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Fichamento NEVES. LMW. A sociedade civil como espaço estratégico de difusão da nova pedagogia da hegemonia. In: A nova pedagogia da Hegemonia

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NEVES. LMW. A sociedade civil como espaço estratégico de difusão da nova pedagogia da hegemonia. In: A nova pedagogia da Hegemonia, SP, Xamã, 2005.p. 85 - 124
A sociedade civil Brasileira: do desenvolvimentismo ao neoliberalismo
86- Devido aos amplos períodos ditatoriais da história republicana, ou mesmo pelo fortalecimento da organização social contra a ditadura militar, no plano empírico, em parte devido a conceituação restrita de Estado capitalista, como comitê da burguesia no plano teórico, desenvolveu-se nos anos 1980 uma visão dicotômica da relação entre estado e sociedade civil, na qual a aparelhagem estatal, o espaço exclusivamente burguês, era responsável pela perpetuação do poder das classes apropriadoras, enquanto a “sociedade civil organizada”, de forma homogênea, construir-se-ia no espaço de redenção das classes produtoras diretas supervalorizando seu papel transformador.[1: Expressão de Wood (2003) usada para caracterizar o antagonismo de classes do modo capitalista do produção de existência, salientando, com propriedade a inversão existente na caracterização liberal de classes produtoras. Os chamados produtores na perspectiva liberal são, na realidade, os apropriadores da riqueza gerada pelos trabalhadores estes os produtores diretos do trabalho.]
87- (...) Essa visão dicotômica tem impedindo uma percepção da sociedade civil também como lócus importante da consolidação da hegemonia da burguesia brasileira nos tempos do neoliberalismo, ou seja, como espaço privilegiado na consolidação de um nova pedagogia da hegemonia.
Tal visão restrita da natureza do estado capitalista e essa visão redentora da sociedade civil tem levado ainda parcela significativa das forças progressistas (...) a aceitar acriticamente as novas estratégias da pedagogia da hegemonia, que tem no estimulo a ampliação dos instrumentos da democracia direta, na organização da sociedade civil um vetor importante da legitimação social ao projeto burguês de desenvolvimento e de sociabilidade pós-desenvolvimentismo.
 (...) A história da hegemonia burguesa do Brasil, (...) não se restringe á sua atuação na aparelhagem estatal. Ela se amplia por meio da construção (...) de redes de organismos de obtenção de consentimento (...) do conjunto da sociedade, comprometidos (...) com diferentes projetos societários e com seus aparelhos a esses projetos.
88- A história do Brasil desenvolvimentista foi também a história das varias tentativas da classe trabalhadora de se tornar protagonista da sua história (...) a modernização capitalista empreendida pelo estado sob orientação da burguesia ofereceu as pré-condições objetivas para a classe trabalhadora (...) edificasse na sociedade civil uma significativa rede de aparelhos privados de hegemonia (partidos, sindicatos, movimentos sociais (...) com vistas de difundir e consolidar uma proposta contra hegemônica de sociabilidade para a sociedade brasileira. 
89 - (...) A história política do Brasil a partir dos anos 1990 tem sido história de recomposição, consolidação e aprofundamento da hegemonia da burguesia brasileira, (...) .
 (...) No Brasil o neoliberalismo da Terceira Via materializando as observações de Gramsci: A de que a hegemonia na cultura urbano industrial nasce na fabrica e necessita, para ser exercida, de uma quantidade mínima de intermediários profissionais da política e da ideologia.. E a que ressalta o significado do “fenômeno americano”, que é também até agora o maior esforço realizado para criar com rapidez inaudita e com uma consciência de fim jamais vista na história, um tipo novo de trabalhador e de homem.
 (...) Os seguimentos da classe trabalhadora brasileira que se mantém empregados além de serem contemplados com as aplicações atualizadas dos princípios de diretrizes psicológicas que embasam as reações humanas no trabalho industrial, vem sendo convidados, juntamente com seus patrões harmonicamente, a realizar diretamente com a sociedade civil os dominados “programas de responsabilidade social”, doando aos projetos sociais da empresa horas de seu trabalho. (...) abdicando sua função militante e transmutando-se em voluntário.
 (...) Essa ação (...) visa enfraquecer politicamente a classe trabalhadora no espaço nacional evitando que o aguçamento das condições resultantes das condições objetivas da exploração e da expropriação capitalista nos tempos de pensamento único transforme-se em pressupostos objetivos para a organização de um bloco de forças que questione os fundamentos da relação social vigente. (MÉZÁROS, 2003)
91- (...) Inviabilização de projetos de sociedade contestadores das reações capitalistas de produção de existência, limitando as possibilidades de mudança aos marcos de um reformismo político. E repolitização da sociedade civil, no sentido de fortalecimentos de práticas que induzam a conciliação de classes.
Metamorfose da sociedade civil: sua arquitetura
Embora haja um enorme esforço para situar na esfera da sociedade civil como uma esfera autônoma do ser social, separada do mercado e do estado, como ema esfera publica e autônoma do ser social separada do mercado e do estado, as evidencias históricas mostram por outro lado a Indissociabilidade entre a economia e política , a reciprocidade entre a sociedade civil e a sociedade política nos rumos da organização dos vários sujeitos políticos coletivos que na sociedade civil historicamente disputam a hegemonia da sociedade brasileira republicana.
A consolidação desse novo projeto de sociabilidade burguesa vem – se processando ao longo das diferentes conjunturas de desenvolvimento do neoliberalismo no Brasil, na medida que o estado brasileiro enquanto estado “educador” redefine suas praticas de obtenção de consentimento ativo\passivo da população brasileira. 
A primeira etapa se ancorou no “Plano Real”. (...) O estado viabilizou a abertura irrestrita do mercado nacional, o fim da reserva do mercado da informática, a privatização das empresas estatais o desmonte do aparelho de ciência e tecnologia e iniciou o desmonte do modelo de estado de bem estar social, precarizando as políticas sociais públicas e estimulando sua privatização.
Proliferam-se os chamados “novos movimentos sociais”, aqueles que se articula em torno de interesses não diretamente relacionados às relações de trabalho, e as organizações não governamentais passam a ter + visibilidade na arena política.. .
92 – A segunda etapa ocorreu nos dois governos do FHC (...) o estado passou a coordenar as iniciativas privadas, a privatização completa por políticas de descentralização, fragmentação e focalização (NETTO, 1999) foi instrumento focalizador das estratégias governamentais de coesão societal e da educação de uma nova cidadania. “ativa e responsável” baseada na prestação de serviços pelos indivíduos e por grupos de “serviço social”.
93- Suas diretrizes em relação a reestruturação do estado e a criação de novas formas de articulação entre a aparelhagem estatal e a sociedade civil. (...) A implementação do Programa de Comunidade Solidaria, sob escudo da solidariedade o Programa tem como efeito a transferência de responsabilidade públicas para aas comunidades as famílias e indivíduos, assim como o desmonte dos espaços construídos na interface entre o estado e a sociedade selecionando suas parcerias em articulações diretas do executivo federal com organizações sociais. Coube a o Programa de Comunidades Solidarias a direção e o controle dessas iniciativas.
 95- Foram esses fundamentos norteadores de todas as políticas governamentais que efetivaram a desresponsabilização direta e universal do Estado pela proteção ao trabalho e estimularam o desenvolvimento de um associativismo prestador de serviços sociais de “interesse público”, em oposição ao associativismo majoritariamente reivindicativo dos anos 1980.
A terceira etapa dessa projeto de sociabilidade neoliberal da Terceira via iniciou-se com a vitória de lula da Silva para a presidência da república em 2003 à 2006. (...) deu continuidade a execução das reformasestruturais em especial daqueles que visavam à desregulamentação das relações de trabalho (...) vem mantendo a mesma política econômica monetarista de seu antecessor e, vem tentando consolidar a formação do novo homem coletivo indispensável ao projeto de sociabilidade neoliberal da terceira via. (...) Vem intensificando com todos os instrumentos legais e ideológicos a seu dispor, o seu papel dee educador, de instrumentos de conformação cognitiva e comportamental do brasileiro ao projeto de sociabilidade burguesa implementado pelos governos anteriores. 
96- Com a ajuda de varias organizações que fazem parte do chamado Terceiro Setor (...) voltado para a prestação de serviços sociais a população “excluídos”.[2: 	 Construção teórica e ideológica neoliberal difundida no Brasil nos anos 1990 para dar conta do aparecimento, na cena política, desses novos aparelhos privados de Hegemonia, alem de contribuir para naturalizar a privatização das políticas públicas neoliberais, proporciona uma visão homogeneizadora da complexa organização da sociedade civil retirando sua dimensão política de enfrentamento de classes.]
97- (...) A “ sociedade civil organizada” não mais se refere a uma esfera de potencial transformador, autonomista, de representação homogênea dos interesses populares de averção a toda a forma de representação político institucional que se contraporia ao caráter autoritário, repressivo e burocrático do estado, conforme foi concebida por significativas forças progressistas no cenário político nacional dos anos 1980, que inclusive fazem parte do bloco de sustentação política do atual governo. Essa “nova” sociedade civil organizadaé concebida como uma esfera pública não estatal de cidadania, como espaço de interação social que também homogeneamente, aglutina esforços na direção do bem comum do interesse público.(DURIGUETTO,2003)
98- Utilizando o mesmo apelo a consciência individual e coletiva de “todos” o governo Lula da Silva, dando um tratamento compensatório a fome de amplos segmentos da população, vai conquistando o consentimento (...) quanto a sua forma de governar.
Metamorfose da sociedade Civil: sua dinâmica
99- 
No Brasil a nova pedagogia da hegemonia (...) implementada pelo Estado (...) pela burguesia (...) visa obtenção de consenso da sociedade e de reeducação ético-política, individual e coletiva, dos cidadãos brasileiros, objetivando alterar o nível bastante equilibrado da correlação de forças entre os projetos societais em disputa nos anos 1980.
A difusão de uma nova cultura Cívica 
99- Tem tido um papel estratégico na difusão da nova cultura cívica neoliberal três aparelhos privados de Hegemonia: A mídia a escola e as Igrejas (católica). (...) Os veículos de comunicação de massa vem implementando estratégias da nova pedagogia da hegemonia por meio de estimulo a responsabilidade social. Das ações da empresa midiática em geral na difusão do projeto burguês de sociabilidade.
100- A rede globo pode ser tomada como exemplo, com inúmeros projetos como a Ação Global, Criança Esperança, Amigos da Escola, Geração Paz (...) que visam angariar recursos com vistas de desenvolver ações sociais , no entanto é inversamente proporcional o efeito multiplicador dessa iniciativas global na difusão de ideologias;. A do voluntariado e a da responsabilidade social. Os beneficiados (se atingidos) por esses projetos são poucos mas os efeitos sociais ideológicos são imensos. Difundindo a pratica do voluntariado tende-se a evitar que os impulsos de indignação e sentimento de impotência se transformem em impulso de constituição de sujeitos políticos coletivos contestadores da ordem estabelecida.
102- É intensa a colaboração entre governo e FRM na execução de projetos (...) constitui uma via de não dupla: ora o governo financiando as ações da fundação, ora a FRM participando das ações governamentais, nas três esferas administrativas.
104- Tal como os meios de comunicação de massa, o aparelhos escolar também tem tido um papel fundamental na conformação do novo homem coletivo requerido pelo neoliberalismo da terceira via. Sob essa perspectiva de modo mais sistemático a partir de 1995, vêm sendo postas em praticas as reformas educacionais que alteram substantivamente as funções econômicas e político-sociais da escola brasileira.
105- As reformas brasileiras já implementados ou em processo de implementação visam, do ponto de vista técnico, à formação de um homem empreendedor e, do ponto de vista ético-político, a formação de um homem colaborador, características essenciais do intelectual urbano na atualidade, nos marcos da hegemonia burguesa.
 Esse novo homem a ser formado deverá apresentar uma nova capacitação técnica que implique uma maior submissão da escola em relação aos interesses empresariais e uma nova capacidade dirigente que vise humanizar as relações de exploração e de dominação vigente.
107- Ao lado do aparelho escolar e dos meios de comunicação de massa as Igrejas tem desempenhado um importante papel estratégico na organização da cultura neoliberal. (...) A igreja construirá uma pauta de atuação sociopolítica destinada a promover o esvaziamento de um determinado modelo de ação que na década de 1970 e em parte dos anos 1980 havia promovido um certo compromisso com as classes subalternas da sociedade brasileira.
A partir dos anos 1990 pode-se perceber a sensível diminuição de espaço dentro do aparelho católico das Comunidades Eclesiásticas de Base (CEBs), que havia posto ao lado dos movimentos sociais católicos questionadores do status quo.
108- A nova idéia dá ênfase em um compromisso entre as classes sociais, estimulando as classes dominantes o desejo de doação dos pobres buscando assim – uma sempre futura- Inclusão social.
109- Alem da igreja, da escola e da mídia vem sendo criados e multiplicados novos aparelhos difusores da cultura hegemônica, constituído direto pela burguesia por meio de suas fundações empresariais e de sua organização sindical e também pelo novo Estado, por intermédio de subsídios financeiros das empresas estatais ou dos próprios organismos da administração direta e, ainda, por organizações não governamentais.
Repolitizando a organização da classe trabalhadora
110- (...) os esforços bem sucedidos da burguesia na cooptação de lideranças e de fração substantiva instancias globalizadoras, comprometidas com a construção do modo socialista de produção da existência, no contexto dos anos de abertura política, em especial dos partidos políticos e do novo sindicalismo.
111-A década de 1990 protagonizou, alem de uma redefinição da estrutura e da dinâmica eleitoral profundas redefinições político-ideológicas das praticas partidárias à medida que a burguesia consolidava a sua hegemonia nos marcos de um projeto neoliberal de sociedade.
 112- O PSDB surgiu em 1988 (...) ao longo da década de 1990 atualizou o seu discurso, acolhendo os postulados do neoliberalismo da terceira via - elegendo candidato duas eleições consecutivas.
113- (...) com as forças políticas que o apoiaram, consolidou a hegemonia política e cultural do projeto neoliberal de organização societária. 
 O PT fundado em 1980 a partir de três movimentos simultâneos: O fortalecimento das greves dos metalúrgicos do ABC Paulista, o desenvolvimento da Teologia da Libertação no âmbito da Igreja católica, assim como o retorno da vida política dos intelectuais e de correntes de opinião como resultado da anistia de 1979. (...) Nasceu como uma alternativa política que combinou socialismo com democracia, em contraposição a dois modelos organizativos dos partidos populares do país.
114- O PT foi abandonando a estratégia política de seus 10 primeiros anos, baseada na precedência da organização de classes sobre a representação eleitoral, e deslocou o seu eixo de atuação (...) O PT associou-se a frações da burguesia e de seus aliados na defesa do capitalismo com justiça social arrastando em torno de si varias correntes políticas comprometidas, na história recente com o socialismo(PSB, PCdoB,e PPS). (...) Chega ao governo, mas não governo com um programa verdadeiramente alternativo, estruturado de modo a construir o socialismo, mas por meio de uma política de alianças que o levou a descaracterizar o seu programa, coletivamente construído ao longo dos anos 1980 e boa parte dos anos 1990.
115- (...) não mais se apresenta como um partido construtor e organizador da contra hegemonia mas como uma força reformista que disputa a hegemonia brasileira nos marcos estritos do capitalismo.
PT e PSDB na atualidade disputam entre –si a direção do projeto neoliberal da terceira via.
116- Esse movimento de reconstrução da estratégia contra hegemônica petista espalha-se (...) pela organização sindical dos trabalhadores. (...)
A repolitização do sindicato dos trabalhadores veio se processando a partir dos anos 1990 (...) por meio da formação de uma base sindical para a legitimação das idéias, ideais e praticas neoliberais e pela redefinição do conteúdo e das praticas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) comprometida na história recente com a construção de um projeto de sociedade contra hegemônico no país.
117- Já nos primeiros anos da implantação do novo projeto de sociedade pela burguesia (década de 90) Foi criada (...) a Força Sindical (FS) (...) com vistas de difundir no meio sindical os postulados neoliberais. 
 (...) A sua proposta define uma organização sindical pautada na “retirada definitiva da interferência do Estado nas relações entre capital e trabalho”, na instauração dos moldes e instrumentos de livre negociação” (...).
118- (...) a redefinição das diretrizes mundiais e nacionais da Igreja Católica,de feição mais conservadora: a redefinição das estratégias políticas do PT e dos movimentos sociais em seu conjunto, a construção formal de um estado de direito no país; a crescente adesão das massas trabalhadoras ao ideário e proposições neoliberais;na propaganda midiática contra a organização popular na defesa do direito no plano externo à organização sindical; a filiação da CUT A confederação Internacional das Organizações sindicais Livres (Ciosl) de caráter notadamente social-democrata. (...) São as principais determinações da metamorfose ocorrida nos anos de neoliberalismo.
Redirecionando o foco da luta política
120- A organização social de base popular nos anos de neoliberalismo não caminhou majoritariamente para a construção de uma contra hegemonia do Brasil contemporâneo.
121- (...) como instancia de formulação conjunta de visão de mundo, de pensamento critico e de elaboração de propostas capazes de tornar nacionais um universo de questões e demandas com caráter distinto daqueles dos grupos dominantes.
122- (...) As ONGs (...) absorvendo um contingente significativo de trabalhadores excluídos do mercado de trabalho absorvem um contingente significativo de força de trabalho qualificado com formação em ciências humanas, um contingente de “prestadores de serviço sociais”que contribuem em militantes políticos da cidadania neoliberal, já que, para garantir o seu trabalho, acabam por segui as idéias e ideais de seus empregadores.
As ONGs consubstanciam-se em espaço privilegiado de difusão do trabalho precário do país (...) cerca de 14 milhões de trabalhadores informais (...) ao invés de reivindicar coletivamente melhores condições de trabalho, premidos pela falta de emprego acabam por viabilizar as políticas neoliberais de superexploração da força de trabalho.
123- As ONGs também são “parceiras do Estado” (...) na implementação das políticas sociais neoliberais, mesmo que não recebam financiamento governamental. (...) São veículos privilegiados na construção e sedimentação da sociedade civil ativa, proposição do neoliberalismo da Terceira via.
 (...)
Contribuíram, nesse sentido, a tática divisão, no campo da luta contra hegemônica da abertura política, entre movimentos sociais voltados pata a transformação das relações de trabalho e movimentos sociais voltados para a construção social da cidadania e a necessidade de sobrevivência financeira das associações enquanto empresas sociais e sua adesão progressiva ao pragmatismo da ideologia da responsabilidade social.
125- O êxito obtido pela nova pedagogia da hegemonia resulta, em patês considerável, da capacidade que vem tendo a burguesia mundial e também brasileira de levar em conta os interesses e as tendências dos grupos sobre os quis a hegemonia é exercida , pelo atendimento, embora molecular, das demandas econômico-corporativo das classes dominadas.
125- Esse equilíbrio estável sob direção da burguesia pode em tempo ainda não divisado ser interrompido pelo agravamento da precarização das condições de trabalho (...) pondo em xeque os limites próprios da socialização da riqueza e do poder nos marcos estritos das relações sociais de produção capitalista, possibilitando uma proposta contra hegemônica de organização societária.
FONTES; Virgínia. A sociedade Civil no Brasil Contemporâneo: Lutas sociais e luta teórica na década de 1980. In: LIMA, J. C. F. e NEVES, L. M.W (orgs) Fundamentos da Educação Escolar do Brasil Contemporâneo. RJ, Fiocruz, 2006. Pág. 200-239.
Sobre a Autora
Virgínia Maria Gomes de Mattos Fontes é professora no Departamento de História da Universidade Federal Fluminense em Niterói, suas investigações primordiais são a história recente do Brasil, marxismo e teoria da história. É membro do Comitê Editorial da revista ‘Crítica Marxista’ De que formas decorrem as lutas nesse terreno? Como se dá a subalternização dos setores rebeldes? Como é possível converter reivindicações sociais urgentes em passivamento?
201- Sendo a sociedade civil – conjunto de aparelhos privados de hegemonia – um dos terrenos da luta de classes em sociedades capitalistas modernas, sobre ela incidem as nossas interrogações.
203- Como analisaremos um processo no qual se forjam e moldam as consequencias, envolvendo intelectuais num período de intensas transformações econômicas e sociais, a ênfase recai sob a capacidade que tiveram – ou não – de atentar para as formas de organização de classes dominantes e do Estado.
...
Se não formos capazes de analisar como ocorres a extração do sobre trabalho perdemos de vista as classes dominadas e, assim,seremos presa fácil da nada generosa convicção de que acabaram as classes sociais ... e a história.
O conceito de Sociedade Civil e sua formulação por Antonio Gramsci
203- O lastro original desse conceito deriva do pensamento contratualista de base anglo saxônica, ... cujo grande expoente é Hobbes (1588-1679) .... essa origem seria explicada a partir dos dolorosos atributos da humanidade que a impeliriam de conter-se e dominar-se por meio de um acordo ... 
204- decorrendo de uma natureza humana agressiva e marcada pela escassez outorgaria um entre os homens (o soberano) o atributo singular do exercício da violência e deveria assegurar a pacificação entre eles pela demarcação nítida de um único poder que deveria pairar sobre todos.
Supondo que poderes iguais para todos os homens levaria os a selvageria barbárie guerras a instauração de um poder desigual, não-natural, deveria assegurar aos mesmos homens a pacificação.
O Estado – o contrato, o pacto, o soberano – deveria regular, dirigir, controlar a natureza humana.
205- Por ser resultante de um acordo entre homens também poderia ser uma instancia de pura racionalidade ... Assim, ... converteria o Estado de pura violência em expressão da razão: a pior expressão da natureza humana teria produzido a sua melhor forma.
...
Em outros termos sem estado só restaria a barbárie e a selvageria. O estado passaria a ser apresentado como necessidade – terrível – mas que derivaria da própria natureza humana, não sendo, por essa mesma razão, eliminável sem a imediata recaída da barbárie.
206- Locke (1632-1704) parte da reflexão hobbesiana, mas sua ênfase na propriedade deva a ampliar o conceito de sociedade civil. De um lado todos os homens integram essa associação (sociedade civil)de outro, só os detentores de propriedade são de integralmentemembros.
207- Rousseau admitindo a lógica do contrato, contesta seus fundamentos. Mantendo-se na concepção de uma natureza humana e veste-a de uma valorização positiva. Para ele o advento da propriedade privada perverte e deseduca os homens, ressaltando seus piores instintos, os egoístas. O termo Sociedade civil adquire uma conotação negativa, ao expressar o espaço da propriedade privada, elemento de corrupção da natureza humana.
208- Hegel percebe que, no Estado moderno, entre o individuo e o Estado se interpõe necessariamente um âmbito que ele denomina de sociedade civil. ... constituída pelo conjunto de homens privados desde que se separam do grupo natural, a família, e ainda não tem consciência nítida de querer diretamente a sua unidade substancial, o Estado.
Com Hegel a sociedade civil torna-se, primeiro, burguesa, com uma localização histórica e social precisa. Em seguida, conserva uma valoração negativa, como a expressão dos interesses particulares e ,finalmente, mantém uma relação tensa com o Estado. É parte dele, mas o limita, posto que sua universalidade permaneceria inconclusa enquanto a sociedade civil não fosse por ele absorvida.
209- A critica de Marx e Engels o estado é conceituado como elemento histórico coligado a existência de classes sociais, não se traduzindo como um momento de universalidade efetiva.
A sociedade civil continuava a ser concebida, portanto, como o terreno dos interesses. ... ultrapassavam os apetites individuais, compreendidos como interesses de classes forjados no terreno da produção da vida material.O Estado para Marx e Engels expressa a generalização dos interesses dominantes. O Estado e sociedade civil separado pelo pensamento liberal estariam aqui também reunidos mas de forma distinta da reflexão hegeliana. A sociedade civil burguesa, entendida como o conjunto das relações econômicas isso é, relações sociais de exploração, imbrica-se no Estado por ser este indissociável das relações sociais de produção. Seu papel é assegurá-las, por isso precisa apresentar sob forma de ‘bem comum’.
210- Antes de Antonio Gramsci, o conceito de sociedade civil admitia um sentido mais ou menos comum entre os diversos autores. ... Gramsci empreendera um desenvolvimento original a partir dos conceitos básicos de Marx, Engels e Lênin, e toda a sua obra portanto se filia a essa tradição revolucionaria. ... Gramsci interroga-se triplamente sobre a sociedade civil, “como se organiza e se exerce a dominação de classe” nos países de capitalismo desenvolvido; ‘sob que condição’ os setores subalternos (dominados ou explorados) empreendem suas lutas’ de forma a direcionadas para a superação do capitalismo’, e, finalmente, retomando interrogações a partir de sua peculiar leitura de Hegel, reaproxima o e a reflexão sobre o Estado das formas de organização social, num projeto político que almeja uma “Eticidade” (que não se limita a moral), portanto a plena realização do indivíduos, exatamente porque passariam a perceber e viver intensamente sua participação na Cida social. 
211- Sociedade Civil em Gramsci, se afasta resolutamente de sua origem e quando era contraponto ao Estado ou centrado no terreno do interesse, da propriedade e do mercado. Em Gramsci procura dar conta dos fundamentos da ‘produção social, da organização das vontades coletivas e de sua conversão em aceitação da dominação, através do estado’.O fulcro do conceito de sociedade civil – e dos aparelhos privados de hegemonia – remete para a organização de visões de mundo, da consciência social, de ‘formas de ser’ adequadas aos interesses do mundo burguês (hegemonia) ou, ao contrário, capazes de opor-se resolutamente a esse terreno dos interesses em direção a uma sociedade igualitária (regulada) na qual a eticidade prevaleceria (o momento ético-político da contra-hegemonia).[3: 	 Nota 6]
Não há oposição entre sociedade civil e Estado, em Gramsci. Este seria um erro teórico liberal: 
Dado que sociedade civil e estado se identificam na realidade dos fatos, deve-se estabelecer que também o liberalismo é uma ‘regulamentação’ de caráter estatal, introduzida e mantida por via legislativa e coerciva: ‘é um fato de vontade consciente dos próprios fins, e não a expressão espontânea, automática do fato econômico’. (Gramsci, 2000: 47-48)
212- Gramsci procura explicar a forma encontrada pelas classes dominantes para se assegurar a adesão dos subalternos. O convencimento se torna, doravante uma tarefa permanente e crucial. Esse convencimento se consolida em duas direções – dos aparelhos privados da hegemonia em direção à ocupação de instancias no estado e, em sentido inverso, do estado, a sociedade política, da legislação e da coerção, em direção ao fortalecimento e à consolidação da direção imposta e pelas frações de classe dominante por meio da sociedade civil, fortalecendo a partir do estado seus aparelhos privados de hegemonia. A dominação das classes se fortalece com a capacidade de dirigir e de organizar o consentimento dos subalternos, de forma a interiorizar as relações sociais existentes como a dominação poreja em todos os espaços sociais, educando o consenso, forjando um ser social adequado aos interesses (e valores) hegemônicos.
213- A sociedade civil é local da formulação da reflexão, da consolidação dos projetos sociais e das vontades coletivas. Por meio da sua imbricação no Estado, assegura que a função estatal de educação – o estado educador – atue na mesma direção dos interesses dirigentes e dominantes, através da mediação dos partidos políticos, tanto os oficiais como os que, extra oficialmente, difundem e consolidam as visões de mundo, a imprensa (ou mídia). Esta assume diversas modalidades, agrupando diferentes tipos de intelectuais, desde os que forjam a “racionalidade” adequada, sob forma da reflexão técnica especializada (seminários, congressos, encontram), consolidando-o entre seus pares por meio de periódicos especializados, até os repetidores, encarregados de sua vulgarização e ampla difusão.
 A configuração da sociedade civil no Brasil, Transformações sociais e os usos do Conceito: os anos 1980
214- No Brasil, a expressão ‘sociedade civil’ se difunde tardiamente na reflexão social, por volta da década de 1970. ... A longa duração da ditadura parecia fazer desaparecer do horizonte as características da sociedade civil no sentido vivido por Gramsci, acoplada à socialização da política e doa aumento da participação popular. Dessa forma, as analises sobre as formas da política enfatizam o peso do autoritarismo e da ditadura militar.
215- A modernização capitalista acelerada – a ferro e fogo – sob a ditadura militar, entretanto, aprofundaria formas associativas – aparelhos privados de hegemonia – em grande parte ligados aos próprios setores dominantes e expressando interesses diretamente corporativos que se organizavam como forma de ingressar na sociedade política. 
216- O primeiro trabalho a realizar uma pesquisa documentada e consciente sobre a existência – e seus modos de articulação – da sociedade civil no Brasil foi René Dreifuss (1987),em 1964: a conquista do estado.
 217- Dreifuss mostra o crescimento da sociedade civil no Brasil – como forma de organizar o convencimento social – ainda que esta fosse majoritariamente composta de setores das classes dominantes e não hesitasse na utilização aberta da coerção de classe.
(...) Simultaneamente da emergência de múltiplas organizações populares em luta contra a ditadura militar, assim como das expressões de descontentamento empresarial, contribuiria para uma extensão acrítica do termo ‘sociedade civil’.
218- Em muitos momentos entretanto, converteram-se em modismos acadêmicos, banalizando-se. A primeira polemica girou em torno de estruturalismo – gerando um modismo antiestrutural difuso que , a rigor, pouco tinha a ver com uma reflexão sobre estruturas sociais – e a segunda travou-se sobre os pesos relativos da influencia externa ou, ao contrario, dos processos internos para explicar as transformações ocorridas na sociedade brasileira.219- Esse foi o contexto de constituição das Organizações não governamentais (ONGs). Protagonizada por muitos dos ex exilados, trariam uma modificação substancial nas formas de organização popular – apoiadas , em sua maioria, em fontes de financiamento internacional: não mais estavam coligados a partidos e a um projeto social e político comum, mas a demandas específicas.
Do ponto de vista da sustentação, em sua maioria vinculavam-se a entidades empresariais, fortemente internacionalizados (Dreifuss, 1986). A filantropia internacional apoiava diretamente a construção do ONGs, assim como a grande maioria de projetos.
As comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que tiveram papel importantíssimo contra a ditadura, na constituição e na consolidação de uma associatividade de base popular, oscilavam entre um ‘comunitarismo’ messiânico e de cunho redentor e a politização desses movimentos por meio de uma reflexão sobre as bases sociais da dominação, especialmente desenvolvida pelos integrantes da Teologia da Libertação.
220- ... A ‘concepção de autonomia’ passava por um importante deslizamento do sentido: de autonomia de classe, isso é, capacidade de construir uma contra-hegemonia, outra visão de mundo para além dos limites corporativos e do terreno do estrito interesse, passava a expressar a ‘autonomia’ de uma enorme variedade de grupos organizados em torno de demandas específicas. Boa parte da reflexão acadêmica sobre os movimentos sociais dos anos 1970-1980 ... recusava reflexões de cunho classista – ou seja, que procuravam articular tais lutas de cunho corporativo a projetos sociais mais amplos e, nesse sentido, a educar de forma contra hegemônica esses movimentos parcelares. ... A autonomia de classe depende da capacidade de alto financiar-se, isso é, ser capaz de promover a existência de suas próprias organizações – teórica, prática e moral. ...
 Essas lutas permaneciam no terreno contra hegemônico. Concentravam nas CEBs, nas associações do moradores, em pequenas associações anti-racistas anti-sexistas, aniautoritárias e nas novas ONGs. O terreno comum seria a luta anti ditatorial e pela democracia.
221- No âmbito dos movimentos sociais o ... MST ... com sua principal reivindicação – reforma agrária – foi considerado porá alguns como objetivo meramente integrativo, (‘reformista’), dedicado a minorar a condição de pobreza rural, por meio de algumas distribuições de terras, cuja propriedade era (e continua) extremamente concentrada. 
A formação do Partido dos Trabalhadores – PT – em 1981, incorporaria a maior parte dessas diferentes – e contraditórias – tendências do campo popular que seguirias atuando em seu interior. 
Esse é o terreno social e intelectual do primeiro surto de ONGs no Brasil, ocorrido na década de 1980.
222- ... Se auto definiram como organizações não-governamentais aquelas sem caráter representativo, que não integrassem em grandes instituições. .... se apresentavam majoritariamente como “estando a serviço de camadas da população ‘oprimida’, dentro de perspectivas de ‘transformação social’”. [4: 	 Fernandes e Landim ??????????????]
223- O mais importante reter, na década de 1980, é exatamente essa ‘modificação do perfil de uma parcela da militância’, alterando o teor de sua participação. Reduzia o engajamento na luta comum e crescia a ‘oferta de serviço de apoio’ a lutas com cujas causas estariam, supõe-se de acordo. O argumento central era a questão democrática, e eram em me nome da democracia que o conjunto dessas atividades se articulava.
224- As ONGS estavam próximas dos movimentos sociais, participavam deles, assessoravam, , apoiavam e contribuíam para a sua sobrevivência. Confundiam-se, de certa forma, com eles, constituindo uma espécie de ‘vanguarda’ peculiar. ‘Passariam a apresentar-se como a expressão mais adequada da sociedade civil’. 
225- Com o PT ( e em alguns espaços universitários) inaugurava-se uma nova compreensão do fenômeno da sociedade civil no Brasil, ao lado de uma rápida difusão do pensamento de Gramsci. O tema mais candente, entretanto, seria o da hegemonia. Esse conceito adquiria centralidade, dada a composição do próprio partido e de seus embates internos. (...) A importância do PT como pólo ‘nucleador’ dos movimentos sociais de base popular o instaurava como a expressão político partidária dos seguimentos subalternos da sociedade civil’ e, por essa visa, reforça a leitura peculiar que se vinha gestando do conceito de sociedade civil – está passou a ser percebida sobretudo como o terreno dos movimentos populares, olvidando-se o peso histórico e social das organizações histórico e social das organizações de base empresarial.
Ocorria uma idealização do conceito – referindo apenas ao âmbito popular – com posteriores consequências problemáticas. A sociedade civil assim encarada, seria o momento socialista da vida social, o momento virtuoso. Por seu turno, o Estado era confundido ora com a ditadura, ora com a ineficiência e a incompetência derivadas de sua intima conexão com o setor privado. Essa idealização fazia quase desaparecer do cenário as entidades empresariais.
Diversos segmentos empresariais e suas entidades ... procuravam qualificar-se como a expressão racional da sociedade e reforçavam de forma vigorosa a contraposição entre sociedade e Estado, de cunho tipicamente liberal.
226- O empresariado brasileiro não era homogêneo nem tinha posições políticas idênticas. Na década de 1980 ... as principais organizações empresariais que atuam como pivô políticos ideológicos’ nesse período foram: A câmara de Estudos e debates Econômicos e socias (Cedes), o Instituto Liberal (IL), A confederação nacional das Instituições financeiras, (CNF), A União Brasileira dos Empresários (UB) a União Democrata Ruralista UDR, E a Associação Brasileira da Defesa da Democracia (ABDD), 
227- A proximidade entre entidades empresariais e setores militares era bastante estreita, coligando também interesses econômicos. As entidades empresariais atuavam corporativa e politicamente como sociedade civil – no sentido gramsciano como aparelho privado de hegemonia – e participavam intimamente do estado, inclusive no período ditatorial, mas apresentavam-se como “sociedade” no sentido liberal, contrapondo-se ao estado. 
... Tratava-se de uma luta acirrada pelo próprio espaço da sociedade civil, e não só pela constituição de variadas associações, organização e entidades. Essa luta de fato, espraiava-se para os partidos – em especial o PT. Em que pensem as contradições e dificuldades que a atravessavam, ela começava, senão a ameaçar, ao menos a incomodar os postos avançados ocupados no interior do estado pelos setores dominantes.
228- O empresariado penetrava nas entidades sindicais por duas vias:
Pela proximidade direta com associações patronais, que comungava com os propósitos de Medeiros (Presidente do sindicato dos metalúrgicos em 1987), que os apoiava, facilitando os meios para que carreasse recursos em vias de fundação ulterior da força sindical, explicitamente criada para combater a CUT.
 Pela conversão pragmática do sindicalismo em expressão de urgências imediatas dos trabalhadores, o que permitia encarar o próprio sindicato (e depois, as Centrais) como empreendimentos.
Sociedade truculenta Estado trunco, Serviços públicos truncados
229- Como foi possível suscitar na década de 1990, a adesão popular (ativa e passiva) para o desmonte de serviços e conquistas sociais que diziam respeito exatamente a essa mesma população
230-Sabemos que a coerção teve importante papel, sabemos também que a coligação entre aparelhos privados de hegemonia de base empresarial, sob predomínio neoliberal, utilizou-se de uma formidável maquina de propaganda, em todos os meios de comunicação atingindo inclusive aos estudantes por meio de revistas como a Nova Escola, da Editora Abril. Entretanto, essa maquina de marketing político parece nos ter encontrado apoio em algumas dificuldades e aspectos ambivalentes do setor brasileiro (e suas lutas), que constituíram pontos de fragilidadea serem fartamente explorados.
231-Desde 1964, a intervenção sindical realizada pelo golpe de Estado potencializava não apenas seu caráter assistencialista, mas a duplicação de suas funções por meio da oferta de serviços médicos e dentários aos sindicalizados. Induziu, portanto, a uma privatização peculiar, sindical, de serviços públicos.
... As ofertas de vantagens não salariais a segmentos do funcionalismo público dessolidarizava parcela do próprio funcionalismo do conjunto de serviços públicos e estabeleci, para os próprios funcionários, o setor privado como referencia de qualidade, destituindo-os ainda mais da massa trabalhadora.
No final dos anos 1980 acrescentou a expansão dos vouchers como os tíquetes - restaurante, o seguro saúde, vale creche, garantindo para uma parcela do funcionalismo público não sentir as mesmas necessidades enfrentadas pela maioria da população
232- Esse parêntese procurou ajudar a dimensionar a expansão das dificuldades com as quais deverias afrontar os movimentos populares na decada de 1990. ... Em algumas áreas constituíram importantes movimentos sociais pelos serviços públicos, próximos as lutas sindicais, em prol da generalização de serviços essenciais, dentre os quais vale mencionar a saúde e saneamento e a educação.
Sociedade civil e Corporativismo
A década de 1980 é crucial para a compreensão da sociedade civil no Brasil atual. O horizonte contra hegemônico capitaneado pelo PT encontrava seu ponto de união em prol, de um projeto democrático, com teor anticapitalista, mas com matrizes fortemente corporativos. 
233- A sociedade civil apresenta-se como riquíssima arena de luta de classes, ainda que muitos não quiseram mais pensar nesses termos.
A capacidade de...................................................................................................
Filantrópica e cosmopolita
Sociedade civil, classes sociais e conversão mercantil-filantrópica Virgínia Fontes* 
Neste artigo Virgínia Fontes vai apresentar a emergência de um processo contemporâneo peculiar, no Brasil na década de 1980, que irá designar como “conversão mercantil-filantrópica” de movimentos sociais de base popular.
“Fenômeno contraditório (Arantes, 2004), consiste na admissão (e, em alguns casos, até mesmo no estímulo) de algumas demandas populares, direcionando-as através da elaboração de projetos financiáveis, para a produção de serviços de cunho assistencial. Essa conversão resulta num apassivamento das lutas sociais, encapsuladas em reivindicações de cunho imediato (corporativas) e circunscritas a níveis de consciência coletiva elementar (Neves, 2005, passim).”
“Esse fenômeno não se restringe ao caso brasileiro. Tem perfil internacionalizado, parecendo constituir uma estratégia política no capitalismo contemporâneo. Pode-se supor que esteja acoplado à dinâmica da expansão financeirizada mundial, como se constituísse sua face supostamente democrática, e atravessa também o âmbito militar.”
“No Brasil, esse processo ganharia impulso ao longo da década de 1980, (saindo da ditadura militar, estado de direito, constituição) marcada pela intensificação das lutas sociais e, sob o manto comum da reivindicação de liberdades democráticas, contrapunham-se desde perspectivas socializantes e anticapitalistas até setores empresariais fortemente organizados, alguns já endossando as novas roupagens neoliberais.”
O âmbito intelectual esteve marcado nesse período por dois pensamentos
1° “Daniel Pécaut, com uma concepção de democracia reduzida à sua expressão mais simples”, que em suma afirmava que “o aprendizado – ainda que forçado – de “estratégias de racionalidade limitada” levava finalmente os intelectuais brasileiros a abandonar expectativas revolucionárias e a conviver com o mundo restrito da política institucional como horizonte insuperável (Pécaut, 1990).”
2° “uma parcela da produção sociológica, sobretudo aquela dedicada aos “novos movimentos sociais” abandonava o prisma da totalidade social e da configuração das classes sociais para abordar tais movimentos de maneira imediata (procedimento mais empírico, segundo eles). Isolariam o mundo do trabalho dos demais movimentos sociais, empregando definições identitárias, espaciais ou quantitativas para designá-los como “urbanos”, “novos”, “pobres” ou, genericamente, como “pobreza” (Mendonça, 2000).”
“Protagonizadas por muitos ex-exilados, reforçariam a tendência isolacionista das organizações populares: apoiadas, em boa parte, por fontes de financiamento internacional, deveriam provar não estarem coligadas a partidos ou a projetos políticos, limitando sua atuação a demandas específicas.”
O Partido dos Trabalhadores - PT, criado em 1981, magnetizaria a maior parte dessas diferentes tendências do campo popular e permitiria o estabelecimento de laços entre movimentos, sindicatos e o partido (indicando a possibilidade de uma convergência mais ampla, de cunho classista). Assim, na década de 1980, conseguiu contrapor uma unificação política à dispersão e fragmentação dessas variadas organizações populares.
Em escassas pinceladas, esse foi o terreno social e intelectual da generalização de ONGs no Brasil, ocorrido na década de 1980. Elas tiveram como solo uma efervescência de movimentos sociais de base popular, os quais enfrentavam tanto o chamado “entulho autoritário”, isto é, a legislação arbitrária da ditadura, quanto formas variadas de perseguição social (discriminação dos setores populares, alto grau de violência e repressão a todas as formas organizativas, inclusive por segmentos para-militares), heranças tradicionais aprofundadas durante os anos da ditadura.
Em 1986, 1041 entidades se definiam como ONGs
Apresentavam-se como entidades sem caráter representativo, não integrando grandes instituições (empresas, igrejas, universidades ou partidos) e, como atividade, alegavam “estar a ‘serviço’ de camadas da população ‘oprimida’, dentro de perspectivas de‘transformação social’” (Fernandes e Landim, 1986: 47). 
O serviço disponibilizado pelas ONGs era, em geral, caracterizado por elas próprias como assessoria, voltado para as áreas de educação e organização. Já então, em 1985, observava-se a forte influência da Igreja Católica: mais de um terço do total das ONGs declaravam possuir vinculação (formal ou informal) com as igrejas: esta era, “seguramente, a relação institucional privilegiada entre as ONGs” (Fernandes e Landim, 1986: 53).
Os novos intelectuais-militantes ligados às ONGs criticavam fortemente o intuito de partidos de falar “em nome” dos movimentos sociais, justificando assim sua própria atuação, esses educadores (...) Cumpriam um papel segmentador educando e consolidando as lutas locais, porém cristalizando-as e favorecendo sua manutenção naqueles formatos, maneira inclusive de assegurarem sua própria reprodução enquanto ONGs “a serviço de...”.
Muitas das entidades populares forjadas sob a ditadura recusavam os procedimentos de legalização e institucionalização sob a forma de ONGs, e resistiam à crescente profissionalização, denunciando a tecnificação dos serviços prestados por essas organizações (Fernandes e Landim, 1986: 44-45).
 As modificações que esse fenômeno trouxe
Sentido de autonomia de classe, isto é, capacidade de produzir uma contra-hegemonia, de forjar uma visão de mundo para além dos limites corporativos, que se expressam como interesse, passava a expressar a “autonomia” de uma enorme variedade de grupos organizados em torno de demandas específicas. A autonomia, de forma abstrata, era enfatizada e sobrevalorizada, sacralizando-se a fala imediata de cada grupo (ou organização) popular. As novas entidades contribuíram, assim, para manter tais movimentos (que procuravam “proteger”) no terreno de luta imediata no qual se haviam constituído –moradia, saneamento, água, escola, saúde, transporte, ambiente, discriminações diversas, etc (...) Mantinham-se no terreno popular (e vagamente anticapitalista), mas tendiam a endossar projetos genéricos, aceitáveis pelos financiadores e palatáveis pelo establishment.Ora, a autonomia de classe depende não apenas de um horizonte teórico, mas também de sua capacidade de auto-financiar-se, isto é, de ser capaz de prover a existência de suas próprias organizações, o que exige enorme inventividade e capacidade –teórica, prática e moral– para forjar uma nova sociabilidade, desvinculando-se das práticas dominantes de compra e venda de capacidades, das formas de subordinação e de hierarquia internas baseadas em cálculos de tipo empresarial.
Da “luta social” para estar “a serviço de”
Ocorria gradualmente uma transferência de militância para as áreas de assessoria e serviço, conservando um horizonte vaga e difusamente rebelde –a “transformação social”. A influência religiosa ajuda a compreender porque, embora atuando com sindicatos e com muitos grupos de trabalhadores, sobretudo rurais, priorizavam o termo opressão, reduzindo-se as reflexões sobre a exploração (e suas diferentes modalidades) nas próprias organizações de trabalhadores. 
Mais importante a reter, sempre na década de 1980, parece-nos essa modificação do perfil de uma parcela da militância, alterando o teor de sua participação. Reduzia-se o engajamento direto numa luta comum e crescia a oferta de serviços de apoio a grupos sociais com cujas causas tais militantes estariam, supõe-se, de acordo. A reunificação –e a legitimação – dessas entidades seguia tendo como pano de fundo a democracia, cuja definição mantinha-se fluida.
Introduzia-se uma separação entre o assessor (o técnico) e sua base social. Embora todos se apresentassem como militantes, falavam agora em nome da própria ONG. Doravante a autonomia fundamental seria a dessas entidades. Por esta cunha brotariam algumas características que se aprofundariam posteriormente. Consolidava-se a profissionalização da assessoria prestada aos movimentos populares, ainda que conservando um cunho “moral” de “apoio” a uma cidadania e a uma sociedade transformada, democrática. Acelerando a rotação que transformava militância em emprego, os serviços profissionais prestados poderiam –e deveriam– ser remunerados conforme o mercado, segundo as condições de pagamento dos movimentos sociais ou, caso mais freqüente, através da orientação para obtenção de recursos junto a agências financiadoras. Novas especializações técnicas se definiam, como a de formuladores de projetos e a de agenciadores de recursos, nacionais e internacionais.
ONGs e os Movimentos Sociais 
As ONGs rapidamente adquiriram muita visibilidade. Estavam próximas dos movimentos sociais, participavam deles, assessoravam, apoiavam e contribuíam para sua sobrevivência. Confundiam-se, de certa forma, com eles, constituindo uma espécie de vanguarda peculiar, e passaram a considerar-se como a expressão mais adequada da sociedade civil. 
A importância do PT como pólo nucleador dos movimentos sociais de base popular o mantinha, nessa década, como a expressão político-partidária dos segmentos subalternos da sociedade civil.
Estado sociedade Civil
Ocorria uma idealização do conceito de sociedade civil –como se esta se limitasse apenas ao âmbito popular. A sociedade civil, assim encarada, seria o momento socialista da vida social, o momento virtuoso. Por seu turno, o Estado seguia confundido, ora coma ditadura, ora com a ineficiência e incompetência, ora com seu patrimonialismo ou clientelismo, desconsiderada sua íntima articulação com a sociedade civil.
Essa idealização fazia quase desaparecer do cenário as entidades empresariais que, (...)Procuravam qualificar-se como a expressão racional da sociedade e reforçavam de forma vigorosa a contraposição entre sociedade e Estado, de cunho tipicamente liberal. Diferentemente, porém, do que vinha sendo pregado por intelectuais e por muitas ONGs, tinham um programa para o Estado, que deveria modificar-se, mas para melhor atender a seus anseios.
As entidades empresariais atuavam corporativa e politicamente como sociedade civil –no sentido gramsciano, como aparelhos privados de hegemonia– e participavam intimamente do Estado, inclusive no período ditatorial, mas apresentavam-se como sociedade no sentido liberal, contrapondo-se ao Estado. Deslizavam facilmente de um a outro sentido, evidenciando como a luta atravessava a sociedade civil, através da expansão de aparelhos privados de hegemonia de cunhos variados, cuja proximidade com as classes fundamentais nem sempre era muito nítida –assim como ambivalentes eram as formas de conceituá-la. A expansão das ONGs contribuiria para uma diluição importante do significado do engajamento social e para embaralhar a percepção da real dimensão da luta que se travava. A sacralização da sociedade civil como momento virtuoso, carregada de nuances liberais, velava a composição de classes sociais em seu interior.
A própria democracia seguia idealizada, como o reino de uma sociedade civil filantrópica e cosmopolita, para a qual todos colaborariam, sem conflitos de classes sociais. O projeto de contra-reforma empresarial, entretanto, fortemente amparado em aparelhos privados de hegemonia (e na mídia), se consolidava e se aproveitaria dessas contradições para seduzir e converter os setores populares, neutralizando-os frente ao ataque desferido contra direitos universais.
Sociedade Civil no Brasil Contemporâneo: lutas sociais e lutas teóricas na década de 1980. 95-111.
95- O termo sociedade civil que estamos falado, é pensado a partir da conceituação realizada por Antônio Gramsci, que é muito especifica, muito característica, e que podemos, sem medo de errar muito, muitas vezes substituí-la por Aparelhos Privados de Hegemonia, na sua conexão com o Estado, tornando mais claro o que ele quer dizer.
A dificuldade do uso desse termo vem do seu nascimento, que é profundamente comprometido com o pensamento liberal. O conceito de “sociedade civil”, nasce com o pensamento liberal. Gramsci vai requalificá-la , alterá-la completamente tanto na história do pensamento quanto no processo de análise.
É preciso levar em consideração que a história é sempre história das lutas de classe. As lutas de classes não ocorrem só no terreno óbvio do enfrentamento imediato entre grandes batalhões de trabalhadores e de outro lado grandes batalhões de burgueses. A luta de classe ocorre no cotidiano da nossa existência, inclusive nas formas de definir, qualificar e conceituar os processos sociais nos quais vivemos. 
95-96- Uma das dificuldades do conceito é a própria sociedade civil, no sentido gramsciano, é um local de luta de classes, portanto, a definição de sociedade civil também é um lugar de luta de classes. 
Tanto mais importante é o papel da mídia, pois ele joga um papel de lutadora avançada de classe do ponto de vista do capital, para nos fazer pensar o mundo de uma maneira e não de outra.
Hobbes, na virada do século XVI para XVII (1588-1679) formulou de modo brilhante algumas questões sobre a natureza humana, tendo como eixo central o Pacto, que vem a ser o governo, o Estado. Hobbes considera que como a natureza do homem é dolorosamente má, é necessário que seja contida por um artíficio, mas os artifícios não são naturais, são criados pelo homem. É preciso um artifícios antinatural, violento, capaz de conter a violência do próprio homem: Esse artifícios antinatural e violento é o governo ou o Estado. Deve e precisa ser forte.
Nesse primeiro momento sociedade civil aparece como sinônimo de Estado, isso é o espaço social onde vigora uma lei civil imposta pelo estado, diferente das leis naturais que deveria continuar vigorando em outra áreas, como na família, na propriedade, etc., Excetuando-se os contratos regulados pelo Estado. 
Em Hobbes o Estado segmenta a natureza humana em vários pedaços, por um lado há a contenção civil da natureza humana pela violência; a contenção religiosa da natureza humana pelas normas de comportamento, mas ao mesmo tempo há a defesa do que seria fundamento “natural”, que deveria continuar existindo: família, afetividade, e o momento econômico que seria natural. Portanto para Hobbes o homem natural é dicididoem vários elementos.
Para hobes o homem na natureza teria tanto medo uns dos outros que a única maneira de diminuir esse medo seria se impor, a todos, o medo de um monstr maior, um Leviatã, criado pelos próprios homens.
O Estado é apresentado como inevitável, caso deixasse de existir a barbárie imperaria. Assim apesar de sua criação ser monstruosa ela é apresentada não apenas como necessária mas também como não eliminável.
Em Locke (1632-1704) o conceito de sociedade civil se amplia, A sociedade segue sendo considerada como se fosse expressão da 'natureza', enquanto o Estado se separaria dela. Assim essa sociedade é arbitrariamente separada do que ela produziu e segue produzindo – Estado.
Em Locke a sociedade separada do Estado ganha um perfil mais pragmatismo no qual supõe que todos os homens estão sob o tacão da lei (Estado) e integram a sociedade civil (contraposta ao Estado).
Hegel
Marx
Gramsci recriou o conceito de sociedade civil, tendo certeza de que era necessário entender como se organiza a dominação de classe, não basta saber que o Estado é de classe. É preciso entender como se organiza a dominação, sob quais condições os setores subalternos lutam, e o que é necessário fazer para que essas lutas caminhem na direção da superação do capitalismo.

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