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AULA 12

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FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
1 
 
 
DISCIPLINA: 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
SEMESTRE: 
 
3º (TERCEIRO) 
 
 
 
CARGA HORÁRIA: 
 
QUATRO AULAS SEMANAIS 
 
 
TURNO: 
 
 
NOTURNO 
 
 
PROFESSOR: 
 
JOSÉ NATANAEL FERREIRA 
 
 
PERÍODO: 
 
1° SEMESTRE 2014 
 
PLANO DE AULA 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL II 
 
INTERVENÇÃO NOS ESTADOS E MUNICÍPIOS 
 
AULA N° 12 
 
 
 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
2. NATUREZA JURÍDICA E FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 
 
3. INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL 
— finalidade 
— pressupostos formais, limites e requisitos 
— controle político e jurisdicional da intervenção 
— a figura constitucional do interventor 
 
4. INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
2 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL II -AULA N° 12 
 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO 
 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
A existência de centros regionais autônomos é a característica mais profunda 
dos Estados federais, e o Brasil, como Estado federal, possui entidades regionais 
administrativa, legislativa jurídica e politicamente autônomas (Estados, Distrito 
Federal e Municípios), autonomia essa que não se confunde com a soberania, 
pois esta é típica e exclusiva da União, que detém a exclusividade de representar o 
Estado brasileiro nas suas relações internacionais. 
 
A autonomia administrativa, jurídica, legislativa e política das entidades 
regionais federadas brasileiras é dada, limitada e delimitada pela Constituição Federal 
por meio das competências exclusiva, privativa, comum, concorrente e suplementar, 
expostas em artigos expressos no texto constitucional. 
 
“...O Estado federal [...] assenta no princípio da autonomia das entidades 
componentes e que se apóia em dois elementos básicos: existência de governo 
próprio e posse de competência exclusiva. Autonomia é capacidade de agir 
dentro de círculo preestabelecido [...], respeitando os princípios estabelecidos 
na Constituição. É, pois, poder limitado e circunscrito e é nisso que se verifica o 
equilíbrio da federação, que rege as relações entre União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, todos autônomos nos termos da Constituição (art. 18). 
Esse equilíbrio federativo realiza-se por mecanismos instituídos na constituição 
rígida, entre os quais sobreleva o da intervenção federal nos Estados e agora 
também no Distrito Federal e dos Estados nos Municípios, que está prevista nos 
arts. 34 a 36...”1. 
 
 
A regra geral é a autonomia para que as entidades políticas federadas exerçam, 
livremente, as suas respectivas obrigações e responsabilidades, respeitadas as 
delimitações das competências dadas pela Constituição Federal. 
 
A exceção é a intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal, e dos 
Estados nos Municípios, para restabelecimento de situação jurídica cuja ordem em tal 
sentido também é dada pela Constituição Federal então vigente. 
 
1 SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — SãoPaulo : Malheiros, 2002, p. 482 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
3 
 
2. NATUREZA JURÍDICA E FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 
Fundamento: Constituição Federal, artigos 34 e 35 
 
 
A intervenção é ato eminentemente político, fundamentado em ordem 
emanada do texto constitucional para restabelecer situação jurídica caracterizada 
pela Constituição Federal, ofendida pela respectiva entidade federada. A intervenção 
exclui, momentaneamente, a autonomia da entidade federativa. Trata-se de um 
ato característico de força, por isso mesmo, excepcional e limitada temporariamente. 
 
 
“...A intervenção é ato político que consiste na incursão da entidade interventora 
nos negócios da entidade que a suporta. [...] Intervenção é antítese da 
autonomia. Por ela afasta-se momentaneamente a atuação autônoma do 
Estado, Distrito Federal ou Município que a tenha sofrido. Uma vez que a 
Constituição assegura a essas entidades a autonomia como princípio básico da 
forma de Estado adotada, decorre daí que a intervenção é medida excepcional, 
e só há de ocorrer nos casos nela taxativamente estabelecidos e indicados 
como exceção ao princípio da não intervenção...”2 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da 
Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta 
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
 
2 SILVA, op. cit., p. 483 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
4 
 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos 
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a 
dívida fundada; 
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de 
saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder 
Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, 
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; 
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do 
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal 
Superior Eleitoral; 
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do 
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa 
à execução de lei federal. 
§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as 
condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será 
submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa 
do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. 
§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia 
Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e 
quatro horas. 
§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação 
pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á 
a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao 
restabelecimento da normalidade. 
§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus 
cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
5 
 
3. INTERVENÇÃO FEDERAL NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL3 
Fundamento: Constituição Federal, artigo 34 
 
A intervenção da União nos Estados ou no Distrito Federal ampara-se na 
existência de situações críticas que colocam sob risco a segurança do país, as 
finanças do Estado/Distrito Federal, o equilíbrio federativo, e a estabilidade da ordem 
constitucional, e se encontra amparada no artigo 34 da Constituição Federal. 
 
 
FINALIDADE 
 
— para a defesa, a segurança e a integridade do Estado (país): (art. 34, I 
e II) = com o objetivo de manter a integridade nacional ou repelir invasão 
estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
 
— para a defesa do princípio federativo (art. 34, II a IV) = objetivando 
repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra, pôr 
termo a grave comprometimento da ordem pública, ou garantir o livre 
exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
 
— para a defesa das finanças estaduais ou do Distrito Federal (art. 34, V) 
= para que seja reorganizada as finanças da unidade da Federação que 
suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior ou que deixar de entregar aos 
Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos 
prazos estabelecidos em lei; 
 
— para a defesa da ordem constitucional (art. 35, VI e VII) = para prover a 
execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, ou para assegurar a 
observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde. 
 
3 SILVA, op.cit., p. 483 a 487 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
6 
 
“...O conceito de dívida fundada é jurídico-legal, conforme disposto no artigo 98 
da Lei nº 4.320/67: “A dívida fundada compreende os compromissos de 
exigibilidade superior a doze meses, contraídas para atender a 
desequilíbrio orçamentário ou a financiamento de obras e serviços 
públicos”. Parágrafo único — “A dívida fundada será escriturada com 
individuação e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a 
posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e 
juros”. Logo, só esse tipo de dívida fundamenta a intervenção na hipótese 
considerada, se o seu não pagamento não se dever a força maior, que 
também tem o seu conceito legal como “fato necessário, cujos efeitos não era 
possível evitar ou impedir”....”4. — sem grifos no original 
 
 
 
 
PRESSUPOSTOS FORMAIS, LIMITES E REQUISITOS 
Fundamento: Constituição Federal, artigo 36 
 
Pressupostos formais da intervenção da União nos Estados e Distrito Federal 
 
— modo da efetivação 
— os limites 
— os requisitos 
 
A intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal se faz por decreto do 
Presidente da República, o qual “...especificará a amplitude, o prazo e as condições 
de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à 
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no 
prazo de vinte e quatro horas...” (art. 36, § 1º) —sem grifos no original 
 
“...Há, pois, intervenção sem interventor. É que ela pode atingir qualquer órgão 
do poder estatal. Se for no Executivo,o que tem sido a regra, a nomeação do 
interventor será necessária, para que exerça as funções do Governador. Se for 
no Legislativo apenas, tornar-se-á desnecessário o interventor, desde que o ato 
de intervenção atribua as funções legislativas ao Chefe do Executivo estadual. 
Se for em ambos, o interventor será também necessário para assumir as 
funções executivas e legislativas...”5. 
 
4 SILVA, op. cit., p. 483 e 484 – notas de rodapé 
5 SILVA, op. cit., p. 484 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
7 
 
Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia 
Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro 
horas. Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus 
cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. (art. 36, §§ 2º e 4º). 
 
 
 
Para sua expedição, o decreto de intervenção dependerá: 
 
— de simples verificação da ocorrência de necessidade de manter a integridade 
nacional, ou de repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação 
em outra; ou, ainda, de pôr termo a grave comprometimento da ordem 
pública (art. 34, I a III); 
 
— de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto (coagido) 
ou impedido (ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for 
exercida contra o Poder Judiciário), para garantir o livre exercício de qualquer 
dos Poderes nas unidades da Federação (art. 34, V); 
 
— de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça 
ou do Tribunal Superior Eleitoral, no caso de desobediência a ordem ou 
decisão judiciária (art. 34, VI); 
 
— de provimento de representação do Procurador-Geral da República pelo 
Supremo Tribunal Federal, na hipótese em que haja a necessidade de 
assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma 
republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da 
pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da 
administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde (art. 34, VII). 
 
 
 
Constitui função institucional do Ministério Público promover a ação de 
inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos 
Estados, nos casos previstos na Constituição, especialmente no artigo 34, VII. 
 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
8 
 
Tratando-se de quaisquer das hipóteses previstas nos incisos VI ou VII do artigo 
34 (prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial, ou assegurar a 
observância dos princípios constitucionais), o decreto limitar-se-á a suspender a 
execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da 
normalidade, e, nesse caso, será dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional 
ou pela Assembléia Legislativa (art. 36, § 3º). 
 
 
 
CONTROLE POLÍTICO E JURISDICIONAL DA INTERVENÇÃO 
Fundamento: Constituição Federal, artigo 36, §§ 1º a 4º 
Constatada a situação fática que, juridicamente, enseja hipótese de intervenção 
federal no Estado ou no Distrito Federal, o Presidente da República deverá elaborar o 
decreto de intervenção, motivando e fundamentando essa decisão, e especificando a 
amplitude da intervenção, o prazo e as condições de execução e que, se couber, 
nomeando o interventor e, em vinte e quatro horas, submetê-lo à apreciação do 
Congresso Nacional, o qual, se não estiver funcionando, deverá ser convocado 
extraordinariamente também no prazo de vinte e quatro horas. 
 
 
É da competência exclusiva do Congresso Nacional aprovar o estado de 
defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer 
uma dessas medidas (art. 49, IV). 
 
“...É despiciendo dizer que o Congresso Nacional não se limitará a tomar ciência 
do ato de intervenção, pois o decreto interventivo lhe será submetido para 
apreciação, o que envolve julgamento deaprovação ou rejeição, como aliás, 
está expressamente estabelecido no art. 49, IV, que lhe dá competência 
exclusiva para aprovar ou suspender a intervenção...”6. 
 
Na hipótese de o Congresso Nacional suspender a intervenção, “...esta passará 
a ser ato de inconstitucionalidade, e deverá cessar imediatamente, pois, se for 
mantida, constituirá atentado contra os poderes constitucionais do Estado, 
caracterizando-se o crime de responsabilidade do Presidente da República previsto 
no art. 85, II, da Constituição7, o qual fica sujeito ao processo e sanções 
correspondentes...”8. 
 
6 SILVA, op. cit., p. 486 
7 Constituição Federal (CF/88): “...Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que 
atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: [...] II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder 
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; [...] Art. 86. Admitida a 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
9 
 
 
“...Controle jurisdicional. Não o há sobre o ato de intervenção em sobre esta, 
porque se trata de ato de natureza política insuscetível de controle jurisdicional, 
salvo manifesta infringência às normas constitucionais, mormente naqueles 
casos em que a intervenção dependa de solicitação do poder coacto ou 
impedido ou de requisição dos Tribunais e elas não tenham sido feitas ou 
tenham sido feitas irregularmente. Outra hipótese de apreciação jurisdicional da 
intervenção se dará quando a intervenção tenha sido suspensa pelo Congresso 
Nacional e ela persista, pois, nesse caso [...], o ato perderá legitimidade e se 
tornará inconstitucional, sendo pertinente recorrer-se ao Judiciário para garantir 
o exercício dos poderes estaduais. Haverá também controle jurisdicional em 
relação aos atos do interventor...”9. 
 
 
 
 
A FIGURA CONSTITUCIONAL DO INTERVENTOR 
Fundamento: Constituição Federal, art. 36, § 1º 
 
“...o interventor é figura constitucional e autoridade federal, cujas atribuições 
dependem do ato interventivo e das instruções que receber da autoridade 
interventora. Suas funções, limitadas ao ato de intervenção, são federais. Mas 
também pratica atos de governo estadual, dando continuidade à administração 
do Estado nos termos da Constituição e das leis deste. Quando, na qualidade 
de interventor, executa atos e profere decisões que prejudiquem terceiros, a 
responsabilidade civil pelos danos causados (art. 37, § 6º) é da União. Mas, no 
exercício normal e regular da Administração estadual, tal responsabilidade é de 
imputar-se ao Estado...”10. 
 
 
 
acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos 
crimes de responsabilidade. § 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se 
recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a 
instauração do processo pelo Senado Federal. § 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não 
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. § 3º - 
Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a 
prisão. § 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos 
estranhos ao exercício de suas funções...” 
8 SILVA, op. cit.. p. 486 
9 SILVA, op. cit., p. 486 
10 SILVA, op. cit. P. 487 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
10 
 
4. INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS 
Fundamento: Constituição Federal, artigo 35 
 
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União 
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto 
quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos 
consecutivos, a dívida fundada; 
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal 
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e 
serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na 
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de 
ordem ou de decisão judicial. 
 
 
A intervenção nos Municípios é, mutatis mutandis, assemelhada à 
intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal, e também se constitui em 
medida de exceção, excepcional e temporária, e nos limites constitucionalmente 
previstos, pois os Municípios também possuem autonomia própria. 
 
Porém, a intervenção nos Municípios é feita pelos Estados nos quais eles se 
encontrem situados, ou pela União, relativamente aos Municípios situados em 
Territórios Federais (artigo 35, caput), sendo que as Constituições estaduais não 
podem prever outras hipóteses de intervenção nos seus Municípios senão aquelas já 
relacionadas no artigo 35 da Constituição Federal, sob pena de se ter a 
inconstitucionalidade da previsão do texto estadual. 
 
“...Acrescente-se apenas que a representação ao Tribunal de Justiça como 
peça inicial da ação interventiva no Município, cabe ao Procurador-Geral da 
Justiça que funcione junto ao Tribunal de Justiça competente para conhecer da 
representação, seja na intervenção promovida por Estado, seja na promovida 
pelo União em Municípios de Território Federal...”11. 
 
 
 
 
11 SILVA, op. cit., p. 488 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
11 
 
COMPETÊNCIA PARA INTERVIR NOS MUNICÍPIOS12 
 
“...Compete ao Estado a intervenção em Municípios que se localizem em seu 
território, que se faz por decreto do respectivo Governador, enquanto a 
intervenção em Município de Território Federal [...] é da competência da União 
por decreto do Presidente da República...”. 
 
“...Em qualquer caso, o decreto conterá a designação do interventor (se for o 
caso), o prazo de duração e os limites da medida, e será submetido à 
apreciação da Assembléia Legislativa (ou do Congresso Nacional, se Município 
de Território), no prazo de vinte e quatro horas, devendo ser convocada (ou 
convocado) extraordinariamente, em igual prazo, se estiver em recesso...”. 
 
“...O interventor substituirá o Prefeito e administrará o Município durante o 
período de intervenção, visando restabelecer a normalidade, prestando contas 
de seus atos ao Governador (ou ao Presidente da República, se Município de 
Território), e, de sua administração financeira, ao Tribunal de Contas do Estado 
(ou da União, idem), bem como responderá pelos excessos que cometer...”. 
 
“...Cessados os motivos da intervenção, as autoridades municipais afastadas de 
suas funções a elas retornarão, quando for o caso, sem prejuízo da apuração 
administrativa, civil ou criminal decorrente de seus atos...”. 
 
 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 28ª ed. —São Paulo : 
Malheiros, 2013 
 
SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São Paulo 
: Malheiros, 2002 
 
_______. Aplicabilidade das normas constitucionais. 8ª ed. — Malheiros : São Paulo, 
2012 
 
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. — São Paulo : 
Saraiva, 2002, 
 
12 SILVA, op. cit., p. 488 e 489

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