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Unidade 07

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Unidade 07 - Crime contra a Paz e a fé públicas
Nesta aula, estudaremos os delitos contra a paz pública, compreendida como a tutela da manutenção da tranquilidade e segurança sociais. Dessa forma, serão analisadas as formas de criminalidade que, segundo seu modus operandi, fomentam a prática de condutas típicas diversas, dotadas de maior juízo de reprovabilidade, razão pela qual, por critérios de política criminal, aquelas deixaram de ser consideradas meros aros preparatórios destas e foram erigidas a figuras típicas autônomas.
Estudaremos também os delitos contra a fé pública, a partir da premissa de que, em face da preponderância do interesse público e da credibilidade do sistema financeiro nacional, nos casos de delitos de moeda falsa, bem como das próprias relações sociais entre indivíduos ou entre indivíduos e o Estado/Administração Pública, necessita-se identificar e descrever os critérios de política criminal adotados para fins de tipificação, consequente cominação de sanção penal ou exclusão desta, nas figuras típicas de moeda falsa, falsificação de documentos públicos ou privados.
Bem jurídico supraindividual
Bem jurídico cuja dimensão social do interesse protegido e da danosidade de sua ofensa extrapola os interesses individuais e se torna qualitativa e quantitativamente imensuráveis.
Delitos contra a paz pública
Para que se possa estudar os delitos contra a paz pública, imperiosa torna-se a identificação do bem jurídico-penal tutelado neste capítulo. Para Luiz Regis Prado, tutela-se a manutenção da tranquilidade pública e a convicção de segurança social. (PRADO, 2010, p. 180)
Associação criminosa
O que seria associação criminosa?
Inicialmente, cabe destacar que houve uma alteração da elementar do tipo penal do crime de quadrilha ou bando, onde se exigia um mínimo de quatro agentes associados de forma estável e permanente com o fim de cometerem crimes. A nova redação se caracteriza como verdadeira novatio legis in pejus, uma vez que passou a exigir, para o reconhecimento de associação criminosa, no mínimo, três pessoas.
No entanto, a necessidade de essa associação ter uma natureza estável e permanente permaneceu inalterada, sendo certo que esse é o ponto de distinção para o concurso de agentes, em que a associação será eventual.
Por ser um delito formal, consuma-se com a adesão do terceiro com o especial fim de cometer um número indeterminado de crimes, sem necessidade da prática de qualquer crime sequer em decorrência dessa associação. Se, todavia, em decorrência da associação, houver a prática de um crime, será aplicável o concurso material de crimes previsto no Artigo 69 do Código Penal.
Para que se caracterize a associação criminosa, não há necessidade de que todos os integrantes da associação sejam imputáveis, bastando que apenas um o seja. A Lei nº 12.850/2013 acrescentou, ainda, como majorante do crime, o aumento de pena até a metade para o imputável que venha a integrar criança ou adolescente à associação criminosa
Para a incidência da majorante da associação armada, não há necessidade de que todos os elementos estejam armados, basta que apenas um esteja nesta condição para que todos tenham o aumento da pena. No entanto, é imprescindível que todos os componentes conheçam a existência da arma.
Pode ser que haja a prática de um dos crimes para o qual os agentes estavam associados. Nesse caso, em alguns desses crimes, como é o caso do roubo, existe também, como majorante, o emprego da arma. Haverá a incidência do Artigo 288, parágrafo único, e Artigo 157, § 2º, I, do Código Penal sem ocorrência de bis in idem, uma vez que os bens jurídicos atingidos são distintos. No entanto, o entendimento não é pacífico, havendo quem entenda pela ocorrência de bis in idem, uma vez que o mesmo fato está servindo de punição duas vezes para os mesmos agentes.
Quando a associação criminosa estiver reunida com a finalidade de praticar crimes hediondos ou equiparados pelo princípio da especialidade, aplica-se a pena prevista no Artigo 8º da Lei nº 8.072/90.
Vale lembrar que a Lei nº 11.343/2003, no Artigo 35, também prevê um crime relativo à associação de pessoas com o fim de traficar. Mais uma vez, deve ser aplicado o princípio da especialidade para a caracterização do delito previsto no Artigo 35 da Lei nº 11.343/2006, pois este exige apenas a associação de, no mínimo, duas pessoas e, além disso, para sua caracterização, basta que um dos agentes seja imputável. Por fim, assim como acontece no delito de associação criminosa, o delito de associação para o tráfico tem como núcleo o ato de associação, o que dispensa a prática efetiva do tráfico pretendido.
Organização criminosa
Há dois conceitos para se considerar uma organização criminosa.
Lei nº 12.694/2012
Antes do advento da Lei nº 12.694/2012, não havia um conceito legal do que poderia se considerar organização criminosa. A referida lei, no seu Artigo 2º, definiu organização criminosa como uma associação de, no mínimo, três pessoas, de forma estruturada, com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática de crimes com pena máxima igual ou superior a quatro anos ou de caráter transnacional. Essa corrente sustenta que ambos conceitos coexistem, sendo que o trazido pela lei de 2012 somente seria aplicável para os efeitos trazidos pela Lei nº 12.694.
Lei nº 12.850/2013
Apesar de já existir um conceito para organização criminosa, a Lei nº 12.850/2013 trouxe no seu Artigo 1º, §1º, um novo conceito. Para a nova lei, a organização criminosa, para ser reconhecida, precisaria de, no mínimo, quatro pessoas, associadas de forma estruturada, com o objetivo de obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações (o que, além de crimes, englobaria, também, contravenções) com pena máxima superior a quatro anos ou de caráter transnacional. Essa corrente sustenta que o conceito da Lei nº 12.694 teria sido derrogado pelo trazido pela Lei nº 12.850.
Constituição de milícia privada – Artigo 288-A do Código Penal
“Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código. Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”
A constituição de milícia privada trata-se de novatio legis incriminadora, razão pela qual deverá ser respeitado o princípio da irretroatividade da lei penal. Nessa figura típica, não houve delimitação do número mínimo de agentes a integrar a figura típica, não obstante a natureza plurissubjetiva do delito em análise. Se partirmos de uma interpretação sistemática, podemos concluir que, em respeito ao disposto no Artigo 288 do Código Penal, para a caracterização da figura prevista neste mesmo artigo, imprescindível a existência de um número mínimo de três agentes.
O crime em questão limitou a abrangência da sua incidência às figuras típicas previstas no Código Penal, de modo a ser inaplicável aos delitos previstos na Legislação Especial, sob pena de caracterizar-se verdadeira analogia incriminadora.
Clique aqui e conheça mais sobre constituição de milícia privada.
Constituição de milícia privada 
Quanto ao delito de homicídio, podemos questionar a ofensa ao princípio da proporcionalidade das penas, na medida em que, diante de uma situação fática na qual o grupo de extermínio ou milícia privada venha a praticar homicídios, não podemos afastar a possibilidade de que, na maioria das vezes, estes homicídios serem qualificados em razão de circunstancias de caráter subjetivo (torpeza) ou objetivo (meio cruel, etc.), o que pode gerar as seguintes controvérsias: 
– A figura típica será a do Artigo 288-A do Código Penal, com uma pena de reclusão de 4 a 8 anos; – A figura típica será a do Artigo 8º da Lei nº 8072/1990, cuja pena é mais branda, ou seja, de reclusão de 3 a 6 anos. 
Tais controvérsias serão dirimidas através do exercício da jurisdição, sendo possível, inclusive, questionar-se sobre a caracterização da norma doArtigo 288-A do Código Penal como norma especial. 
Ainda em relação ao delito de homicídio, a Lei nº 12720, ao majorar o delito de homicídio, deu ensejo à discussão acerca da possibilidade de incidência concomitante da qualificadora incursa no inciso I, do § 2º, Artigo 121 do Código Penal, nos casos de homicídio mercenário com a causa de aumento acrescida ao § 6º, do Artigo 121 do Código Penal.
Delitos contra a fé pública
Para que se possa estudar os delitos contra a fé pública, torna-se imperiosa a identificação do bem jurídico-penal, de natureza supraindividual, tutelado neste capítulo. O bem jurídico fé pública pode ser definido a partir da noção desenvolvida na seara de Direito Público, como a credibilidade conferida aos documentos emitidos por autoridades públicas ou privadas por ela delegados no exercício de suas funções, de modo a presumir-se, em face da preponderância do interesse público, sua legitimidade e veracidade.
Há alguns requisitos a serem preenchidos para que seja possível configurar o crime de falso. Veja quais são:
Imitação da verdade: o objeto material do crime deve, de fato, apresentar semelhança com o verdadeiro, podendo ser confundido. Se a falsificação for grosseira, haverá atipicidade da conduta. (Súmula 73 do STJ).
Dano potencial: a falsidade deve realmente gerar dano a alguém. O documento falsificado deve ser capaz de iludir ou enganar um número indeterminado de pessoas.
Dolo: todos os crimes contra a fé pública são dolosos.
Bem jurídico supraindividual
Bem jurídico cuja dimensão social do interesse protegido e da danosidade de sua ofensa extrapola os interesses individuais e se torna qualitativa e quantitativamente imensuráveis.
Falsificação de documento
Antes de falarmos de falsificação de documento, é importante saber o que é documento.
Documento é todo escrito à mão ou mecânico, contendo exposição de fatos ou declaração da vontade e, ainda, dotado de relevância jurídica e que, por si só, pode causar um dano por ter valor probatório.
O bem jurídico tutelado é, diretamente, a fé pública e, indiretamente, o terceiro prejudicado com a falsificação. Consuma-se no momento em que o documento é criado (falsidade total) ou modificado (falsidade parcial) e, assim, tornando-se apto a enganar terceiros, sendo irrelevante seu uso, haja vista tratar-se de crime formal. O objeto material do delito é o documento e, se ele for considerado documento público, é aquele compreendido como emanado do poder público.
A doutrina classifica o documento público em três categorias:
Formal e substancialmente público: emana do funcionário público no exercício de suas funções, e seu conteúdo relaciona-se ao interesse público. (CUNHA, 2009, p. 347).
Formalmente público e substancialmente privado: emana do funcionário público no exercício de suas funções e seu conteúdo relaciona-se ao interesse privado.
Documento público por equiparação: é aquilo que se encontra previsto no Artigo 297, § 2º.
Você conhece a distinção entre falsidade material e falsidade ideológica?
Na falsidade material, o documento não é autêntico, ou seja, a falsidade recai sobre seus elementos extrínsecos. Ainda sobre a falsidade material, há dois tipos penais distintos: falsidade de documento público (Artigo 297) e falsidade de documento particular (Artigo 298). 
Já na falsidade ideológica, o documento externamente é autêntico; seu conteúdo, no entanto, é que será falso.
Falsificação de documento público, estelionato, concurso de crimes ou conflito aparente de normas podem ser definidos sobre três correntes. Veja a seguir:
1 corrente
Por tutelarem bens jurídicos distintos, configura-se o concurso material de crimes, caso haja pluralidade de condutas ou resultados. (JESUS, 2003, p. 54 ).
No entanto, caso o falso se esgote no estelionato, sem maior potencialidade lesiva, será por este absorvido. (Verbete de Súmula nº 17 do Superior Tribunal de Justiça. Neste sentido: GRECO, s. d., p. 276).
2 corrente
Por tutelarem bens jurídicos distintos, configura-se o concurso formal de crimes, pois há unidade de conduta e pluralidade de resultados. Neste sentido, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal, no Informativo nº 541
 3 corrente
	
	Trata-se de conflito aparente de normas a ser solucionado pelo princípio da consunção, sendo o delito de estelionato absorvido pela falsidade de documento público, delito mais grave.
Tipos de falsificação de documento
Ainda sobre falsificação de documento, veja:
Falsificação e uso de documento público falso pelo falsário
Nesse caso, o delito previsto no Artigo 304 do Código Penal será absorvido pelo Artigo 297 do mesmo código, haja vista configurar mero exaurimento (pós fato impunível).
Falsidade grosseira e caracterização de estelionato, apropriação indébita ou outro delito que não o de falso
Quando a falsificação for grosseira, acaba por tornar a conduta de falso atípica em face da caracterização do crime impossível; todavia, nada impede que a falsidade, ainda que grosseira, seja apta à caracterização de outra figura típica, tal como o delito de apropriação indébita ou estelionato (Artigos 168 e 171 do Código Penal).
A substituição de fotografia em documento de identidade
Caso muito comum é a substituição da fotografia em documento de identidade. Nesse caso, surgem dois entendimentos: o primeiro, segundo o qual a conduta é de falsidade de documento público, tem por fundamento a assertiva de que a foto é parte integrante deste; por outro lado, para o entendimento que sustenta a caracterização de falsa identidade, argumenta que o documento permanece autêntico.
Preenchimento abusivo de documento em branco assinado por outrem
Caso interessante a ser analisado é o preenchimento abusivo de documento em branco assinado por outrem. Para fins de esclarecimentos sobre o tema, analisemos as seguintes narrativas e consectários:
Narrativa 1: O agente recebe licitamente o papel assinado em branco para posterior preenchimento e o preenche indevidamente. Nesse caso, restará caracterizado o delito de falsidade ideológica.
Narrativa 2: O agente subtrai o papel assinado em branco e o preenche. Nesse caso, restará caracterizado o delito de falsidade material (documental).
Falsa declaração de pobreza
Questão que demanda questionamento é a tipificação ou não da conduta de quem, para fins de obtenção de assistência judiciária gratuita, afirma, mediante falsa declaração, pobreza.
O Superior Tribunal de Justiça já proferiu decisão no sentido de que a referida conduta não configura as figuras típicas de falsidade ideológica ou uso de documento falso, pois a referida declaração é passível de comprovação posterior, de ofício ou a requerimento. Isso ocorre porque haveria uma presunção de veracidade relativa. Para os casos de declaração falsa, a própria Lei nº 1060/50 prevê a multa de até dez vezes o valor das custas judiciais como punição.
Tipos de falsificação de documento: moeda falsa
Os delitos previstos neste capítulo tutelam o bem jurídico “fé pública”, que, neste caso, significa, nas palavras de Luiz Regis Prado, a “confiança que a própria ordem de relações sociais e sua atuação prática determinam entre os indivíduos, ou entre a Administração Pública e os cidadãos, relativamente à emissão e circulação monetária [...]”. (PRADO, 2010, p. 196).
No crime de moeda falsa, a expressão falsificar, que está na figura típica fundamental, compreende o fabrico (cunhagem do papel-moeda ou moeda metálica) e a alteração (que consiste em modificar ou adulterar a moeda existente).
Da mesma forma que no documento falsificado, no crime de moeda falsa, é imprescindível a imitatio veritatis (imitação da verdade), ou seja, exige-se que a cédula falsa tenha a eficácia de enganar o homem médio, induzindo a engano um número indeterminado de pessoas. Caso a falsificação seja grosseira, mas que tenha sido capaz de enganar, ainda que momentaneamente, uma pessoa, fica caracterizado o crime de estelionato, conforme entendimento sumuladopelo Superior Tribunal de Justiça – Súmula nº 73.
Impossibilidade de reconhecimento do princípio da insignificância nos crimes de moeda falsa: isso ocorre porque, no caso da moeda falsa, ao contrário dos crimes patrimoniais, onde se pode invocar o reconhecimento do referido princípio, protege-se um bem jurídico intangível, que é a credibilidade do sistema financeiro, tendo sido este entendimento aplicado pelo Supremo Tribunal Federal no Informativo nº 514.
Não podemos esquecer que os petrechos para falsificação, a falsificação e colocação em circulação da moeda falsa, quando o sujeito ativo é a mesma pessoa, caracteriza verdadeiro conflito aparente de normas a ser solucionado pelo princípio da consunção, no qual o delito de moeda falsa absorve os demais. No que concerne à competência para julgamento do crime, por tratar-se de delito contra a fé pública, prevalece o disposto no Artigo 109 da CRFB/1988, ou seja, a competência para processo e julgamento será da Justiça Federal.
Para saber mais sobre crimes contra a paz pública e contra a fé pública, leia o texto Primeiras reflexões sobre organização criminosa.
Atividade proposta
Luiz Pontes, com o fim de obter valores como restituição em sua declaração de imposto de renda de pessoa física, deduziu falsamente despesas médico-odontológicas. Tais deduções foram objeto de questionamento pela Receita Federal e, quando exigidos os comprovantes do efetivo pagamento das referidas despesas, Luiz Pontes utilizou recibos falsos para tentar dar aparência de veracidade às informações prestadas ao Fisco. Ante exposto, sendo certo que Luiz Pontes praticou o delito de sonegação fiscal, previsto no Artigo 1º da Lei nº 8.137/1990, cuja extinção de punibilidade foi reconhecida quando este quitou integralmente o débito tributário, é possível a tipificação de sua conduta como incursa em algum delito contra a fé pública? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Chave de resposta: A questão versa sobre o conflito aparente de normas entre falsificação e uso de documento falso, bem como sobre a possibilidade de sua absorção pelo delito de sonegação fiscal.
Sobre o tema, em decisão proferida, em sede de Recurso Especial, pelo Superior Tribunal de Justiça, a Relatora Min. Laurita Vaz entendeu que:
“[...] não há como admitir que a extinção da punibilidade com relação ao crime de sonegação fiscal, em razão da quitação integral dos débitos tributários, atinja os demais crimes pelos quais estava sendo investigado o recorrido, visto que não há o nexo de dependência entre as condutas delituosas [...]. A falsidade ideológica e o uso de documento falso foram praticados após a consumação do crime contra a ordem tributária, no intuito de ocultar o crime praticado, o que, em se tratando de condutas diversas, evidencia a autonomia entre os delitos. Diante do exposto, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso para cassar a decisão recorrida, determinando o prosseguimento do inquérito policial. (STJ, REsp 996.711-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 9/11/2010).
Síntese
Nesta aula:
Foi definida a abrangência da expressão “paz pública” como bem jurídico-penal;
Foi definida a abrangência da expressão “fé pública” como bem jurídico-penal;
Foi julgada a incidência dos institutos do conflito aparente de normas ou concurso de crimes entre os delitos contra a fé pública.
Leo, 25 anos, se une a Adalto, com 17 anos de idade, e resolvem iniciar o tráfico de drogas através da aquisição de certa quantidade de substância entorpecente para revender no bairro onde moram. Para tanto, passam a fazer minucioso planejamento e realizar contato com potenciais fornecedores e "clientes". Porém, antes que fizessem a primeira aquisição de drogas, seus planos foram descobertos pelos pais de Adalto, que resolveram informar os fatos à autoridade policial. Esta, verificada a procedência das informações, prendeu Leo em flagrante. Diante da situação narrada, pode-se afirmar que Leo não cometeu crime algum, uma vez que não houve o tráfico de drogas consumado, e não havia associação de, no mínimo, três pessoas. A afirmação é: 
Verdadeira 
Falsa
Afirmativa falsa.
Aplica-se o princípio da especialidade e, no caso, houve, por parte de Leo, a prática do crime previsto no Artigo 35 da Lei nº 11.343/2006.
2
(INSTITUTO CIDADES – 2010 – DPE-GO – Defensor Público) Quatro indivíduos reúnem-se, de forma estável e permanente, com o fim de cometer crimes de estelionato. Todavia, tendo cometido um único estelionato, o grupo é desmantelado em virtude de uma denúncia anônima. Nesses termos, todos os quatro devem responder penalmente por:
Estelionato, apenas
Associação criminosa e estelionato, em concurso formal próprio
Associação criminosa e estelionato, em concurso formal impróprio
Associação criminosa e estelionato, em concurso material
Associação criminosa, apenas
Há concurso de crimes, uma vez que os bens jurídicos tutelados são distintos.
3
(CESPE – 2012 – MPE-RR – Promotor de Justiça) No que diz respeito aos crimes contra a paz pública, assinale a opção correta à luz do disposto no Código Penal, bem como do entendimento doutrinário e jurisprudencial.
Para a caracterização do crime de associação criminosa, é indispensável que todos os integrantes estejam portando armas (próprias ou impróprias), sob pena da descaracterização do delito e da responsabilização individual dos integrantes do grupo.
Para a caracterização do crime de associação criminosa, é indispensável a existência de mais de três pessoas, associadas de forma permanente e estável, e com o especial fim de agir para a prática de crimes, sendo, também, imprescindíveis, a identificação e a capacidade dos agentes.
De acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores, é vedado, por configurar bis in idem, o concurso dos crimes de associação criminosa armado com delito de roubo qualificado pelo concurso de pessoas e uso de armas.
O crime de associação criminosa, delito de perigo comum e abstrato, consuma-se com a simples associação de, no mínimo, três pessoas para a prática de crimes, não se exigindo que o grupo, efetivamente, pratique qualquer crime.
Apenas a forma qualificada do crime de associação criminosa é considerada hedionda.
Artigo 288 do Código Penal.
4
Para que se possa caracterizar o crime de associação criminosa, é imprescindível que todos os integrantes da associação sejam penalmente imputáveis, caso contrário, estaríamos diante de mero concurso de pessoas. Essa afirmação é: 
Verdadeira
Falsa
A afirmação é falsa, afinal, para que se caracterize a associação criminosa, não há necessidade de que todos os integrantes da associação sejam imputáveis, bastando que apenas um o seja.
5
A nova lei que trouxe um novo conceito para o crime do Artigo 288 do Código Penal, ainda que seja uma lei mais grave, se aplica a associações que tenham três pessoas reunidas com o fim de praticar crimes, cujo desmantelamento tenha se dado após a sua entrada em vigor. Essa afirmação é:
Verdadeira
Falsa
Afirmativa verdadeira, pois trata-se de crime permanente e aplica-se, portanto, verbete de Súmula n.º 711 do STF.
6
Considera-se documento público para fins penais:
O carnê de prestações de uma loja de departamentos
O recibo de venda de um bem móvel firmado por pessoa física
Qualquer tipo de procuração
O testamento particular
Artigo 297, § 2º, do Código Penal.
7
Sobre a falsidade documental, assinale a alternativa correta:
O particular que solicita ao médico a emissão de atestado falso não responde pelo delito previsto no Artigo 302 do Código Penal, por ser crime próprio.
Quem falsifica documento e depois o utiliza responde por falsificação e uso em concurso material.
O crime de falsa identidade, quando elemento de crime mais grave, é sempre absorvido por este.
Funcionário público que, por negligência, concorre para o licenciamento de veículo remarcado respondepor adulteração de sinal identificador de veículo automotor, na forma majorada.
Funcionário público que, por negligência, concorre para o licenciamento de veículo remarcado responde por adulteração de sinal identificador de veículo automotor, na forma majorada.
Aplicação do princípio da consunção.
8
Carlos, após adquirir aparelhagem para falsificar moeda, passa a fabricar notas falsas e, seguidamente, a colocá-las em circulação. Dessa forma, é correto afirmar que Carlos:
Deverá ser responsabilizado somente pelo delito de moeda falsa.
Deverá ser responsabilizado apenas pelo delito de petrechos para falsificação.
Deverá ser responsabilizado pelos crimes de petrechos para falsificação de moeda e por ter colocado a moeda falsa em circulação, em concurso material.
Deverá ser responsabilizado pelos crimes de petrechos para falsificação de moeda e por ter colocado a moeda falsa em circulação, em concurso formal.
Deverá responder pelos crimes de petrechos para falsificação de moeda, moeda falsa e colocação de moeda falsa em circulação, em concurso material.
Os crimes anteriores são considerados crimes-meio e ficam, portanto, absorvidos pela finalidade do agente.
9
Adalto Lima, após adquirir uma carteira funcional de Policial Federal falsificada, passa a andar com o documento para todos os lugares onde vai. Em determinada madrugada, quando voltava para sua residência após sair de uma casa noturna, Adalto Lima e alguns amigos são parados por uma guarnição da Polícia Militar, que, suspeitando da atitude dos agentes, resolveu proceder a uma busca pessoal. Como Adalto Lima se recusou a apresentar documento de identidade, o Policial Militar Oliveira passou a revistar seus bolsos e encontrou a carteira de Policial Federal, que o agente confessou ser falsa. Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta:
Adalto não fez uso do documento falso, ao contrário, este foi retirado de sua carteira durante a revista policial.
Houve uso de documento falso.
Houve falsificação de documento público.
Houve uso de documento falso e falsificação de documento em concurso de crimes.
A conduta é atípica.
Adalto não fez uso do documento falsificado, ao contrário, este foi retirado de sua carteira durante a revista policial.
10
Karolynne Dias, na qualidade de advogada de Milene Silva, em uma ação de cobrança movida em face da Milene junto ao XV Juizado Especial Cível da Comarca da Capital, valeu-se da condenação imposta à sua cliente de pagar a quantia de R$1.500,00 à parte autora e, em posse do cheque emitido por sua cliente, ao invés de depositá-lo na conta corrente da parte autora, sacou a quantia em seu favor. Isso porque, a advogada, após receber a quantia, percebeu que precisava efetuar alguns pagamentos e estava sem dinheiro em conta. 
Posteriormente, com vistas a comprovar o referido depósito à Milene Silva, Karolynne Dias redigiu um recibo falso, em documento com o timbre do XV Juizado Especial Cível, contendo falsificação grosseira da assinatura do secretário daquele Juizado. Nesse caso, pode-se dizer que Karolynne praticou:
Estelionato
Falsificação de documento público
Apropriação indébita
Falsificação de documento particular
Conduta atípica

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