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Parasitologia Geral Adriana Coelho Soares Daniel Moreira de Avelar Adriana Coelho Soares Daniel Moreira de Avelar Belo Horizonte Fevereiro de 2017 PARASITOLOGIA GERAL COPYRIGHT © 2017 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Diretor Rogério Salles Loureiro Gerentes de Operações Denise Elisabeth Himpel Gislene Garcia Nora de Oliveira Coordenadora de Produção Carolina Alcântara de Araújo Lopes Parecerista Alessandra Novak Santos Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Equipe EaD Conheça a Autora Professora do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH), no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde. É graduada em licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Fez mestrado na UFMG e doutorado sanduíche, no Reino Unido, na Escola de Medicina Tropical de Liverpool. Trabalha com ensino e pesquisa em Parasitologia e educação em saúde, assim como na orientação de trabalhos de conclusão de curso e na coordenação de projetos de extensão no UNIBH. Conheça o Autor Graduado em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. Mestre e Doutor em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Tecnologista da Fundação Oswaldo Cruz - Centro de Pesquisas René Rachou, MG. Professor de Parasitologia e Zoologia do Centro Universitário UNA, MG. Apresentação da disciplina VÍDEO NÍVEL DE ENSINO Graduação CARGA HORÁRIA 80h Olá! Estamos iniciando a disciplina Parasitologia Geral. Mas será que você está iniciando o estudo da relação de parasitismo somente hoje? Estou certa de que você já conhece e já aprendeu muito sobre ela ao longo da sua vivência, inclusive na escola. E você vai ter certeza disso ao longo do nosso estudo. Só por essa nossa conversa inicial, você já vai se certificar disso, mas vai perceber também que, na sua graduação, o seu conhecimento prévio será aprofundado e muitas doenças novas você vai passar a conhecer também. Quer uma prova simples de que o parasitismo faz parte da sua vivência, mas você faz as coisas tão automaticamente no dia a dia que nem percebe? Você já usou ou tem o hábito ou a necessidade de usar repelente? Pense...está vendo como você vivencia o parasitismo e nem o percebe? Desse modo, o objetivo da disciplina Parasitologia Geral é conhecer os seres parasitos e os fatores que permeiam a relação destes com os seus hospedeiros, tendo como foco principal o ser humano, mas não nos esquecendo de que muitas doenças causadas pelos parasitos são zoonoses. Você vai adquirir conhecimentos gerais sobre as principais parasitoses causadas e/ou transmitidas por artrópodes, helmintos e protozoários. Entre estes conhecimentos, alguns fundamentais estão relacionados ao ciclo de vida do parasito, uma vez que a sobrevivência dele depende diretamente do hospedeiro. Sendo assim, parte da vida ou toda a vida desse patógeno se passa no nosso corpo! Como na relação de parasitismo o hospedeiro sai prejudicado, a disciplina o levará a analisar as ações patogênicas que o parasito emprega para obter suas vantagens sobre você, hospedeiro. A partir dessa interpretação, você compreenderá a patologia associada, os métodos de diagnóstico apropriados e os tratamentos disponíveis para cada parasitose hoje. O entendimento da relação do parasito com o hospedeiro e estes com o meio ambiente o levará a apontar e a relacionar os fatores ligados à epidemiologia das parasitoses endêmicas no país e os fatores que propiciam a emergência de doenças que você vai conhecer. A partir desses conhecimentos, você identificará facilmente as vias de infecção, os fatores de risco para se adquirir parasitoses e o mais importante, as medidas de profilaxia e a importância das ações de vigilância em saúde para o controle delas. A disciplina está organizada em oito unidades. A primeira unidade aborda as bases, ou seja, os conhecimentos iniciais e fundamentais que você precisa ter bem claros para que tenha uma ótima compreensão e aproveitamento sobre todas as parasitoses que serão estudadas. As unidades dois e três trazem as doenças causadas por protozoários parasitos e, nas unidades quatro e cinco, as helmintoses, ou seja, as doenças causadas pelos vermes. Na unidade seis serão estudados os principais ácaros e insetos que causam doenças e/ou que transmitem patógenos. A unidade sete abordará exclusivamente os tipos de métodos diagnósticos com mais detalhamento e a unidade oito apresentará os aspectos gerais sobre algumas parasitoses emergentes no Brasil. Lembre-se de que você também tem uma rica bibliografia básica e complementar, indicada junto ao plano de ensino, com livre acesso para a sua consulta, proporcionando, assim, a expansão e o enriquecimento dos seus estudos. Bem, acho que agora você já percebeu que teremos uma interessante e importante disciplina pela frente. Ainda não te convenci de que ela faz parte da sua vida? Então vamos ver agora... vou deixar alguns questionamentos para você relembrar ao longo dos seus estudos. Você perceberá que eles te encaminharão na sua busca pelos conhecimentos necessários para a compreensão dos fatos que fazem parte da sua vivência! NÍVEL DE ENSINO Graduação CARGA HORÁRIA 80h • Você já teve piolho quando era criança? E depois de adulto? Ficou livre deles? Por quê? • Será que há risco de “pegar” parasitoses no simples ato corriqueiro de tirar fotos tipo selfie? • Os alimentos naturais fazem muito bem à saúde, como o açaí, por exemplo, mas tem gente que adoece “por causa deles”, ou até morre. Por quê? Será que você corre algum risco? • Sabia que o ser humano já pode nascer parasitado? Podem haver sequelas graves, inclusive. • Você sabe a importância de lavar as mãos, mas às vezes fica com preguiça? Para muitas doenças, esse importante cuidado tem efetividade, mas para várias outras não. Por quê? • Será que usar preservativo só evita D.S.T. viral e bacteriana? O que isso tem a ver com os protozoários? • Você já saiu de uma consulta médica, mas não compreendeu o porquê da conduta ou foi capaz de perceber algo errado? • Você já foi ao médico por causa de dor abdominal persistente e/ou diarreia, ou conhece alguém que tenha ido e saiu de lá com um pedido de “E.P.F”? Você leu essa sigla na guia de exame e se perguntou sobre o que será “isso”, como fazê-lo, por que fazê-lo? • Por que o médico não simplifica e pede logo um “E.L.I.S.A” para tudo? • Você é doador de sangue? Conhece o porquê de cada pergunta feita na entrevista? Ou você já se submeteu ou conhece alguém que teve que se submeter a uma transfusão sanguínea? Teve algum receio e sabe o porquê desse receio? NÍVEL DE ENSINO Graduação CARGA HORÁRIA 80h • Você curte praia ou cachoeira? Curte um sítio? Recebeu um convite para esse passeio? Vai ter coragem de entrar em qualquer água? Pensou logo em levar repelente? Olha ele aí de novo! • Por falar nele, como se não bastasse a dengue, agora existem mais duas arboviroses emergentes para você se prevenir: zika, chikungunya. Por que não ficamos livres disso tudo logo? Por que tem sido tão difícil? • Os mesmos comportamentos que você tem no dia a dia, na regiãoem que você mora, são também exercidos quando viaja para outras regiões do Brasil, mas, na volta, adoece. O que pode ter acontecido nesse meio tempo? NÍVEL DE ENSINO Graduação CARGA HORÁRIA 80h UNIDADE 1 003 Conceitos básicos em parasitologia 004 Introdução à parasitologia geral 005 Conceitos básicos em parasitologia 007 A relação parasito-hospedeiro 015 Adaptações para a vida parasitária 028 Aplicação de conceitos epidemiológicos na parasitologia 031 Respostas questões de fixação 040 UNIDADE 2 045 Protozoologia parasitária - Primeira parte 046 Introdução à protozoologia 047 Leishmaniose tegumentar (LT) e visceral (LV) 050 Doença de Chagas 072 Malária 085 Toxoplasmose 097 Respostas questões de fixação 113 UNIDADE 3 116 Protozoologia parasitária - Segunda parte 117 Amebíase 118 Giardíase 129 Coccidioses intestinais 145 Tricomoníase 164 Respostas questões de fixação 171 UNIDADE 4 174 Helmintologia parasitária – Primeira parte 175 Introdução à helmintologia: platelmintos e nematódeos 176 Esquistossomose mansônica e os moluscos vetores 179 Fasciolose 198 Teníase e cisticercose 204 Hidatidose 216 Outros cestódeos parasitos de humanos 225 Respostas questões de fixação 235 UNIDADE 5 238 Helmintologia parasitária- segunda parte 239 Ascaridíase 240 Tricuríase 250 Enterobíase 257 Ancilostomatídeos intestinais e larva migrans 264 Estrongiloidíase 279 Filariose linfática 291 Respostas atividades de fixação 299 UNIDADE 6 303 Artrópodes de importância na parasitologia 304 Introdução - características gerais dos artrópodes e suas importâncias 305 Respostas atividades de fixação 390 UNIDADE 7 392 Diagnóstico laboratorial das parasitoses 393 Diagnóstico parasitológico de sangue 395 Diagnóstico parasitológico de fezes 403 Diagnóstico imunológico 416 Diagnóstico molecular 428 Respostas atividades de fixação 435 UNIDADE 8 438 Parasitoses emergentes 439 Angiostrongiloses 440 Lagochilascariose 447 Babesiose 453 Amebas de vida livre potencialmente patogênicas 459 Respostas atividades de fixação 467 CONCLUSÃO DA DISCIPLINA 470 REFERÊNCIAS 474 Parasitoses emergentes Conceitos básicos em parasitologia • Conceitos básicos em parasitologia • A relação parasito- hospedeiro • Adaptações para a vida parasitária • Aplicação de conceitos epidemiológicos na parasitologia • Respostas questões de fixação PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 005 Introdução à parasitologia geral Parasitologia é a ciência que estuda uma relação ecológica entre dois seres vivos de espécies diferentes. Nesta relação de parasitismo, que é dita desarmônica, um dos seres vivos sai sempre prejudicado. Este ser é chamado de hospedeiro, enquanto o ser beneficiado é chamado de parasito. De acordo com Odum (2012), o inter-relacionamento entre os seres vivos é fundamental para a manutenção da “vida”, uma vez que nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e reproduzir independentemente de outro. O inter- relacionamento entre os seres vivos e entre estes e o ambiente são a base do estudo da Ecologia. Então, seguindo essa linha de raciocínio, você perceberá que um vírus é considerado um ser parasito, assim como muitas bactérias e fungos. Estes são tratados na Microbiologia, uma vez que estão didaticamente separados de outros estudados na Parasitologia, que são pertencentes ao grupo dos artrópodes, dos helmintos (vermes) e dos protozoários. Essa relação de parasitismo, ocasionada pela associação dos humanos e outros vertebrados com artrópodes, helmintos e protozoários, é a que nós vamos tratar e conhecer mais a fundo a partir de agora. Além de vivenciarmos o parasitismo sem, às vezes, percebermos, nós já iniciamos o seu estudo desde a idade escolar, nas Ciências e na Biologia, quando estudamos a “lombriga”, a “xistose”.... E aí, alguns já vão logo pensando erroneamente que é difícil e, por isso, podem ter se perguntado: qual é a melhor forma de estudar parasitologia? Pense que os parasitos podem lhe causar uma doença. E você, certamente, já foi ao médico por alguma causa. Então, é só seguir a seguinte sequência lógica dos fatos para criar uma linha de raciocínio no estudo da parasitologia, que é interdisciplinar, considerando todos os seus aspectos: PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 006 Fonte: Elaborada pela autora. AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 1: A imagem é composta por um balão que simboliza um pensamento. Dentro dele há um fluxo de informações que esquematiza a linha de raciocínio necessária para se estudar a relação de parasitismo. Entre as palavras há uma seta azul, mostrando o sentido do fluxo, que é unidirecional. Para ter início à relação de parasitismo, inicialmente o indivíduo se expõe ao parasito. Este usa de seus mecanismos para penetrar no indivíduo, causando-lhe a infecção. Em seguida, o parasito iniciará seu ciclo biológico neste hospedeiro e, para nele sobreviver e obter suas vantagens, ele exercerá suas ações patogênicas, que causarão danos ao hospedeiro, resultando na patologia que será acompanhada, nos pacientes sintomáticos, de sinais e sintomas, caracterizando a doença. O paciente procura um atendimento médico, em que passará por exames clínicos e laboratoriais, para o diagnóstico de certeza, e a prescrição do tratamento adequado. O médico, por fim, deverá explicar ao paciente sobre a infecção que ele adquiriu, incluindo as medidas de profilaxia para que ele não adquira mais aquela parasitose. Ainda nos dias de hoje, as doenças parasitárias apresentam grande importância para a saúde pública mundial. Por isso, a parasitologia apresenta abordagens em diferentes níveis, buscando compreender a biologia do parasito, o desenvolvimento das doenças e sua importância para a saúde pública, as técnicas diagnósticas, os tratamentos e as medidas profiláticas mais adequadas às diferentes parasitoses. E, para alcançar essa melhor compreensão da relação parasito-hospedeiro, os parasitologistas utilizam, cada vez mais, técnicas de alta complexidade, como a engenharia genética e a biologia molecular. Isso tem permitido o desenvolvimento de novas vacinas, medicamentos e estratégias de diagnóstico e controle na verdadeira batalha pela interrupção da cadeia de transmissão das doenças parasitárias. FIGURA 1 - Sequência de raciocínio para o estudo e compreensão das doenças parasitárias PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 007 Antes de aprofundarmos na Parasitologia, notamos que ela é uma ciência interdisciplinar. Quer ver só? Vamos fazer uma reflexão: como os parasitos podem causar doenças, pense em uma consulta médica de um paciente que esteja infectado por um verme intestinal, como o Ascaris lumbricoides (lombriga). Imagine toda a cena. Primeiro o paciente sentiu, possivelmente, dor abdominal e teve diarreia. No consultório, o médico faz a anamnese, que é aquela entrevista inicial. Ele vai pesquisar diversos pontos e perguntar ao paciente quais são suas queixas, apalpar o abdome no exame físico, buscar por manchas esbranquiçadas na pele (definição do quadro clínico mediante o levantamento dos sintomas e sinais); os hábitos alimentares; a idade, o tipo de ocupação; os hábitos higiênicos e o local onde vive e frequenta; o saneamento etc. (levantamento de dados relacionados à epidemiologia da enteroparasitose). Em seguida, solicitará que o paciente faça exames laboratoriais, como o de fezes, no caso, para a confirmação da suspeita por ele levantada. Em casa, o paciente deverá obedecer a todos os cuidados para fazer a correta coleta da amostra e garantir o sucesso do exame. Tendo em mãos o laudo laboratorial com o resultado positivo para a infecção, o médico prescreverá o fármaco para matar o verme (tratamento) eainda deverá esclarecer ao paciente sobre qual agente infeccioso ele adquiriu (biologia parasitária), como adquiriu (via de infecção) e orientá-lo sobre quais medidas de profilaxia serão indispensáveis para evitar reinfecções (educação em saúde). Você já pode perceber, então, quão importante e próximo de nós está o parasitismo? Você já teve curiosidade de ler um laudo médico ou um pedido de exame? Como é da área de saúde, já acessou o guia de doenças infecciosas e parasitárias do Ministério da Saúde por algum motivo? Percebeu a linguagem empregada? Somente por essa “conversa” inicial, já percebeu que a Parasitologia, assim como as outras disciplinas, emprega um vocabulário próprio para Conceitos básicos em parasitologia PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 008 a sua compreensão. Logo, para nosso maior aproveitamento e entendimento da relação de parasitismo, frequentemente empregaremos termos técnicos da nossa área da saúde. E é assim que todo profissional vai formando e ampliando o seu vocabulário. A interface entre a Parasitologia e outras disciplinas (Ecologia, Imunologia, Farmacologia, Patologia, Epidemiologia etc.) se faz necessária, assim como o conhecimento dos termos básicos utilizados nela, conforme apresentam Rey (2001) e Neves (2011): • Agente etiológico: é o ser vivo causador ou responsável pela origem da doença. • Agente infeccioso: parasitos (Ex: bactérias, fungos, protozoários, helmintos e vírus) capazes de produzir infecção ou doença infecciosa. • Antroponose: doença exclusiva de humanos. Ex: filariose bancroftiana, Necatorose etc. • Endoparasitos: parasitos que vivem dentro do corpo do hospedeiro. Ex: Taenia sp. e Schistosoma mansoni. • Ectoparasitos: parasitos que vivem na superfície externa do corpo do hospedeiro. Ex: Pediculus sp. (piolho). • Endemia: prevalência usual de determinada doença, com relação a uma área, cidade, estado ou país. Representa o número esperado de casos em uma população, em determinado período de tempo. Ex: no ano de 2016, foi esperada uma média de 20 casos de leishmaniose visceral humana (LVH) em Belo Horizonte, Minas Gerais. Essa média de casos é baseada na série histórica de casos de LVH nessa cidade. • Epidemia: ocorrência muito elevada de determinada doença, com relação a uma área, cidade ou país. Representa o número muito acima do esperado de casos em uma população, em determinado período de tempo. Ex: PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 009 para o ano de 2016, foi esperada uma média de 20 casos de leishmaniose visceral humana (LVH) em Belo Horizonte, Minas Gerais. Caso ocorra um número muito acima de 20 casos (Ex: 50 casos), pode ser considerada uma epidemia de LVH em Belo Horizonte. • Epidemiologia: é o estudo da distribuição (por idade, sexo, geografia etc.) e dos fatores determinantes da frequência (tipo de patógeno, meio de transmissão, ambiente etc.) da doença. Em resumo: a epidemiologia estuda os fatores responsáveis pela existência ou aparecimento de uma doença. Exemplo: deve-se estudar, na epidemiologia da esquistossomose no Brasil, a idade, o sexo, a distribuição geográfica dos vetores e as condições dos seus criadouros, os hábitos dos brasileiros etc. • Fase aguda: é a fase da doença que surge logo após a infecção. Nesta fase, os sinais e sintomas clínicos costumam ser mais nítidos (febre alta, parasitemia elevada etc.). É um período de definição: o paciente se cura ou evolui para a fase crônica, ou morre. • Fase crônica: é a fase que se segue à fase aguda, na qual o paciente apresenta sintomas mais discretos quando houver um certo equilíbrio entre o hospedeiro e o agente etiológico. Usualmente, a resposta imunológica é bem elevada. • Hospedeiro: organismo que alberga o parasito. Ex: o ser humano é um dos hospedeiros vertebrados do Schistosoma mansoni. • Hospedeiro definitivo: apresenta o parasito em sua fase de maturidade ou em fase de reprodução sexuada. Ex: os hospedeiros definitivos da Taenia saginata e do S. mansoni são os seres humanos. • Hospedeiro intermediário: é aquele que apresenta o parasito em sua fase larvária ou quando o parasito se reproduz assexuadamente. Ex: os caramujos Biomphalaria PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 010 são os hospedeiros intermediários do S. mansoni; os seres humanos são os hospedeiros intermediários do Plasmodium, protozoário causador da malária. • Hospedeiro paratênico ou de transporte: hospedeiro intermediário, no qual o parasito não sofre desenvolvimento ou reprodução, mas permanece viável até atingir novo hospedeiro para dar continuidade ao seu ciclo de vida. Ex: Hymenolepis nana em coleópteros (besouros). • Parasito: ser vivo de menor porte, que vive associado a outro ser vivo de maior porte, à custa ou na dependência deste. • Parasito facultativo: pode viver parasitando um hospedeiro, ou não. Ou seja, esse parasito é capaz de sobreviver em vida livre, sem depender de recursos de um hospedeiro. Ex: larvas de moscas da família Sarcophagidae, que podem se desenvolver alimentando-se de feridas necrosadas de pacientes (vida parasitária) ou alimentando de matéria orgânica (Ex: esterco) em decomposição (vida livre). • Parasito heteroxênico: possui um hospedeiro definitivo e um intermediário. Ex: S. mansoni e Plasmodium. Nos mosquitos fêmea do gênero Anopheles, o Plasmodium se reproduz sexuadamente e, no humano, esse protozoário tem reprodução assexuada. • Parasito monoxênico: possui apenas o hospedeiro definitivo. Ex: os vermes Enterobius vermicularis e A. lumbricoides. • Parasito obrigatório: é aquele que, obrigatoriamente, precisa do seu hospedeiro para nele realizar o ciclo de vida. Exemplos: Toxoplasma gondii, Plasmodium, S. mansoni, T. cruzi etc. • Patogenia/patogênese: mecanismo com que o parasito provoca lesões no hospedeiro. Ex: o verme Schistosoma mansoni provoca lesões no organismo do hospedeiro por meio da ação patogênica de um antígeno que ele secreta PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 011 do seu ovo larvado. A ação desse antígeno provoca, como consequência, uma inflamação no hospedeiro. • Patogenicidade: maior ou menor habilidade de um agente etiológico em provocar lesões. Ex: Leishmania infantum, causadora da leishmaniose visceral, tem maior patogenicidade que o A. lumbricoides. • Patologia: doença. • Período de incubação: é o intervalo de tempo entre a penetração do agente etiológico e o aparecimento dos primeiros sinais e/ou sintomas clínicos. Ex: na esquistossomose mansônica, desde a penetração de cercária, até o aparecimento de inflamação na pele (dermatite), decorrem 24 horas, aproximadamente. • Período pré-patente: é o intervalo de tempo entre a penetração do agente etiológico e o aparecimento das suas primeiras formas detectáveis. Ex: na ascaridíase, o período entre ingestão de ovos com o agente infeccioso (larva em fase 3 do A. lumbricoides) até o aparecimento de ovos nas fezes (formas detectáveis) é de aproximadamente 60 dias. Logo, antes de mais ou menos 60 dias após a infecção, é improvável que o exame de fezes do paciente dê positivo, pois, nestes 60 dias, as larvas que eclodiram dos ovos ingeridos pelo paciente estão migrando pelo organismo dele até atingirem a luz do intestino delgado, onde se transformarão em vermes adultos e realizarão, por fim, a reprodução sexuada, gerando, então, os ovos que serão detectados pelo exame de fezes. • Prevalência: termo geral utilizado para caracterizar o número total de casos de uma doença ou qualquer outra ocorrência numa população e tempo definidos (casos antigos da doença somados aos casos novosadquiridos naquele período considerado). PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 012 • Profilaxia: conjunto de medidas que visam à prevenção, ao controle ou à erradicação de uma doença. As medidas profiláticas sempre dependem dos fatores epidemiológicos. • Reservatório: qualquer local, planta, solo, animais e até o humano, onde vive e se multiplica um agente infeccioso, sendo vital para este a presença do reservatório para, a partir dele, ser transmitido para outros hospedeiros. Ex.: os cães são reservatórios da Leishmania infantum. • Vetor: artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiros. • Vetor biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor. Ex: o Aedes aegypti é vetor biológico do vírus da dengue porque, dentro do inseto, o vírus se multiplica, potencializando sua capacidade de causar nova infecção quando o inseto picar e injetar saliva contaminada no humano. • Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica nem se desenvolve no vetor. Este simplesmente serve de transporte ao parasito. Ex: mosca doméstica que deambula em locais contaminados por ovos de vermes, que são microscópicos, indo depositá-los sobre os alimentos. • Zoonoses: doenças que são naturalmente transmitidas entre humanos e outros animais vertebrados. Podem se dividir em: a. anfixenose: doença que circula indiferentemente entre humanos e animais. Ex: T. cruzi pode circular entre animais silvestres (gambás, roedores etc) e os seres humanos; b. antropozoonose: doença primária de animais e que pode ser transmitida aos humanos. Ex: brucelose, em que os humanos são infectados acidentalmente, por ingestão de leite e seus derivados contaminados; PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 013 c. zooantroponose: doença primária do humano, seu principal reservatório, e que pode ser transmitida aos animais. Ex.: a esquistossomose mansônica no Brasil, em que os seres humanos são os principais hospedeiros, mas o verme se desenvolve em outros animais (alguns roedores, como hamster e camundongo, alguns primatas, marsupiais e bovinos). Até aqui já vimos muitos conceitos. Vamos conferir se eles estão claros? Tente resolver a questão abaixo. QUESTÃO 1 - A epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de doenças ou enfermidades, assim como a de seus determinantes na população humana. Alguns conceitos epidemiológicos são fundamentais para o estudo das doenças parasitárias. Considerando os conceitos descritos a seguir, podemos dizer que: I. Endemia: é a prevalência, abaixo do usual, de determinada doença, com relação a uma área, cidade, estado ou país. Representa um número de casos abaixo do esperado em uma população, em determinado período de tempo. II. Epidemia: é a ocorrência muito elevada de determinada doença, com relação a uma área, cidade ou país. Representa o número muito acima do esperado de casos em uma população, em determinado período de tempo. III. Período pré-patente: é o período que decorre entre a penetração do agente etiológico e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente etiológico por meio de exames. É CORRETO o que se afirma em: a. I, II e III b. apenas I e II c. apenas I e III ATIVIDADE DE FIXAÇÃO PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 014 d. apenas II e III e. somente em III O gabarito se encontra no final da unidade. Apesar de profissionais de outras áreas aplicarem o termo “contaminação” indistintamente, o rico vocabulário da área da saúde faz a distinção entre este e “infecção” e “infestação”: O termo contaminação é usado quando há um agente infeccioso na superfície do corpo, ou em alimentos, fluidos, roupas, ou outros objetos, como a mão de uma pessoa, que não a lavou após utilizar o banheiro e pode estar contaminada por ovos de vermes. O termo infecção é aplicado quando há penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso dentro do corpo do humano ou de outro animal. Já o termo infestação é apropriado para situações em que haja o alojamento, o desenvolvimento ou a multiplicação de artrópodes (Ex: insetos, ácaros) na superfície do corpo, nas roupas ou numa área. Logo, podemos dizer que o couro cabeludo de uma criança está infestado de piolhos ou que o abatedouro clandestino está infestado de moscas. Aqui merecemos fazer uma pausa para uma importante reflexão: é claro que você não vai e não tem que decorar todos esses conceitos. Há muitos mais que ainda veremos ao longo da disciplina e que você também pode conhecer nos livros indicados na bibliografia. Você poderá consultá-los sempre que for preciso, pois quanto mais se estuda e pratica, mais sedimentados eles se tornam. Você percebeu como é mais fácil compreender os termos usando exemplos e/ou situações nas quais podemos aplicá-los? É assim que devemos estudar Parasitologia, sempre pensando nos exemplos e seguindo a linha de raciocínio exemplificada na dica dada no início desta unidade. Seguindo um raciocínio e tomando exemplos, tudo passa a fazer sentido para nós, pois o aprendizado se torna significativo, ficando bem mais simples a compreensão. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 015 Logo, mesmo que em alguma passagem da nossa disciplina você “não veja um exemplo claramente”, pense na aplicação daquele conhecimento. Combinado? Vamos continuar, então? A relação parasito-hospedeiro Para praticar a aplicação dos termos, leia o texto abaixo, que introduz o conteúdo que trata da relação parasito-hospedeiro. Um bom exemplo de doença que ilustra a relação de parasitismo é a ascaridíase. Na ascaridíase, o Ascaris lumbricoides exerce a ação patogênica espoliativa, pois ele espolia, ou seja, “rouba” os nutrientes presentes na luz do intestino delgado dos humanos, podendo, aliado a outros fatores, provocar desnutrição. Com essas informações, podemos afirmar que o A. lumbricoides é o parasito, enquanto os seres humanos são hospedeiros. Todo parasito possui seu ciclo biológico (ou ciclo de vida) (FIGURA 1), que corresponde às etapas necessárias para o seu completo desenvolvimento e para que ele alcance seu estágio reprodutivo. Comparativamente, é como o ciclo de vida de um ser humano, que compreende várias fases de desenvolvimento (ou formas evolutivas): existe a fase embrião, o desenvolvimento fetal, o bebê, a criança, depois o humano atinge a puberdade, a fase adulta e, por fim, como todo ser vivo, ao alcançar sua longevidade máxima, chegará à morte, cumprindo assim seu ciclo de vida. Repare que, em cada fase do ciclo biológico do humano, ele apresenta características morfológicas e fisiológicas diferentes, mas é sempre um ser humano (sempre espécie Homo sapiens, mesmo quando era um embrião). O mesmo corre com todo ser parasito. Mesmo que ele esteja na fase de embrião dentro do ovo, ou na fase de larva, ou o verme já na fase adulta, por exemplo, ele será sempre um verme daquela espécie definida. Logo, você foi um ser humano (H. sapiens) quando na fase de embrião e ainda o é na sua fase adulta. Esse PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 016 raciocínio é válido para todo ser vivo, independentemente da fase em que ele se encontra no seu ciclo biológico. Diferentemente do ser humano, que é um animal de vida livre, para que o ciclo de vida do parasito se complete, ele necessita, obrigatoriamente, dos hospedeiros (exceto no caso dos parasitos facultativos). Alguns parasitos precisam apenas de um hospedeiro (ciclo biológico monoxênico (FIGURA 2)), enquanto outros necessitam de dois ou mais hospedeiros (ciclo biológico heteroxênico (FIGURA 3)) para completarem seu ciclo. Essestipos de ciclos biológicos podem ser observados respectivamente para o verme Ancylostoma duodenale (causador da ancilostomose intestinal), que necessita apenas de um ser humano para completar o seu ciclo biológico, que é monoxênico. Já no caso da Leishmania infantum (causadora da leishmaniose visceral), esta apresenta ciclo heteroxênico, usando cães e insetos flebotomíneos para neles se desenvolver e multiplicar. FIGURA 2 - Ciclo biológico do Ascaris lumbricoides Fonte: NEVES, 2016. p. 297. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 017 AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 2: A imagem representa o ciclo biológico do verme A. lumbricoides. Mostra as etapas do ciclo, que apresentam um sentido único, indicado por setas unidirecionais. O ciclo inicia- se pela representação de um casal de vermes adultos que habitam a luz do intestino delgado do seu único hospedeiro, o ser humano, sendo, portanto, um verme de ciclo biológico monoxênico. A imagem mostra que, após a liberação dos ovos pela fêmea, estes sofrem uma evolução, no solo, até se tornarem infectantes para o humano. Após a ingestão do ovo larvado, a larva eclode e evolui neste único hospedeiro, sofrendo uma migração pelos sistemas digestório, circulatório, pulmonar e retornando ao digestório, onde a larva se transformará em verme adulto, fechando o ciclo monoxênico. QUESTÃO 2 - Os parasitos obrigatórios necessitam de hospedeiros para realizarem seu ciclo biológico, podendo este ser de dois tipos: ciclo monoxênico e ciclo heteroxênico. Os hospedeiros desses parasitos podem ser tanto animais invertebrados quanto vertebrados, sendo que estes, a depender do tipo de ciclo, podem ser classificados como hospedeiros definitivos ou como hospedeiros intermediários. O ciclo biológico ou de vida dos parasitos corresponde à sequência natural das fases do seu desenvolvimento e de transmissão. Assinale a alternativa que correponde à definição de ciclo heteroxênico. a. Ciclo de vida de um parasito que exige um hospedeiro vertebrado. b. Ciclo de vida de um parasito que exige um hospedeiro invertebrado. c. Ciclo de vida do parasito que exige dois hospedeiros, sendo um definitivo e o outro intermediário. d. Ciclo de vida que exige dois ou mais hospedeiros, sendo que o intermediário é sempre um animal invertebrado. e. Ciclo de vida de um parasito que não exige um vetor biológico ou hospedeiro intermediário. O gabarito se encontra no final da unidade. ATIVIDADE DE FIXAÇÃO Pulgas, moscas, carrapatos, flebotomíneos e triatomíneos (barbeiros) são exemplos de ectoparasitos capazes de causar infestações. Enquanto que A. lumbricoides, A. duodenale e L. infantum são endoparasitos, que são agentes etiológicos, portanto, de doenças infecciosas. Vamos ver se você compreendeu? Teste com este exercício. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 018 Os parasitos possuem grande capacidade de se adaptar a um determinado número de hospedeiros, o que influencia na sua facilidade em se dispersar por várias regiões geográficas. Considerando essa especificidade, os parasitos são divididos em: • eurixenos: quando possuem um grande número de espécies de hospedeiros naturais, como é o caso do Toxoplasma gondii (agente etiológico da toxoplasmose), que parasita aproximadamente 300 espécies de animais entre mamíferos e aves; • estenoxenos: quando possuem um pequeno número de hospedeiros naturais, sendo normalmente apenas uma espécie de hospedeiro, como ocorre com o Plasmodium falciparum e o verme Wuchereria bancrofti (agente infeccioso causador da filariose linfática (“elefantíase”) no humano). O protozoário causador da doença de Chagas, que apresenta ciclo heteroxênico, pode ser transmitido, entre seus vários tipos de hospedeiros mamíferos, por via oral (ingestão de alimentos contaminados com T. cruzi ), por via cutânea ou mucosa, a partir das formas infectantes presentes nas fezes e/ou urina de insetos triatomíneos, que são chamados popularmente de barbeiros. Observe o ciclo biológico desse parasito na FIGURA 3: PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 019 FIGURA 3 - Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi Fonte: Modificado de http://www.invivo.fiocruz.br/chagas/doen-ciclo-trypanosoma.html AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 3: A imagem simboliza o ciclo biológico do T. cruzi , que é do tipo heteroxênico, pelo fato deste protozoário necessitar de dois hospedeiros para completar seu ciclo de vida. Na metade inferior da imagem está o ser humano e outros mamíferos, que são considerados os hospedeiros vertebrados, e está esquematizada a metamorfose do parasito. Setas unidirecionais mostram o sentido da metamorfose do protozoário no vertebrado. A forma tripomastigota infecta a célula do humano, onde se transformará em amastigota e se multiplicará. Antes de romper a célula do humano, cada amastigota se transformará em tripomastigota novamente e esta circulará no sangue e será ingerida pelo hospedeiro invertebrado (triatomíneo ou barbeiro) e vetor, representado na metade superior da imagem. Setas unidirecionais mostram que o vetor suga o sangue contendo a forma tripomastigota do parasito, que se transformará, no seu intestino, em epimastigota, que se multiplicará. Depois ela se transformará em tripomastigota infectante no final do intestino do vetor, saindo com suas fezes e urina para infectar o hospedeiro, completando o ciclo heteroxênico. Os mecanismos de transmissão das doenças parasitárias são definidos a partir da via de infecção, que é a porta de entrada do parasito no organismo do hospedeiro e pela forma de infecção, que identifica se o hospedeiro foi infectado com ou sem gasto energético pelo parasito (FIGURA 4). Conforme proposto por Rey (2001) e Neves (2011), as vias de infecção são classificadas em: PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 020 oral, cutânea, mucosa ou genital. Já a forma de infecção pode ser passiva (sem gasto energético) ou ativa (com gasto energético). Desse modo, os principais mecanismos de infecção das doenças parasitárias são passivo oral (ex: Trichuris trichiura), passivo cutâneo (ex: Plasmodium), ativo cutâneo (ex: T. cruzi ), ativo mucoso (ex: T. cruzi ) e passivo genital (ex: Trichomonas vaginalis). Outros termos podem ser utilizados para definir o mecanismo de transmissão: transplacentário, transfusional e por transplantação. FIGURA 4 - Vias e formas de infecção utilizadas pelos parasitos Fonte: AVELAR, 2016, p. 15. AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 4: A figura esquematiza, acima, as vias de infecção, que podem ser: oral, cutânea, mucosa ou genital. Abaixo, ela apresenta as formas de infecção, que pode ser passiva, quando não há gasto energético pelo parasito (oral, cutânea, mucosa, genital) ou ativa, quando há gasto energético pelo parasito. O processo de infecção não depende exclusivamente da ação do parasito. Ele depende também da junção de fatores ligados ao hospedeiro e ao ambiente ao qual ele está exposto. Todos esses fatores unidos determinarão o risco de o indivíduo adquirir um agente infeccioso. Um exemplo bem claro, visto no Brasil, é quanto ao problema do deficitário serviço de saneamento básico, que atua como um fator de risco para se adquirir parasitos intestinais ou enteroparasitos, como pode ser visto no vídeo abaixo. Videoaula “Fatores de risco para parasitoses intestinais” Autor: Daniel Avelar PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 021 Após completar o ciclo de desenvolvimento no seu hospedeiro, o parasito passará a ocupar um local específico no seu corpo, que será o seu habitat. Tomemos como exemplo o enteroparasito A. lumbricoides mais uma vez. Na fase adulta, ele habita a luz do intestino delgado, sendo encontrado nas porções do jejuno e íleo, principalmente. O habitat do parasito serásempre um local específico, local mais provável de encontro de determinado parasito no corpo do seu hospedeiro, devendo ser levado em consideração os diferentes habitats relacionados às diversas formas evolutivas apresentadas no ciclo biológico dos parasitos. Portanto, os parasitos não se localizam ao acaso em seus hospedeiros. Eles possuem habitats específicos, utilizando determinados segmentos anatômicos (intestino, sangue etc.) dos hospedeiros, que estão relacionados com o local em que irão obter abrigo, alimento e possibilidade de reprodução. Patogenia e doença Para obterem suas vantagens desde o primeiro contato com o organismo dos seus hospedeiros, os parasitos exercem ações patogênicas que acarretam em prejuízos a eles. A patogenia corresponde aos mecanismos lesionais desenvolvidos no organismo do parasitado, associados às agressões provocadas pela reação imunológica do hospedeiro. Como nem sempre existem manifestações clínicas frente à uma infecção (infectados assintomáticos), a doença é considerada como um estado de “desequilíbrio” na relação parasito-hospedeiro, quando as lesões provocadas pelo parasito ultrapassam a capacidade de controle do hospedeiro, provocando sinais e sintomas, ou seja, provocando um quadro clínico. Retomemos a doença de Chagas como exemplo: após a infecção pelo T. cruzi , os humanos podem desenvolver ou não a doença. Na fase aguda da infecção, cerca de 90% dos indivíduos ou mais não apresentam qualquer sintomatologia. Mas também há casos de pessoas infectadas pelo T. cruzi , na fase crônica, que desenvolvem PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 022 uma ou mais formas clínicas, como a forma digestiva e/ou a insuficiência cardíaca com cardiomegalia (aumento do coração), que podem ser graves ou até letais. Por outro lado, a maioria (até 70%) dos indivíduos se mantém completamente assintomática (não adoecem) mesmo décadas após a infecção, apresentando a chamada “forma indeterminada da doença de Chagas”. Um princípio fundamental na relação parasito-hospedeiro é o de que os efeitos negativos tendem a ser quantitativamente pequenos quando a interação já é mais antiga, enquanto que as associações recentes estão mais sujeitas a desenvolver efeitos mais severos (ODUM, 2012). A seleção natural tende a levar a associação parasitária para o equilíbrio, já que a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. Isso fica evidente nas interações estáveis (aquelas que vêm sendo mantidas há milhares de anos), em que há uma espoliação constante, mas insuficiente para lesar gravemente o hospedeiro. São exemplos de relações parasitárias estáveis: T. cruzi , agente causador da Doença de Chagas, e o tatu, seu hospedeiro natural; e a menor taxa de adoecimento por malária em população residente em áreas de acentuada endemicidade. Entretanto, segundo Rey (2001) e Neves (2011), quando o ser humano se infecta pelo T. cruzi, ou quando moradores de áreas não endêmicas para a malária se infectam pelo Plasmodium, desenvolvem frequentemente essas doenças, até mesmo apresentando as formas clínicas mais graves. Não se pode afirmar que uma pessoa desenvolveu uma doença devido a um fator, exclusivamente. Diversos fatores (ligados ao parasito, ao hospedeiro e até ao ambiente onde ele vive) interagem para determinar se a infecção de um hospedeiro será assintomática ou sintomática. Alguns desses fatores podem ser: • inerentes ao parasito, como a genética da sua espécie/ cepa; virulência, carga parasitária, via de infecção, patogenicidade; PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 023 • inerentes ao hospedeiro, como a idade, estado nutricional, genética, o uso de certos fármacos e o estado do seu sistema imune, que determinará a capacidade de resistência imunológica. Quer saber mais sobre a resposta do sistema imune humano frente à instalação de “corpos estranhos” no organismo? Sabia que há uma relação entre a gravidez e as helmintoses? Descubra mais na videoaula a seguir. Videoaula “Alterações imunológicas provocadas por parasitoses e sua relação com a gravidez” Autor: Daniel Avelar A patogenia exercida pelos parasitos sobre seus hospedeiros é extremamente variável, podendo ser determinada de forma direta (provocada pelo parasito e por substâncias por ele secretadas) ou de forma indireta (provocada pela resposta do sistema imunológico do hospedeiro frente ao parasitismo). Os mecanismos de ação patogênica, segundo Neves (2011), são classificados em: • ação espoliativa: quando o parasito absorve nutrientes do hospedeiro. Ex: ação hematofágica (ingestão de sangue) por ancilostomídeos e fêmeas de mosquitos e de flebotomíneos; • ação tóxica: provocada por metabólitos produzidos pelos parasitos. Ex: reações alérgicas provocadas pelos metabólitos de A. lumbricoides e Taenia, causando prurido; • ação mecânica: quando os parasitos impedem o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar. Ex: enovelamento de A. lumbricoides na alça intestinal; • ação irritativa: inflamação de tecidos. Ex: o verme W. bancrofti, que habita os vasos linfáticos, causando linfangite (inflamação dos linfáticos). PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 024 Um parasito pode exercer mais de um tipo de ação patogênica ao seu hospedeiro e essas ações patogênicas podem ser iguais ou diferentes em cada fase evolutiva em que o ele se encontra. É fundamental a compreensão dessas ações patogênicas, pois elas desencadearão, juntamente com fatores relacionados ao hospedeiro (ex: resposta do seu sistema imune frente aos antígenos do parasito), a patologia. Veja mais exemplos de ações patogênicas dos parasitos sobre seus hospedeiros nos livros recomendados na bibliografia básica da disciplina e teste, abaixo, o quanto você está afiado (a), resolvendo esta questão. • ação traumática: provocada principalmente pela migração de larvas de helmintos (embora vermes adultos e protozoários também possam provocá-la). Ex: migração de larvas de A. lumbricoides pelo pulmão. • ação irritativa: quando o parasito, sem produzir lesões traumáticas, acaba irritando o local parasitado. Ex: ação das ventosas de Taenia sobre a mucosa intestinal. • ação enzimática: quando as lesões são provocadas por enzimas produzidas pelos parasitos. Ex.: lesões cutâneas provocadas por enzimas secretadas pelas cercárias de S. mansoni na infecção via cutânea. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 025 QUESTÃO 3 - A patogenia corresponde aos mecanismos lesionais desenvolvidos no organismo parasitado, associados com as agressões provocadas pela reação imunológica do hospedeiro. Considerando que a ação patogênica dos parasitos é extremamente variável, podendo ser provocada de forma direta ou indireta, assinale a alternativa CORRETA. a. A constipação é resultado da ação patogênica irritativa, exercida pela alta carga de vermes adultos de Ascaris lumbricoides presentes na luz do intestino delgado. b. O vetor do agente causador da doença de Chagas exerce, no humano, ação irritativa ao sugar o seu sangue. c. A cercária, larva infectante do Schistosoma mansoni, libera substâncias na pele do humano para realizar a infecção deste, exercendo, para tanto, ação patogênica espoliativa. d. O Plasmodium sp. exerce ação patogênica traumática, ao provocar a lise das hemácias do humano, após sofrer multiplicação no seu interior. e. No interior do intestino delgado do humano, Ascaris lumbricoides exerce ação patogênica inflamatória ao ingerir os nutrientes provenientes da alimentação do hospedeiro. O gabarito se encontra no final da unidade. ATIVIDADE DE FIXAÇÃO Na relação de parasitismo, os hospedeiros“não ficam esperando, de braços cruzados”, que os parasitos “façam o seu trabalho”. Nas interações com seus parasitos, os hospedeiros desenvolvem e põem em atividade estratégias que são extremamente complexas. Os vertebrados possuem sistemas imunes altamente especializados, que podem rapidamente responder à infecção, e ainda desenvolver memória imunológica. Já os invertebrados (ex: caramujo, hospedeiro intermediário do S. mansoni), embora não desenvolvam memória imunológica, possuem sistemas de reconhecimento de infecções capazes de destruir as partículas estranhas (antígenos). PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 026 Um dos mecanismos mais relevantes no estabelecimento de uma infecção parasitária é o modo de interação do parasito com o sistema imune do hospedeiro e a resposta imunológica gerada. Tanto a resposta imunológica protetora, quanto a eliminação dos parasitos ficam prejudicadas devido à complexidade dos ciclos biológicos dos parasitos. Segundo Coelho-Castelo et al. (2009), os parasitos multicelulares (helmintos como o S. mansoni etc), apresentam superfícies espessas altamente resistentes ao ataque do sistema imune, enquanto que os parasitos unicelulares (como os protozoários Plasmodium, Leishmania etc), normalmente se desenvolvem no ambiente intracelular, dificultando a ação do sistema imune dos hospedeiros e provocando sucessivas infecções ou a cronicidade das doenças. Entre os mecanismos de resposta imunológica, destacam-se a inata – composta por mecanismos de resistência que se comportam da mesma forma, independente do parasito e que não gera memória imunológica – e a adquirida ou adaptativa – caracterizada pela memória imunológica determinada pela participação do sistema linfocitário. Vale ressaltar que os dois mecanismos de memória imunológica (inata e adquirida) atuam de forma integrada. São considerados mecanismos de resistência inata (inespecíficos): • tegumento cutâneo: atua como barreira mecânica e química, impedindo ou dificultando a penetração de agentes parasitários, seja fisicamente, pela própria estrutura e presença de pelos, seja quimicamente, pela característica ácida da pele humana; • mucosas: atuam principalmente como barreira química, pela grande variedade de produtos liberados nas cavidades mucosas, como ácido clorídrico, enzimas digestivas, mucina, sais biliares e suco pancreático, que atuam na degradação de grande número de microrganismos; PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 027 • células fagocíticas e células matadoras naturais (NK): especializadas na defesa do hospedeiro contra antígenos, sendo representadas por neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e NK; • resposta inflamatória: tem ação local, caracterizada por uma sequência de fenômenos irritativos, vasculares, exsudativos, degenerativo-necróticos e de reparo; • sistema complemento: sistema enzimático, ativado pela ação de anticorpos das classes IgM e IgG, ou pela ação de substâncias químicas ativadoras. Rey (2001) e Abbas et al. (2015) defendem que os mecanismos de resistência específicos se caracterizam pela ação de linfócitos T e B, com o desenvolvimento de memória imunológica, sendo fundamental para o controle das infecções parasitárias. Embora se saiba que, no parasitismo, o parasito é beneficiado enquanto que o hospedeiro é prejudicado, existem, na literatura científica, discussões sobre potenciais benefícios do parasitismo para os hospedeiros. Veja mais sobre esse assunto na notícia abaixo: Lombriga aumenta fertilidade das mulheres, diz estudo Pesquisa de nove anos com 986 índias na Bolívia relacionou infecção permanente por Ascaris lumbricoides a aumento no número de filhos e menor intervalo entre gestações. Pesquisadores conduziram um estudo com cerca de 986 índias Tsimané, na Amazônia boliviana, que comprova a ligação da infecção por A. lumbricoides (lombriga) com um maior número de filhos por mulher. De acordo com o estudo feito na tribo Tsimané, onde 70% da população possui infecções de vermes parasitas, as mulheres infectadas tiveram, em média, dois filhos a mais do que as não infectadas; além disso, o espaço de tempo entre uma PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 028 gravidez e outra, e até a idade da primeira gravidez, também diminui consideravelmente nas índias infectadas. A teoria dos pesquisadores defende que a doença altera o sistema imunológico do organismo, de forma a facilitar a gravidez. Se essa conclusão for comprovada, novos medicamentos usados para infertilidade poderão ser desenvolvidos. Por outro lado, vermes nematódeos (vetores da ancilostomose, ou o famoso “amarelão”) causam o efeito contrário, estimulando a infertilidade e refletindo em até três filhos a menos, ao longo da vida fértil da mulher. Dentre as hipóteses levantadas para esse resultado, a anemia gerada por essa infecção é a mais provável de ser comprovada. Mais pesquisas sobre os sistemas imunológicos de mulheres infectadas por A. lumbricoides devem ser conduzidas para que se possa, de fato, começar a fabricação de novas drogas para tratamentos de fertilidade, como fertilizações in vitro. Fonte: Adaptado de: LOMBRIGA aumenta fertilidade das mulheres, diz estudo. 20 nov. 2015. In: Site “G1” Ciência e Saúde. Disponível em: <http://g1.globo.com/ ciencia-e-saude/noticia/2015/11/lombriga-aumenta-fertilidade-das-mulheres-diz- estudo.html>. Acesso em: 26 jan. 2016. Adaptações para a vida parasitária Como foi visto anteriormente, o parasito exerce as ações patogênicas para obter suas vantagens, enquanto o hospedeiro tenta combatê-lo com a ação do seu sistema imune. Então, é travada a “batalha” entre o parasito e o hospedeiro, em prol da convivência de ambos, mediante o estabelecimento de um estado de equilíbrio na relação ecológica do parasitismo. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 029 Então, parasito e hospedeiro, ao longo de sua coevolução (evolução conjunta), foram desenvolvendo mecanismos para se adaptarem à convivência. Da mesma forma que os hospedeiros desenvolveram mecanismos imunes para tentar combater os parasitos, os parasitos também tiveram que desenvolver mecanismos para continuarem na situação de parasitismo que lhes é obrigatória. Segundo Abbas (2015), ao longo da evolução, muitos parasitos desenvolveram mecanismos de escape do sistema imune, principalmente da resposta imune adaptativa. Esses mecanismos de escape envolvem: a supressão da resposta imune do hospedeiro, o alojamento em órgãos ou células que são inacessíveis ao ataque imune, a rápida troca de membrana externa corporal, a variação antigênica e a determinação de imunodeficiência no hospedeiro. No escape do parasito ao sistema imune, o Plasmodium se aloja, em uma etapa do seu ciclo biológico, dentro das hemácias do humano. Isso porque, uma vez que as hemácias não expressam moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I ou II, o protozoário fica, então, invisível às ações do sistema imune. O MHC é uma região genômica que expressa, na superfície das células, proteínas próprias do organismo e proteínas de organismos invasores (ex: parasitos). Os parasitos desenvolveram especializações que os capacitaram a sobreviver mesmo sob a ação do sistema imune dos hospedeiros. E, segundo Rey (2001) e Neves (2011), o sucesso do parasitismo está diretamente relacionado a essas adaptações, que estão demonstradas a seguir: • morfológicas: caracterizadas por degenerações (perda ou atrofia de órgãos locomotores, aparelho digestivo etc., como Taenia spp. que não possui tubo digestório) ou por PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 030 hipertrofia (encontradaprincipalmente em órgãos de fixação, resistência ou proteção e na reprodução, como nos ancilostomídeos machos, que apresentam bolsa copulatória, ou na alta capacidade de reprodução, presente em vários tipos de parasitos (Ex: a T. saginata adulta é hermafrodita). Após a fecundação, ocorre a involução das estruturas do seu sistema reprodutor masculino, para haver espaço suficiente, na proglote grávida, para comportar até 26 ramificações uterinas hipertrofiadas, que comportam até 160 mil de ovos infectantes. (FIGURA 5)). • biológicas: fisiologicamente, os parasitos possuem alta capacidade reprodutiva, com grande produção de ovos, cistos ou outras formas infectantes. Podem apresentar diversos tipos de reprodução (hermafroditismo, partenogênese, poliembrionia, esquizogonia etc.); capacidade de resistência às agressões do hospedeiro, como o escape ao sistema imune; e capacidade de tropismo, que favorece o encontro do seu hospedeiro ou sua propagação, reprodução e sobrevivência no ambiente (ex: larvas infectantes de certos helmintos, que migram no solo e se posicionam sobre as partículas mais altas e úmidas, facilitando sua penetração nos pés do humano que passa descalço). Ao longo dos seus estudos, ao conhecer os parasitos, vá buscando identificar as adaptações para a vida parasitária que cada um desenvolveu. E é importante lembrar que cada parasito pode apresentar mais de uma adaptação. Tomando os vermes do gênero Taenia como exemplo, é possível notar adaptações variadas (ausência de aparelho digestivo, hermafroditismo, alta produção de ovos, hipertrofia uterina) perceptíveis nas suas proglotes, como pode ser visto na FIGURA 5. Confira nos livros da bibliografia da disciplina muito mais informações importantes. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 031 FIGURA 5 - Proglote grávida de Taenia saginata vista sob a lupa em menor (A) e maior aumento (B), com detalhe para um ovo de 30 µm apontado pela seta branca (B) no interior da ramificação uterina Fonte: Elaborada pela autora. AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 5: A imagem mostra, do lado esquerdo, uma proglote grávida de Taenia saginata, vista sob a lupa, em menor aumento. No interior da proglote, há dezenas de ramificações uterinas. Do lado direito é mostrado, em maior aumento, os ramos uterinos, com detalhe para um ovo de T. saginata, com 30 µm de diâmetro, apontado por uma seta. As ramificações do útero, em uma proglote grávida de Taenia spp., são completamente preenchidas por milhares de ovos do verme. Na Taenia spp. então, é possível constatar exemplos de adaptações para a vida parasitária: adaptação morfológica, por degeneração, uma vez que o tubo digestório está ausente, e hipertrofia das ramificações uterinas; adaptação biológica, tendo em vista a alta produção de ovos, entre outras. Aplicação de conceitos epidemiológicos na parasitologia Ainda hoje, várias doenças parasitárias são responsáveis pelo adoecimento e/ou óbito de milhões de pessoas em todo o mundo. Sendo assim, a Epidemiologia, ciência que estuda a distribuição de doenças ou enfermidades, assim como a de seus determinantes na população humana tem, como objetivo principal, a promoção da saúde por meio da prevenção de doenças. Conforme Nelson e Williams (2014), a aplicação da epidemiologia no estudo das PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 032 doenças parasitárias envolve a avaliação dos fatores responsáveis pela infecção, aqueles que afetam a transmissão e os que estão associados com a manifestação clínica da doença. A transmissão e a manutenção de uma doença na população humana são resultantes do processo interativo entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente em que vivem (FIGURA 6). O agente etiológico é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença; o hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente, e o meio ambiente é o conjunto de fatores que interagem com o agente e o hospedeiro (BRASIL, 2010). FIGURA 6 - Elementos básicos para o estabelecimento e a manutenção das parasitoses Fonte: AVELAR, 2016, p. 22. (Adaptado). AUDIODESCRIÇÃO DA FIGURA 6: A imagem é composta por um triângulo ao fundo, que agrupa três caixas que trazem os componentes que interagem e/ou interferem na relação de parasitismo, estando estes unidos por setas duplas: hospedeiro, agente etiológico e meio ambiente. Os aspectos epidemiológicos de uma doença são de extrema importância para os profissionais de saúde pública ou epidemiologistas, já que essas informações são insumos para que desenvolvam metodologias para controlar ou prevenir a dispersão das infecções transmissíveis. Para isso, os epidemiologistas classificam as doenças infecciosas de acordo com os meios de transmissão e os reservatórios dos agentes infecciosos. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 033 As parasitoses podem ser transmitidas de diversos modos: • por contato direto ou indireto; • por ingestão de alimentos e água contaminados; • pela inalação de ar contaminado; • por vetores; • por transmissão vertical, durante a gestação ou no parto. Vamos praticar o que já foi aprendido até aqui? Teste os seus conhecimentos com esta atividade que ajudará na fixação do conteúdo. QUESTÃO 4 - Para responder a essa questão, siga os passos abaixo: a. Escolha uma das seguintes doenças parasitárias: esquistossomose mansônica ou malária. b. Identifique e descreva cada um dos itens, a seguir, no caso da doença que você escolheu: 1. agente etiológico; 2. tipo de parasito (endoparasito ou ectoparasito); 3. tipo(s) de hospedeiro(s) (definitivo, intermediário); 4. tipo de ciclo biológico (monoxeno ou heteroxeno); 5. período de incubação; 6. habitat parasitário; 7. forma de infecção; 8. principal tipo de ação patogênica exercida pelo parasito; ATIVIDADE DE FIXAÇÃO PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 034 9. principais adaptações parasitárias presentes no parasito escolhido; 10. principais medidas de prevenção/controle. O gabarito se encontra no final da unidade. Os organismos reservatórios dos agentes infecciosos podem ser classificados epidemiologicamente em quatro categorias: a) humanos; b) animais (nos casos das zoonoses); c) solo; d) água. Essa classificação permite desenvolver estratégias de prevenção, mesmo quando não se conhece as principais características biológicas do patógeno. Um bom exemplo de reservatório foi a demonstração feita por John Snow (médico considerado o pai da epidemiologia moderna), em 1853, de que a água era o reservatório da cólera, mesmo sem ser conhecido o vibrião colérico, que somente foi descrito por Robert Koch, em 1884. (BRASIL, 2010). Vigilância epidemiológica aplicada às parasitoses A situação epidemiológica das doenças transmissíveis tem apresentado mudanças significativas, observadas por meio dos padrões de morbimortalidade em todo o mundo. Nos últimos anos, no Brasil, houve um declínio nas taxas de mortalidade associadas às doenças infecciosas e parasitárias. Embora a morbidade também esteja diminuindo, seu ritmo de declínio é inferior ao apresentado pela mortalidade. Essa redução só vai acontecer, de fato, com a melhoria da qualidade da assistência médica associada ao encaminhamento e adoção de medidas de controle. E para que isso ocorra, são necessárias ações educativas promovidas pela Vigilância Epidemiológica (VE). PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 035 A VE é definida como: um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doençasou agravos (BRASIL, 2005, p. 46). São funções da VE: • coleta e processamento de dados; • análise e interpretação dos dados processados; • investigação epidemiológica de casos e surtos; • recomendação e promoção das medidas de controle apropriadas; • avaliação da eficácia e da efetividade das medidas adotadas; • divulgação de informações sobre as investigações; • estabelecer e analisar os impactos das medidas de controle. Nos estudos epidemiológicos, há conceitos importantes relacionados a características biológicas dos parasitos e seus hospedeiros, que devem ser aplicadas. Conforme Neves (2011), Rouquayrol e Gurgel (2013), esses conceitos são: • infectividade: capacidade de um organismo causar a infecção em um hospedeiro susceptível; • patogenicidade ou virulência: é a capacidade de um agente patogênico induzir a doença. Pode ser dividida em: alta patogenicidade e baixa patogenicidade; • imunogenicidade: é a capacidade de um organismo produzir uma resposta imune após a infecção que o proteja contra a reinfecção; PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 036 • infecção inaparente e capacidade de atuar como reservatório: ocorre quando se consegue isolar o patógeno por cultivo, por exame direto, técnicas de DNA ou por técnicas imunológicas, mas o hospedeiro permanece assintomático. A proporção de indivíduos infectados assintomáticos ou com um quadro clínico (doente) é uma medida da patogenicidade de um parasito. Infecções assintomáticas podem ser comuns em algumas doenças e ter papel fundamental em casos de epidemias. As medidas utilizadas para quantificar a ocorrência de uma doença buscam estimar a carga ou a incidência da doença em uma população. Neves (2011), Rouquayrol e Gurgel (2013), apontam os principais aspectos considerados para quantificar as doenças parasitárias: • prevalência: caracteriza o número total de casos de uma doença ou qualquer outra ocorrência em uma população e tempo definidos (casos antigos somados aos casos novos). Ex: no Brasil, em 1992, a prevalência de esquistossomose foi de 8 milhões de casos. Existem fatores que afetam a taxa de prevalência, causando seu aumento (doenças de longa duração, casos novos da doença, aumento de sobrevida, emigração de pessoas doentes, aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico); ou diminuição (doenças de curta duração, mortalidade, terapêutica eficaz, imigração de pessoas doentes); • incidência: é a frequência com que uma doença ou fato ocorre num período de tempo definido e com relação à população (apenas os casos novos). Essa taxa estima o risco de adoecer; • morbidade: expressa o número de pessoas doentes com relação à população; PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 037 • mortalidade: determina o número geral de óbitos em determinado período de tempo e com relação à população. O estudo da relação de parasitismo deve ser realizado levando-se em consideração conceitos epidemiológicos, tais como os citados acima. Esses conceitos são aplicados com frequência pelas unidades de Vigilância Epidemiológica dos estados e municípios brasileiros. Essas unidades fazem, periodicamente, levantamentos estatísticos sobre os casos das doenças parasitárias, e enviam esses dados para o Ministério da Saúde. Esses dados são importantes para saber como está a real situação dessas doenças em nosso país, além de permitir o estabelecimento de medidas de controle das parasitoses. Esse controle das doenças envolve os seguintes tipos de medidas: • prevenção primária: medidas que buscam impedir que o indivíduo adoeça, controlando os fatores de risco. Atua na fase pré-patogênica ou na fase em que o indivíduo está sadio ou susceptível. Ex: moradia adequada, saneamento ambiental, educação sanitária, alimentação adequada, imunização, equipamentos de proteção individual, controle de vetores etc.; • prevenção secundária: aplicáveis aos indivíduos que já estão sob a ação do parasito (infecção em fase clínica ou subclínica). A prevenção secundária visa impedir que a doença se desenvolva para estágios mais graves, deixando sequelas ou progredindo para o óbito. Ex: diagnóstico e tratamento precoces. • prevenção terciária: medidas destinadas à reabilitação, prevenindo a incapacidade. Essa prevenção é aplicada na fase em que esteja ocorrendo ou já ocorreu a doença. Ex: implante de marca-passo em pacientes chagásicos. Observação: as medidas de prevenção secundária e terciária podem ser aplicadas ao mesmo tempo. PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 038 Acompanhe a aplicação de vários termos, aproveitando para conhecer um pouco sobre a vigilância epidemiológica da malária, que é uma das principais protozooses transmitidas no território brasileiro, na videoaula a seguir. Videoaula “Vigilância epidemiológica da malária” Autor: Daniel Avelar Como visto, a região amazônica é caracterizada como a zona endêmica para a malária no território nacional. Apesar dos registros de casos autóctones (casos cuja transmissão ocorreu naquela região) ocorrerem principalmente na área endêmica, a transmissão da doença pode ocorrer fora dela e acarretar em problemas, caso a vigilância epidemiológica não entre rapidamente em ação. Veja esse exemplo bem-sucedido. Em 2005, um fato chamou a atenção dos epidemiologistas brasileiros: foram relatados 11 casos autóctones de malária no município de Monte Alegre de Minas, em Minas Gerais, considerada como área não endêmica. Pesquisadores descobriram que a área de potencial exposição estava localizada às margens do rio Tejuco, local frequentado por garimpeiros que foram diagnosticados com Plasmodium vivax e P. falciparum. A investigação entomológica identificou na região os insetos Anopheles darlingi, A. albitarsis, A. triannulatus e A. parvus. Todos os casos foram diagnosticados e tratados (não houve óbito), o que acabou interrompendo a transmissão de malária na região. Esses casos foram relatados no artigo “Surto de malária em área não endêmica do Brasil, 2005” de autoria de Limongi et al., 2008, na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Considerando as informações do texto, veja que os agentes etiológicos responsáveis pelos casos de malária em Monte Alegre de PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 039 Minas foram: Plasmodium vivax e P. falciparum. Os vetores envolvidos na transmissão da malária nessa região foram Anopheles darlingi, A. albitarsis, A. triannulatus e A. parvus. A vigilância epidemiológica atuou diagnosticando e tratando todos os casos positivos para malária, além de identificar os vetores que ocorrem na região. Essas ações foram importantes para evitar o óbito dos pacientes com malária, além de interromper a transmissão da doença na região. Vamos agora fixar esse conteúdo praticando? Resolva a questão proposta. QUESTÃO 5 - A vigilância epidemiológica visa à redução da transmissão ou mesmo à erradicação de doenças, como é o caso das parasitoses, por meio do estudo do padrão de transmissão, dos fatores de risco e da elaboração de medidas de profilaxia. Suponha que tenha sido detectado um caso suspeito de malária em um posto de saúde de Belo Horizonte. Faça uma descrição breve das três principais ações que devem ser tomadas pela vigilância epidemiológica no caso dessa suspeita, para que seja esclarecido e notificado. O gabarito se encontra no final da unidade. ATIVIDADE DE FIXAÇÃO Até aqui, você pôde revisar alguns dos conhecimentos que já trazia consigo e conheceu muito mais e de forma mais aprofundada. Esta unidade foi muito importante, pois você precisa desses conhecimentos para prosseguir. Por isso, a proposta agora éque façamos uma revisão. Siga a nossa videoaula! Videoaula “Resumo da unidade” Autor: Adriana Coelho Soares PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 040 QUESTÃO 1 - A resposta certa é a letra d. Justificativa: a. A alternativa está incorreta, porque o conceito de endemia está errado. Endemia é a prevalência usual de uma doença, ou seja, o número usual de casos esperados em uma população definida, em determinado período de tempo. Logo, considera-se endêmica a doença cuja incidência de casos em uma população permanece constante ao longo dos anos. b. A alternativa está incorreta, porque o conceito de endemia está errado e o de epidemia está certo. c. A alternativa está incorreta, porque o conceito de endemia está errado e o de período pré-patente está certo. d. A alternativa está correta, porque ambos os conceitos apresentados estão corretos. e. A alternativa está incorreta, porque tanto o conceito de período pré-patente, quanto o de epidemia estão corretos. QUESTÃO 2 - A resposta certa é a letra c. Justificativa: a. A alternativa está incorreta, porque há parasitos na Natureza que cumprem seu ciclo de vida exclusivamente em animais vertebrados, necessitando somente de um. É o caso do Ascaris lumbricoides, por exemplo, que necessita apenas do ser humano para completar seu ciclo de vida, que é monoxênico. b. A alternativa está incorreta, porque há parasitos na Natureza que completam seu ciclo de vida exclusivamente em um animal invertebrado, não necessitando de mais do que um, sendo seu ciclo do tipo monoxênico. c. A alternativa está correta, porque, no ciclo heteroxênico de um parasito, existe a participação de dois ou mais hospedeiros, sendo um deles o hospedeiro definitivo (no qual o parasito está na sua forma adulta ou reprodutiva final) e o outro é o hospedeiro ATIVIDADES DE FIXAÇÃO RESPOSTAS PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 041 intermediário (no qual o parasito está na sua fase jovem – ou imatura - ou onde ele se reproduz de forma assexuada) (Neves et al., 2016). d. A alternativa está incorreta, porque, no ciclo heteroxênico, o hospedeiro intermediário pode ser tanto um animal vertebrado quanto invertebrado. No ciclo heteroxênico do Plasmodium sp., por exemplo, o hospedeiro intermediário é um animal vertebrado (humano), enquanto no ciclo da Taenia spp., ele é um animal vertebrado (porco ou boi). e. A alternativa está incorreta, porque o ciclo biológico heteroxênico é justamente aquele que exige um hospedeiro dito intermediário, que pode ser considerado um vetor biológico, pois nele o parasito normalmente desenvolve as formas infectantes. QUESTÃO 3 - A resposta certa é a letra d. Justificativa: a. A alternativa está errada, porque, quando há uma alta carga de vermes adultos de A. lumbricoides no intestino, a constipação é causada pela ação patogênica mecânica, pois reduz significativamente o fluxo de substâncias pelo órgão. b. A alternativa está errada, porque os triatomíneos (barbeiros) são insetos hematófagos, portanto, picam o humano para obter seu alimento e, para isso, exercem ação patogênica espoliativa. c. A alternativa está errada. A cercária é capaz de penetrar na pele intacta do hospedeiro definitivo, porque libera uma série de enzimas (ação enzimática) que vão romper a barreira da pele intacta, juntamente com a ação mecânica do batimento caudal. d. A alternativa está correta, porque o Plasmodium sofre reprodução assexuada dentro das hemácias, deixando-as “abarrotadas” de parasitos. As hemácias, não suportando tantos parasitos, sofre uma lise, ou seja, o rompimento da sua membrana plasmática, sendo, assim, caracterizada a ação traumática. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO RESPOSTAS PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 042 e. A alternativa está errada, porque o verme espolia, pela sua boca, os nutrientes semidigeridos presentes na luz do intestino do humano. Através dessa ação espoliativa, o verme se mantém vivo por anos no seu habitat. QUESTÃO 4 - Doença: Malária 1. agente etiológico: Plasmodium vivax, P. falciparum ou P. malariae 2. tipo de parasito (endoparasito ou ectoparasito): endoparasito 3. tipos de hospedeiros (definitivo e intermediário): definitivo (fêmeas de mosquitos anofelinos) / intermediário: (seres humanos). 4. tipo de ciclo biológico (monoxeno ou heteroxeno): heteroxeno. 5. período de incubação: para P. falciparum (8 a 12 dias), para P. vivax (13 a 17 dias) e para P. malariae (18 a 30 dias). 6. habitat parasitário: uma fase hepática e outra fase eritrocítica. 7. forma de infecção: via cutânea, pela picada de fêmeas de mosquitos anofelinos infectados pelo Plasmodium. 8. principal tipo de ação patogênica: traumática, pela lise (destruição) dos eritrócitos parasitados. 9. principais adaptações parasitárias presentes no parasito escolhido: adaptação reprodutiva, com grande produção de merozoítos a partir de reprodução assexuada. 10. principais medidas de prevenção/controle: a) controle do vetor no domicílio ou peridomicílio (não é possível realizar controle químico em ambiente florestal); b) medidas educativas e saneamento básico, para evitar formação de criadouros dos mosquitos; c) medidas de proteção individual, como o uso de repelentes e mosquiteiros impregnados com inseticida; d) tratamento dos doentes. Doença: Esquistossomose 1. agente etiológico: Schistosoma mansoni ATIVIDADES DE FIXAÇÃO RESPOSTAS PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 043 2. tipo de parasito (endoparasito ou ectoparasito): endoparasito 3. tipos de hospedeiros (definitivo e intermediário): definitivo (humano) / intermediário: (caramujos do gênero Biomphalaria). 4. tipo de ciclo biológico (monoxeno ou heteroxeno): heteroxeno. 5. período de incubação: é muito variável. Aproximadamente 24 horas para o aparecimento da dermatite cercariana. Há pacientes que apresentam os primeiros sintomas entre 10 e 35 dias da infeção (fase em que os vermes jovens estão migrando pelo organismo), mas os sintomas mais pronunciados da esquistossomose surgem após cerca de 50 dias, quando já há postura de ovos pelo verme (os ovos larvados são o principal elemento patogênico). 6. habitat parasitário: Os vermes adultos vivem nos ramos intra- hepáticos do sistema porta. 7. forma de infecção: penetração da larva cercária pela pele intacta ou mucosas. 8. principal tipo de ação patogênica: o antígeno solúvel do ovo provoca reação inflamatória nos tecidos. 9. principais adaptações parasitárias presentes no parasito escolhido: adaptação morfológica (hipertrofia: duas ventosas de fixação à parede do vaso sanguíneo hepático); biológica (capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: camadas tegumentares espessas no verme para escapar do ataque do sistema imune do hospedeiro). 10. principais medidas de prevenção/controle: a) controle do vetor (drenagem ou aterramento de áreas alagadiças que apresentem caramujos, como valas de irrigação; introduzir, aos cursos d´água, espécies de peixes que se alimentam de moluscos); b) medidas educativas (informar sobre a doença e como contribuir para o seu controle, como somente defecar em instalações sanitárias); c) saneamento básico (para evitar que fezes contaminadas ATIVIDADES DE FIXAÇÃO RESPOSTAS PARASITOLOGIA GERAL unidade 1 044 com ovos alcancem os cursos de água doce e tratar a água de abastecimento); d) tratamento dos indivíduos infectados. QUESTÃO 5 - Diante de um caso suspeito de malária, deve-se: 1. encaminhar o paciente ao hospital de referência para a realização do exame laboratorial; 2. se o exame der negativo, o caso é encerrado, mas, se o laboratório
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