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z Aspargos Fisiologia e Manejo Pós-colheita Cid Edson Mendonça Póvoas UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE AGRONOMIA z INTRODUÇÃO Asparagus officinalis (aspargo, ou espargo) é uma planta da classe Liliopsida, ordem Asparagales, família Asparagaceae, género Asparagus. z IMPORTÂNCIA NO BRASIL Introduzido década de 1930, no município de Pelotas, com práticas culturais e cultivares usadas na Europa. Posteriormente, passaram a ser introduzidas, também, cultivares americanas, sempre por iniciativa das indústrias alimentícias locais, que, há alguns anos, constituíram o maior parque de indústrias de alimentação do Brasil. O objetivo principal do cultivo do aspargo era a obtenção de matéria- prima (turiões brancos) para processamento. As lavouras ocupavam áreas entre 0,5 e 1,0 hectare, sendo exploradas, basicamente, pelo núcleo familiar. Na década de 1970, foram estabelecidas lavouras exploradas diretamente pelas indústrias, que atingiram áreas de até cerca de 150 hectares. Em 1979, foi introduzido no Nordeste do País e no norte de Minas Gerais. z IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL Rico em carboidratos fibrosos, potássio, proteínas, vitamina A, vitamina B1, vitamina B2, vitamina B3, vitamina B5, vitamina B6, vitamina B9, vitamina C, vitamina E, vitamina K, cálcio, ferro e magnésio z DIFERENÇA NUTRICONAL Variações climáticas e métodos de cultura influenciam o conteúdo de nutrientes da planta de aspargos. Resultados obtidos a partir da análise foliar z ORIGEM Origem: nas regiões do Mediterrâneo e da Ásia Menor. z ORIGEM PRINCIPAIS PRODUTORES ATUALMENTE z HISTÓRICO Cultivado há mais de 2.000 anos pelos antigos gregos e romanos. Consideravam o vegetal um bem muito valioso devido ao seu sabor único e “supostas” propriedades medicinais. Os Imperadores romanos amavam tanto o vegetal, que mantinham frotas encarregadas de fornecer-lhes o vegetal suculento o ano todo. Também inventaram a expressão “mais rápido do que cozinhar aspargos” como uma maneira de descrever alta velocidade, devido ao seu baixíssimo tempo de cozimento. z ANATOMIA EXTERNA E MORFOLOGIA z CARACTERÍSTICAS O aspargo é uma planta perene, dióica, que produz ápices caulinares tenros, que podem começar a ser colhidos a partir do segundo ano após o plantio da mudas ou da semeadura. z DESENVOLVIMENTO Evolução do peso seco das coroas durante 10 meses em locais com apenas uma colheita anual. Existe uma perda bastante elevada de peso seco das reservas armazenadas totais a partir do estágio de senescência em diante. z DESENVOLVIMENTO Curva crescente e acumulo de reservas de um plantio de aspargos que produz mais de uma vez por ano, em relação ao tempo. Ex: Peru z ANÁLISE COMPOSICIONAL Taxa de respiração (mg CO2 kg-1 h-1) e análise composicional (todos os dados mg/g peso seco) de lanças crescentes de diferentes alturas a 33 °C. As seções de ponta foram 0-30 mm, seção média 75-105 mm e extremidades 150-180 mm z ANÁLISE COMPOSICIONAL As análises de composição das secções superiores das lanças em diferentes alturas mostraram que os açúcares solúveis foram menores em lanças mais altas, com o gradiente mais forte que ocorreu na glicose. Frutose e sacarose apresentaram gradientes semelhantes, com concentrações em secções superiores em lança de 190 mm é 50% menor que a concentração em lanças de 40 mm. O ácido malico tende a ser menor em lanças mais curtas, enquanto o ácido cítrico estava presente em quantidades constantes entre lanças de diferentes alturas. O conteúdo de proteínas tende a ser maior em pontas de lanças mais longas. Houve pouca diferença na composição em seções médias entre lanças de diferentes alturas. z TAXA DE RESPIRAÇÃO Taxa de respiração das secções de lança de aspargos durante 72 h de armazenamento a 16 ° C. Barras = erro padrão. z COMPOSIÇÃO NO ARMAZENAMENTO Composição das secções de lança de aspargos durante 72 h de armazenamento a 16 °C (todos os dados mg/g de peso seco). As secções de ponta foram 0-30 mm, secções médias 60-90 mm e seções de extremidade 120-150 mm a partir de lanças de 150 mm de comprimento z PADRÃO DE RESPITATÓRIO PÓS COLHEITA z TAXA DE RESPIRAÇÃO EM RELAÇÃO A TEMPERATURA 0 50 100 150 200 250 300 0 5 10 15 20 25 30 m l C O 2 / k g · h Temp. ºC z MATURIDADE FISIOLÓGICA z ONDE PLANTAR? Cresce melhor em clima frio, muitas suportam altas temperaturas, porém o desenvolvimento dos brotos possa ficar prejudicado em temperaturas acima de 30°C. O ideal são temperaturas entre 16°C e 24°C durante as estações de crescimento. Deve ser cultivado em locais com muita luminosidade e solo bem drenado, leve, sem pedras e outros detritos, moderadamente fértil e rico em matéria orgânica. A planta cresce melhor se o pH do solo estiver acima de 6,5. z COLHEITA Consiste no corte dos turiões¹ que se formam à custa das reservas acumuladas nas durante a fase de vegetação. A colheita pode ser feita a mão ou com uma ferramenta chamada colhedor de aspargo e deve ser feita pela manhã. Os turiões precisam ser colhidos no ponto, antes que o ápice comece a se abrir e formar as folhas, devem ser lisos e eretos. Os tortos, muito finos ou sem a ponta são considerados defeituosos. Durante a colheita os turiões são colocados em uma cesta presa à cintura, transferidos para uma embalagem de campo e depois transportados para a casa de embalagem. 1. BO TÂN IC A: rebento que se desenvolve de um rizom a, e que, por vezes, é carnoso e com estível z COLHEITA Produz por cerca de dez anos, os turiões são colhidos com 18 a 25 cm de comprimento. Quando começam a ficar finos a colheita precisa ser paralisada, para que não ocorra a exaustão das reservas do rizoma e do sistema radicular, o que pode causar a morte da planta. O aspargo é um produto muito perecível, frágil e extremamente sensível à desidratação z PRINCIPAIS PERDAS 1. Colheita após a maturidade ideal 2. Perda de água 3. Injúria mecânica 4. Taxa respiratória elevada 5. Injúria por frio z PERDAS Turiões em crescimento ativo possuem alta taxa de respiração e sensibilidade geotrópica. Costuma ficar torto se for transportado e comercializados na posição horizontal devido seu crescimento e resposta geotrópica e fototrópica Platenius (1943) investigando o efeito das diferentes concentrações de O2 na respiração do aspargo, observou que qualquer modificação na atmosfera altera a taxa de respiração, mas que o efeito é mais pronunciado em baixos níveis de O2 (2,3%), reduzindo a taxa de respiração em 40% sem ocasionar processos fermentativos. z SOLUÇÃO A inibição do crescimento doses de 50 a 100 Gy radiação gama (alto custo) submeter os turiões a 47,5 ºC por 5 minutos, isso inibe a resposta geotrópica. Este tratamento térmico, no entanto, deve ser rapidamente seguido de resfriamento. A solução prática que se tem utilizado para diminuir os problemas associados ao crescimento dos turiões é utilizar refrigeração para diminuir a velocidade do processo e coloca-los em pé no transporte e na comercialização para que não venham a ficar tortos. z PÓS COLHEITA O aspargo precisa ser manuseado com cuidado. Na casa de embalagem deve ser pré-resfriado por hidroresfriamento ou com ar forçado no máximo até 4 horas após a colheita. No hidroresfiamento o tempo de meio resfriamento é de 1,5 min e com ar forçado é de 1,5h e a temperatura deve ser reduzida até cerca de 1,0 ºC. z PÓS COLHEITA O aspargo é sensível a injúria de impacto e os turiões com ápice ferido apodrecem mais após a lavação. A lavação e o hidroresfriamento podem ser um processo único. Na lavação deve serutilizado hipoclorito de sódio 100mg/litro em pH 7 Deve ser mantido em temperaturas acima do ponto de congelamento -0,6 °C e próximas a 0 °C sob umidade relativa elevada > 98% e ser rapidamente comercializado e consumido. Sob estas condições o aspargo tem uma vida útil da ordem de dez dias. z EMBALAGEM Estudos evidenciaram que reduzindo a temperatura de armazenamento para -0,5 ºC dentro de embalagem plástica a vida útil do aspargo pode ser aumentada para 30 dias. O aspargo pode perder mais de 2% de sua massa de água por transpiração durante um dia sob umidade relativa de 60% e temperatura de 20 ºC. A embalagem do aspargo em filme plástico ou aspersão freqüente com pequenas quantidades de água podem ser utilizados para manter o frescor e a turgidez. A maior perda de água tolerável é da ordem de 8,0% . z ETIQUETA z ARMAZENAMENTO Características fisiológicas das lanças de aspargos frescas e armazenadas durante armazenamento de baixa temperatura (4 °C). (A) mudanças no peso fresco (B) índice de aparência visual (C) textura (firmeza) (D)teor de lignina z ARMAZENAMENTO Durante armazenamento mais prolongado ocorre o desenvolvimento indesejável de fibras. O endurecimento das fibras no centro do turião durante o manuseio e a comercialização do caule é causado pela lignificação das paredes celulares. Este endurecimento das fibras é acelerado quando os turiões sofrem injúrias mecânicas ou quando eles são expostos ao etileno ou a temperaturas mais elevadas z ARMAZENAMENTO Pode ocorrer um escurecimento dos 3 cm apicais causado pela síntese de antocianinas, que também é aumentado se a temperatura de armazenamento for elevada. O aspargo verde tende a ter mais sólidos solúveis, enquanto o aspargo branco é mais susceptível ao endurecimento. A exposição dos turiões a luz causa esverdecimento e fototropismo, porém diminui a lignificação das fibras. z CURIOSIDADE O aspargo pode provocar um odor característico na urina da pessoa que os consumiu, sem nenhuma consequência nociva. As substâncias que provocam odor não existem originalmente no vegetal: são um resultado do metabolismo de um de seus componentes, que contém enxofre. O ácido asparagusico é, sem surpresa, considerando o nome, um químico encontrado exclusivamente em espargos e ausente em outros vegetais relacionados. Isso tornou um candidato óbvio para ser a origem do efeito peculiar que os aspargos têm na urina. Foi sugerido por estudos recentes que poderia ser metabolizado no organismo para produzir os compostos voláteis encontrados na urina depois de consumir o vegetal. Apenas 40% a 50% das pessoas produzem esses metabólitos e ficam com o cheiro da urina alterado, mas, curiosamente, nem todas as pessoas conseguem perceber a diferença no odor: cerca de 60% das pessoas são insensíveis a ele. Dos 20 tipos diferentes de aminoácidos encontrados em proteínas, o aminoácido asparagina foi o primeiro a ser encontrado. E o seu nome é devido ao aspargo, a sua fonte original onde foi descoberto.
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