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História Moderna II

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Julia Summers		Palavras: 
História Moderna II (G1 Avaliação)
Olhando em perspectiva, o Renascimento compreende a produção de um saber inteiramente novo com relação à Idade Média. Um saber que acentua a dimensão humana da realidade, onde a contemplação é substituída pela razão que desenvolve as possibilidades de o homem agir no real, construindo-o. Essa visão do Renascimento, no entanto, é aquela que orientou as reflexões dos homens do século XV. No século XVI há uma reorientação desse pensamento que se volta para a utilidade e o ornamento, privilegiando a forma e a aparência. 
Essa proposição deve orientar o trabalho de G1 que gira em torno das mudanças na forma e na produção do pensamento moderno. Vocês devem buscar uma chave explicativa a partir dos textos e das leituras que realizarem.
O Renascimento europeu trouxe consigo muitos conceitos modernos, diferentes de tudo o que a sociedade já tinha visto antes, especialmente quando se compara com a ideologia e “as concepções providencialistas da Idade Média” (Rodrigues, 1992, p. 4) que a precedeu, como estabelecidos por historiadores bem respeitados, incluindo Jacob Burckhardt e Jules Michelet. Dentro do período do século XV até XVI a Europa experimentou muitas mudanças na forma e na produção do pensamento moderno. Estas mudanças que abrangem a ideia do modernismo renascentista que discutimos hoje correspondem a uma variedade de diversos fatores, incluindo a religião, o intelectualismo, a tecnologia e a introdução de mais obras culturais (como arte e literatura), entre outras coisas. Neste ensaio gostaria de me concentrar na importância da viagem como um papel chave, através de uma variedade de fatores de ligação, em torno das mudanças, na forma e na produção do pensamento moderno.
O posicionamento da Europa permitiu-lhe viajar com relativa facilidade para vários lugares; especialmente quando consideramos a localização ideal de Espanha e Portugal na Costa Ibérica (Rodrigues, 2017). Este posicionamento contribuiu para o desejo de viajar na Europa do século XV, que de acordo com Jacob Burckhardt não foi apenas devido à busca de aventura, mas também o interesse em “diferenças de costumes e da paisagem física” (Rodrigues, 1992, p. 3). Burckhardt elabora sobre as origens desta vontade de viajar, citando que as cruzadas espanholas abriram distâncias desconhecidas para as mentes europeias (Burckhardt, 2015 (publicado pela primeira vez em 1878), p. 243). Através da ação de viajar, muitos saberes fundamentalmente ligados foram melhorados, tais como astronomia, cartografia e náutica (Rodrigues, 2017); esta melhoria dos conhecimentos contribuiu para o desenvolvimento do pensamento moderno do homem.[1: As cruzadas espanholas foram uma série de guerras religiosas sancionadas pela Igreja Latina nos períodos medieval e renascentista, especialmente as campanhas no Mediterrâneo Oriental com o objetivo de recuperar a Terra Santa do domínio islâmico.]
Através do ato de viajar, os homens foram capazes de explorar fisicamente o desconhecido, o que lhes permitiu adquirir um conhecimento melhor e mais moderno da natureza dentro do mundo. Este conhecimento adquirido foi incrivelmente diferente do da Idade Média, onde o medo do desconhecido frequentemente limitava a capacidade do homem de aprender, e permitiu aos homens “a continuar experimentando o mundo e alargar sua vontade crítica de perceber as diferenças principalmente no que diz respeito a um mundo mais longe do seu” entre os séculos XV e XVI (Rodrigues, 1992, p. 8). Embora seja verdade que existia uma certa diversidade de paisagens na Europa (Rodrigues, 2017), isso não podia ser comparado com as diferenças exóticas e estrangeiras que se podiam ver ao comparar a Europa à Ásia ou às Américas. Foram percebidos como "paraísos" em relação as suas diferentes paisagens, animais, clima, plantas e até mesmo pessoas (muitas vezes considerados como selvagens); por exemplo, Portugal tentou criar utopias dentro da Ásia e da África, na esperança de usar seu próprio conhecimento em conjunto com o cenário exótico desses novos lugares (Rodrigues, 2017). Esta descoberta de novas terras através de viagens foi a razão fundamental para o “nascimento de novas concepções de mundo” (Garin, 1988) (Cassirer, 1986) e, portanto, a formação da “noção de utopia” (Rodrigues, 1992, p. 8) o que levou ao homem querendo criar uma utopia dentro de sua própria sociedade ocidental. O ‘novo homem’ fez isso comparando e contrastando o conhecimento recém-descoberto desses lugares com os conceitos que ele tinha de sua própria sociedade; Até mesmo pela introdução de plantas e frutas nativas dessas áreas em seu próprio país. Por exemplo, uma variedade de coco que só poderia ser encontrada em um pequeno número de locais foi trazida para a Inglaterra durante o século XVI como um presente exótico por viajantes, hoje ainda pode ser encontrado em Kew Botanical Gardens (Lopes Andrade, et al., 2015, p. 105).[2: Kew Botanical Gardens é um jardim botânico no sudoeste de Londres que abriga a "maior e mais diversificada coleção botânica e micológica do mundo" (Kew Botanical Gardens, 2017).]
Talvez a mais importante motivação e consequência da viagem em relação à expansão do pensamento moderno foi a capacidade de aprender com outras culturas. Ao viajar para estas terras diferentes, o homem pode aprender muito com a sua cultura em relação a Arquitetura, Arte e o mundo (Rodrigues, 2017). Uma cultura que particularmente interessou os Europeus durante a Renascença foi a cultura Árabe devido à sua forma muita exata e numérica (Rodrigues, 2017); Ekmeleddin İhsanoğlu afirma que os descobridores Europeus ansiosamente dirigiram sua curiosidade para as obras geográficas, porque eles esperavam lucrar com suas experiências anteriores naquelas terras desconhecidas e de seus conhecimentos geográficos acumulados (İhsanoğlu, 2003, p. 484). Da viagem de Vasco da Gama (1469-1524) em diante, os europeus aprenderam sobre a vasta expansão geográfica da religião Islâmica e cultura árabe (Abbattista, 2011); a civilização islâmica também adaptou muitos elementos intelectuais e culturais de outras civilizações, como o persa, grego, índio e outros, e assim adquiriu um caráter cosmopolita que o fez um afluente importante para o pensamento moderno do Renascimento europeu (İhsanoğlu, 2003, p. 103). Além disso, houve uma constante introdução sobre literatura estrangeira adquirida por viajantes (particularmente da Europa); por exemplo, a introdução de obras do autor italiano Jacopo Sannazaro à Espanha em 1558 pelo autor português Jorge da Montemayor. Isto levou a uma crescente paixão pela literatura na Espanha, permitindo a continuação da "Idade de Ouro", da literatura e das artes, composta por autores como Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) ou Frey Luís de León (1527-1591), famoso por suas obras em prosa (Nauert, 2006, p. 187). É claro que através de viagens muito poderia ser aprendido de outras culturas; quando este conhecimento foi combinado com o que o "homem" já sabia, pôde ocorrer o desenvolvimento do pensamento moderno.
Ao analisarmos a importância da viagem na criação de um novo estilo de pensamento durante o período da Renascença, é também essencial que tomemos nota do paralelo que existe entre a curiosidade de descobrir mais sobre o mundo com curiosidade de descobrir mais sobre o universo. Nicolau Copérnico apresentou uma discussão sobre um modelo heliocêntrico do universo (semelhante ao de Ptolomeu) em seu livro "Das revoluções das esferas celestes", primeiramente impresso em 1543 (Somervill, 2008, p. 78). Esse novo saber que a terra gira em torno do sol mudou a ideia da terra sendo o centro cósmico do universo (Rodrigues, 1992, p. 12). O filósofo Giordano Bruno expandiu a teoria de Copérnico, discutindo a ideia de que o Universo era infinito, sendo um conceito muito novo para o homem (Yates, 1989) (Debus, 1986). Esta ideia proposta desenvolveu ainda mais o pensamento do homem que encontrou uma contradição entre a nova importância do individualismo (Rodrigues,2017), ao mesmo tempo que a insignificância potencial do homem em um Universo infinito. Ao mesmo tempo, incentivava o homem a considerar a posição de Deus dentro deste universo, a religião ainda era incrivelmente importante e a crença em Deus era forte, mas essa crença também se modernizava a seu modo.[3: Giordano Bruno (1548 - 1600), nascido Filippo Bruno, foi um frade dominicano-italiano, filósofo, matemático, poeta e teórico cosmológica (Pogge, 2014).]
A terra é rica em matérias-primas úteis e valiosas, há uma grande diversidade de recursos entre países. Durante a Renascença muitos europeus perceberam que poderiam explorar esses recursos usando-os para seu próprio benefício. Portanto, eles decidiram viajar para esses países para afirmar seu poder sobre os povos nativos; países como Inglaterra dependeu fortemente dos elementos externos para continuar a desenvolver seu pensamento moderno durante o Renascimento (Rodrigues, 2017). Por exemplo, Portugal e Espanha começaram a ter vínculos com Américas e África (Rodrigues, 2017); uma vez que tinham afirmado suficiente domínio sobre essas terras subdesenvolvidas. Conseguiram explorá-las, obrigando os nativos (considerados selvagens) a trabalhar para eles, dentro dos países nativos, ou, no final do século XV, transportando-os para a Europa (Abbattista, 2011) e em 1526, os portugueses concluíram a primeira viagem de escravos transatlânticos da África para as Américas para trabalhar (Weber, 2015). 
Espanha também aproveitou a utilidade dos recursos naturais, muito ouro e prata vieram para a Espanha do Novo Mundo (Rodrigues, 2017) (Fischer, 1996, p. 70). Toda essa influência em novas partes do mundo deu-lhes mais poder num contexto mundial, permitindo que o 'novo homem' continuasse a se desenvolver para a modernidade.[4: O termo "Novo Mundo" refere-se às Américas, o termo foi cunhado pelo Florentino Explorer Amerigo Vespucci.]
O comércio está intrinsecamente ligado à aquisição de novos recursos e graças a viagens durante o século XV e XVI houve muito comércio entre os países, que desempenhou um papel essencial no desenvolvimento do pensamento entre os homens. O papel do comércio entre os países era incrivelmente importante porque proporcionava uma fonte de renda, essa riqueza poderia então ser investida em tudo o que fosse benéfico na época, incluindo saberes como astronomia, astrologia, arte, literatura e tecnologia (Rodrigues, 2017). O avanço nesses campos de estudo tornou o homem consciente de coisas novas, enriquecendo assim seu conhecimento. Havia uma demanda muito grande não só na Europa, mais em todo o mundo, de produtos portugueses incluindo “o azeite, vinho, sal, figos, passas e atum” (Lopes Andrade, et al., 2015, p. 294). Este comércio trouxe muita riqueza para Portugal. Mais importante, o mercantilismo entre a Europa e o Oriente era um grande negócio e (Rodrigues, 2017), portanto, sua importância era extensa; em particular as viagens portuguesas à Índia, que revitalizaram a interação ocidental com o sul e o leste da Ásia. Tiveram enorme importância econômica durante este período (Abbattista, 2011). Por exemplo, na Índia, um país onde os portugueses tiveram muita influência e controle, Goa foi “um dos mais importantes entrepostos do comercio de pedras preciosas” (Lopes Andrade, et al., 2015, p. 43). Os intelectuais se interessaram por seus novos itens que estavam sendo transportados para a Europa através do comércio e, neste caso, embora a gemologia não tenha sido declarada ciência até o século XIX, muitas obras do século XVI foram citadas com estudos de pedras preciosas (Mottana, 2006). Isso mostra que viajar, resultou em comércio e levou ao conhecimento e desenvolvimento do homem em uma variedade de tópicos modernos de estudo.
Em conclusão, muitos fatores podem ser atribuídos ao desenvolvimento da maneira moderna de pensar entre XV e XVI, no entanto, é claro que a capacidade e desejo de viajar foi muito influente. Viajar foi o facilitador das principais causas para a modernização do pensamento entre os homens devido a visita de novos lugares exóticos, a aquisição de novas terras e recursos para explorar (incluindo pessoas), a adquirir novos conhecimentos de outras culturas, a comercialização com outros países para obter lucros e novos bens e ampliar a mente do homem que poderia fazer paralelos com o Universo. O renascimento revela, em resumo, um novo tempo de transformações, e através de viagens, entre outros fatores, viu "a fundação de um novo mundo e de um novo homem" (Rodrigues, 2017).

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