpetradas no mesmo contexto fático
No caso de ofensas praticadas no mesmo contexto fático, para que possamos identificar a ocorrência de concurso de crimes ou conflito aparente de normas, é necessário, inicialmente, identificar a espécie de honra lesionada.
Nesse diapasão, o melhor entendimento é no sentido de que, caso as condutas ofensivas lesionem espécies de honra distintas, por exemplo, calúnia e injúria ou difamação e injúria, será possível o concurso de crimes.
Por outro lado, conforme Cunha (2009, p. 81), caso condutas ofensivas lesionem o mesmo bem jurídico, por exemplo, calúnia e difamação, caracterizar-se-á conflito aparente de normas a ser solucionado pelo princípio da absorção.
Semelhanças e dessemelhanças entre os delitos de calúnia, difamação e injúria
• Na calúnia e na difamação, há a imputação de um fato concreto, que, na primeira, deve ser falso e tipificado como crime (não se aplica à contravenção penal), não exigidos na difamação. Ambos lesionam a honra objetiva.
• Na injúria, por sua vez, há lesão à honra subjetiva ao serem atribuídas à vítima qualidades negativas à sua dignidade ou decoro.
Calúnia
Artigo 138 – caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
Pena – detenção (de seis meses a dois anos) e multa.
Difamação
Artigo 139 – difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Pena – detenção (de três meses a um ano) e multa.
Injúria
Artigo 140 – injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.
Pena – detenção (de um a seis meses) ou multa.
Exceção da verdade nos crimes contra a honra
A exceção da verdade caracteriza-se como incidente processual ou forma de defesa indireta, que deve ser oposta no momento da resposta preliminar obrigatória prevista no Artigo 396-A do Código de Processo Penal, in verbis:
Verdade
Artigo 396-A – na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Conceito
Luiz Regis Prado a define como a “demonstração pelo acusado da verdade do fato ofensivo imputado” (PRADO, op. cit. p. 205). Em outros termos, é a oportunidade na qual o acusado do delito de calúnia ou, excepcionalmente, no caso de difamação contra a honra de funcionário público no exercício de suas funções, pode provar que não proferiu ofensa e, sim, falou a verdade.
Atenção
Admissibilidade
A admissibilidade da prova da verdade é prevista no Artigo 138, § 3º e Artigo 139, parágrafo único, do Código Penal, in verbis:
Artigo 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
(...)§ 3º – Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do Artigo 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Artigo 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Parágrafo único – A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Consequências
Por fim, em relação ao instituto da exceção da verdade, relevante observar que, consoante à espécie de delito no qual tenha sido arguida e admitida, as consequências serão distintas. Se o delito praticado for o de calúnia, configurará causa excludente de 
tipicidade, uma vez que é elementar do crime de calúnia o fato ser considerado falso; no delito de difamação, causa excludente de ilicitude.
Para saber mais sobre Crimes contra a pessoa e contra a honra, acesse o link indicado:
• “Racismo” do prof. Sérgio Salomão Schecaira.
Questões relevantes 
1.1. Ação Penal nos crimes contra a honra ► Em regra, a ação penal é deflagrada por iniciativa do ofendido, que tem o prazo decadencial de seis meses para o oferecimento da queixa, a contar da data em que tiver conhecimento da autoria do delito (Artigo 38 do Código de Processo Penal). ► A ação penal será de iniciativa pública, condicionada à representação do ofendido nos casos de crimes praticados contra funcionário público no exercício de suas funções, injúria real da qual resulte lesão corporal, injúria discriminatória e, condicionada à representação do Ministro da Justiça, quando perpetradas contra a honra do Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro. ►Estabelece o Verbete de Súmula nº 714 do Supremo Tribunal Federal que a legitimidade para propositura da ação penal no caso de crime praticado contra a honra do funcionário público é concorrente. Ou seja, é facultada ao funcionário a propositura de queixa crime para oferecimento da ação penal ou representar ao Ministério Público para que o parquet possa oferecer a denúncia. 
Artigo 145 do Código Penal Nos crimes previstos neste capítulo, somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do Artigo 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do Artigo 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do Artigo 140 deste Código. 
Artigo 140 do Código Penal 
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[...] § 2º – Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o – Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Artigo 141 do Código Penal [...] I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções. 
SÚMULA 714 DO STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
1.1. Injúria discriminatória ou preconceituosa eseu confronto com os delitos previstos na Lei nº 7716/1989 A figura típica de injúria qualificada, preconceituosa ou discriminatória prevista no Artigo 140, § 3° do CP não se confunde com os delitos de discriminação ou preconceito de raça e cor, pois, enquanto naquela, a conduta visa à ofensa a honra de outrem, no delito de racismo, previsto na Lei nº 7716/1989, a conduta do agente visa à segregação em função da raça ou cor. Em outras palavras, não há que se confundir a conduta de “xingar”, voltada à lesão à honra, à dignidade da vítima, praticada mediante 
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a ofensa em função de raça ou cor com o delito de racismo, no qual o agente, em função da raça ou cor, pretende, consoante assevera Rogério Sanches Cunha, “marginalizar, pôr à margem de uma sociedade” o ofendido (CUNHA, Rogério Sanches. Op.cit. p 89) e que, portanto, visa impedir que o indivíduo tenha o livre exercício de seus direitos. Sobre a distinção entre os referidos delitos, vide ementa de decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, in verbis : EMENTA. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 20, DA LEI Nº 7.716/89. ALEGAÇÃO DE QUE A CONDUTA SE ENQUADRARIA NO ART. 140, §3º, DO CP. IMPROCEDÊNCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA. I - O crime do art. 20 da Lei nº 7.716/89, na modalidade de praticar ou incitar a discriminação ou preconceito de procedência nacional, não se confunde com o crime de injúria preconceituosa (art. 140, §3º, do CP). Este tutela a honra subjetiva da pessoa. Aquele, por sua vez, é um sentimento em relação a toda uma coletividade em razão de sua origem (nacionalidade). II - No caso em tela, a intenção dos réus, em princípio, não era precisamente depreciar o passageiro (a vítima), mas salientar sua humilhante condição em virtude de ser brasileiro, i.e., a idéia foi exaltar a superioridade do povo americano em contraposição à posição inferior do povo brasileiro, atentando-se, dessa maneira, contra a coletividade brasileira. Assim, suas condutas, em tese, subsumem-se ao tipo legal do art. 20, da Lei nº 7.716/86. III - A peça acusatória deve vir acompanhada com o mínimo embasamento probatório apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a efetiva realização do ilícito penal por parte dos denunciados. Se não houver um lastro probatório mínimo a respaldar a denúncia, de modo a tornar esta plausível, não haverá justa causa a autorizar a instauração da persecutio criminis (Precedentes da Corte Especial e da Turma). In casu há o mínimo 
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de elementos (v.g., prova testemunhal) que indicam possível participação dos recorrentes no delito a eles imputado. Writ denegado (STJ, RHC 19166/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 245/10/2006). 
1.2. Causas especiais de exclusão dos delitos de difamação e injúria. O Artigo 142 do Código Penal apresenta, sob a denominação de exclusão do crime, situações nas quais as ofensas de difamação e injúria não terão relevância jurídico-penal. O tema gera controvérsia na doutrina no que concerne à natureza jurídica do referido dispositivo legal, de modo a ensejar três entendimentos: ► Causa excludente de ilicitude por tratar-se de exercício regular de direito (neste sentido: Cesar Roberto Bitencourt e Guilherme de Souza Nucci). ► Causa excludente de tipicidade (neste sentido: Heleno Fragoso). ► Causa excludente de punibilidade (neste sentido: Magalhães Noronha).
Atividade proposta
Mulher acusa médico por injúria racial em Sertãozinho/SP. Discussão aconteceu em um posto de saúde do município. José Alves Lara Neto sofreu outra denúncia do tipo em 2003.
(Fonte: www.g1.globo.com; Atualizado em: 15 jun. 2012) Uma auxiliar de limpeza está acusando um médico por injúria racial após uma discussão em um posto de saúde de Sertãozinho (SP), em 6 de junho. Segundo Marizelda Fátima dos Reis, que é responsável por separar e retirar o lixo do local, o médico José Alves Lara Neto foi tirar satisfações sobre um material que havia se espalhado pela rua quando começou a ofender a funcionária. “Ele me mandava calar a boca, dizia que eu sou pobre e ele um doutor e que ele era branco e eu negra”, afirmou. De acordo com o presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra do município, Acácio Augusto Tobias, após o boletim de ocorrência feito por Marizelda, o conselho entrará com uma representação contra Neto. O advogado que representa a Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados (OAB) no município, Lucas Simão Tobias, espera que o médico, que já enfrentou outra denúncia por ofensas racistas em 2003, seja afastado do cargo. “No caso de 2003, ele já foi condenado a pagar uma indenização de R$ 60 mil em primeira instância. Esse médico não tem as mínimas condições de atender a população da nossa cidade”, afirmou.
A partir da análise da reportagem apresentada, responda, de forma objetiva e fundamentada: com base nos estudos realizados sobre delitos contra à honra, está correta a tipificação apresentada na reportagem?
Resposta: Sim, mediante todos os elementos apresentados pela reportagem esta claramente caracterizado o crime de injuria qualificada (racial - Art. 140. §3º, CP), pois estão presentes as elementares enumeradas no tipo penal. 
Chave de resposta: A questão versa sobre a figura típica de injúria qualificada, preconceituosa ou discriminatória, prevista no Artigo 140, § 3°, do Código Penal, que não se confunde com o delito de discriminação ou preconceito de raça e cor, pois, enquanto naquela a conduta visa à ofensa a honra de outrem, no delito previsto no Artigo 20 da Lei nº 7716/1989, a conduta do agente visa à segregação em função da raça ou cor. Clique aqui e veja o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Atividade Proposta 
EMENTA. Injúria. Ofensas de caráter racial. Crime caracterizado. Hipótese em que foram dirigidas à vítima expressões como “negra-preta”, “crioulinha”, “macumbeira” e “feiticeira”. Ofensa à dignidade e ao decoro. Testemunhas confirmando o assaque das palavras injuriosas. Desprovimento. Comete o crime de injúria qualificada pelo preconceito, aquele que se utiliza de palavras depreciativas à raça e cor, com o intuito de ofender a honra de outra pessoa. Rejeitaram preliminar e negaram provimento. (TJMG – Apelação Criminal nº 1045602012684-7/001, Terceira Câmara Criminal, Rel. Des. Kelsen Carneiro, DJ 19/01/2006). 
Ainda sobre a distinção entre os referidos delitos, vide ementa de decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, in verb is : EMENTA. PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE RACISMO. 1. DENÚNCIA QUE IMPUTA A UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS PEJORATIVAS REFERENTES À RAÇA DO OFENDIDO. IMPUTAÇÃO. CRIME DE RACISMO. INADEQUAÇÃO. CONDUTA QUE SE AMOLDA AO TIPO DE INJÚRIA QUALIFICADA PELO USO DE ELEMENTO RACIAL. DESCLASSIFICAÇÃO. 2. ANULAÇÃO DA DENÚNCIA. DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. RECONHECIMENTO. 3. RECURSO PROVIDO. 1. A imputação de termos pejorativos referentes à raça do ofendido, com o nítido intuito de lesão à honra deste, importa no crime de injúria qualificada pelo uso de elemento racial, e não de racismo. 2. Não tendo sido oferecida a queixa crime no prazo de seis meses, é de se reconhecer a decadência do direito de queixa pelo ofendido, extinguindo-se a punibilidade do recorrente. 3. Recurso provido para desclassificar a conduta narrada na denúncia para o tipo penal previsto no §3º do artigo 140 do Código Penal, e, em conseqüência, extinguir a punibilidade do recorrente, em razão da decadência, por força do artigo 107, IV, do Código Penal (STJ, RHC n. 18620/PR. Sexta Turma. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, julgado em 14/10/2008). 
Síntese
Nesta aula:
Foi apresentado o conceito de honra para o Direito Penal;
Foram identificadas e diferenciadas as espécies de honra e respectivas figuras típicas;
Foram apresentadas as espécies de ação penal cabíveis aos delitos contra a honra.
Em tema de crime contra a honra, analise:
I. A calúnia e a difamação distinguem-seda injúria porque, nas duas primeiras, há imputação de fato desonroso, enquanto, na última, há mera atribuição de qualidade negativa ao ofendido.
II. A difamação caracteriza-se pela imputação falsa de fato definido como crime.
III. A calúnia e a difamação ofendem a honra objetiva da vítima, ao passo que a injúria atinge a honra subjetiva.
IV. Na injúria, há imputação de fato ofensivo à dignidade ou ao decoro da vítima.
V. Para caracterizar a calúnia, o fato imputado não precisa ser criminoso, bastando que seja falso e ofensivo à reputação da vítima.
É correto o que consta APENAS em:
I, II e IV
I e III
II, IV e V
IV e V
I, II e III
I e III - a calúnia e a difamação tutelam a honra objetiva, ao passo que a injúria tutela a honra subjetiva.
2
(TJSP – Juiz – 2013) A, perante várias pessoas, afirmou falsamente que B, funcionário público aposentado, explorava a atividade ilícita do jogo do bicho quando exercia as funções públicas. Ante a imputação falsa, é correto afirmar que A cometeu o crime de:
Difamação, não se admitindo a exceção da verdade.
Calúnia, admitindo-se a exceção da verdade.
Calúnia, não se admitindo a exceção da verdade.
Difamação, admitindo-se a exceção da verdade.
Prática de jogo do bicho se caracteriza uma contravenção, não coberta pelo tipo penal do Artigo 138. Não comporta exceção da verdade pelo fato de a ofensa não ter sido realizada no exercício das funções do ofendido.
3
O agente que imputa a outra pessoa fato ofensivo à sua reputação comete o seguinte crime:
Calúnia
Difamação
Injúria
Constrangimento ilegal
Divulgação de segredo
Artigo 139 do Código Penal.
4
(TJPE – JUIZ 2013) Nos crimes contra a honra:
É admissível a exceção da verdade na injúria, se a vítima é funcionária pública e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
É admissível a retratação apenas nos casos de calúnia e difamação.
A pena é aumentada em um terço, se cometidos contra pessoa maior de sessenta anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de difamação.
É admissível o perdão judicial no crime de difamação, se houver retorsão imediata.
A injúria real consiste no emprego de elementos preconceituosos ou discriminatórios relativos à raça, cor, etnia, religião, origem e condição de idoso ou deficiente.
Artigo 143 do Código Penal.
5
(TRF- 3ª Região – Juiz – 2013) Com base no Código Penal, relativamente aos crimes contra a honra, é incorreto afirmar:
É punível a calúnia contra os mortos. 
O juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria ou calúnia.
Em se tratando de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público, e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
As ofensas irrogadas em juízo na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador, não constituem injúria ou difamação punível, mas responde pela injúria ou pela difamação quem lhes dá publicidade.
O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Não é cabível o perdão judicial na calúnia.
6
A respeito dos crimes contra a honra, assinale a opção correta:
Admite-se o perdão judicial no delito de difamação.
A exceção da verdade é cabível nos delitos de calúnia, difamação e injúria. 
Admite-se a exceção da verdade na difamação se o ofendido é funcionário público, e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
O querelado que, antes da sentença, se retrata, somente terá a extinção de sua punibilidade declarada se o querelante concordar com a retratação.
Admite-se a exceção da verdade nos delitos de calúnia e difamação se o ofendido é funcionário público, e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
De acordo com o que dispõe literalmente o Artigo 139, parágrafo único, do Código Penal, que autoriza a exceção da verdade no caso de difamação praticada contra funcionário público, desde que a ofensa seja relativa ao exercício de suas funções.
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Com relação aos delitos contra a honra, leia atentamente as situações hipotéticas apresentadas abaixo:
I. Funcionário público oferece representação contra colega, entendendo-se ultrajado na sua honra (em sua dignidade). Acionado criminalmente, o colega retratou-se. A referida retratação é irrelevante para o Direito Penal.
II. Um indivíduo comparece à delegacia policial e oferece notícia de crime em face de terceiro, um desafeto seu, sendo certo que o noticiante imputou ao noticiado crime de que o sabia inocente. Em decorrência da referida notícia, foi instaurado inquérito policial. Nesse caso, a conduta do noticiante encontra-se incursa no tipo penal da calúnia.
III. Um indivíduo, maior e capaz, com o ânimo de ridicularizar um vizinho, portador de deficiência mental, o xinga de “idiota bobalhão”. Arrasado com a ofensa, chora e conta aos seus pais e amigos que foi “humilhado”. Nesse caso, é correto afirmar que a conduta desse indivíduo será tipificada como injúria discriminatória.
IV. Dois indivíduos, por motivo irrelevante, iniciam violenta discussão em um bar, no curso da qual um deles despeja um copo de cerveja na cabeça do outro. A sua conduta configura a contravenção penal de vias de fato.
Estão certos apenas os itens:
I e II
I, e III
I, II e III IV
I, II e IV
I, II e III
I – Não é cabível a retratação no delito de injúria;
III – Artigo 140, § 3º, do Código Penal.
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(PC-ES – Escrivão de Polícia – 2013) Em razão de discriminação religiosa, Josenildo constrangeu Fabrícia por meio de grave ameaça, causando-lhe grande sofrimento mental. Ele era evangélico, e Fabrícia pertencia a uma religião de matriz afro-brasileira, o que Josenildo não admitia. Assim, o evangélico praticou o crime:
De injúria racial (Artigo 140, § 3º, do Código Penal).
De constrangimento ilegal (Artigo 146 do Código Penal).
De lesão corporal (Artigo 129 do Código Penal).
Tipificado na lei que definiu crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989).
De tortura (Lei nº 9.455/1997).
Artigo 1º, I, c, da Lei nº 9455/97.
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(PC-ES – Escrivão da Polícia – 2013) O termo “decoro”, prescrito no tipo penal do Artigo 140 do Código Penal, pode ser classificado como elemento:
Misto
Objetivo
Subjetivo
Normativo
Alternativo
Trata-se de elemento normativo do tipo penal, porque requer uma valoração por parte do intérprete.
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(TRT – GO – Juiz do Trabalho – 2012) A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador, é acobertada por imunidade judiciária:
Em qualquer crime contra a honra.
Na injúria e na calúnia.
Na calúnia e na difamação.
Na injúria e no desacato.
Na difamação e na injúria.

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