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O bipartidarismo no regime militar

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O bipartidarismo no regime militar 
Destruído o sistema partidário democrático existente desde 1945, o regime militar, a partir de 1965, com o Ato I-2, somente permitiu a 
existência de duas associações políticas nacionais, nenhuma delas podendo usar a palavra “partido”. Criou-se então a ARENA (Aliança 
Renovadora Nacional), base de sustentação civil do regime militar, formada majoritariamente pela UDN e egressos do PSD, e o MDB 
(Movimento Democrático Brasileiro), com a função de fazer uma oposição bem-comportada que fosse tolerável ao regime. 
Da mesma forma que na República Velha recorria-se à Comissão de Verificação dos Poderes do Congresso para afastar opositores 
inconvenientes, o regime militar adotou o sistema de cassações de mandatos para livrar-se dos seus adversários (foram 4.682 os que 
perderam seus direitos políticos). Juntaram-se na ARENA lideranças conservadoras e fascistas, enquanto os liberais e os escassos 
trabalhistas sobreviventes dos expurgos, entraram para o MDB: situação de congelamento que se prolongou por quase vinte anos 
O multipartidarismo da Nova República 
A camisa-de-força em que a vida política brasileira foi contida na época do regime militar, rompeu-se gradativamente a partir da vitória 
eleitoral da oposição em 1974, forçando a política da “abertura lenta e gradual”, adotada pelo general-presidente Ernesto Geisel, que 
passou obrigatoriamente pela retomada da liberdade de organização partidária. A Campanha das Diretas-Já, de 1984, foi o último 
momento em que houve um congraçamento geral das forças de oposição, fazendo com que a partir dali cada agremiação buscasse seu 
rumo próprio. 
No lugar da extinta ARENA surgiram o PFL (Partido da Frente Liberal) e PPB (Partido Popular Brasileiro), e de dentro do MDB emergiram o 
PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) o PSDB (Partido Social-Democrático Brasileiro), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), 
o PDT (Partido Democrático Trabalhista), e o PT (Partido dos Trabalhadores), que ora elegeu o presidente da república. Numa típica reação 
ao sufocamento da vida partidária anterior, a nova lei partidária entendeu dar direito de expressão partidária (o que não se revela em 
ganho eleitoral), a todo o qualquer tipo de proposta que cumprisse com os quesitos mínimos necessários à formação de um partido 
político. O resultado é que com a proliferação dos partidos, ditos “nanicos”, ocorreu uma “poluição” do processo político, afirmando os 
críticos desse multipartidarismo excessivo que a própria governabilidade fica fragilizada pela existência de tantos partidos, havendo hoje no 
Congresso mais de 30 representações políticas legais. 
De outro lado, os defensores da mais ampla e livre organização partidária indicam que a complexidade e as desigualdades do Brasil ficam 
mais bem expostas na multiplicidade e não na uniformidade partidária. Mesmo reconhecendo a existência de apenas quatro ou cinco 
grandes correntes ideológicas (de esquerda, do centro-esquerda, do centro-direita e da direita), que forma a totalidade do espectro político 
nacional, entende-se que é melhor para o país manter o atual sistema de representação do que tentar limitá-lo. Assim sacrifica-se a 
governabilidade em nome da diversidade da representação. 
Partidos Políticos e Sistema Eleitoral no Brasil 
 
Períodos 
históricos 
Partidos Características 
Império 
(1822-1889) 
Liberais (luzias) e 
Conservadores (saqüaremas) 
Divergência sobre o poder central e a liberdade das 
províncias. Sistema eleitoral censitário (renda) O 
Gabinete da Conciliação (1853) fixou a alternância 
de liberais e conservadores. Voto estendido a 
minoria da população (branca, livre e com renda) 
República 
Velha (1889-
1930) 
Manifesto republicano (Itú, 
SP., 1870); partido 
republicano (1873); partidos 
republicanos regionais (a 
partir de 1903) 
Ampliação do voto assegurado pela constituição de 
1891; Apogeu do Coronelismo. O governo controla e 
manipula o processo eleitoral visando a consolidação 
oligárquico-republicana 
A República 
Nova (1930-
37) 
Emergência dos partidos 
ideológicos; o PC (1922); a 
AIB (fascistas, 1932); o 
Movimento 3 de outubro 
(tenentistas) 
Voto secreto e voto feminino; criação da justiça 
eleitoral. Desorganização geral (Revolução 
constitucionalista de 1932 e a Intentona Comunista 
de 1935) impede partidos nacionais 
Estado Novo 
(1937-45) 
abolição dos partidos 
Poder concentrado no Ditador e no aparelho policial-
militar-burocrático 
República 
Populista 
(1945-64) 
(PTB) e anti-getulista (UDN) 
Conflito ideológico entre nacionalistas e 
"entreguistas". A inconformidade dos conservadores 
conduz a um clima de instabilidade golpista. Ampla 
participação política e eleitoral 
Regime 
Militar (1964-
84) 
Dividido entre ARENA (pró-
militares) e MDB (oposição) 
Escolha indireta do presidente e dos governadores (a 
partir de 1969); congresso limitado e executivo 
forte, baseado no AI-5. Sistema bipartidário 
obrigatório até as reformas de 1981-2 
A Nova 
Republica (a 
partir de 
1985)) 
Dissolução da Arena (hoje PFL 
e PPB) e do MDB (hoje PMDB) 
do qual saíram o PDT, PT, 
PSDB, etc... 
Restauração da democracia. Plena liberdade politica, 
enfatizando o multipartidarismo e a plenitude da 
organização partidária. 
 
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2003/08/18/001.htm

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