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APOSTILA CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS 2017 (1)

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Página | 194
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
CAMPUS DE ASSIS
MANUAL DE DIREITO CIVIL:
CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS
EDIÇÃO 2017
REVISTA, ATUALIZADA E AMPLIADA
PROFESSOR LUIZ ANTONIO RAMALHO ZANOTI
S U M Á R I O
1. COMPRA E VENDA - p. 8
1.1. Caracterização jurídica do contrato de compra e venda - p. 9
Bilateral ou sinalagmático - p. 9
Oneroso - p. 9
Comutativo ou aleatório - p. 10 
Consensual ou solene - p. 10
1.1.5 Translativo do domínio - p. 10
O consentimento dos contratantes sobre a coisa, o preço e demais condições do negócio - p. 11
A pessoa casada - p. 11
Os consortes - p. 11
Os ascendentes - p. 12
Os que têm, por dever de ofício ou por profissão, de zelar pelos bens alheios - p. 14
Os condôminos – p. 15
O proprietário de coisa alugada - p. 15
O enfiteuta - p. 17
O senhorio direto – p. 17
O comprador ou o vendedor, nos contratos que contiverem cláusulas de exclusividade, ajustada por prazo determinado - p. 17
Os menores - p. 17
Cláusulas especiais à compra e venda - p. 17
1.3.1. Retrovenda - p. 18
Da venda a contento e da sujeita a prova - p. 20
Da preempção ou preferência - p. 22
Da venda com reserva de domínio - p. 25 
2. TROCA OU PERMUTA - p. 26
Objeto - p. 26
Relação com a compra e venda - p. 27
3. CONTRATO ESTIMATÓRIO - p. 28
4. DOAÇÃO - p. 29
4.1. Disposições gerais - p. 30
4.1.1. Contratualidade - p. 30
4.1.2. Ânimo do doador de fazer a liberalidade (animus donandi) - p. 31
4.1.3. Transferência de bens ou de direitos do patrimônio do doador para 
 o do donatário - p. 31
4.1.4. Aceitação do donatário - p. 32
4.1.5. Requisitos - p. 34
4.1.5.1. Requisito subjetivo - p. 34
4.1.5.1.1. Os absoluta ou relativamente incapazes - p. 34
4.1.5.1.2. Os cônjuges - p. 34
4.1.5.1.3. O cônjuge adúltero - p. 35
4.1.5.1.4. Entre os consortes - p. 35
O mandatário do doador - p. 36
4.1.5.1.6. As entidades - p. 36
4.1.5.1.7. O falido ou insolvente - p. 36
4.1.5.1.8. Os ascendentes - p. 36
4.1.5.2. Requisito objetivo - p. 36
4.1.5.2.1. Doação inoficiosa - p. 37
4.1.5.2.2. Doação como subvenção periódica ou sucessiva - p. 38
4.1.5.2.3. Em comum a várias pessoas - p. 38
Doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice - p. 38
4.1.5.2.5. Do pagamento de juros moratórios - p. 38
4.1.5.2.6. Reversão da doação no caso de morte do donatário antes do 
 doador - p. 39
4.1.5.2.7. Doação de bens alheios - p. 39
4.1.5.3. Requisito formal - p. 39
4.1.6. Espécies - p. 39
4.1.6.1. Doação pura e simples - p. 39
4.1.6.2. Doação modal ou com encargo ou onerosa - p. 40
Doação remuneratória - p. 40
4.1.6.4. Doação tradicional - p. 41
4.1.6.5. Doação a termo - p. 41
4.1.6.6. Doação de pais a filhos ou de um cônjuge a outro - p. 41
4.1.6.7. Doação conjuntiva - p. 42
4.1.7. Invalidade - p. 42
4.2. Revogação da doação - p. 43
LOCAÇÃO DE COISAS - p. 45
5.1. Espécies de locações - p. 45
5.2. Características gerais - p. 46
6. EMPRÉSTIMO - p. 47
6.1. Conceito - p. 47
6.2. Tipos de empréstimos - p. 47
6.2.1. Comodato - p. 47 
6.2.1.1. Traços característicos - p. 47
6.2.1.2. Requisitos - p. 49
6.2.1.3. Obrigações do comodatário - p. 50
6.2.1.4. Obrigações do comodante - p. 52
6.2.1.5. Extinção - p. 53
6.2.2. Mútuo - p. 53
6.2.2.1. Características - p. 54
6.2.2.2. Requisitos - p. 55
6.2.2.3. Efeitos jurídicos - p. 57
6.2.2.4. Causas extintivas - p. 58
7. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - p. 59
7.1. Noção e caracteres - p. 59
Características - p. 59 
Objeto - p. 60
Remuneração - p. 61
Tempo de duração - p. 62
Modos terminativos do contrato de locação de serviço - p. 63
8. EMPREITADA - p. 63
8.1. Noção e características - p. 63
8.2. Traços característicos - p. 64
8.3. Modalidades - p. 65
8.4. A execução do trabalho pelo empreiteiro - p. 68
Efeitos - p. 68
Direitos do empreiteiro - p. 68
Obrigações do empreiteiro - p. 70
Direitos do dono da obra - p. 72
Deveres do dono da obra - p. 73
Responsabilidade do empreiteiro - p. 74
Responsabilidade do comitente - p. 79
Cessão do contrato de empreitada - p. 80
9. DEPÓSITO - p. 81 
9.1. Noção e elementos característicos - p. 81
Requisitos - p. 82
Modalidades - p. 83
Consequências jurídicas - p. 84
Direitos do depositante - p. 87
9.6. Deveres do depositante - p. 87
9.7. Da prisão do depositário infiel - p. 87
9.8. Extinção do contrato de depósito - p. 89
MANDATO - p. 89
10.1. Disposições gerais - p. 90
10.1.1. Caracteres jurídicos - p. 90
10.1.2. Requisitos - p. 92
10.1.3. Quem pode ser mandatário - p. 93
10.1.4. Quem não pode ser mandatário - p. 94
10.1.5. Espécies de mandatos - p. 94
10.2. Direitos do mandatário - p. 98
10.3. Direitos do mandante - p. 99
10.4. Obrigações do mandatário - p. 101
10.5. Obrigações do mandante - p. 104 
10.6. Extinção do mandato - p. 106 
COMISSÃO - p. 108
11.1. Noção - p. 108
11.2. Caracteres - p. 110
11.3. Comissão del credere - p. 111
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO - p. 112
 Conceito e natureza jurídica - p. 112
Características do contrato de agência - p. 113
Características do contrato de distribuição - p. 115
Remuneração do agente - p. 116
Direitos e obrigações das partes – p. 118
CORRETAGEM - p. 119
 Conceito - p. 119
Natureza jurídica - p. 120
Direitos e deveres do corretor - p. 121
Remuneração do corretor - p. 122
TRANSPORTE - p. 123
Caracteres gerais - p. 123
Natureza jurídica - p. 124
Espécies de transporte - p. 125
O caráter subsidiário da legislação especial, dos tratados e convenções internacionais - p. 126
Transporte cumulativo e transporte sucessivo - p. 126
Direitos do transportador - p. 127
 Obrigações do transportador - p. 128
 Direitos do passageiro - p. 129
 Deveres do passageiro - p. 131
Transporte gratuito - p. 131
Transporte de pessoas - p. 132
14.12. Transporte de coisas - p. 134 
Participantes - p. 135
14.12.2. Conhecimento de frete ou de carga - p. 136
SEGURO - p. 138
15.1. Caracteres jurídicos - p. 139
 Requisitos - p. 141
Modalidades - p. 145
Ação Regressiva contra o autor do sinistro - p. 148
Do atraso no adimplemento de parcelas do prêmio - p. 148
Quem não pode ser beneficiário de seguro - p. 150
Da substituição de beneficiário - p. 151
Da impenhorabilidade do seguro - p. 151
Da força executiva do contrato de seguro - p. 151
Da exposição que agrave o risco - p. 151
Do dever de lealdade do segurado - p. 153
Direitos do segurador - p. 155
Deveres do segurador - p. 156
Extinção - p. 157
Prescrição - p. 158
CONSTITUIÇÃO DE RENDA - p. 158
 Noção geral - p. 158
Caracterização jurídica - p. 159
Modos constitutivos - p. 160
JOGO E A APOSTA - p. 161
Noção geral - p. 161
Espécie de jogos - p. 162
Consequências jurídicas do jogo e da aposta - p. 163
FIANÇA - p. 164
 Definição e principais características jurídicas - p. 164
Características - p. 164
Requisitos - p. 166
Responsabilidade do fiador - p. 168
19. TRANSAÇÃO - p. 171
19.1. Definição - p. 171
Elementos constitutivos - p. 171
Modalidades - p. 172
Objeto - p. 173
Natureza jurídica - p. 173
20. DO COMPROMISSO/DA ARBITRAGEM (LEI N. 9.307/96) - p. 173
20.1. Conceito - p. 173 
20.2. Espécies - p. 174
20.3. Pressupostos subjetivos e objetivos - p. 175
20.4. Nulidade do laudo arbitral - p. 176
20.5. Extinção do compromisso - p. 176
21. ATOS UNILATERAIS - p. 177
21.1. Promessa de recompensa - p. 177
21.1.1. Conceito e natureza jurídica - p. 177
Requisitos - p. 177
Revogabilidade da promessa - p. 178
21.2. Gestão de negócios - p. 179
21.2.1. Conceito e pressupostos - p. 179
21.2.2. Obrigações do gestor do negócio - p. 180
21.2.3. Obrigações do dono do negócio - p. 180
21.3. Pagamento indevido - p. 181 
21.3.1. Conceito - p. 180
21.3.2. Espécies de pagamentos indevidos - p. 182
Accipiens de boa e de má-fé - p. 182
21.3.4. Recebimento indevido de imóvel - p. 183
21.3.5. Pagamento indevido sem direito à repetição - p. 183
21.4. Enriquecimento sem causa - p. 184
21.4.1. Conceito- p. 184
A disciplina no Código Civil - p. 184 
21.4.3. Requisitos da ação de “in rem verso” - p. 185
22. ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) - p. 186
22.3.1. Conceito - p. 185
22.3.2. Espécies de arrendamento mercantil - p. 186
22.3.3. Extinção do leasing - p. 187
22.3.4. Diferenças fiscais - p. 187
23. FACTORING - p. 187
23.1. Faturização - p. 187
23.1.1. Intervenientes - p. 188
23.1.2. Características - p. 188
23.1.3. Espécies de faturização - p. 188
23.1.4. Extinção do factoring - p. 189
24. TEMAS E CASOS PRÁTICOS DA ÁREA VOLTADOS PARA A REALIDADE REGIONAL DE INSERÇÃO DO CURSO - p. 189
24.1. Engineering - p. 189
24.1.1. Conceito - p. 189
Espécies e características - p. 189
Franquia - p. 190
24.2.1. Conceito - p. 190
Espécies de franquia - p. 191
BIBLIOGRAFIA BÁSICA - p. 192
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR - p. 192
1. COMPRA E VENDA
O contrato de compra e venda está regulado nos Art. 481 e seguintes, do CC, quando tiver como objeto coisas móveis, imóveis, semoventes, sobre coisas incertas.
Se a compra e venda tiver natureza empresarial (a compra e venda de estabelecimento empresarial), ela será norteada pelos Art. 1.143 a 1.148, do CC.
A compra e venda é o contrato por meio do qual uma pessoa (vendedor) se obriga a vender, à outra (comprador), a propriedade de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou em valor fiduciário correspondente.[2: Caio M. S.. Pereira, Instituições, opus cit. p. 147. No mesmo sentido, Orlando Gomes, Contratos, opus cit. p. 263.]
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
A compra e venda por ter como foco a entrega de coisa atual ou futura.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
O preço normalmente é fixado pelas partes, todavia, essa incumbência poderá ser transferida, de comum acordo, para terceiro. Se este recusar o encargo, o contrato de compra e venda fica sem efeito, salvo se as partes, de comum acordo designarem uma outra pessoa.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Esse preço também poderá ser fixado em função dos preços praticados pelo mercado, em determinado dia e lugar. Exemplo disso é a fixação de preço da soja de conformidade com a cotação da Bolsa de Chicago, por exemplo.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
É nulo o contrato de compra e venda que dá poderes para que apenas uma das partes fixe o preço.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
O contrato de compra e venda dá, aos contraentes, tão somente um direito pessoal, gerando para o vendedor apenas uma obrigação de transferir o domínio. 
Consequentemente, produz efeitos meramente obrigacionais, não conferindo poderes de proprietário àquele que não obteve a entrega do bem adquirido. Com ele, não se opera a transferência da propriedade, que somente se concretiza mediante a tradição, se a coisa for móvel (RT-398/339; 431/66; STF Súmula 489; CC Art. 1.267), ou pelo registro do título aquisitivo no cartório competente, se o bem for imóvel (CC Art. 1.227, 1.245 a 1.247; Dec. n. 92.592/86, Art. 2o. e 3o., se compra e venda de imóvel não abrangido pelo Sistema Financeiro da Habitação (RT-489/93, RJTJSP 41/390). (Diniz, 2007, p. 174)
Se houve contrato e pagamento do preço, sem entrega do bem, o comprador não é proprietário, de modo que se o vendedor o alienar novamente a terceira pessoa, o primitivo comprador não terá direito de reivindicá-lo, mas apenas de exigir que o vendedor lhe pague as perdas e danos (Rodrigues, 154-157; Gomes 263 e 267 a 269).
Todavia, esse princípio não é absoluto, pois há casos em que o nosso direito permite a transferência do domínio pelo contrato (Art. 8o., do Dec.-lei n. 3.545/41, na compra e venda de títulos da dívida pública da União, dos Estados e dos Municípios (Art. 1.361, do CC), que dispõe que a alienação fiduciária transfere a propriedade independentemente da tradição (RT-486/136, 512/160, 522/113, 524/153, 511/240, 501/191, 525/136, 471/170, 504/150, 531/234, 528/259, 529/119, 536/120). 
1.1. Caracterização jurídica do contrato de compra e venda
Os contratos de compra e venda são assim caracterizados:
Bilateral ou sinalagmático
Cria obrigações para ambos os contratantes, que serão ao mesmo tempo credores e devedores. A bilateralidade está no fato de estabelecer, para o vendedor, a obrigação de transferir a propriedade da coisa alienada, e de impor, ao comprador, o dever de pagar preço avençado. 
Se não houvesse essa reciprocidade de obrigações, ter-se-ia, por exemplo, uma simples doação.
É muito importante essa característica, pois a execução da prestação por um dos contraentes será causa do cumprimento da do outro, e, havendo inadimplemento de qualquer uma das obrigações, romper-se-á o equilíbrio contratual. (Diniz, 2007, p. 175)
Oneroso
Deve-se ao fato de que ambas as partes contratantes auferem vantagens patrimoniais de suas prestações, pois, de um lado, o sacrifício da perda da coisa corresponderá ao proveito do recebimento do preço avençado, e, de outro lado, o sacrifício do pagamento do preço ajustado corresponderá ao proveito recebido da coisa. Há, pois, uma equivalência entre o ônus e as vantagens. (Diniz, 2007, p. 175)
Comutativo ou aleatório
Em regra é comutativo porque havendo objeto determinado, ter-se-á equivalência das prestações e contraprestações, e certeza quanto ao seu valor no ato da celebração do negócio. Será excepcionalmente aleatório nas hipóteses previstas no Art. 458 e 459, do CC: a emptio spei e a emptio rei speratae. (Diniz, 2007, 175)
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Consensual ou solene
Comumente é consensual, formando-se pelo mútuo consenso dos contratantes. Em certos casos, porém, é solene, quando além do consentimento a lei exige uma forma para a sua manifestação, como ocorre na compra de imóveis, em que a lei reclama a forma da escritura pública (Art. 108 e 215). (Diniz, 2007, p. 175)
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validadedos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
Mas, o contrato de compra e venda com financiamento e alienação fiduciária poderá ser celebrado por instrumento particular, a ele se atribuindo o caráter de escritura pública, para todos os fins de direito (Art. 38, da Lei n. 9.514/97, com a alteração da Lei n. 10.931/2004).
1.1.5 Translativo do domínio
O contrato de compra e venda é um título hábil à aquisição do domínio, que só se dá com a tradição e o registro imobiliário, conforme a coisa adquirida seja móvel ou imóvel. (Diniz, 2007, p. 176)
Serve como titulus adquirendi, isto é, constitui em ato causal da transmissão da propriedade gerador de uma obrigação de entregar a coisa alienada e o fundamento da tradição ou do registro.
O consentimento dos contratantes sobre a coisa, o preço e demais condições do negócio
Como o contrato de compra e venda gera a obrigação de transferir a propriedade do bem alienado, pressupondo o poder de disposição do vendedor, será necessário que ele tenha capacidade de alienar, bastando ao adquirente a capacidade de obrigar-se. 
Assim, os absolutamente e os relativamente incapazes só poderão contratar, se representados ou assistidos por seus representantes legais, sob pena de tornarem nulos ou anuláveis os contratos.
As pessoas jurídicas também poderão, através de seus órgãos, ser compradoras ou vendedoras. 
O mesmo se diga dos entes não-personalizados, tais como a massa falida, consórcio, condomínio de edifício, espólio, sociedade em conta de participação (Art. 986 a 996, do CC).
Será imprescindível que tenham, os contratantes, legitimação para contratar, visto haver pessoas que não podem comprar ou vender, em razão de sua peculiar condição ante o negócio que se pretende realizar. (Orlando Gomes, 1983, p. 270)
Daí ser preciso verificar se há restrições legais à liberdade de comprar e vender.
A pessoa casada
Não poderá alienar ou gravar de ônus os bens imóveis do seu domínio, sem a autorização do outro cônjuge, exceto se casados no regime de separação absoluta de bens, e em razão do pacto antenupcial, ou de participação final nos aquestos. (RT-538/135, 597/171, 614/164)
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Os consortes
Não poderão, em regra, efetivar contrato entre si, pois a compra e venda entre marido e mulher é proibida. Se o regime matrimonial for o da comunhão universal de bens, ter-se-á uma venda fictícia, pois os bens do casal são comuns, e ninguém pode comprar o que já lhe pertence
Todavia, mesmo neste regime ou em outro regime matrimonial, tal venda, desde que efetiva e real e não venha a ferir direitos de terceiros, será lícita, relativamente aos bens particulares, ou seja, excluídos da comunhão (Art. 499, 1.659 e 1.668), já que foi adotado o princípio da mutabilidade justificada, previsto no Art. 1.639, § 2o., do CC. 
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Essa venda deveria ser condenável sob o prisma legal, ante o fato de um dos cônjuges poder influenciar o outro. (Orlando Gomes, 1.983, p. 270; Sílvio Rodrigues, p. 166)
Os ascendentes
Os ascendentes não podem vender seus bens para os seus descendentes (filho, neto, bisneto, etc.), sem que os demais descentes e o cônjuge do alienante (salvo se casado sob o regime de separação obrigatória de bens – Art. 1.641; RT-789/180) expressamente consintam por meio de escritura pública ou no mesmo instrumento (público ou particular) do negócio principal, ou, ainda, por meio de mandato com poder especial (Art. 220 e 496 e § único, do CC; RT-701/68, 631/116, 715/134, 713/127, 704/183, 604/220, 593/258, 519/92, 520/273, 444/103, 543/246, 489/71, 526/182, 514/242), porque esta venda de bens móveis ou imóveis poderia acobertar uma doação em prejuízo dos demais herdeiros necessários ao tempo da celebração do contrato. [3: Trata-se de ação anulatória de venda de imóvel urbano em que a alienação foi realizada entre o pai dos autores (irmãos por parte de pai) e o neto (filho de outro irmão por parte de pai já falecido). Ressalta o Min. Relator que o entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário considera, desde o CC/1916 (art. 1.132), que a alienação feita por ascendente à descendente é ato jurídico anulável, sendo que essa orientação se consolidou de modo expresso no novo CC/2002 (art. 496). Explica que, no caso dos autos, regido pelo CC/1916, não há dúvida a respeito dos três requisitos objetivos exigidos, ou seja, o fato da venda, a relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador e a falta de consentimento dos outros descendentes, o que já demonstra presente a nulidade. Os demais requisitos, a configuração de simulação ou, alternativamente, a demonstração de prejuízo, que também estão presentes no caso, são resultantes da evolução da doutrina e jurisprudência, mas ainda sob a regência do CC/1916. Assim, para o Min. Relator, o que era de início apenas anulável consolidou-se nos autos como nulo, devendo subsistir o julgamento do TJ de que a transmissão de bens do ascendente ao descendente, se onerosa, deverá obedecer ao mandamento contido no art. 1.132 do CC/1916 e, em seguida, obrigará o donatário a colacionar, no inventário, aquilo que recebeu (art. 1.785 do CC/1916). Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso do neto. Precedentes citados. (REsp 476.557-PR, DJ 22/3/2004; REsp 661.858-PR, DJe 19/12/2008, e REsp 752.149-AL, DJe 2/12/2010. REsp 953.461-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/6/2011).][4: A venda de bem de ascendente a descendente realizada por intermédio de interposta pessoa, sem o consentimento dos demais descendentes e ainda na vigência do CC/1916 é caso de negócio jurídico simulado que pode ser anulado no prazo quadrienal do art. 178, § 9º, V, b, do referido código, mostrando-se inaplicável a Súmula n. 494-STF. Contudo, anote-se que esse prazo deve ser contado da data da abertura da sucessão do alienante e não da data do ato ou contrato, isso com o intuito de evitar que os descendentes litiguem com o ascendente ainda em vida, o que certamente causa desajuste nas relações familiares. Seria, também, demasiado exigir que os descendentes fiscalizassem, além dos negócios realizados pelos ascendentes, as transaçõesfeitas por terceiros (a interposta pessoa). Outrossim, não convém reconhecer a decadência para a anulação parcial do negócio ao contar o prazo a partir do óbito do ascendente virago, relativamente à sua meação, pois isso levaria também ao litígio entre os descendentes e o ascendente supérstite, o que justifica a contagem do prazo a partir da abertura da sucessão dele, o último ascendente. Ressalte-se que esse entendimento não se aplica às alienações assim realizadas na vigência do CC/2002, pois o novo código trouxe a nulidade do negócio jurídico simulado, não prevendo prazo para sua declaração (vide art. 167 e 169 do mesmo codex). Precedentes citados do STF: RE 59.417-BA, DJ 15/4/1970; do STJ: REsp 151.935-RS, DJ 16/11/1998, e REsp 226.780-MG, DJ 2/9/2002. REsp 999.921-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/6/2011)][5: A 1ª Câmara de Direito Civil do TJ, em decisão de dezembro de 2011, manteve na íntegra sentença da comarca de Porto União que, após anular contrato de compra e venda – visto que firmado entre pais e filha sem anuência dos irmãos -, determinou o reembolso dos valores auferidos pelos vendedores à compradora. Por conta dos danos materiais, a compradora será ressarcida em R$ 23 mil.Os vendedores, judicialmente, alegaram que não receberam os valores acordados na negociação, razão pela qual seria injusto proceder à respectiva indenização. Contudo, a escritura pública, lavrada e registrada em cartório, deu ciência da quitação total do negócio."A escritura pública firmada por tabeliã trata-se de documento público que goza de presunção juris tantum de veracidade. Dessa forma, somente prova robusta em sentido contrário poderá elidir a presunção que dela decorre", anotou a desembargadora substituta Denise Volpato, relatora da matéria. Segundo a magistrada, os apelantes não trouxeram sequer indício de prova capaz de demonstrar a inexistência de pagamento dos imóveis negociados, limitando-se a formular alegações genéricas. A votação foi unânime. (Ap. Cív. n. 2007.015957-9)]
A lei não permite anuência tácita. Por isso, se os demais descendentes do vendedor não consentirem expressamente, essa venda será passível de anulação (RT-193/327, 262/510, 789/180). Há que demonstrar, contudo, que a venda foi por valor inferior ao preço praticado no mercado. 
Pela Súmula 494, do STF, a ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, prescrevia em vinte anos, contados da data do ato (RT-522/105, 513/107, 470/94, 502/66, 443/320). 
Contudo, com a promulgação do atual CC, este prazo foi reduzido para dois anos, contados da data da conclusão do negócio (Art. 179)
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Se entre esses descendentes houver menor de idade, será necessária a intervenção de curador especial (JTJ-179/328).
A doação de pai a filho ou de um cônjuge a outro é permitida em direito, e constitui um adiantamento da legítima ou do que lhes cabe por herança (Art. 544, do CC), e o donatário será obrigado a trazer o bem doado -- ou o seu equivalente em dinheiro, se tal bem foi alienado -- à colação, a fim de igualar as legítimas dos herdeiros (Art. 2.002 e 2.003 e § único, do CC; RT-510/75, 470/103).
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação.
Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados.
Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de legítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar as legítimas dos descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade.
Os que têm, por dever de ofício ou por profissão, de zelar pelos bens alheios
Essas pessoas estão proibidas de adquirir, mesmo em hasta pública, bens confiados à sua guarda e administração, sob pena de nulidade, por razões de ordem moral, visto que por velarem pelos interesses do alienante, poderiam desfrutar de certa posição que lhes possibilitaria obter vantagens no negócio, influenciando, de alguma maneira, o vendedor (Art. 497 e 1.749, I, do CC; Art. 690, do CPC; RT-102/660, 120/622).
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
Assim, os tutores, os curadores, testamenteiros e administradores (mandatários, gestores de negócios, síndicos condominiais, administradores de falências, etc.) não poderão comprar bens confiados à sua guarda e administração.
Os servidores públicos não podem comprar os bens ou direitos da pessoa jurídica (da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, por exemplo) a que servirem, ou que estiverem sob sua administração direta ou indireta, visto que poderão influir na deliberação de vender ou na fixação do preço da venda (Art. 497, II, do CC).
Os juízes, secretários de tribunais, escrivães, oficiais de justiça e outros auxiliares da justiça (depositário, perito, contador, partidor, distribuidor, etc.) não poderão adquirir os bens ou direitos, sobre que se litigam em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem, ou a que se estender a sua autoridade. (Art. 497, III, do CC)
Pelo mesmo motivo, a proibição alcança os leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados (Art. 497, IV, do CC; Art. 705 e 706, do CPC), pois são considerados auxiliares da justiça.
Os condôminos
Os condôminos também estão proibidos de vender a sua parte a estranhos, enquanto pender o estado de indivisão, se outro consorte a quiser, tanto por tanto (RT-478/62, 543/144, 545/131, 634/157, 640/172, 494/149, 726/188, 639/153; RJTJSP-138/98, 128/360; RTJ-143/39). Exemplo: um quadro do Portinari que pertence a duas ou mais pessoas.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos,se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
O proprietário de coisa alugada
Para vendê-la, o proprietário deverá dar conhecimento do fato, ao inquilino, que terá direito de preferência para adquiri-la, em igualdade de condição com terceiros (RT-732/286). Se esse prédio estiver sublocado, a preferência é do sublocatário. Se muitos forem os interessados, a preferência será do locatário mais antigo.
O inquilino terá trinta dias subsequentes àquele em que for notificado para exercer o seu direito de preferência (Art. 27 a 31 e 34, da Lei n. 8.245/91).
Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. 
Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente. 
Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de maneira inequívoca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias. 
Art. 29. Ocorrendo aceitação da proposta, pelo locatário, a posterior desistência do negócio pelo locador acarreta, a este, responsabilidade pelos prejuízos ocasionados, inclusive lucros cessantes. 
Art. 30. Estando o imóvel sublocado em sua totalidade, caberá a preferência ao sublocatário e, em seguida, ao locatário. Se forem vários os sublocatários, a preferência caberá a todos, em comum, ou a qualquer deles, se um só for o interessado. 
Parágrafo único. Havendo pluralidade de pretendentes, caberá a preferência ao locatário mais antigo, e, se da mesma data, ao mais idoso. 
Art. 31. Em se tratando de alienação de mais de uma unidade imobiliária, o direito de preferência incidirá sobre a totalidade dos bens objeto da alienação. 
Art. 34. Havendo condomínio no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a do locatário.
O locatário que não for notificado da venda poderá, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, contados do assento do ato competente no Cartório de Registro de Imóveis, desde que o contrato de locação esteja registrado no Registro de Imóveis pelo menos trinta dias antes da venda.
Além disso, o inquilino preterido poderá reclamar, do alienante, perdas e danos (Art. 33, da Lei n. 8.245/91).
Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel.
O enfiteuta[6: Enfiteuse significa o mesmo que aforamento, e se dá, quando por ato entre vivos, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando à pessoa que o adquire uma pensão (ou foro) anual, constituído-se assim em enfiteuta ou foreiro, como é mais conhecido.]
Só poderá alienar o imóvel enfitêutico, a título oneroso ou gratuito, no todo ou em parte, desde que comunique o fato, previamente, ao senhorio, para que este exerça seu direito de opção, pois a percepção do laudêmio não poderá ser exigida (Art. 2.038, § 1o., I, do CC), com exceção da hipótese do Art. 22, § único, da Lei n. 9.514/97, com a alteração da Lei n. 11.076/2004. 
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, e leis posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;
O senhorio direto
Este poderá notificar o enfiteuta quando for alienar seu domínio direto, para que ele exerça o direito de preferência.
O comprador ou o vendedor, nos contratos que contiverem cláusulas de exclusividade, ajustada por prazo determinado
O comprador só poderá adquirir certas mercadorias de determinado produtor, e o vendedor deverá vendê-las pelo preço x, restringindo-se, assim, a liberdade de contratar com quem se quiser e de estabelecer preço diferente (Caio M. S. Pereira, p. 853).
Os menores
A Lei n. 8.069/90 impõe-lhes algumas limitações na aquisição de certos bens. Ser-se-á proibida a venda de fitas de programação em vídeo ou DVD em desacordo com a classificação da faixa etária atribuída pelo órgão competente (Art. 77), sob pena de multa de três a vinte salários de referência. Se houver reincidência, o juiz poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias (Art. 256).
As revistas e publicações, contendo material impróprio para menores, só poderão ser comercializadas em embalagens lacradas, com advertência de seu conteúdo, e se contiverem, em suas capas, imagens ou mensagens obscenas, deverão ser protegidas com embalagem opaca (Art. 78 e § único), e não poderão ser vendidas a menores (Art. 81, V).
Cláusulas especiais à compra e venda 
O contrato de compra e venda, desde que as partes o consintam, vem, muitas vezes, acompanhado de cláusulas especiais que, embora não lhe retirem seus caracteres essenciais, alteram sua fisionomia, exigindo a observância de normas particulares, visto que esses pactos subordinam os efeitos do contrato a evento futuro e incerto, tornando condicional o negócio (Orlando Gomes, 1.983, p. 306) 
1.3.1. Retrovenda 
A retrovenda ou pactum de retrovendendo é a cláusula adjeta à compra e venda (RT-728/257, 614/179, 590/231, 528/231, 524/100, 452/62), pelo qual o vendedor se reserva o direito de reaver o imóvel alienado, no prazo máximo de três anos, restituindo, ao comprador, o preço ou o valor recebido, mais as despesas por ele realizadas mesmo durante o período de resgate, desde que autorizadas por escrito, inclusive as empregadas em benfeitorias necessárias ao imóvel. 
Por exemplo, “A” não querendo perder sua propriedade, ante o fato de se encontrar em dificuldade financeira transitória, vende seu imóvel a “B”, sob a condição de recobrá-lo no prazo pactuado ou legal, mediante restituição do preço e de todos os dispêndios feitos pelo comprador (Diniz, 2007, 203).
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Esse pacto é admissível tão somente na venda de bem imóvel (RT-500/108, 225/228). 
Ele torna a propriedade resolúvel, pois tem o condão de reconduzir as partes contratantes ao status quo ante, pois o imóvel vendido poderá retornar ao patrimônio do alienante, que restituirá, ao adquirente, não somente o preço recebido, atualizado monetariamente (se existir previsão contratual nesse sentido), mas, também, todas as despesas efetuadas com escritura, sisa, impostos e taxas incidentes sobre o bem alienado, dispêndios realizados com benfeitorias necessárias, até o valor acrescentado à propriedade por esses melhoramentos.
A aquisição do imóvel é, portanto, condicional, caracterizando-se, a retrovenda, como condição resolutiva aposta ao contrato. 
O adquirente terá propriedade resolúvel, que se extinguirá no instante em que o alienante exercer o seu direito de reaver o bem, mediante declaração unilateral de vontade,não sujeita a nenhuma forma especial.
Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, dentro do prazo convencionado pelas partes, aplica-se a regra contida no Art. 506 e § único, do CC:
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
Assim, se o comprador se recusar, sem justa causa, a receber o valor da restituição do preço e o devolver o prédio, o vendedor poderá promover uma notificação para ressalva e direitos, consignando, em juízo, as importâncias exigidas pelo Art. 505, do CC, podendo até usar ação reivindicatória para obter de volta o imóvel. O resgate resolve a venda, operando a reaquisição do domínio do vendedor.
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
O vendedor somente poderá resgatar o imóvel alienado dentro do prazo decadencial máximo e improrrogável de três anos, ininterruptos e insuscetíveis de suspensão, mesmo contra relativamente incapaz (RT-542/100; RJTJSP-137/253), mas não contra o absolutamente incapaz (Art. 3o. e 198, I, do CC), contado do dia em que se concluiu o contrato, sob pena de se reputar como não escrito tal pacto que ajustar período maior. Nada obsta, contudo, que as partes fixem prazo menor.
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Se duas ou mais pessoas forem vendedoras, e a elas couber o direito de resgate, e se somente uma delas exercer o seu direito, o comprador deverá notificar as demais, comunicando tal fato. Contudo, somente readquirirá o imóvel aquele que pagar o valor integral ao comprador.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral 
O direito de resgate é intransmissível, não sendo suscetível de cessão por ato inter vivos, por ser personalíssimo do vendedor, mas passa a seus herdeiros ou legatários. Logo, o exercício da retrovenda é cessível e transmissível por ato causa mortis. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
Vencido o prazo decadencial de até três anos (RT-143/205, 528/231), sem que o vendedor exerça seu direito ao retrato, a venda tornar-se-á irretratável.
Se a coisa perecer, em virtude de caso fortuito ou força maior, extingue-se o direito de resgate, uma vez que houve perda do bem para o comprador, sem que este esteja obrigado a pagar o seu valor, e do direito para o vendedor. 
Se o imóvel se deteriorar, o vendedor não terá direito à redução proporcional do preço, que deverá restituir ao comprador.
O comprador, enquanto detiver a propriedade sob condição resolutiva, terá direito aos frutos e rendimentos do imóvel, não respondendo pelas deteriorações surgidas dentro do prazo reservado para o resgate, salvo se agir dolosamente. 
Se a cláusula de retrovenda for nula, tal nulidade não afetará a validade da obrigação principal.
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Na retrovenda, o vendedor conserva a sua ação contra os terceiros adquirentes da coisa retrovendida, ainda que eles não conhecessem a cláusula de retrato, pois o comprador tem propriedade resolúvel do imóvel.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
Desse modo, se o vendedor fizer uso do seu direito de retrato, resolver-se-á a posterior alienação do imóvel feita pelo adquirente a terceiro, mesmo que o pacto de retrovenda não tenha sido averbado no registro imobiliário. (Washington B. Monteiro, p. 99-101), (Orlando Gomes, 1.983, p. 307-309)
Da venda a contento e da sujeita a prova
A venda a contento (pactum ad gustum ou displicentiae) é a cláusula que subordina o contrato à condição de ficar desfeito se o comprador não se agradar da coisa. 
A venda a contento é, portanto, a que se realiza sob a condição suspensiva simplesmente potestativa de só se tornar perfeita e obrigatória, se o comprador declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz.
Consequentemente, o arbítrio do comprador fica restrito à circunstância do agrado e não a do mero capricho. Enquanto não se realizar a condição, o contrato existe, porém seus efeitos ficarão paralisados, até que o comprador aceite o bem alienado.
Aplica-se essa condição no contrato de compra de gêneros que se costuma provar (bebidas, por exemplo), medir, pesar ou experimentar (roupas, por exemplo) antes de aceitos (Dec.-lei n. 240/67 e Dec. n. 63.233/68, ora revogado pelo Dec. n. 81.621/78).
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
Se a venda se sujeitar à prova, o comprador recebe a coisa e deverá prová-la, averiguando se apresenta as qualidades indicadas na oferta pelo vendedor, e se pode ser utilizada para atender à sua destinação.
Trata-se de uma venda sob experimentação ou ensaio, que se realiza sob condição suspensiva. Tal presunção é juris et jure, não admitindo prova em contrário, pois visa a tutelar interesse do adquirente. 
Se, porventura, o comprador não quiser tornar o negócio definitivo, tendo a coisa a qualidade enunciada e a idoneidade para atingir a sua finalidade, viabilizará a execução judicial do contrato e responderá pelas perdas e danos.
A venda a contento reputar-se-á feita sob condição suspensiva, ainda que a coisa tenha sido entregue ao comprador, não se aperfeiçoando o negócio enquanto ele não se declarar satisfeito. 
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
A tradição tão somente gera a transferência da posse direta, e não a do domínio. 
Não se permite que as partes lhe atribuam o caráter resolutivo, hipótese em que desde logo o contrato seria concluído, com os efeitos de um negócio perfeito, suscetível de resolver-se se o comprador proclamar seu desagrado em relação à coisa.
Em razão da natureza suspensiva do pacto, o adquirente assumirá obrigações equivalentes às de mero comodatário (possuidor direito e precário), enquanto não manifestar a intenção de aceitar o objeto comprado, com o dever de conservá-lo e restituí-lo, portando-se como se a coisa lhe tivesse sido emprestada, respondendo por perdas e danos, quer por negligência, quer por mora, sem ter qualquer direito de recobrar as despesas de conservação, exceto aquelas que revestirem caráter extraordinário, e se o bem perecer por força maior ou casofortuito, não responderá pelo preço.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
O vendedor não deverá discutir a manifestação de desagrado, nem recorrer a exame pericial ou a decisão dos tribunais que comprove as boas qualidades da coisa alienada, uma vez que a venda a contento é uma estipulação em favor do comprador, subordinando-se à sua opinião pessoal e gosto, não estando, portanto, em jogo a utilidade objetiva da coisa.
Ante o fato da cláusula ad gustum traduzir incerteza, esse estado de coisas não poderá perdurar indefinidamente. 
Daí ser conveniente a sua cessação e conversão em contrato definitivo, pela declaração de vontade do comprador. 
Se o comprador não fizer declaração alguma dentro do prazo, reputar-ser-á perfeita a venda, por ser suspensiva a condição, pois o pagamento do preço indicaria aceitação da coisa vendida.
O direito do comprador deverá ser exercido dentro de certo prazo, que deve ser estipulado pelas partes. 
Se, porventura, não for convencionado esse prazo, o vendedor terá o direito de intimar o comprador, extrajudicialmente ou judicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Se o adquirente se recusar a fazer a experimentação dentro do prazo contratual ou judicial, reputar-se-á aceita a coisa apenas se naquela intimação constar cláusula no sentido de que o silêncio deverá ser interpretado como aceitação presumida. 
Não havendo tal cláusula, o silêncio do comprador indicará recusa à efetivação do negócio, gerando-lhe o dever de devolver o bem.
Esse direito é personalíssimo, razão pela qual não deverá ser cedido por ato inter vivos ou causa mortis, terminando com o falecimento do adquirente ou a alienação da coisa, pois terceiro não poderá valer-se do pactum dispplicentiae. 
Contudo, será oponível aos sucessores do vendedor. Assim, se o alienante falecer, o direito do comprador subsistirá relativamente aos sucessores do vendedor. (Orlando Gomes, 1.983, p. 309-311), (Washington B. Monteiro, p. 101-103), (Caio M. S. Pereira, p. 184-187) 
Da preempção ou preferência
É o pacto adjeto à compra e venda em que o comprador de coisa móvel ou imóvel fica com a obrigação de oferecê-la, por meio de notificação judicial ou extrajudicial, a quem lhe vendeu, para que este use do seu direito em igualdade de condições com terceiros, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento. (RT-184/135, 481/191, 488/242) (Orlando Gomes, 1.983, p. 309)
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
O prazo decadencial para o exercício desse direito não poderá exceder a 180 dias, se móvel o bem, ou a dois anos, se imóvel, contado da data da tradição ou do registro, ou, segundo alguns autores, da ciência, pelo vendedor, da intenção do adquirente de alienar a coisa. 
O transcurso in albis desse prazo tornará possível a venda da coisa a outrem, desaparecendo o direito.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
 A venda em que aparece tal cláusula é pura e simples, pois produz todos os seus efeitos, enquanto o adquirente não tiver intenção de revender a coisa ou dá-la em pagamento. 
Condicional será tão somente a revenda ao vendedor, que dependerá de pretender o comprador vendê-la ou dá-la em pagamento.
É, portanto, um pacto estipulado em favor do alienante, visto que impõe ao comprador o dever de dar ciência ao vendedor de seu intuito de vender ou de dar o bem em pagamento, para que ele possa usar o seu direito de preferência, readquirindo a coisa vendida em igualdade de condição com terceiro, tanto no que concerne à cifra numérica do preço, como no que atina às vantagens oferecidas.
Quem exercer a preferência está, portanto, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado ou o ajustado.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Esse direito e preferência, pelo seu caráter pessoal, é intransferível por ato inter vivos ou causa mortis, não passando aos herdeiros.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
O vendedor poderá também exercer o seu direito de prelação, se tiver conhecimento de que a coisa vai ser vendida, intimando, extrajudicialmente ou judicialmente, o comprador, manifestando sua intenção de recomprar a coisa.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Se o comprador agir de má-fé, desprezando o direito de preempção do ex-proprietário (preemptor), e se o novo adquirente tiver conhecimento da irregularidade, responderá este, solidariamente, por perdas e danos.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
O preemptor poderá acionar tanto o terceiro adquirente, como o vendedor, pleiteando a indenização a que faz jus, por ter preterido, dentro do prazo decadencial de três anos.
Art. 206. Prescreve:
§ 3o Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;
O exercício de preferência, inexistindo prazo estipulado, subordinar-se-á a um prazo de caducidade, que variará conforme a natureza do objeto: se este for móvel, será de três dias; se imóvel, de sessenta dias, contados da data da oferta, ou seja, da data em que se der a comunicação ou notificação judicial ou extrajudicial do comprador ao vendedor. 
Se o direito de preempção não for exercido dentro desse prazo, caducará, visto implicar renúncia tácita àquele direito.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Se o direito de preempção for proporcionado a mais de uma pessoa, beneficiar-se-á dele aquele que manifestar interesse na aquisição do bem em sua totalidade.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.
Vale lembrar que o direito de preempção confere ao Poder Público Municipal a preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares (Art. 25 a 27, da Lei n. 10.257/2001). 
Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção, e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo de vigência, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel. 
Neste caso, o proprietário deverá notificar a sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo. 
A essa notificação será anexada proposta de compra assinada por terceiro interessado na aquisição do imóvel, na qual constarão preço, condições de pagamento e prazo de validade.
Da venda com reserva de domínio 
Tem-se a reserva de domínio (pactum reservati dominii) quando se estipula, em contrato de compra e venda, em regra de coisa móvel infungível, que o vendedor reserva para si asua propriedade e a posse indireta até o momento em que se realize o pagamento integral do preço.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Dessa forma, o comprador só adquirirá o domínio da coisa se integralizar o preço, momento em que o negócio terá eficácia plena. 
A tradição, portanto, não transfere a propriedade, mas tão somente a posse direta e precária da coisa ao comprador.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.
É muito comum esse pacto nas vendas a crédito ou a prestação, de por exemplo, eletrodomésticos, veículos, etc., com investidura do adquirente, desde logo, na posse direta e precária do objeto alienado, subordinando-se a aquisição pleno iure do domínio à solução de todas as prestações. Nesse caso, opera-se a transferência automaticamente.
O objeto da venda com reserva de domínio precisará apresentar identificação singular e caracterização perfeita e definida para que não suscite dúvida.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Em caso de não satisfação plena do credor, este poderá propor ação de reintegração de posse para recuperar a coisa ou, se preferir, simplesmente reclamar o preço inadimplido. 
Mas, o vendedor apenas executará a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Constituída a mora do adquirente, o vendedor poderá acioná-lo para cobrar as prestações vencidas e vincendas, e tudo o que lhe for devido (despesas judiciais, contratuais, juros, multa, correção monetária, honorários advocatícios, etc.), ou, ainda, para recuperar a posse do bem vendido (reintegração de posse), mediante apreensão liminar (Art. 1.071, do CPC), sendo incabível a ação de depósito.
Todavia, o vendedor poderá, optando pela recuperação do bem, se quiser reter as prestações já pagas até o montante suficiente para cobrir a depreciação (por exemplo, o desgaste pelo decurso de tempo, deterioração por ato comissivo ou omissivo do comprador ou de terceiro) do valor da coisa, as despesas judiciais ou extrajudiciais, feita e o mais que de direito lhe for devido (por exemplo, perdas e danos), devolvendo o excedente ao comprador, e o que lhe faltar lhe será cobrado de conformidade com lei processual (Art. 1.070 e 1.071, do CPC).
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.
O comprador deverá suportar os riscos da coisa (res perit emptoris), pois embora o vendedor conserve a propriedade, desde a celebração do contrato dá-se a tradição ao comprador, que usa e goza do bem, como mero possuidor, podendo não só praticar os atos apropriados à conservação de seus direitos, socorrendo-se, inclusive, se for necessário, dos interditos possessórios para defender a coisa contra turbações de terceiros ou do próprio vendedor, mas também podendo retirar dela todas as vantagens que for capaz de produzir.
O comprador está impedido de dispor ou de alienar esse bem, a não ser que haja expressa autorização do vendedor (RT-242/247).
2. TROCA OU PERMUTA
É o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. (Diniz, 2007, p. 221)
Apresenta os seguintes caracteres jurídicos: é contrato bilateral, oneroso, comutativo, translativo de propriedade no sentido de servir como titulus adquirendi, gerando, para cada contratante, a obrigação de transferir, para o outro, o domínio da coisa objeto de sua prestação. 
E, em regra, consensual, embora excepcionalmente possa ser solene. Por exemplo, se uma ou as duas coisas permutadas forem imóveis, celebrar-se-á a troca por escritura pública. (Caio M. S. Pereira, p. 175)
Objeto
O objeto da permuta há de ser dois bens. Se porventura um dos contraentes, em vez da coisa, prestar um serviço, não se terá troca. 
A coisa a permutar não precisará ser perfeitamente individuada, bastando que seja passível de determinação.
São suscetíveis de troca todas as coisas que puderem ser vendidas, não sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou tenham valor igual ou equivalente (RT-215/196). 
Assim, poderão ser permutados: móveis por móveis; móveis por imóveis; imóveis por imóveis; coisa corpórea por coisa corpórea; coisa por direito; direito por direito. (Orlando Gomes, 1.983, p. 324)
Relação com a compra e venda
A troca tem a mesma natureza da compra e venda, mas dela se diferencia porque a prestação das partes é em espécie, ao passo que na compra e venda a prestação de um dos contraentes é consistente em dinheiro. 
Além disso, o vendedor, uma vez entregue a coisa vendida, não poderá pedir-lhe a devolução, no caso de não ter recebido o preço. Já o permutante tem o direito de repetir o que deu, se a outra parte não lhe entregar o objeto permutado (Washington B. Monteiro, p. 113)
A troca encerraria uma dupla venda, pois, em vez de comportar alienação de coisa contra certo preço, como na compra e venda, compreende a alienação de uma coisa contra outra coisa.
Ante a grande analogia existente entre esses dois institutos, o legislador prescreve que se apliquem, à permuta, as mesmas normas relativas à compra e venda.
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações:
Desse modo, os permutantes terão os mesmos direitos do vendedor, quanto à garantia de evicção, aos vícios redibitórios, aos perigos e aos cômodos, etc..
Todavia, apesar de semelhantes, a troca e a compra e venda são idênticas, de forma que algumas normas da compra e venda não são aplicáveis à permuta (I e II, do Art. 533, do CC).
I- salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca;[7: Além de pagar, cada um, o imposto sobre o valor do bem adquirido (Art. 12, § único, da Lei estadual paulista n. 9.591/66)]
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Já na compra e venda, as despesas da escritura ficam a cargo do comprador, e as da tradição correm por conta do vendedor (Art. 490, do CC).
Anulável é a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, sob pena de nulidade relativa, visto que esse fato poderia prejudicá-los (RT-139/221).
Os prejudicados terão prazo decadencial de dois anos, contado da data da conclusão da permuta, para anulá-la.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
A eventual desigualdade dos bens pode implicar na complementação em dinheiro, o que guarda mais similitude com a compra e venda, e comotal será havida, em sua natureza jurídica, se o complemento for maior que a coisa em permuta. 
Alguns, entretanto, entendem que a reposição feita para efetivar a equivalência de valores, se constitui em mero elemento acessório do contrato de permuta, sem descaracterizá-lo.
3. CONTRATO ESTIMATÓRIO
O contrato estimatório ou venda em consignação, de natureza mercantil, existe em nosso direito como nominado, como regulamentação legal, encontrando-se de permeio com a compra e venda e com a permuta. 
Relaciona-se com o depósito e com o mandato sem representação para vender, por exemplo, bens como livros, pedras preciosas, objetos decorativos, jóias, obras de arte, automóveis, etc., possibilitando a aquisição pelo público de peças valiosas, sem que o vendedor desembolse quantia vultuosa ou tenha capital de giro para obtê-las, com a finalidade e revenda. 
Pode ser realizado entre particulares e empresas.
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
O contrato estimatório é o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los, em nome próprio, a terceiros, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado (Art. 534).
No contrato estimatório o consignante transfere ao consignatário, temporariamente, o poder de alienação da coisa consignada, com opção de pagamento do preço estimado ou sua restituição ao final do prazo ajustado. 
Transcorrido o prazo avençado, ou prazo razoável decorrente dos usos, o consignante poderá interpelar judicialmente o consignatário para que efetive a venda ou pague o preço no prazo fixado pelo juiz, acrescido de juros moratórios, perdas e danos, honorários advocatícios e custas judiciais.
Nesse contrato dá-se realce à estimação do valor do bem pelo consignante (preço de estima) e à confiança por ele depositada no consignatário, ao transferir o poder de disposição daquele bem.
É um contrato típico, bilateral, oneroso e real, visto que requer a efetiva entrega da coisa móvel ao consignatário, que fica com a posse, conservando, o consignante, apesar de transferir o poder de disposição, a propriedade (domínio), até que seja vendida a terceiro pelo consignatário, ou até mesmo por ele adquirida ou restituída, dentro do prazo estabelecido, salvo se o contrário resultar do contrato.
O consignatário deverá, salvo disposição em contrário, pagar as despesas atinentes à custódia, à venda, e, se for o caso, à expedição e reexpedição das coisas, compensando-se, porém, com a diferença entre o preço estimado e o preço de venda a terceiro. Terá, também, a responsabilidade pela perda ou deterioração dos bens, mesmo que não tenha dado causa por culpa sua.
O consignatário, portanto, não se libera da obrigação de pagar o preço, se a restituição dos bens consignados, que ficaram sob sua posse por determinado prazo, em sua integridade, ou seja, no estado em que se encontrava quanto a recebeu, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável (caso fortuito ou força maior).
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
Deverá suportar o risco da perda da coisa e de sua deterioração e pagar o preço, após o vencimento do prazo estipulado. 
Mas, se comprovada a culpa do próprio consignante pela perda ou deterioração da coisa, exonerado, estará, o consignatário, transferindo-se àquele a obrigação de arcar com o risco e com a indenização por perdas e danos. 
4. DOAÇÃO
É o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. (Diniz, 2007, p. 227)
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
Deste conceito, poder-se-ão extrair quatro elementos fundamentais.
4.1. Disposições gerais
4.1.1. Contratualidade
A doação é um contrato, requerendo, para a sua formação, a intervenção de duas partes contratantes (o doador e o donatário), cujas vontades se entrosam para que se perfaça a liberalidade por ato inter vivos. 
Distingue-se, dessa maneira, do testamento, que é a liberalidade causa mortis.
A doação acarreta unicamente a obrigação do doador de entregar, gratuitamente, a coisa doada ao donatário.
Serve de titulus adquirendi, pois o domínio só se transmitirá pela tradição, de móvel o bem doado, e pelo registro, se imóvel (RT-534/111).
Antes da entrega da coisa doada, o donatário só terá direitos pessoais contra o doador, não podendo invocar nenhum direito contra terceiro, em ação deste contra o mesmo doador (RT-505/134). 
Por isso, há quem ache que é contrato real, que se aperfeiçoa com a entrega, pelo doador, do bem doado ao donatário.
É um contrato unilateral, porque, apesar de reclamar duas declarações de vontade, coloca apenas uma das partes na posição de devedor, ficando a outra como credor, de modo que somente um dos contraentes assume obrigações perante o outro, de tal sorte que os seus efeitos serão ativos, de um lado, e passivo, de outro.
É um contrato formal, pois com o acordo de vontades o contrato não estará perfeito e acabado, quando se exige escritura pública ou instrumento particular. A doação verbal apenas terá validade se versar sobre bens móveis de pequeno valor, e se lhe seguir incontinenti à tradição.
 Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
 Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de 
 pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
gratuita, porque o donatário terá enriquecimento em seu patrimônio, sem qualquer contraprestação, embora possa parecer oneroso, se o doador impuser um encargo ao donatário, no ato de efetuar a generosidade, ficando claro que mesmo assim a liberalidade sobreviverá,
4.1.2. Ânimo do doador de fazer a liberalidade (animus donandi)
O ato do doador deverá revestir de espontaneidade. Faltará o espírito de liberalidade se o autor do benefício agir no cumprimento de uma obrigação ou para preencher uma condição ou um encargo de disposição que lhe tenha sido imposto, ou, ainda, no cumprimento de um dever moral ou social, ditado por imperativos de justiça, hipóteses em que se terá o cumprimento de uma obrigação natural, cujo regime jurídico se afasta do da doação.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natura
Apesar disso, há quem entenda que adimplemento de obrigação natural constitui uma doação, porque o que a cumpre não está juridicamente obrigado a isso.
Não se terá animus donandi na desistência de herança que ainda não se aceitou, na inércia do proprietário ou do credor que deixa consumar-se o usucapião ou a prescrição, pois, por exemplo, se o credor tivesse a intenção de fazer uma liberalidade,poderia lançar mão da remissão de dívidas, e se alguém abandonasse propriedade própria que viesse a ser ocupada por outrem, não estaria doando, porque falta o elemento subjetivo, isto é, o animus donandi.
Não haverá doação na venda por baixo preço, para conquistar mercado, por exemplo, por constituir mera propaganda. 
Em certos casos, porém, poderá haver vontade de beneficiar, configurando-se um negócio misto, em que se terá doação na parte em que o bem for superior ao preço. 
Igualmente não se terá doação na emancipação, uma vez que o enriquecimento do filho, pela perda do usufruto do pai, é consequência e não objeto direto do ato.
4.1.3. Transferência de bens ou de direitos do patrimônio do doador para o do donatário
O donatário deverá enriquecer na medida em que o doador empobrece. Se inexistir translação de valor econômico de um patrimônio a outro, não se terá doação, visto que é um contrato que envolve um ato de alienação. 
É o caso, por exemplo, do comodato, que não implica na perda do bem para o proprietário. 
Também não é caso de doação, o mútuo sem juros, a prestação gratuita de serviços, a cessão pura e simples de herança aos demais co-herdeiros, porque nesses casos não chegou a ingressar no patrimônio do cedente e, por isso, não se caracterizou perda patrimonial.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
Em síntese, o empobrecimento do doador deverá constituir no elemento de caracterização que permita distinguir a doação de qualquer outro negócio jurídico. (Orlando Gomes, 1.983, p. 254)
4.1.4. Aceitação do donatário
O contrato de doação somente se aperfeiçoará se o donatário aceitar a doação.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Por se tratar de contrato benéfico, o donatário não precisará ter capacidade de fato para aceitar a doação pura e simples, embora se suponha necessário o consentimento de seu representante legal. 
Mesmo o nascituro (infans conceptus) poderá receber doação, mas a aceitação deverá ser manifestada pelo seu representante legal, ou seja, por aquele a quem incumbe cuidar de seus interesses (pai, mãe ou curador). 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante 
legal.
Se nascer morto, embora aceita a liberalidade, esta caducará, por ser o nascituro titular de direito sob condição suspensiva. Se tiver um instante de vida, receberá o benefício, transmitindo-os aos seus sucessores.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Se o donatário for absolutamente incapaz (Art. 3o., do CC) dispensa-se a aceitação expressa, estando sob o poder familiar. 
Se, nessa hipótese, houver escritura pública de doação de imóvel, seguida de assento no Registro Imobiliário, o tabelião deverá consignar o fato, sem exigir aceitação expressa de seu representante legal (Art. 104, I; 166, I; 171, I; 1.634, V; e 1.690).
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
Mas, sendo a doação um contrato, como dispensar a aceitação?
Se o absolutamente incapaz pode receber doação pura sem aceitação, por que não se pode dispensar a assistência do representante legal do relativamente incapaz?
Por que a doação feita a nascituro depende de aceitação de seu representante?
São questionamentos naturais que se colocam em conflito com os ditames do Art. 543.
O Art. 543 conflita com o Art. 1.748, I, do CC, visto que este último dá liberdade para o representante legal da pessoa absolutamente incapaz, declinar, em juízo, que a doação não é benéfica.
Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
O Art. 1.748, II, combinado com os Art. 1.767, 1.774 e 1.781, exige que o tutor ou curador aceite a doação, ainda que com encargo, pelo tutelado ou curatelado, havendo autorização judicial para tanto.
O doador poderá fixar, na oferta, prazo ao donatário para declarar se aceita ou não a liberalidade, pois nem sempre a doação atende aos seus interesses, e em relação ao donatário capaz não há presunção de benefício da doação.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Desde que ciente do prazo, o donatário não se manifesta acerca da doação, dentro do prazo estipulado, entender-se-á que aceitou tacitamente, se a doação não estiver sujeita a encargo.
Na doação com encargo, imprescindível será que o donatário a aceite expressa e conscientemente. 
A aceitação será tácita, ainda, se o donatário, por exemplo, pagar a sisa devida pela doação ou recolher imposto após a liberalidade (Súmula 328, do STF); pedir registro de escritura; fizer contrato de arrendamento relativo ao bem doado. 
Todos esses atos revelam firme intuito de aceitar o benefício (RT-128/182).
	
O doador poderá revogar a doação, enquanto o donatário não aceitar expressa ou tacitamente. Após a aceitação, impossível será a revogação unilateral pelo doador (RT-118/642).
Se o doador falecer antes da aceitação do donatário, resolver-se-á a doação (RT-175/247).
As doações propter nuptias, feitas em contemplação de casamento futuro, com determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiros a um deles, a ambos ou aos filhos que, de futuro, tiverem um do outro, não poderão ser impugnadas por falta de aceitação, e somente ficarão sem efeito se o casamento não se efetivar (RT-532/110).
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Só nesse caso será dispensada a aceitação, que decorrerá, simplesmente, da celebração do matrimônio. São, portanto, doações sob condição suspensiva si nuptiae sequuntur. 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
4.1.5. Requisitos
Para que a doação seja válida, além dos requisitos gerais reclamados por qualquer negócio jurídico, será imprescindível o preenchimento de outros, especiais, que lhe são peculiares. (Diniz, 2007, p. 235)
4.1.5.1. Requisito subjetivo
Diz respeito à capacidade ativa e passiva dos contraentes. A capacidade ativa ou capacidade para doar pode faltar em razão de uma situação especial do doador ou em decorrência do direito de família. 
A capacidade para doar está sujeita a certas limitações.
4.1.5.1.1. Os absoluta ou relativamente incapazes
Não poderão, em regra, doar, nem mesmo por meio de representantes legais, visto que as liberalidades não são tidas como feitas no interesse do representado.
O representante não poderá efetuar negócios aleatórios, nem a título gratuito.
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
Porém, o pródigo poderá doar, se assistido de seu curador, que dará ou não a sua anuência, pois ele pratica certos atos de administração, independentemente de curador (alugar, por exemplo)
4.1.5.1.2. Os cônjuges
Não podem doar, sem a devida autorização do outro, exceto no regime da separação

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