Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Questão : Segundo o notório estudioso Antônio Cândido, a literatura deveria constar nos direitos humanos, pois é um bem incompressível e, como tal, se constitui em uma necessidade universal. Com base nessa proposta, em que a leitura de um texto literário contribui para o desenvolvimento humano? A literatura amplia horizontes. Para Antonio Cândido a fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos. Por essa, e outras razões defende a literatura como um direito humano. Este autor compreende que Direitos Humanos "são aqueles ligados à alimentação, moradia, vestuário, instrução, saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência à opressão, bem como o direito à crença, à opinião e ao lazer. Esses direitos asseguram a sobrevivência física e também a integridade espiritual"(FESTER,1989). Então, a pergunta feita é, porque não garantirmos o direito à arte e à literatura também? Se entendermos a literatura como tudo que é poético, ficcional, ou dramático nos mais distintos níveis de uma sociedade, em todas as culturas desde o folclore, a lenda as anedotas e até as formas complexas de produções escritas das grandes civilizações, conforme sugere Antonio Cândido. Podemos dizer que o ser humano não vive sem a literatura, sem o que o autor chama de “universo fabulado” Outro aspecto importante da literatura no desenvolvimento humano é que ela atua tanto no consciente como no inconsciente. E cumpre um papel de inculcamento intencional como a educação familiar, grupal ou escolar. É por isso que as sociedades criam suas manifestações literárias, em decorrência de suas crenças, seus sentimentos e suas normas fortalecendo a sua existência e atuação na sociedade. Outra questão interessante é sobre seu aspecto formador da personalidade. A literatura forma a personalidade, mas não necessariamente de acordo com as convenções sociais tradicionais, ela seria na verdade "a força indiscriminada e poderosa da própria realidade". O autor ressalta que a "literatura, não corrompe, nem edifica, mas humaniza, ao trazer livremente em si o que denominamos de bem e de mal e humaniza nos faz vivenciar diferentes realidades e situações.” (FESTER,1989) Portanto a defesa da literatura como direito, é também, a defesa do direito de informação e do conhecimento. Para Antonio Cândido “a literatura pode ser um instrumento consciente de desmascaramento, pelo fato de focalizar as situações de restrição dos direitos, ou de negação deles, como a miséria, a servidão, a mutilação espiritual.” E por estas razões, a literatura está relacionada com a defesa dos Direitos Humanos. (FESTER, 1989) Enfim, incorporar a literatura na cesta dos direitos humanos é um ato de extrema importância. A luta pelos direitos é a luta pelo acesso de todos àquilo que é fundamental para garantir a qualidade de vida. Então a literatura faz parte da luta para que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. Em uma construção belíssima Antonio Cândido define a literatura como “o sonho acordado da civilização" (FESTER), numa citação, explica porque ela é, fator indispensável de humanização. A literatura é, para ele, “o sonho acordado da civilização”, e assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem sonho durante o sono, “talvez não haja equilíbrio social sem a literatura”. É por esta razão que a literatura é fator indispensável de humanização e confirma o ser humano na sua humanidade, por atuar tanto no consciente quanto no inconsciente.(FESTER,1989) Bibliografia CANDIDO, Antonio. Direitos Humanos e literatura. In: A.C.R. Fester (Org.) Direitos humanos E… Cjp / Ed. Brasiliense, 1989.
Compartilhar