Buscar

ECien unid1 p1 2017 (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Conteúdo e Metodologia do Ensino de Ciências
Profa Carla Tavares
Pequena introdução da disciplina
O papel do educador é situar o aluno ao mundo em que ele vive para que possa se posicionar criticamente. Nesse sentido é importante conhecer a realidade desse aluno: os problemas e as qualidades ou iniciativas do que vem sendo feito em prol da melhoria da qualidade ambiental. Segundo Prof. Genebaldo Dias, meio ambiente, é composto de:
- fatores abióticos (ar, água e solo); 
- fatores bióticos (animais e vegetais);
- cultura humana (valores filosóficos, políticos, morais, científicos, artísticos, sociais, econômicos, religiosos etc);
A definição de meio ambiente envolve a natureza (parques, florestas, mares etc) mas também a nossa rua, nossa casa, nossa relação com os outros seres humanos e não-humanos e conosco.
Ciência e Conhecimento
Ciência é uma palavra que vem do latim: scientia que quer dizer conhecimento. Conhecer, por sua vez, é tentar compreender o mundo, saber como funciona, só amamos ou somos capazes de agir no mundo se o conhecermos. A Ciência é muito importante em nossa sociedade pois permite que consigamos nos orientar, modificar e viver com um melhor conforto e qualidade de vida.
Os conhecimentos são tão importantes ao longo da história que foram passados através de gerações, constituindo tradições: mitos, lendas etc. Existem formas diferentes de conhecer o mundo:
- pela filosofia: investiga as essências do mundo real, não sendo apenas uma mera opinião, mas sim uma reflexão profunda fruto do pensamento filosófico. Atribui-se a Filosofia o surgimento da Ciência.
- pela religião: É uma das mais antigas e importantes formas de tentar explicar o mundo. Tem princípios próprios, geralmente espirituais e atribuídos à divindidades e que explicam o mundo à sua maneira. 
- pela arte: é uma forma de expressão de um certo conhecimento.
Mas para que serve o conhecimento das Ciências? Segundo Bizzo (2002), 
“ o domínio do conhecimento científico hoje em dia é indispensável para que se possa realizar tarefas tão triviais como ler o jornal ou assistir televisão. Da mesma forma, decisões a respeito de questões ambientais por exemplo, não podem prescindir da informação científica que deve estar ao alcance de todos”. Um exemplo trágico e extremo foi o acidente de 1987 em Goiânia (GO) quando um aparelho de radioterapia – um cilindro – foi levado por dois catadores que o venderam a um ferro velho e nesse o dono distribuiu para a família causando mortes e contaminação de muitas pessoas. Houve irresponsabilidade do dono da radioterapia que descartou o material sem os devidos cuidados deixando-o exposto e ao mesmo tempo falta de informação e conhecimento científicos necessários para viver em um mundo que reúne avanços tecnológicos notáveis. Essas informações e conhecimentos passam cada vez mais a ter importância, e a escola não deixa de assumir a responsabilidade de torná-las acessíveis aos cidadãos.
Cachapuz et al (2005), endossa essa colocação dizendo que a alfabetização científica converteu-se numa necessidade para todos: todos necessitam utilizar a informação científica para realizar opções que se nos deparam a cada dia, de sermos capazes de participar em discussões públicas sobre assuntos importantes que se relacionam com a Ciência e a Tecnologia, e todos merecemos compartilhar a emoção e a realização pessoal que pode produzir a compreensão do mundo natural.
Conhecimento cotidiano / saber popular / senso comum
Saber deriva do latim sapere – ter sabor, ter gosto para. Está associado a paladar e é ampliado para outros sentidos como visão, audição e olfato. 
No ser humano assim como nos outros animais, a percepção do mundo começa pelo conhecimento sensorial captado em escalas diferenciadas: cores, odor, movimento, paladar, temperatura, som etc. Em seguida, ele ultrapassa limites dos dados sensoriais e no caso dos seres humanos, ele compara, analisa, elabora idéias, isola elementos, generaliza – produzindo conceitos, definições e relações. 
O saber popular ou senso comum ou empírico ou conhecimento cotidiano é construído pelas classes populares como uma forma de conhecer a realidade em que vive, age, mora, fala, integrando o homem ao seu meio. Ele nasce da tentativa do ser humano de resolver os problemas da vida diária.
Suas características são: 
- não explicar o porquê das coisas,
- ser subjetivo (pode variar de pessoa para pessoa – a natureza pode ser definida como algo sagrado pelo índio, como fonte de lucro para o madeireiro etc),
- tender a estabelecer relações diretas de causa e efeito (“diz com quem andas que te direi quem és”),
- não ter preocupação com análises e críticas, são impostos pela tradição aos indivíduos de uma determinada época, local ou grupo social, sendo geralmente aceitos de modo acrítico como verdades e comportamentos próprios da natureza humana.
- não necessitar de demonstrações,
- procurar interagir as partes conflitantes procurando compatibilizá-las;
- ser mais flexível com relação aos termos que utiliza: existem variações regionais para um mesmo produto mandioca, como macaxeira e aipim,
- ser socializado precocemente na vida de todas as pessoas,
- correr o perigo de se cristalizar em preconceitos (= conceito ou opinião formada antecipadamente), sem conhecimento dos fatos podendo ser favorável ou desfavorável devendo ser combatido. 
Conhecimento científico
Esse surge da observação sistemática do mundo de forma criteriosa e meticulosa, sendo registrada de alguma forma: fotos, notas, desenhos etc. A partir das informações coletadas, há necessidade de organizá-las de acordo com uma metodologia que permita a análise e que se chegue a uma conclusão – surge então o método.
O saber científico é baseado em questionamentos feitos a partir da escolha do que vai se observar, de preferênca algo que julgamos relevante para o problema em questão. Há portanto interesses e expectativas que resultam em hipóteses (= idéia prévia) que serão testadas e aprovadas ou não, caso positivo o saber é consolidado/registrado. Outras características do conhecimento científico são:
- as conclusões podem ser verificadas por qualquer outro pesquisador que repita o experimento nas mesmas condições.
- é quantificado: busca medidas, padrões, critérios de comparação e avaliação.
- não há uma convivência pacífica de idéias,
- busca leis gerais de funcionamento dos fenômenos,
- se opõe ao mágico, destacando-se explicações racionais, claras, simples e verdadeira.
- está preocupado em libertar o ser humano do medo de superstições.
- tem uma terminologia que sintetiza idéias complexas conhecidas por aqueles que dominam aquele ramo da ciência (ex: vertebrados – presença de vértebra diferente dos invertebrados como a mosca – sem vértebra). A terminologia é um código de compactação pois tenta juntar informações agregando significados e não se modifica com o tempo ou sofre influências regionais ou da moda. Diferente de um código criptográfico que se caracteriza por esconder significados. 
- é socializado mais tarde na vida escolar dos jovens. Reconhece-se, hoje que o conhecimento científico deve ser acelerado, tornando-se mais eficiente. A escola deve proporcionar aproximações crescentemente complexas daquilo que os cientistas consideram como válido, levando em consideração as características dos alunos, sua capacidade de raciocínio, seus conhecimentos prévios.
- procura renovar-se e modificar-se continuamente – é um conhecimento em construção, ou seja, uma criação. 
Quanto à essa última característica, é importante observar que os conhecimentos produzidos pela ciência são verdadeiros, mas não são verdades eternas e não questionáveis. Ela é resultado do processo de busca do conhecimento, é um exercício constante de aproximação da realidade e como tal, é histórica e socialmente determinada. Portanto a Ciência se mantém em constante movimento, reinventando-se, recriando e acumulando cada vez mais conhecimento.Através dela pode-se tentar compreender como as coisas funcionam, de que são feitas e tentar prever acontecimentos.
O conhecimento, válido em uma época pode deixar de ser em outra. Um exemplo disso foi a retirada das tonsilas (amígdalas) através de cirurgias na década de 60 pela ciência acreditar que eram órgãos inúteis. Pessoas sem tonsilas tinham vida normal até que após algum tempo percebeu-se que essas apresentavam resistência imunológica comprometida em alguns casos como faringites freqüentes.
Conhecimento científico e conhecimento cotidiano
Há contradição entre eles? Um está certo e o outro errado? Um é falso e o outro verdadeiro?
Manga e leite podem ser ingeridos juntos? As pessoas acham que não mas não é verdade. Esse saber vem do tempo da escravidão: os fazendeiros falavam aos escravos que se bebessem leite morreriam, evitando que não ingerissem o leite que retiravam das vacas.
E a mandioca, pode ser comida crua? Pela tradição indígena não, eles ralam, expõem ao sol e torram para retirar seu efeito danoso. A ciência confirma: a ação venenosa da planta proporciona que não seja atacada por pragas e para consumirmos precisamos prepará-la adequadamente. 
O posicionamento da escola é proporcionar acesso a outras formas de conhecimento (como o científico, artístico e cultural) que muitas vezes constituem explicações alternativas – quando não frontalmente opostas as crenças da coletividade. È obrigação constitucional da escola que seus alunos tenham o direito de saber que manga e leite não reagem quimicamente produzindo veneno mortal e que a mandioca é diferente. 
Conhecimento científico e conhecimento escolar
As disciplinas científicas organizam e delimitam um território de trabalho, concentram a pesquisa e as experiências dentro de um determinado ângulo de visão. Daí que cada disciplina nos oferece uma imagem particular da realidade (Santomé, 1998) sendo constituídas por discursos especializados.
A disciplina escolar abrange conteúdos, métodos e técnicas específicas do espaço escolar. Essas apresentam uma construção social e histórica diferente das científicas apesar de estar relacionada à essa por meio das disciplinas acadêmicas universitárias ou disciplinas de referência. Isso explica, parcialmente o prestígio e a posição hierárquica que ocupa uma disciplina escolar – sua maior aproximação com uma disciplina acadêmica (por ex. Matemática destaca-se da Educação Física e Artística tanto no quadro de horário quanto da avaliação). 
Apesar da disciplina escolar apresentar uma relação direta com a disciplina de referência, isso não garante que represente o mesmo sistema de pensamento, métodos de investigação, proposições e conceitos. Segundo Bernstein (1996), o conhecimento escolar constitui uma nova seleção, simplificada, condensada e reelaborada. São partes que foram aproveitadas, retiradas de diversos setores (cultura, economia, política) do conhecimento humano e ressignificadas, ou seja, ganharam um significado escolar. Existe portanto uma diferença entre o que a escola ensina e o conhecimento científico como complementado a seguir: 
- a escola está atrasada,
- apresenta conceitos isolados da história, ou seja, desvinculados de seus produtores se prendendo aos resultados somente mas sem dizer as circunstâncias em que foram obtidos: os problemas levantados pelo cientista, como se originou o conceito, o modelo, o método. (obs: só em 1990 é que os livros didáticos passam a repassar a bibliografia e a história, apresentando seus atores.
- não apresentarem a definição clara da situação em estudo,
- parecerem que os conhecimentos surgem claros, óbvios e não precisam ser interrogados,
- terem uma resposta que surge naturalmente o que constitui a pior maneira de usar um bom instrumento de aprendizagem. 
Para motivar os alunos, é importante que possam tomar consciência da construção dinâmica do conhecimento, das suas limitações, da constante luta em busca da verdade e não de certezas. Está em jogo a necessidade do exercício da imaginação e da intuição intelectual, na “ousadia” que deve estar presente na tentativa da resolução do problema e em todo o trabalho de produção científica – um clima de verdadeiro desafio intelectual.
Os problemas devem, de preferência, ser colocados pelos alunos, ou por eles assumidos, ou seja, devem sentir como seus, terem significado pessoal, pois só assim temos razoável certeza de que correspondem a dúvidas, a interrogações, a inquietações. 
� PAGE �1�

Outros materiais

Outros materiais