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!LIVRO O segundo sexo

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BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. 4.ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970. 310p. Disponivel em: <www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/.../O%20Segundo%20Sexo%20-%20II.pd> .Acesso em : 06 set. 2016.
O homem representa a um tempo o positivo e o neutro, a ponto de dizermos "os homens" para designar os seres humanos, tendo-se assimilado ao sentido singular do vocábulo vir o sentido geral da palavra homo. A mulher aparece como o negativo, de modo que toda determinação .p.9
Ê exercendo a atividade sexual que os homens definem os sexos e suas relações, como criam o sentido e o valor de todas as funções que cumprem: mas ela não está necessariamente implicada na natureza do ser humano. P.28
Stenon deu o nome de ovários às glândulas genitais femininas, que se denominavam, até então, "testículos femininos", e observou na superfície delas a existência de vesículas que Graaf, em 1677, identificou erroneamente com o ovo e às quais deu o nome. Continuou-se a encarar o ovário como um homólogo da glândula masculina. Nesse mesmo ano, entretanto, descobriram- se os "animálculos espermáticos" e verificou-se que penetravam no útero feminino, mas pensava-se que se restringissem a se alimentar aí, estando o indivíduo já prefigurado neles; o holandês Hartsaker desenhou, em 1594, uma imagem de um homúnculo escondido no espermatozóide, e em 1699 outro sábio declarou ter visto o espermatozóide desfazer-se de uma espécie de carapaça sob a qual surgiu um homenzinho que êle também desenhou. A mulher limitava-se pois, nessas hipóteses, a nutrir um princípio vivo ativo e já perfeitamente constituído. Tais hipóteses não foram aceitas universalmente e as discussões prosseguiram até o século XIX; foi a invenção do microscópio que permitiu estudar o ôvo animal; em 1827, p.30
Hegel estima que os dois sexos devem ser diferentes: um será ativo e o outro passivo e naturalmente a passividade caberá à fêmea. "O homem é assim, em conseqüência dessa diferenciação, o princípio ativo, enquanto a mulher é o princípio passivo porque permanece dentro da sua unidade não desenvolvida" (Filosofia da Natureza, 3ª parte, § 369). P.30
um erro pretender que o óvulo absorve vorazmente o gameta masculino e igualmente falso dizer que este se anexa vitoriosamente as reservas da célula feminina, porquanto, no ato que os confunde, a individualidade de um e de outro desaparece. P. 34
Logo, concluímos que, fundamentalmente, o papel dos dois gametas é idêntico: criam juntos um
ser vivo em que ambos se perdem e se superam. Mas, nos fenômenos secundários e superficiais que condicionam, a fecundação, é pelo elemento masculino que se opera a variação de situação necessária ao novo desabrochar da vida; é pelo elemento feminino que esse desabrochar não se fixa em um organismo estável. P.34
Estàticamente, macho e fêmea, aparecem, portanto, como dois tipos complementares. fi
preciso considerá-los de um ponto de vista funcional para apreender- lhes a singularidade. P.37
Foi por ter compreendido a insuficiência de um sistema que assenta unicamente na sexualidade o desenvolvimento da vida humana, que Adler se separou de Freud; êle pretende reintegrá- -la na personalidade total; enquanto, em Freud, todas as condutas surgem como provocadas pelo desejo, isto é, pela procura do prazer, em Adler, o homem se apresenta visando a certos fins: ao móvel, Adler substituiu motivos, finalidades, planos; êle dá à inteligência um lugar tão grande que muitas vezes o sexual adquire, a seus olhos, um olhar tão-sòmente simbólico. Segundo suas teorias, o drama humano decompõe-se em três mo- p.61
há em todo indivíduo uma vontade de poder que se acompanha de um complexo de inferioridade; esse conflito o conduz a utilizar mil subterfúgios para evitar a prova do real que êle receia não poder vencer. O sujeito estabelece uma distância entre êle e a sociedade p.64
Seguramente a sexualidade desempenha na vida humana um papel considerável: pode-se dizer que ela a penetra por inteira. A fisiologia já nos mostrou que a vida dos testículos e a dos ovários confundem-se com a do soma. O existente é um corpo sexuado; nas suas relações com os outros existentes, que são também corpos sexuados, a sexualidade está, portanto, sempre empenhada; mas, se corpo e sexualidade são expressões concretas da existência, é também a partir desta que se pode descobrir-lhes as significações: sem essa perspectiva, a psicanálise toma, por verdadeiros, fatos inexplicados. P.66
Não se deve encarar a sexualidade como um dado irredutível; há, no existente, uma "procura do ser" mais original; a sexualidade é apenas um de seus aspectos. É o que mostra Sartre em L'Être et la Néant; é o que diz também Bachelard em suas obras sobre a Terra, o Ar, a Água: os psicanalistas consideram que a verdade primeira do homem é uma relação com seu próprio corpo e com o corpo de seus semelhantes no seio da sociedade. Mas o homem vota um interesse primordial à substância do mundo natural que o cerca e que procura descobrir no trabalho, no jogo, em todas as experiências da "imaginação dinâmica". P.66 
o interesse que o homem lhes vota não é ditado pela libido, mas esta é que é colorida
pela maneira por que elas se lhes descobriram. P.67
É essa noção de escolha que o psicanalista rechaça mais violentamente em nome do determinismo e do "inconsciente coletivo"; este forneceria ao homem imagens feitas e um simbolismo universal; ele é que explicaria as analogias dos sonhos, dos atos falhos, dos delírios, das alegorias e dos destinos humanos; falar de liberdade seria recusar a possibilidade de explicar tão perturbadoras concordâncias. P.68

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