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Fichamento MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica a um padrão emergente de intervenção social.

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MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica a um padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002.
Este livro debatesobre os estragos sociais causadospela política neoliberal, pelas “reformas” que acabaram por eliminar direitos sociais duramente conquistados no passado.
As consequências dessas “reformas” forma muito mais graves diante de estruturas sociais que já eram marcadas por profundadas desigualdades. O desemprego e a precarização do trabalho passaram a produzir um contingente amplo de excluídos. p. 12
Diante desse processo de enorme complexidade, no entanto, ao invés de construirmos uma rede universal de proteção social que explicite o dever do Estado na garantia dos direitos sociais, o que vemos é um outro processo, em que a concepção de bem estar pertence ao âmbito privado, ou seja, as famílias, comunidade, instituições religiosas e filantrópicas, em uma rede de solidariedade que possa protegeros mais pobres.
Nessa perspectiva, que deve responsabilizar-se pelos direitos sociais é o chamado “Terceiro Setor”, versão mais sofisticada dessa concepção, dominado por organizações não governamentais, (ONGs), que recebem financiamento de governos. Existem ONGs dos mais diversos tipos, tamanhos e finalidades.
Independente de suas boas intenções, a maioria delas vem assumindo um papel de substituição do Estado sobretudo nos lugares mais pobres e afastados, de onde o estado vem aos poucos se retirando.
Éjustamente esse caráter substitutivo, e não complementar, que desmascara a suposta parceria entre o “Estado e a Sociedade”, esse caráter fragmentado de suas ações emergenciais se evidencia na medida em que o Estado abandona as redes publicas permanentes capazes de oferecer bens e serviços, justamente onde são mais necessários.
Substituem-se programas nacionais eregionais, por iniciativas “locais” incapazes de dr uma cobertura suficiente para as demandas, e cujo impacto é praticamente nulo em situaçõesem que o contingente populacional de em situação de miséria e/ou exclusão. p.13
Introdução
A obra de Carlos Montaño constitui-se em estudo crítico sobre o chamado “Terceiro Setor”, o debate hegemônico que sustenta seus pressupostos e promessas o fenômenoque se oculta por trás dessa denominação e a sua funcionalidade para o projeto neoliberal, no enfrentamento da questão social, inserido no atual processo de reestruturação do capital. p. 14
O trabalho com esse tema tem um significado muito forte, pois envolve um úmero de organizações e instituições (ONG's, Osfil Organizações sem fins lucrativos,) e individuais,voluntáriosou não1Segundo Montaño, “estima-­se que hoje, no Brasil, existam cerca de 400 mil organizações não­governamentais
(ONGs) registradas e cerca de 4 mil fundações (cf Exame, 2000: 23). Segundo dados da Receita Federal, em 1991
havia cerca de 220 mil entidades registradas como ‘sem fins lucrativos” (cf Landim, 1999: 74 e 84)” (Montaño;
2002: 14).
. 14
As mudanças ocorridas e emprocesso referentes a perda de direitos de cidadania por serviços e políticas sociais assistencialistas e por uma seguridade social estatais universais e de qualidade, e à sua precarização e focalização à remercantilização e a refilantropização da “questãosocial”, afetam os setores mais carentes. 15
Para a análise desenvolvida por Montaño, o ponto de partida é o processo de reestruturação do capital pós 70, orientado segundo os princípios neoliberais, de flexibilização dos mercados nacional e internacional, das relações de trabalho, da produção e do investimento financeiro, do afastamento do Estado das suas responsabilidades sociais e da regulação social entre capital e trabalho.
Os ideólogos do “Terceiro Setor” desconsideram o Estado como espaço significativo das lutas de classes e sociais, e comolocusda manutenção da ordem e ampliação e aplicação da acumulação capitalista, porém também como garantidor de certo nível de conquistas ali garantidas.18
É muito importante as mobilizações sociais contra afome e a miséria e ações solidarias, porém, o problema é ignorar que se tratam de questões emergenciais, e que dando respostas imediatistas e assistenciais não resolverão o problema da miséria a médio e a longo prazo, consolidando uma relação de dependência dessas pessoas por essas ações. Outro problema se tem em acreditar que deve-se concentrar nessas ações todos os esforços reivindicatórios e as lutas sociais.
Ao esquecer das conquistas sociais conquistadas pela intervenção o âmbito do Estado, e ao apostar apenas nas ações dessas organizações da sociedade civil, zera-se o processo democratizador, volta-se a estaca zero, só que com dimensões diferentes: no lugar de centrais de luta de classe, temos atividades de ONGs, e fundações no lugar da contradição capital trabalho, temos a parceria entre classes por supostos “interesses comuns”, no lugar de superação da ordem como horizonte, temos a confirmação e “humanização” desta.
20
Buscaremos remeter o leitor para a compreensão da nova dinâmica da ordem capitalista comandada pela ofensiva neoliberal – combate ao trabalho, reestruturação produtiva, e (contra)reforma do estado. Apenas compreendendo tal dinâmica poderemos abordar de forma crítica o fenômeno denominado “terceiro setor”, seu curso real, o uso ideológico de tal conceito.
O objetivo do autor nessa parte da obra está em determinar a relação entre atual reestruturação do capital (principalmente em um país emergente e sem desenvolvimento de um estado de bem estar social propriamente dito como o brasil)e o debate do conceito ideológico de “terceiro setor”, este ultimo como um subproduto da estratégia neoliberal e cumprindo uma função ideológica mistificadora e encobridora do real, que facilita a maior aceitação pelascontrareformas neoliberais.
21
Asrecentes transformações do capital (operadas nas ultimas décadas e orientadas pelos postulados neoliberais e para a América Latina pelo Consenso de Washington) tem tido um efeito de causa e determinação sobre o processo de alteração do padrão de respostasas sequelas da “questão social” (fenômeno esse encoberto e mistificado, pelo ideológico debate do “Terceiro Setor”), descobrimos o real papel que esse debate presta ao atual processo de mudanças, operadas sob hegemonia do capital monopolista e financeiro:o debate do “terceiro setor” torna-se funcional a tais transformações.
22- a tese aqui defendida busca explicitar o fenômeno real encoberto pelo conceito ideológico e mistificado de “terceiro setor”. Assim em uma perspectiva crítica de totalidade, é que ochamado terceiro setor refere-se na verdade em um fenômeno real inserido e e produto da reestruturação do capital, pautado nos ou funcional aos princípios neoliberais um novo padrão para a função social de respostas as sequelas da questão socialreunido valores de solidariedade voluntária e local da autoajuda e da ajuda mútua.
Perceber ponderar sobre a veracidade desse processo exige a desconstrução da imagem mistificada de democracia e cidadania, percebendo que as reais condições de sua efetivação estão distantes de seremconcretizadas. Analisar a critica feita ao estado e sua satanização por meio desse discurso que vem se desenvolvendo, que constrói uma imagem burocrática do estado, ineficiente e corrupto, em contrapartida santifica um setor supostamentemais eficiente, ágil, democrático e popular. ( o de uma sociedade civil transmutada em terceiro setor. Assim a desresponsabilização estatal das respostas ás sequelas da questão social seria supostmente compensada pela ampliação dos sistemas privados: mercantis empresariais lucrativos, e filantrópicos voluntarios do chamado terceiro setor.
A partir do tripe constitucional da seguridade social – previdencia, saúde e assistencia – o 'setor' empresarial se volta para atender as demandas nas areas da previdencia social e da saúde, enquanto o terceiro setor dirige-se fundamentalmente para a assistencia social de setores carentes.
23-
Montano defendeque os motivos de retirar a responsabilidadede intervenção na “questão social” do Estado e de transferi-lo paraa esfera do chamado “terceiro setor”:
“não ocorre por que as ONGs são naturalmente mais eficientes do que o Estado, nem apenas por razões financeiras, de uma suposta necessidade de reduzir os custos necessários para sustentar a função estatal. Os anseiosque levaram ao desenvolvimento desse processo são “notadamente político-ideológico: retirar e esvaziar a dimensão de direitos universal do cidadão quanto a políticas sociais (estatais) de qualidade; criar uma cultura pela “autoculpa” pelas mazelas que enfrentam a população e autoajuda mutua para seu enfreamento; desonerar o capital de tais responsabilidades, criando, por um lado, uma imagem de transferência de responsabilidades e, por outro, a partir da precarização e da focalização (não universalização)da ação social estatal e do terceiro setor uma nova e abundantes demanda lucrativa para o setor empresarial.
	Pontos de dificuldades do texto: Atual contexto de crise global, se manifesta no colapso do socialismo real e na crise do capitalismo democrático como fases distintas deuma crise de domínio do capital. Que reage com um duplo movimento como forma de enfrentar a crise e ampliar os níveis de lucro esperado, o que conforma uma nova estratégia hegemônica hoje conhecida como neoliberalismo.
1° Movimento.
	Forte ofensiva contra o trabalho com fim de aumentar o nível de extração de mais valia intensificando o trabalho e diminuindo os custos de produção por via da redução eliminação de gastos atrelados ao salário. Isso é o aumento da exploração da força de trabalho, permitindo a ampliação da concentração de capital. Estabelecendo assim a 'flexibilização' (precarização) dos contratos de trabalho, o esvaziamento ou atenuação da legislação trabalhista, a retirada dos direitos sociais e políticos, do horizonte da cidadania dos trabalhadores, sua subcontratação/terceirização das relações de trabalho, criando formas de exploração e mais valia relativa, a redução do poder sindical, subsumindo o sindicato e a empresa , a automação que combinada com o aumento que, combinada com o aumento do desemprego estrutural, leva uma constante redução salarial, e precarização das condições de trabalho e emprego. Não casualmente o projeto neoliberal constitui uma ofensiva contra as conquistas históricas dos trabalhadores.
	2 Para alémda concentração de capital baseada na exploração da força de trabalho, a centralização de capitais já formados, a exploração do capitalista pelo capitalista. O socorro do com fundos públicos ao capital via saneamento de certas empresas, das quais a ajuda do Proer aos bancos “falidos”, a partir dos recursos dofundo social de emergência.
Assim surge a resposta do capital à crise: o projeto neoliberalismo
O projeto neoliberal representa uma estratégia hegemônica de reestruturação geral do capital, face a crise, ao avanco tecno cientifico, à reorganização geopolítica e às lutas de classes que se desenvolveram pós 70, e que se desdobra basicamente em três frentes articuladas. O combate ao trabalho, a as chamadas reestruturação produtiva e a reforma do Estado.
27-28
Para Mota: “A partir de 1989 há paulatinamente um deslocamento de natureza ideológica na ofensiva do capital e na posição dos trabalhadores que passam a privilegiar a conjuntura de crise econômica, em detrimento do embate em torno de projetos societais. (…) Para a autora, esse deslocamento redireciona o conteúdo de suas reinvindicações para um campo das ideologias práticas, marcadas pelas suas necessidades imediatas. Nesse sentido, os trabalhadores terminam por reduzir as suas propostas no campo da preservação das conquistas ou, tão somente, das possibilidades postas pela conjuntura da crise.
Pois bem, se em um contexto de expansão capitalista tenso, conflitivo e ameaçador, o capital se vê obrigado, justamente pelas pressões dos trabalhadores e lutas de classe, a incorporar demandas dos trabalhadores ano interior de seu projeto hegemônico, o que ocorre então em um contexto de crise em um momento de inibição de lutas sócias, perda de poder sindical, de descrença nos instrumentos de luta por derrotas sucessivas, de pulverização dos trabalhadores de extinção dos regimes não capitalistas (do chamado socialismo real). A mesma crise que obriga o capital a se reestruturar e a diminuir os custos de produção coloca o trabalho em uma atitude defensiva.
A reestruturação produtiva. Dada a necessidade descrita anteriormente de o capital diminuir/controlar as lutas sociais, … hoje o capital visa a retomada dos níveis de acumulação esperados e a plena dominação do capital sobre o trabalho.
Precisa-se taylorizar a produção fordista, embora não pode ser interpretada como eliminação do padrão de produção taylorista/fordista; trata-se de um processo que não se desenvolve linearmente e tranquilamente. Assim esse projeto, por um lado, tende a redimensionar a fabrica e as relações de trabalho, enxugando a firma por meio da externalização de certas áreas, articulando-se com uma série de empresas subcontratadas e terceirizando também o trabalho, alterando assim as relações salariais típicas de períodos anteriores.
29- A reforma do estado
A reforma do Estado está articulado com o projeto de liberar, desimpedir e desregulamentar a acumulação de capital, retirando a legitimação sistemica e o controle social da “lógica democrática” e passando para a lógica de concorrência do mercado.
É assim, uma verdadeira contra reforma , operada pela hegemonia neoliberal , que procura reverter as reformas desenvolvidas historicamente por pressões das lutas sociais e dos trabalhadores.
Consenso de Washington. Com o intuito de orientar esse processo fundamentalmente nos países periféricosrealizou-se uma reunião entre os organismos de financiamento internacional de Bretton Woods (FMI, BID, Banco Mundial) funcionários do governo americano e economistas latino-americanos para avaliar as reformas econômicas da América latina, que ficou conhecido como consenso de Washington. As recomendações dessa reunião abarcaram dez áreas: disciplina fiscal, priorização dos gastos públicos, reformas tributárias, liberalização financeira, regime cambial, liberalização comercial, investimento direto estrangeiro, privatização, desregulação, e propriedade intelectual.
36-
No Brasil o “pacto social” conformado pelos setores democráticos no pós-ditadura, é rapidamente substituído na década de 1990 por uma aliança significativamente diversa. Não é um “pacto social liberal” que sucede, no nosso pais, a aliança hegemônica neoliberal, mas, contrariamente, é está ultima que substituí, na década de 1990, o pacto social democrático dos anos 80. Se a década de 1980 marcou, nos países centrais , um avanço da hegemonia neoliberal mais radical, no decênio seguinte consolida-se a chamada “terceira via”.
Nos anos 90 o desenvolvimento mais explicito da hegemonia neoliberal, onde até setores da esquerda mais resignada e possibilista sucumbem aos “encantos” ou as pressões do consenso de Washington. (…) inicia-se lenta e gradualmente, o processo de reestruturação (ajuste) capitalista no Brasil. Começa a amadurecer a ideia de reformar o estado , eliminando o aspecto trabalhista e sociais jávindos do período varguista nos anos 30 e 60, e particularmente esvaziando as conquistas sociais contidas na constituição de 1988.
37- Em oposição ao pacto social que deu lugar a constituição de 1988, consolidou-se nos anos 90 (inicialmente com o governoCollor), um amplo consenso liberal, filiado ao consenso de Washington, favoravel a implementação do programa de estabilização, ajuste e reformas institucionais, e pelas agencias financeiras internacionais: programa de privatização, redução de tarifas alfandegarias para importação, liberalização dos preços, política alfandegaria restritivas, redução de isenções fiscais, subsídios e linhas de créditos, cortes dos gastos públicos, liberalização financeira e negociação da dívida externa.
Para setoresdominantes levar o pacto social plasmadona constituição de 88 equivalia no plano econômico a redução das taxas de exploração, e no político a construção de mecanismos democráticos de controle social.
	A discussão proposta pelos setores que defendiam a reforma do estado estava baseado na afirmação de que de 1974 a 1994 o Brasil passou por uma estagnação da renda percepta de alta inflação sem precedentes em sua história. Definiu-se como uma crise fiscal como uma crise de modo de intervenção do Estado e comouma crise da forma burocrática pela qual o Estado era administrado, além de uma crise política.
	A crise manifestou-se de acordo com o ministro Bresser Pereira de três formas principais: A crise do Welfere State, no primeiro mundo, o esgotamento da industrialização por substituição de importações na maioria dos países em desenvolvimentos, e o colapso dos estatismo nos países comunistas.
Outro aspecto da crise brasileira foi político, a crise político teve três momentos no Brasil, primeiro a crise do regimemilitar uma crise de legitimidade; segundo a tentativa populista de voltar aos anos 50: uma crise de adaptação ao regime democrático;, e finalmente a crise que levou ao impeachment de Fernando Collor de Melo, uma crise moral.
Por fim a crise burocrática na forma de administrar o Estado emergiu com toda a força nos anos 80 em função do retrocesso burocrático representado pela Constituição de 88. Detemo-nos na crítica desse ultimo ponto ele fornecerá, conforme o espessa o ex-ministro o motivos central paraa atual (contra) reforma do Estado.
De acordo com o ex-ministro todos os males das formas prévias de administração estariam presentes na constituição de 88. sendo assim seria essencial“Dotar o Estado de condições para que os governos enfrentem com exitomasmfalahas do mercado (…) é preciso, além de garantir condições cada vez mais democráticas de governá-lo, torná-lo mais eficiente de forma a atender as demandas dos cidadãos com amior qualidade a um custo menor”
A análise crítica dessa proposta mostra o claro privilégio e favorecimento que a reforma do Estado trás ao grande capital, fundamentalmente internacional em especial o financeiro. O argumento oficial dado para justificar essa retirada do estado do controle econômico de esferas extratégicas da produção/comercialização – passando para o mercado a procução de energia eletrica, telecomunicação, exploração de riqueza mineral, administação de polpança social, extração e refinamento do petroleo – Essa desresponsabilização estatal das respostas as refrações da questão social – diminuindo os fundos publicos para o financiamento de políticas e serviços sociais assistenciais e privatizando-os – não foi precisamente o da sua articulação com o novo projeto de desenvolvimento exigido pelo grande capítal (financeiro/internacional), mediante os postulados do consenso de Washington. O argumento Ideológico foi o contrário, não semostrou o novo projeto economico político como causa da (contra)reforma do estado; apontou-se a burocracia, ineficiência e corrupção do Estado como as supostas causas para a sua reforma. Assim se o “culpado” é o Estado burocrático a sua reforma seria aceita e proclamada! Se a responsável pela inoperância do Estado é a Constituição de 88, sua reforma torna-se necessária e impostergável.
42
Estáclaro que a reforma não se orienta, com o sugere o seu mentor, para o desenvolvimento da democracia e cidadania e para o melhor atendimento a população, mas, na verdade sugere de dever de casa que foi determinado no Consenso de Washington, e nas suas subsequentes missões do FMI.
Assim a reforma gerencial desenvolvida e estabelecida por Bresser Pereira, então titular no novo ministério criado no governo de FHC, (Mare), seguiu o plano diretor de reforma ao aparelho de estado, redigido no primeiro semestre de1995.
44-
O que Bresser Pereira chama de “reforma gerencial” não é utra coisa senão a continuidade do “ajuste estrutural macroeconomico” com o desenvolvimento de novas areas mais de ordem institucional legal, como as reformas administrativas e da previdencia, nessa definição a “reforma gerencial” deve-se compor de um lado da consolidação do ajuste fiscal do Estado brasileiro, e, de outro da existência no país de um serviço público moderno, profissional e eficiente voltado para o atendimento das necessidades do cidadão”.
45- Trata-se de readequar a constituição brasileira as necessidades do grande capital, de subordinar os princípios da Constituição de 88 aos ditames do FMI, BM, OMC e aos postulados do Consenso de Washington.Como afirma Netto “ essa orientação tomou corpo na política econômica de FHC: ele fez do plano Real como instrumento de estabilização monetária, o primeiro passo para uma abertura do mercado brasileiro ao capital internacional, articulada a reforma do Estado, que lhe retira parcialmente o papel empresarial, e que reduzia os fundos públicos para financiamento das políticas sociais.
Para dotar de maior eficiencia o aparelho Estatal dever-se-ia seguir o caminho da chamada“publicização” - a transferencia da responsabilidade do estado para o mercado, ou o chamado “terceiro setor”desenvolvendo a democracia e a cidadania a dita publicização, é na verdade, a denominação dada atransferenciade questões publicas da responsabilidade estatal para o chamado “terceiro setor”, que é (conjunto de “entidades publicas não estatais mas redigido pelo poder civil privado)
P. 46-47.
Para operacionalizar essa publicização três conceitos viraram palavras de ordem:
Descentralização
Engloba tanto transferência de decisões para unidades subnacionais, como adelegação de autoridades e administradores a níveis mais baixos. Esta obedece o nível de subsidiariedade: o que pode ser feito pela cidade não pode ser feito pela região, o que pode ser feito pela região não deve ser feito pelo poder central.
A lógica portrás é simples, as atividades básicas como educação e saúde e as atividades de segurança local, podem ser feitas com um controle muito maior da população se forem realizadas descentralizadamente
Organização social e Parcerias
Entendidas como entidades públicas mas não estatais e podem ser vistas tanto como forma de controle social, quanto como forma de bens e serviços sociais e cientificos. Aqui aparece o conceito de terceiro setor , por isso criam-se leis e incentivos para organizações sociais, para a “filantropia empresárial” para o serviço voluntário e outras atividades, e desenvolve-se uma relação de parceirias entre elas e o Estado. A elaboração de uma lei em 1999 foi mais um estimulo estatal para a “questão social” e a sua transferência para o setorprivados (visando lucros) seja para fins públicos. A motivação do governo, no entanto, não é a declarada, (aumentar a esfera pública, melhorar o atendimento a população, desenvolver a democracia e a cidadania mediante a participação e o controle social) oque está por traz de tudo isso é a chamada “publicização”, é a redução dos custos dessa atividade social, - não pela maior eficiencia dessas entidades, mas pela sua precarização, focalização e localização desses serviços, pela perda de suas verdadeiras dimenções de universalidade – por outro lado o retiro destas atividades do âmbito democrático-estatal e da regência conforme direitos públicos, e sua transferência para o âmbito e direito privados e não uma lógica de prestação de serviços e assistência conforme um nível de solidariedade e responsabilidade sociais.

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