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Aminoácidos, peptídeos e proteínas Profa.: Mirian Machado Mendes • As proteínas são as macromoléculas mais abundantes nas células vivas. • Diferentes tipos de proteínas podem ser encontradas em uma única célula com ampla variedade de funções biológicas. • São os produtos das moléculas da informação genética (DNA/RNA). Aminoácidos e Proteínas • Proteína vem da palavra grega protos “primeira ou a mais importante. • Proteínas são formadas de unidades monoméricas os aminoácidos (aas) • 1° aa descoberto – 1806 - asparagina • Ultimo aa descoberto – 1938 – treonina Antes de se compreender a estrutura e função das proteínas... vamos entender melhor a estrutura, as propriedades químicas e funcionais de quem as compõem! Os aas • Todas as proteínas de todos os organismos são constituídas pelo mesmo conjunto de 20 aminoácidos primários (unidade monomérica) • A reunião aleatória dos 20 aminoácidos em diversas combinações pode levar a diferentes proteínas com atividades distintas Um grupo amina (-NH2) -Um grupo carboxila (-COOH) Aminoácidos e Proteínas A a Representação de Fisher: Carboxila em posição superior (C1) e grupo amino escrito à esquerda. Todos os aminoácidos têm nomes triviais ou comuns ►Asparagina (aspargo) ►Ácido glutâmico (glúten do trigo) ►Tirosina (queijo – tyros queijo) ►Glicina (glykos – doce) Critérios de nomeação com letras 1° letra do nome Letras = p aas ≠s Aa mais comum nas proteínas Nomes dos aas pode ser abreviados Glicina – Gly ou G Alanina – Ala ou A Glutamato – Glu ou E ? Aminoácidos • Carbono α = carbono assimétrico • Em todos os aminoácidos (exceto a glicina) o carbono α é assimétrico • Estas duas formas são chamadas estereoisomeros • Moléculas com as mesmas ligações químicas em posições diferentes • Enantiômeros • Imagem especular • O átomo de carbono α é um centro quiral Os aas podem ser D ou L • Classificação feita de acordo com a comparação com outra molécula • Gliceraldeído (D e L ) – Monossacarídeo • Os aminoácidos nas moléculas protéicas são sempre L- estereoisômeros Aminoácidos •Se o grupo amina está do lado esquerdo é um L aa Os aminoácidos são classificados pelos seus grupos R Grupos R não-polares • São aminoácidos hidrofóbicos • Importantes na promoção de interações hidrofóbicas no interior das estruturas proteicas • O aa prolina tem seu grupo R ligado ao grupo amina • Anel imino • Confere rigidez estrutural as partes das proteínas onde se encontra Grupos R aromáticos • São relativamente não-polares (hidrofóbicos) Absorbância da luz ultravioleta pelos aminoácidos aromáticos A Tyr apresenta uma hidroxila ligada ao anel aromático e o Trp apresenta o N do anel indol que dão características mais polares a estes radicais. w y Grupos R polares, não carregados • São mais solúveis ou hidrofílicos que os aminoácidos não- polares (têm grupos funcionais que formam ligação de hidrogênio com a água) As pontes dissulfeto são importantes para a estabilização das estruturas proteicas Grupos R carregados negativamente (ácidos) • Possuem na molécula um segundo grupo carboxila Grupos R carregados positivamente (básicos) Aminoácidos não primários • Além dos 20 aminoácidos primários já conhecidos, as proteínas podem ter aminoácidos não primários – que são modificações dos primários Aa A a aa • 4 Hidroxiprolina e 5-Hidroxilisina – encontrada em proteínas fibrosas (colágeno) • 6-N-Metilisina – encontrada na miosina • γ-carboxiglutamato – encontrado na protrombina • Desmosina – encontrada na elastina Aminoácidos não primários • Tiroxina difere da tirosina por conter um grupo aromático extra com iodo na cadeia lateral • A T3 e T4 são formados por resíduos de tirosina na tireoide. • Ficam armazenados na tireoide Aminoácidos modificados - não primários • A função dos hormônios tireoidianos é estimular o metabolismo basal das células da seguinte forma: – 1 - Aumento do número e tamanho das mitocôndrias, resultando em ATP nas células e maior consumo de glicose – 2-Aumento do consumo ATP aumentando a liberação de calor pelas células – 3 - Um maior metabolismo leva a um consumo maior de energia, induzindo conseqüentemente perda de gordura Aminoácidos não primários A ausência desses aas compromete e pode prejudicar a síntese proteica – * nao são essenciais mas podem derivar dos essenciais * * Aminoácidos essenciais X Não-essenciais A ausência desses aas compromete e pode prejudicar a síntese proteica Taurina • A deficiência de taurina em gatos pode levar à: – degeneração da retina – à falha reprodutiva, – anormalidades em filhotes – * nao são essenciais mas podem derivar dos essenciais * * Aminoácidos essenciais X Não-essenciais Os aminoácidos em solução podem agir como ácidos e bases Zwintterion (íon hibrido) predomina em pH neutro (pode ser ácido ou base) Substâncias que exibem esta dupla natureza são ditas anfotéricas aa sem grupo R pH 7.0 Titulação dos aminoácidos • O aa genérico quando totalmente protonado é um ácido diprótico (os grupos COOH e NH3 podem liberar prótons) – Dois grupos podem se ionizar para liberar prótons 2,34 9,69 pH Acima do pI a glicina tem carga líquida negativa e abaixo do pI a glicina tem carga Positiva • Na histidina, a cadeia lateral de imidazol também contribui com um grupo titulável Os aminoácidos com grupo R ionizável têm curvas mais complexas • Em valores de pH muito baixos, a molécula de histidina tem carga líquida positiva 2 (grupo R e grupo amina) • Com o aumento do pH, o grupo carboxila perde um próton à carga +1 • Com a adição de mais base, o grupo R carregado perde seus prótons à carga 0 • Com valores mais altos de pH o grupo amina perde seus prótons à carga -1 • A curva de titulação da histidina é de um ácido triprótico Titulação dos aminoácidos • Os valores de pKa para os grupos carboxila são baixos (torno de 2) • Os valores pKa para grupos amina são altos variando entre 9 a 10,5 Titulação dos aminoácidos • O pH no qual uma molécula não tem carga líquida (= 0) é o ponto isoelétrico (pI) • Em seu pH isoelétrico, uma molécula não migrará em um campo elétrico • Para a maioria dos aminoácidos há apenas dois valores de pKa • Para os aminoácidos ácidos ou básicos deve-se tirar a média dos valores corretos de pKa Titulação dos aminoácidos • Qual o pI da histidina? • Ao chegar no ponto onde todas as hitidinas tem carga igual a zero (0) calcular: à6,0 + 9,17à pI = 7,58 2 Titulação dos aminoácidos Peptídeos e proteínas • Peptídeos são polímeros de aminoácidos – Variam de tamanho • 2 ou 3 aminoácidos até milhares • Grandes peptídeos são chamados proteínas Reação de condensação dipeptídeo • Pequeno número de aminoácidos: oligopeptídeos • Muitos aminoácidos: polipeptídeo (peso molecular abaixo de 10.000 Da) • As proteínas podem ter milhares de unidades de aminoácidos Resíduos de aminoácidos Peptídeos e proteínas Tamanho não julga nada • Alguns oligopeptídeos e polipeptídeos pequenos possuem atividades biológicas • Hormônios peptídicos: – Insulina (duas cadeias polipeptídicas 30 e 21 aas) – Glucagon (hormônio pancreático – 29 aas) – Oxitocina (9 aas), – Aspartame (2 aas) Adoçante (200 vezes mais doce que a sacarose) Proteínas com grupos químicos diferentes • Algumas proteínas têm componentes químicos além dos aminoácidos (proteínas conjugadas) • A parte não-aminoácido é denominada grupo prostético • Lipoproteínas: lipídeos •Glicoproteínas: açúcares • Metaloproteínas: íons metálicos Proteína conjugada = proteína + grupo prostético • Lipídeo • Carboidrato • Metal Proteínas multisubunitárias • + 1 polipeptídio associado • Hemoglobina – 2 cadeias alfa – 2 cadeias beta • Podem ser cadeias idênticas ou diferentes – Se duas cadeias iguais • Proteínas oligoméricas A Estrutura Primária • Sequência de AAS • Sequência responsável pelo arranjo tridimensional – forma da proteína • Forma da proteína responsável pela função da biomolécula • Proteína de sustentação – Pode ser solúvel? – AAS hidrofóbicos Cada proteína tem uma sequencia única • Hemácia à hemoglobina • Alterações na sequência levam a alterações na função – Anemia falciforme • Entrada da VAL (0) -- GLU (-) è posição 6 de cadeias β da hemoglobina Estudo Dirigido 1. Qual a importância dos aminoácidos? 2. Defina aminoácidos essenciais e não-essenciais? 1. Caracterize estruturalmente um aminoácido (desenhando e comentando). 2. Como podemos representar os aminoácidos? 3. O que significa cada sigla da sequência: Gly-Cys-Pro-Ser-Ala-Val-Leu-Ile-Met-Phe-Trp-Asn-Gln-Lys-Arg-His-Asp-Glu 6. Faça o cálculo do valor de PI da prolina que possui pK1=1,95 e pk2=10,64. Mostre sua curva de titulação com os valores adquiridos. 7. Como se formam as cadeias peptídicas? Proteínas Mirian Machado Mendes Níveis de organização estrutural de proteínas 1ária 2ária 3ária 4ária Estrutura Tridimensional (Conformação) Estrutura de proteínas • 4 níveis de organização – 1° aria • AAS ligadas por ligação peptídicas • Cadeia polipeptídica – 2° aria • Arranjo dos AAS • Padrões repetidos de arranjos • Interação dos AAS adjacentes por meio de ligações fracas – 3° aria • Dobramento tridimensional • Como a proteína dobra suas partes e essas partes interagem – 4° aria • União de duas unidades ou mais de cadeias polipeptídicas por meio de ligação covalente** ou interações fracas Estrutura de proteínas – Estrutura 1° aria • sequência de aas existentes na molécula de uma proteína • Cadeia polipeptídica É o nível de estrutura mais simples a partir do qual todos as outras derivam. • Estabilizada pelas ligações covalentes • Ligação peptídica É estabilizada por ligações peptídicas. Estrutura Secundária Principais tipos de estrutura secundária • Arranjo espacial de um ou mais segmentos do esqueleto polipeptídico • Como os aas adjacentes se interagem • Arranjos repetitivos • α-Hélice • Folha β ( Folha pregueada) • Voltas β α-hélice e conformação β • Os tipos mais comuns de estrutura secundária são α-hélice e folha βà são mantidas por ligação de hidrogênio • São estruturas periódicas à suas características se repetem em intervalos regulares • A alfa-hélice é parecida com uma vareta e envolve somente uma cadeia polipeptídica • A folha β pode envolver uma ou mais cadeias polipeptídicas α-Hélice Esqueleto peptídico se enrola em torno de um eixo imaginário Grupos R voltados para fora O da carbonila de um aa + H-N amídico do 4° aa distante α-Hélice • Estabilizada por ligações de H • Resíduo 1 com resíduo 4 NH...O Os grupos R estão projetadas para fora do cilindro imaginário. • Período: 3,6 Aas • “Distância” : 5,4 Å • Desestabilizadas por aas: • Prolina • Glicina • R volumosos e carregados • Favorecida • Alanina • R menores 1Å = 1*10-7mm α-Hélice Em todas as proteínas a torção nas α-hélices é voltada para direita 80𝑎𝑎𝑠 ÷ 3,6𝑎𝑎𝑠 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎 = 22,22 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠 Qual o comprimento de uma cadeia polipeptídica de 80 resíduos de aas em uma α-hélice? 1 volta= 3,6 aas Comprimento da volta= 5,4Å 22,22 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠 x 5,4Å = 120Å Folha β ( Folha pregueada) A conformação β ou folha β-pregueada • O segundo tipo de formação secundária é a conformação β • O esqueleto peptídico é quase completamente estendido • As ligações de hidrogênio podem ser tanto intercadeias quanto intracadeias polipeptídica Folha β ( Folha pregueada) • Estabilizada por ligações de H entre átomos de segmentos diferentes • Conformação distendida (zig zag) • Os grupos R estão projetados para cima e para baixo do plano da folha pregueada • Os segmentos podem ser folhas antiparalelas ou paralelas Paralelasà orientação NàC terminal iguais Folha β ( Folha pregueada) Desestabilizada por Aas de grupo R • muito volumoso • Carregado Favorecida Aas de grupo R pouco volumoso • Glicina • Alanina Antiaralelasà orientação NàC terminal oposta Paralelasà orientação NàC terminal igual Uma mesma proteína pode apresentar segmentos em α-Hélice e em Folha β α-Hélice ~40% da Lisozima ~14% da Quimotripsina • Folha β ~40% da Quimotripsina ~12% da Lisozima Voltas β • São as curvas da cadeia polipeptídica Voltas β • Uma volta de 180° • 4 resíduos de aas e 1 ligação de H O carbonilico – 1° aa + H do grupo amino – 4° aa Prolina – volta fechada Glicina – pequeno e flexível Estrutura terciária É o arranjo espacial da cadeia polipeptídica. Estrutura terciária: relação entre aminoácidos localizados a longa distância. Disposição de todos os aas da cadeia polipeptídica. Estrutura terciária: Tipos de Representação Estrutural Representação Estrutural de Macromoléculas Fita Mesh Contorno Esfera e hasteBolaFita e Esfera-haste Forças que estabilizam a Estrutura Terciária 1. Ligação Dissulfeto (covalente) 2. Interações eletrostáticas ou iônicas 3. Ligações de H 4. Interações Hidrofóbicas Pontes dissulfeto e os cabelos • Escovas progressivas e definitivas Estrutura Quaternária • Surge apenas nas proteínas oligoméricas. – Composta por mais de 1 cadeia polipeptídica • Dada pela distribuição espacial de mais de uma cadeia polipeptídica no espaço, – União das subunidades da molécula. • Estas subunidades se mantém unidas por ligações não covalentes, como ligações de hidrogênio, interações hidrofóbicas, etc. • As subunidades podem atuar de forma independente ou cooperativamente no desempenho da função bioquímica da proteína Estrutura Quaternária Hemoglobia (HbA): α2β2 Estabilizada pelas mesmas forças que a estrutura terciária, exceto ligação dissulfeto!!! É o Arranjo espacial de mais de uma cadeia polipeptídica A ligação peptídica é rígida e planar • As ligações amida C-N são incapazes de girar livremente (caráter de dupla ligação parcial) • A livre rotação é permitida entre as ligações N-Cα e Cα-C A ligação peptídica O grupo peptídico planar com as duas ligações de rotação livre são importantes nas conformações tridimensionais das proteínas Giro das ligações é possível... porém, limitado Proteínas Fibrosas e Globulares • As proteínas podem ser classificadas em dois grupos: • Proteínas fibrosas: possuem cadeias polipeptídicas arranjadas em longos filamentos ou folhas • Adaptadas para função estrutural – Suporte e flexibilidade • colágeno do tecido conjuntivo • queratina do cabelo, • miosina dos músculos • Apresentam estrutura secundária simples e repetitiva Proteínas Fibrosas • Características e propriedades – São insolúveis em água – Grande quantidade de aas hidrofóbicos – Estruturas enoveladas • Queratina – Cabelo, pelo, unha, chifres, penas e camada externa da pele – Duas alfa hélices sobrepostas Proteínas Fibrosas - queratina • Os pontos de contato das α hélices – Resíduos hidrofóbicos (travas) • Ala, Val, Leu, Ile, Met e Phe • Grande quantidade de cisteínas – Pontes dissulfeto – Resistencia • Chifres • 18% dos aas são cisteínas Proteínas Fibrosas - Colágeno • Função – Resistencia e flexibilidade• Tendões e cartilagens • Estrutura de hélices (N é α hélice) – Aas em espiral para esquerda • Cada volta – 3 aas – (mais compacto que α hélices) – 3 hélices se enrolam uma sobre as outras – Espiral para a direita A molécula de tripla hélice é chamada de tropocolágeno (C) As três fitas são unidas por ligações de hidrogênio entre resíduos de hidroxiprolina e hidroxilisina Colágeno • A quantidade de ligações cruzadas nas hélices do colágeno aumenta com a idade à a carne de animais mais velhos é mais dura Colágeno • Composicão – 35% de glicina (pequena e flexível) – 11% de alanina – 21% de prolina e hidroxiprolina (torção acentuada - 180°) • A sequência de aminoácidos no colágeno – Repetição de X-Pro-Gly ou X-Hyp-Gly – A tripla hélice é organizada para que cada terceiro resíduo (glicina) esteja no interior da hélice Escorbuto – Colágeno • Sintomas: – Sangramento nas gengivas ... Morte – Deficiência na ingestão de vitamina C • O colágeno no qual a prolina não é hidroxilada a hidroxiprolina é menos estável que o colágeno normal • Escorbuto à colágeno frágil à a enzima que hidroxila a prolina requer ácido ascórbico (vitamina C) para atuar. •Que é? •O que causa? •Qual a relação com colágeno? •2 pontos Proteínas globulares • Mais compactas • Albumina – 585 aas • Altamente enoveladas • Solúveis em água – Interior hidrofóbico – Superfície hidrofílica Proteína nativa Proteína desnaturada É a alteração da estrutura da proteína sem ruptura das ligações peptídicas Desnaturação Protéica Proteínas que perdem sua estrutura terciária perdem função • O desdobramento de uma proteína é chamado desnaturação • A redução de ligações dissulfeto leva à desorganização ainda maior da estrutura terciária • Sob condições experimentais adequadas, a estrutura desfeita pode ser completamente recuperada Desnaturação protéica • As proteínas podem ser desnaturadas por diversas formas: àCalor àExtremos de pH à Ligação de detergentes como o SDS (dodecil sulfato de sódio) àos detergentes tendem a desfazer interações hidrofóbicas àUréia e o hidrocloreto de guanidina formam ligações de hidrogênio com a proteína à O β-mercaptoetanol é utilizado para reduzir ligações dissulfeto • Calor – Energia térmica – Rompe as ligações fracas e a estrutura terciária e secundária é perdida Desnaturação de proteínas por alteração do pH do meio Enovelamento de proteínas • Espontâneo – Proteínas pequenas • Enovelamento assistido – Chaperoninas – Proteinas maiores e mais complexas • Aula pratica pH • Próxima aula com Jaleco.
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