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BIANCA fichamento cap. 5 Ellen Wood

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História Contemporânea III
Professor David Maciel
Bianca Cristina Barreto Casanova
FICHAMENTO
Do Capitalismo Agrário ao Capitalismo Industrial: Esboço Sucinto
Ellen Meiksins Wood
 O capitalismo agrário na Inglaterra do início da era moderna era uma forma social com “leis de movimento” características, que acabariam dando origem ao capitalismo em sua forma industrial madura. (pg 101)
O CAPITALISMO AGRÁRIO ERA REALMENTE CAPITALISTA?
 Não foram os comerciantes nem os fabricantes que dirigiram o processo que impulsionou o desenvolvimento inicial do capitalismo. A transformação das relações sociais de propriedade enraizou-se firmemente no campo, e a transformação do comércio e da indústria ingleses foi mais resultado do que causa da transição da Inglaterra para o capitalismo. Os comerciantes podiam funcionar perfeitamente bem dentro de sistemas não capitalistas. Prosperaram, por exemplo, no contexto do feudalismo europeu, onde se beneficiaram não só da autonomia das cidades, mas também da fragmentação dos mercados e da oportunidade de realizar transações entre um mercado e outro. (pg 102)
 O termo “capitalismo agrário” tem sido usado, até aqui, sem que o trabalho assalariado seja colocado em seu cerne, embora, por qualquer definição, o trabalho assalariado seja central no capitalismo. A dinâmica específica do capitalismo já estava instaurada na agricultura inglesa antes da proletarização da força de trabalho. 
 Já no início do período moderno, a agricultura britânica era suficientemente produtiva para sustentar um número inusitadamente grande de pessoas que não mais se dedicavam à produção agrícola. Esse fato atesta mais do que apenas técnicas de cultivo particularmente eficientes. Ele também aponta para uma revolução nas relações sociais de propriedade. (pgs 103-105)
 A desapropriação dos pequenos produtores, cujo destino, como migrantes desalojados, era tipicamente Londres, deu ensejo ao crescimento dessa capital; o que representou a unificação crescente não somente do Estado inglês, mas de um mercado nacional. Essa imensa cidade era o eixo do comércio inglês. Era, a um tempo, um grande ponto de trânsito do comércio nacional e internacional e uma vasta consumidora dos produtos ingleses, inclusive de sua produção agrícola. O crescimento de Londres, de toda sorte de maneiras, simbolizou o capitalismo emergente da Inglaterra: seu mercado cada vez mais único, unificado, integrado e competitivo; sua agricultura produtiva e sua população desapropriada. (pg 106)
COMÉRCIO, IMPERIALISMO E INDÚSTRIA
 O sistema capitalista dependia não apenas do comércio exterior, mas de um mercado interno altamente desenvolvido, com uma população crescente que já não se dedicava apenas à produção de bens do cotidiano – como alimentos e produtos têxteis – para consumo próprio e de seus familiares. (pg 106)
 A dinâmica do mercado interno inglês expandiu-se para o comércio internacional. Vinha surgindo um sistema de comércio mundial originário da Grã-Bretanha, e especialmente de Londres, que depois viria a substituir a “infinita sucessão de operações de arbitragem entre mercados separados, diferentes e distintos que constituíra até então o comércio exterior”. (pg 107)
 A nova dinâmica desse sistema capitalista crescente produziu uma nova forma de imperialismo colonial. Tinha havido outras nações coloniais, até maiores e mais poderosas. Mas a Grã-Bretanha criou um no impulso imperialista: não apenas a antiga avidez pré-capitalista de terras e pilhagem (embora ela não desaparecesse, é claro), mas uma expansão, para o exterior, dos mesmos imperativos capitalistas que estavam impulsionando o mercado interno: os imperativos da produção competitiva e do aumento do consumo. (pg 108)
 O comércio e o imperialismo foram fatores essenciais no desenvolvimento do capitalismo industrial, mas não podem ser tratados como causas primárias. Sem um setor agrícola produtivo, capaz de sustentar uma grande força de trabalho não-agrícola, seria improvável que o primeiro capitalismo industrial do mundo viesse a emergir. Sem o capitalismo agrário da Inglaterra, não haveria massas de despossuídos, obrigados a vender sua força de trabalho por um salário. Sem essa força de trabalho não-agrária de despossuídos, não haveria um mercado de consumo de massa para os bens cotidianos baratos (alimentos e têxteis) que impulsionaram o processo de industrialização da Inglaterra. (pg 109)
 Sem a riqueza criada pelo capitalismo agrário, ao lado de motivações inteiramente novas de expansão colonial – motivações diferentes das de antigas formas de aquisição territorial -, o imperialismo britânico seria algo muito diferente do motor do capitalismo industrial em que veio a se transformar. Sem o capitalismo inglês provavelmente não haveria nenhum tipo de sistema capitalista: foram as pressões competitivas provenientes da Inglaterra, especialmente de uma Inglaterra industrializada, que compeliram outros países a promoverem seu próprio desenvolvimento econômico em direções capitalistas. Nações que ainda agiam com base em princípios pré-capitalistas de comércio, ou numa rivalidade geopolítica e militar que mal diferia, em princípio, dos antigos conflitos feudais pelo território e pela pilhagem, foram guiadas pelas novas vantagens competitivas da Inglaterra a promover seu próprio desenvolvimento econômico em moldes semelhantes. (pg 110)
 A industrialização, portanto, foi o resultado e não a causa da sociedade de mercado, e as leis de movimento capitalistas foram a causa e não o resultado da proletarização das massas. (pg 111)
 A ascensão do capitalismo não pode ser explicada como resultado de aperfeiçoamentos técnicos, da “tendência do progresso econômico da Europa Ocidental” ou de qualquer outro mecanismo transistórico. A transformação específica das relações sociais de propriedade que acionou um “progresso” historicamente singular das forças produtivas não pode ser presumida como um dado. Reconhecer isso é crucial para a compreensão do capitalismo – e a compreensão das condições de sua abolição e sua substituição por uma força social diferente. Devemos reconhecer não apenas a plena força dos imperativos capitalistas, as compulsões da acumulação, da maximização do lucro e da produtividade crescente do trabalho, mas também suas raízes sistêmicas, para sabermos exatamente por que elas funcionam como funcionam. (pg 112)
 
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