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Apostila Teorias da aprendizagem

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APRESENTAÇÃO 5 
AULA 1: PENSAMENTO FILOSÓFICO E APRENDIZAGEM 6 
INTRODUÇÃO 6 
CONTEÚDO 7 
CONCEPÇÕES DO SENSO COMUM SOBRE APRENDIZAGEM 7 
CONCEITUANDO APRENDIZAGEM 8 
ENSINO E SISTEMATIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM 10 
ENSINO E EDUCAÇÃO: O PAPEL DA UNIVERSIDADE 11 
TEORIAS DA APRENDIZAGEM 12 
INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA NA APRENDIZAGEM 13 
TEORIAS E ESCOLAS NO CAMPO DA APRENDIZAGEM 15 
ATIVIDADE PROPOSTA 17 
REFERÊNCIAS 18 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 19 
AULA 2: ELEMENTARISMO E ESTRUTURALISMO 25 
INTRODUÇÃO 25 
CONTEÚDO 25 
ABORDAGENS PSICOLÓGICAS: CRIAÇÃO DE PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 25 
PSICOLOGIA ESTRUTURAL E ELEMENTARISTA 26 
ASSOCIACIONISMO 27 
TEORIA BEHAVIORISTA 27 
CONTRIBUIÇÕES DO BEHAVIORISMO 29 
GESTALTISMO: OUTROS CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO 31 
PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA DA FORMA 34 
CONTRIBUIÇÕES DO GESTALTISMO 35 
ATIVIDADE PROPOSTA 36 
REFERÊNCIAS 37 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 37 
AULA 3: CONSTRUTIVISMO E INTERACIONISMO 40 
 
 3 
INTRODUÇÃO 40 
CONTEÚDO 41 
TEORIAS ULTRAPASSADAS 41 
PRINCÍPIO DA TRANSFORMAÇÃO 41 
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA 43 
CONSTRUTIVISMO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR 45 
CONSTRUTIVISMO E EDUCAÇÃO: PAPEL DO PROFESSOR 47 
CONSTRUTIVISMO E EDUCAÇÃO: PAPEL DO ALUNO 48 
ATIVIDADE PROPOSTA 50 
CRÍTICAS AO CONSTRUTIVISMO 50 
INTERACIONISMO: INTERAGIR É PRECISO 51 
CONSTRUTIVISMO X INTERACIONISMO 52 
INTERACIONISMO E EDUCAÇÃO: PAPEL DO PROFESSOR 52 
REFERÊNCIAS 53 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 54 
AULA 4: RELAÇÕES ENTRE APRENDIZAGEM E CULTURA 57 
INTRODUÇÃO 57 
CONTEÚDO 58 
SER HUMANO = SER SOCIAL 58 
CONCEITUANDO CULTURA 59 
CULTURA E APRENDIZAGEM 61 
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 62 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 63 
PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 64 
POSTURA DO PROFESSOR 65 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 65 
REFLETINDO SOBRE A DOCÊNCIA 65 
REFERÊNCIAS 66 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 67 
CHAVES DE RESPOSTA 70 
AULA 1 70 
ATIVIDADE PROPOSTA 70 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 70 
 
 4 
AULA 2 72 
ATIVIDADE PROPOSTA 72 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 73 
AULA 3 74 
ATIVIDADE PROPOSTA 74 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 74 
AULA 4 75 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 75 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 76 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 76 
CONTEUDISTA 78 
 
 
 
 
 5 
Algumas teorias da aprendizagem são reconhecidas historicamente e 
possuem grande importância para o processo de ensino e aprendizagem. 
 
Através deste estudo, você conhecerá algumas delas e compreenderá as 
bases da prática de construção do saber. A ideia é que você possa aprimorar 
seus conhecimentos para, quem sabe, atuar na área de Docência do Ensino 
Superior. 
 
Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 
 
1. Reconhecer as relações entre as origens do pensamento filosófico e as 
teorias da aprendizagem, para fins de compreensão do processo de 
ensino e aprendizagem; 
2. Definir e diferenciar os conceitos de ensino, aprendizagem e educação; 
3. Relacionar a constituição sócio-histórica do sujeito e a construção ativa 
do conhecimento. 
 
 
 6 
Introdução 
Nesta aula, estudaremos as origens do pensamento filosófico e o conceito de 
aprendizagem, bem como sua implicação no Ensino Superior. 
 
Para darmos início à discussão sobre o processo de aprendizagem e a 
construção do conhecimento, é importante entender a relação entre essa 
noção e outros conceitos, tais como os de Psicologia, ciência, senso comum, 
aprendizagem, educação etc. 
 
Afinal, essas concepções estão imersas no cotidiano de professores e alunos. 
 
Por fim, destacaremos o papel da universidade – instituição que relaciona, 
constantemente, a ciência com a vida em sociedade. 
 
Objetivos 
1. Definir conceitos relacionados ao processo de aprendizagem; 
 
2. Estabelecer as relações entre as origens do pensamento filosófico e as 
teorias da aprendizagem. 
 
 
 
 
 7 
Conteúdo 
Concepções do senso comum sobre aprendizagem 
Antes de iniciarmos este estudo, você saberia responder o que é 
APRENDIZAGEM? 
 
Normalmente, em nosso cotidiano, associamos esse termo à mudança de um 
estado de conhecimento para outro, quando há um ganho quantitativo de 
informação. Essa é a visão baseada no senso comum1. 
 
No entanto, para a Psicologia2, a aprendizagem não é algo tão simples de 
se compreender e definir. Vamos nos ater à compexidade dessa concepção... 
 
Digamos que você receba uma punição, um castigo ou ingira alguma 
substância – como um medicamento, por exemplo – e esteja emocionalmente 
abalado. Nesse caso, seu comportamento pode se modificar, sem que, com 
isso, afirmemos que houve aprendizagem. 
 
Da mesma forma, repetir listas de pronomes, poesias, fórmulas matemáticas 
e textos completos não implica aprender/entender seu sentido ou obter 
conhecimento acerca desses conteúdos. 
 
1 Senso comum 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), trata-se do conhecimento acumulado no 
cotidiano, de caráter intuitivo, espontâneo, que é obtido por tentativas de acertos e de 
erros, e passa de geração para geração, com status de verdade, sem questionamentos 
sobre sua utilidade e veracidade. 
 
2 Psicologia 
De acordo com Lefrançois (2012, p. 3), trata-se da “[...] ciência que estuda o 
comportamento e o pensamento humanos, aquela que busca saber como a experiência: 
 
 Afeta o pensamento e a ação; 
 Explora os papéis da biologia e da hereditariedade; 
 Examina a consciência e os sonhos; 
 Acompanha a transformação de crianças em adultos; 
 Investiga as influências sociais”. 
 
Basicamente, essa área do conhecimento tenta explicar como as pessoas pensam, agem e 
sentem. 
 
 8 
 
Muitas vezes, somos obrigados a decorar determinados assuntos sem que 
tenhamos a noção completa de sua serventia em nosso dia a dia, em nossa 
realidade, no contexto em que nos encontramos. 
 
Isso certamente já deve ter acontecido com você em algum momento de sua 
vida. Quantas vezes você memorizou um conteúdo para fazer uma prova? 
Lembra-se, ainda, desse tema? Provavelmente, não! 
 
Nenhuma dessas ações – de memorização ou decodificação de significados – 
contempla a conceituação de aprendizagem. Mas, então, que aspectos estão 
por trás dessa definição? Vamos descobri-los a seguir! 
 
Conceituando aprendizagem 
O conceito de aprendizagem toma como base as mudanças efetivas ou 
potenciais de comportamento que perduram por um tempo relativamente 
longo. 
 
De acordo com Lefrançois (2012, p. 6), essas transformações: 
 
“[...] resultam da experiência, mas não são causadas por 
cansaço, maturação, drogas, lesões ou doença”. 
 
 
 9 
Trata-se, portanto, de um processo que só podemos observar a partir de suas 
evidências. Tais mudanças – potenciais ou não – de comportamento nem 
sempre são aparentes, mas referem-se à capacidade de fazer algo. 
 
Vejamos um exemplo: 
 
“Em um experimento clássico, Buxton (1940) manteve, por várias 
noites, ratos em grandes labirintos. Havia caixas na entrada e na saída 
(sem alimento). Após algumas noites no labirinto, não havia evidência 
de que os ratos tinham aprendido algo. 
 
Mais tarde, Buxton colocou uma pequena porção de comida nas caixas 
de saída e posicionou os ratos nas caixas de entrada. Mais da metade 
deles correu direto para as caixas de saída sem cometer nenhum erro! 
 
Isso indicou que os ratos tinham aprendido bastante durante as 
primeiras noites no labirinto. 
 
No entanto, era uma aprendizagem mais latente do que efetiva, ou 
seja, ela não ficou evidente no desempenho até que houve uma 
mudança nas disposições – no caso, na motivaçãopara atravessar o 
labirinto”. 
Fonte: Lefrançois, 2012, p. 6. 
 
Essa é a típica aprendizagem que decorre da experiência. O resultado foi a 
aquisição de conhecimento mediado pela vivência de uma situação específica! 
 
 
 
 10 
Ensino e sistematização da aprendizagem 
Até este momento, conseguimos definir a noção de aprendizagem, mas 
existem outros conceitos que envolvem essa ideia, tais como os de ensino e 
educação. Vejamos como eles se inter-relacionam, começando pelo primeiro. 
 
Você já deve ter ouvido a expressão popular “Eu aprendo com a vida!”. 
 
Facilmente, afirmamos que aprendemos em diversos locais – seja junto de 
nossa família, seja em encontros religiosos, no ambiente de trabalho ou, até 
mesmo, através de um grupo de amigos. 
 
Mas quais seriam as diferenças entre a aprendizagem que ocorre nesses 
espaços informais e aquela que acontece nas escolas, nas universidades ou 
nos centros de ensino? 
 
É possível traçarmos uma linha de raciocínio nesse sentido... 
 
A primeira distinção entre as aprendizagens formal e informal refere-se ao 
tipo de saber priorizado nos contextos a que nos referimos. Nos espaços 
educativos, enfatizamos o conhecimento científico3. 
 
A segunda nos remete à forma/organização dos temas a serem aprendidos, 
ou seja, à sistematização do conteúdo e do ambiente em que é desenvolvido. 
Nesse caso, os assuntos tratados devem tanto provocar situações que 
 
3 Conhecimento científico 
Diferente do senso comum, o saber originado da ciência implica uma atividade reflexiva 
– motivo pelo qual é explorado nos espaços organizados e sistematizados para provocar 
situações de aprendizagem. 
 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira, (2008, p. 20), trata-se do: 
 
“[...] conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade – que chamamos 
de objeto de estudo –, expresso por meio de linguagem precisa e rigorosa. Esses 
conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, 
para que se permita a verificação de sua validade”. 
 
 11 
possam gerar mudanças efetivas quanto criar necessidades no público-alvo: 
os alunos. 
 
Em outras palavras, é preciso motivar o estudante nesses espaços e 
incentivar o educador ao ato de ensinar, de instruir e orientar, que pode estar 
aliado ou não ao processo de aprendizagem. 
 
Partindo dessa premissa, Becker (2012) afirma: 
 
O ensino é o exercício da docência por excelência. 
 
 
Ensino e educação: o papel da universidade 
Defendemos, aqui, que o ato de ensinar não pode se opor ao ato e ao desejo 
de aprender. Ensino e aprendizagem devem andar juntos, valorizando a 
ação do sujeito como responsável por seu aprendizado e a constituição de 
sua identidade no meio social. 
 
No caso do Ensino Superior, a universidade é, hoje, uma das mais 
importantes instituições que mediam essa relação do indivíduo com a 
sociedade. 
 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), é esse espaço educativo que: 
 
 Transmite cultura; 
 Reproduz modelos de comportamento e de valores morais; 
 Favorece a troca de padrões do cotidiano por outros pertencentes ao 
grupo ao qual o aluno almeja fazer parte. 
 
 
 
 12 
Nesse contexto, aplica-se o conceito de educação: 
 
“[...] processo de desenvolvimento da capacidade física, 
intelectual e moral do ser humano” (HOLANDA, 2010). 
 
Em outras palavras, trata-se do processo de aquisição de conhecimento que 
se deve basear em conceitos pertinentes àquele que se desenvolve: o aluno. 
Por isso, considerando tal definição, a universidade não pode ser uma 
instituição isolada da sociedade tampouco segregar os estudantes desse 
meio. 
 
Pelo contrário: ela se constitui como um importante local de troca, de 
obtenção de informação, em que o grau de cultura adquirido é atestado não 
só pelo diploma mas também pela qualidade da atuação profissional de seus 
egressos. 
 
Teorias da aprendizagem 
Agora que já definimos conceitos importantes, vamos compreender como as 
teorias4 da aprendizagem foram formuladas ao longo da história. 
 
Tais vertentes teóricas buscam explicar não só a noção de aprendizagem em 
si mas também POR QUE e COMO o indivíduo aprende, na tentativa de 
entender o comportamento humano e suas mudanças. 
 
Seu objetivo é prever e planejar situações que possam provocar ou 
potencializar a capacidade de aprendizado do sujeito, além de descobrir 
regularidades e esclarecer de que forma são contruídas. 
 
 
4 Teorias 
De acordo com Moreira (1999, p. 12), teoria é a: 
 
“[...] tentativa humana de sistematizar uma área de conhecimento, uma maneira 
particular de ver as coisas, de explicar e prever observações, de resolver problemas”. 
 
 13 
De acordo com Marcondes (2008), o surgimento dessas teorias está 
associado à criação da Filosofia, na Grécia antiga, por volta do século VI a.C., 
com Tales de Mileto. Foi a partir do pensamento filosófico e da problemática 
em torno do saber científico que elas começaram a ser traçadas. 
 
Vamos entender melhor, a seguir, a influência dessa área do conhecimento 
na criação das teorias da aprendizagem. 
 
Influência da Filosofia na aprendizagem 
O nascimento da Filosofia é marcado pelo desejo de rompimento com o 
pensamento mítico5, que fundamentava a origem do mundo em aspectos 
sobrenaturais. 
 
Por expressar grande insatisfação com os mitos sobre o real, o pensamento 
filosófico passou a basear suas teorias a respeito da fonte da vida no 
naturalismo6 – pautado na ciência. 
 
Conforme aponta Marcondes (2008), no período inicial de desenvolvimento do 
método científico – conhecido como Pré-Socrático –, a grande preocupação 
era a formulação de doutrinas sobre a realidade natural. 
 
 
5 Pensamento mítico 
De acordo com Marcondes (2008, p. 20), trata-se da: 
 
“[...] forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive – a 
origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens 
deste povo, bem como seus valores básicos [...]. Um dos elementos centrais do 
pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao 
mistério, ao sagrado e à magia”. 
 
6 Naturalismo 
Na Filosofia, trata-se da única forma efetiva de investigar a realidade. De acordo com a 
visão dos naturalistas, os fenômenos e as hipóteses descritas como sobrenaturais não 
existem. Todos podem ser estudados pela mente humana através de métodos científicos. 
Portanto, qualquer fato denominado como tal inexiste ou, simplesmente, equivale a algo 
natural. 
 
Adaptado de: 
<http://www.notapositiva.com/pt/trbestsup/psicologia/antropologia/naturalismo.htm>. 
 
 14 
Após esse momento marcado pela discussão sobre a procedência dos 
fenômenos da natureza, dois filósofos se destacaram e trouxeram 
contribuições importantes para a questão da aprendizagem. São eles: 
 
Sócrates 
 
Sócrates (469 a.C. - 399 a.C.) inaugurou a Filosofia 
Clássica e inseriu a problemática ético-política como 
questão fundamental para a sociedade da época. 
 
 
 
 
 
 
Platão 
 
Platão (428 a.C. - 347 a.C.) trouxe a discussão 
sobre o conhecimento e sobre a metodologia de 
acesso ao saber. Para ele, a Filosofia teria 
essencialmente uma função crítica e o objetivo de 
superar o senso comum. 
 
Essa superação nos permitiria entender COMO é 
possível, através de métodolos criteriosos e 
reflexivos, obter tal acesso. 
 
Foi esse filósofo que elaborou a teoria do conhecimento, quepressupõe a possibilidade de elaborar outros matizes teóricos sobre a 
realidade. 
 
 
De acordo com Lefrançois (2012), a influência desses teóricos – 
principalmente a de Paltão – foi tão significativa que, a partir dela, 
estabelecemos as regras básicas do método científico atual: 
 
 
 
 
 15 
1. Realizar perguntas claras e passíveis de respostas; 
2. Fazer um levantamento de hipóteses que possam ser testadas; 
3. Coletar observações relevantes capazes de negar ou confirmar as 
hipóteses criadas; 
4. Aplicar a testagem propriamente dita; 
5. Desenvolver conclusões. 
 
 
Atenção 
 As teorias que foram – e são – elaboradas até hoje 
fundamentam-se nesses cinco requisitos. No entanto, ao 
tentar compreender o comportamento humano e as 
transformações provocadas pelas experiências vividas pelo 
sujeito, cada um tentará explicar o processo de aprendizagem 
a partir da forma como concebe e define o homem. 
 
Teorias e escolas no campo da aprendizagem 
 
Finalmente, após o período de discussões acerca das noções que envolviam o 
conhecimento, as teorias da aprendizagem 7 foram produzidas, 
acompanhadas da criação da Psicologia Científica. 
 
Essa conquista diferenciou a nova ciência da Filosofia e impulsionou 
estudiosos e pesquisadores à produção de conhecimento. Rapidamente, 
houve um crescimento de investigações na área, um aumento da diversidade 
 
7 Teorias da aprendizagem 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008) e Lefrançois (2012), as teorias da 
aprendizagem têm sua origem marcada pela criação, em 1879, de um laboratório 
psicológico em Leipzig, na Alemanha, por Wilhelm Wundt – médico, filósofo e psicólogo 
que influenciou o desenvolvimento da Psicologia como ciência, tornando-se um dos 
fundadores da moderna psicologia experimental. 
 
Adaptado de: <http://caminhodapsicologia.webnode.com.pt/wundt/>. 
 
 16 
de temas de estudo e a expansão econômica de diversos países – 
principalmente os Estados Unidos. 
 
As novas formas de ver o mundo e os objetos a seu redor favoreceu o 
surgimento das Escolas de Psicologia, que forneceram conteúdo para as 
primeiras teorias da aprendizagem. 
 
Vamos conhecer, a seguir, aquelas que são difundidas até hoje... 
 
Atualmente, muitas teorias e escolas foram sendo criadas, de onde podemos 
extrair diversas contribuições importantes para a compreensão do campo da 
aprendizagem. São algumas delas: 
 
Escola associacionista 
Para este grupo, a aprendizagem ocorria por associação de ideias, e a 
produção de conhecimento devia pautar-se na utilidade do saber para 
a vida do sujeito. A partir desta escola, foram elaboradas as teorias 
sobre o condicionamento humano. 
 
Escola estruturalista 
Este grupo se preocupava com as estruturas de funcionamento do 
sistema nervoso central e a compreensão dos estados elementares da 
consciência. Trata-se da escola fundada por Wilhelm Wundt, que deu 
origem ao gestaltismo8 – assunto sobre o qual discutiremos mais 
adiante, na aula seguinte. 
 
 
 
8 Gestaltismo 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), trata-se de um sistema teórico, criado na 
Europa, que surge como negação e tentativa de superação da fragmentação das ações e 
dos processos humanos – aquele que postula a necessidade de compreensão do homem 
como uma totalidade. Seus teóricos buscaram construir uma psicologia que levasse em 
consideração as formas da percepção, procurando apreender como as pessoas 
compreendem seu entorno. 
 
 17 
Escolas interacionista e construtivista 
Estes grupos estavam preocupados, basicamente, em descobrir COMO 
os seres se desenvolviam para, por conseguinte, identificar COMO 
aprendiam. As informações sobre o desenvolvimento humano lhes 
permitiram observar e interpretar melhor o comportamento do 
indivíduo bem como suas formas de aprendizagem. 
 
Na próxima aula, apresentaremos, mais detalhadamente, as contribuições 
desses grupos para o campo da aprendizagem. 
 
Atividade proposta 
Algumas pesquisas sobre práticas pedagógicas realizadas em escolas e 
universidades apresentam dados positivos em termos de interesse e 
entusiasmo pela aprendizagem por parte de alunos jovens e adultos. 
 
Esses estudantes respondem prontamente às perguntas de professores, 
oferecem-se para realizar atividades em sala de aula, realizam tarefas 
propostas etc. 
 
O fato de tais educandos demonstrarem gosto pelas aulas e valorizarem as 
experiências vivenciadas podem apontar para a necessidade de pensarmos 
em várias maneiras de ensinar. 
 
Considerando essas questões, indique de que forma as teorias estudadas 
podem auxiliar a atuação docente, refletindo sobre o desafio atual do 
processo de ensino e aprendizagem. 
 
 
 18 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula: 
 
Assista ao curta-metragem Mestrado da vida; 
Leia o texto Aprendizagem humana: ciência e teoria – In: 
Lefrançois, 2008. cap. 1. 
 
 
Referências 
BECKER, F. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: 
Artmed, 2001. 
 
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma 
introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cencage 
Tearming, 2008. 
 
MARCONDES, D. Iniciação à história da Filosofia: dos Pré-Socráticos a 
Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 
 
HOLANDA, A. B. de H. F. Minidicionário Aurélio da língua portuguesa. 
Curitiba: Positivo, 2010. 
 
MOREIRA, M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 
 
 
 
 
 19 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Refletindo sobre o conhecimento da realidade e os tipos de saberes que 
existem, analise as frases a seguir: 
 
I. O conhecimento utilizado no nosso cotidiano é intuitivo, espontâneo, 
obtido por tentativas de acertos e de erros. 
II. A ciência abstrai a realidade para negá-la e construir a única forma do 
conhecimento verdadeiro: o saber científico. 
III. A ciência compõe-se de uma atividade eminentemente reflexiva e de 
um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade – 
expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. 
 
Entre as afirmativas anteriores, está(ão) CORRETA(S): 
 
a) I e II 
b) II e III 
c) I e III 
d) I, II e III 
e) Somente I 
 
 
Questão 2 
Com base nos conceitos de senso comum e de conhecimento científico, 
relacione as colunas a seguir: 
 
 
1 - Senso comum ( ) Acrítico 
2 - Conhecimento científico ( ) Assistemático 
 ( ) Sistemático 
 ( ) Superficial 
 ( ) Objetivo 
 
 
 20 
Questão 3 
Sabemos que o conceito de aprendizagem não se relaciona à repetição de 
ideias e de comportamentos. Essa concepção nos obriga a elaborar novas 
práticas educativas. Partindo desse princípio, é CORRETO afirmar que, 
atualmente, no Ensino Superior: 
 
a) Os conteúdos informativos e técnicos devem ser priorizados. 
b) O papel do professor é ensinar apenas os conceitos teóricos de cada 
disciplina isoladamente. 
c) As universidades representam centros teóricos de formação de 
especialistas, nos quais os educadores têm de ensinar práticas 
cotidianas de cada profissão. 
d) Os centros universitários precisam favorecer uma boa formação 
teórico-prática, facilitando o acesso às novas tecnologias, a 
aprendizagem efetiva e o futuro profissional dos alunos. 
 
 
Questão 4 
O trabalho docente requer do professor – particularmente quanto à natureza 
do conteúdo ensinado – a escolha demétodos que provoquem uma relação 
efetiva entre o ensino e a aprendizagem. Sobre a forma e a organização do 
tema a ser tratado no espaço acadêmico, podemos afirmar que: 
 
a) Para assumir uma posição dominante em sala, o professor precisa se 
valer de aulas baseadas no diálogo. 
b) As aulas têm de incentivar tanto estudantes quanto educadores, 
associando o ato de ensinar ao processo de aprendizagem. 
c) As aulas devem-se restringir a uma exposição dialogada, pois essa é a 
única possibilidade de favorecer as colocações dos alunos e a 
organização do conteúdo. 
d) N.R.A. 
 
 
 
 
 21 
Questão 5 
Ao longo de sua história, as instituições escolares foram se transformando. 
Acompanhadas por mudanças culturais, políticas e sociais, essas entidades 
sofreram modificações em termos de identidade, de função e de objetivos 
educativos. No caso do Ensino Superior, não é diferente. Por isso, é 
CORRETO afirmar que: 
 
a) A universidade é um local de impedimento das trocas de padrões do 
cotidiano com o espaço acadêmico. 
b) A universidade não pode ser vista como local de transmissão de cultura 
das classes menos favorecidas. 
c) A universidade é um espaço de práticas sociais e históricas importante 
para o crescimento das sociedades. 
d) N.R.A. 
 
 
 
Questão 6 
Platão elaborou a teoria do conhecimento, que pressupõe a possibilidade de 
desenvolver concepções sobre a realidade. Os pensamentos desse teórico se 
refletem, até os dias de hoje, em estudos que envolvem o saber. 
 
Como vimos ao longo desta aula, foi a partir de sua influência que 
estabelecemos as regras básicas da metodologia científica, dentre as quais 
estão: 
 
I. Realizar muitas perguntas, visando ao maior número de respostas 
possíveis; 
II. Fazer um levantamento de hipóteses; 
III. Coletar observações relevantes capazes de negar ou confirmar as 
hipóteses criadas. 
 
 
 
 22 
Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: 
a) I, II e III 
b) I e II 
c) I e III 
d) II e III 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 7 
Analise a seguinte situação... 
 
Ao ser questionada sobre as possibilidades de fracasso por parte de seus 
alunos, certa professora afirma: 
 
“Esses jovens não aprendem porque não prestam atenção às aulas!” 
 
A fala dessa docente aponta uma visão muito comum entre os educadores – 
aquela que: 
 
a) Inclui, na avaliação do professor, fatores sociais e culturais. 
b) Implica uma visão ampliada do processo de ensino e aprendizagem. 
c) Valoriza o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. 
d) Associa, indevidamente, o processo de aprendizagem às condições 
exclusivas dos alunos. 
 
 
 
 
 23 
Questão 8 
As teorias da aprendizagem foram formuladas ao longo da história, buscando 
explicar a aprendizagem em si e, também, POR QUE e COMO aprendemos. 
Entre seus objetivos, estão: 
 
a) Previsão e controle. 
b) Organização e controle. 
c) Previsão e planejamento. 
d) Organização, previsão e controle. 
 
 
Questão 9 
A criação da Psicologia Científica favoreceu a organização de teorias da 
aprendizagem diferentes da Filosofia e impulsionou estudiosos e 
pesquisadores à produção de conhecimentos, aumentando a diversidade de 
temas investigados. Uma das escolas que surgem nesse momento, 
principalmente nos Estados Unidos, cujas bases defendem o saber prático, 
denomina-se: 
 
a) Estruturalista 
b) Associacionista 
c) Construtivista 
d) Interacionista 
 
 
 
 
 24 
Questão 10 
Para construir relações positivas em sala de aula, o educador precisa 
conhecer as teorias de aprendizagem. No que diz respeito à prática educativa, 
é INCORRETO afirmar que tais vieses teóricos: 
 
a) Melhoram a qualidade da relação entre professor e aluno no processo 
de ensino e aprendizagem. 
b) Colaboram, de forma mecânica, para que o docente compreenda as 
relações estabelecidas em sala de aula. 
c) Possibilitam mudanças de atitudes que podem aumentar o sucesso dos 
alunos no espaço escolar ou acadêmico. 
d) Contribuem para evitar que o educador, muitas vezes, reproduza as 
relações de coação que aumentam a dificuldade de aprendizagem e, 
por consequência, os índices de evasão e reprovação – sejam estes 
escolares ou universitários. 
 
 
 
 25 
Introdução 
Nesta aula, você vai conhecer duas das principais correntes filosóficas da 
Psicologia que muito influenciaram a educação: o elementarismo e o 
estruturalismo. 
 
A partir dessas correntes, surgiram as teorias da aprendizagem behavioristas, 
e, contrárias a estas, o gestaltismo, que trouxe contribuições significativas 
para as práticas educativas brasileiras. 
 
Aqui, vamos estudar, de forma breve, cada um desses temas, de modo que 
você possa entender sua importância no contexto acadêmico atual. 
 
Objetivo 
Identificar os principais pressupostos teórico-metodológicos do 
elementarismo e do estruturalismo nas correntes de aprendizagem 
contemporâneas. 
 
Conteúdo 
Abordagens psicológicas: criação de pressupostos teóricos 
Na aula anterior, entendemos que as teorias expressam um conjunto de 
valores, conceitos e princípios que representam visões de mundo em que nos 
baseamos para compreender a realidade. 
 
Devido à diversidade humana, esses pontos de vista podem divergir ou 
mesmo se complementar. Foi justamente a partir de concepções distintas e, 
por vezes, opostas que as correntes teórico-explicativas foram criadas – 
assunto sobre o qual discutiremos aqui. 
 
 
 26 
Aliada ao grande avanço econômico da sociedade, no início do século XX, a 
característica diversa da Psicologia passou a mobilizar as primeiras 
abordagens da área. 
 
No momento que essa ciência se estabeleceu, diversas correntes se 
formaram, criando o que podemos chamar de bandeiras de luta ou 
pressupostos teórico-metodológicos 9 . Isso ocorre quando qualquer 
saber científico é firmado. 
 
Com base, então, nessas escolas, inúmeras teorias foram elaboradas. Vamos 
conhecer, a seguir, algumas delas! 
 
Psicologia estrutural e elementarista 
Entre as correntes teóricas criadas a partir das abordagens psicológicas, estão 
o elementarismo e o estruturalismo, que buscam compreender o 
comportamento humano e a aprendizagem através dos elementos básicos 
que os compõem. 
 
Tanto para a psicologia estrutural quanto para a elementarista, o que importa 
é estudar os fatores psíquicos e as condutas do homem – aqueles que podem 
ser observados, medidos e decifrados por meio de investigações em 
laboratório. 
 
Nesse caso, não se enfatizam as características cognitivas do indivíduo, mas 
as explicações objetivas quanto a suas atitudes diante de situações diversas. 
 
 
9 Pressupostos teórico-metodológicos 
Estimativas ou probabilidades teóricas que são testadas e avaliadas na prática cotidiana. 
As diversas ciências estabelecem seus pressupostos, mas, com a evolução tecnológica e 
social, eles podem ser refutados ou confirmados. Por isso, algumas teorias se mantêm, 
outras podem ser ultrapassadas e negadas, sem que, com isso, sejam consideradas sem 
valor para a história científica em si. 
 
 27 
De acordo com tais vertentes teóricas, os comportamentos devem ser 
entendidos a partir da troca entre o sujeito e o meio em que está inserido. 
Em outras palavras, todo comportamento precisa ser examinado e avaliado 
com base nas respostas a determinados estímulos. 
 
Disso resultou o surgimento da psicologia E-R – Estímulo-Resposta! 
 
Associacionismo 
Na Psicologia, a corrente teórica que representou, a princípio,a concepção 
apresentada anteriormente foi o associacionismo 10 , cujo primeiro 
representante chamava-se Edward L. Thorndike11. 
 
Esse estudioso elaborou a primeira teoria de aprendizagem: a lei do efeito, 
pautada em um princípio utilitarista e não filosófico. 
 
De acordo com ela, todo comportamento tende a se repetir caso seja 
recompensado imediatamente após sua emissão. Em caso contrário, essa 
conduta não acontece. 
 
Teoria behaviorista 
Seguindo a linha de raciocínio anterior e avançando na criação de correntes 
teórico-explicativas sobre o comportamento humano, surgiu o 
 
10 Associacionismo 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 42): 
“O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um 
processo de associação de ideias – das mais simples às mais complexas. Assim, para 
aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria, primeiro, aprender as ideias mais 
simples, que estariam associadas àquele conteúdo”. 
11 Edward L. Thorndike 
Psicólogo e pedagogo norte-americano, um dos pais da psicologia da aprendizagem. De 
acordo com esse estudioso, podemos reduzir o processo de aprendizagem a várias leis, 
tais como a da disposição, a do exercício ou do uso e desuso, e a do efeito – a mais 
importante entre todas essas. 
Adaptado de: <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/t/thorndike.htm>. 
 
 28 
behaviorismo12. O principal e mais reconhecido teórico dessa vertente de 
estudo é Burrhus Frederic Skinner13. 
 
Às vezes mal compreendido, Skinner desenvolveu seus pressupostos a partir 
de estudos de behavioristas contemporâneos – entre eles Ivan Pavlov14, 
Thorndike e John Broadus Watson15. 
 
Mas, ao contrário do que se difunde, ele não aceitou uma psicologia E-R 
simplista e descontextualizada. Skinner defendia que o homem é um ser em 
constante evolução, que influencia o ambiente e é por ele influenciado. 
 
Para o estudioso, a dualidade do condicionamento clássico – E-R – não 
explica a complexidade de comportamentos humanos. Por isso, ele classificou 
 
12 Behaviorismo 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 58): 
“O termo behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo 
publicado em 1913, que apresentava o título Psicologia: como os behavioristas a veem. 
 
O termo inglês behavior significa comportamento. Por isso, para denominar essa 
tendência teórica, usamos o termo behaviorismo – além de comportamentalismo, teoria 
comportamental, análise experimental do comportamento e análise do comportamento”. 
 
13 Burrhus Frederic Skinner 
Um dos psicólogos de maior influência na América, que baseia seu trabalho nos 
comportamentos observáveis das pessoas e dos animais. Influenciado pelas ideias de 
Watson, de Pavlov e de Torndike, Skinner desenvolveu uma nova corrente behaviorista: 
a análise científica do comportamento. 
Adaptado de: <http://www.oocities.org/eduriedades/skinner1.html>. 
 
14 Ivan Pavlov 
Fisiologista e médico russo, criador da teoria dos reflexos condicionados – que 
influenciou a compreensão do papel do condicionamento na psicologia do 
comportamento. 
Adaptado de: <http://www.algosobre.com.br/biografias/ivan-pavlov.html>. 
 
15 John Broadus Watson 
Um dos psicólogos mais influentes do século XX, autor fundamental da psicologia 
comportamental. Para Watson, a Psicologia não devia ter nenhum tipo de preocupação 
introspectiva, filosófica ou motivacional, mas apenas e simplesmente os 
comportamentos objetivos, concretos e observáveis. 
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$john-broadus-watson>. Acesso em: 11 fev. 
2014. 
 
 
 29 
as condutas de maneira deliberada, voluntária, ativa – aquelas capazes de 
produzir mudanças sobre o ambiente de operantes16. 
 
Saiba, adiante, de que forma essas concepções contribuíram para as práticas 
educativas. 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre a relação entre condicionamentos e 
comportamentos operantes bem como refletir sobre seu 
poder no cotidiano do ser humano, sugerimos que assista 
ao filme O show de Truman. 
 
Contribuições do behaviorismo 
 
Todas as teorias são criadas e difundidas dentro de um contexto 
sócio-histórico. 
 
Partindo dessa premissa, vamos entender como as teorias behavioristas 
iniciais influenciaram a atuação docente. 
 
 
16 Operantes 
Sobre a prevalência do comportamento operante, Lefrançois (2012) afirma: 
 
“Skinner acreditava que a maioria dos comportamentos importantes nos quais as pessoas 
se envolvem é operante. Caminhar até a escola, escrever uma carta ou um texto, 
responder uma pergunta, sorrir para um estranho, coçar a orelha do gato, pescar, limpar 
a neve com uma pá, esquiar e ler são todos exemplos de comportamentos operantes. 
Mesmo pensar é operante – uma forma oculta (interna) de comportamento verbal. 
Embora possa haver estímulos conhecidos e observáveis que, seguramente, levem a 
alguns desses comportamentos, o ponto crucial é que eles não são centrais em qualquer 
aprendizagem que ocorrer. O que é central são as consequências das respostas”. 
 
 30 
No momento de sua elaboração, a Psicologia – enquanto ciência – buscava o 
reconhecimento desses vieses teóricos. Por isso, eles se disseminaram e 
ganharam importância. 
 
De acordo com Moreira (2011) e Gamez (2013), as ideias originadas do 
behaviorismo dominaram, durante muito tempo, as atividades didático-
pedagógicas – principalmente nas décadas de 1960 e 1970 –, tomando como 
base a seguinte associação: 
 
 
 
 
 
 
assim como 
 
 
 
 
 
 
No ambiente educacional da época, também havia forte necessidade de 
organizar ações pedagógicas que pudessem sistematizar e potencializar a 
atuação dos professores, a partir da universalização do ensino. 
 
Alguns teóricos engajados na onda behaviorista, principalmente nos Estados 
Unidos, defendiam que, para reconhecê-la, seria fundamental abandonar a 
introspecção – olhar para dentro de si –, ou seja, a visão subjetiva dos 
fatos. 
 
Em seu lugar, eles pregavam a importância de seguir as regras do método 
científico, definindo objetos de estudo claros e precisos, e utilizando 
procedimentos objetivos de observação e controle. 
 
Veja alguns fatores relevantes que fizeram dessa corrente um fundamento 
tecnológico importante para a área da educação: 
COMPREENSÃO DO 
COMPORTAMENTO 
EDUCADOR 
ESTUDO DA 
CÉLULA 
MÉDICO 
 
 31 
 
 A seriedade e o rigor metodológico com que os conceitos foram 
tratados; 
 A busca de explicações objetivas para o comportamento humano; 
 As técnicas criadas e testadas de forma exaustiva. 
 
Não podemos nos esquecer de que o comportamento é muito influenciado 
pelas características do meio e por ele condicionado e moldado. 
 
Por isso, ainda hoje, os reflexos do pensamento behaviorista são percebidos 
no cotidiano de professores e alunos, em situações diversas dentro das quais 
desejamos manter condutas que favoreçam a aprendizagem. 
 
Basta lembrar um pouco de sua própria trajetória educacional: 
 
 Quantas vezes você foi recompensado ao tirar uma boa nota na 
escola? 
 Quais eram os prêmios de que você mais gostava? 
 Quais eram aqueles que se empenhava muito para receber? 
 
Toda essa metodologia de ensino baseada em estímulos e respostas 
fundamenta-se nessa corrente teórica! 
 
Gestaltismo: outros caminhos para a educação 
As ideias behavioristas receberam muitas críticas, principalmente devido à 
ênfase dada à técnica em detrimento do valor humano. Algumas teorias se 
colocaram declaradamentecontrárias a seus princípios, como é o caso do 
gestaltismo17. 
 
 
17 Gestaltismo 
Também chamado de psicologia da Gestalt ou psicologia da forma. 
 
 32 
Preocupados em compreender os processos psicológicos que envolviam a 
ilusão de ótica, alguns teóricos iniciaram estudos sobre a percepção. Entre 
eles, estão: 
 
Max Wertheimer 
Psicólogo alemão que defendia que a explicação para os fenômenos 
psíquicos estaria fundamentada na descrição do campo fenomenal. 
Disponível em: 
<http://www.knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/wertheimermax.htm>. 
Acesso em: 11 fev. 2014. 
 
Wolfgang Köhler 
Psicólogo norte-americano que conduziu novos conceitos sobre a 
percepção, a aprendizagem e a inteligência animal. 
Disponível em: 
<http://www.biografiasyvidas.com/biografia/k/kohler_wolfgang.htm>. 
Acesso em: 11 fev. 2014. 
 
Christian Von Ehrenfels 
Psicólogo e filósofo austríaco que pregava que, para haver apreensão 
de um objeto, todos os seus componentes deveriam ser percebidos em 
conjunto. 
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$ehrenfels>. Acesso em: 11 fev. 2014. 
 
 
Os experimentos nessa área os levaram à fundamentação e ao 
questionamento de preceitos do behaviorismo. A crítica principal dos 
gestaltistas a essa corrente teórica referia-se à ideia de que o comportamento 
estudado de forma isolada do contexto pode perder seu significado. 
 
De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), e Burow e Scherpp 
(1985), para os adeptos do gestaltismo, toda conduta humana deve ser 
 
 33 
compreendida sempre em seus aspectos mais globais para que possam 
favorecer bons insights18. 
 
Em outras palavras, é a forma como percebemos os estímulos que determina 
nosso comportamento. O modo como os elementos são organizados dita a 
qualidade (ou não) desse entendimento. 
 
Para que tais aspectos sejam bem avaliados, é necessário: 
 
 Equilíbrio; 
 Simetria; 
 Estabilidade; 
 Simplicidade. 
 
Somente assim, alcançamos o que eles chamam de boa forma – único 
princípio simples que governa a percepção e o pensamento. 
 
Conheça melhor as bases desse princípio a seguir! 
 
 
18 Insight 
Fenômeno definido pela psicologia gestáltica como uma compreensão aparentemente 
imediata, uma espécie de entendimento interno. De acordo com Lefrançois (2012, p. 
205), trata-se da: 
 
“[...] percepção das relações entre os elementos de uma situação-problema, o que 
significa solucionar uma dificuldade pelo conhecimento dessas relações. [Por isso, o 
insight configura-se como um] tipo de pensamento relacional [...]”. 
 
 34 
 
 
Atenção 
 Apesar de essa teoria não apresentar princípios de 
aprendizagem tão simples e claros quanto os do behaviorismo 
de Skinner, muitos experimentos da Gestalt foram empregados 
na área pedagógica. 
 
Mas, conforme aponta Lefrançois (2012), essa vertente de 
estudos da Psicologia: 
 
“[...] não é tão facilmente aplicada às firulas das práticas 
educacionais dentro das salas de aula”. 
 
Isso não significa, contudo, que suas implicações sejam 
irrelevantes. 
 
Princípios da psicologia da forma 
Alguns preceitos gestálticos sobre os estímulos a nossa percepção com vistas 
à boa forma devem ser respeitados na organização do conteúdo de uma aula, 
disciplina ou curso e na maneira de apresentá-lo aos alunos. 
 
Toda experiência perceptiva ou cognitiva é governada por quatro desses 
preceitos. São eles: 
 
1. Proximidade – os elementos mais próximos tendem a ser agrupados; 
2. Semelhança ou similaridade – os elementos semelhantes são 
agrupados; 
3. Fechamento – os elementos que faltam para garantir a compreensão 
do conteúdo tendem a ser completados; 
 
 35 
4. Continuidade – os fenômenos perceptivos tendem a ser percebidos 
como contínuos. 
 
Também há uma orientação aos educadores e pais, por exemplo, nesse 
sentido: eles devem rejeitar problemas que levem os estudantes à tentativa 
de resolver questões de inúmeras formas, o que, de acordo com essa 
corrente teórica, levaria à memorização e à solução por ensaio e erro. 
 
Percebemos, então, que a psicologia da forma trouxe grandes contribuições 
para a educação. Conheça algumas delas adiante. 
 
Contribuições do gestaltismo 
De acordo com Lefrançois (2012, p. 213): 
 
“As situações de aprendizagem deveriam ser estruturadas de 
forma que os aprendizes pudessem ter um insight”. 
 
Essa orientação originada do gestaltismo é bastante significativa e deu 
suporte ao que hoje chamamos de construtivismo19. Ela só reafirma a ideia 
de que a Gestalt preocupou-se, fundamentalmente, com: 
 
 A percepção; 
 A consciência; 
 A solução de problemas. 
 
Além disso, por ter rejeitado o behaviorismo, os princípios dessa corrente de 
pensamento abriram espaço para novos questionamentos e posicionamentos 
 
19 Construtivismo 
De acordo com Lefrançois (2012, p. 214): 
 
“As abordagens construtivistas são métodos altamente centrados no aprendiz e refletem 
a crença de que a informação significativa é construída por ele, e não dada a ele [...]. 
Os métodos do construtivismo encorajam a aprendizagem pela descoberta, as 
abordagens cooperativas dentro da sala de aula e a participação ativa do aluno no 
processo de ensino e aprendizagem”. 
 
 36 
teóricos – principalmente aqueles que pretendiam valorizar uma 
aprendizagem mais significativa e menos quantitativa. 
 
Na próxima aula, discutiremos mais sobre o construtivismo, mas, agora, 
vamos aprofundar nossos estudos através de um exercício! 
 
Atividade proposta 
Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Primeiro, leia os 
quadrinhos a seguir: 
 
 
 
Fonte 
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
 
Como você percebeu, a professora de Mafalda parece seguir uma 
das teorias de aprendizagem estudadas ao longo do conteúdo. 
Identifique-a, justificando sua resposta. 
 
 
 
 37 
Referências 
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma 
introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
GAMEZ, L. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 
 
LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cencage 
Tearming, 2008. 
 
MOREIRA, M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999. 
 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
A teoria comportamental ou behaviorista possui vários pressupostos, todos 
baseados na prevalência do meio sobre as ações do indivíduo. Assim, assinale 
aquele que mais expressa estes pressupostos: 
 
a) O ambiente dá condições de a criança aprender, mas não promove 
nenhuma modificação em seu comportamento. 
b) Nem tudo pode ser aprendido – considerando que a criança já nasce 
com uma determinação biológica, é esta que vai preponderar sobre o 
ambiente. 
c) Quando educamos uma criança, temos de levar em conta suas 
tendências, aptidões e influências genéticas, pois apenas isso é 
determinante para seu desenvolvimento. 
d) Tudo pode ser aprendido – crianças saudáveis e bem formadas estão 
aptas para o treino, o que pouco interfere em suas tendências, 
aptidões e em suas influências genéticas. 
 
 
 
 38 
Questão 2 
Os behavioristas apresentam diversos estudos que comprovam suas teorias. 
Os mais significativos são aqueles que envolvem estudos com gêmeos. Veja 
um exemplo: 
Jonas e João são gêmeos idênticos. Ao nascerem, foram separados 
e enviados a ambientes diferentes. 
 
Depois de alguns anos, compararam seuscomportamentos e ficou 
comprovado que o menino que estivera submetido ao ambiente 
mais estimulante apresentava rendimento escolar superior ao de 
seu irmão, que fora exposto a um ambiente pouco incentivador. 
 
Em função do que estudamos, os behavioristas admitem que o rendimento 
escolar dos gêmeos resultou de: 
 
a) Mutação genética. 
b) Determinação hereditária. 
c) Desenvolvimento embrionário. 
d) Predomínio dos fatores ambientais sobre os herdados. 
 
 
Questão 3 
A escola behaviorista foi criada nos Estados Unidos, no século XIX, e tinha 
como objetivo estudar o comportamento humano e as possibilidades de 
aprendizagem. Muitos conceitos importantes fazem parte dessa teoria, que 
tem forte aplicação na prática educativa. 
 
Entre eles, destacamos a noção de reforço, pensada a partir da lei do efeito, 
que se pode definir da seguinte forma: 
 
a) Forma de extinguir o comportamento, adotando sempre a punição 
como procedimento. 
 
 39 
b) Recompensa pelos bons comportamentos humanos, que deve ser 
aceita universalmente pela população. 
c) Apresentação de um estímulo agradável ou desagradável, 
recompensador ou aversivo, que aumenta ou reduz a frequência de 
algum comportamento. 
d) Estímulo que utiliza algumas sanções dolorosas para o aumento da 
produtividade nas empresas e para a aprendizagem de 
comportamentos adequados no espaço educativo. 
 
 
Questão 4 
De acordo com a psicologia da Gestalt, nossa percepção é organizada a partir 
de alguns princípios básicos que podem facilitar ou prejudicar a apreensão da 
realidade. Assinale o princípio que NÃO corresponde àqueles descritos por 
essa abordagem: 
 
a) Proximidade 
b) Semelhança 
c) Incongruência 
d) Fechamento 
 
 
Questão 5 
Para a psicologia da Gestalt, a forma como percebemos os estímulos 
determina nosso comportamento, e a maneira pela qual os elementos são 
organizados dita a melhor qualidade (ou não) de nossa percepção. A esse 
princípio, os gestaltistas denominaram: 
 
a) Insight 
b) Proximidade 
c) Boa forma 
d) Semelhança 
 
 40 
Introdução 
Até este momento, você já conheceu algumas teorias importantes para a 
prática pedagógica. 
 
Nesta aula, vamos destacar aquelas que contribuíram para a evolução do 
trabalho docente. Sendo assim, você estudará as vertentes teóricas da 
aprendizagem de base construtivista e interacionista. 
 
Essas abordagens apoiam muitas práticas de sucesso, pois consideram 
essenciais os vários atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem 
e, acima de tudo, a participação ativa de alunos e professores para alcançar 
um aprendizado efetivo e de qualidade. 
 
Objetivo 
Identificar e descrever os princípios teóricos básicos do construtivismo 
e do interacionismo, enquanto filosofias e ciências, que embasam a 
proposta metodológica de uma prática docente de qualidade, 
atualizada com as mudanças constantes da sociedade e do mercado de 
trabalho. 
 
 
 
 
 41 
Conteúdo 
Teorias ultrapassadas 
 Na primeira aula, conhecemos os principais conceitos em que se baseiam as 
discussões sobre a área da educação. 
 
Na segunda, identificamos os princípios elementaristas e estruturalistas de 
aprendizagem, bem como duas importantes correntes teóricas que 
fundamentaram – e ainda fundamentam – muitas práticas educativas: o 
behaviorismo e o gestaltismo. 
 
Para darmos continuidade a nosso estudo, propomos a seguinte reflexão: 
 
Quais são, para você, as características que descrevem os bons 
alunos? Você acredita que seria possível ensiná-las? Como? 
 
As teorias que vimos anteriormente foram muito criticadas por diversos 
teóricos das mais diversas áreas do conhecimento. 
 
Em todas as críticas, expressa-se a insatisfação com um modelo que 
considera o ser humano passivo diante do mundo – o meio em que vive – ou 
de suas características herdadas – a priori. 
 
No lugar dessas vertentes teóricas, enfatiza-se outro viés cujas bases 
modificam tais paradigmas ultrapassados. Vejamos, a seguir, em que 
parâmetros essa nova visão se ancora. 
 
Princípio da transformação 
Atualmente, as pessoas tendem a rejeitar teorias que não expressem uma 
visão de mundo dinâmica – com características que englobem o princípio da 
transformação do ser e do universo. 
 
 
 42 
De acordo com Becker (2001, p. 111): 
 
“[...] todo o universo, nos níveis micro e macro, está em 
movimento. Se ele está em movimento, está se constituindo, 
está se construindo”. 
 
Esse princípio da transformação está na essência do próprio indivíduo. 
Portanto, é necessário buscar e construir teorias que exprimam essa ideia. 
 
Na Psicologia, um importante representante dessa abordagem teórica foi 
Jean Piaget20 (1896-1980). 
 
Esse estudioso construiu um corpo teórico-filosófico extremamente relevante 
para a área pedagógica, denominado epistemologia genética21, sobre o 
qual estudaremos a partir de agora. 
 
 
20 Jean Piaget 
Um dos mais importantes pesquisadores de educação e pedagogia, que se especializou 
em psicologia evolutiva e no estudo de epistemologia genética. Suas pesquisas sobre 
pedagogia revolucionaram a educação, bem como derrubaram várias visões e teorias 
tradicionais relacionadas à aprendizagem. 
 
Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/piaget/>. Acesso em: 18 fev. 2014. 
 
21 Epistemologia genética 
De acordo com Becker (2001, p. 112), na ciência denominada epistemologia genética, 
Piaget busca demonstrar: 
 
“[...] como o homem, logo que nasce, apesar de trazer uma fascinante bagagem 
hereditária que remonta a milhões de anos de evolução, não consegue emitir a mais 
simples operação de pensamento ou o mais elementar ato simbólico. 
 
[...] no meio social, por mais que sintetize milhares de anos de civilização, [ele] não 
consegue ensinar a esse recém-nascido o mais elementar conhecimento objetivo. Isto é, 
o sujeito humano é um projeto a ser construído; o objeto é, também, um projeto a ser 
construído. 
 
Sujeito e objeto não têm existência prévia, a priori: eles se constituem, mutuamente, na 
interação. Eles se constroem”. 
 
 43 
Epistemologia genética 
O princípio básico da teoria piagetiana afirma que, assim como os objetos do 
mundo, o sujeito é um projeto a ser construído, sem existência prévia. 
 
Ambos – sujeito e objeto – constituem-se, formam-se e 
complementam-se mutuamente pela INTERAÇÃO. 
 
O mundo de hoje é dinâmico de tal forma que os conceitos, as relações, as 
tecnologias, os intrumentos utilizados pelo homem estão em constante 
transformação e evolução. 
 
A mudança obriga o indivíduo a repensar, com frequência, sobre si mesmo, 
sobre seus relacionamentos, suas aquisições e seus valores. 
 
 
 
 
 
 
 
 44 
Em função da reflexão anterior, concluímos que todo o conhecimento do 
homem é construído/produzido a partir das próprias relações e trocas que 
estabelece com o mundo. Mas como se dá essa construção? Vejamos... 
 
 
 
 
 
 
HOMEM – AÇÃO – MEIO 
A partir do momento em que nasce, o homem atua sobre o meio ambiente 
em que está inserido: chora, dorme, sorri, manipula os objetos a sua volta. E 
é através dessas trocas com pessoas e objetos que ele vai conhecendo o 
mundo. 
 
DESEQUILÍBRIO 
Quando se depara com situações desconhecidas, o indivíduo “sai de sua zona 
de conforto” e entra em um estado que chamamos de DESEQUILÍBRIO. 
 
ADAPTAÇÃO 
O estado de desequilíbrio, por sua vez, obriga o sujeito a buscar respostas, a 
“correr atrás do prejuízo” ou, teoricamente falando, a buscara ADAPTAÇÃO 
ao meio. Esse processo consiste em tentar compreender o mundo com os 
instrumentos e conhecimentos de que se dispõe. 
 
ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO 
Ao perceber que os saberes que possui são insuficientes para lidar com o 
novo, o homem passa pela etapa de ASSIMILAÇÃO. Sendo assim, ele busca 
outros conceitos, outros objetos até encontrar aqueles que permitam uma 
 
 45 
boa relação com esse novo. Nesse contexto, o sujeito entra em um estado de 
ACOMODAÇÃO. 
 
 
Atenção 
 De acordo com Becker (2001, p. 112): 
 
“O sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: essa ação 
assimiladora transforma o objeto. O objeto, ao ser assimilado, 
resiste aos instrumentos de assimilação de que o sujeito dispõe 
no momento. 
 
Por isso, o sujeito reage, refazendo esses instrumentos ou 
construindo novos instrumentos, mais poderosos, com os quais 
se torna capaz de assimilar, isto é, de transformar objetos cada 
vez mais complexos. Essas transformações dos instrumentos de 
assimilação constituem a ação acomodadora”. 
 
 
EQUILIBRAÇÃO 
Por fim, ao mesmo tempo em que encerra uma etapa, o estado de 
acomodação apronta o indivíduo para novas aprendizagens em um processo 
dinâmico e constante, denominado EQUILIBRAÇÃO. 
 
Construtivismo: educar para transformar 
A partir da compreensão da relação HOMEM-MEIO, é possível perceber que, 
para o construtivismo, a aprendizagem é um processo dinâmico, ativo, que 
instiga o sujeito a adquirir novos conhecimentos. Por isso: 
 
CONHECER = TRANSFORMAR O OBJETO E A SI MESMO 
 
 
 46 
De acordo com a teoria construtivista, o processo educacional implica a 
transformação dos indivíduos e do próprio mundo. É por meio das interações 
que mantém com os que estão a sua volta, com sua cultura, que o homem se 
transforma e pode modificar a si e ao meio a seu redor. 
 
Em outras palavras, a construção do conhecimento e a transformação do 
mundo dependem diretamente das condições inerentes ao sujeito e do meio 
em que está inserido. 
 
No filme “Vem dançar”, por exemplo, podemos destacar algumas 
personagens que mediante novos conhecimentos e compreensão 
interpretação da realidade tiveram certas posturas que nos permite fazer a 
ligação entre suas ações e conceitos importantes da teoria construtivista. 
Assista ao filme e tente identificar. 
 
A concepção construtivista derruba a crença de que o saber é dado a priori – 
hereditariamente – ou pelo meio – empiricamente. Afinal, de acordo com essa 
visão: 
 
O conhecimento é construção! 
 
Conforme aponta Becker (2001), essa ideia afeta o pensamento humano, em 
particular, e a noção de humanidade como um todo, além de modificar toda a 
forma de conceber a educação. 
 
Se o conhecimento não está pronto, se o sujeito é parte intrínseca da 
produção e reprodução desse saber, há infinitas possibilidades de adquiri-lo. 
Esse ponto de vista renova a forma de enxergarmos a nós mesmos, às 
pessoas a nossa volta, às questões sociais e políticas. 
 
 
 47 
Mas por que essa teoria ganhou tanta expressão no contexto educacional? 
Quais são suas influências no cotidiano acadêmico e de que forma modifica as 
relações pedagógicas? 
 
 
Atenção 
 Nas palavras de Becker (2012, p. 113-114): 
 
“Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma 
técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um 
projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re)interpretar 
todas essas coisas [...]. 
 
Por isso, se parece esquisito dizer que um método é 
construtivista, dizer que um currículo é construtivista parece 
mais ainda; e ainda mais esquisito é afirmar que uma escola é 
construtivista”. 
 
Construtivismo e educação: papel do professor 
A primeira mudança provocada pelo novo paradigma de formação 
humana do construtivismo diz respeito à tomada de consciência do 
professor, que precisa ampliar sua reflexão sobre a prática docente. 
 
Suas atitudes devem levar à apropriação de sua própria atuação, construindo 
e reconstruindo saberes e ações pedagógicas. 
 
Ao instaurar a postura crítica sobre sua prática em sala de aula, o profissional 
da educação passa a preparar a si mesmo e aos sujeitos-alunos para os 
novos desafios da sociedade, dos relacionamentos e do mundo corporativo. 
 
 
 48 
Ele se torna desafiador, provocando desequilíbrios, tirando os estudantes 
das zonas de conforto alienantes, além de incentivador e mediador do 
processo de construção de conceitos e de criação de sentidos. 
 
Logo, com base na concepção construtivista da aprendizagem, as atividades 
educativas devem-se voltar para a resolução de projetos e estar 
contextualizadas com a vida do aluno, com suas necessidades. 
 
 
 
O ensino passa a ser, então, um processo compartilhado, permeado 
por significados orientados para a autonomia do estudante. 
 
Construtivismo e educação: papel do aluno 
Como vimos anteriormente, no contexto educacional, a teoria do 
construtivismo prega que todo o conhecimento precisa ser significativo e 
funcional para estimular o desejo do aluno em aprender. 
 
Nesse caso, o estudante torna-se um sujeito ativo, orientado pelo professor a 
atentar tanto para o processo de aprendizagem quanto para o conteúdo alvo 
de estudo. Por isso, a filosofia do aprender a aprender é tão fundamental! 
 
 
 49 
Seguindo essa lógica, educador e educando configuram-se como 
pesquisadores, atores criativos, questionadores e participantes desse 
processo. 
 
Além disso, as competências do aprendiz, relativas à filosofia do ser e fazer, 
são estimuladas, bem como a autonomia para governar-se, pensar e decidir 
por si mesmo. 
 
Dessa forma, ele identifica e assume direitos e obrigações tanto diante de si 
quanto do grupo ao qual pertence, o que estimula a responsabilidade por ele 
próprio, por seus atos e pelo meio a sua volta. 
 
 
Atenção 
 A partir dos pressupostos construtivistas, a finalidade da 
avaliação também se altera, tornando-se qualitativa e 
progressiva. Afinal, considera-se toda a dinâmica envolvida no 
processo de aprendizagem. 
 
 
 
 50 
Atividade proposta 
Antes de prosseguirmos neste estudo, vamos testar seus conhecimentos 
sobre a teoria do construtivismo? 
 
Observe os quadrinhos a seguir: 
 
 
Fonte 
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
 
Refletindo sobre as implicações dos pressupostos teóricos construtivistas no 
ensino, elabore uma crítica sobre o conteúdo de leitura dado à Mafalda. 
 
Críticas ao construtivismo 
O construtivismo, enquanto filosofia, recebeu algumas críticas por 
negligenciar a função das interações sociais – negligência essa que, talvez, 
tenha-se originado de uma escolha metodológica. 
 
De acordo com La Taille, Oliveira e Dantas (1992), a teoria construtivista 
contentou-se em afirmar que há influências e determinações sociais sobre a 
inteligência humana. 
 
Mas, conforme já apontamos, as divergências teóricas são comuns em áreas 
tão diversas quanto as Ciências Humanas – principalmente a Psicologia. 
 
 
 51 
Não é diferente com o construtivismo, que comporta, inclusive, o 
desdobramento de uma base interacionista, cujos pressupostos afirmam que 
o homem é um ser eminentemente social. 
 
A partir de seus ideais, outros teóricos aprofundaram a relação entre o sujeito 
e o meio em que vive, dando-lhe a devida importância, sem, contudo, 
quebrar o paradigma construtivista filosófico. 
 
Interacionismo: interagir é preciso 
Você acredita que possa haver um homem isolado, independente 
das influências dos diversos grupos aos quaispertence e dos vários 
espaços que frequenta? O homem pode estar imune aos legados da 
história e da tradição? 
 
De acordo com Gamez (2013), o interacionismo defende uma visão de 
desenvolvimento baseada na concepção de um ser humano ativo, cujo 
pensamento é construído, gradativamente, em um ambiente histórico e, por 
essência, social. Nesse caso, enfatiza-se o referido meio e as inter-relações 
humanas. 
 
No Brasil, um teórico interacionista que vem sendo muito estudado é o russo 
Lev Semenovich Vygotsky22 (1896-1934). 
 
O ponto de partida de sua obra são os processos específicos dos seres 
humanos: a linguagem e a cultura, que compreendem o desenvolvimento do 
homem a partir de uma perspectiva histórico-cultural. Para essa abordagem, 
o processo de conhecimento se dá por meio da interação. 
 
22 Lev Semenovich Vygotsky 
Pensador importante e pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das 
crianças ocorre em função das interações sociais e de suas condições de vida. 
 
Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/vigotski/>. Acesso em: 18 fev. 
2014. 
 
 52 
Mas que mudanças essa perspectiva teórica trouxe com relação à 
abordagem construtivista? 
 
Construtivismo X interacionismo 
Para o construtivismo, o processo de aquisição do conhecimento ocorre a 
partir da relação direta entre sujeito e objeto. Já para a abordagem 
interacionista, esse processo se dá, primeiro, pela troca de experiências entre 
indivíduos, o que lhes permite ter acesso ao objeto. 
 
Conforme ressaltam Lefrançois (2008) e Gamez (2013), essa perspectiva 
enfatiza o papel da cultura e da interação social no desenvolvimento humano, 
na consciência de si e do mundo. 
 
Já La Taille, Oliveira e Dantas (1992) destacam que, ao ratificar a importância 
dos fatores culturais, do papel da linguagem e das interações na construção 
dos significados pelo homem, Vygotsky valoriza a relação entre professor e 
aluno, bem como todas as relações sociais como essenciais para o 
desenvolvimento da cognição. 
 
Dentro dessa visão, a evolução humana seguiria do plano interpessoal para o 
intrapessoal. Qual seria, portanto, a tarefa do educador nesse 
contexto? 
 
Interacionismo e educação: papel do professor 
De acordo com a teoria interacionista de Vygotsky, o professor deve ser um 
bom mediador, facilitador das relações entre o aluno e sua cultura. 
Desse modo, ele favorece a internalização dos conceitos difundidos nas inter-
relações socioculturais e históricas. 
 
Seguindo tal ponto de vista, a educação precisa centrar-se em atividades que 
promovam a aprendizagem a partir de interações sociais. 
 
 53 
 
O objetivo principal é compreender os conteúdos sobre os quais se discute no 
cotidiano acadêmico para atuar, de maneira produtiva, em sociedade – temas 
esses que têm de ser definidos em função das necessidades concretas do 
contexto vivenciado pelo indivíduo. 
 
Nesse caso, a relação entre educando e educador se firma da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A abordagem interacionista nos remete diretamente a reflexões sobre a 
cultura na formação humana e sobre seu papel nas práticas educativas. 
Trataremos, mais especificamente, desse assunto, na aula seguinte! 
 
 
Referências 
BECKER, F. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: 
Artmed, 2001. 
 
GAMEZ, L. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 
 
LA TAILLE, I.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: 
teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. 
PROFESSOR 
= 
Mediador da relação 
entre aluno e 
conhecimento 
ALUNO 
 = 
Sujeito concreto e ativo 
ALUNO + PROFESSOR 
= 
Sujeitos políticos 
responsáveis por 
transformações sociais 
 
 54 
 
LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cengage 
Learning, 2008. 
 
MAGGI, L. Estudo aponta cinco características dos bons alunos. (2013). 
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/. Acesso em: 17 fev. 2014. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
A ideia de que os seres humanos constroem seus conhecimentos, ativa e 
socialmente, a partir de suas relações sociais com outros da mesma espécie, 
está relacionada à seguinte corrente de pensamento: 
 
a) Inatismo – aquela que se baseia em possibilidades naturais. 
b) Ambientalismo – aquela que se baseia na relação com o meio 
ambiente. 
c) Interacionismo – aquela que se baseia na relação com o ambiente 
histórico-cultural. 
d) Behaviorismo – aquela que se baseia em fatores ambientais e em suas 
consequências. 
 
 
Questão 2 
Leia a seguinte situação: 
 
“A professora Sabrina dividiu sua turma em grupos de quatro alunos e deu a 
cada um uma folha com exercícios sobre o conteúdo discutido em sua 
disciplina. 
 
A educadora montou os grupos de maneira que, em todos eles, houvesse um 
estudante que dominasse muito o conteúdo, outros com algumas dúvidas e, 
pelo menos, um com muita dificuldade de aprendizagem. 
 
 55 
 
Em seguida, ela pediu que todos trocassem informações, apoiando uns aos 
outros antes de responder as questões”. 
 
Com base no que estudamos ao longo desta aula, podemos afirmar que a 
docente fundamentou essa atividade na seguinte teoria da aprendizagem: 
 
a) Behaviorismo 
b) Construtivismo 
c) Ambientalismo 
d) Interacionismo 
 
 
Questão 3 
De acordo com a concepção de Piaget, o homem é guiado pela busca do 
equilíbrio com o ambiente em que está inserido. 
 
Nessa relação, a adaptação – capacidade do indivíduo de assimilar e 
acomodar novos conteúdos – é o mecanismo que permite ao sujeito ter 
condutas eficientes para atender a suas necessidades e adquirir novos 
conhecimentos. Portanto, para o estudioso, a inteligência é a adaptação 
adequada ao meio. 
 
Dentre as teorias da aprendizagem estudadas, aquela que representa essa 
ideia é a seguinte: 
 
a) Inatismo 
b) Ambientalismo 
c) Construtivismo 
d) Sociointeracionismo 
 
 
 
 
 56 
Questão 4 
Com base nesta aula, podemos afirmar que a concepção interacionista da 
aprendizagem defende a ideia de que o ensino: 
 
a) Não é prioridade se for contextualizado de acordo com as necessidades 
do grupo social. 
b) É um processo de construção compartilhada de significados orientados 
para a autonomia do estudante. 
c) Deve-se preocupar pouco com o significado e a funcionalidade dos 
temas tratados e das atividades propostas, pois o foco não é a relação 
entre diferentes conteúdos curriculares e a sociedade em que o sujeito 
está inserido. 
d) N.R.A. 
 
 
Questão 5 
Tanto o paradigma construtivista quanto o interacionista defendem a 
concepção de que, na relação entre educador e educando: 
 
a) O professor sempre merece lugar de destaque por saber mais do que o 
aluno. 
b) O aluno é um sujeito concreto, ativo e questionador de seu próprio 
conhecimento. 
c) O professor é um sujeito apolítico e, por isso, pouco poder tem sobre 
as transformações sociais. 
d) O professor é aquele que detém mais experiência e que intervém na 
aprendizagem do aluno. 
 
 
 57 
Introdução 
Na aula 1, refletimos sobre o tipo de conhecimento que deve ser priorizado 
nos espaços educativos e sobre sua sistematização. 
 
Na aula 2, baseamos nosso estudo em conhecimentos teóricos e 
metodológicos tradicionais, que não devem ser esquecidos, mas 
ressignificados, revalidados e atualizados. 
 
Já na aula 3, identificamos que a construção do conhecimento crítico 
fundamenta-se em uma relação situadaem um momento histórico e social, 
que também deve ser constantemente reavaliada. 
 
Vamos terminar esta etapa de seu aprendizado discutindo sobre um tema 
muito importante para os educadores: o conceito de cultura e sua relação 
com a aprendizagem. 
 
Nesta aula, você verá que a diversidade cultural pode instituir o que é correto 
dentro de diversas comunidades sociais, o que nos faz refletir sobre as 
noções culturais que envolvem o meio no qual estamos inseridos. 
 
São essas noções que contribuem para a construção do fenômeno da 
aprendizagem, cujos processos afetam diretamente as instituições 
educacionais. 
 
Objetivo 
Reconhecer as relações entre aprendizagem e cultura. 
 
 
 58 
Conteúdo 
Ser humano = ser social 
Você acredita que há uma natureza humana ou somos fruto daquilo que o 
ambiente em que vivemos determina como certo, errado, bom ou ruim? 
 
Será que os grupos com os quais convivemos definem o que devemos 
aprender? Em caso positivo, cabe questionar, então, quanto ao que é 
importante ensinar. 
 
Muitos estudiosos já tentaram naturalizar o comportamento humano, mas 
suas tentativas foram em vão: os fatos e a análise do cotidiano invalidaram 
suas ideias. 
 
A verdade é que os seres humanos variam em função das condições sociais, 
econômicas, políticas e históricas, enfim, do contexto em que estão imersos. 
 
De acordo com Chauí (2002), não há, portanto, fundamento científico, 
filosófico e empírico para a crença de que haveria um gênero humano natural 
e universal. Todos nós somos fruto do meio em que vivemos, ou seja, todos 
nós somos influenciados pelos aspectos culturais que nos circundam. 
 
Mas o que seria, então, cultura? Você saberia definir essa noção? 
 
Vejamos, a seguir, os conceitos de cultura difundidos na sociedade. 
 
 
 
 59 
Conceituando cultura 
A definição do termo cultura é muito diversa. Vamos conhecer os inúmeros 
sentidos atribuídos a essa palavra: 
 
Cultura = nível de saber 
Cultura pode ser sinônimo de posse de conhecimentos ou propriedade de 
alguns indivíduos. Por isso, em algum momento de sua vida, você já deve ter 
ouvido alguém dizer: 
 
“Essa pessoa tem muita cultura, fala muitas línguas!” 
 
Nesse caso, atribuímos prestígio e respeito a quem a possui. 
 
Cultura = arte 
Cultura também pode caracterizar uma atividade artística, como, por 
exemplo, a música popular, a dança folclórica etc. 
 
Cultura = característica de um grupo social 
Podemos, ainda, definir cultura como a qualidade, a característica de um 
grupo. Disso resultam as expressões: 
 Cultura americana; 
 Cultura indígena; 
 Cultura brasileira etc. 
 
Cultura = característica de uma classe social 
Por fim, a cultura pode estar associada à ideia de que, em uma mesma 
coletividade, há aspectos que representam classes sociais distintas. Por isso, 
as denominações: 
 Cultura das elites; 
 Cultura dos pobres; 
 Cultura da massa etc. 
 
 
 60 
Diante da diversidade de conceitos apresentados anteriormente, Chauí (2002, 
p. 293) atribui dois significados básicos para a noção de cultura e 
importantes para nossa discussão. São eles: 
 
1. Aprimoramento da natureza humana pela educação em 
sentido amplo, ou seja, “as obras humanas que se exprimem em 
uma civilização”; 
 
2. “Relação que os humanos, socialmente organizados, estabelecem com 
o tempo e com o espaço, com os outros humanos e com a natureza – 
relações que se transformam e variam”. 
 
O que estaria, então, por trás das inúmeras noções mencionadas? 
 
É simples: a ideia de que não há um determinismo biológico23, muito 
menos geográfico, que caracteriza o ser humano. Em outras palavras, as 
diferenças geográficas24 e genéticas não definem as distinções culturais. 
 
Nós nos moldamos ao meio em que vivemos de acordo com a capacidade de 
que dispomos para tal. Nesse contexto, a aprendizagem é fundamental! 
 
 
23 Determinismo biológico 
De acordo com Laraia (2006, p. 17): 
 
“Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada, 
desde o início, em situação conveniente de aprendizado [...]. Se transportarmos para o 
Brasil, logo após seu nascimento, uma criança sueca e a colocarmos sob os cuidados de 
uma família sertaneja, ela crescerá como tal e não se diferenciará mentalmente em nada 
de seus irmãos de criação”. 
 
24 Diferenças geográficas 
De acordo com Laraia (2006, p. 22): 
 
“[...] existe uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais [...]. Os 
esquimós constroem suas casas (iglus) cortando blocos de neve e amontoando-os em 
formato de colmeia [...]. Os lapões, por sua vez, vivem em tendas de peles de rena [...]. 
A aparente pobreza glacial não impede que os esquimós tenham uma desenvolvida arte 
de esculturas em pedra-sabão [...]”. 
 
 
 61 
Cultura e aprendizagem 
O comportamento humano depende, basicamente, de aprendizado e da maior 
ou menor capacidade de adequação do sujeito ao meio em que está inserido. 
 
Afinal, apesar de suas limitações físicas, o indivíduo interage e atua, 
constantemente, com o espaço geográfico que está a seu redor, podendo 
modificá-lo e ir além de suas fronteiras. 
 
Logo, os fatores que marcam a evolução humana correspondem a sua 
capacidade de aprendizagem e de adaptação – noções em que podemos 
nos ancorar para refletir sobre o conceito de cultura. 
 
Conforme aponta Laraia (2006), a cultura é como uma lente através da qual o 
homem percebe o mundo. Esse modo de ver a realidade influencia as: 
 
 Concepções de vida; 
 Experiências de ordem moral e valorativa; 
 Diferentes condutas sociais; 
 Posturas corporais25. 
 
O ser humano seria, então, o resultado do meio em que foi 
socializado. 
 
Mas se o homem é fruto do ambiente em que está imerso, reflexo de 
numerosas gerações que o antecederam, onde se encaixam as inovações e 
criações do mundo? Como ocorre a evolução humana? Vamos refletir sobre 
isso... 
 
 
25 Posturas corporais 
De acordo com Laraia (2006, p. 70): 
 
“[...] todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização 
do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente, depende de um aprendizado, e 
este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo”. 
 
 62 
 
Atenção 
 De acordo com Laraia (2006, p. 24): 
 
“As diferenças existentes entre os homens [...] não podem ser 
explicadas em termos das limitações que lhes são impostas por 
seu aparato biológico ou por seu meio ambiente. 
 
A grande qualidade da espécie humana está em romper com 
suas próprias limitações: um animal frágil, provido de 
insignificante força física, dominou toda a natureza e se 
transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, 
dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, 
conquistou os mares. Tudo isso porque difere dos outros 
animais por ser o único que possui cultura”. 
 
Sociedade do conhecimento 
O mundo atual está em constante ebulição. Estamos passando por um 
momento de intensas transformações mundiais. 
 
Os especialistas afirmam, inclusive, que a sociedade moderna está 
fragmentada, pois os indivíduos estão descentrados de seu lugar no mundo 
social e cultural por influência do fenômeno da globalização 26 e da 
facilidade de acesso a novas tecnologias – possibilitada pelo surgimento da 
internet. 
 
 
26 Globalização 
De acordo com McGrew (1992 apud HALL, 2004), a globalização é um grande complexo 
de processos

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